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Universidade Federal da Integração Latino-Americana

Curso de Letras Espanhol/Português como Línguas Estrangeiras


Disciplina: Poéticas Latino-Americanas III – 2019.1

A INVISIBILIZAÇÃO DAS MULHERES NA DITADURA MILITAR

Bruna Maria Vicente Santos

Argumento

Na obra O Furgão dos Loucos o autor coloca no papel de carrascos e vítimas sobretudo
os homens, deixando assim em segundo plano as mulheres e o papel desempenhados por elas
nessa experiência narrada pelo autor, então uma pergunta que pode ser feita ao texto é: Porque
as mulheres foram silenciadas nesse relato?

Breve resumo da obra

O autor Carlos Liscano nasceu em Montevideo em 1949, ele é um escritor, dramaturgo


e jornalista uruguaio, a sua ocupação atual é de escritor e tradutor, o seu livro O Furgão dos
Loucos foi publicado em 2001 no Uruguai, o livro é um relato que o autor faz dos 13 anos em
que foi um preso político seus país devido a ditadura uruguaia.
O livro não segue uma linearidade, mas o livro se divide em duas partes distintas o primeiro
momento em que a pessoa é presa e o centro da sua vida se torna a tortura e como sobreviver a
ela, e no segundo momento é o cumprimento da pena em que para o preso parece que o tempo
não passa e que os dias são todos iguais.

Desenvolvimento

Ao mesmo tempo que ocorria as fortes repressões impostas pelos diversos governos
ditatoriais na América Latina, também ocorria o ressurgimento do movimento feminista que
existia desde o final do século XIX, mas que ressurgiu com força devido ao movimento
estudantil na França e com o movimento hippie nos Estados Unidos da América, que
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reivindicava principalmente a ruptura do papel da mulher somente no espaço privado, ou seja,
a reivindicação para que a mulher pudesse ter um papel ativo na sociedade. Com isso as
mulheres que viviam em países que estavam sob ditadura militar começaram a reivindicar o seu
papel político como membros da sociedade.
Mas como essas demandas representavam um perigo tanto para o regime ditatorial
quanto para o modelo de sociedade vigente, as autoridades decidiram por ocultar o papel das
mulheres nas lutas contra ditadura, essa tentativa de minimizar o movimento feminista teve um
efeito na maneira que as mulheres encarceradas eram tratadas, como pode ser observado no
documentário “Torre das Donzelas”, que mostra o testemunho de várias mulheres que foram
presas durante a ditadura brasileira e que foram colocadas no presidio Tiradentes, que tinha
como apelido o nome do documentário, pode se perceber que nos diversos relatos, que os
torturadores se aproveitam do fato de serem todas mulheres para provocar ainda mais
sofrimento e dor a essas presas.
Como Susel Oliveira da Rosa, traz em seu livro Mulheres, ditaduras e Memórias
(2013) a seguinte passagem:

Elizabeth Ferreira salienta que as mulheres não eram acusadas somente por serem terroristas, mas acusadas duplamente por
serem “terroristas” e “mulheres”: uma combinação infame para a repressão. Desde o momento da prisão até o horror da sala
de torturas, estavam nas mãos de agentes masculinos fiéis às performances de gênero, que utilizavam a diferença como uma
forma a mais para atingir as mulheres. (ROSA, 2013, p. 59)

A memória a respeito das mulheres que participaram na luta contra as ditaduras latino
americanas, apresenta um significado muito importante para a história, tendo em vista que tal
regime autoritário acarretou a morte, exílio e prisão de muitas delas que se posicionaram,
firmemente contra a repressão, tortura e perseguição resultante deste regime. Sendo dessa forma
um meio de revelar a contribuição social dessas mulheres. O curioso é que, mesmo depois de
tantos anos do fim deste regime, ainda, persiste a ausência, na maioria dos livros de um espaço
que aborde a participação das mulheres nas lutas de resistência. Tal ausência é caracterizada,
da seguinte forma, pela historiadora Margareth Rago,

na minha opinião, temos uma historiografia que é marcada por uma dicotomia muito forte. De um lado, praticamente todos os
trabalhos que falam da ditadura militar no Brasil são escritos por homens e falam dos homens. De repente, tem um capítulo
pequeno, uma nota de rodapé, que cita uma mulher e faz uma concessão, mas, em geral, não há isso. (RAGO, 2009, p. 1-2).

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E quando acontece delas serem mencionadas, ocorre que, na maioria dos textos, elas
são apresentadas, geralmente, apenas como auxiliadoras dos homens, exercendo mais
raramente, os papéis de protagonistas.

Fechamento do argumento

O silenciamento da mulher na obra O Furgão dos Loucos, pode ser explicado devido
ao ainda em vigor modelo de sociedade machista presente nas sociedades latino americanas,
em que a mulher é colocada na posição ser frágil e dócil. E também pode ser uma consequência
ainda vigente da maneira que as mulheres eram tratadas pelas autoridades no regime militar ou
seja da constate tentativa de desaparecer com o papel das mulheres nas lutas em prol da
liberdade.

Referências

LISCANO, Carlos. O Furgão dos Loucos. São Paulo: Garconi,2003


RAGO, L. Margareth. Desejo de memória. In: RAGO, Margareth (Org.). Dossiê ‘Memórias
Insubmissas’. Revista Labrys, n. 15-16, dez. 2009.
ROSA, Susel Oliveira da. Mulheres, ditaduras e memórias: “Não imagine que precise ser triste
para ser militante”. São Paulo: Intermeios; Fapesp, 2013.
TORRE das Donzelas. Direção de Sussana Lira. São Paulo: Modo Operante, 2013.

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