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SÃO PAULO
2019
DANIEL DIAS GONÇALVES
SÃO PAULO
2019
DEDICATÓRIA
ABSTRACT:
Anxiety in college students has been a subject for some years, Rollo May cited
anxiety as a facilitator or non-facilitator of learning in his 1977 book The Meaning of
Anxiety. Through Heidegger, who wrote about the meaning of human existence and
the unveiling of phenomena illuminated our understanding of the existential
experience of the human being, failing to be perceived by causality, broadening our
understanding of the meaning of existence. It is with these phenomenological and
existential references that, by drawing some excerpts from the CBT on stress and
anxiety in university students in 2017, the question will be discussed, not on a
metaphysical basis, but described in the light of the experience lived in this period,
closer to being a student who, predisposed to suffocating anxiety, suffers from crises
during the university period due to various questions that permeate his existence.
SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO ................................................................................................ 8
2. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 8
2.1 BREVE INTRODUÇÃO DO MODELO DE ENSINO UNIVERSITÁRIO VIGENTE 8
2.2 CONTEXTUALIZANDO OS PRINCIPAIS CONCEITOS DE HEIDEGGER EM
SER E TEMPO ............................................................................................................ 9
2.3 COMO É A ANSIEDADE DESCRITA POR HEIDEGGER .................................. 11
2.4 COMPREENSÃO FENOMENOLÓGICA DE ANSIEDADE EM ROLLO MAY .... 11
3. OBJETIVOS ........................................................................................................ 18
3.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 18
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 18
4. MÉTODO ............................................................................................................ 19
4.1 PESQUISA QUALITATIVA ................................................................................. 19
4.2 PROCEDIMENTOS E ANÁLISE DE DADOS ..................................................... 19
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 21
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 26
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 29
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1. APRESENTAÇÃO
2. INTRODUÇÃO
com os exploradores, por ter aprendido como verdade que é culpada por ser como
é, “fraco”. E May consolida afirmando que este é o dilema da pessoa dependente da
avaliação de uma autoridade exterior ao eu, pois o interesse desta autoridade não
condiz com a necessidade do eu, gerando conflito psíquico, e um ciclo de
ansiedade. (MAY, 1977, p.131-135).
Com o crescimento do mercado, durante e após a Renascença, o ser humano
passa a ser avaliado externamente e constantemente, pelo valor de mercado, ou
seja, o valor que ele agrega pelo que produz ao outro, e não mais a partir de si
mesmo para satisfazer a necessidade do eu. Esse pensamento gera uma forma de
dependência da aprovação externa, cria certa hostilidade intra-social, acometendo
agressão e competitividade. May diz: “A luta pelo sucesso torna-se uma força tão
poderosa porque é equivalente a autopreservação e amor-próprio”. (MAY, 1977,
p.190-198).
Essa forma de constituição enfraquece, ou não permite o fortalecimento do
eu, criando dependência nunca suprida pelo outro, causando um ciclo vicioso, onde
o valorizado tornou-se aquele que faz uso do vulnerável, que é julgado como inferior
e explorável.
A proposta de May (1977, p.335-360), então, é que o enfrentamento da
ansiedade nomeada por ele como neurótica, provém ao indivíduo o desenvolvimento
de autoconhecimento, e estrutura no eu a partir de si mesmo, amenizando a
necessidade de aprovação externa, competitividade extrema e manipulação do outro
ser em benefício próprio. A auto realização, sendo o uso criativo das próprias
capacidades do indivíduo, “só pode ocorrer quando o indivíduo se defronta com as
experiências geradora de ansiedade e as supera” (MAY, 1977, p.358).
O receio de desaprovação por pessoas significativas, é fonte de ansiedade, já
desde quando bebê. Representada pelo receio da desaprovação materna,
desenvolve comportamentos compulsivos (repetitivos) que aprendeu funcionar para
manter a pessoa desejada neste laço dinâmico que necessita de constante
realimentação (MAY, 1977, p.165-169).
A expectativa que uma pessoa tem sobre algo, pode ser estimuladora de
ansiedade. Segundo Liddell (1949, apud MAY, 1977, p.357), quando existe um hiato
entre a expectativa e a realidade, existe ansiedade, que pode aumentar ou diminuir
se, distanciar-se ou aproximar-se da realidade. Quanto maior o hiato em realidade e
expectativa, maior será a ansiedade.
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3. OBJETIVOS
4. MÉTODO
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
melhor com pressão. Porém, diferentemente dos conduzidos pela ansiedade, estes
retraem-se e buscam como alternativa atitudes mundanas pré-aprovadas
socialmente, mesmo que estas sejam contraditórias ao que acreditam
subjetivamente. Dessa forma, pode desencadear o aumento da ansiedade já
exacerbada.
Observado na introdução por May (1977, p.31-32), o estado de direitos, pela
ideologia política, põe a entender que este é o provedor de segurança, e que
seguindo o caminho pré-estabelecido, o ser conseguirá concretizar a expectativa
social. Nesse momento surge um conflito subjetivo, o ser em questão é colocado a
prova para dedicar grande parte do seu tempo para estudar e mostrar resultados a
um estado que não devolve aquilo que se propôs. O sujeito apenas busca
incessantemente a sua segurança em troca da própria existência, confrontando-se
com o tempo chronos (HEIDEGGER, 1927) e a finitude indiscutível, e intensifica a
ansiedade, por não ter tempo de realizar-se. Todo este processo decorre de uma
ansiedade neurótica generalizada.
O conflito, como visto, é alicerce onde se estrutura a ansiedade que acua o
ser-aí, que restringe a liberdade de escolha, e desenvolve estratégias de proteção
do núcleo vital ser. Este conflito parece vir de diversas fontes, da política, cultura da
sociedade, cultura intrafamiliar, cultura intra-universidade, cultural dentro dos cursos
pelo perfil de sujeito que fez a escolha por identificação, e apreensões criadas a
partir das experiências vivenciadas pelo ser-aí no mundo fático.
O ser que aí, tem seu chamado existencial mas não persegue, influenciado
desde cedo pela política, cultura e sociedades (e todas estão inter-relacionadas e se
influenciam mutuamente), acredita que está seguindo em direção a felicidade
“prometida”, mas sente, a todo instante, que sua relação com aquele estar-sendo
não supre sua necessidade existencial, e surgem os conflitos. A certeza aprendida
de que será feliz, contradiz a própria experiência que mostra que não está feliz.
A experiência universitária exige diversas e muitas vezes árduas horas de
dedicação, e se aquele ser que não sente que aquele tempo investido faz sentido,
pode sofrer de um conflito mais intenso, e desenvolver formas de proteção através
da compulsão, doenças psicossomáticas, e/ou uso de diversas drogas que alteram
seu estado de consciência, de percepção do mundo, para que este, prometido como
prazeroso e seguro, assim se confirme dentro desse momento apenas, podendo
criar uma dependência dessa relação de alívio e prazer.
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Se olharmos para o estudo de May (1977), ele cita três tipos de reação a
ansiedade. O ser que, criativo, permanece e extrai benefício próprio da ansiedade e
da pressão, movendo-se em direção ao seu chamado existencial. Outros, menos
criativos, voltam-se para culpar os demais por seu insucesso, não assumindo-se
como é. Há ainda, os conduzidos pela ansiedade, que se deparam com ela e pré
ocupam-se, no sentido de antecipar-se a ocupação do objetivo de almejado, vivendo
na impropriedade, fazendo uso de métodos pré-determinados de pseudo-resolução
da ansiedade, mas contraditoriamente, afastam o ser de seu sentido-de-ser, e acaba
por experimentar mais ansiedade.
Quanto a este terceiro, o conduzidos pela ansiedade, podemos relacionar
com o uso de álcool e outras drogas apresentado no TCC por Gonçalves et al.
(2017), utilizando-se destes artifícios para aliviar a ansiedade em um curto espaço
de tempo chronos, visto que na cultura ocidental, “não há tempo a perder”, mas que
este tempo não seja o mesmo de resolução interna dos conflitos. Como discutido por
May (1977), o uso de artifícios de fuga para aliviar a ansiedade, como sexo,
masturbação, álcool e outras drogas, produzem um alívio imediato, mas podem em
seguida levar a um aumento da ansiedade do sujeito, que ilusoriamente “se livrou da
ansiedade”, mas logo em seguia, após o efeito, ela reaparece, porque não é um
medo objetivo, mas um conflito subjetivo, existencial.
Outras estratégias de defesa são, doenças psicossomáticas, obsessões e
compulsões, hostilidade, uso da técnica e planejamento exacerbado,
sadomasoquismo e destrutividade. O desenvolvimento do estresse é uma defesa do
ser para aliviar a ansiedade, portanto embora sentir-se estressado tem um caráter
comprometedor do corpo, funciona como alívio para o sofrimento psíquico do ser,
em contato constante como ser-no-mundo, sendo-aí, e tendo-de-ser
invariavelmente. Pode-se concluir que tais defesas surgem pela radical
impossibilidade de não vivenciar a ansiedade, pois radicalmente já-se-é-sempre-no-
mundo, aí, e por não resolver o conflito do ser, distribui essa carga no corpo do ser,
presente no mundo fático.
Ansiedade, como já comentado, não é igual para todos, é diferente do ponto
de vista de como a pessoa percebe a ameaça (MAY, 1977, p.68). Para Goldstein
(1938 apud MAY, 1977, p.74), o medo excita, estimula os sentidos do indivíduo em
defesa contra aquela ameaça real. A ansiedade, em contrapartida, “paralisa os
sentidos e os torna inutilizáveis”. E complementa que essa ansiedade que descreve
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como grave, ocorre na pessoa como uma experiência de desintegração do eu, “uma
dissolução da existência de sua personalidade”.
Fazendo um paralelo do TCC com o estudo de May (1977), o ser que
experimenta demasiada ansiedade, pode desenvolver o estresse como proteção a
esta ansiedade, e quando se fala em “focalizar no fator estressor”. Compreendo que
a compulsão entra como estratégia para que o ser, conduzido pela ansiedade,
mantenha-se em situação de proteção dessa ameaça ao sistema vital (MAY, 1977).
O ser, criando rotinas e processos repetitivos para não precisar enfrentar a
ansiedade (HEIDEGGER, 2017, p.180-181), como uma estratégia de tentar
anteceder-se-a-si-mesmo-já-em-(mundo) de forma pseudo-controlada, visto a
impossibilidade de não experimentar a ansiedade.
Na mesma linha, a expectativa estudada por Liddell (1949, apud MAY, 1977,
p.357), relaciona-se com a questão da política, sociedade e cultura acima discutidas,
uma vez que este mesmo ser, aprendendo desde criança que existe um padrão para
ser-no-mundo, desenvolve uma convicção de que esta é a maneira de ser que o fará
feliz, e esta expectativa não se confirma na experienciação sendo-aí-no-mundo,
possibilitando a frustração e sentimento de incapacidade do sujeito, que convicto de
que o mundo está certo pois todos aparentam ser felizes, acredita que está a falhar
com seu projeto existencial, e poderá cair em tédio, no sentido Heideggeriano,
perder todo o sentido da vida, e afundar-se na mundanidade.
Qualquer ser está sujeito a viver na impropriedade, cursando ou não a
Universidade. O ambiente que se dá dentro deste âmbito universitário, neste período
em que o sujeito dedica arduamente grande parte do seu tempo acreditando em um
ideal já pronto, o coloca de frente com a impossibilidade de realizar seu sentido
existencial de maneira antecipada, por não mais poder gozar do direito de ser quem
é (se é que um dia o fez), e sentir-se realizado no mundo fático.
Poderia dizer que este momento é um confrontar o outro (o mundo pronto
externo aprendido), porém para haver um confronto é necessário que exista o eu
(autêntico) para confrontar o mundo. Nesse momento o sujeito percebe-se
conduzido pela ansiedade, pois não encontra seu eu autêntico, mas uma pintura do
mundo pronto desenhado nas paredes do seu eu oco, criando uma incoerência, um
conflito entre o mundo pronto em si, o sujeito que quer rejeitar (o eu oco com
desenhos do mundo pronto), vendo em si mesmo como aquilo que está rejeitando, e
travando um inevitável contato com seu vazio existencial, e ansiedade extrema.
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Por uma perspectiva, esse momento de queda no vazio é negativo, trás risco
ao estudante, ao ser, que na mundanidade, vive na dependência de facilidades
amenizadoras da dor do vazio existencial. Porém, talvez este seja o único caminho
para deixar de ser-como-o-mundo-propõe. Entrar no vazio, é uma forma de despir-
se do mundo aprendido para encontrar o sentido do ser, e lançar-se no seu projeto
existencial autêntico.
A condução apropriada apontada por May, seria o enfrentamento da
ansiedade, viver nesse vazio e na ansiedade, para que consciente do que está
vivenciando, o ser possa construir à partir das próprias experiências, momento a
momento, apropriando-se do seu sentir, para então conseguir distinguir-se do
mundo dado, e tornar-se singular, no seu projeto de ser.
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Seguindo os estudos de May, sugiro aqui uma nova reflexão sobre como
combater, ou minimizar o impacto aos estudantes universitários que estão sendo
conduzidos pela ansiedade?
Como aqueles que conseguem lidar com sua ansiedade não é o foco deste
trabalho, mas os que sofrem as consequências da ansiedade acuada, gostaria de
iniciar uma reflexão sobre como apoiar o desenvolvimento destes alunos.
Não há como saber as origens da ansiedade de cada estudante, e nem é
papel da universidade fazer isso, mas como o objetivo é abrir oportunidade a todos,
então é necessário que se provenha condições psicológicas para aprender sobre si
mesmo, e superar-se, não apenas obter um diploma de reconhecimento social,
como é para muitos. Poderia haver psicólogos de plantão para acolher e realizar
atendimento aos estudantes com questões de ansiedade exacerbada, como
ferramenta para este desenvolver-se e vir a superar esta ansiedade, se possível, e
prosseguir curso de sua existência reduzindo os danos ao próprio ser. Como
discutido, a dor do vazio existencial por ser insuportável, e o psicólogo poderá ser
fundamental no trabalho de construção do eu, preenchendo o vazio com um sentido
existencial
Mesmo que não seja possível proporcionar suporte psicológico a todos, os
próprios alunos podem ajudar-se. Talvez seja conflituoso ajudar aquele que
socialmente será o “concorrente no mercado”, mas falo em ajudar um outro ser
humano, que está sofrendo, e quer superar-se, libertar-se, antes de realizar uma
tarefa social. Trazendo Heidegger, talvez para alguns, formar-se seja muito mais do
que um diploma, já seja o estar-sendo e realizando a tarefa existencial, e este não
tenha a necessidade de ajuda, mas pode, como ser humano, ajudar outro a alcançar
tal liberdade e viver para seu chamado existencial.
Talvez aos professores, caiba a tarefa de refletir sobre quem estão sendo-no-
mundo-com-os-outros, com os alunos, elaborar formas de encaminhar aqueles que
carecem de auxílio para um serviço especializado, não acomodando-se na tarefa de
entregar conhecimento e aplicar avaliações. Sim, penso que muitos vão além, e que
existe resistência dos próprios alunos, que possuídos pelo pensamento ansioso,
querem finalizar a tarefa universitária ao invés de dedicar-se a cuidar de si também,
dificultando essa abertura para o cuidado no sentido fenomenológico, de estar no
seu caminho, respondendo ao chamado existencial.
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Aos gestores, que venham a ler este trabalho, que é desejo de quem o
escreve, pediria a reflexão sobre qual é o objetivo da instituição de ensino que
gerenciam, que pessoas desejam formadas e vivendo no mundo, saudáveis ou não?
Pode ser que alguém pense que é uma “seleção natural”, o que é um pensamento
competitivo, mas justamente a proposta deste trabalho é pensar menos no
competitivo e mais no ser humano que vai realizar-se a partir da vivência na
universidade. Então, que mudanças criativas podem ser feitas, para que se realize a
necessidade do sistema, sem penalizar aqueles que estão estudando para realizar-
se?
Aos estudantes, por fim, e mais importante, cabe a difícil, mas essencial
tarefa de refletir, e colocar em prática como podem ajudar-se sem esperar que a
mudança venha da instituição, pai, mãe ou professores. Como vimos ao longo do
trabalho, a ansiedade é de cada um, e só pode ser superada por quem a enfrenta.
Lidar com seu vazio pode conduzir a preencher-se de si mesmo, que pode ser feito
com acompanhamento profissional de um psicólogo.
Como última reflexão, não é possível delegar tal responsabilidade de superar
a própria ansiedade e realizar sua tarefa existencial a uma entidade externa, ou
continuará fazendo aquilo que sempre aprendeu, aguardar e receber de fora o
preenchimento do de um falso sentido da sua existência, que não faz o menor
sentido. Para Heidegger, a tarefa existencial de ser é única e exclusive do ser-aí,
indelegável, e radicalmente impossível de não fazê-lo por si mesmo, visto que já
somos todos aí, no mundo, invariavelmente. Como escrito por Kierkegaard: A
liberdade depende, antes, de como um indivíduo se relaciona com seu eu a cada
momento da existência” (MAY, 1977, p.55).
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REFERÊNCIAS