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27/05/2019 A Gnose de Schopenhauer

A Gnose de Schopenhauer
por Chrystian Revelles Gatti, do Lectorium Rosicrucianum

Meio século antes da Sociedade Teosófica de Blavatsky e Olcott, foi o filósofo alemão
Arthur Schopenhauer quem ergueu a ponte entre a sabedoria do ocidente e a tradição
oriental. Influenciado por Platão, Kant e pelo Misticismo Cristão, ele considerou a
descoberta das literaturas sânscritas como a maior dádiva do século e anunciou que a
filosofia e sabedoria dos Upanishads renovariam a fé ocidental. Para interpretarmos
corretamente a Metafísica Schopenhauriana, será necessário situar sua obra no espaço e
no tempo, em sua localização histórica e geográfica – compreender quais foram suas
influências, seu contexto, e o paradigma do Pensamento Ocidental do XVIII,
especialmente a situação da Filosofia Alemã da época.

A Filosofia Ocidental – Empiristas e Racionalistas


Foi entre Platão e Aristóteles que se manifestou a primeira dialética do pensamento
ocidental após a morte de Sócrates. Platão, inclinado à matemática, encarava o mundo
material dos sentidos físicos como composto de manifestações imperfeitas, individuais
e transitórias, e confiava no conhecimento obtido por meio da Razão, que lhe parecia a
única ferramenta humana capaz de apreender as formas perfeitas da Geometria, as

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verdades eternas da Matemática e as ideias transcendentes de Justiça, Beleza e Virtude.


Aristóteles, por sua vez inclinado às ciências naturais, era prático e queria entender o
funcionamento das coisas, e, para isso, se dedicava à observação e categorização dos
fenômenos naturais, apreensíveis pelos sentidos. Apesar de discípulo direto de Platão,
Aristóteles divergia da tendência mística e abstrata da Metafísica Platônica, preferindo
confiar nas imperfeitas faculdades sensoriais humanas para construir conhecimento
objetivo, empírico, descobrindo os padrões tais como se manifestam no mundo físico,
ao invés de voltar-se para a contemplação mental dos arquétipos eternos como faziam
os platônicos, que herdaram tais crenças e práticas dos pitagóricos e cujo legado
espiritual foi mantido pelos neoplatônicos que, por sua vez, influenciaram todo o
misticismo pagão, gnóstico, judaico-cristão e islâmico.

A divergência essencial entre Platão e Aristóteles, isto é, na confiança na Razão ou nos


Sentidos, é a raiz do debate dualista entre racionalistas e empiristas, entre os filósofos
da lógica e os filósofos da experiência, e se perpetuou dentro do Pensamento Ocidental
até ser transcendido por Immanuel Kant no Século XVIII, que daí em diante passa a ser
considerado por muitos – inclusive pelo próprio Schopenhauer – como o filósofo mais
importante de toda a História, atrás apenas dos próprios fundadores da Filosofia
Ocidental – Sócrates, Platão e Aristóteles.

Immanuel Kant – o Ponto de Partida


O debate entre empiristas, como Locke, e racionalistas, como Descartes, foi
transcendido por Immanuel Kant, que escreveu Crítica da Razão Pura (uma das obras
mais influentes da história da filosofia). Enquanto eles defendiam a primazia da
sensibilidade ou do entendimento, Kant declarou que a experiência necessariamente
envolve ambos os elementos, não sendo possível a experiência de um objeto em si (fora
de nossa mente), mas apenas a percepção possibilitada por nossa própria estrutura
mental. Só podemos conceber a existência de um objeto, e situá-lo no espaço e no
tempo, na medida em que ele se apresenta à nossa consciência. Disso decorre que as
coisas “em si”, enquanto exteriores à mente, não só não podem ser conhecidas como
também podem não ter nada a ver com espaço, tempo, ou qualquer outra categoria
inerente à nossa estrutura mental. O que está fora do Eu não está apenas fora de você
no espaço, mas também fora do espaço, do tempo, da mente e de todos os conceitos a
priori por meio dos quais experimentamos o mundo. Opondo-se ao realismo – postura
de que a realidade é independente da mente – a teoria de Kant, o idealismo, postula que
o espírito tem papel ativo na construção do conhecimento. Por isso, é dito que ele uniu
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racionalismo e empirismo e que a História da Filosofia pode ser dividida em antes e


depois de Kant.

A xilogravura de Flammarion retrata um homem olhando fora do espaço-tempo:


O que está fora do Eu se encontra além do espaço e do tempo.

Idealismo Transcendental – a Metafísica


Schopenhauer desenvolve seu sistema de pensamento a partir de Kant, não sem dar um
passo ousado além da metafísica kantiana, pois afirma ser possível rasgar o véu das
aparências. Se a sua versão do mundo é limitada pelas observações e experiências
permitidas pela sua consciência, então os limites do seu estado de consciência traçam o
limite de sua própria realidade – o estado de consciência determina o estado de vida. O
mundo de conceitos e objetos experimentados pela consciência do Eu não passa de uma
representação que nós mesmos fazemos da realidade, um véu ilusório – o véu de Maya.
Se pudermos reconhecer que nossa separação dO Todo é uma ilusão, fruto de uma
Consciência Separada, e não uma realidade fundamental, deixaremos de ver os
fenômenos como inumeráveis e separados, e reconheceremos todos os seres e todas as
coisas como interdependentes e interligados em uma manifestação Una que
Schopenhauer denomina de Vontade Universal. Como o homem é, ao mesmo tempo,

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parte do mundo e experimentador do mundo, fenômeno e mente, então ele pode


experimentar a realidade, a natureza última das coisas. É pela destruição de suas ilusões
e no silêncio da contemplação que o homem pode experimentar o Incognoscível em si,
essa Unidade que é sua própria Natureza Original, encoberta pela ilusão da
Multiplicidade projetada pela Consciência-Eu.

A Tradição Oriental
A Magnum Opus (grande obra) de Arthur Schopenhauer é seu livro “O Mundo como
Vontade e Representação”, uma das obras mais importantes do século XIX, fortemente
influenciada pelos conceitos orientais do Hinduísmo, Budismo e Taoísmo como “Maya”
(ilusão), “YinYang” (dualidade), “Dukkha” (sofrimento), “Karuna” (compaixão) e
“Nirvana” (iluminação). Amigo pessoal de Goethe, foi por meio deste que Schopenhauer
frequentou círculos intelectuais pioneiros e esteve em contato direto com os primeiros
tradutores e divulgadores da filosofia oriental na Europa. Arthur Schopenhauer leu a
tradução latina dos antigos textos Hindus que o escritor francês Anquetil du Perron
traduziu diretamente da versão persa do Príncipe Dara Shikoh entitulada Sirre-Akbar
(“O Grande Segredo”). Após interpretar o Bhagavad Gita, Schopenhauer considerou
estes textos a mais elevada leitura do mundo, portadora de conceitos sobrehumanos.

A Obra de Schopenhauer
A Teologia da época soava como uma série de perplexidades organizadas de um reino
puramente conceitual e abstrato, sem conexão alguma com o mundo e com a vida,
enquanto a sabedoria universal preservada pelo oriente era, pelo contrário, uma
filosofia Do Mundo e Da Vida, cujo objetivo não era enrodilhar o homem em uma teia
de abstrações emaranhadas mas, ao invés disso, conduzir o homem para a saída deste
labirinto, dissipando as ilusões e projeções do Ego e visando a libertação do sofrimento
da vida e do mundo. Entre os paralelos especiais que sua filosofia guarda com os
ensinamentos de Gautama está a ideia da Ignorância e do Desejo como origem de todo
o sofrimento. A Ignorância Fundamental consiste em tomar as Representações (os
conceitos, os objetos, os fenômenos) como Realidade e ver a si mesmo como separado
do resto. Consequentemente, o ignorante interpreta a existência como uma luta
incessante, uma guerra de todos contra todos. Para Schopenhauer, esta é a origem do
egoísmo inato dos indivíduos que, incapazes de conceber a unidade dos seres e
compreender que cada indivíduo é apenas a expressão de uma universalidade que o

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transcende e engloba, é impelido a lutar contra os outros e contra o mundo, sem saber
que, com isso, volta-se contra si mesmo. É da piedade pela infelicidade e pelo
sofrimento inerente à condição humana que desabrocha a rosa da compaixão
impessoal, a compreensão de que todas as vozes são, essencialmente, a voz do Uno, da
Vida.

Misticismo Cristão
Jakob Böhme foi um místico cristão alemão que tratou intensamente do Problema do
Mal e da Natureza da Divindade, e deixou um legado que posteriormente inspirou
diversas manifestações culturais e artísticas no Ocidente, como a Teosofia, a Maçonaria,
o Rosacrucianismo, o Martinismo, os quadros e poemas de William Blake, a psicologia
de Jung, e especialmente o Idealismo Alemão de Baader, Schelling, Schopenhauer e
Hegel – este último chega ao ponto de declará-lo “o primeiro filósofo alemão”. Böhme
teve uma experiência mística da visão da Unidade do Cosmos, e escrevia para si mesmo
no intuito de reter as impressões que chegavam diretamente à sua consciência. Para ele,
Deus era a Onipresença Eterna situada além do Espaço e do Tempo e, para alcançá-la, o
homem haveria de transpassar seus próprios portões do inferno, já que “a vontade e a
imaginação do homem perverteram-se de seu estado original. O homem se rodeou pelo
mundo de sua própria vontade e imaginação” e, com isso, perdeu Deus de vista. Louis-
Claude de Saint-Martin, filósofo francês que dedicou a vida a traduzir, interpretar e
divulgar a obra de Böhme, diz que “A verdade não pede mais que fazer aliança com o
homem; mas quer que seja somente com o homem e sem nenhuma mistura com tudo o
que não seja fixo e eterno como ela. Ela quer que esse homem se lave e se regenere
perpetuamente e por inteiro na piscina do fogo e na sede da unidade”, ou seja, o homem
não pode apreender o Infinito por meio dos sentidos, dos desejos ou da razão egoísta,
mas por meio de “uma condição na qual a vontade do homem, despindo-se de tudo o
que é terrestre, torna-se divina e absorvida na autoconsciência”. É dessa forma que, de
acordo com Bohme, o homem e o Deus Incognoscível “se fundem em uma só força”.
Eles “se despertam mutuamente e se conhecem entre si. Neste conhecimento consiste o
verdadeiro entendimento, que segundo o caráter da eterna sabedoria, é imensurável e
abismal, sendo do Um que é o Todo. Uma vontade única, iluminada pela luz divina,
pode brotar deste manancial e manter a infinidade. Desta contemplação escreve esta
pena.”. O psiquiatra Richard Maurice Bucke escreveu em 1901 o “Estudo da Evolução da
Mente Humana” e, explorando o conceito de “consciência cósmica”, cita Jakob Böhme,
entre outros, como exemplos da manifestação de uma forma superior de consciência.

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A Ideia de Inconsciente
Quando agimos e pensamos no cotidiano, acreditamos estarmos no controle de nossas
ideias, ações e pensamentos, mas existe algo que nos move. A Filosofia de
Schopenhauer dá um nome para esta força primária que nos influencia muito mais do
que qualquer lógica, moral ou razão – a Vontade. De acordo com Schopenhauer “a
Vontade é um cego robusto que carrega um aleijado que enxerga”, e nossa consciência
objetiva é o aleijado. Por isso, Schopenhauer é um dos precursores da ideia de
Inconsciente. É a partir da ideia de Schopenhauer sobre a “Vontade” que Eduard von
Hartmann escreve Filosofia do Inconsciente em 1869, influenciando toda a psicologia
posterior e especialmente os trabalhos de Freud e Jung.

Sobre a conexão entre vontade individual (microcósmica) e vontade em si


(macrocósmica), Schopenhauer supõe que há:

“além da conexão externa entre as aparições, fundamentada pelo


nexumphysicum, ainda uma outra, que atravessaria a essência em si de todas as
coisas como uma espécie de conexão subterrânea, graças à qual seria possível,
partindo de um ponto da aparição, agir imediatamente sobre todos os outros
por meio de um nexum metaphysicum; que, portanto, deveria ser possível agir
sobre as coisas a partir de dentro, ao invés do agir comum a partir de fora, um
agir da aparição sobre a aparição graças à essência em si, a qual é uma e a
mesma em todas as aparições; que, assim como agimos causalmente como
natura naturata, nós poderíamos também ser capazes de uma ação como
natura naturans, fazendo valer momentaneamente o microcosmo como
macrocosmo; que as divisórias que separam os indivíduos, por mais firmes que
sejam, poderiam permitir ocasionalmente uma comunicação como que por
detrás dos bastidores, ou como um jogo secreto sob a mesa”. (SCHOPENHAUER
– ANIMAL MAGNETISM AND MAGIC)

Para Saber Mais, Leia:


SCHOPENHAUER, Arthur. O Mundo como Vontade e Representação [Contraponto
Editora]

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