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Poder econômico

As constantes crises políticas brasileiras, os escândalos de


corrupção, a deficiente fiscalização e regulação por órgãos e
autarquias governamentais e mesmo boa parte dos problemas
sociais, aí incluída a violência, têm um componente que continua
impenetrável: o poder econômico.
Impenetrável não por ser sua impressão digital de difícil
descoberta nos casos concretos, mas porque suas ramificações e
conseqüências sobre a organização política e social do país são
profundas, a ponto de turvar a mente do observador, impedindo-o
de distinguir causa e conseqüência.
Bem analisadas a relevância e as ramificações do poder
econômico, descobre-se que a constante crise de instituições
brasileiras tem como elemento central a estrutura econômica, e
não apenas as instituições sociais, políticas e de governo.
Não é novidade afirmar que o poder econômico está na raiz do
nosso processo de subdesenvolvimento. Elemento formador da
economia colonial baseada no monopólio exportador e importador
da metrópole, torna-se fator central na acumulação de capital das
fases econômicas sucessivas, transplantando-se da economia
agrícola para a industrial.
Essa lição, didaticamente explicada pelos autores clássicos de
nossa história econômica, é sistematicamente desconsiderada por
força de um curioso e artificial consenso. Curioso, por carecer de
demonstração empírica. Artificial, pois às vozes dissonantes não é
dada a necessária atenção.
No Brasil, o mais preocupante é que a estrutura econômica
baseada em grandes monopólios, defendida por muitos
economistas (que desconsideram importantes e recentes linhas de
investigação econômica, como a proposta pela economia da
informação), foi incorporada e incentivada pelo direito nas últimas
décadas.
Tomemos dois exemplos, entre tantos outros, bastante
expressivos.
A partir de 1994, o poder econômico ganha legitimidade de uma
fonte no mínimo surpreendente: a própria lei de defesa da
concorrência (lei nº 8.884), editada naquele ano. Promissora em
seus objetivos, teve efeito exatamente contrário ao esperado.
A não-aplicação efetiva do controle estrutural pelos órgãos de
defesa da concorrência -salvo raras exceções (a enorme maioria
das concentrações entre empresas foi aprovada sem restrição
expressiva)- fez com que o resultado da lei fosse, paradoxalmente,
uma chancela estatal, inexistente até sua promulgação, de
situações de elevadíssima concentração de poder.
A constitucionalidade da posição jurídica de muitos monopólios ou
oligopólios, em sua essência bastante discutível, passou a ser de
difícil contestação após a aprovação do ato de concentração, por
ter sido sua criação chancelada pelo órgão estatal encarregado da
defesa da concorrência.
Em 1995, um segundo exemplo. A nova lei de patentes, editada em
meio a pressões internacionais pelo seu reconhecimento ilimitado,
passa a permitir o patenteamento de produtos essenciais, como
medicamentos.
Nova concentração de poder, evidentemente desnecessária em um
país cujas dimensões e população não permitiriam o
desabastecimento de medicamentos, mesmo que as condições de
preço não fossem as monopolísticas, proporcionadas pelas
patentes -a introdução posterior dos genéricos provaria essa
última afirmação para muitos medicamentos.
Novamente aqui, não só a lei mas também uma particular
interpretação da lei tem sua parcela de culpa.
Apesar de prever hipóteses de licenciamento compulsório de
patentes em caso de interesse público e abuso de poder
econômico, essa possibilidade (recém-utilizada com sucesso pelo
Executivo, mas limitada a só um dos medicamentos do coquetel
anti-retroviral) não é ainda entendida e aplicada em sua devida
extensão, como política jurídica destinada a prover acesso amplo a
medicamentos essenciais cujos preços são abusivos ou cujas
condições

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