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1. INTRODUÇÃO

As eleições têm papel fundamentação na concretização da democracia,


pois é através dela que o povo exerce seu direito de escolher aqueles que
governarão o país, estados e os municípios. No Brasil as eleições são realizadas
no intervalo de dois anos, alternando-se as eleições federais e estaduais com as
eleições municipais. Dessa forma, as eleições municipais majoritárias e
proporcionais ocorrem a cada quatro anos regularmente, e nelas são escolhidos
democraticamente através do voto popular os representantes no legislativo e no
executivo, ou seja, vereadores e prefeito/vice-prefeito de cada cidade.

Ao realizar o pedido de registro de candidatura, cada candidato deve


preencher completamente uma serie de requisitos estipulados pela norma
eleitoral. Atendidas essas exigências no momento do registro, o candidato pode
ser considerado elegível e desse modo, concorrer às eleições, podendo ser eleito
e exercer livremente as funções inerentes ao poder público para o qual foi
escolhido.

Nas eleições municipais de 2012, muitos candidatos fizeram o registro de


candidatura de forma equivocada, o que conseqüentemente resultou no
indeferimento de diversos candidatos. O indeferimento teve como base na maioria
das vezes a falta de preparo ou até mesmo negligencia no momento do registro
pela não observação de exigências trazidas pela Lei da Ficha Limpa, Lei
Complementar 135/2010.

A exemplo disso, alguns desses indeferimentos ocorreram em razão da


exigência pela norma de uma certidão que não era apresentada nas eleições
anteriores. Outros pela indefinição da norma quanto a candidatos sentenciados
anteriormente como inelegível, porém com sentença estipulada tendo o tempo de
inelegibilidade menor que oito anos, conforme a previsão na norma eleitoral.

Ocorre que, com o indeferimento do pedido de registro de candidatura, e


por falta de regulamentação da Lei da Ficha Limpa, muitos candidatos buscaram
provimento às suas pretensões nas instâncias superiores, alguns conseguiram
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reverter tal decisão, outros não. Este fato que gerou conseqüências como o
indeferimento definitivo desses candidatos por parte do Tribunal Superior
Eleitoral.

Em alguns casos a manutenção da decisão de indeferimento do Juiz


Eleitoral por parte do TSE para os candidatos a prefeito/vice-prefeito veio a
ocorrer somente após a realização das eleições, ocasião em que esses
candidatos obtiveram a maioria dos votos considerados válidos. Nessas cidades
em que o candidato vencedor no sufrágio teve seu registro de candidatura
negado, tiveram as eleições majoritárias anuladas da eleição em conformidade
com o Art. 164, II da resolução 23.372 do TSE que determina:

Art. 164. Nas eleições majoritárias, respeitado o disposto no § 1º


do art. 162 desta resolução, serão observadas, ainda, as
seguintes regras para a proclamação dos resultados:

II - Não deve a Junta Eleitoral proclamar eleito o candidato que


obteve a maioria da votação válida, quando houver votos dados a
candidatos com registros indeferidos, mas com recursos ainda
pendentes, cuja nulidade for superior a 50% da votação válida, o
que poderá ensejar nova eleição, nos termos do art. 224 do
Código Eleitoral.

Nesse contexto, ao anular a eleição regularmente ocorrida em Outubro de


2012, surge à necessidade e a obrigação de realizar-se uma nova eleição, já que
não pode uma cidade ficar sem um gestor. Desta forma foi então designada a
renovação o pleito eleitoral para o ano seguinte, ou seja, 2013. Ficando assim a
data da eleição de cada cidade vinculada a decisão de cada Tribunal Regional
Eleitoral.

Publicado pelo TRE o edital decretando a nova eleição, vários candidatos


que foram eleitos com a candidatura ”sub júdice”, ou seja, aguardando
julgamento, e tiveram seus pedidos definitivamente indeferidos, não tendo
qualquer impedimento citado em lei, novamente pediram o deferimento do seu
registro de candidatura junto ao Juiz Eleitoral, ocasião em que muitos deles
tiveram outra vez o seu pedido de registro negado pelo Magistrado, sob o
fundamento de que a eleição de 2012 foi anulada por culpa deles.
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As decisões de indeferimento dos novos pedidos de registro de


candidatura ensejaram uma serie de recursos aos Tribunais Superiores
pleiteando a reforma do indeferimento, tais recursos encontram-se atualmente
pendentes de julgamento, fato que resulta na indefinição político-administrativa
nos municípios que dependem dessa decisão para que possa ser definido quem
será seu prefeito e vice-prefeito.

Existe o questionamento no seio da sociedade sobre a possibilidade de


participação na renovação do pleito por candidato que causou a anulação da
eleição, não existem dúvidas quanto à impossibilidade de participação por
candidato que causou a anulação da eleição por ato ilícito discriminado na norma
eleitoral, ou seja, de forma ativa. A dúvida nasce da obscuridade da norma em
determinar essa possibilidade quanto ao candidato que deu nulidade sem que
nenhum ato ilegal disposto na lei tenha sido praticado, isto é, de forma passiva.

Frente a esse questionamento, surge a possibilidade de concessão do


registro de candidatura para aqueles que deram nulidade de forma passiva, visto
que a disposição determinada expressamente em lei impede a participação
somente daqueles que causaram a anulação da eleição de forma ativa. Existe
ainda no TSE uma divergência entre os Ministros, visto que estes continuam
julgando casos semelhantes de formas desiguais.

Diante do exposto, surge a necessidade de buscar uma compreensão


acerca do tema abordado, procurando, sobretudo, compreender o direito em
relação a possibilidade de candidatos que deram causa a nulidade de forma
passiva às eleições do pleito normal, poderem ou não concorrer livremente na
renovação do pleito eleitoral, sem a possibilidades de um posterior indeferimento
em razão da divergência dos tribunais a cerca dessa situação.

Nesse contexto o presente trabalho terá como objetivo esclarecer o


posicionamento da Justiça diante da possibilidade de participação no pleito
eleitoral por quem causou anulação da eleição regular sem que para isso tenha
praticado ato ilícito. Além de compreender a importância desse esclarecimento
para os municípios que vivenciam essa realidade, fato que tem causado completa
instabilidade.
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Dessa forma, corrobora com essa proposta a integração do ordenamento


jurídico culminando em um pleito eleitoral livre de vícios e baseada no bem
comum, na razoabilidade e na finalidade social para a qual a lei foi criada,
oferecendo assim combate à instabilidade jurídica e administrativa ora instalada
no cenário político.

Diante dessa realidade, torna-se extremamente necessário para a


sociedade, que haja delimitação dos parâmetros de aplicabilidade da Lei Eleitoral
para eleições municipais de 2012, já que as eleições suplementares são
consideradas pertencentes ao pleito da eleição regular, já que para o universo
jurídico a eleição anulada não ocorreu.

Por tanto, com a finalidade de compreender a possibilidade jurídica de


participação na eleição suplementar por quem causou passivamente a anulação
da eleição regular, surgindo então à necessidade de estudo do tema para que
possamos compreender se os atos da justiça eleitoral são condizentes com os
princípios norteadores dessa ciência, levando-se em consideração as dificuldades
encontradas pela justiça eleitoral para concretizar a aplicação da norma.

Por conseguinte, surge a dúvida quanto à possibilidade de um candidato


que de forma passiva causou a anulação da eleição participar na renovação do
pleito? Nesse seguimento formaliza-se então a necessidade de compreender se
os atos praticados pela justiça para fazer cumprir as normas determinadas pela lei
brasileira atingiram seus objetivos.

Neste contexto, o trabalho ganha relevância ao propor a investigação da


aplicação do art. 164, II e II, da Resolução 23.372/11 do TSE e do art. 219 do
Código Eleitoral nas eleições de 2012. Procurando assim compreender de que
forma a Justiça Eleitoral tem se manifestado, e quais ações vêm desenvolvendo
para realizar a aplicação da norma, assim como e se os fatos resultantes do
desenvolvimento dessas ações condizem com as determinações dos princípios
norteadores do Direito Eleitoral.

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3. ELEIÇÕES NO BRASIL

2.1. BREVE RELATO HISTÓRICO

Desde tempos remotos, antigas organizações sociais escolhiam seus


líderes através de castas, porém foi na Grécia que surgiu pela primeira vez a idéia
de escolha de representantes tendo como meio para isto as eleições. Conforme
relata o historiador e mestre em organização e desenvolvimento, Guilherme
Almeida:

Assim, para o Ocidente, os primeiros registros de eleições se


fizeram na Grécia Antiga. Pelo fato de Atenas, basicamente, ser o
berço da democracia, nada melhor que a escolha de seus
representantes ser feita por meio das eleições. História das
Eleições no Mundo. Disponível em:
http://www.educacional.net/reportagens/eleicoes_mundo/default_i
mprimir.asp?strTitulo=. Acesso em: 29 Julho 2013.

Porém, essas escolhas, que eram realizadas como uma forma prematura
de eleições, não eram todas as pessoas que podiam votar, ao contrario, o voto
era restrito a uma determinada classe de pessoas, com o passar do tempo essa
restrição diminuiu, mas não foi abolida, fato que se comprova na proibição dos
conscritos de exercer atividade eleitoral.

As eleições são realizadas no país a nível local desde o Século


XVI, sendo o corpo eleitoral alargado com o passar da evolução
histórico: os homens adultos, acima de 21 anos, independente de
renda, somente com a República; as mulheres, somente em1932;
os analfabetos, e maiores de 16 anos, somente a partir
da Constituição de 1988. História das Eleições. Disponível em
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Elei%C3%A7% C3%B5es_no_ Brasil>
02 Agosto 2013.

O Direito Eleitoral surgiu no Brasil a partir da proclamação da República,


momento em que nasceu a necessidade de regulamentar a nova situação
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vigente, nesse momento então foi preciso determinar de que forma o Estado seria
administrado e como seriam escolhidos os governantes para exercerem a função
de gestor.

A partir da proclamação da República então o Príncipe Regente tomou a


decisão de convocar uma Assembléia Constituinte onde, com a criação e
promulgação da primeira Constituição de 1824, deu-se inicio ao Direito Eleitoral
ainda que de forma prematura. Conforme relata o site do Tribunal Superior
Eleitoral

A Independência do Brasil obrigou o país a buscar o


aperfeiçoamento de sua legislação eleitoral, embora durante todo
o Império as normas vigentes para as eleições tenham sido
copiadas do modelo francês. Disponível em
<http://www.tse.jus.br/hotSites/biblioteca/historia_das_eleicoes/ca
pitulos/evolucao_sistema/evolucao.htm> 03 Agosto 2013.

Após a promulgação da primeira constituição até os dias atuais o


Direito Eleitoral alcançou diversos avanços importantes para o desenvolvimento
da sociedade de forma democrática. Essas evoluções no direito acompanharam a
evolução social, trazendo a cada mudança o anseio daquele momento histórico e
com isso a conseqüente modificação de institutos que não mais se aplicavam de
forma coerente com as mudanças ocorridas na sociedade, pois se encontrava em
dissonância com a realidade.

Nesse sentido, o Direto Eleitoral tem como função principal regulamentara


as necessidades da sociedade como um todo, principalmente no sentido de que
são necessários líderes que possam administrar o Estado, e que, além disso,
possam legislar sobre matérias que são do interesse do povo. Para isso são
escolhidos representantes do povo que exercem mandatos eletivos temporários
podendo esses mandatos ser para os cargos legislativos ou administrativos.

O Direito Eleitoral é um conjunto sistemático de normas de direito


público regulando no regime representativo moderno a
participação do povo na formação do governo constitucional.
Trata-se destarte de uma totalidade orgânica de dispositivos
legais procurando objetivar a regulação do regime eleitoral, a
maneira de participação dos eleitores no regime político, os
direitos e deveres do cidadão, o procedimento e o processo
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eleitoral, incluindo o processo penal eleitoral, contendo normas de


direito substantivo e adjetivo. Direito Eleitoral. Disponível em:
<http://www.infoescola.com/direito/direito-eleitoral/.> Acesso em:
07 Agosto 2013.

Assim, as eleições diretas através do voto popular são realizadas de dois


em dois anos alternando-se as eleições para escolha dos representantes poder
executivo e do poder legislativo dos municípios e os representantes do poder
executivo e legislativo dos Estados Membros e da União. Para que essas escolha
possa ocorrer todas as pessoas maiores e capazes e sem impedimentos legais,
que estejam alistados na justiça Eleitoral podem votar.

A partir do surgimento do Direito Eleitoral moderno, fato que ocorreu


juntamente com a revolução que resultou na criação do Código Eleitoral em 1932
e que está vigente até os dias atuais, surgiu o instituto das eleições como
conhecemos hoje. Esta é uma forma democrática de escolha dos representantes
do povo, tanto para o poder legislativo e quanto para o poder executivo
respectivamente, sendo que, esses representantes são escolhidos no âmbito
nacional, estadual ou municipal.

Considera-se universal o sufrágio quando se outorga o direito de


votar a todos os nacionais de um país, sem restrições derivadas
de condições de nascimento, de fortuna ou de capacidade
especial. (José Afonso da Silva.2001).

Relevante apontar que o cidadão do século XXI não mais se


satisfaz com a mera cédula depositada na urna. Atua, ainda, por
intermédio de mecanismos diferenciados que autorizem a
intervenção cidadã na implementação das decisões políticas
fundamentais (WALTER. RICHARD. VLADMIR.2012).

Com tudo, o Código Eleitoral vem sofrendo diversas modificações no


decorrer do tempo. Muitas dessas alterações vêm acontecendo por meio de
movimentos populares, como manifestos, projetos de lei de iniciativa publica,
dentre outros, o que traduz diretamente a vontade do popular.

A participação da sociedade como forma de concepção de norma


eleitoral de forma direta, tem se mostrado como meio de imposição frente a
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situações que vão de encontro à moralidade social. Desse modo, com a


participação ativa da população os políticos se encontram coagidos a aprovação
da lei, ainda que esta imponha determinações que muitas vezes não sejam
benéficas a estes.

Com a criação de normas reguladoras do Direito Eleitoral tem se tornado


de difícil utilização por políticos que mantinham o hábito de usar leis mais brandas
para benefício pessoal. Assim sendo, essa evolução crescente na busca de
eleições mais transparentes, tem como resultado almejado a moralização da
administração publica e dos meios de ascensão ao poder executivo e legislativo.

a finalidade do Direito Eleitoral é iluminar os caminhos obscuros


da democracia e dar esperança ao povo, cujo poder é inerente, de
forma que, por tanto, o Direito Eleitoral é o ramo do direito que
mais sofre mudanças legislativas, que mais se aperfeiçoa na
seara tecnológica, o que dificulta uma sistematização legal e um
estudo mais aprofundado, exigindo da doutrina e da jurisprudência
uma mudança valorativa radical, para efeito de acompanhar as
mudanças sociais, políticas e econômicas de uma sociedade.
(CERQUEIRA. 2012.p.68.)

Assim, é cediço o dever da lei eleitoral de estabelecer requisitos para que


seja realizada uma seleção dos candidatos dentre todos os que manifestam a
vontade de concorrer aos cargos eletivos. Dessa forma, somente àqueles que
preenchem todas as determinações legais recebem o aval da justiça para que
possa concorrer livremente, isso significa a confirmação dos direitos políticos
inerentes a todos os cidadãos.

Cabe a cada eleitor a escolha de seus candidatos para que sejam os


representantes do povo, deve o poder do voto ser respeitado, desde que
preenchidos os requisitos de elegibilidade e conseqüentemente não existam
inelegibilidades. O direito do povo de escolher seus candidatos é um direito
constitucional e deve prevalecer frente a desígnios eleitorais meramente
processuais, já que todo o poder desta federação pertence ao povo. O advogado
Sergio Furkquim afirma que,

...se o povo não tem participação direta nas decisões políticas e


se, além disso, não se interessa pela escolha dos que irão decidir
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em seu nome, isso parece significar que o povo não deseja viver
em regime democrático, preferindo submeter-se ao governo de
grupo que atinja os postos políticos por outros meios que não as
eleições. Democracia Eleitoral. Disponível em:
<www.investidura.com.br/biblioteca-juridica/artigos/direito-
eleitoral/2775> Acesso em: 02 Ago. 2013

Nesse mister, não se mostra outra forma para o alcance e pleno


exercício da democracia que não a manifestação da vontade popular através do
voto. A escolha pessoal pelo não exercício da democracia resulta na dispensa de
um direito e na alienação política. Acarretando assim, na possibilidade de mau
uso do poder publico com total culpabilidade para quem preferiu não exercer seu
direito de livre convencimento e escolha.

Dessa maneira, o entendimento de como se deu o surgimento do


instituto das eleições e o seu aprimoramento com o passar do tempo se faz
importante para que seja compreendido o momento histórico que temos vivido
atualmente, no entendimento de que sendo o Brasil um país democrático de
direito, este deve cumprir as normas que estabelece, devendo assim valorizar
primordialmente a escolha do povo. Para melhor compreensão torna-se
imprescindível que sejam as eleições analisadas
sob a óptica jurídica, desta forma, passaremos a estudar o que o ordenamento
jurídico nos revela acerca do sufrágio.

2.2 ELEIÇÕES NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

São fontes do Direito Eleitoral principalmente a Constituição Federal de


88, o Código Eleitoral, a Lei das Eleições nº 9.504/97 e 12.034/2009, a Lei das
Inelegibilidades (Lei Complementar 64/90), Lei dos Partidos Políticos, e leis que
compõem uma mini reforma política, as leis 11.300/06, PLC 5.498 e nova
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legislação para as eleições de 2010, ou seja, Lei Complementar 135/10, além das
resoluções do Tribunal Superior Eleitoral que também disciplinam o
acontecimento das eleições.

Além das normas jurídicas, são utilizados como fonte do Direito Eleitoral
as doutrinas e as jurisprudência, pois são utilizadas para colaborar na construção
dessa ciência, assim como para nortear os caminhos a serem percorridos por
essa ciência. Dessa forma, torna-se imprescindível o estudo de algumas dessas
normas para melhor compreensão da problemática como um todo, afim de
compreender o que de fato determina a legislação eleitoral e os princípios
regedores dessa norma, para ao final compreender se as decisões do Tribunal
Superior Eleitoral estão em conformidade com os dispositivos legais
estabelecidos.

2.2.1 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

A Constituição Federal de 1988 em seu art. 1º estabelece a origem do


poder do Estado disciplinando a forma pela qual esse poder será exercido.

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados, Municípios e Distrito Federal, constitui-
se um Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos

Parágrafo Único: Todo poder emana do povo, que o exerce por


meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição.

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal


e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos e, nos
termos da lei, mediante:

Diante desses dispositivos, é importante ressaltar que, o povo é o poder


maior no Estado, ou seja, ele é a fonte do poder, sendo também o detentor desse
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direito, e somente a ele este pertence. Os renomados juristas Thales Tácito e


Camila Albuquerque em seu livro Direito Eleitoral Esquematizado explica que as
formas de exercício da soberania popular prevista na CF/88 são: “Sufrágio Universal;
Voto direito; Voto secreto; Valor igual para todos; Eleições periódicas; Mediante
plebiscito; Mediante referendo; Iniciativa popular;”

Quanto ao sufrágio universal entende-se que é o direito de votar e ser


votado. Alexandre de Morais explica que “É um direito público subjetivo de
natureza política, que tem o cidadão de eleger, ser eleito e de participar da
organização e da atividade do poder estatal.” (MORAES.2005.p.229)

Porém esse entendimento vai mais alem disso, pois no sentido


democrático, o sufrágio significa a manifestação da vontade do povo, onde este
participa de forma indireta nas decisões políticas que são tomadas por aqueles
que escolhem para governar o Estado. Nesse sentido, o site
<http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/sufr%C3%A1gio-universal-e-voto>
esclarece que “a participação popular deve ocorrer sem que haja qualquer tipo de
discriminação social, intelectual, racial, de sexo, cor e/ou de idade”. Por essa
afirmativa entende-se que todos sem distinção podem exercer seus direito
políticos.

Para que o sufrágio possa ocorrer é necessário que o povo exerça o


direito de votar, para escolher seus governantes (sufrágio ativo) e serem
votados(sufrágio passivo). Esse direito de votar e ser votado é conferido aos
cidadãos, ou seja, aqueles que possuem os direitos políticos, quanto a esses
analisaremos mais a frente. No tocante ao direito do voto, este deve ser como
estabelece a CF/88, ou seja, o voto deve ser direto e secreto.

Porém esse poder é exercido através do voto, onde com esse


instrumento, escolhem-se aqueles que irão representá-los, seja na esfera federal,
estadual, ou na municipal. Na pagina da internet “Juspodivm”, o Advogado
Marcelo Mendes Santos esclarece que

O voto é o ato político que materializa, na prática, o direito público


subjetivo de sufrágio. O voto é um direito público subjetivo, uma
função social (função da soberania popular na democracia
representativa) e um dever (sócio-político), ao mesmo tempo.
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Sufrágio Universal. Disponível em:


<http://www.juspodivm.com.br/i/a/%7BE1CDBBDF-5C9A-442F-
9AD6-EDC1380C434C%7D_Direito%20de %2 0Sufragio.doc.>
Acesso: 08 Agosto 2013.

O voto no Brasil é direto e secreto, o que significa dizer que, o povo


escolhe seus representantes votando diretamente naquele que esta concorrendo
a um cargo específico; e secreto quando o eleitor guarda para si seu voto,
mantendo desta forma o seu direito de livre escolha e livre convencimento,
manifestando assim sua vontade livre se pressões e livre de fraudes. José Afonso
da Silva analisa o voto como

...uma garantia constitucional de eleições livres e honestas,


porque evita a intimidação e o suborno, suprimindo na raiz a
possibilidade de corrupção eleitoral, ou pelo menos, reduzindo-a
consideravelmente. (SILVA, 2000.p. 363)

Nesse sentido, com o voto do povo para escolha dos representantes, há


uma delegação a outros cidadãos para que esses exerçam esse poder em nome
do legítimo proprietário desse direito, ou seja, o povo. A escolha desses
representantes se dá por meio das eleições, e a respeito destas, no âmbito
Municipal, a CF/88 dispões que:

Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois


turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois
terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará,
atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na
Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos:

I. Eleições do Prefeito, Vice-Prefeito e dos Vereadores, para


mandato de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo
realizado em todo o país;

II. Eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro domingo


de outubro do ano anterior ao término do mandato dos que devam
suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de Municípios com mais
de duzentos mil eleitores; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
16, de1997)

Conforme estabelecido pela CF/88, nas eleições municipais serão eleitos


o Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores, estes exercerão o poder público num
mandato de quatro anos, e serão eleitos diretamente pelo povo por meio do voto,
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atendendo-se os requisitos de elegibilidade e inelegibilidade, e principalmente


respeitando-se os princípios maiores: democracia e soberania popular.

Desta forma, a CF/88 sendo o pilar principal do ordenamento jurídico é


tida como fonte primária do Direito Eleitoral estabelecendo as formas principais de
realização das eleições, determinando acerca do detentor do poder público e as
formas como esse poder deve ser exercido. Desse modo, torna-se necessário o
estudo acerca dessas determinações dispostas pela Carta Magna, para que o
estudo a ser realizado posteriormente possa ser devidamente compreendido.

2.2.2 CÓDIGO ELEITORAL

O Código Eleitoral, tal qual a Constituição Federal de 88, dispõe sobre o


instituto das eleições de forma uniforme, onde aquele obedece aos ditos
determinados por este.

Art. 82. O sufrágio é universal e direto; o voto, obrigatório e


secreto.
Art. 83. Na eleição direta para o Senado Federal, para
Prefeito e Vice-Prefeito, adotar-se-á o princípio majoritário.

As eleições são consideradas majoritárias para os cargos de Presidente


da República, governador de estado e do Distrito Federal, senador e prefeito, para
os demais cargos as eleições serão proporcionais, ou seja, quando são eleitos
vários candidatos para o mesmo cargo, como deputados federais, estaduais e
distritais.

No sistema majoritário o candidato que obtiver a maior parte dos votos


validos é considerado o eleito no sufrágio. Essa maioria pode ser simples ou
absoluta. A primeira ocorre quando há a maioria dos votos apurados na eleição,
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isto é de todos os candidatos o que recebeu a maioria dos votos é considerado


vencedor, e a segunda quando é conferido a um candidato a maioria dos votos
válidos, ou seja, mais da metade dos votos computados, excluindo-se os brancos
e os nulos. O TRE de Santa Catarina explica ainda o sistema majoritário absoluto

A exigência de maioria absoluta visa dar maior


representatividade ao eleito, ocorrendo nas eleições para
Presidente da República, governador de estado e do Distrito
Federal e prefeito de município com mais de 200.000
(duzentos mil) eleitores.” Eleições majoritárias e
proporcionais. Disponível em: <http://www.tre-
sc.jus.br/site/eleicoes/eleicoes-majoritarias-e-
proporcionais/index.html.> Acesso em: 06 Agosto 2013.

Conforme estabelecido pela CF/88 e no CE, nas eleições municipais


serão eleitos o Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores, estes exercerão o poder
público num mandato de quatro anos, e serão eleitos diretamente pelo povo por
meio do voto, atendendo-se os requisitos de elegibilidade e inelegibilidade, e
principalmente respeitando-se os princípios maiores: democracia e soberania
popular. Caso ocorra a vacância nos cargos de Prefeito, o sucessor natural é o
seu vice, na vacância dos dois assumirá a prefeitura o presidente da câmara de
vereadores, como será analisado mais a frente no desenvolver do nosso estudo.

O Código Eleitoral define ainda que ao realizarem-se as eleições, deve


ser o eleito diplomado para o cargo que se candidatou, e exercerá o mandato de
quatro anos. No caso de eleições proporcionais, o candidato pode concorrer à
reeleição sucessivamente, podendo ser um mandato subseqüente ao outro. No
que diz respeito às eleições majoritárias, o eleito somente pode se candidatar a
reeleição uma única vez, porém pode candidatar-se a mandatos intercalados.

O sufrágio universal é a manifestação maior da democracia num país, e a


prevalência da soberania popular. Para entendermos a importância desses
princípios constitucionais é de suma importância o estudo e analise de cada um
deles como forma de exaurirmos as divergências e dúvidas no tocante a
discussão trazida pelo estudo em questão. Desta forma, urge a necessidade de,
preliminarmente, discutir a noção doutrinária sobre estes dois princípios.
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a) DEMOCRACIA

A democracia é definida como um regime de governo que pode exercido


dentro de um país, nesse regime o poder é do povo e somente a ele pertencem
as decisão importantes dentro do Estado. Importante se faz ressaltar que,

O Estado Democrático de Direito significa a exigência de reger-se


por normas democráticas, com eleições livres, periódicas e pelo
povo, bem como o respeito das autoridades públicas aos direitos e
garantias fundamentais, Assim o principio democrático exprime
fundamentalmente a exigência da integral participação de todos e
de cada uma das pessoas na vida política do país, a fim de
garantir-se o respeito à soberania popular.” Disponível em
<http://www.investidura.com.br/biblioteca-juridica/artigos/direito-
eleitoral/2775-democracia-eleitoral> Acesso em: 27 Julho 2013.

Tendo por base a democracia voltada para o âmbito eleitoral, Canotilho


ressalta que,

...no Estado Democrático de Direito, entretanto, tem como


pressupostos mínimos um conjunto de princípios e regras
primárias e fundamentais, que definem os legitimados para as
decisões coletivas e os procedimentos para tais decisões, ou, de
forma mais didática: A participação do maior número de cidadãos
no processo eleitoral; a observância da regra da maioria para a
edição das normas coletivas e vinculantes; processo eleitoral
plural que permita a real e séria possibilidade de alternativa na
escolha de governantes e programas políticos; a observância das
garantias fundamentais, que incluem, principalmente, a liberdade
fundada na consciência social e política; e a efetiva participação
política. (Canotilho. 2003.p.1418.)

A democracia pode ser exercida de forma direta ou indireta, isto é, ela é


direta quando o povo toma decisões referentes ao estado votando nos assuntos
diretamente, e indireta quando o povo elege seus representantes para que esses
possam decidir em nome deles. Quanto a esse conceito, Walter de Almeida
Guilherme, Richard Pae Kim e Vladmir Oliveira da Silveira, ao citarem Rodrigo
Borja, famoso jurista mexicano, transcrevem que
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O governo do povo pelo povo, da maneira como concebeu


Lincoln, é definitivamente uma ficção, carente de conteúdo real e
da possibilidade prática, haja vista que é impossível que a
multidão exerça por si mesma as funções diretivas do Estado.
(ALMEIDA, KIM, SILVEIRA. 2012.P.33)

A democracia é um princípio fundamental garantido pela a Constituição


de 88. Esse regime de governo é exercido por todos os cidadãos brasileiros de
forma igualitária. Em relação a isso, a Constituição dispõe que:

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e á propriedade.

Segundo Alexandre de Moraes, em seu livro Direito


Constitucional, ressalta que “o regime jurídico das liberdades publicas protege
tanto as pessoas naturais, brasileiros e estrangeiros dentro do país [...]” (MORAES.
2005. P. 39)

A igualdade conferida pela Constituição ao povo brasileiro


corresponde a todos, sem que haja qualquer tipo de distinção ou discriminação, a
demais, também se expande aos estrangeiros que tenham residência dentro dos
limites deste estado. Nesse sentido, porém, essa igualdade para a escolha dos
líderes do povo somente é conferida àqueles que são brasileiros natos ou
naturalizados. Nesse sentido a Constituição dispõe quais são as pessoas
alistáveis, ou seja, que podem exercer o direito do voto.

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal


e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos
termos da lei, mediante:

§ 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e,


durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos.

Dessa forma, o direito de vota é relativo e depende do cumprimento de


requisitos dispostos na Carta Magna, que estes requisitos negativos são para os
conscritos, ou seja, para aqueles que cumprem um trabalho obrigatório, ou seja,
17

involuntário. Normalmente o serviço militar; assim como para os estrangeiros,


mas nesse caso, há exceção pelo tratado de amizade entre Brasil e Portugal,
onde os portugueses recebem tratamento similar ao garantido aos brasileiros
natos, garantindo os mesmos direitos, porém sem as mesmas obrigações. Nesse
sentido o Estatuto do Estrangeiro regulamenta que:

Art 106. O estrangeiro admitido no território brasileiro não pode


exercer atividade de natureza política, nem se imiscuir, direta ou
indiretamente, nos negócios públicos do Brasil, sendo-lhe
especialmente vedado:

Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo não se aplica ao


português beneficiário do Estatuto da Igualdade ao qual tiver sido
reconhecido o gozo de direitos políticos.

Desse modo possuem também os mesmos direitos políticos como


determina o Estatuto da Igualdade entre Portugal e Brasil:

Art. 12. Os portugueses no Brasil e os brasileiros em Portugal,


beneficiários do estatuto de igualdade, gozarão dos mesmos
direitos e estarão sujeitos aos mesmos deveres dos nacionais
desses Estados, nos termos e condições dos artigos seguintes.

Apesar de possuírem deveres e direitos similares, aos portugueses não


são conferido todos os direitos nem todos os deveres, já que não possuem a
obrigatoriedade do serviço militar, nem tem o direito a candidatar-se aos cargos
privativos de brasileiro nato.

Por outro lado, caso o povo decida não eleger seus candidatos, eles
estariam optando por não viver numa democracia, desta forma estariam
rejeitando um direito que lhe é próprio. Acerca disso, Alexandre de Moraes
fazendo referencia ao grande jurista Dalmo Dalari, relata que

Se o povo não tem participação direta nas decisões políticas


e se, além disso, não se interessa pela escolha dos que irão
decidir em seu nome, isso parece significar que o povo não
deseja viver em regime democrático, preferindo submeter-se
ao governo de um grupo que atinja postos políticos por
outros meios que não as eleições. (MORAES, 2005, pg 142)

Por essa razão se torna tão importante o estudo da democracia, pois é


necessário que esta seja exercida em sua totalidade, já que é um direito de todos
os cidadãos e encontra-se inerente a condição de estado do nosso país. Desse
18

modo a manifestação da vontade do povo deve ser respeitada, visto que a


vontade do povo é soberana e deve prevalecer acima de disposições contrarias
ao momento de revolução política em que vive o Brasil, onde busca-se uma
política mais honesta e igualitária a todos, sem normas que tão somente dificulte
o exercício da democracia e a supremacia da vontade do povo

Com a necessidade de compreender a importância da vontade do povo


que é tão apontada nesse estudo, surge a necessidade de compreender o que de
fato é a soberania da vontade popular e quais os parâmetros estabelecidos para
esse princípio.

b) SOBERANIA POPULAR

O princípio fundamental da soberania popular confere ao Estado uma


série de normas pelas quais, este será organizado e desenvolverá suas
atividades. A respeito desse fundamento Marcelo Caetano em seu livro de Direito
Constitucional o define como

...um poder político supremo e independente, entendendo-


se por poder supremo aquele que não está limitado por
nenhum outro na ordem interna e por poder independente
aquele que, na sociedade internacional, não tem que acatar
regras que não sejam voluntariamente aceites e está em pé
de igualdade com os poderes supremos dos outros povos. (
CAETANO. 1087. P. 169)

Sendo a soberania analisada por dois sentidos, primeiro discorre sobre a


soberania do Estado frente a outros Estados. Porém, nesse estudo, apenas e tão
somente terá importância o segundo sentido, no qual a soberania é interna no
Estado, e se dá através da manifestação da vontade popular quanto às escolhas
a serem feitas dentro do país.
19

No tocante a soberania, como já foi visto, é um instituto que possibilitou


que o Brasil se desenvolvesse como Estado Democrático, tanto externo quanto
internamente. O desenvolvimento interno está intimamente relacionada com as
decisões que vem a ser tomadas para que este avanço possa ocorre, e estas
decisões são conferidas ao povo através da democracia indireta, ou seja, aquela
em que o direito é repassado aos representantes escolhidos para isso. A
estudante de Filosofia Larissa Moreira da Costa ao citar Rousseau em seu artigo
científico “A soberania popular como princípio de liberdade política” relata sobre o
tema o seguinte entendimento

O desenvolvimento da humanidade redundou na concepção de


que o povo é o sujeito único da soberania, e a sua autoridade é o
pilar de todas as normas e das Constituições dos Estados
democráticos de Direito. No Brasil, a Constituição da República
anuncia, de forma altissonante e destacada, no parágrafo único
de seu artigo 1º, que todo poder emana do povo. Vontade
popular manifestada nas eleições é soberana Disponível
em: < http://www.conjur.com.br/2011-out-14/tribunais-eleitorais-
respeitar-soberania-vontade-popular>. Acessado em 09 Agosto
2013.

A soberania popular é um fundamento no qual está fundado o Estado


Democrático de Direito. Isto significa dizer que a soberania é o meio através do
qual a democracia se realiza; por ela o estado se rege e é regido através da
vontade do povo. Ainda no tocante a soberania estudante Larissa Moreira explica

Rousseau defende a idéia de que a instituição política deve ter


como princípio garantir a liberdade e a igualdade para os
indivíduos, e o único meio de promover essa liberdade é colocar o
povo como soberano nas questões decisivas do Estado.
Disponível em:
EDU11<http://www2.pucpr.br/reol/semic/trabalho.php?dd0=6533
&dd90=ecae6d0ed8>. Acessado em 09 Agosto 2013.

Sendo a soberania popular a manifestação do povo, entende-se que essa


manifestação se dá através da escolha da maioria dos cidadãos e deve ser
garantida a todos livremente, sustenta ainda a estudante Larissa Moreira, que
aponta ainda o conhecimento de Rousseau em seu artigo

Rousseau aponta que a única forma de garantir esse direito a


todos os indivíduos é basear essa organização social na vontade
geral, ou seja, no consentimento de todos (ROUSSEAU199, p.69),
20

para assim formar uma soberania popular. Disponível em:


EDU11<http://www2.pucpr.br/reol/semic/trabalho.php?dd0=6533&
dd90=ecae6d0ed8>. Acessado em 09 Agosto 2013.

O Brasil como país democrático tem como fundamento a cidadania, a


dignidade da pessoa humana e principalmente a soberania popular. Portanto,
deve ser o objetivo maior dentro do Estado o respeito à soberania da vontade do
povo, já que em uma democracia o Estado é governado por meio das decisões da
maioria dos seus cidadãos. Desrespeitar essa vontade seria ignorar os institutos
constitucionais da democracia, pois em uma democracia onde o desejo do povo
não é saciado, a democracia seria tão somente imaginada e uma mera palavra
escrita sem sentido algum na Carta Magna. Ressaltando-se ainda que esses dois
princípios estão intrinsecamente relacionados e interligados, tornando-se
impossível pensar em democracia e soberania popular de forma separada.

A soberania popular pode acontecer de diversas formas, porém a que


influi diretamente nesse estudo é a que ocorre no momento em que o povo
escolhe seus representantes, e esta escolha se concretiza através das eleições
onde o voto da maioria representa os anseios do povo no desejo de que o
candidato que recebeu a maior parte dos votos seja o eleito para o cargo
determinado. Nesse mister surge portanto a soberania orquestrando o Direito
Eleitoral de modo que todas as normas dispostas atendam os preceitos da
vontade do povo.

Nesse contexto, o Direito Eleitoral é a ciência que define as formas como


a soberania será exercida, que pode ser através dos plebiscitos, referendos, leis
de iniciativa pública e através das eleições. Diante dessas possibilidades, surge o
interesse de entender os parâmetros de aplicabilidade desse princípio na
realização do sufrágio, onde estando o poder de escolha nas mãos do povo, a
nação, como Estada Democrático tem o dever de aceitar e fazer com que esta
escolha prevaleça dentro dos limites fixados em lei.

Nesse seguimento, destaca-se então a necessidade e em contrapartida o


dever de serem atendidos os preceitos da soberania escolha do povo. Portanto,
21

nas eleições, o candidato que obtiver a maioria da votação é considerado o


escolhido e conseqüentemente, eleito no sufrágio.

2.3. DIREITOS POLÍTICOS

Todos os cidadãos têm direito de votar e ser votado e para que um


indivíduo possa ser considerado cidadão, precisa ter e estar em gozo dos direitos
políticos. Thales Cerqueira e Camila Cerqueira definem direitos políticos como

São os que garantem a participação do povo no poder mediante o


sufrágio. Os direitos políticos positivos resumem-se em um
conjunto de normas que conferem ao cidadão o direito subjetivo
de participação no processo político e nos órgãos governamentais
por meio do direito ao sufrágio. (CERQUEIRA.2012.P. 106)

Nesse sentido para que uma pessoa possa gozar dos direitos políticos ela
precisa ter o poder essencial de votar, após o direito ao voto são analisados
outros direitos que não são imprescindíveis a condição de cidadão. Desse modo,
Thales e Camila Cerqueira explicam ainda que

Ninguém é elegível (capacidade eleitoral passiva) se não for


eleitor, nos termos da CF/88 e leis eleitorais, mas é possível
alguém ser eleitor (capacidade eleitoral ativa) e não ser elegível,
por exemplo, os analfabetos (cujo voto é facultativo).
(CERQUEIRA. 2012. P. 107)

Portanto, o sufrágio se divide em ativo e passivo, sendo primeiro o direito


do eleitor de votar; já o segundo, é o direito de ser votado, que é exercido pelo
individuo que é elegível. No tocante ao direito de votar, é necessário que, para
exercê-lo os indivíduos sejam brasileiros, maiores de 16 anos e, além disso,
precisa estar alistado na justiça Eleitoral. O voto é obrigatório a partir dos 18 anos,
porém ele torna facultativo para os maiores de 16 e menores de18 anos, aos
maiores de setenta anos e para os analfabetos.
22

O direito de ser votado se apresenta muito mais complexo, e por essa


razão faz-se necessário examinar profundamente o sufrágio passivo para que
possa haver a compreensão de que modo se dá a escolha dos candidatos e
quem pode participar, ou seja, quem pode ser votado, para que então se possa
compreender a problemática que traz o objeto de estudo desse trabalho.

2.3.1 SUFRÁGIO PASSIVO

Para concorrer a cargos eletivos é necessário que o cidadão esteja em


pleno exercício dos direitos políticos, isto é, que não haja nenhum impedimento
legal e esteja com os requisitos totalmente preenchidos para o cargo ao qual
concorrerá. Impedimentos legais são os especificados em lei que disciplinam por
quais motivos um cidadão não pode concorrer a um determinado cargo; já os
requisitos são dispostos como condições de elegibilidade.

Por sufrágio passivo entende-se aquele em tem o direito de ser votado.


Esse direito pode ser exercido por qualquer cidadão que tenha seus direitos
políticos reservados e preencha todos os requisitos para o cargo ao qual
concorrerá.

O direito de ser votado é mais complexo do que o direito de votar.


Para poder eleger-se há a necessidade de ter a nacionalidade
brasileira, o pleno exercício dos direitos políticos, o alistamento
eleitoral, o domicílio eleitoral na circunscrição, a filiação partidária
e uma idade mínima que varia de acordo com o cargo político.
Direito de votar e ser votado. Disponível em:
<http://www.guiadedireitos.org/index.php?option=com_content&vi
ew=article&id=1056&Itemid=274> Acesso em: 12 Agosto 2013

Nesse entendimento, necessário se faz que, para que um indivíduo possa


concorrer a um cargo eletivo, é preciso que este se candidate a este cargo
23

através de um pedido de registro endereçado a Justiça Eleitoral, no caso de


Prefeito e Vereador, este registro se faz na zona eleitoral da comarca em que está
relacionado o município para o qual se pretende concorrer ao respectivo cargo.

O pedido de registro da candidatura é realizado com base nas exigências


das leis eleitorais, há a analise do pedido por parte do juiz da zona eleitoral, onde
este analisa se estão sendo atendidas as condições de elegibilidade e se há
alguma causa de inelegibilidade. No momento imediatamente posterior ao pedido
de registro pode haver impugnações a esse, que devem ser analisadas antes da
decisão de deferimento ou indeferimento do registro de candidatura. O TSE
explica sobre o registro em sua página eletrônica do seguinte modo

O registro de candidaturas é uma das importantes fases das


eleições, pois é nesse momento que os partidos e as coligações
solicitam à Justiça Eleitoral o registro das pessoas que
concorrerão aos cargos eletivos. Para se ter consciência da
importância, basta dizer que a finalidade das eleições está
direcionada aos candidatos, pois os eleitores vão às urnas para
escolher quais desses estarão aptos a exercer os mandatos
eletivos. Registro de Candidatura. Disponível em: <
http://www.tse.jus.br/institucional/escola-judiciaria-
eleitoral/revistas-da-eje/artigos/registro-de-candidatura>. Acesso
em 14 Agosto 2013.

Ao realizar a analise do sufrágio passivo faz-se necessário a abordagem


de temas como condições de elegibilidade e inelegibilidade, assim como o
princípio da privação dos direitos políticos. Essa relevância se apresenta na busca
de compreender de quais formas um cidadão pode exercer seu direito de ser
votado e quais os parâmetros se apresentam para limitar esse direito. Assim é
preciso examinar em qual contexto esses limites podem ser estabelecidos.

As condições de elegibilidade e inelegibilidade são requisitos a serem


preenchidos ou não existentes para que o candidato possa concorrer às eleições.
São consideradas requisitos positivos e negativos para o alcance aos cargos
eletivos e estão dispostas na lei eleitoral constando na CF/88 e em leis
infraconstitucionais. Para que seja alcançado o núcleo do problema relacionado
neste estudo, se faz preciso o entendimento dessas condições, de forma
compreender quais os requisitos e os impedimentos descritos em lei.
24

2.3.2 CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE

O Procurador Federal e Juiz Substituto do TRE/PA Fernando Gustavo


Knoerr define Elegibilidade da seguinte maneira

A elegibilidade é o direito subjetivo público de o cidadão concorrer


às eleições para cargos públicos. É assim um direito cívico, não
pertencente a todos os nacionais, concedido pelo ordenamento
jurídico aos que cumprem determinados pressupostos
estabelecidos, sem os quais ela não surgirá na sua esfera jurídica.
O MOMENTO DA AFERIÇÃO DE INELEGIBILIDADE. EFEITOS
DA DECLARAÇÃO POSTERIOR. Disponível em:
<http://www.anima-opet.com.br/segunda_edicao/Fernando
_Gustavo_Knoerr.pdf>. Acesso em 13 Agosto 2013.

Outrossim, as condições de elegibilidade são requisitos para que um


cidadão possa concorrer às eleições estando de posse de todos os requisitos
dispostos na lei. Alexandre de Moraes conceitua o termo elegibilidade como “a
capacidade eleitoral passiva consistente na possibilidade de o cidadão pleitear
determinados mandatos políticos, mediante eleição popular, desde que
preenchidos determinados requisitos.” (MORAES. 2005. P. 209)

Para que um indivíduo possa ser considerado elegível não basta somente
que possa exercer o direito ao voto, pois, conforme foi anteriormente estudado, a
capacidade eleitoral passiva e ativa são institutos diferentes onde o segundo
depende do primeiro, porém é apenas uma das condições impostas para que seja
identificada a capacidade eleitoral passiva. Nesse seguimento existem várias
outras condições para o pleno gozo da elegibilidade como plenos direitos
políticos.

As condições de elegibilidades segundo a CF/88 são a nacionalidade


brasileira, pleno exercício dos direitos políticos, alistamento eleitoral, domicílio
25

eleitoral na circunscrição, filiação partidária e idade mínima necessária ao


pleiteamento do cargo pretendido. A resolução 23.373/2011 do TSE determina
que

Art. 11. Qualquer cidadão pode pretender investidura em cargo


eletivo, respeitadas as condições constitucionais e legais de
elegibilidade e de incompatibilidade, desde que não incida em
quaisquer das causas de inelegibilidade (Código Eleitoral, art. 3º e
LC nº 64/90, art. 1º).

§ 1º São condições de elegibilidade, na forma da lei (Constituição


Federal, art. 14, § 3º, I a VI, c e d):

I – a nacionalidade brasileira;

II – o pleno exercício dos direitos políticos;

III – o alistamento eleitoral;

IV – o domicílio eleitoral na circunscrição;

V – a filiação partidária;

VI – a idade mínima de vinte e um anos para Prefeito e Vice-


Prefeito e dezoito anos para Vereador.

§ 2º A idade mínima constitucionalmente estabelecida como


condição de elegibilidade é verificada tendo por referência a data
da posse (Lei nº 9.504/97, art. 11, § 2º).”

Para melhor entendimento, as condições de elegibilidade são explicadas


do seguinte modo:

- Nacionalidade brasileira, ou portugueses equiparados, porem aos


portugueses existem restrições quanto à capacidade eleitoral passiva, em relação
a alguns cargos.

- Pleno exercício dos direitos políticos são os direitos a concorrer


passivamente a cargos eletivos, e são compostos pela capacidade eleitoral
passiva, as condições de elegibilidade e ausência de inelegibilidade.

- Alistamento eleitoral é a inscrição na condição de eleitor junto aos


cadastros dos órgãos eleitorais.

- Domicílio eleitoral na circunscrição onde irá se candidatar pelo lapso


temporal exigido legalmente.
26

- Filiação partidária prévia no espaço de tempo exigido pela lei.

- Idade mínima necessária requisitada para o cargo pretendido, no caso


21 anos para Prefeito e Vice-Prefeito.

Desse modo, tendo o candidato preenchido todos os requisitos


necessários para ser considerado elegível dessa forma já estarão possuindo
metade dos requisitos totais para que tenha total direito a capacidade passiva
eleitoral. Nesse sentido, a falta de qualquer das condições especificadas
constituem, por si só causa de inelegibilidade, porém obter todas as condições de
elegibilidade não afasta as inelegibilidades, dado que mesmo constando as
condições para ser elegível, havendo inelegibilidade, este fator o torna
incompatível com a vida pública, ou seja, é considerado inelegível.

Para compreender de que modo os direitos políticos sofrem diretas


interferências das condições positivas e negativos para concorrer a cargos
eletivos, veremos a seguir o que são as inelegibilidades e qual o papel dessas
condições no Direito Eleitoral e sua influencia na sociedade como um todo,
compreendendo também se a falta de inelegibilidade,

2.3.2 CONDIÇÕES DE INELEGIBILIDADE

As condições de inelegibilidade são impedimentos descritos na lei que


restringem o acesso de determinadas pessoas aos cargos eletivos. Thales e
Camila Cerqueira ao citarem o professor Adriano Soares da Costa, relatam que
inelegibilidade “é o estado jurídico de ausência ou perda da elegibilidade”. Porém
os órgãos supremos, TSE e STF, discordam desse entendimento. (CERQUEIRA.
2012.p.121.)
27

Nesse contexto, os órgãos superiores consideram que as inelegibilidades


e elegibilidades não podem ser consideradas sinônimos, visto que as condições
de elegibilidade são requisitos para conquistar o direito a pleitear cargos
eleitorais. Já as inelegibilidades são fatores que impedem o cidadão de alcançar a
elegibilidade, fator essencial ao exercício dos plenos direitos políticos.

Entende-se que a inexistência de inelegibilidade é pressupostos para que


um indivíduo seja considerado elegível, e são definidos como sanções aos que
cometeram atos ilícitos ou simples impedimentos a determinados cidadãos. O
Sub Procurador da República Eduardo Antônio Dantas Nobre, em sua resenha
eleitoral explica que

As inelegibilidades, encontrando-se vocacionadas para proteger a


normalidade e a legitimidade das eleições do exercício abusivo de
cargo, emprego ou função, nas administrações direta ou indireta,
ou da influência nociva do poder econômico, possui um
indisfarçável fundamento ético. Por isso, elas se despem da
indispensável legitimidade quando inspiradas em motivos
políticos, ou na pretensão de preservar o exercício do poder pelo
grupo conceituável como situacionista. Condições de
Elegibilidade e Inelegibilidades. Disponível em: <http://www.tre-
sc.jus. br/site/resenha-eleitoral/edicoes-impressas/integra/arquivo
/2012/junho/artigos/condicoes-de-elegibilidade-e-
inelegibilidade/index84e6.html?no_cache=1&cHash=fde478623b4
cd63ac17c342529fabaa9>. Acesso em 14 Agosto 2013.

São consideradas inelegibilidades além da falta de qualquer uma das


condições de elegibilidade, também os motivos especificados nas normas
eleitorais. Estes impedimentos são discriminados tanto na CF/88 quanto nas
normas infraconstitucionais e podem ser divididos em inelegibilidades absolutas e
relativas. No tocante as inelegibilidades absolutas, são aquelas em que o cidadão
não pode concorrer a nenhum cargo eletivo e são dispostas somente pela CF/88
em razão de sua excepcionalidade, e são os inalistáveis e os analfabetos,
conforme determina o art. 14, § 4º da CF.

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal


e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos
termos da lei, mediante:

§ 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.


28

Os inalistáveis são proibidos de exercer seus direitos políticos, pois esse


requisito é pressuposto fundamental para que um indivíduo possa votar que ele esteja
nos cadastros da Justiça Eleitoral, para que assim adquira a elegibilidade, pois aquele
que não pode votar conseqüentemente não poderá ser votado, nesse rol se incluem os
estrangeiros e os constritos. Já os analfabetos, apesar de poderem votar não possuem
requisito negativo necessário a capacidade eleitoral passiva.

As inelegibilidades relativas são aquelas que impõem algum impedimento a


determinados cargos no momento de uma eleição específica para algumas pessoas.
Pode ser dividida em funcionais, quando em razão do cargo exercido para reeleição ou
por falta de descompatibilização do cargo anterior; em razão do parentesco, para cônjuge
ou por parentesco por afinidade; por atividade militar, se não for obedecidos certos
critérios de para alcança a elegibilidade; e demais previsões legais. Quanto as
inelegibilidades relativas a CF/88 dispões que

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal


e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos
termos da lei, mediante:

§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do


Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou
substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um
único período subseqüente.

§ 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da


República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os
Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis
meses antes do pleito.

§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o


cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo
grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador
de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de
quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao
pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à
reeleição.

A Lei Complementar 64/1990 em seu art. 1º, denominada Lei das


Inelegibilidades, tendo sido alterada pelas leis 81/1994 e 135/2010, disciplina os
motivos pelos quais um indivíduo com todos os direitos políticos positivos pode
ser considerado inelegível. Destarte, há uma reserva de Lei Complementar para a
determinação das inelegibilidades, onde não poderá a matéria ser regulamentada
29

por nenhuma outra lei que trate do assunto, pois desse modo seria esta lei
considerada inconstitucional. Alexandre de Moraes afirma que

A Lei Complementar é a única espécie normativa autorizada


constitucionalmente a disciplinar a criação e estabelecer os prazos
de duração de outras inelegibilidades relativas, sendo vedada a
criação de inelegibilidade absoluta, pois estas são previstas
taxativamente pela própria Constituição. (MORAES. 2005. P. 233)

Nesse sentido, nenhuma outra lei poderá editar uma nova inelegibilidade, pois
essa matéria é reservada tão somente para a Lei Complementar (LC), desse modo a
criação de uma nova inelegibilidade estaria ferindo o Principio da Privação dos Direitos
Políticos. Este princípio determina que o cidadão poderá ter seus direitos políticos
privados temporariamente ou em definitivo, mas para que isso ocorra é imprescindível
que esteja previsto na CF ou em LC, pois sem que sejam atendidos esses dispositivos a
declaração de inelegibilidade será nula e ferirá diretamente o exercício da soberania
através da privação dos direitos políticos.
30

3. ANULAÇÃO DAS ELEIÇÕES REGULARES E A RENOVAÇÃO DO PLEITO


ELEITORAL

Sendo a soberania popular a manifestação do povo, entende-se que essa


manifestação se dá através da escolha da maioria dos cidadãos, essa escolha se
dá através do sufrágio, onde neste os cidadãos exercem seu direito de votar e ser
votado. O renomado jurista Alexandre de Moraes esclarece que

...por meio do sufrágio o conjunto de cidadãos de determinado


estado escolherá as pessoas que irão exercer funções estatais,
mediante o sistema representativo em um regime democrático.
(MORAES. 2005. Pg 208)

Desse modo as eleições regulares ocorrem no mês de Outubro de cada


ano eleitoral, e nela são exercidos os direitos políticos dos cidadãos, ou seja,
votar nos seus representantes e serem votados, este exercício de cidadania
ocorre sempre no primeiro domingo de Outubro do ano eleitoral. A Lei 9504/97
em seu artigo 1º disciplina esta determinação da seguinte forma,

Art 1º As eleições para Presidente e Vice-Presidente da


República, Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito
Federal, Prefeito e Vice-Prefeito, Senador, Deputado Federal,
Deputado Estadual, Deputado Distrital e Vereador dar-se-ão, em
todo o País, no primeiro domingo de outubro do ano respectivo.

Parágrafo único. Serão realizadas simultaneamente as eleições

II - para Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador.”

Ocorre que, por diversas vezes a eleição regular de Outubro vem a ser
anulada, o que pode acontecer por diversos fatores; diante dessa anulação e por
não poder nenhum membro do Estado restar sem um gestor, faz-se necessário
que haja uma nova eleição, chamada de eleição suplementar, onde o pleito será
renovado havendo outra vez a escolha do representante político do município, no
caso em estudo, a eleição do Prefeito e Vice-Prefeito.
31

O Código Eleitoral (CE) determina alguns motivos pelos quais a eleição


pode ser anulada, porém todos os motivos são relacionados com alguma ilicitude
que venha a ser cometida. Porém, em alguns casos a causa da anulação vem a
ser um motivo que não está relacionado dentre os determinados pelo CE, ou seja,
não existe ilicitude causando a nulidade, mas sim uma questão das quais existe
lacuna na lei ou obscuridade que resultem em decisões divergentes no órgão
superior eleitoral, como exemplo falta de regulamentação em uma lei nova.

Nesse mister, muitas eleições em 2012 foram anuladas por questão de


obscuridade ou falta de regulamentação de uma lei, que resultaram em decisões
divergentes no órgão superior eleitoral. Assim o sendo, em alguns casos as
eleições foram anuladas em razão da anulação dos votos dado a um candidato
com registro indeferido. Quanto à anulação dos votos Roberto Amaral E Sergio
Sérvulo da Cunha em seu livro Manual das Eleições, explicam que

“o voto nulo é, nesses termos, um voto positivo, no


sentido em que, como o voto em um candidato ou em um partido,
ele representa uma manifestação da vontade eleitoral.
Condenatória, mas sempre vontade afirmativa. Pois é por seu
intermédio que o cidadão expressa sua condenação às limitações
do pleito. O voto em branco é de quem cala; o voto nulo é de
quem fala, protestando. Daquele que, particularmente nas
rodadas de segundo turno, não se vê contemplado pelas
candidaturas em disputa. O voto nulo, aliás, interfere no resultado
do pleito, porque pode anulá-lo, como vimos anteriormente. Mas o
voto nulo também pode resultar de ausência de vontade, quando
é o voto do erro, do que não soube votar corretamente”
(AMARAL,CUNHA. 2010. P. 89)

O motivo de anulação da eleição é determinante quanto à participação


dos candidatos na renovação do pleito, visto que conforme a razão da nulidade há
uma restrição para aqueles que deram causa a nulidade de forma ativa, e há uma
discussão quanto a possibilidade de participação por quem causou a nulidade
forma passiva. Desse modo, é de supra relevância entender como se dá a
nulidade ativa e passiva, fatores que serão analisados então.
32

3.1 NULIDADE ATIVA

A anulação do pleito regular ocorre ativamente em razão de alguns atos


considerados ilícitos serem praticados no decorrer do período eleitoral. Desse
modo, quando um candidato comete algum ato considerado anormal no processo
eleitoral, então a eleição é anulada e esse candidato deve ser responsabilizado
por ter sido o causador dessa anulação.

Caso um candidato cometa alguma irregularidade com o intuito de


conseguir algum tipo de vantagem sobre os outros candidatos, ou com a intenção
de prejudicar a votação, tendo como conseqüência a anulação da eleição, este
candidato sofrerá as penalidades da lei que serão impostas a ele, exemplo disso
é o disposto no art. 219 do Código Eleitoral onde existe uma proibição de
beneficiar o causador da anulação da eleição em razão de seus atos.

Os fatores que causam a anulação da eleição são dispostos no Código


Eleitoral e determinam que no caso da prática de algum ato ilícito a eleição ou é
considera nula ou anulável. Esses fatores são determinados pela ocorrência dos
artigos 201, e 220, e seguintes do Código Eleitoral dispõem sobre os motivos
sobre os quais a eleição pode ser anulada.

Atualmente tramita no Senado Federal o Projeto de Lei nº 77/2013, que


pretende adicionar ao artigo 224 do CE um terceiro parágrafo, e observa-se que
neste há a previsão de uma punição para aqueles que causam a anulação da
eleição. O projeto foi proposto pelo Senador Sérgio Souza e tal alteração seria
redigida da seguinte forma

Art. 224. (...)

§ 3º A sentença transitada em julgado que anular eleição


torna certa a obrigação de o responsável indenizar o erário pelos
custos de novo pleito, em caso de dolo ou culpa, tendo eficácia de
título executivo. Disponível em: <
http://www.senado.gov.br/atividade/Materia/getPDF.asp?t=1
23845&tp=1> Acesso em: 20 Agosto 2013.
33

O Senador Sérgio Souza justifica a adição do 3º parágrafo em razão da


responsabilidade pelo dano causado da seguinte forma

Outrossim, a regra geral da responsabilidade civil no


direito positivo brasileiro está posta no caput do art. 927 da Lei nº
10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) e estipula: “aquele
que, por ato ilícito causar dano a outrem, fica obrigado a repará-
lo.” Desse modo, o nosso direito confere embasamento ao nosso
objetivo de fazer com que quem tenha dado causa a anulação de
eleição arque com os custos do novo pleito, desde que
obviamente a anulação tenha sido originada por ato ilícito causado
pelo responsável. Disponível em: <
http://www.senado.gov.br/atividade/Materia/getPDF.asp?t=1
23845&tp=1> Acesso em: 20 Agosto 2013.

Com a adição de tal parágrafo ao ordenamento eleitoral, caso esta seja


aprovada, o causador da anulação da eleição receberá futuramente uma punição
de cunho pecuniário, devendo, portanto custear os gastos na eleição
suplementar. Mas essa punição, caso seja aprovado o texto inicialmente
proposto, será aplicada a todos os causadores da anulação, sem que haja
distinção entre a anulação passiva ou ativa, fato que irá gerar diversas
discussões, porém tal divergência será analisada em outra oportunidade.

3.2 NULIDADE PASSIVA

A nulidade passiva configura aquela em que o motivo que causou a


eleição foi um motivo que não está relacionado a nenhum dos candidatos, ou
estando ligado a algum deles, não está relacionado com cometimento de ato
ilícito, ou seja, não terá esse cometido qualquer irregularidade para que isso
ocorresse. Essa situação refere-se a esse tipo de anulação como sendo uma
34

anulação que sobreveio além da vontade ou de qualquer ato de ilicitude, desse


modo não pode existir um culpado dessa anulação que ocorreu além da vontade
das partes envolvidas.

Em algumas situações no pleito de 2012, em razão da falta de


regulamentação da norma eleitoral, muitos candidatos deixaram de apresentar
documentação exigida, e em razão dessa negligência tiveram seu registro de
candidatura indeferido. Porém, como a norma era omissa quanto a real
necessidade de tal documentação os candidatos recorreram aos órgãos
superiores por acreditarem que poderiam alcançar o deferimento, e de fato muitos
conseguiram seu intento, mas outros não.

Nessas eleições de Outubro/2012, alguns candidatos foram eleitos com


mais de 50% dos votos válidos, mesmo estando indeferidos, pois a sentença que
manteve o indeferimento transitou em julgado somente após a realização das
eleições. No entanto, os votos dados a esses candidatos foram considerados
nulos pela Justiça Eleitoral até que eles tivessem a candidatura deferida, onde
nesse caso esses votos seriam considerados válidos para elegê-los.

Porém, em muitos casos o tão esperado deferimento não ocorreu e a


quantidade da votação anulada foi determinante no rumo dos acontecimentos
futuros, já que caso tal nulidade chegue ao limite que ultrapasse mais de 50% da
votação válida como versa o art. 224 do CE.

Art. 224. Se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do


País nas eleições presidenciais, do Estado nas eleições federais e
estaduais ou do Município nas eleições municipais, julgar-se-ão
prejudicadas as demais votações e o Tribunal marcará dia para
nova eleição dentro do prazo de 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias.”

Desse modo, conclui-se que a causa da nulidade foi baseada num direito
que possui o candidato de concorrer às eleições e não numa causa ilícita, como
dispõem o CE. Nessa situação o candidato tem direito a concorrer naturalmente
35

ao cargo eleitoral, porém com a possibilidade de ter sua candidatura negada. O


art. 16-A da lei 9504/97, denominada Lei das Eleições determina que

Art. 16-A. O candidato cujo registro esteja sub


judice poderá efetuar todos os atos relativos à campanha eleitoral,
inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão
e ter seu nome mantido na urna eletrônica enquanto estiver sob
essa condição, ficando a validade dos votos a ele atribuídos
condicionada ao deferimento de seu registro por instância
superior. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)
Parágrafo único. O cômputo, para o respectivo
partido ou coligação, dos votos atribuídos ao candidato cujo
registro esteja sub judice no dia da eleição fica condicionado ao
deferimento do registro do candidato.

Com a garantia legal de poder concorrer as eleições sem nenhum


impedimento, podendo realizar todos os atos políticos normalmente, não
configura ato ilícito já que é um direito garantido por lei ao próprio candidato.
Dessa forma entende-se que a causa da anulação das eleições foi o uso de um
direito por parte do candidato e não um ato ilícito proibido por lei. No Plenário da
Corte do TSE, a Ministra Relatora Laurita Vaz, no julgamento do RESPE nº 720,
afirmou que

De fato, não há falar em responsabilidade do recorrido [Décio


Gomes] pela nulidade do pleito [de 2012]. Ao candidato é
facultado concorrer com o seu registro indeferido e sub judice
[pendente de recurso a ser julgado pela Justiça Eleitoral].
Disponível em: <http://www.tse.jus.br/noticias-
tse/2013/Maio/pedido-de-vista-adia-julgamento-de-
candidatura-de-prefeito-de-balneario-rincao-sc> Acesso em:
14 Agosto 2013.

Dessa forma a nulidade passiva é definida como aquela que ocorre de


forma que o causador não comete nenhum ato ilícito determinado pela legislação
eleitoral, e sim faz uso de seu direito de concorrer e caso seu intento tenha
fundamento legal, possa, após analisado seu recurso obter o deferimento de sua
candidatura.
36

Nesse seguimento cabe analisar se a possibilidade de, mesmo tendo


causado a anulação da eleição de forma passiva, o candidato possui ou não a
possibilidade de concorrer as eleições suplementares, já que nenhum ato ilícito foi
praticado por ele para ta anulação.

3.3 RENOVAÇÃO DO PLEITO ELEITORAL

Segundo observa-se na norma eleitoral, havendo nulidade de votos


superior a 50% da votação válida, não poderá ser diplomado o candidato que está
indeferido, mesmo que sub judice, nem o que foi o segundo mais bem votado,
não podendo dessa forma ser proclamado eleito nenhum dos dois. A norma
através da Resolução do TSE nº 23.372/11, art. 164, determina como deve ser
feito o procedimento nessa situação

Art. 164, II Não deve a Junta Eleitoral proclamar eleito o candidato


que obteve a maioria da votação válida, quando houver votos
dados a candidatos com registros indeferidos, mas com recursos
ainda pendentes, cuja nulidade for superior a 50% da votação
válida, o que poderá ensejar nova eleição, nos termos do art. 224
do Código Eleitoral.

Porém, após o julgamento de tal recurso, com a manutenção da decisão


de indeferimento, e a confirmação da anulação definitiva dos votos, fato que
ocorre após o transito em julgado de tal decisão, surge então a necessidade de
realizar uma nova eleição. Conforme a resolução acima citada, no inciso III do art.
163.

III – se a nulidade dos votos dados a candidatos com registro


indeferido for superior a 50% da votação válida e se já houver
decisão do Tribunal Superior Eleitoral indeferitória do pedido de
registro, deverão ser realizadas novas eleições imediatamente;
caso não haja, ainda, decisão do Tribunal Superior Eleitoral, não
se realizarão novas eleições;
37

Tal como foi analisado anteriormente, com a anulação definitiva dos


votos, há o surgimento da necessidade de uma nova eleição, visto que há o
impedimento de declarar eleito tanto o indeferido quanto o que foi derrotado na
realização do pleito, incidindo dessa forma o art. 224 do CE e os incisos II e III do
art. 164 da Resolução 23.372/11. Desse modo, deve ser realizada uma nova
eleição para suplementar a que foi anulada na eleição majoritária, isto é, para
prefeito.

Após a anulação da eleição regular realizada no ano eleitoral, surge então


a necessidade de realizar uma eleição suplementar, visto não há possibilidade de
um, ente da federação não possuir um governante escolhido de forma
democrática. Desse modo então há a renovação do pleito que ocorre conforme o
edital que venha a ser publicado pelo TRE do estado respectivo.

Com a decretação da nova eleição, há então uma mobilização por


parte dos candidatos que então passam a se preparam para o novo embate
eleitoral. Com esse acontecimento, muitos candidatos registraram um pedido de
candidatura junto a Justiça Eleitoral, pleiteando a concorrência ao cargo de
Prefeito e Vice-Prefeito.

Nesse momento muitos candidatos tiveram o seu registro de


candidatura indeferidos com base no art. 219 § ú, do Código Eleitoral.

Art. 219. Na aplicação da lei eleitoral o Juiz atenderá sempre aos


fins e resultados a que ela se dirige, abstendo-se de pronunciar
nulidades sem demonstração de prejuízo.

Parágrafo único. A declaração de nulidade não poderá ser


requerida pela parte que lhe deu causa nem a ela aproveitar.

O parágrafo único desse artigo relata que, quando a eleição é anulada


esta anulação enseja uma nova eleição, e para esta não poderá participar o
38

causador da anulação, pois caso isto ocorresse, estaria ele sendo beneficiado
pelos próprios atos que causaram a anulação.

O que se veda é a participação do candidato que deu causa a


anulação do pleito anterior em razão da prática de ilícito eleitoral.
No caso, não houve perpetração de ilicitude pelo então candidato,
como abuso de poder econômico ou captação ilícita de sufrágio
[compra de votos], por exemplo, o que o tornou apto a ter o
registro deferido para a nova eleição [de março de 2013],
Disponível em: <http://www.tse.jus.br/noticias-
tse/2013/Maio/pedido-de-vista-adia-julgamento-de-
candidatura-de-prefeito-de-balneario-rincao-sc> Acesso em:
14 Agosto 2013.

Nesse seguimento surge à incerteza no sentido de que, renovando-se o


pleito, poderia o candidato que deu causa a anulação participar novamente ou
esta ele impedido por força do art. 219 §ú, já que não havendo regulamentação
nessa questão, surgem diversos julgados divergentes, onde alguns julgam haver
tal possibilidade e outros consideram ilegal tal condição. Para que seja melhor
compreendida essa situação será preciso uma analise a ser realizada mais
profundamente em relação a essa possibilidade.

3.3.1 PARTIÇÃO NA ELEIÇÃO SUPLEMENTAR

Com o surgimento da renovação do pleito eleitoral, ocorre


conseqüentemente, uma questão bastante abordada atualmente na Justiça
Eleitoral, pois no momento em que a eleição regular é anulada surge a incerteza
quanto à possibilidade de participação na eleição suplementar. Antes das eleições
de 2012 essa questão era simplesmente resolvida com a não participação do
candidato, mesmo que essa anulação tenha sido de forma ativa ou passiva.
39

É pacífico na doutrina eleitoral, que aquele que causou a anulação da


eleição de forma ativa, não possui o direito de participar da renovação do pleito,
pois a clareza do art. 219, § ú do CE, define que não pode esse candidato ser
beneficiado por ato ilícito que ele cometeu. Esta decisão está em conformidade e
baseada principalmente pelo princípio da razoabilidade e da lisura nas eleições,

Tais princípios consistem na exigência de que todo ato público eleitoral


deva ser praticado com razoabilidade e proporcionalidade. Assim como para que
as eleições sejam realizadas com lisura, ou seja, com igualdade de oportunidade
para todos os candidatos. Os juristas Guilherme, Kim e Silveira afirmam que por
meio desse princípio

... fica possibilitada a punição daqueles que descumpram regras


relativas à arrecadação e aos gastos das campanhas eleitorais,
daqueles que pratiquem captação ilícita de sufrágio, veda-se
ainda a utilização da imprensa como fator de manipulação da
vontade do eleitor, proibi-se o uso da maquina administrativa e os
abusos dos poderes públicos, econômicos e dos meios de
comunicação social. (GUILHERME, KIM E SILVEIRA, pg 61)

Porém com o passar do tempo e com o avanço do Direito Eleitoral


acompanhando o avanço da sociedade, essa disposição não mais teve justa
aplicação, visto que o impedimento para a participação está intimamente
associado ao ato praticado pelo candidato, já que a palavra “torpeza” relacionada
no parágrafo único do art. 219 somente passa a existir caso os atos tenham sido
praticados por meio de dolo, fato que na nulidade passiva não existe a ocorrência.

Nas eleições suplementares de 2012 muitos candidatos, por acreditarem


na possibilidade legal de sua participação nessa nova eleição, realizaram o
pedido de registro para os cargos de Prefeito e Vice-Prefeito de seus municípios.
Ocorre que alguns juízes tiveram um entendimento diferente no sentido de que se
em razão de um candidato específico a eleição vem a ser anulada, esse
candidatos não tem direito de concorrer novamente na eleição suplementar.

Este entendimento levou muitos candidatos a terem seus pedidos


indeferidos, onde inconformados e por acreditarem estar dentro de seu direito tal
40

participação, recorreram aos órgãos superiores, alguns tiveram suas pretensões


atendidas, outros infelizmente não. Dessa forma verifica-se que há um a
divergência gritante dentro do órgão Maximo para o Direito Eleitoral, o TSE.

Nessa situação em que alguns candidatos conseguiram o deferimento da


candidatura, mas outros não, resultanto numa insegurança jurídica, e nessa
situação tem levantado diversos questionamentos quantos as disposições da CF
quanto ao Princípio da Privação dos direitos político, já que esse impedimento
citado pelo art. 219 § ú do CE seria a criação de uma nova inelegibilidade, o que é
defeso com base nesse princípio.

Quanto à possibilidade ou impossibilidade de participação, o TSE tem


tomado posicionamentos diferentes, nesse ano de 2013, duas ministras dessa
corte ao julgarem Mandados de Segurança (MS), decidiram pela procedência e
pela improcedência do pedido. Isto é, os Mandados de Segurança eram pedidos
de concessão de Liminar contra decisão dos Tribunais Regionais Eleitorais dos
estados da Bahia e de Santa Catarina.

As decisões desses Tribunais, em plenária, deferiram a candidatura dos


candidatos que foram eleitos nas cidades de Balneário Rincão – SC e Muquém do
São Francisco – BA. Inconformados com esta decisão os partidos adversários aos
referidos candidatos que foram eleitos sub judice, recorreram ao TSE por meio de
MS, sendo estes julgados pela Ministra Laurita Vaz (Santa Catarina) que indeferiu
o MS e considerou válida a decisão do TRE – SC, e pela Ex-Ministra Nancy
Andrighi (Bahia) que considerou plausível o pedido no MS e concedeu a Liminar
que suspendeu o efeito do julgamento do TRE – BA.

Diante dessas decisões contrárias, surge à necessidade de analisar qual


o direito esses candidatos possuem, visto que nenhum ato ilícito foi cometido por
eles, tão somente usaram o direito inerente de continuar disputando normalmente
as eleições até que o seu recurso seja julgado definitivamente.
41

4. DIVERGENCIAS JURISPRUDENCIAIS

Em toda matéria de Direito, existem entendimentos diferentes, fato que


ocasiona uma série de julgados que decidem causas semelhantes de forma
diferentes. Essas divergências podem causar uma série de injustiças e muita
insegurança no meio jurídico, e sua ocorrência pode resultar na busca de uma
pacificação do assunto abordado, ou seja, surgindo vários julgados diferentes
estes resultam em situações de injustiça, pois não há dessa forma, o respeito à
igualdade, que é um direito garantido constitucionalmente.

Desse modo quando um tema passa a aparecer na esfera jurídica por


diversas vezes e tem sido decidido de formas diferentes, deve então a justiça
buscar uma pacificação de tal tema para que a justiça julgue casos iguais de
forma igual e causas diferentes de formas diferentes. Analisando o Código de
Processo Civil Português, por ser o único ordenamento jurídico encontrado a
disciplinar a ocorrência de tal situação, regulamenta que existindo divergências na
jurisprudência, deve o tema ser pacificado pois é imprescindível ao exercício da
justiça que esta seja feita com segurança.

Art. 783

nº. 3. Desde que haja conflito de jurisprudência, deve o Tribunal


resolvê-lo e lavrar o assento, ainda que a resolução do conflito
não tenha utilidade alguma para o caso concreto em litígio, por ter
de subsistir a decisão do acórdão recorrido, qualquer que seja a
doutrina do assento. Disponível em:
<http://jus.com.br/artigos/8701/da-uniformizacao-de-
jurisprudencia-no-direito-brasileiro/3#ixzz2cXh2DM9X> Acesso
em 20 Agosto 2013.

Diante da existência de divergência conflitante entre o posicionamento de


Ministros do Tribunal Superior Eleitoral, surge a extrema necessidade de
compreendermos como deve ocorrer a resolução do conflito em tela, já que
conforme o entendimento da Ministra Laurita Vaz há possibilidade, porém
conforme o entendimento da Ex-Ministra Nancy Andrighi não pode o causador da
42

anulação da eleição regular participar na renovação do pleito em nenhuma


hipótese.

É pacífico no ordenamento pátrio que todo o candidato que causa a


anulação da eleição tendo por objetivo obter vantagens em relação aos outros
concorrentes ou prejudicar a realização das eleições, não pode este participar da
renovação do pleito, visto que assim o sendo, conforme o art. 219, §ú co CE,
estaria este se beneficiando do ato torpe que cometeu. Porem como diz o próprio
artigo, não pode o candidato se beneficiar da própria torpeza, termo que remete a
pratica de ações ilícitas, ou seja, condenáveis.

Surge então o questionamento a respeito de que, não havendo a pratica


de ações torpes e ilícitas, melhor dizendo, não sendo a eleição anulada por ter o
candidato praticado algum ato considerado legalmente reprovável, deve este
candidato ser responsabilizado exatamente como aquele que praticou ações
ilícitas ou há a possibilidade de diferenciação em razão dos motivos que
causaram tal anulação.

4.1. POSICIONAMENTO DESFAVORÁVEL

Segundo o entendimento da doutrina atual e o entendimento da Ex-


Ministra do Tribunal Superior Eleitoral, Nancy Andrighi, não há possibilidade, seja
ela qual for de quem causou a anulação da eleição regular participar na
renovação do pleito, ignorando-se qualquer que tenham sido os motivos para que
tal anulação venha a ocorrer.

Na concessão da liminar na data de 19/04/2013, no Mandado de


Segurança nº 195-25 (8.359/2013) – Muquém do São Francisco – Bahia, no
entendimento da Ex-Ministra (saída dia 26/04/2013), não pode o candidato que
motivou o cancelamento e conseqüentemente a anulação da eleição participar
43

livremente na realização de outra eleição, como relata a Ex-Ministra “Este


Tribunal, no julgamento da Consulta nº 1.733, concluiu que o candidato que deu
causa à anulação da eleição majoritária não poderia participar da renovação do
pleito.”

Além disso, Nancy Andrighi reforça seu julgamento citando o


entendimento do Ex-Ministro Arnaldo Versiani, considerando o que segue no
julgado transcrito em que atuou como relator.

O Min. Arnaldo Versiani, relator da referida Consulta, assentou


que “entender de modo contrário significaria conceder aos
candidatos que deram causa à anulação das eleições nova
oportunidade para concorrer ao mesmo cargo”. Cito, a propósito, a
ementa do julgado em comento:

Consulta. Registro de candidatura. Indeferimento. Renovação de


eleição. Participação. Candidato que deu causa à nulidade do
pleito.

1. O candidato que dá causa à nulidade da eleição majoritária,


por estar inelegível, não pode participar da renovação do pleito.
[...]

(Cta 1.733/DF, Rel. Min. Arnaldo Versiani, DJE de 10/8/2010).

Nesse sentido ainda, o Excelentíssimo Ex-Ministro ressalta ainda que no


momento de aferir a elegibilidade do candidato na realização da eleição
suplementar é durante o registro de candidatura, mas nesse momento, há uma
ressalva para os causadores da anulação da eleição regular. Firmer nesse
propósito, afirma Arnaldo Versiani que

[...] 2. O exame da aptidão de candidatura em eleição


suplementar deve ocorrer no momento do novo pedido de registro,
não se levando em conta a situação anterior do candidato na
eleição anulada, a menos que ele tenha dado causa à anulação.
[...]

(REspe 35.796, Rel. Min. Arnaldo Versiani, DJe de 10/12/2009).

RECURSO ESPECIAL. ELEIÇÃO MAJORITÁRIA MUNICIPAL.


RENOVAÇÃO. CE, ART. 224. PARTICIPAÇÃO.
44

Para reforçar seu posicionamento, Nancy Andrighi relata ainda os julgados


dos Ex-Ministros Marcelo Ribeiro e Caputo Bastos, onde estes como relatores
seguiram a mesma linha de posicionamento, afirmando que

Recurso especial. Agravo regimental. Registro de candidatura.


Pleito. Renovação. Candidato que deu causa à anulação.
Participação. Impossibilidade. Processo. Art. 15 da Lei
Complementar nº 64/90. Não-incidência. Decisão agravada.
Fundamentos não afastados.

[...] 2. Na linha da jurisprudência consolidada neste Tribunal


Superior, o candidato cassado que deu causa à anulação das
eleições não pode concorrer na renovação do pleito.

Nega-se provimento a agravo regimental que não afasta os


fundamentos da decisão impugnada.

(AgR-REspe 28116, Rel. Min. Caputo Bastos, DJ de 24/8/2007).

1. É assente o posicionamento desta Corte de que o candidato


que deu causa à anulação do pleito não poderá participar das
novas eleições, em respeito ao princípio da razoabilidade. [...]

(REspe 35.901, Rel. Min. Marcelo Ribeiro, DJe de 3/11/2009).

Desse modo, conforme o entendimento dos Ex-Ministros acima citados,


sob nenhuma hipótese pode o candidato que causou a anulação da eleição
concorrer novamente na eleição suplementar. Essas alegações são no sentido de
que seria contra o princípio da razoabilidade permitir tal participação, pois dessa
forma seria dada ao mesmo candidato a oportunidade deste concorrer novamente
para o mesmo cargo mesmo tendo prejudicado a votação anterior, tendo esta sido
anulada por culpa inteiramente sua.

Segundo o entendimento do Ministro Marco Aurélio conforme


posicionamento no Mandado de Segurança nº 3.413, a eleição suplementar seria
tão somente uma continuidade da eleição regular, e esta acontece apenas em
razão da nulidade provocada, desse modo não é razoável que o causador da
anulação possa concorrer normalmente sem lhe seja imputada uma sanção pelo
ilícito cometido.
45

Não se trata de cogitar de inelegibilidade, mas de


desdobramentos dentro de uma mesma eleição, muito embora o
segundo escrutínio aconteça devido à anulação do primeiro.
Conforme ressaltado pela Procuradoria Geral Eleitoral, o segundo
escrutínio somente ocorre porque os candidatos às eleições
provocaram a nulidade do primeiro, cooptando indevidamente
eleitores e logrando alcançar cinqüenta por cento dos votos.
Concluir que somente vinga, na espécie, a multa, podendo
aqueles que transgrediram a lei lograr nova participação, conflita a
mais não poder com o bom senso, norteados de toda e qualquer
interpretação. Resulta em mitigar as próprias conseqüências da
lei, afastando sanção nela prevista. Até mesmo a proximidade de
datas revela, participando aqueles que deram causa à declaração
de nulidade do primeiro escrutínio, a contaminação do segundo,
tendo em conta as repercussões das práticas ilícitas
empreendidas. Vem-nos, no grande todo que é o direito civil, que
ninguém pode se beneficiar da própria torpeza e a tanto equivale
concluir que as candidaturas glosadas podem ser renovadas, em
verdadeira segunda época, para o pleito subseqüente. Eleições.
Novo escrutínio. Participação do candidato que deu causa a
anulação do primeiro. Disponível em:
<http://jornal.jurid.com.br/materias/noticias/eleicoes-novo-
escrutinio-participacao-candidato-que-deu-causa-anulacao-
primeiro> Acesso em: 23 Agosto 2013.

Corroborando ainda sobre esse tema, o Ministro Marco Aurélio salientou


que seria contra o princípio da razoabilidade conceder uma segunda oportunidade
no mesmo pleito eleitoral para que quem causou a anulação da eleição, pois
assim este sairia beneficiado. Reforçando ainda que

Acontece que a perplexidade é enorme, pois se contraria


não só a ordem natural das coisas como também o princípio da
razoabilidade, a direcionar à interpretação do arcabouço
normativo o de forma a não se chegar a verdadeiro absurdo,
configurado na viabilização de uma segunda oportunidade, no
mesmo pleito eleitoral, para aqueles que deram causa à anulação
do escrutínio realizado, vindo a se beneficiarem, em passo
seguinte, após a glosa, da própria torpeza. Eleições. Novo
escrutínio. Participação do candidato que deu causa a
anulação do primeiro. Disponível em:
<http://jornal.jurid.com.br/materias/noticias/eleicoes-novo-
escrutinio-participacao-candidato-que-deu-causa-anulacao-
primeiro> Acesso em: 23 Agosto 2013.

Desse modo, entendem os juristas que são contrários a participação dos


causadores da anulação da eleição na renovação do pleito que como a nova
46

eleição é tão somente um desdobramento da eleição regular, o impedimento de


participação para os candidatos que causaram a anulação da eleição regular
ganharia respaldo no sentido de que não seria razoável que recebessem uma
nova oportunidade os de participar da eleição que prejudicaram.

Consideram ainda que ao conceder o registro para estes candidatos


estaria desrespeitando principalmente os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade já que o ato praticado deve ser punido na mesma proporção do
dano causado. Desse modo não pode haver participação de quem causou
malefício a lisura das eleições, pois estaria sendo o causador da anulação
beneficiado ao invés de punido.

4.1.POSICIONAMENTO FAVORÁVEL

Contrariamente a posição assumida por alguns membros e ex membros


da corte do TSE, outros Ministros consideram que é necessário, ao analisar a
participação dos candidatos na renovação do pleito, considerar o grau de
culpabilidade do candidato que causou a anulação da eleição regular, ou seja,
analisar se a eleição foi anulada de forma ativa ou passiva, já que não havendo
dolo não pode o candidato ser punido.

O Ex-Ministro Humberto Gomes de Barros no Mandado de Segurança nº


3.413 votou a favor da participação, em 2009, onde após uma discussão ampla e
acirrada votou a favor da possibilidade de participação do candidato causador da
anulação, sendo seu posicionamento transcrito na ementa de seu voto nos
seguintes termos

"I - A 'nova eleição' a que se refere o artigo 224 do Código


Eleitoral não se confunde com aquela de que trata o artigo 77,
parágrafo terceiro, da Constituição Federal. Esta última tem
47

caráter complementar, envolvendo candidatos registrados para o


escrutínio do primeiro turno. Já a 'nova eleição' prevista no artigo
224 do CE nada tem de complementar (até porque foi declarada
nula a eleição que a antecedeu). Em sendo autônoma, ela
requisita novo registro.

II - Nada impede a participação de candidato que deu causa à


nulidade da primeira eleição, desde que não esteja inelegível, por
efeito de lei ou sentença com trânsito em julgado. . Eleições.
Novo escrutínio. Participação do candidato que deu causa a
anulação do primeiro. Disponível em:
<http://jornal.jurid.com.br/materias/noticias/eleicoes-novo-
escrutinio-participacao-candidato-que-deu-causa-anulacao-
primeiro> Acesso em: 26 Agosto 2013.

Nesse sentido, nota-se que uma vez anulada a eleição regular


majoritária, significa que tal eleição passa a não mais existir, ou seja, para o
mundo jurídico na verdade essa eleição não chegou a acontecer. Desse modo,
não pode penalizar um candidato por um ato ilícito que foi cometido numa eleição
que não existiu.

Outra corrente também entende que deve ser analisado o motivo pelo
qual a eleição foi anulada, isto é, de que modo o candidato causou tal anulação,
se esta ocorreu de modo ilícito ou lícito, pois dependendo do motivo pelo qual
houve a anulação, daí então há a verificação da possibilidade de participação na
renovação do pleito. O Presidente do Instituto Maranhense de Direito Eleitoral,
Prof. Flávio Braga refere que

Em remate, cabe asseverar que na hipótese de


renovação de eleição a jurisprudência do TSE não permite a
participação do candidato que deu causa à anulação do pleito
anterior em razão da prática de uma ilicitude eleitoral (abuso do
poder econômico, captação ilícita de sufrágio etc). Admitir-se o
contrário equivaleria a ferir de morte o princípio da razoabilidade e
o bom senso que deve prevalecer na aplicação do direito.
Disponível em: <http://www.tre-sc.gov.br/site/file admin/arquivo
s/legjurisp/acordaos/2013/28019_.pdf> Acesso em 27 Agosto
2013.

Caso a anulação venha a ocorrer em razão de uma ilicitude não poderá o


candidato participar, mas se não houver ilicitude alguma não há razões que esse
48

candidato seja privado do uso pleno dos seus diretos políticos passivos, já que ele
não realizou nenhum ato recriminável para que receba uma punição. Desse
modo, não tendo o candidato dado causa a anulação por um motivo ilícito, ou
seja, ativamente não há impedimento que justifique a não permissão dele na
renovação do pleito.

Nesse sentido a Ministra Laurita Vaz no julgamento da Ação Cautelar Nº


13989, oriunda de Balneário Rincão – SC, que originou o RESPE 720, onde em
seu julgamento como relatora, define seu posicionamento da seguinte forma

Se por um lado, não soa razoável a participação do candidato que


teve seu pedido de registro indeferido no pleito anulado, por outro,
não se pode impedir de participar da nova eleição o candidato que
não cometeu nenhum ilícito na eleição anulada, tampouco havia
uma decisão de inelegibilidade explícita, haja vista que a matéria
era polêmica em razão da interpretação da Lei da Ficha Limpa.
Portanto, no caso, o motivo que ensejou a anulação do pleito foi o
fato de o candidato concorrer com o registro indeferido sub judice
que buscava análise de sua tese em última instância, devendo ser
assegurado o direito da parte de obter uma decisão definitiva do
Poder Judiciário sem que isso, por si só, lhe cause prejuízo.
Assim, estando presentes todas as condições de elegibilidade,
não se podendo imputar ao recorrente os motivos do [sic]
anulação do pleito, o pedido de registro merece ser deferido.

Acredita ainda a Ministra que não se pode restringir a participação de um


candidato que possua todas condições de elegibilidade e não consta nenhuma
inelegibilidade, nesse sentido relata que

Ademais, forçoso concluir que, na espécie, não há decisão de


inelegibilidade explícita nem a comprovação cabal de que o
candidato praticou ato ilícito, circunstâncias essas que, em tese,
poderiam dar causa direta à nulidade da eleição.

Desse modo não se pode criar um impedimento que não existe, ou seja, que não
esteja descritos na lei eleitoral e na Constituição. Nos casos citados anteriormente, em
relação aos candidatos a prefeito das cidades de Balneário Rincão – SC e Muquém do
São Francisco – BA, tais candidatos concorreram com a candidatura sub judice, e a
sentença definitiva veio a transitar em julgado somente após a realização das eleições,
obtendo estes mais de 50% dos votos válidos.
49

Desse modo houve a anulação da eleição e renovação do pleito, onde os


mesmo voltaram a solicitar o registro tendo sido este negado, recorrendo aos órgãos
superiores. Consta que os candidatos das duas cidades não cometeram nenhum ato
ilícito para anular a eleição, tão somente foi usado o direito conferido a eles de
concorrerem normalmente na eleição regular ainda que seu pedido esteja pendente de
julgamento. Nesse sentido, nos termos do art. 16-A da Lei n. 9.504/1997, incluído pela
Lei n. 12.034/2009:

Art. 16-A. O candidato cujo registro esteja sub judice poderá


efetuar todos os atos relativos à campanha eleitoral, inclusive
utilizar o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão e ter seu
nome mantido na urna eletrônica enquanto estiver sob essa
condição, ficando a validade dos votos a ele atribuídos
condicionada ao deferimento de seu registro por instância
superior.

Assim, se o candidato tem o direito a concorrer enquanto suas pretensões


estiverem sob julgamento, não deve esse direito concedido a ele ser considerado
um ato torpe como refere no art. 219 § único. No julgamento do processo de
Décio Gomes Goés, Balneário Rincão – SC, no TER – SC o Juiz Relator Marcelo
Ramos Peregrino Ferreira explica tal situação

... não pode ser responsabilizado pela anulação da eleição


ocorrida em 7.10.2012, pois a causa da anulação da eleição não
decorreu de um ilícito praticado no pleito de 2012, mas sim da
interpretação jurídica - polêmica, é verdade - que o Poder
Judiciário deu ao caso, em face da novel legislação. Não há
torpeza e vilania ou mesmo aproveitamento proibido de sua
astúcia, de modo a impedir o presente registro, porquanto o que
se viu foi o exercício legítimo de uma pretensão perante o Poder
Judiciário num momento em que pairavam dúvidas sobre os
contornos da lei nova na doutrina e na escassa jurisprudência.
Disponível em: <http://www.tre-sc.gov.br/site/file admin/arquivo
s/legjurisp/acordaos/2013/28019_.pdf> Acesso em 27 Agosto
2013.

Acrescenta ainda o Juiz Relator que

Se por um lado, não soa razoável a participação do candidato que


teve seu pedido de registro indeferido no pleito anulado, por outro,
não se pode impedir de participar da nova eleição o candidato que
não cometeu nenhum ilícito na eleição anulada, tampouco havia
uma decisão de inelegibilidade explícita, haja vista que a matéria
50

era polêmica em razão da interpretação da Lei Complementar n.


135. Disponível em: <http://www.tre-
sc.gov.br/site/fileadmin/arquivos/legjurisp/acordaos/2013/28019_.p
df> Acesso em 27 Agosto 2013.

Desse modo, entende-se que o que ocorreu foi uma situação confusa
gerada pela primeira aplicação da Lei da Ficha Limpa, fato que ocasionou
diversos recursos aos tribunais superiores, dado a divergência de entendimento
na aplicação da norma, e não o surgimento de uma causa de impedimento para
os candidatos que passivamente causaram a anulação da eleição.

Por tanto não deve o candidato ser responsabilizado por uma anulação
que não causou, sendo que somente fez uso de um direito conferido legalmente a
ele. O candidato não usou de artifício ou artimanha para conseguir seu intento,
assim como não praticou qualquer ato ilegal, apenas usou seu direito de
concorrer acreditando ser plausível sua pretensão e requerendo somente o direito
a concorrer normalmente às eleições e poder exercer o direito de ser votado.

Nesse sentido, existe sim a possibilidade de participação do candidato


que indiretamente e de forma passiva foi o causador da anulação da eleição, visto
que se não houver tal candidato praticado qualquer ato ilegal com a intenção de
causar tal anulação ou de obter vantagem indevida sobre seus adversários
políticos, não pode lhe ser aplicado o § único do art 219 do CE, pois ele não se
aplica a forma normativa, que é taxativa na palavra torpeza, onde esta faz
referencia a pratica de atos cometidos com o dolo de produzir o resultado.

Na 50ª Sessão Ordinária Jurisdicional que aconteceu no dia 28/05/2013


foi julgado o RESPE nº 720 de relatoria da Ministra Laurita Vaz, onde ficou
acordado que há a possibilidade jurídica de participação na eleição suplementar
de um candidato que de forma passiva causou a anaulação da eleição regular,
sendo esta decisão por maioria de 4 votos a 2, onde acompanharam a relatora os
Ministros Luciana Lóssio, Castro Meira e Dias Toffoli, votaram contra tal decisão a
Presidente Carmen Lúcia em razão de estar impedido o Ministro Henrique Neves,
e o Ministro Marco Aurélio. Segue, desse modo, a ementa do julgado
51

RECURSO ESPECIAL. ELEIÇÕES 2012. ANULAÇÃO DO


PLEITO. REGISTRO DE CANDIDATO. DEFERIMENTO.
PREFEITO. NOVA ELEIÇÃO. PECULIARIDADES DO CASO
CONCRETO. ARTIGO 16-A DA LEI N° 9.50411997.
INELEGIBILIDADE. LEI COMPLEMENTAR N° 13512010.
CANDIDATO QUE NÃO DEU CAUSA À ANULAÇÃO DO PLEITO.
PARTICIPAÇÃO NO CERTAME. POSSIBILIDADE. AFRONTA AO
ART. 219 DO CÓDIGO ELEITORAL. AUSÊNCIA. FALTA DE
DEMONSTRAÇÃO DO DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL.
RECURSO DESPROVIDO.

1. Com fulcro nos princípios da razoabilidade e proporcionalidade,


o candidato não pode ser prejudicado em seu direito subjetivo de
ser votado, porquanto a compreensão segundo a qual o prazo de
inelegibilidade deve ser estendido até o final do ano das eleições
somente veio a ser sedimentada no julgamento de seu próprio
pedido de registro para as eleições que findaram anuladas.

2. Não se evidencia a responsabilidade do candidato pela


nulidade do pleito, porquanto, de acordo com o art. 16-A da Lei n°
9.504/1 997, lhe é facultado concorrer com seu registro indeferido
e sub judice.

3. Esta Corte firmou o entendimento de que o candidato que deu


causa à anulação do pleito não poderá participar das novas
eleições, porém tal vedação ocorre em razão da prática de ilícito
eleitoral pelo próprio candidato, o que não ocorreu no caso dos
autos.

4. Segundo a jurisprudência do TSE, é "correta a decisão que


defere o registro de candidatura no pleito renovado, desde que
verificados o preenchimento das condições de elegibilidade e a
ausência de causa de inelegibilidade" (REspe n° 35.901/SP, Rei.
Ministro MARCELO RIBEIRO, DJe de 3.11.2009).

5. inexistência de afronta à lei e dissídio jurisprudencial não


caracterizado.

6. Recurso desprovido. (REspe 7-20/SC, Rei. Min. Laurita Vaz,


DJe de 11.8.2013) (ACÓRDÃO RECURSO ESPECIAL
ELEITORAL N° 7-57.2013.6.05.0173 - CLASSE 32 - MUQUÉM
DO SÃO FRANCISCO – BAHIA, pg 21).

Em outra Sessão Ordinária, a de nº 86 que aconteceu no dia 10 de


Setembro de 2013, foi julgado em plenário o processo nº 757 onde o relator
Ministro Castro Meira em decisão monocrática julgou pelo deferimento da
candidatura do Prefeito ora eleito, Marcio Cesáre Rodrigues Mariano, por
acreditar em sua concepção que o candidato não praticou nenhum ato ilícito,
fazendo uso tão somente de um direito a ele conferido pela norma eleitoral.
52

A ementa desse julgamento traz precedentes que concretizam a


convicção da possibilidade jurídica do candidato em questão participar da eleição
como candidato devidamente registrado, obtendo a capacidade eleitoral passiva,
ou seja, podendo eleger e ser eleito, segue o julgado nos seguintes termos

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. ELEIÇÕES 2012.


PREFEITO. REGISTRO DE CANDIDATURA. FILIAÇÃO
PARTIDÁRIA E QUITAÇÃO ELEITORAL. CONDIÇÕES DE
ELEGIBILIDADE PREENCHIDAS. ARTS. 219, PARÁGRAFO
ÚNICO, E 224 DO CÓDIGO ELEITORAL. CANDIDATO QUE DEU
CAUSA À NULIDADE DA ELEIÇÃO ORIGINÁRIA.
IMPOSSIBILIDADE DE PARTICIPAÇÃO NO NOVO PLEITO.
PECULIARIDADE DO CASO DOS AUTOS. DESPROVIMENTO.
1. Conforme assentado pela Corte Regional, a questão da
duplicidade de-filiação partidária foi apreciada processo
específico, com sentença já transitada em julgado, em que se
reconheceu a regularidade da atual filiação do recorrido.

2. Ao requerer seu registro de candidatura para a eleição


de 7.4.2013, apresentou certidão de quitação eleitoral emitida em
14.2.2013, na qual não há referência a multas eleitorais pendentes
de pagamento. Conclusão pela ausência de quitação eleitoral
demandaria o reexame de fatos e provas, providência inviável em
sede de recurso especial, a teor da Súmula 7ISTJ.

3. Em regra, o candidato que, eleito com mais de 50%


dos votos válidos em pleito majoritário, tem confirmada a posteriori
a cassação do seu registro ou diploma, não pode participar da
nova eleição prevista no art. 224 do Código Eleitoral por ter lhe
dado causa. Precedentes.

4. Esta Corte, no julgamento do AgR-REspe 276-09/RJ


(Rei. Mm. Arnaldo Versiani, PSESS de 27.9.2012), decidiu que
"somente seria exigida a certidão de 20 grau se o candidato
possuísse prerrogativa de foro", o que não se aplica ao recorrido.
Desse modo, a alegada irregularidade mostrou-se inexistente, não
se justificando qualquer óbice para o deferimento do seu registro
de candidatura.

5. Recurso especial a que se nega provimento,


mantendo-se o deferimento do registro do recorrido ao cargo de
prefeito do Município de Muquém do São Francisco/BA para a
eleição de 7.4.2013. (ACÓRDÃO RECURSO ESPECIAL
ELEITORAL N° 7-57.2013.6.05.0173 - CLASSE 32 - MUQUÉM
DO SÃO FRANCISCO – BAHIA, pg 01).

Em sua decisão, o relator alegou em seu julgamento que

...a hipótese de vedação à candidatura de candidato que deu


causa à renovação do pleito não se aplica no presente caso, vez
que voltada, exclusivamente, para candidatos que - -tiveram seus-
registros-indeferidos--em virtude-de--inelegibilidade-- previamente
53

conhecida, ou daqueles que mediante a prática de atos ilícitos,


como captação ilícita de sufrágio ou abuso de poder econômico,
tiveram seus registros ou diplomas cassados, ocasionando no
pleito. (ACÓRDÃO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL N° 7-
57.2013.6.05.0173 - CLASSE 32 - MUQUÉM DO SÃO
FRANCISCO – BAHIA, pg 08).

Acompanharam o voto do relator os Ministro Lúciana Lóssio, Laurita Vaz,


Dias Toffoli e Gilmar Mendes que substituía o Ministro Marco Aurélio na Sessão.
Os Ministro Henrique Neves e a Presidente da casa Ministra Carmén Lúcia
votaram contra decisão do relator.

Ademais, a Ministra Luciana Lóssio em seu voto, acrescentou

...no meu entender, apenas aquele que dá causa à nulidade do


pleito em razão do cometimento de um ilícito eleitoral, ou seja,
quando vem a ser cassado por compra de votos, abuso de poder
ou conduta vedada, apenas nesses casos deve-se impedi-lo de
participar desta nova eleição. E isso se dá porque ele não poder
fazer uso da sua própria torpeza, digamos assim.

Este candidato foi eleito pelo povo, não apenas em uma


oportunidade, mas em duas. A vontade popular, no meu entender,
deve prevalecer e nos sensibilizar na análise do caso concreto.
(ACÓRDÃO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL N° 7-
57.2013.6.05.0173 - CLASSE 32 - MUQUÉM DO SÃO
FRANCISCO – BAHIA, pg 26/27).

Em relação à soberania do voto popular, no julgado, o relator salientou


que

...registre-se que, em ambas as eleições realizadas no Município


de Muquém do São Francisco/BA, o recorrido foi eleito com mais
de 50% dos votos, devendo ser prestigiado o princípio da
soberania popular. (ACÓRDÃO RECURSO ESPECIAL
ELEITORAL N° 7-57.2013.6.05.0173 - CLASSE 32 - MUQUÉM
DO SÃO FRANCISCO – BAHIA, pg 22).

Já o Ministro Gilmar Mendes referiu que não poderia haver motivo para
tamanha discussão, já que o candidato não praticou ilicitude alguma e foi eleito
legitimamente pelo povo.
54

Desse modo fica evidente a possibilidade de participação dos candidatos


que deram nulidade a eleição do pleito regular, na participação da eleição
suplementar, pelas razões acima assentadas e por não existindo impedimento no
rol das inelegibilidades, deve prevalecer à vontade soberana do povo que por
duas vezes elegeu seu representante.
55

5.CONCLUSÃO

Após análise de todo o exposto, embora haja robustos argumentos


desfavoráveis a permissão de participação dos candidatos que tenham causado a
anulação da eleição regular, na realização da eleição suplementar, não há a
possibilidade de visualização nesse sentido de qualquer impedimento legal para
tal vedação.

Ademais, com o Presente trabalho buscou-se um entendimento acerca do


instituto das eleições, observando-se sua histórica além de um estudo acerca da
definição jurídica das eleições dentro do ordenamento pátrio, onde houve a
explanação dos princípios da democracia e da soberania popular na realização na
realização do pleito eleitoral.

Pode-se confirmar a importância que tem a escolha do povo através do


voto, já que a vontade do povo é soberana e deve ser respeitada. Observamos
também quem pode votar e quem pode ser votado, já que nem todo mundo que
pode votar tem o direito de ser votado, e por esta razão devem ser respeitadas as
condições de elegibilidade e inelegibilidade.

Desse modo, a vontade do povo na escolha de seus representantes deve


ser soberana, observando-se parâmetros estabelecidos pelo ordenamento
jurídico, na medida em que estejam estes candidatos na posse de todas as
condições de elegibilidade e não exista nenhuma inelegibilidade, ou seja, nenhum
impedimento para o gozo dos plenos direitos políticos.

Ocorre que com a criação da Lei da Ficha Limpa, surgiram inúmeras


divergências em relação à aplicação dessa nova norma, desse modo, e por abrir
margem a entendimentos divergentes, muitos candidatos foram impedidos de
concorrer por alguma definição na norma ou por algum requisito que não foi
preenchido corretamente.

Em razão do inconformismo e por acreditarem na possibilidade de


reforma da decisão em questão, muitos candidatos recorreram aos tribunais
56

superiores, requerendo a concessão de sua participação no pleito eleitoral, alguns


desses candidatos indeferidos conseguiram alcançar seu intento, porém outros
não.

Quando essa situação ocorreu na esfera das eleições majoritária para


prefeito, e os candidatos que foram indeferidos foram os que receberam a maioria
da votação válida, houve então a anulação da eleição que ocorreu regularmente
no ano eleitoral e a decretação da realização de um novo pleito por força do art.
164, II da Resolução 23.372 do TSE.

Com a anulação da eleição regular e a renovação do pleito em uma nova


eleição, surgiu um novo questionamento quanto à participação dos candidatos
que de forma indireta e passiva causaram a anulação da eleição regular. É
pacífico na jurisprudência que aquele que causa a anulação através de um ato
ilícito não pode concorrer na renovação do pleito, porém é divergente o
posicionamento quanto à participação daquele que não cometeu nenhum ato
ilegal.

Nesse seguimento, surge a possibilidade de participação na eleição


suplementar por candidatos que não deram causaram a anulação da eleição
regular de forma ativa, ou seja, ilicitamente. Diante dessa situação, a Justiça
Eleitoral tem agido em conformidade com a Lei, porém acredito que, a aplicação
da norma foi deficiente, visto que o impedimento expresso na norma eleitoral é
obscuro uma vez que, há uma dúvida quanto ao limite de aplicação do parágrafo
único do artigo 219 do Código Eleitoral, pairando então a possibilidade ou não da
tão discutida possibilidade de participação.

Analisando as decisões atuais a respeito do tema no órgão Maximo da


Justiça Eleitoral, observa-se que há uma grande divergência entre ou
Magistrados; tal divergência ocorre no sentido de que alguns Ministros seguem a
corrente da não concessão do direito a todos os que causaram a anulação, sendo
indiferente que tenha sido causada de forma ativa ou passiva. Já outros Ministros
optam por fazer uma distinção entre o tipo de anulação que foi realizada, ou seja,
depende do motivo que deu causa a anulação.
57

As divergências sobre a matéria ocorreram da seguinte forma, a Ex-


Ministra Nancy Andrighi em decisão liminar entendeu que não pode haver
participação do candidato causador da anulação, independendo o motivo pelo
qual tal anulação veio a ocorrer, em respeito ao art. 219, § único do Código
Eleitoral que proíbe tal participação.

Em decisão monocrática, a Ministra Laurita Vaz entendeu que é possível


e permitido a um candidato que fez usou do direito de concorrer sub júdice, sendo
que este lhe é conferido por lei, de participar normalmente como candidato outra
vez na renovação do pleito eleitoral já que não foi cometido nenhum ato ilícito
para que a eleição viesse a ser anulada.

Decisão similar a da Ministra Laurita Vaz foi tomada pelo Ministro Castro
Meira, que também julgou o processo anteriormente relatado procedendo na
concessão do registro de candidatura ora impugnado, para assim declarar
legítima a participação do candidato assim como sua eleição ao cargo de prefeito
da cidade de Muquém do São Francisco – BA.

Desse modo, não conceder o registro a esses candidatos seria infringir o


principio da proibição da vedação dos direitos políticos, o que é vetado
constitucionalmente, além de retirar a autonomia da vontade popular ferindo
assim o pressuposto maior da federação que é a democracia.

Após a explanação do tema, verifica-se então não haver qualquer


impedimento para que tais candidatos concorram abertamente e para que
obtenham nessa situação específica uma maior segurança nas decisões judiciais
assim como na soberania popular, visto que é pertencente ao povo o poder do
Estado e sua decisão democrática deve ser respeitada.
58

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