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O gráfico 1 mostra que a participação das mulheres nas Câmaras de Deputados (Lower or single
House), no mundo, era de 12%, em 01 de janeiro de 1997, e passou para 19,3%, em 31 de julho
de 2010. As Américas constituem o continente que possui atualmente a maior participação
feminina, com 22,5%, contra 12,9%, em 01/01/1997. A Europa vem em seguida com 22%, contra
13,8%, em 1997. A Ásia tem 18,7%, em 2010, contra 13,4%, em 1997. Os países da África Sub-
Sahareana alcançou 19% em 2010, contra 10,1%, em 1997. Os países do Pacífico têm 13,2%
contra 9,8%, em 1997. E as menores taxas de participação ficam por conta dos países Árabes.
Mas também foram estes que tiveram o maior incremento no período, pois passaram de 3,3%, em
1997, para 11,1%, em 2010. Porém, o continente americano tem uma taxa de participação
feminina que é o dobro daquela dos países Árabes.
15
Países Árabes Europa
10
Sub-Sahara
1
Professor titular da Escola Nacional de Ciências Estatísticas - ENCE/IBGE. Expressa seus pontos de vista em
caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br. Artigo publicado em 08/11/2010
1
O gráfico 2 mostra que o continente americano possui grandes disparidades entre as taxas de
participação femininas, quando se considera os diversos países. Apenas Cuba possuia, em
meados de 2010, taxas acima de 40% de participação das mulheres na Câmara Federal. Costa
Rica e Argentina apresentam taxas próximas de 40%. Em torno de 30% estavam Equador,
Guyana e Trinidad e Tobago. O Brasil estava, em 31/07/2010, no ante-penúltimo lugar, com
apenas 8,8% de mulheres na Câmara Federal. Com as eleições de 03/10/2010, esta taxa baixou
mais ainda e ficou em 8,6%. Portanto, nos próximos quatro anos o Brasil vai continuar na
lanterninha do ranking americano de participação da mulher na política.
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
Mexico
Venezuela
Saint Vincent
El Salvador
Uruguay
Paraguay
Argentina
Guyana
Bolivia
Antigua e Barbuda
Brazil
Ecuador
Cuba
Trinidad e Tobago
Peru
Canada
Nicaragua
Chile
Grenada
Saint Lucia
Haiti
Honduras
Barbados
Costa Rica
Republica dominicana
Dominica
Jamaica
Guatemala
Suriname
Mas embora o Brasil apresente taxas de participacão muito baixas na Câmara Federal, em outras
instâncias legislativas a situação é um pouco melhor. Nas Assembléias Legislativas do país foram
eleitas 136 deputadas estaduais (em um total de 1.036 assentos), representando 13,1% de
mulheres nas Assembléias Legislativas. No Senado, foram eleitas 8 senadoras em 54 vagas em
disputa e na próxima legislatura, haverá 12 senadoras (em 81 assentos), representando 15% de
mulheres no Senado.
2
Gráfico 3: Percentagem de mulheres no parlamento: os 13 países com maior participação mais o
Brasil, 2010
(1) Ruanda 56,3%
(2) Suécia 45,0%
(3) África do Sul 44,5%
(4) Cuba 43,2%
(5) Islândia 42,9%
(6) Holanda 40,7%
(7) Finlândia 40,0%
(8) Noruega 39,6%
(9) Bélgica 39,3%
(10) Moçambique 39,2%
(11) Angola 38,6%
(12) Costa Rica 38,6%
(13) Argentina 38,5%
~~~~~~
(140) Brasil 8,8%
3
Prime Minister Anneli Tuulikki Jäätteenmäki 2003
Prime Minister Mari Kiviniemi 2010-present
França Prime Minister Edith Cresson 1991-1992
Gabão Interim President Rose Francine Rogombé 2009
Alemanha Chancellor Angela Merkel 2005-present
Guiana President Janet Jagan 1997-1999
Haiti Prime Minister Claudette Werleigh 1995-1996
President Ertha Pascal-Trouillot 1990-1991
Prime Minister Michèle Pierre-Louis 2008-2009
Islândia President Vigdis Finnbogadóttir 1980-1996
Prime Minister Johanna Sigurdardottir 2009-present
India Prime Minister Indira Gandhi 1966-1977, 1980-1984
President Pratibha Devisingh Patil 2007-present
Indonesia President Megawati Sukarnoputri 2001-2004
Irlanda President Mary Robinson 1990-1997
President Mary McAleese 1997-present
Israel Prime Minister Golda Meir 1969-1974
Jamaica Prime Minister Portia Simpson-Miller 2006-2007
Quirguistão President Roza Otunbayeva 2010-present
Letônia President Vaira Vike-Freiberga 1999-2007
Liberia Interim President Ruth Sando Perry 1996-1997
President Ellen Johnson Sirleaf 2006-present
Lituânia Prime Minister Kazimiera Prunskiene. 1990-1991
President Dalia Grybauskaite. 2009-present
Malta President Agatha Barbara 1982-1987
Moldova Prime Minister Zinaida Grecianii 2008-2009
Moçambique Prime Minister Luísa Dias Diogo 2004-2010
Nova Zelândia Prime Minister Jenny Shipley 1997-1999
Prime Minister Helen Elizabeth Clark 1999-2008
Nicarágua President Violeta Barrios de Chamorro 1990-1997
Noruega Prime Minister Gro Harlem Brundtland 1981, 1986-89, 1990-96
Paquistão Prime Minister Benazir Bhutto 1988-1990, 1993-1996
Panama President Mireya Elisa Moscoso Rodríguez 1999-2004
Peru Prime Minister Beatriz Merino Lucero 2003
Filipinas President Maria Corazon Aquino 1986-1992
President Gloria Macapagal-Arroyo 2001-2010
Polônia Prime Minister Hanna Suchocka 1992-1993
Portugal Prime Minister Maria de Lurdes Pintasilgo 1979-1980
Ruanda Prime Minister Agathe Uwilingiyimana 1993-1994
São Tomé & Principe Prime Minister Maria das Neves Ceita Baptista de Sousa 2002-04
Prime Minister Maria do Carmo Silveira 2005-2006
Senegal Prime Minister Mame Madior Boye 2001-2002
Eslováquia Prime Minister Iveta Radicová 2010-present
Coréia do Sul Prime Minister Han Myeong-sook 2006-2007
Sri Lanka Prime Minister Sirimavo Bandaranaike 1960-65, 1970-77, 1994-00
4
President Chandrika Bandaranaike Kumaratunga 1994-2005
Suiça President Ruth Dreifuss 1999
President Micheline Calmy-Rey 2007
President Doris Leuthard 2010-present
Trinidade e Tobago Prime Minister Kamla Persad-Bissessar 2010-present
Turquia Prime Minister Tansu Çiller 1993-1996
Ucrânia Prime Minister Yuliya Tymoshenko 2005, 2007-2010
Reino Unido Prime Minister Margaret Thatcher 1979-1990
Iugoslávia Prime Minister Milka Planinc 1982-1986
Fonte: Women Who Became Presidents, Prime Ministers and Chancellors
http://www.ergd.org/Premiers.htm
5
inclusive na frente da França e dos Estados Unidos que fizeram duas importantes revoluções no
século XVIII, mas ainda não conseguiram eleger uma mulher para a presidência.
Sem dúvida, a eleição de uma mulher para a Presidência do Brasil vai significar um ganho real e
simbólico, em termos de relações de gênero. O sexo feminino, que têm uma representação tão
baixa na Câmara Federal, terá a oportunidade de dirigir o Executivo do país. Uma mulher no
comando do Palácio do Planalto dará um sinal de que a política não é uma exclusividade dos
homens.
Em seu discurso de vitória, Dilma disse que vai “honrar as mulheres brasileiras” e vai lutar pela
“igualdade de oportundidades”. Para que este discurso não se torne vazio, seria fundamental que
Dilma incentivasse duas medidas imediatas:
Portanto, para que haja efeitos positivos no sentido de melhorar a equidade de gênero, não basta
“mudar o sexo” do dirigente máximo do país. Uma mulher na Presidência do Brasil, para ser bem
sucedida, precisa implementar políticas públicas para reduzir as desigualdades sociais entre
homens e mulheres. Executando ações neste sentido, a presidência de Dilma Rousseff pode
contribui muito para uma maior equidade de gênero no Brasil, na América Latina e no mundo.