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Aula 03

Direitos Humanos p/ Oficial PMDF


Professor: Ricardo Torques

02214600124 - Agatha Aparecida Rodrigues Moreira


Direitos Humanos PM/DF
teoria e questões
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Aula 03
Aplicação da lei para
grupos vulneráveis

Sumário
1 - Considerações Iniciais ................................................................................................. 2
2 - Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial ... 2
2.1 - Introdução .......................................................................................................... 2
2.2 - A Convenção ....................................................................................................... 3
2.3 - Direitos Albergados .............................................................................................. 7
2.4 - Mecanismos de Fiscalização ................................................................................... 8
3 - Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra Mulher .......... 10
3.1 - Introdução ........................................................................................................ 10
3.2 - Direitos Albergados ............................................................................................ 13
3.3 - Mecanismos de Fiscalização ................................................................................. 16
4 - Refugiados .............................................................................................................. 19
4.1 - Refúgio ............................................................................................................. 19
4.2 - Direito ao Asilo .................................................................................................. 27
4.3 - Decisões Importantes do STF acerca do Refúgio e do Asilo ...................................... 28
4.4 - Comitê Nacional para os Refugiados ..................................................................... 30
5 - Questões ................................................................................................................. 32
5.1 - Questões sem comentários .................................................................................. 33
5.2 - Gabarito ........................................................................................................... 40
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5.3 - Questões com comentários .................................................................................. 41


6 - Lista de Questões de Aula ......................................................................................... 57
7 - Resumo .................................................................................................................. 59
8 - Considerações Finais ................................................................................................ 70

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APLICAÇÃO DA LEI PARA GRUPOS VULNERÁVEIS


(PARTE 01)
1 - Considerações Iniciais
Na aula trataremos da aplicação da lei para grupos vulneráveis. Esse assunto
envolve os documentos internacionais de proteção das minorias. Dividimos esse
assunto em duas aulas para poder abordar o tema com a devida profundidade.
Portanto, na de hoje serão estudados os seguintes temas:

Discriminação contra a
Discriminação Racial Refugiados
mulher

Boa aula a todos!

2 - Convenção Internacional sobre a Eliminação de


todas as Formas de Discriminação Racial
2.1 - Introdução
Em superação ao Absolutismo, aflorou, com a
Revolução Francesa, em 1789, e com a Constituição
dos EUA em 1776, a igualdade formal, segundo a
qual, todos são iguais perante a lei. Esses
movimentos, imprescindíveis ao desenvolvimento
histórico, representaram a supremacia do Estado de
Direito, que objetivou garantir os direitos de
liberdade negativa, que seriam aplicáveis a todos
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os homens, abstratamente considerados.


O princípio da igualdade, nesse período, é genérico, não considerando as pessoas
em suas especificidades. Contudo, percebeu-se que assegurar a igualdade
formal não era suficiente para que as pessoas tivessem respeitados suas
diferenças e particularidades.
Houve, assim, com a expansão dos Direitos Humanos, uma ampliação dos
direitos de igualdade, de modo que se passou a defender a necessidade de
garantir não apenas a igualdade formal, mas a igualdade material (substancial).
A igualdade material pressupõe a individualização do
sujeito. Vale dizer, consiste em considerar a pessoa nas
suas relações concretas, assimilando suas diferenças.

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Assim, a igualdade (formal) considerada a pessoa em abstrato, sem levar


em conta o sexo, a cor e classe social. Pela igualdade em sentido material
pugna-se por um aparato normativo especial, endereçado aos grupos de
pessoas vulneráveis na sociedade, como forma de reequilibrar tais
desigualdades. Diante disso, surgem regras protetivas às mulheres, às crianças,
aos idosos e às vítimas de discriminação racial.
Nesse contexto, segundo a doutrina, o sistema que compreende a Declaração
Internacional de Direitos (International Bill os Rights), representa um conjunto
de normas internacionais endereçadas a toda e qualquer pessoa, genericamente
concebida. Já os documentos específicos, a exemplo da Convenção Internacional
sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial, constituem
documentos internacionais preocupados com a pessoa segundo suas diferenças
e relações em concreto.
Arremata, Flávia Piovesan1:
ao lado do sistema global geral de proteção, organiza-se o sistema especial de proteção,
que adota como sujeito de direito o indivíduo historicamente situado, isto é, o sujeito de
direito ‘concreto’, na peculiaridade e particularidade de suas relações sociais.

•Considera todas as pessoas abstratamente iguais.


IGUALDADE FORMAL •Declaração Internacional de Direitos.

•Considera as pessoas iguais tendo em vista suas


IGUALDADE MATERIAL condições de vulnerabilidade.
•Convenções específicas.

2.2 - A Convenção
A Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de
Discriminação Racial foi assinada pelo Brasil em março de 1966. Após aprovação
pelo Congresso Nacional, foi depositada junto ao Secretário-Geral da ONU em
março de 1968, sendo promulgada internamente por intermédio do Decreto
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65.810/1968.

1
PIOVESAN, Flávia. Temas de Direitos Humanos. 6ª edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2013,
p. 292.

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1966 1968 1968 1968


•assinatura da •aprovação no •depósito do •promulgação
Convenção Congresso Pacto na ONU no direito
Internacional Nacional interno pelo
sobre a Decreto
Eliminação de 65.810/68
todas as
Formas de
Discriminação
Racial

Esse documento internacional possui como precedentes históricos, segundo


ensinamentos de Flávia Piovesan2:

ingresso de 17 novos países africanos nas Nações Unidas de


PRECEDENTES
HISTÓRICOS

1960.

Primeira Conferência de Cúpula dos Países Não Aliados, em 1961.

ressurgimento de atividades nazifacistas na Europa e as


preocupações ocidentais com o antissemitismo.

O primeiro precedente indicou o ingresso de países vítimas de reiteradas


discriminações no campo racial, o que motivou a luta contra as violações de
direitos humanos decorrentes. Os dois últimos eventos citados, por sua vez,
indicam uma retomada de força daqueles que perderam a guerra, gerando
preocupação da comunidade internacional, bem como a ocorrência de alguns atos
nazistas novamente praticados no continente europeu.
Já no preâmbulo da Convenção, tratou-se de repudiar toda e qualquer
acepção fundada numa suposta superioridade étnica, que é destituída de
fundamentação científica, moralmente inaceitável e socialmente injusta e
perigosa.
Além disso, percebe-se, também no preâmbulo, a nítida preocupação com a
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urgência em serem adotadas as medidas para reprimir eventuais


violações por questões raciais e para criar mecanismos positivos de superação
desta mazela.
O conceito de discriminação racial é apresentado no art. 1º da Convenção, nos
seguintes termos:
(...) qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor,
descendência ou origem nacional ou étnica que tem por objetivo ou efeito anula ou restringir
o reconhecimento, gozo ou exercício num mesmo plano, (em igualdade de condição), de
direitos humanos e liberdades fundamentais no domínio político econômico, social, cultural
ou em qualquer outro domínio de sua vida.

2
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 13ª edição,
rev., atual., São Paulo: Editora Saraiva, 2012, p. 261.

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2. Esta Convenção não se aplicará às distinções, exclusões, restrições e preferências feitas


por um Estado Parte nesta Convenção entre cidadãos.

A doutrina, a exemplo de Flávia Piovesan3, compreende


discriminação como:

toda distinção, exclusão, restrição ou preferência que tenha por objeto ou resultado
prejudicar ou anular o reconhecimento, o gozo ou o exercício em igualdade de condições,
dos direitos humanos e liberdades fundamentais, nos campos político, econômico, social,
cultural e civil ou em qualquer outro campo. Logo, a discriminação significa sempre
desigualdade.

Podemos afirmar que o OBJETIVO CENTRAL da Convenção é a eliminação de


todas as formas de discriminação racial.

eliminação de todas as formas de


OBJETIVO CENTRAL discriminação racial

Os Estados-parte na Convenção obrigam-se, progressivamente, a eliminar a


discriminação racial, assegurando a efetiva igualdade substancial, de forma que
os direitos civis e políticos, bem como os direitos sociais, econômicos e culturais
(explicitados na Declaração Internacional de Direitos) sejam assegurados a
qualquer etnia, sem quaisquer formas de discriminação.
Para tanto, o Estado-parte deve atuar em duas vertentes:
 proibir qualquer forma de discriminação racial; e
 promover políticas compensatórias que levem à igualdade substancial.
Em forma de quadro:

•Proíbe-se qualquer forma de discriminação racial.


VERTENTE REPRESSIVO-
•Criam-se tipos penais para quem causar
PUNITIVA discriminação racial.

•promoção de políticas públicas compensatórias que


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VERTENTE PROMOCIONAL levem á igualdade substancial


•ações afirmativas

Essa é a temática adotada pela Convenção. Por exemplo, o artigo IV prevê,


segundo a vertente repressivo-punitiva, que devem ser considerados ilícitos
penais as seguintes condutas:
 difundir ideias baseadas na superioridade ou ódio raciais, incitando a
discriminação racial;

3
PIOVESAN, Flávia. Temas de Direitos Humanos. 6ª edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2013,
p. 293/4.

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 praticar atos de violência contra qualquer etnia ou grupo de pessoas; e


 prestar assistência ou prover financeiramente atividades racistas.
Por outro lado, o artigo I, 4, prevê a possibilidade de ação de medidas positivas,
que nada mais são do que ações afirmativas, segundo a vertente promocional.
Vejamos uma questão que trata exatamente desse assunto.

Questão – FUNIVERSA/Secretaria da Criança – DF -


Especialista Socioeducativo - Direito e Legislação - 2015
Acerca da constitucionalização dos direitos humanos, do Estatuto da
Igualdade Racial, do combate ao racismo, da constitucionalização dos
direitos humanos, da proteção a minorias e a demais grupos vulneráveis, da
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra
as Mulheres (CEDAW) e da Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência, do combate ao racismo e da Convenção sobre a Eliminação
de Todas as Formas de Discriminação Racial, assinale a alternativa correta.
a) A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
Racial impõe expressamente ao Estado-parte o dever de criminalizar o
discurso do ódio racial e a participação em organizações racistas.
b) O Estatuto da Igualdade Racial, pautado, entre outros, pelos princípios da
inclusão e da igualdade material, parte do pressuposto de que a consecução
de seus objetivos prescinde da instituição de ações afirmativas.
c) A CEDAW é insuscetível de ratificação com reservas.
d) A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
Racial não pode ser denunciada pelos Estados-parte que a ratificaram, por
expressa previsão nesse sentido.
e) A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
Racial não prevê a atribuição do Comitê sobre a Eliminação de Todas as
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Formas de Discriminação Racial para receber e examinar comunicações de


indivíduos ou grupos de indivíduos sob a jurisdição de Estado-parte, tendo
essa previsão nascido a partir de Protocolo Facultativo à Convenção.

Comentários
Vejamos cada uma das alternativas.
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. De acordo com o art. 4º,
a, da Convenção Internacional sobre todas as Formas de Discriminação Racial, o
Estado-parte deve condenar todas as organizações que encorajem qualquer
forma de ódio racial e declarar tais atos puníveis como delitos.
Artigo 4º - Os Estados-partes condenam toda propaganda e todas as organizações que se
inspirem em idéias ou teorias baseadas na superioridade de uma raça ou de um grupo de
pessoas de uma certa cor ou de uma certa origem étnica ou que pretendam justificar ou

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encorajar qualquer forma de ódio e de discriminação raciais, e comprometem-se a adotar


imediatamente medidas positivas destinadas a eliminar qualquer incitação a uma tal
discriminação, ou quaisquer atos de discriminação com este objetivo, tendo em vista os
princípios formulados na Declaração Universal dos Direitos do Homem e os direitos
expressamente enunciados no artigo V da presente Convenção, inter alia:
a) a declarar como delitos puníveis por lei, qualquer difusão de idéias baseadas na
superioridade ou ódio raciais, qualquer incitamento à discriminação racial, assim
como quaisquer atos de violência ou provocação a tais atos, dirigidos contra qualquer
raça ou qualquer grupo de pessoas de outra cor ou de outra origem étnica, como também
qualquer assistência prestada a atividades racistas, inclusive seu financiamento;

A alternativa B está incorreta, pois o Estatuto da Igualdade Racial é todo


pautado em ações afirmativas de implementação da igualdade racial na
sociedade.
A alternativa C está incorreta, pois não somente é possível opor reservas contra
as cláusulas da Convenção Internacional sobre todas as Formas de Discriminação
contra a mulher, como se trata do documento internacional que mais recebeu
reservas quanto ao seu conteúdo. Vejamos o art. 28 da Convenção, que deixa
claro a possibilidade de reservas.
Artigo 28 - 1. O Secretário Geral das Nações Unidas receberá e enviará a todos os Estados
o texto das reservas feitas pelos Estados no momento da ratificação ou adesão.
2. Não será permitido uma reserva incompatível com o objeto e o propósito desta
Convenção.
3. As reservas poderão ser retiradas a qualquer momento por uma notificação endereçada
com esse objetivo ao Secretário Geral das Nações Unidas, que informará a todos os Estados
a respeito. A notificação surtirá efeito na data de seu recebimento.

A alternativa D está incorreta, com base no art. 21, da Convenção Internacional


sobre todas as Formas de Discriminação Racial.
Artigo 21 - Todo Estado-parte poderá denunciar a presente Convenção mediante
notificação por escrito endereçada ao Secretário Geral das Nações Unidas. A denúncia
produzirá efeitos um ano depois da data do recebimento da notificação pelo Secretário
Geral.

A alternativa E está incorreta, uma vez que a possibilidade de Comunicações


está prevista no texto da Convenção.
Artigo 14 - Todo Estado-parte na presente Convenção poderá declarar, a qualquer
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momento, que reconhece a competência do Comitê para receber e examinar as


comunicações enviadas por indivíduos ou grupos de indivíduos sob sua jurisdição,
que aleguem ser vítimas de violação, por um Estado-parte, de qualquer um dos direitos
enunciados na presente Convenção. O Comitê não receberá comunicação alguma relativa a
um Estado-parte que não houver feito declaração dessa natureza.

2.3 - Direitos Albergados


O artigo V da Convenção, ao tratar dos direitos abrangidos,
refere que o objeto central é garantir a igualdade em sentido
material, destacando diversos direitos decorrentes da
igualdade que devem ser assegurados.

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DIREITOS RECONHECIDOS NA CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A ELIMINAÇÃO


DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL

 tratamento igual perante os tribunais;


 direito a segurança da pessoa ou à proteção do Estado contra violência ou lesão
corporal;
 direitos políticos, incluindo a capacidade eleitoral ativa (votar) e passiva (ser votado)
em igualdade de condições;
 direitos civis, destacando-se:
o liberdade de ir e vir;
o direito de deixar o pais e de retornar;
o direito a uma nacionalidade;
o direito de casar-se e escolher o cônjuge;
o direito à propriedade;
o direito à herança;
o liberdade de pensamento, de consciência e de religião;
o liberdade de opinião e de expressão; e
o liberdade de reunião e de associação pacífica;
 direitos econômicos, sociais e culturais, destacando-se:
o direitos ao trabalho;
o direito de fundar sindicatos e a eles se filiar;
o direito à habitação;
o direito à saúde pública, a tratamento médico, à previdência social e aos serviços
sociais;
o direito a educação e à formação profissional;
o direito a igual participação das atividades culturais; e
o direito de acesso a todos os lugares e serviços destinados ao uso do público.

Conforme leciona a doutrina, para a proteção das vítimas de discriminação racial


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deve ser assegurados meios e condições para o exercício dos direitos civis e
políticos, bem como dos direitos sociais, econômico e culturais em igualdade de
condições com as demais pessoas.

2.4 - Mecanismos de Fiscalização


Antes de passarmos para análise do texto da Convenção, devemos pontuar
algumas observações em relação aos mecanismos de fiscalização.
A referida Convenção instituiu o Comitê sobre a Eliminação da Discriminação
Racial ao qual compete a coordenação e a organização das diferentes formas
adotadas para fiscalizar o cumprimento das prescrições constantes do documento
internacional.

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O Comitê é formado por 18 peritos, escolhidos pelos Estados-parte para


mandato de 4 anos, que atuarão a título individual, ou seja, não representam
o Estado-parte do qual são nacionais.
Assim como a maioria dos tratados internacionais de
direitos humanos, são três os mecanismos utilizados:
relatórios, comunicações interestatais e petições
individuais. Não vamos aqui tecer conceitos e maiores
explicações para não tornar a aula repetitiva. Vamos, entretanto, pontuar alguns
aspectos importantes relativamente a esses mecanismos de fiscalização.
O mecanismo de relatórios está previsto no artigo IX da Convenção, por meio
do qual, a cada 2 anos, os Estados-parte devem submeter ao Comitê relatórios
acerca do cumprimento das disposições da Convenção, bem como indicar as
medidas (legislativas, judiciárias e administrativas) tomada em defesa da
igualdade racial plena.
O mecanismo das comunicações interestatais, estabelecido no artigo XI da
Convenção, somente poderá ocorrer mediante aceitação de ambos os
Estados-parte: notificante e notificado.
Mecanismos de Implementação: COMUNICAÇÕES INTERESTATAIS:

Se não a
Pelo prazo de questão não
Estado Comitê solicita 3 meses, o foi
notificante dá informações notificado solucionada,
ciência ao do Estado poderá poderá
Comitê notificado submeter novamente ser
explicações submetida ao
Comitê

Por fim, o mecanismo de petições individuais, consolida a capacidade


processual internacional dos indivíduos, exige que o Estado-parte faça uma
declaração habilitando o Comitê para receber as referidas petições das vítimas
de violação de direitos humanos, razão pela qual é denominada de cláusula
facultativa.
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Caso haja a declaração, a vítima poderá levar ao conhecimento do Comitê


violação de direitos em razão de discriminação social, que pressuporá, para a
sua análise, o esgotamento ou demora injustificada nos meios internos
disponíveis. Uma vez recebida a petição, o Comitê solicitará ao Estado-parte
informações atinentes ao caso apresentado, que deverá encaminhar explicações
e indicar as ações e medidas tomadas.
O problema das petições individuais é a exigibilidade da decisão dos Comitês,
uma vez que tais decisões são destituídas de força jurídica. Assim, a única forma
de sanção poderá ocorrer moralmente perante a comunidade internacional, que
tomará conhecimento, por meio do relatório anual do Comitê, acerca da não
solução de uma violação por discriminação racial.

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Com isso, finalizamos os principais aspectos relativos à Convenção Internacional


sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial.

3 - Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas


de Discriminação contra Mulher
3.1 - Introdução
A Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas
de Discriminação contra a Mulher (denominada
internacionalmente de CEDAW) foi assinada em
1979, sendo promulgada, no Brasil, primeiramente
pelo Decreto 89.460/1984 e, mais recentemente,
novamente promulgada retirando-se parte das
reservas opostas, por intermédio do Decreto
4.377/2002.
Adicionalmente, foi editado o Protocolo Facultativo à Convenção sobre a
Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, assinado no
ano de 1999. O Brasil, signatário do Presente Protocolo, aprovou
internamente seu texto por meio do Decreto Legislativo 107/2002, que foi
depositado internacionalmente pelo Presidente da República e promulgado por
meio do Decreto 4.316/2002.

1979 1984 2002 2002


•assinatura da •primeira •nova •promulgação
Convenção promulgação promulgação, no direito
Internacional em decreto com retirada interno do
sobre a interno pelo das reservas, Protocolo
Eliminação de Decreto nº pelo Decreto Facultativo
todas as 84.460/84 nº pelo Decreto
Formas de 4.377/2002. nº 4.316/2002
Discriminação
contra a
mulher

A Convenção foi assinada por vários países, contudo, de acordo com a doutrina
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é um dos documentos internacionais contra o qual os países mais se opuseram.


Tais reservas decorrem essencialmente em função de argumentos de ordem
religiosa, cultural ou legal, no qual se afirma que há imposição de uma visão de
igualdade em sociedade nas quais o tratamento da matéria é culturalmente
desigual. Essa questão traz à tona a discussão entre universalismo e relativismo
dos direitos humanos.
O dispositivo abaixo, de acordo com a doutrina de Flávia Piovesan, é um dos mais
contestado pela comunidade internacional, sob o argumento de que constitui
intervenção às peculiaridades culturais de cada Estado. Novamente, volta-se à
eterna discussão entre universalistas e relativistas. Em razão disso, esse
dispositivo foi um dos que mais sofreu reserva pelos países que ratificaram a
presente Convenção.

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Artigo 5º - Os Estados-partes tomarão todas as medidas apropriadas para:


a) modificar os padrões socioculturais de conduta de homens e mulheres, com
vistas a alcançar a eliminação de preconceitos e práticas consuetudinárias e de qualquer
outra índole que estejam baseados na ideia da inferioridade ou superioridade de qualquer
dos sexos ou em funções estereotipadas de homens e mulheres.
b) garantir que a educação familiar inclua uma compreensão adequada da
maternidade como função social e o reconhecimento da responsabilidade comum
de homens e mulheres, no que diz respeito à educação e ao desenvolvimento de seus
filhos, entendendo-se que o interesse dos filhos constituirá a consideração primordial em
todos os casos.

Em decorrência disso, a Convenção deve ser interpretada


no sentido de que os parâmetros ali definidos constituem
um rol protetivo mínimo às mulheres, que
historicamente apresentam-se vulneráveis. Contudo, essa
interpretação é sensível e envolve além das imbricadas
diferenças culturais e sociais, questões políticas.
Nesse sentido, o art. 23 expressamente prevê que se houverem normas internas
dos Estados mais favoráveis que as regras constantes da Convenção, deve-se
aplicar as regras mais favoráveis. Esse dispositivo destaca uma das
características dos Direitos Humanos que vimos no início do curso, qual seja a
complementariedade, vale dizer, todos os esforços, internos e internacionais,
devem se somar para a completa proteção aos Direitos Humanos.
Artigo 23 - NADA do disposto nesta Convenção prejudicará qualquer disposição que
seja mais propícia à obtenção da igualdade entre homens e mulheres e que esteja
contida:
a) na legislação de um Estado-parte; ou
b) em qualquer outra convenção, tratado ou acordo internacional vigente nesse Estado.

Em relação ao conteúdo da Convenção, inicialmente, cumpre expor o conceito


de discriminação social, que é trazido pelo artigo 1º, da Convenção sobre a
Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher.
(...)"discriminação contra a mulher" significará toda distinção, exclusão ou restrição
baseada no sexo e que tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular o
reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher, independentemente de seu estado civil,
com base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos e liberdades
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fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural e civil ou em qualquer outro
campo.

Discriminação contra a mulher constitui qualquer ato que


CONCEITO tenha direta ou indiretamente o objetivo de cercear os direitos
humanos de primeira e de segunda dimensão.

Para a eliminação dessas discriminações os Estados-parte assumem dupla


obrigação. Primeiro a de eliminar a discriminação contra a mulher. Segundo

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a de assegurar a igualdade material entre homens e mulheres. Para tanto,


conforme prevê o artigo 4º da Convenção os Estado deverão adotar medidas
positivas, denominadas de ações afirmativas, com o intuito de acelerar o processo
de obtenção da igualdade real.
Artigo 4º
1. A adoção pelos Estados-partes de medidas especiais de caráter temporário destinadas a
acelerar a igualdade de fato entre o homem e a mulher não se considerará discriminação
na forma definida nesta Convenção, mas de nenhuma maneira implicará, como
consequência, a manutenção de normas desiguais ou separadas; essas medidas cessarão
quando os objetivos de igualdade de oportunidade e tratamento houverem sido alcançados.
2. A adoção pelos Estados-partes de medidas especiais, inclusive as contidas na presente
Convenção, destinadas a proteger a maternidade, não se considerará discriminatória.

Portanto, conforme leciona Flávia Piovesan: combina-se


a proibição da discriminação com políticas
compensatórias. Alia-se à vertente repressivo-punitiva
a vertente positivo-promocional4. Nesse contexto, a
autora relata que a Convenção impõe a obrigação de
assegurar que as mulheres tenham uma igualdade formal perante a lei e
reconhece que medidas temporárias de ação afirmativa são necessárias em
muitos casos, para que as garantias de igualdade formal se transformem em
realidade.
Para implementar a não-discriminação à mulher, a Convenção, no artigo 2º,
arrola diversas obrigações imputadas aos Estados-parte, em especial:
 A necessidade de que o Texto Constitucional dos Estados-parte contenha
regra prevendo a garantia de igualdade entre homens e mulheres;
 A adoção de medidas punitivas no âmbito interno de cada país que proíbam
qualquer forma de discrimina ção contra a mulher;
 A garantia de proteção jurídica efetiva contra todo ato discriminatório à
mulher;
 O dever de abstenção do Estado de incorrer em discriminação à mulher,
seja, por meio de atos ou por leis;
 O dever dos Estados-parte de revogar legislações discriminatórias às
mulheres; e 02214600124

 O dever de adoção de ações afirmativas visando à igualdade em sentido


material, em decorrência da vulnerabilidade histórica das mulheres.
A Convenção deixa claro que aos Estados-parte não deverão apenas assegurar a
igualdade formal entre homens e mulheres, mas deverão instituir políticas
públicas consistente em ações afirmativas, objetivando a igualdade real entre os
sexos, em razão quadro histórico de discriminação contra as mulheres.

4
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 13ª edição,
rev. e atual., São Paulo: Editora Saraiva, 2012, p. 269/271.

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3.2 - Direitos Albergados


Sintetizam os direitos albergados expressamente no texto
da Convenção:

DIREITOS RECONHECIDOS NA CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS


FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER

• igualdade de direitos entre homem e mulher;


• não-discriminação em decorrência da diferença de sexos;
• vedação ao tráfico de mulheres e da exploração de prostituição;
• vedação à discriminação da mulher na vida política e pública (direito de votar, ser
votada e de participar das políticas públicas);
• direitos iguais de nacionalidade em relação ao homem;
• direitos iguais em relação à educação e instrução;
• direitos iguais na relação de emprego;
• proteção à gravidez e à maternidade; e
• vedação à discriminação contra a mulher no casamento e nas relações familiares.

Deste rol, vamos tratar especificamente dos principais direitos assegurados.

Direitos Políticos
Historicamente a mulher foi excluída do processo político, seja para escolher os
representantes do Estado, seja para assunção a cargos políticos.
A ideia de cidadania, historicamente, remonta a Revolução Francesa, que excluía
mulheres, pobres e crianças. Assim, as mulheres foram consideradas seres sem
capacidade de intervir nas questões públicas. Os argumentos utilizados
fundamentavam-se em visões estereotipadas das mulheres, em especial em
razão da natureza biológica.
A Convenção que estamos estudando se propõe a superar essa realidade. Para
tanto assegura, nos termos do artigo 7º, o dever de os Estados-parte
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garantirem não apenas a possibilidade de voto das mulheres, bem como a


capacidade eleitoral passiva, ou seja, o direito de ser votado. Além disso,
prevê a garantia de que as mulheres poderão participar da formulação de políticas
públicas, bem como de organizações e associações que se envolvam com as
questões políticas e públicas do nosso país.

DIREITOS POLÍTICOS

•capacidade eleitoral ativa (direito de votar);


•capacidade eleitoral passiva (direito de ser votado);
•participação na formulação de políticas públicas; e
•participação em organizações e associações que se ocupem de questões
públicas e políticas.

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Direitos de Nacionalidade
Outro direito importante, que consta do rol da Convenção, refere-se aos direitos
de nacionalidade, que estão prescritos no artigo 9º. Assim, às mulheres foi
assegurado a igualdade de direitos no que tange à aquisição, mudança ou
conservação de sua nacionalidade em relação ao homem.
Em razão disso, o casamento com pessoa estrangeira não implica:
 a mudança de nacionalidade;
 a adoção necessária da nacionalidade do cônjuge; ou
 a condição de apátrida.

DIREITOS DE NACIONALIDADE

•Assegura-se a igualdade em relação aos homens para as regras de aquisição,


mudança e alteração da nacionalidade; e
•O casamento com pessoa estrangeira não implica a mudança de nacionalidade,
a adoção da nacionalidade do conjuge ou a condição de apátrida.

Direitos Trabalhistas
Os direitos trabalhistas vêm dispostos no artigo 11 da Convenção sobre a
Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher.
Artigo 11 - 1. Os Estados-partes adotarão todas as medidas apropriadas para eliminar a
discriminação contra a mulher na esfera do emprego a fim de assegurar, em condições
de igualdade entre homens e mulheres, os mesmos direitos, em particular:
a) o direito ao trabalho como direito inalienável de todo ser humano;
b) o direito às mesmas oportunidades de emprego, inclusive a aplicação dos mesmos
critérios de seleção em questões de emprego;
c) o direito de escolher livremente profissão e emprego, o direito à promoção e à
estabilidade no emprego e a todos os benefícios e outras condições de serviço, e o direito
ao acesso à formação e à atualização profissionais, incluindo aprendizagem, formação
profissional superior e treinamento periódico;
d) o direito a igual remuneração, inclusive benefícios, e igualdade de tratamento relativa
a um trabalho de igual valor, assim como igualdade de tratamento com respeito à avaliação
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da qualidade do trabalho;
e) o direito à seguridade social, em particular em casos de aposentadoria, desemprego,
doença, invalidez, velhice ou outra incapacidade para trabalhar, bem como o direito a férias
pagas;
f) o direito à proteção da saúde e à segurança nas condições de trabalho, inclusive a
salvaguarda da função de reprodução.
2. A fim de impedir a discriminação contra a mulher por razões de casamento ou
maternidade e assegurar a efetividade de seu direito a trabalhar, os Estados-partes
tomarão as medidas adequadas para:
a) proibir, sob sanções, a demissão por motivo de gravidez ou de licença-maternidade e a
discriminação nas demissões motivadas pelo estado civil;
b) implantar a licença-maternidade, com salário pago ou benefícios sociais comparáveis,
sem perda do emprego anterior, antiguidade ou benefícios sociais;

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c) estimular o fornecimento de serviços sociais de apoio necessários para permitir que os


pais combinem as obrigações para com a família com as responsabilidades do trabalho e a
participação na vida pública, especialmente mediante o fomento da criação e
desenvolvimento de uma rede de serviços destinada ao cuidado das crianças;
d) dar proteção especial às mulheres durante a gravidez nos tipos de trabalho
comprovadamente prejudiciais a elas.
3. A legislação protetora relacionada com as questões compreendidas neste artigo será
examinada periodicamente à luz dos conhecimentos científicos e tecnológicos e será revista,
derrogada ou ampliada, conforme as necessidades.

Da extensão desse dispositivo nota-se a importância que a Convenção conferiu


ao tratamento da discriminação contra a mulher no campo das relações de
trabalho.
São duas vertentes protegidas pela Convenção:
 vedação à discriminação nas relações de trabalho; e
 proteção da mulher em decorrência do casamento e da gravidez (proteção
à maternidade).
Pela primeira vertente, percebe-se que os convencionados asseguram
igualdade de tratamento entre homens e mulheres, imputando ao estado o
dever de assegurar e garantir iguais condições de trabalho, mesmas
oportunidades de emprego, liberdade de escolha da profissão, de modo
que não se justifica o exercício de determinadas profissões exclusivamente por
pessoas do sexo masculino.
Além disso, prevê o texto da convenção o salário equitativo entre homens e
mulheres, o direito à seguridade social e extensão da proteção de saúde e
segurança no trabalho.
Pela segunda vertente, a Convenção dispõe regras protetivas da maternidade
e da mulher enquanto gestante. Em razão disso, veda-se a demissão
justificada na gravidez, orienta a implantação de licença-maternidade e a
necessidade proteção especial às mulheres durante o período de gravidez.
Por fim, pugna-se por fornecimento de serviços sociais de apoio para
permitir que os pais combinem o trabalho com a criação dos filhos.
Em suma: 02214600124

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direito ao trabalho

mesmas oportunidades

liberdade de escolha da profissão


não discriminação da
mulher nas relações salário equitativo
de emprego
seguridade social

proteção por meio de regras de saúde e


DIREITO segurança no trabalho
DO
TRABALHO vedação à demissão injustificada durante a
gravidez;

licença-maternidade;
proteção à gestação e
proteção especial às mulheres durante a
à maternidade
gravidez

fornecimento de serviços sociais de apoio


para permitir que os pais combinem o
trabalho com a criação dos filhos

Finalizamos, assim, os principais direitos assegurados à mulher.

3.3 - Mecanismos de Fiscalização


Quanto aos mecanismos de fiscalização, a Convenção prevê no artigo 17 o
Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher, que será
composto por 23 peritos, indicados e eleitos, em votação secreta pelos Estados-
parte, para um mandato de 4 anos.
Ademais, de acordo com o texto da convenção os peritos exercerão suas funções
a título pessoal, não atuando, portanto, como representante do Estado do qual é
nacional.
No que tange aos mecanismos de fiscalização, a Convenção
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sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação


contra a Mulher prevê tão somente o mecanismo de
relatórios, que está disciplinado no artigo 18 da
Convenção, os quais deverão ser encaminhados a cada 4 anos e sempre que
o Comitê solicitar.
Além desse mecanismo originário, o Protocolo Facultativo à Convenção sobre a
Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher trouxe outros
dois mecanismos de fiscalização: petições individuais e as investigações in loco.
Por intermédio das petições individuais as vítimas de violações atinentes aos
direitos assegurados na Convenção poderão iniciar procedimento junto ao
Comitê.

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O Protocolo Facultativo estabelece dois requisitos (artigo 3º) para o


processamento da petição:
 Não seja anônimo;
 Tenham sido esgotados os recursos internos ou não efetivos.
Além disso, o artigo 3º, 2, do Protocolo estabelece algumas hipóteses em que
será considerada inadmissível a petição inicial:
Quando o assunto da petição já tiver sido examinado ou estiver em exame em
outro organismo internacional;
 O pedido foi incompatível com a Convenção;
 Petição mal fundamentada;
 O pedido constituir abuso de direito; e
 Os fatos tenham ocorrido antes da ratificação pelo Estado-parte causador
da violação.
Ademais, se necessário, poderá o Comitê adotar as denominadas medidas
acautelatórias, a fim de evitar danos irreparáveis aos direitos da vítima de
violação, nos termos do artigo 5º.
No que tange ao procedimento, prevê a Convenção que após o recebimento, o
Estado-parte supostamente violador será comunicado para se manifestar no
prazo de 6 meses. Após, o Comitê transmitirá sua opinião e, se necessário, fará
recomendações, possibilitando ao Estado-parte violador apresentar nos 6 meses
subsequentes informações sobre as ações realizadas, as quais constarão do
relatório anual do Comitê.
Por fim, prevê o Protocolo Facultativo a possibilidade de recurso às
investigações “in loco” nos casos de graves ou sistemáticas violações de
direitos humanos, por meio do qual o Comitê, após receber autorização do
Estado a ser investigado, envia membro para conduzir investigação a
respeito das violações denunciadas. Após conclusão das investigações o
Comitê apresentará suas observações e recomendações, que deverão ser
respondidas e esclarecidas pelo Estado-parte no prazo de 6 meses.
Em suma, sobre os mecanismos de fiscalização devemos lembrar:
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RELATÓRIOS
•Previstos originariamente no texto da Convenção.
•Os Estado-parte deverão a cada 4 anos e sempre que solicitado pelo Comitê enviar
relatório apresentando as medidas de promoção dos direitos assegurados no Pacto

PETIÇÕES INDIVIDUAIS
•Previstas no Protocolo Facultativo.
•Instrumento pelo qual a vítima de direitos humanos aciona o Comitê para análise e
processamento do Estado violador

INVESTIGAÇÕES IN LOCO

•Previstas no Protocolo Facultativo.


•Em caso de grave ou sistemáticas de Direitos Humanos, é possível ao Comitê, após
autorização do Estado-parte, enviar pessoa para investigar in loco a violação denunciada.

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Vejamos uma questão sobre o assunto.

Questão – FUNIVERSA/Secretaria da Criança – DF -


Especialista Socioeducativo - Direito e Legislação - 2015
Acerca da constitucionalização dos direitos humanos, do Estatuto da
Igualdade Racial, do combate ao racismo, da constitucionalização dos
direitos humanos, da proteção a minorias e a demais grupos vulneráveis, da
CEDAW, da Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, do combate ao racismo e da Convenção sobre a Eliminação de
Todas as Formas de Discriminação Racial, assinale a alternativa correta.
a) Tratando-se de tratado internacional que versa a respeito dos direitos
humanos, a Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência ostenta hierarquia normativa supralegal, conquanto
infraconstitucional.
b) O órgão do Poder Executivo federal responsável pela promoção da
igualdade racial é a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
(SEPPIR). Entretanto, conforme as atribuições delineadas no Estatuto da
Igualdade Racial, a SEPPIR tem função precipuamente executória, sendo
descabido chamar-lhe de ombudsman da igualdade racial, já que não
desempenha funções de monitoramento e de fiscalização da promoção da
igualdade racial, função que foi atribuída com exclusividade pelo Estatuto a
outro órgão federal.
c) Quando se refere a casamento, a CEDAW não se limita à união entre
homem e mulher, fazendo menção a outras entidades familiares, como a
união homoafetiva entre mulheres.
d) A CEDAW veda a adoção de medidas especiais de caráter temporário, a
exemplo das ações afirmativas, por taxá-las de discriminação reversa.
e) O Protocolo Facultativo à CEDAW, que foi ratificado pelo Brasil, permite
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que indivíduos que se encontrem sob a jurisdição brasileira apresentem


reclamações, fundadas em graves ou sistemáticas violações da Convenção,
diretamente ao Comitê sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra as Mulheres.

Comentários
Note que a questão aborda alguns conhecimentos ainda não ministrados em
nossa aula. Não trataremos desse tema agora. Trouxemos a questão aqui, pois
para responde-la corretamente basta conhecer a Convenção Internacional sobre
todas as Formas de Discriminação contra a mulher.
Assim, a alternativa E está correta e é o gabarito da questão. Ao ler a CEDAW
não encontramos dispositivos acerca da fiscalização dos direitos lá

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consubstanciados. Há a enunciação apenas do mecanismo de relatórios. Deste


modo, coube ao Protocolo Facultativo a ampliação dos mecanismos de
fiscalização da Convenção, ao prever as petições individuais e as investigações in
loco.
Vejamos os arts. 1º e 2º do Protocolo Facultativo da CEDAW.
Artigo 1
Cada Estado Parte do presente Protocolo (doravante denominado "Estado Parte") reconhece
a competência do Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher (doravante
denominado " o Comitê") para receber e considerar comunicações apresentadas de acordo
com o Artigo 2 deste Protocolo.
Artigo 2
As comunicações podem ser apresentadas por indivíduos ou grupos de indivíduos,
que se encontrem sob a jurisdição do Estado Parte e aleguem ser vítimas de violação de
quaisquer dos direitos estabelecidos na Convenção por aquele Estado Parte, ou em
nome desses indivíduos ou grupos de indivíduos. Sempre que for apresentada em nome de
indivíduos ou grupos de indivíduos, a comunicação deverá contar com seu consentimento,
a menos que o autor possa justificar estar agindo em nome deles sem o seu consentimento.

4 - Refugiados
4.1 - Refúgio
Asilo e refúgio são instituto de caráter humanitário que têm
como objetivo a proteção da pessoa em razão de uma
perseguição. São institutos que se complementam na
proteção à pessoa humana.
Em que pese não sejam assim encarados na prática, em caso de concessão, tanto
do asilo como do refúgio, não devem ser vistos como ato de inimizade por outro
Estado.
Em nosso ordenamento o refúgio é disciplinado pela Lei nº 9.474/1997 (Estatuto
dos Refugiados). Na ceara internacional, o principal documento relativo à matéria
é a Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951. Incialmente, o
documento foi concebido como proteção apenas dos refugiados anteriores a
01.01.1951 e que estivessem no continente europeu. Essa limitação geográfica
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e temporal, contudo, foi alterada com o Protocolo Adicional de 1967.


O refúgio é concedido ao imigrante por fundado temor
de perseguição por motivos de raça, religião,
nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas. Trata-
se de um instituto apolítico, que não depende do princípio da
reciprocidade para ser aceito. Dessa forma, entende-se que o refúgio é um
instituto convencional e de caráter universal.
No conceito de refúgio fica clara a distinção para o conceito de asilo. No asilo o
motivo que enseja a perseguição é político.
Entende-se que o refúgio constitui um ato unilateral de natureza declaratória,
discricionário do Estado. De todo modo é importante registrar tendência atual em
reconhecer o ato é vinculado.

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Dessa forma, havendo perseguição ou temor de perseguição, generalizada, por


diferentes motivos, não apenas políticos, o Estado deve conceder refúgio à
pessoa. Por se tratar de um instituto de caráter humanitário, o ingresso irregular
não impede a concessão dos institutos, se preenchidas os demais requisitos.
Segundo o princípio da não devolução, o refugiado não pode ser entregue ao
Estado perseguidor.
O refúgio pode ser solicitado para autoridade que trabalha nas fronteiras,
competindo a decisão, nos órgãos brasileiro ao Comitê Nacional para os
Refugiados (CONARE), com recurso, no prazo de 15 dias, para o Ministro da
Justiça.
Essas são as linhas gerais a respeito do refúgio, vejamos, em sequência a
Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiado, expressamente exigida em nosso
edital. Ao final, veremos as principais regras relativas à Lei nº 9.474/1974, que
define os mecanismos de implementação da Convenção.

Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados


A Convenção foi concluída em Genebra no ano de 1951 sendo adotada pela nº
429 da Assembleia Geral das Nações Unidas. Como dissemos, inicialmente, a
Convenção continha limitação temporal e geografia.

somente para os
LIMITAÇÃO TEMPORAL refugiados até
01.01.1951

LIMITAÇÃO somente para os


GEOGRÁFICA refugiados europeus

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Contudo, alguns anos mais tarde, foi adotado o Protocolo sobre o Estatuto
dos Refugiados, que eliminou tais limitações.
Internamente, tanto a Convenção como o Protocolo facultativos foram
internalizados.

Convenção relativa ao Estatuto dos Protocolo à Convenção relativa ao Estatuto


Refugiados dos Refugiados

 Aprovada pelo Decreto Legislativo nº 93/1971


 Aprovada pelo Congresso Nacional pelo
Decreto Legislativo nº 11/1960.  Promulgada pelo Decreto nº 70.946/1972,
combinada com o Decreto nº 99.757/1990, que
 Promulgada pelo Decreto nº
retirou algumas reservas anteriores ao
50.215/1961
documento.

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À luz da Convenção e do Protocolo, nos respetivos arts. 1º, pode-se definir


refugiado como:

pessoa que é perseguida ou tem fundado temor de


perseguição, por motivos de raça, religião, nacionalidade,
grupo social ou opiniões políticas e encontra-se fora do
REFUGIADO
país de sua nacionalidade ou residência e que não pode
ou não quer voltar a tal país em virtude da perseguição
ou fundado temor de perseguição.

Enquanto a pessoa permanecer na condição de refugiado, ela receberá a proteção


especial. Desse modo, existem algumas situações elencadas em que o refúgio
poderá cessar.

A PROTEÇÃO DO REFÚGIO PODER CESSAR

•a pessoa recuperou a nacionalidade voluntariamente ou voltou a se valer da


proteção do país de que é nacional;
•adquiriu nova nacionalidade e, consequentemente, a proteção do país cuja
nacionalidade adquiriu;
•voltou a estabelecer-se, voluntariamente, no país que abandonou;
•se deixaram de existir as circunstâncias em consequência das quais a pessoa
foi reconhecida como refugiada.

É importante destacar que o refúgio não é incondicional.


Quando houver a prática de determinados crimes, o refúgio
poderá ser negado. Desse modo, AS REGRAS DA
CONVENÇÃO NÃO SERÃO APLICADAS àqueles que
cometerem crime contra a paz, um crime de guerra ou
um crime contra a humanidade, que cometeram um crime grave de direito
comum fora do país de refúgio antes de serem nele admitidas como refugiados
e que se tornaram culpadas de atos contrários aos fins e princípios das Nações
Unidas.
O art. 2º da Convenção estabelece deveres ao cidadão refugiado. Destaca-se,
entre os deveres, a obrigação de respeitar a legislação do país. Por outro lado, o
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Estados se comprometem a acolhê-los sem quaisquer discriminações quanto à


raça, à religião ou ao país de origem. São obrigados, inclusive, a adotar mesmo
tratamento proporcionado aos nacionais no que concerne à liberdade de praticar
sua religião e no que concerne à liberdade de instrução religiosa dos seus filhos.

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não discriminação
DEVERES DO
ESTADO QUE
RECEBE
REFUGIADOS
igual tratamento aos
nacionais

Prevê, ainda, a Convenção regras relativas à situação


jurídica dos refugiados. Destaca-se:
 O estatuto pessoal do refugiado será regido pela lei do
país de seu domicílio ou, na falta de domicílio, pela lei do país de sua residência.
 Direitos que tenha adquirido anteriormente que decorram do estatuto pessoal,
especialmente os que resultam do casamento, devem ser respeitados pelo Estado
que receber o refugiado.
 No que diz respeito à aquisição de bens (móveis ou imóveis) é dever dos
Estados concederem tratamento tão favorável quanto possível e não menos
favorável do que é concedido aos estrangeiros em geral.
 Nota-se, também, a extensão de direitos de propriedade industrial e à
propriedade literária, artística e científica, nos mesmos moldes concedidos aos
nacionais do país.
 Os refugiados terão direito de associação para associações sem fins políticos e
sindicados.
 Confere-se aos refugiados o direito de propor ações em juízo, assegurando-se
o livre e fácil acesso aos tribunais, com o mesmo tratamento recebido por um
nacional, incluindo-se aí a assistência judiciária e a isenção custas.
 Este dispositivo subsidia a atuação da Defensoria Pública em prol dos
refugiados. 02214600124

São previstos também direitos trabalhistas aos refugiados, conforme esquema


abaixo, que sintetiza os principais direitos laborais.

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DIREITO DO TRABALHO

•remunerados segundo mesmo tratamento dispensado ao estrangeiro


•mesmo tratamento conferido aos estrangeiros para o exercício de atividades
remuneradas
•no que diz respeito às profissões não assalariadas na agricultura, na indústria, no
artesanato, no comércio e para instalação de firmas comerciais e industriais,
também deve ser concedido tratamento favorável ou não menos favorável que o
concedido ao estrangeiro.
•para o exercício das profissões liberais os refugiados terão tratamento tão
favorável quanto possível e não menos favorável ao que é dado a estrangeiros,
desde que possuam diplomas reconhecidos pelas autoridades competentes do
Estado.

Nesse contexto, vejamos o que leciona a doutrina de André de Carvalho Ramos5:


Quanto à legislação do trabalho, os Estados Contratantes podem dar aos refugiados que
residam regularmente no seu território o mesmo tratamento dado aos nacionais
relativamente a remuneração, duração do trabalho, horas suplementares, férias pagas,
restrições ao trabalho doméstico, idade mínima para o emprego, aprendizado e formação
profissional, trabalho das mulheres e dos adolescentes e gozo das vantagens
proporcionadas pelas convenções coletivas. Também recebem o mesmo tratamento dado
aos nacionais quanto a previdência social (acidentes do trabalho, moléstias profissionais,
maternidade, doença, invalidez, velhice, morte, desemprego, encargos de família, além de
qualquer outro risco que esteja previsto no sistema de previdência social), conforme
determina o art. 24.

Nota-se, em suma, que o Estado signatário da Convenção deve dispensar o


mesmo tratamento conferido aos estrangeiros.
Na sequência são arrolados diversos dispositivos concernentes ao bem estar dos
refugiados, abrangendo atendimento médico, oferecimento de ensino primário e,
em relação ao ensino médio e superior, devem ser observadas as mesmas regras
atinentes aos nacionais.
Outras prerrogativas importantes são conferidas aos refugiados:
 assistência administrativa para o exercício de direitos que normalmente
exigem assistência estrangeira;
 receber do Estado documento de identidade, caso não o possua;
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 documentos de viagem para que possam viajar para fora do território;


 liberdade para escolherem sua residência e circularem no território
livremente.
Assegura-se, ainda, mesmo tratamento conferido aos nacionais para os
refugiados no que diz respeito aos tributos de um modo geral (emolumentos
alfandegários, taxas e impostos).
Importante regra contida na Convenção é a que consagrada
o princípio da proibição do rechaço (princípio do non-
refoulement). O refugiado não poderá ser expulso ou

5
RAMOS, André de Carvalho. Curso de Direitos Humanos, 1ª edição, 2014, versão eletrônica.

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rechaçado por razões de raça, religião, nacionalidade, grupo social a que pertença
ou opiniões políticas.

PRINCÍPIO DO NON-
REFOULEMENT (PROIBIÇÃO
DO RECHAÇO)

refugiado não poderá ser expulso ou rechaçado por razões de raça,


religião, nacionalidade, grupo social a que pertença ou opiniões políticas

Esse princípio, contudo, não poderá ser invocado nas hipóteses do art. 33 da
Convenção.

NÃO É INVOCÁVEL O PRINCÍPIO DO NON-


REFOULEMENT

•perigo à segurança do país


•for condenado definitivamente por um crime ou delito particularmente grave
•constitua ameaça para a comunidade do país no qual ele se encontre

Destaca-se, ainda, o dever atribuído aos Estados para facilitar, na medida do


possível, a naturalização dos refugiados, esforçando-se para acelerar o
processo e reduzir suas taxas e despesas.
Optamos por não trazer a íntegra da Convenção e do Protocolo para não
deixarmos o material demasiadamente extenso e porque identificamos, nas
questões, que a cobrança abrange regras regais a respeito dos documentos
internacionais. Inclusive, quanto ao assunto, a matéria mais incidente em provas
é a Lei nº 9.474/1997, cujas principais regras analisamos abaixo.

Estatuto dos Refugiados 02214600124

Conforme vimos, o Estatuto dos Refugiados define os mecanismos de


implementação da Convenção.
O art. 1º traz o conceito de refugiados:
Do Conceito
Art. 1º Será reconhecido como refugiado todo indivíduo que:
I - devido a fundados temores de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade,
grupo social ou opiniões políticas encontre-se fora de seu país de nacionalidade e não possa
ou não queira acolher-se à proteção de tal país;
II - não tendo nacionalidade e estando fora do país onde antes teve sua residência habitual,
não possa ou não queira regressar a ele, em função das circunstâncias descritas no inciso
anterior;

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III - devido a grave e generalizada violação de direitos humanos, é obrigado a deixar seu
país de nacionalidade para buscar refúgio em outro país.

A proteção do refúgio não será aplicada apenas à pessoa que enquadra-se no


conceito acima, mas também ao cônjuge, aos ascendentes e descendentes, assim
como aos demais membros do grupo familiar que do refugiado dependerem
economicamente, desde que se encontrem em território nacional.
O art. 3º, por sua vez, prevê as hipóteses em que o Estatuto dos Refugiados não
é aplicado. Vejamos:
Da Exclusão
Art. 3º NÃO SE BENEFICIARÃO DA CONDIÇÃO DE REFUGIADO os indivíduos que:
I - já desfrutem de proteção ou assistência por parte de organismo ou instituição das Nações
Unidas que não o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados - ACNUR;
II - sejam residentes no território nacional e tenham direitos e obrigações relacionados com
a condição de nacional brasileiro;
III - tenham cometido crime contra a paz, crime de guerra, crime contra a humanidade,
crime hediondo, participado de atos terroristas ou tráfico de drogas;
IV - sejam considerados culpados de atos contrários aos fins e princípios das Nações Unidas.

O reconhecimento a determinada pessoa da condição de refugiado, sujeita-o à


legislação pátria. Em razão disso, gozará de direitos e estará sujeito aos deveres
dos estrangeiros no Brasil, cabendo-lhe a obrigação de acatar as leis,
regulamentos e providências destinados à manutenção da ordem pública.
O art. 6º destaca os documentos que o refugiado terá direito:

DOCUMENTOS QUE O REFUGIADO TERÁ DIREITO AO MENOS

cédula de identidade comprobatória de sua condição jurídica


carteira de trabalho
documento de viagem.

É importante ressaltar que poderá a legislação específica prever outros


documentos para os refugiados, tal como é o caso do CPF.
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O estrangeiro que chegar ao território nacional poderá expressar sua vontade de


solicitar o reconhecimento enquanto refugiado a qualquer autoridade migratória,
que lhe informará a respeito do procedimento a ser adotado para reconhecimento
da situação de refugiado.
Em hipótese alguma será efetuada sua deportação para fronteira de território em
que sua vida ou liberdade esteja ameaçada, em virtude de raça, religião,
nacionalidade, grupo social ou opinião política. A autoridade competente ouvirá
o refugiado, colherá um termo de declaração, suspendendo qual procedimento
administrativo ou criminal caso o ingresso seja irregular. É o que dispõe o art.
10:
Art. 10. A solicitação, apresentada nas condições previstas nos artigos anteriores,
suspenderá qualquer procedimento administrativo ou criminal pela entrada

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irregular, instaurado contra o peticionário e pessoas de seu grupo familiar que o


acompanhem.
§ 1º Se a condição de refugiado for reconhecida, o procedimento será arquivado, desde que
demonstrado que a infração correspondente foi determinada pelos mesmos fatos que
justificaram o dito reconhecimento.
§ 2º Para efeito do disposto no parágrafo anterior, a solicitação de refúgio e a decisão sobre
a mesma deverão ser comunicadas à Polícia Federal, que as transmitirá ao órgão onde
tramitar o procedimento administrativo ou criminal.

O art. 11 cria o Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), órgão de


deliberação coletiva, no âmbito do Ministério da Justiça. Na sequência, o Estatuto
disciplina regras relativas ao processo de refúgio. Para fins do nosso concurso,
entretanto, é importante saber que a decisão, se favorável, terá natureza
declaratória. Em caso negativo, poderá o interessado recorrer ao Min da Justiça,
no prazo de 15 dias após ser notificado.
O reconhecimento da condição de refugiado obstará o seguimento de qualquer
pedido de extradição baseado nos fatos que fundamentaram a concessão de
refúgio.
O art. 38 do Estatuto disciplina as hipóteses de cessação da condição de refugiado
Art. 38. CESSARÁ a condição de refugiado nas hipóteses em que o estrangeiro:
I - voltar a valer-se da proteção do país de que é nacional;
II - recuperar voluntariamente a nacionalidade outrora perdida;
III - adquirir nova nacionalidade e gozar da proteção do país cuja nacionalidade adquiriu;
IV - estabelecer-se novamente, de maneira voluntária, no país que abandonou ou fora do
qual permaneceu por medo de ser perseguido;
V - não puder mais continuar a recusar a proteção do país de que é nacional por terem
deixado de existir as circunstâncias em conseqüência das quais foi reconhecido como
refugiado;
VI - sendo apátrida, estiver em condições de voltar ao país no qual tinha sua residência
habitual, uma vez que tenham deixado de existir as circunstâncias em conseqüência das
quais foi reconhecido como refugiado.

O art. 39, por sua vez, elenca as hipóteses de perda da condição de refugiado.
Art. 39. Implicará PERDA da condição de refugiado:
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I - a renúncia;
II - a prova da falsidade dos fundamentos invocados para o reconhecimento da condição de
refugiado ou a existência de fatos que, se fossem conhecidos quando do reconhecimento,
teriam ensejado uma decisão negativa;
III - o exercício de atividades contrárias à segurança nacional ou à ordem pública;
IV - a saída do território nacional sem prévia autorização do Governo brasileiro.
Parágrafo único. Os refugiados que perderem essa condição com fundamento nos incisos I
e IV deste artigo serão enquadrados no regime geral de permanência de estrangeiros no
território nacional, e os que a perderem com fundamento nos incisos II e III estarão sujeitos
às medidas compulsórias previstas na Lei nº 6.815, de 19 de agosto de 1980.

Sobre a repatriação de refugiados, dispõe o art. 42:

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Art. 42. A repatriação de refugiados aos seus países de origem deve ser caracterizada pelo
caráter voluntário do retorno, salvo nos casos em que não possam recusar a proteção do
país de que são nacionais, por não mais subsistirem as circunstâncias que determinaram o
refúgio.

Quanto ao reassentamento, prevê o art. 45:


Art. 45. O reassentamento de refugiados em outros países deve ser caracterizado, sempre
que possível, pelo caráter voluntário.
Art. 46. O reassentamento de refugiados no Brasil se efetuará de forma planificada e com
a participação coordenada dos órgãos estatais e, quando possível, de organizações não-
governamentais, identificando áreas de cooperação e de determinação de
responsabilidades.

Desse modo, vimos as principais regras relativas ao refúgio. Para finalizar nossa
aula, vejamos de forma objetiva o direito ao asilo.

4.2 - Direito ao Asilo


Vimos, no início do tópico anterior que o asilo constitui – assim como o refúgio –
um instituto de caráter humanitário, voltado para a proteção das pessoas
perseguidas. No caso do asilo, em específico, o motivo da perseguição é política.
Internacionalmente, o asilo é previsto em diversos diplomas.

Declaração
Convenção de Convenção de Convenção de Convenção de
Universal dos
Havana de Montevidéu de Montevidéu de Caracas de
Direitos
1928; 1933; 1939; 1954; e
Humanos.

Da DUDH, vejamos o art. 14:


Artigo 14
I) Todo o homem, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em
outros países.
II) Este direito não pode ser invocado em casos de perseguição legitimamente motivada por
crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações
Unidas.

Sobre o dispositivo, leciona Flávia Piovesan6: 02214600124

A Declaração assegura, assim, o direito fundamental de toda pessoa de estar livre de


qualquer forma de perseguição. Con-sequentemente, na hipótese de perseguição decorre o
direito fundamental de procurar e gozar asilo em outros países.

Em sentido semelhante prevê a Convenção Americana de Direitos Humanos:


Artigo 26
Toda pessoa tem o direito de buscar e receber asilo em território estrangeiro, em caso de
perseguição por delitos políticos ou comuns conexos com delitos políticos, de acordo com a
legisla-ção de cada Estado e com as Convenções internacionais.

6
CANOTILHO, J. J. Gomes. Comentários à Constituição do Brasil, São Paulo: Editora Saraiva,
2013, versão eletrônica.

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Internamente, o direito ao asilo é constitucionalmente mencionado como


fundamental. Vejamos, nesse sentido o art. 4º, X da CF:
Art. 4° A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos
seguintes princípios: (...)
X – concessão de asilo político.

Regulamentando o dispositivo foi editada a Lei nº 6.815/80, denominado de


Estatuto do Estrangeiro.
Segundo a doutrina de José Afonso da Silva7:
O asilo político consiste no recebimento do estrangeiro no território nacional, a seu
pedido, sem os requisitos de ingresso, para evitar punição ou perseguição no seu
país de origem por delito de natureza política ou ideológica.

O asilo constitui um instituto político, não sujeito ao princípio da reciprocidade.


Do mesmo modo, o asilo constitui um ato unilateral discricionário de natureza
constitutiva.
Para que o sujeito tenha direito ao asilo político, não basta o mero temor, a
perseguição deve ser individualizada de natureza política. É uma perseguição
concreta, isto é, efetiva. Não basta o temor da perseguição, o medo de ser
perseguido. Em que pese a perseguição deva ser de individualizada, não impede
que seja concedido à família da pessoa afetada.
Segundo os arts. 28 e 29 do Estatuto dos Refugiados:
Art. 28. O estrangeiro admitido no território nacional na condição de asilado político ficará
sujeito, além dos deveres que lhe forem impostos pelo Direito Internacional, a cumprir as
disposições da legislação vigente e as que o Governo brasileiro lhe fixar.
Art. 29. O asilado NÃO PODERÁ sair do País sem prévia autorização do Governo
brasileiro.
Parágrafo único. A inobservância do disposto neste artigo importará na renúncia ao asilo e
impedirá o reingresso nessa condição.

Quanto ao procedimento, destaque-se a concessão de asilo será pelo Presidente


da República, com a participação do Ministério da Justiça, registrado pelo
Departamento da Justiça Federal.
Finalizamos, assim, as principais regras relativas ao direito de asilo.
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4.3 - Decisões Importantes do STF acerca do Refúgio e


do Asilo
 Ext 1.008, Rel. p/ o ac. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 21-3-
2007, Plenário, DJ de 17-8-2007
Extradição: Colômbia: crimes relacionados à participação do extraditando – então sacerdote
da Igreja Católica – em ação militar das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia
(FARC). Questão de ordem. Reconhecimento do status de refugiado do extraditando, por
decisão do Comitê Nacional para Refugiados (CONARE): pertinência temática entre a

7
SILVA, José Afonso. Comentário contextual à Constituição, São Paulo: Malheiros Editores,
2005, p. 53.

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motivação do deferimento do refúgio e o objeto do pedido de extradição: aplicação da Lei


9.474/1997, art. 33 (Estatuto do Refugiado), cuja constitucionalidade é reconhecida:
ausência de violação do princípio constitucional da separação dos Poderes. De acordo com
o art. 33 da Lei 9.474/1997, o reconhecimento administrativo da condição de refugiado,
enquanto dure, é elisiva, por definição, da extradição que tenha implicações com os motivos
do seu deferimento. É válida a lei que reserva ao Poder Executivo – a quem incumbe, por
atribuição constitucional, a competência para tomar decisões que tenham reflexos no plano
das relações internacionais do Estado – o poder privativo de conceder asilo ou refúgio. A
circunstância de o prejuízo do processo advir de ato de um outro Poder – desde que
compreendido na esfera de sua competência – não significa invasão da área do Poder
Judiciário. Pedido de extradição não conhecido, extinto o processo, sem julgamento do
mérito e determinada a soltura do extraditando. Caso em que de qualquer sorte, incidiria a
proibição constitucional da extradição por crime político, na qual se compreende a prática
de eventuais crimes contra a pessoa ou contra o patrimônio no contexto de um fato de
rebelião de motivação política (Ext. 493).

 Ext 783-QO-QO, Rel. p/ o ac. Min. Ellen Gracie, voto do Min. Celso de
Mello, julgamento em 28-11-2001, Plenário, DJ de 14-11-2003
A comunidade internacional, em 28-7-1951, imbuída do propósito de consolidar e de
valorizar o processo de afirmação histórica dos direitos fundamentais da pessoa humana,
celebrou, no âmbito do Direito das Gentes, um pacto de alta significação ético-jurídica,
destinado a conferir proteção real e efetiva àqueles que, arbitrariamente perseguidos por
razões de gênero, de orientação sexual e de ordem étnica, cultural, confessional ou
ideológica, buscam, no Estado de refúgio, acesso ao amparo que lhes é negado, de modo
abusivo e excludente, em seu Estado de origem. Na verdade, a celebração da Convenção
relativa ao Estatuto dos Refugiados – a que o Brasil aderiu em 1952 – resultou da
necessidade de reafirmar o princípio de que todas as pessoas, sem qualquer distinção,
devem gozar dos direitos básicos reconhecidos na Carta das Nações Unidas e proclamados
na Declaração Universal dos Direitos da Pessoa Humana. Esse estatuto internacional
representou um notável esforço dos Povos e das Nações na busca solidária de soluções
consensuais destinadas a superar antagonismos históricos e a neutralizar realidades
opressivas que negavam, muitas vezes, ao refugiado – vítima de preconceitos, da
discriminação, do arbítrio e da intolerância – o acesso a uma prerrogativa básica,
consistente no reconhecimento, em seu favor, do direito a ter direitos.

 Ext 1.085, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 16-12-2009,


Plenário, DJE de 16-4-2010
Questão sobre existência jurídica, validez e eficácia de ato administrativo que conceda
refúgio ao extraditando é matéria preliminar inerente à cognição do mérito do processo de
extradição e, como tal, deve ser conhecida de ofício ou mediante provocação de interessado
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jurídico na causa. (...) Eventual nulidade absoluta do ato administrativo que concede refúgio
ao extraditando deve ser pronunciada, mediante provocação ou de ofício, no processo de
extradição. (...) Não configura crime político, para fim de obstar o acolhimento de pedido
de extradição, homicídio praticado por membro de organização revolucionária clandestina,
em plena normalidade institucional de Estado Democrático de direito, sem nenhum
propósito político imediato ou conotação de reação legítima a regime opressivo. (...) Não
caracteriza a hipótese legal de concessão de refúgio, consistente em fundado receio de
perseguição política, o pedido de extradição para regular execução de sentenças definitivas
de condenação por crimes comuns, proferidas com observância do devido processo legal,
quando não há prova de nenhum fato capaz de justificar receio atual de desrespeito às
garantias constitucionais do condenado.

 MS 27.875, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 9-9-2009, Plenário,


Informativo 558
Proferido o voto do Min. Cezar Peluso no processo de extradição, (...) o Tribunal, por
maioria, julgou prejudicado o mandado de segurança impetrado pela República Italiana

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contra o aludido ato do ministro da Justiça de concessão de refúgio ao extraditando. Tendo


em conta haver a impetrante suscitado, incidentalmente, na extradição, a questão relativa
à legalidade, ou não, do ato de concessão de refúgio, e, especialmente, por reputar ser
cognoscível de ofício essa matéria, de ordem pública, considerou-se que ela deveria ser
apreciada como preliminar na extradição. Assim, a República Italiana não teria interesse
processual para impetrar o writ, porque a questão passaria necessariamente como uma
preliminar no processo de extradição.

4.4 - Comitê Nacional para os Refugiados


Primeiramente devemos determinar quem é o refugiado para o ordenamento
brasileiro. A Lei nº 9.474/97 traz esse conceito:
SERÁ RECONHECIDO COMO REFUGIADO TODO

devido a fundados temores de perseguição por motivos


de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões
políticas encontre-se fora de seu país de nacionalidade e
não possa ou não queira acolher-se à proteção de tal
país
INDIVÍDUO QUE

não tendo nacionalidade e estando fora do país onde


antes teve sua residência habitual, não possa ou não
queira regressar a ele, em função das circunstâncias
descritas no inciso anterior

devido a grave e generalizada violação de direitos


humanos, é obrigado a deixar seu país de nacionalidade
para buscar refúgio em outro país

Condição Jurídica de Refugiado


Quem se enquadrar no conceito acima, de refugiado, terá em benefício as
proteções da lei nº 9.474/1997. Paralelamente, o refugiado deverá observar a
legislação interna, tal como as demais pessoas que integram a população
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brasileira.
Entre esses direitos e deveres do qual gozará o refugiado, destaca-se o direito a:
 cédula de identidade comprobatória da condição jurídica de refugiado;
 carteira de trabalho; e
 documento de viagem.

CONARE
O CONARE - Comitê Nacional para os Refugiados - é o órgão que faz parte da
estrutura organizacional do Ministério da Justiça.

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Trata-se de um órgão responsável por receber e dar seguimento aos pedidos de


refúgio. Compete a esse organismo apurar se aqueles que solicitam o refúgio
reúnem as condições necessárias para assim serem reconhecidos.
Ademais, compete ao CONARE a promoção de políticas e ações necessárias à
assistência aos refugiados.
O Comitê é um órgão colegiado, composto por representantes dos seguintes
órgãos:

COMPOSIÇÃO DO CONARE

•Ministério da Justiça, que o preside


•Ministério das Relações Exteriores, que exerce a Vice-Presidência
•Ministério do Trabalho e do Emprego;
•Ministério da Saúde
•Ministério da Educação
•Departamento da Polícia Federal
•Organização não-governamental, que se dedica a atividade de assistência e de
proteção aos refugiados no País
•Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados – ACNUR, com direito a
voz, sem voto

Além disso, no próprio site do Ministério da Justiça, podemos encontrar as


finalidades do CONARE, as quais podemos resumir nas seguintes:

FINALIDADE DO CONARE

•analisar o pedido sobre o reconhecimento da condição de refugiado


•deliberar quanto à cessação “ex officio” ou mediante requerimento das
autoridades competentes, da condição de refugiado;
•declarar a perda da condição de refugiado
•orientar e coordenar as ações necessárias à eficácia da proteção, assistência,
integração local e apoio jurídico aos refugiados, com a participação dos
Ministérios e instituições que compõem o Conare
•aprovar instruções normativas que possibilitem a execução da Lei nº 9.474/97
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Vejamos uma questão sobre esse assunto.

Questão - OAB/FGV - XVII Exame de Ordem - 2015


Segundo dados do CONARE (Comitê Nacional para os Refugiados), o Brasil
possuía, no fim de 2014, 6.492 refugiados de 80 nacionalidades. Como é
sabido, o Brasil ratificou a Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto
dos Refugiados, assim como promulgou a Lei nº 9.474/97, que define os
mecanismos para a implementação dessa Convenção.

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Assinale a opção que, conforme a lei mencionada, define a condição jurídica


do refugiado no Brasil.
a) Possui os direitos e deveres dos estrangeiros no Brasil, bem como direito
a cédula de identidade comprobatória de sua condição jurídica, carteira de
trabalho e documento de viagem.
b) Está sujeito aos deveres dos estrangeiros no Brasil e tem direito a
documento de viagem para deixar o país quando for de sua vontade.
c) Sendo acolhido como refugiado, tem todos os direitos previstos no seu
país de origem, mas deve acatar os deveres impostos a todos os brasileiros.
Também tem direito à cédula de identidade.
d) Possui os direitos e deveres dos estrangeiros no Brasil, bem como direito
a cédula de identidade comprobatória de sua condição jurídica, carteira de
trabalho, documento de viagem e título de eleitor.

Comentários
Essa questão cobrou vários aspectos referentes ao estudo da Lei nº 9.474/1997.
Vejamos cada uma das alternativas.
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão, pois de acordo com o
art. 6º da Lei nº 9.474/1997 são três as espécies de documentos assegurados:
 cédula de identidade comprobatória da condição de refugiado;
 carteira de trabalho;
 documento de viagem.
Sabe-se que outros documentos também poderão ser fornecidos, como o CPF.
Contudo, como o enunciado da questão se restringiu à Lei nº 9.474/1997, está
perfeita a alternativa.
A alternativa B está incorreta. O refugiado não poderá deixar o País por
liberdade própria. Será necessária autorização do Governo Brasileiro para saída
do território nacional, segundo prevê a Lei nº 9.474/1997.
O erro da alternativa C reside na afirmação de que reservará os direitos do País
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de origem. Conforme estabelece o Estatuto dos Refugiados, ele gozará de direitos


e estará sujeito aos deveres dos estrangeiros no Brasil.
Por fim, em relação à alternativa D, conclui-se estar incorreta, pois não é
assegurado ao refugiado o título de eleitor, documento expedido apenas em favor
de brasileiros ou, excepcionalmente, aos portugueses equiparados.

5 - Questões
Considerando as questões analisadas no decorrer da aula (04 questões), mais as
29 questões que compõem a bateria abaixo, serão, portanto, 33 questões de
provas anteriores das mais diversas bancas. As questões foram separadas de
acordo com a importância da matéria para a prova.

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Em relação aos assuntos estudados na aula de hoje, destacam-se os seguintes


assuntos:
 Artigos iniciais de todas as Convenções.

5.1 - Questões sem comentários


Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Forma de
Discriminação Racial

Questão 01 – CESPE/DPE-SE - Defensor Público – 2012 -


questão adaptada
De acordo com as disposições da Convenção Internacional sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, julgue o item
abaixo:
As disposições da referida convenção implicam algumas restrições às
disposições legais dos Estados-partes sobre nacionalidade, cidadania e
naturalização.

Questão 02 – CESPE/DPE-SE - Defensor Público – 2012 -


questão adaptada
De acordo com as disposições da Convenção Internacional sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, julgue o item
abaixo:
A restrição ou a anulação de liberdades fundamentais é irrelevante para a
caracterização da discriminação racial.

Questão 03 – CESPE/DPE-RR - Defensor Público – 2013 -


questão adaptada 02214600124

A respeito da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as


Formas de Discriminação Racial, julgue o item abaixo.
Os signatários da convenção em apreço devem apresentar, a cada dois anos,
relatório concernente às medidas adotadas no respectivo Estado-parte para
a efetivação das disposições acordadas.

Questão 04 - CESPE/DPE-SE - Defensor Público – 2012 -


questão adaptada
De acordo com as disposições da Convenção Internacional sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, julgue o item
abaixo:

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Considera-se discriminatória a medida especial que, destinada a assegurar


a proteção de grupos raciais, institua qualquer espécie de segregação
jurídica permanente.

Questão 05 – CESPE/DPE-RR - Defensor Público – 2012 -


questão adaptada
A respeito da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação Racial, julgue o item abaixo.
A tipificação penal da difusão de ideias embasadas no ódio racial é medida
imposta por essa convenção.

Questão 06 – CESPE/ DPE-ES - Defensor Público - 2012


Julgue o item abaixo:
Nos termos da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação Racial, a exclusão de direitos baseada unicamente
na origem nacional também poderá caracterizar discriminação racial.

Questão 07 – CESPE/DPE-RR - Defensor Público – 2013 -


questão adaptada
A respeito da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação Racial, julgue o item abaixo.
O Comitê Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial receberá
comunicações de indivíduos ou grupos de indivíduos, relativas a qualquer
Estado-parte da referida convenção, independentemente da declaração
prévia do Estado-parte sobre a aceitação da competência do comitê.

Questão 08 – CESPE/DPE-SE - Defensor Público – 2012 -


questão adaptada
De acordo com as disposições da Convenção Internacional sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, julgue o item
abaixo: 02214600124

A origem nacional, por si só, não é elemento relevante para a caracterização


da discriminação racial.

Questão 09 – CESPE/PC-BA - Delegado de Polícia - 2013


Julgue o item abaixo:
Recusar inscrição de aluno em estabelecimento oficial de ensino, por motivo
de discriminação de raça, cor, sexo ou estado civil, implicará a perda do
cargo para o agente que praticar a recusa, após a apuração do fato em
inquérito regular.

Questão 10 – CESPE/DPE-RR - Defensor Público – 2013 -


questão adaptada

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A respeito da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as


Formas de Discriminação Racial, julgue o item abaixo.
A exclusão, distinção, restrição ou preferência embasada na raça, cor,
descendência ou origem étnica esgotam as modalidades de discriminação
proibidas pela convenção em pauta.

Questão 11 – CESPE/DPE-TO - Defensor Público – 2013 -


questão adaptada
No que diz respeito ao esgotamento dos recursos de direito interno, julgue
o item abaixo:
Apesar de a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas
de Discriminação Racial não o reconhecer expressamente, admite-se
excepcionar a regra dos esgotamentos dos recursos internos nos casos em
que estes se prolongam excessivamente.

Questão 12 – CESPE/DPE-RR - Defensor Público – 2013 -


questão adaptada
A respeito da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação Racial, julgue o item abaixo.
O Brasil reconheceu a competência do Comitê Internacional para a
Eliminação da Discriminação Racial no ano de 2003.

Questão 13 – CESPE/DPE-SE - Defensor Público – 2012 -


questão adaptada
De acordo com as disposições da Convenção Internacional sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, julgue o item
abaixo:
Os elementos relevantes para a caracterização da discriminação racial se
restringem à raça, à cor e à origem étnica.

Questão 14 – VUNESP/DPE-MS – Defensor Público – 2014


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“Direito à segurança da pessoa ou à proteção do Estado contra violência ou


lesão corporal cometida, quer por funcionários de Governo, quer por
qualquer indivíduo, grupo ou instituição” é um compromisso dos Estados
partes que consta da
a) Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.
b) Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação Racial.
c) Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher.
d) Convenção sobre os Direitos da Criança.

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Questão 15 – FCC/DPE-SP – Defensor Público – 2006


Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa de
analfabetismo é de 17,2% no país. Entre brancos é de 10,6%, mas sobe
para 25,2% entre pardos e 28,7% entre negros. Em 1998, o rendimento
médio era de 5,6 salários mínimos entre brancos, mais que o dobro do
rendimento de pardos (2,61) e negros (2,71). Mesmo quando estudam mais,
negros e pardos têm mais dificuldade de aumentar os salários, diz o IBGE.
Para cada ano de estudo a mais, brancos elevam a renda em 1,25 salário
mínimo. Já a renda de negros e pardos cresce 0,53 salário para cada ano a
mais de estudo. (Jornal Folha de São Paulo, Caderno Cotidiano - 05.06.2001)
Relacionando tal realidade com as previsões da Convenção sobre a
Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial (ONU, 1965), é
correto afirmar que este tratado
a) autoriza a introdução de medidas especiais destinadas a assegurar o
progresso adequado de grupos raciais ou étnicos.
b) considera discriminatória a tomada de medidas especiais destinadas a
assegurar o progresso adequado de grupos raciais ou étnicos.
c) determina que o Estado-parte complemente anualmente a renda dos
membros dos grupos raciais ou étnicos prejudicados.
d) contém apenas normas relativas a violações às liberdades individuais e
não sobre condições econômicas e sociais.
e) não se aplica ao Brasil por ser anterior à Constituição de 1988.

Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação


contra Mulher

Questão 16 – FUNIVERSA/Secretaria da Criança – DF -


Especialista Socioeducativo - Direito e Legislação - 2015
Acerca da constitucionalização dos direitos humanos, do Estatuto da
Igualdade Racial, do combate ao racismo, da constitucionalização dos
direitos humanos, da proteção a minorias e a demais grupos vulneráveis, da
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Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra


as Mulheres (CEDAW) e da Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência, do combate ao racismo e da Convenção sobre a Eliminação
de Todas as Formas de Discriminação Racial, assinale a alternativa correta.
a) A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
Racial impõe expressamente ao Estado-parte o dever de criminalizar o
discurso do ódio racial e a participação em organizações racistas.
b) O Estatuto da Igualdade Racial, pautado, entre outros, pelos princípios da
inclusão e da igualdade material, parte do pressuposto de que a consecução
de seus objetivos prescinde da instituição de ações afirmativas.
c) A CEDAW é insuscetível de ratificação com reservas.

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d) A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação


Racial não pode ser denunciada pelos Estados-parte que a ratificaram, por
expressa previsão nesse sentido.
e) A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
Racial não prevê a atribuição do Comitê sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação Racial para receber e examinar comunicações de
indivíduos ou grupos de indivíduos sob a jurisdição de Estado-parte, tendo
essa previsão nascido a partir de Protocolo Facultativo à Convenção.

Questão 17 – FUNIVERSA/Secretaria da Criança – DF -


Especialista Socioeducativo - Direito e Legislação - 2015
Acerca da constitucionalização dos direitos humanos, do Estatuto da
Igualdade Racial, do combate ao racismo, da constitucionalização dos
direitos humanos, da proteção a minorias e a demais grupos vulneráveis, da
CEDAW, da Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, do combate ao racismo e da Convenção sobre a Eliminação de
Todas as Formas de Discriminação Racial, assinale a alternativa correta.
a) Tratando-se de tratado internacional que versa a respeito dos direitos
humanos, a Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência ostenta hierarquia normativa supralegal, conquanto
infraconstitucional.
b) O órgão do Poder Executivo federal responsável pela promoção da
igualdade racial é a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
(SEPPIR). Entretanto, conforme as atribuições delineadas no Estatuto da
Igualdade Racial, a SEPPIR tem função precipuamente executória, sendo
descabido chamar-lhe de ombudsman da igualdade racial, já que não
desempenha funções de monitoramento e de fiscalização da promoção da
igualdade racial, função que foi atribuída com exclusividade pelo Estatuto a
outro órgão federal.
c) Quando se refere a casamento, a CEDAW não se limita à união entre
homem e mulher, fazendo menção a outras entidades familiares, como a
união homoafetiva entre mulheres. 02214600124

d) A CEDAW veda a adoção de medidas especiais de caráter temporário, a


exemplo das ações afirmativas, por taxá-las de discriminação reversa.
e) O Protocolo Facultativo à CEDAW, que foi ratificado pelo Brasil, permite
que indivíduos que se encontrem sob a jurisdição brasileira apresentem
reclamações, fundadas em graves ou sistemáticas violações da Convenção,
diretamente ao Comitê sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra as Mulheres.

Questão 18 – CESPE/DPE-TO - Defensor Público – 2013 -


questão adaptada
A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra
a Mulher exige, de maneira genérica, a plena igualdade entre homens e

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mulheres, mas não contém cláusula específica sobre a isonomia de gênero


nas instâncias judiciais.

Questão 19 – CESPE/DPE-TO - Defensor Público – 2013 -


questão adaptada
A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra
a Mulher prevê expressamente o direito de a mulher ser tratada em
igualdade de condições no que se refere à publicação de suas opiniões pela
imprensa.

Questão 20 – CESPE/DPE-MA – Defensor – 2011 - questão


adaptada
Com relação ao núcleo de direito internacional dos direitos humanos,
formado de instrumentos internacionais de natureza cogente, julgue os itens
a seguir.
A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
contra a Mulher permite que determinados direitos sejam limitados quando
isso for necessário à segurança nacional e à ordem pública.

Questão 21 – CESPE/DPE-BA – Defensor – 2010 - questão


adaptada
Acerca dos mecanismos de proteção internacional de direitos humanos,
julgue o item subsequente.
A violação grave e sistemática dos direitos humanos das mulheres em um
Estado pode ser investigada pelo Comitê sobre a Eliminação da
Discriminação contra a Mulher, que recebe petições com denúncias de
violação a esses direitos.

Questão 22 – FCC/DPE-SP – Defensor Público – 2009


No sistema global, a Convenção sobre Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher, ratificada pelo Brasil em 1984, é um marco
02214600124

no tocante ao combate da discriminação contra a mulher e na afirmação de


sua cidadania. Sobre essa Convenção é correto afirmar que
a) consagrou a possibilidade de adoção de "ações afirmativas", ou seja, de
medidas especiais de caráter definitivo destinadas a acelerar a igualdade de
fato entre mulheres e homens.
b) trouxe, quando de sua adoção pela ONU, um completo sistema de
monitoramento, permitindo, inclusive, denúncias individuais por mulheres
em casos de violação.
c) a adoção pelo Brasil do Protocolo Facultativo à Convenção, em 2002,
aperfeiçoou a sistemática de monitoramento da Convenção, com a
possibilidade de apresentação de denúncias por mulheres, individual mente
ou em grupos, em casos de violação.

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d) respeitou as diferenças culturais e a diversidade étnica ao permitir


diferentes direitos e responsabilidades durante o casamento e por ocasião
da sua dissolução, permitindo que cada Estado faça sua regulamentação
interna.
e) ao evitar impor muitas obrigações aos Estados-partes que significassem
ruptura imediata com padrões estereotipados de educação de meninas e
meninos, logrou obter o maior número de ratificações de uma Convenção da
ONU.

Refugiados

Questão 23 – VUNESP/DPE-MS – Defensor Público – 2014 –


questão adaptada
Julgue o item subsequente.
A Convenção de Genebra, de 1951, relativa ao Estatuto dos Refugiados,
estabelece que as medidas restritivas impostas ao emprego de estrangeiros,
para a proteção do mercado nacional de trabalho, serão aplicáveis aos
refugiados que tenham três anos de residência no país.

Questão 24 – CESPE/MPE – RO – Promotor de Justiça – 2013


– questão adaptada
A respeito do direito dos refugiados no Brasil, julgue o item abaixo.
A lei brasileira prevê a possibilidade de que seja reconhecido como refugiado
o indivíduo que, devido a fundados temores de perseguição por motivo de
opinião política, esteja fora de seu país de nacionalidade e tenha praticado
crime de guerra.

Questão 25 – CESPE/MPE – RO – Promotor de Justiça – 2013


– questão adaptada
A respeito do direito dos refugiados no Brasil, julgue o item abaixo.
Os efeitos da condição dos refugiados estendem-se ao cônjuge
02214600124

economicamente dependente do refugiado, ainda que se encontre fora do


território nacional.

Questão 26 – CESPE/MPE – RO – Promotor de Justiça – 2013


– questão adaptada
A respeito do direito dos refugiados no Brasil, julgue o item abaixo.
De acordo com o STF, o reconhecimento da condição de refugiado, sendo
ato vinculado, não obsta o seguimento de eventual pedido de extradição
baseado nos fatos que fundamentaram a concessão do refúgio, se esses
fatos estiverem em desacordo com os requisitos previstos em lei.

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Questão 27 – CESPE/MPE – RO – Promotor de Justiça – 2013


– questão adaptada
A respeito do direito dos refugiados no Brasil, julgue o item abaixo.
Cabe recurso administrativo da decisão do Comitê Nacional para os
Refugiados na qual se negue o reconhecimento da condição de refugiado.

Questão 28 – VUNESP/DPE-MS – Defensor Público – 2012 –


questão adaptada
Julgue o item subsequente.
No que se refere ao asilo diplomático, é correto afirmar que ele não impede
a extradição em qualquer hipótese.

Questão 29 – Inédita – 2015


Em relação ao direito de refúgio, julgue o item seguinte:
Não serão beneficiados da condição de refugiado aqueles que cometerem crime conta a paz,
crime de guerra, crime contra a humanidade, crime hediondo e tráfico de drogas.

5.2 - Gabarito
Questão 01 - INCORRETA Questão 02 – INCORRETA

Questão 03 – CORRETA Questão 04 – CORRETA

Questão 05 – CORRETA Questão 06 – CORRETA

Questão 07 – INCORRETA Questão 08 – INCORRETA

Questão 09 – ANULADA Questão 10 – INCORRETA

Questão 11 – INCORRETA Questão 12 – CORRETA

Questão 13 – INCORRETA Questão 14 – B


02214600124

Questão 15 – A Questão 16 – A

Questão 17 – E Questão 18 – INCORRETA

Questão 19 – INCORRETA Questão 20 – INCORRETA

Questão 21 – CORRETA Questão 22 – C

Questão 23 – CORRETA Questão 24 – INCORRETA

Questão 25 – INCORRETA Questão 26 – CORRETA

Questão 27 – CORRETA Questão 28 – INCORRETA

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Questão 29 – CORRETA

5.3 - Questões com comentários


Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Forma de
Discriminação Racial

Questão 01 – CESPE/DPE-SE - Defensor Público – 2012 -


questão adaptada
De acordo com as disposições da Convenção Internacional sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, julgue o item
abaixo:
As disposições da referida convenção implicam algumas restrições às
disposições legais dos Estados-partes sobre nacionalidade, cidadania e
naturalização.

Comentários
Sobre o tema, o artigo I, da Convenção, prevê:
3. Nada nesta Convenção poderá ser interpretado como afetando as disposições legais dos
Estados Partes, relativas a nacionalidade, cidadania e naturalização, desde que tais
disposições não discriminem contra qualquer nacionalidade particular.

De acordo com o dispositivo citado, não é possível que a Convenção seja


interpretada no sentido de afetar regras internas sobre nacionalidade, cidadania
e naturalização, exceto se essas regras relativas discriminarem determinada
nacionalidade em particular.
Logo, está incorreta a assertiva.

Questão 02 – CESPE/DPE-SE - Defensor Público – 2012 -


questão adaptada
De acordo com as disposições da Convenção Internacional sobre a
02214600124

Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, julgue o item


abaixo:
A restrição ou a anulação de liberdades fundamentais é irrelevante para a
caracterização da discriminação racial.

Comentários
Assim prevê o artigo I, 1, da Convenção:
Nesta Convenção, a expressão "discriminação racial" significará qualquer distinção,
exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional
ou étnica que tem por objetivo ou efeito anula ou restringir o reconhecimento, gozo ou
exercício num mesmo plano, (em igualdade de condição), de direitos humanos e liberdades
fundamentais no domínio político econômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio
de sua vida.

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De acordo com o destacado acima, está incorreta a assertiva. Porém, mesmo


que você não lembrasse do teor desse dispositivo, poderíamos acertar a questão
sob a seguinte lógica: a discriminação racial constitui qualquer ato que atente
contra direitos de primeira e de segunda dimensão em razão da etnia, raça,
descendência ou nacionalidade. Assim, é possível afirmar que restrições à
liberdade sob esse pretexto constitui discriminação racial.

Questão 03 – CESPE/DPE-RR - Defensor Público – 2013 -


questão adaptada
A respeito da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação Racial, julgue o item abaixo.
Os signatários da convenção em apreço devem apresentar, a cada dois anos,
relatório concernente às medidas adotadas no respectivo Estado-parte para
a efetivação das disposições acordadas.

Comentários
De acordo com o art. IX, 1, da Convenção, os Estados-parte devem submeter
relatórios a cada 2 anos ao Secretário Geral da ONU, que o encaminhará ao
Comitê, sobre as medidas adotada para tornarem efetivas as disposições do texto
convencional.
1. os estados partes comprometem-se a apresentar ao Secretário Geral, para exame do
Comitê, m relatório sobre as medidas legislativas, judiciárias, administrativas ou outras que
tomarem para tornarem efetivas as disposições da presente convenção: a) dentro do prazo
de um ano a partir da entrada em vigor da convenção, para cada Estado interessado no que
lhe diz respeito, e posteriormente, cada dois anos, e toda vez que o Comitê solicitar
informações complementares aos Estados Partes.

Logo, a assertiva está correta.

Questão 04 - CESPE/DPE-SE - Defensor Público – 2012 -


questão adaptada
De acordo com as disposições da Convenção Internacional sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, julgue o item
abaixo:
02214600124

Considera-se discriminatória a medida especial que, destinada a assegurar


a proteção de grupos raciais, institua qualquer espécie de segregação
jurídica permanente.

Comentários
Pelo que prevê artigo I, 4, da Convenção, medidas especiais poderão ser
praticadas em favor de grupos raciais, desde que objetivem a igualdade material
e não conduzam à segregação entre etnias, razão pela qual deve ser temporária.
4. Não serão consideradas discriminações racial as medidas especiais tomadas como o
único objetivo de assegurar progresso adequado de certos grupos raciais ou étnicos ou
indivíduos que necessitem da proteção que possa ser necessária para proporcionar a tais
grupos ou indivíduos igual gozo ou exercício de direitos humanos e liberdades fundamentais,

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contanto que, tais medidas não conduzam, em consequência , á manutenção de direitos


separados para diferentes grupos raciais e não prossigam após terem sidos alcançados os
seus objetivos.

Logo, a assertiva está correta.

Questão 05 – CESPE/DPE-RR - Defensor Público – 2012 -


questão adaptada
A respeito da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação Racial, julgue o item abaixo.
A tipificação penal da difusão de ideias embasadas no ódio racial é medida
imposta por essa convenção.

Comentários
De acordo com o artigo IV, a, da Convenção:
Os Estados partes condenam toda propaganda e toda as organizações que se inspirem em
ideias ou teorias baseadas na superioridade de uma raça ou de um grupo de pessoas de
uma certa cor ou de uma certa origem étnica ou que pretendem justificar ou encorajar
qualquer forma de ódio e de discriminação raciais e comprometem-se a adotar
imediatamente medidas positivas destinadas a eliminar qualquer incitação a uma tal
discriminação, ou quaisquer atos de discriminação com este objetivo, tendo em vista os
princípios formulados na Declaração universal dos direitos do homem e os direitos
expressamente enunciados no artigo 5 da presente convenção, eles se comprometem
principalmente:
a) a declarar delitos puníveis por lei, qualquer difusão de ideias baseadas na superioridade
ou ódio raciais, qualquer incitamento à discriminação racial, assim como quaisquer atos de
violência ou provocação a tais atos, dirigidos contra qualquer raça ou qualquer grupo de
pessoas de outra cor ou de outra origem étnica, como também qualquer assistência
prestada a atividades racistas, inclusive seu financiamento; (...).

Logo, existe previsão expressa para que os Estados-parte declarem como delito
a difusão de ideias baseadas na superioridade e ódio raciais.
Assim, a assertiva está correta.

Questão 06 – CESPE/ DPE-ES - Defensor Público - 2012


02214600124

Julgue o item abaixo:


Nos termos da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação Racial, a exclusão de direitos baseada unicamente
na origem nacional também poderá caracterizar discriminação racial.

Comentários
Nos termos do artigo I, 1, da Convenção, discriminação com fundamento na
origem nacional constitui discriminação racial.
1. Nesta Convenção, a expressão "discriminação racial" significará qualquer distinção,
exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional
ou étnica que tem por objetivo ou efeito anula ou restringir o reconhecimento, gozo ou
exercício num mesmo plano, (em igualdade de condição), de direitos humanos e liberdades

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fundamentais no domínio político econômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio


de sua vida.

Logo, a assertiva está correta.

Questão 07 – CESPE/DPE-RR - Defensor Público – 2013 -


questão adaptada
A respeito da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação Racial, julgue o item abaixo.
O Comitê Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial receberá
comunicações de indivíduos ou grupos de indivíduos, relativas a qualquer
Estado-parte da referida convenção, independentemente da declaração
prévia do Estado-parte sobre a aceitação da competência do comitê.

Comentários
As comunicações interestatais constituem o que a doutrina denomina de cláusula
facultativa, de modo que o Comitê somente poderá atuar nesse sentido,
recebendo e solicitando informações, por intermédio dessas comunicações caso
haja declaração expressa do Estado notificante e do Estado notificado aceitando
submeter-se à referida comunicação.
É o que se estrai do art. XIV, 1 e 2, da Convenção:
1. Todo Estado Parte poderá declarar a qualquer momento que reconhece a competência
do Comitê para receber e examinar comunicações de indivíduos ou grupos de indivíduos
sob sua jurisdição que se consideram vítimas de uma violação pelo referido Estado Parte,
de qualquer um dos direitos enunciados na presente Convenção. O Comitê não receberá
qualquer comunicação de um Estado Parte que não houver feito tal declaração
2. Qualquer Estado Parte que fizer uma declaração de conformidade com o parágrafo do
presente artigo, poderá criar ou designar um órgão dentro d sua ordem jurídica nacional,
que terá competência para receber e examinar As petições de pessoas ou grupos de pessoas
sob sua jurisdição que alegarem ser vítimas de uma violação de qualquer um dos direitos
enunciados na presente Convenção e que esgotaram os outros recursos locais disponíveis.

Logo, está incorreta a assertiva.

Questão 08 – CESPE/DPE-SE - Defensor Público – 2012 -


02214600124

questão adaptada
De acordo com as disposições da Convenção Internacional sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, julgue o item
abaixo:
A origem nacional, por si só, não é elemento relevante para a caracterização
da discriminação racial.

Comentários
A questão acima é recorrente em provas. Já vimos, inclusive, nesta bateria de
exercício uma relacionada ao tema.

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Nos termos do artigo I, 1, da Convenção, discriminação com fundamento na


origem nacional constitui discriminação racial.
1. Nesta Convenção, a expressão "discriminação racial" significará qualquer distinção,
exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional
ou étnica que tem por objetivo ou efeito anula ou restringir o reconhecimento, gozo ou
exercício num mesmo plano, (em igualdade de condição), de direitos humanos e liberdades
fundamentais no domínio político econômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio
de sua vida.

Logo, a assertiva está incorreta.

Questão 09 – CESPE/PC-BA - Delegado de Polícia - 2013


Julgue o item abaixo:
Recusar inscrição de aluno em estabelecimento oficial de ensino, por motivo
de discriminação de raça, cor, sexo ou estado civil, implicará a perda do
cargo para o agente que praticar a recusa, após a apuração do fato em
inquérito regular.

Comentários
Recusa a inscrição de aluno por motivos de etnia, cor, sexo ou estado civil
constitui discriminação racial, nos termos do artigo I, 1, da Convenção.
Contudo, a questão foi ANULADA pela banca que realizou o concurso, uma vez
que tal violação poderá implicar a perda do cargo e não implicará conforme
enuncia a questão.

Questão 10 – CESPE/DPE-RR - Defensor Público – 2013 -


questão adaptada
A respeito da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação Racial, julgue o item abaixo.
A exclusão, distinção, restrição ou preferência embasada na raça, cor,
descendência ou origem étnica esgotam as modalidades de discriminação
proibidas pela convenção em pauta.
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Comentários
Conforme se depreende o artigo I, 1, da Convenção, a interpretação conferida à
discriminação racial é bastante ampla, não se esgotando nas hipóteses de
discriminação por raça, cor, descendência ou origem étnica. Outro exemplo é a
discriminação por origem nacional.
Logo, a assertiva está incorreta.

Questão 11 – CESPE/DPE-TO - Defensor Público – 2013 -


questão adaptada
No que diz respeito ao esgotamento dos recursos de direito interno, julgue
o item abaixo:

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Apesar de a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas


de Discriminação Racial não o reconhecer expressamente, admite-se
excepcionar a regra dos esgotamentos dos recursos internos nos casos em
que estes se prolongam excessivamente.

Comentários
O esgotamento ou inefetividade dos recursos internos é previsto expressamente
no texto da Convenção.
Artigo XI, 3. O Comitê só poderá tomar conhecimento de uma questão, de acordo com o
2.° do presente artigo, após ter constatado que todos os recursos internos disponíveis foram
interpostos ou esgotados, de conformidade com os princípios de direito internacional
geralmente reconhecidos. Esta regra não se aplicará se os procedimentos de recurso
excedem prazos razoáveis.

Logo a assertiva está incorreta.

Questão 12 – CESPE/DPE-RR - Defensor Público – 2013 -


questão adaptada
A respeito da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação Racial, julgue o item abaixo.
O Brasil reconheceu a competência do Comitê Internacional para a
Eliminação da Discriminação Racial no ano de 2003.

Comentários
Está correta a assertiva, uma vez que o Decreto nº 4.738/2003 reconhece o
referido Comitê.
Vejamos a emenda do decreto supracitado:
Promulga a Declaração Facultativa prevista no art. 14 da Convenção Internacional sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, reconhecendo a competência do
Comitê Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial para receber e analisar
denúncias de violação dos direitos humanos cobertos na mencionada Convenção.

Logo, a assertiva está correta.


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Questão 13 – CESPE/DPE-SE - Defensor Público – 2012 -


questão adaptada
De acordo com as disposições da Convenção Internacional sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, julgue o item
abaixo:
Os elementos relevantes para a caracterização da discriminação racial se
restringem à raça, à cor e à origem étnica.

Comentários
Conforme o artigo I, 1, da Convenção, já citado nestes exercícios, o conceito de
“discriminação racial” é bastante amplo de forma incluir diversas formas de
discriminação.

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Assim, está incorreta a assertiva.

Questão 14 – VUNESP/DPE-MS – Defensor Público – 2014


“Direito à segurança da pessoa ou à proteção do Estado contra violência ou
lesão corporal cometida, quer por funcionários de Governo, quer por
qualquer indivíduo, grupo ou instituição” é um compromisso dos Estados
partes que consta da
a) Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.
b) Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação Racial.
c) Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher.
d) Convenção sobre os Direitos da Criança.

Comentários
Trata-se de previsão do Artigo V da Convenção Internacional sobre a Eliminação
de Todas as Formas de Discriminação Racial.
ARTIGO V
De conformidade com as obrigações fundamentais enunciadas no artigo 2, os Estados Partes
comprometem-se a proibir e a eliminar a discriminação racial em todas suas formas e a
garantir o direito de cada um à igualdade perante a lei sem distinção de raça, de cor ou de
origem nacional ou étnica, principalmente no gozo dos seguintes direitos:
b) direito à segurança da pessoa ou á proteção do Estado contra violência ou lesão corporal
cometida, quer por funcionários de Governo, que por qualquer indivíduo, grupo ou
instituição;

Portanto, a alternativa B é a correta e o gabarito da questão.

Questão 15 – FCC/DPE-SP – Defensor Público – 2006


Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa de
analfabetismo é de 17,2% no país. Entre brancos é de 10,6%, mas sobe
para 25,2% entre pardos e 28,7% entre negros. Em 1998, o rendimento
02214600124

médio era de 5,6 salários mínimos entre brancos, mais que o dobro do
rendimento de pardos (2,61) e negros (2,71). Mesmo quando estudam mais,
negros e pardos têm mais dificuldade de aumentar os salários, diz o IBGE.
Para cada ano de estudo a mais, brancos elevam a renda em 1,25 salário
mínimo. Já a renda de negros e pardos cresce 0,53 salário para cada ano a
mais de estudo. (Jornal Folha de São Paulo, Caderno Cotidiano - 05.06.2001)
Relacionando tal realidade com as previsões da Convenção sobre a
Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial (ONU, 1965), é
correto afirmar que este tratado
a) autoriza a introdução de medidas especiais destinadas a assegurar o
progresso adequado de grupos raciais ou étnicos.

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Direitos Humanos PM/DF
teoria e questões
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

b) considera discriminatória a tomada de medidas especiais destinadas a


assegurar o progresso adequado de grupos raciais ou étnicos.
c) determina que o Estado-parte complemente anualmente a renda dos
membros dos grupos raciais ou étnicos prejudicados.
d) contém apenas normas relativas a violações às liberdades individuais e
não sobre condições econômicas e sociais.
e) não se aplica ao Brasil por ser anterior à Constituição de 1988.

Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão, tendo em vista o que
prevê o art. 2, item 2.
ARTIGO II
2. Os Estados Parte tomarão, se as circunstâncias o exigirem, nos campos social,
econômico, cultural e outros, as medidas especiais e concretos para assegurar como convier
o desenvolvimento ou a proteção de certos grupos raciais de indivíduos pertencentes a estes
grupos com o objetivo de garantir-lhes, em condições de igualdade, o pleno exercício dos
direitos do homem e das liberdades fundamentais.
Essas medidas não deverão, em caso algum, ter a finalidade de manter direitos desiguais
ou distintos para os diversos grupos raciais, depois de alcançados os objetivos em razão
dos quais foram tomadas.

A alternativa B está incorreta, uma vez que contradiz o que prevê o artigo
acima.
A alternativa C está incorreta, pois não há nenhuma previsão nesse sentido.
A alternativa D está incorreta, pois a Convenção prevê normas relativas a
condições econômicas e sociais também.
A alternativa E está totalmente incorreta e sem sentido. A aplicação da
Convenção depende de ratificação e não guarda relação com a data em que foi
elaborada a Convenção.

Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação


contra Mulher 02214600124

Questão 16 – FUNIVERSA/Secretaria da Criança – DF -


Especialista Socioeducativo - Direito e Legislação - 2015
Acerca da constitucionalização dos direitos humanos, do Estatuto da
Igualdade Racial, do combate ao racismo, da constitucionalização dos
direitos humanos, da proteção a minorias e a demais grupos vulneráveis, da
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra
as Mulheres (CEDAW) e da Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência, do combate ao racismo e da Convenção sobre a Eliminação
de Todas as Formas de Discriminação Racial, assinale a alternativa correta.

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Direitos Humanos PM/DF
teoria e questões
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

a) A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação


Racial impõe expressamente ao Estado-parte o dever de criminalizar o
discurso do ódio racial e a participação em organizações racistas.
b) O Estatuto da Igualdade Racial, pautado, entre outros, pelos princípios da
inclusão e da igualdade material, parte do pressuposto de que a consecução
de seus objetivos prescinde da instituição de ações afirmativas.
c) A CEDAW é insuscetível de ratificação com reservas.
d) A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
Racial não pode ser denunciada pelos Estados-parte que a ratificaram, por
expressa previsão nesse sentido.
e) A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
Racial não prevê a atribuição do Comitê sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação Racial para receber e examinar comunicações de
indivíduos ou grupos de indivíduos sob a jurisdição de Estado-parte, tendo
essa previsão nascido a partir de Protocolo Facultativo à Convenção.

Comentários
Vejamos cada uma das alternativas.
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. De acordo com o art. 4º,
a, da Convenção Internacional sobre todas as Formas de Discriminação Racial, o
Estado-parte deve condenar todas as organizações que encorajem qualquer
forma de ódio racial e declarar tais atos puníveis como delitos.
Artigo 4º - Os Estados-partes condenam toda propaganda e todas as organizações que se
inspirem em idéias ou teorias baseadas na superioridade de uma raça ou de um grupo de
pessoas de uma certa cor ou de uma certa origem étnica ou que pretendam justificar ou
encorajar qualquer forma de ódio e de discriminação raciais, e comprometem-se a adotar
imediatamente medidas positivas destinadas a eliminar qualquer incitação a uma tal
discriminação, ou quaisquer atos de discriminação com este objetivo, tendo em vista os
princípios formulados na Declaração Universal dos Direitos do Homem e os direitos
expressamente enunciados no artigo V da presente Convenção, inter alia:
a) a declarar como delitos puníveis por lei, qualquer difusão de idéias baseadas na
superioridade ou ódio raciais, qualquer incitamento à discriminação racial, assim
como quaisquer atos de violência ou provocação a tais atos, dirigidos contra qualquer
02214600124

raça ou qualquer grupo de pessoas de outra cor ou de outra origem étnica, como também
qualquer assistência prestada a atividades racistas, inclusive seu financiamento;

A alternativa B está incorreta, pois o Estatuto da Igualdade Racial é todo


pautado em ações afirmativas de implementação da igualdade racial na
sociedade.
A alternativa C está incorreta, pois não somente é possível opor reservas contra
as cláusulas da Convenção Internacional sobre todas as Formas de Discriminação
contra a mulher, como se trata do documento internacional que mais recebeu
reservas quanto ao seu conteúdo. Vejamos o art. 28 da Convenção, que deixa
claro a possibilidade de reservas.
Artigo 28 - 1. O Secretário Geral das Nações Unidas receberá e enviará a todos os Estados
o texto das reservas feitas pelos Estados no momento da ratificação ou adesão.

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Direitos Humanos PM/DF
teoria e questões
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

2. Não será permitido uma reserva incompatível com o objeto e o propósito desta
Convenção.
3. As reservas poderão ser retiradas a qualquer momento por uma notificação endereçada
com esse objetivo ao Secretário Geral das Nações Unidas, que informará a todos os Estados
a respeito. A notificação surtirá efeito na data de seu recebimento.

A alternativa D está incorreta, com base no art. 21, da Convenção Internacional


sobre todas as Formas de Discriminação Racial.
Artigo 21 - Todo Estado-parte poderá denunciar a presente Convenção mediante
notificação por escrito endereçada ao Secretário Geral das Nações Unidas. A denúncia
produzirá efeitos um ano depois da data do recebimento da notificação pelo Secretário
Geral.

A alternativa E está incorreta, uma vez que a possibilidade de Comunicações


está prevista no texto da Convenção.
Artigo 14 - Todo Estado-parte na presente Convenção poderá declarar, a qualquer
momento, que reconhece a competência do Comitê para receber e examinar as
comunicações enviadas por indivíduos ou grupos de indivíduos sob sua jurisdição,
que aleguem ser vítimas de violação, por um Estado-parte, de qualquer um dos direitos
enunciados na presente Convenção. O Comitê não receberá comunicação alguma relativa a
um Estado-parte que não houver feito declaração dessa natureza.

Questão 17 – FUNIVERSA/Secretaria da Criança – DF -


Especialista Socioeducativo - Direito e Legislação - 2015
Acerca da constitucionalização dos direitos humanos, do Estatuto da
Igualdade Racial, do combate ao racismo, da constitucionalização dos
direitos humanos, da proteção a minorias e a demais grupos vulneráveis, da
CEDAW, da Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, do combate ao racismo e da Convenção sobre a Eliminação de
Todas as Formas de Discriminação Racial, assinale a alternativa correta.
a) Tratando-se de tratado internacional que versa a respeito dos direitos
humanos, a Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência ostenta hierarquia normativa supralegal, conquanto
infraconstitucional.
b) O órgão do Poder Executivo federal responsável pela promoção da
02214600124

igualdade racial é a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial


(SEPPIR). Entretanto, conforme as atribuições delineadas no Estatuto da
Igualdade Racial, a SEPPIR tem função precipuamente executória, sendo
descabido chamar-lhe de ombudsman da igualdade racial, já que não
desempenha funções de monitoramento e de fiscalização da promoção da
igualdade racial, função que foi atribuída com exclusividade pelo Estatuto a
outro órgão federal.
c) Quando se refere a casamento, a CEDAW não se limita à união entre
homem e mulher, fazendo menção a outras entidades familiares, como a
união homoafetiva entre mulheres.
d) A CEDAW veda a adoção de medidas especiais de caráter temporário, a
exemplo das ações afirmativas, por taxá-las de discriminação reversa.

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Direitos Humanos PM/DF
teoria e questões
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

e) O Protocolo Facultativo à CEDAW, que foi ratificado pelo Brasil, permite


que indivíduos que se encontrem sob a jurisdição brasileira apresentem
reclamações, fundadas em graves ou sistemáticas violações da Convenção,
diretamente ao Comitê sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra as Mulheres.

Comentários
Trouxemos a questão aqui, pois para responde-la corretamente basta conhecer
a Convenção Internacional sobre todas as Formas de Discriminação contra a
mulher.
Assim, a alternativa E está correta e é o gabarito da questão. Ao ler a CEDAW
não encontramos dispositivos acerca da fiscalização dos direitos lá
consubstanciados. Há a enunciação apenas do mecanismo de relatórios. Deste
modo, coube ao Protocolo Facultativo a ampliação dos mecanismos de
fiscalização da Convenção, ao prever as petições individuais e as investigações in
loco.
Vejamos os arts. 1º e 2º do Protocolo Facultativo da CEDAW.
Artigo 1
Cada Estado Parte do presente Protocolo (doravante denominado "Estado Parte") reconhece
a competência do Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher (doravante
denominado " o Comitê") para receber e considerar comunicações apresentadas de acordo
com o Artigo 2 deste Protocolo.
Artigo 2
As comunicações podem ser apresentadas por indivíduos ou grupos de indivíduos,
que se encontrem sob a jurisdição do Estado Parte e aleguem ser vítimas de violação de
quaisquer dos direitos estabelecidos na Convenção por aquele Estado Parte, ou em
nome desses indivíduos ou grupos de indivíduos. Sempre que for apresentada em nome de
indivíduos ou grupos de indivíduos, a comunicação deverá contar com seu consentimento,
a menos que o autor possa justificar estar agindo em nome deles sem o seu consentimento.

Questão 18 – CESPE/DPE-TO - Defensor Público – 2013 -


questão adaptada
A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra
02214600124

a Mulher exige, de maneira genérica, a plena igualdade entre homens e


mulheres, mas não contém cláusula específica sobre a isonomia de gênero
nas instâncias judiciais.

Comentários
É exatamente o contrário do que prevê o item 2 do Artigo 15 da Convenção sobre
a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher:
Artigo 15 - 2. Os Estados-partes reconhecerão à mulher, em matérias civis, uma capacidade
jurídica idêntica à do homem e as mesmas oportunidades para o exercício desta capacidade.
Em particular, reconhecerão à mulher iguais direitos para firmar contratos e administrar
bens e dispensar-lhe-ão um tratamento igual em todas as etapas do processo nas Cortes
de Justiça e nos Tribunais.

A questão está, desta forma, incorreta.

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Direitos Humanos PM/DF
teoria e questões
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Questão 19 – CESPE/DPE-TO - Defensor Público – 2013 -


questão adaptada
A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra
a Mulher prevê expressamente o direito de a mulher ser tratada em
igualdade de condições no que se refere à publicação de suas opiniões pela
imprensa.

Comentários
Não existe tal previsão na Convenção, razão pela qual a questão está incorreta.

Questão 20 – CESPE/DPE-MA – Defensor – 2011 - questão


adaptada
Com relação ao núcleo de direito internacional dos direitos humanos,
formado de instrumentos internacionais de natureza cogente, julgue os itens
a seguir.
A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
contra a Mulher permite que determinados direitos sejam limitados quando
isso for necessário à segurança nacional e à ordem pública.

Comentários
Não há, na Convenção, limitação aos direitos da mulher em razão de segurança
Nacional ou ordem pública. Medidas excepcionais só podem ser adotadas para
ACELERAR o processo de igualdade de fato entre homem e mulher. É o que fixa
o Artigo 4º:
A adoção pelos Estados Membros de medidas especiais de caráter temporário destinadas a
acelerar a igualdade de fato entre o homem e a mulher não se considerará discriminação
na forma definida nesta Convenção, mas de nenhuma maneira implicará, como
consequência, a manutenção de normas desiguais ou separadas; essas medidas cessarão
quando os objetivos de igualdade de oportunidade e tratamento houverem sido alcançados.

Deste modo, está incorreta a questão.

Questão 21 – CESPE/DPE-BA – Defensor – 2010 - questão


02214600124

adaptada
Acerca dos mecanismos de proteção internacional de direitos humanos,
julgue o item subsequente.
A violação grave e sistemática dos direitos humanos das mulheres em um
Estado pode ser investigada pelo Comitê sobre a Eliminação da
Discriminação contra a Mulher, que recebe petições com denúncias de
violação a esses direitos.

Comentários
O Protocolo Facultativo da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher estabeleceu o sistema de petições individuais,

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Direitos Humanos PM/DF
teoria e questões
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

prevendo que qualquer indivíduo ou grupo de indivíduos pode peticionar ao


Comitê por violação à Convenção. Citam-se os artigos 1º e 2º do Protocolo
Facultativo:
Artigo 1 - Cada Estado Parte do presente Protocolo (doravante denominado "Estado Parte")
reconhece a competência do Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher
(doravante denominado o “Comitê") para receber e considerar comunicações apresentadas
de acordo com o Artigo 2 deste Protocolo. Artigo 2 - As comunicações podem ser
apresentadas por indivíduos ou grupos de indivíduos, que se encontrem sob a jurisdição do
Estado Parte e aleguem ser vítimas de violação de quaisquer dos direitos estabelecidos na
Convenção por aquele Estado Parte, ou em nome desses indivíduos ou grupos de indivíduos.
Sempre que for apresentada em nome de indivíduos ou grupos de indivíduos, a comunicação
deverá contar com seu consentimento, a menos que o autor possa justificar estar agindo
em nome deles sem o seu consentimento.

Portanto, está correta a questão.

Questão 22 – FCC/DPE-SP – Defensor Público – 2009


No sistema global, a Convenção sobre Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher, ratificada pelo Brasil em 1984, é um marco
no tocante ao combate da discriminação contra a mulher e na afirmação de
sua cidadania. Sobre essa Convenção é correto afirmar que
a) consagrou a possibilidade de adoção de "ações afirmativas", ou seja, de
medidas especiais de caráter definitivo destinadas a acelerar a igualdade de
fato entre mulheres e homens.
b) trouxe, quando de sua adoção pela ONU, um completo sistema de
monitoramento, permitindo, inclusive, denúncias individuais por mulheres
em casos de violação.
c) a adoção pelo Brasil do Protocolo Facultativo à Convenção, em 2002,
aperfeiçoou a sistemática de monitoramento da Convenção, com a
possibilidade de apresentação de denúncias por mulheres, individual mente
ou em grupos, em casos de violação.
d) respeitou as diferenças culturais e a diversidade étnica ao permitir
diferentes direitos e responsabilidades durante o casamento e por ocasião
da sua dissolução, permitindo que cada Estado faça sua regulamentação
02214600124

interna.
e) ao evitar impor muitas obrigações aos Estados-partes que significassem
ruptura imediata com padrões estereotipados de educação de meninas e
meninos, logrou obter o maior número de ratificações de uma Convenção da
ONU.

Comentários
A alternativa A está incorreta, tendo em vista que as ações afirmativas devem
ser temporárias, de acordo com o art. 4º, §1º, da Convenção, as quais irão cessar
quando os objetivos de igualdade forem alcançados.
A alternativa B está incorreta, uma vez que a Convenção previa tão somente a
análise dos relatórios enviados pelos Estados sobre as medidas legislativas,

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Direitos Humanos PM/DF
teoria e questões
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

judiciárias, administrativas ou outras que adotarem para tornarem efetivas as


disposições da Convenção e sobre os progressos alcançados a esse respeito, pelo
Comitê sobre a Eliminação da Discriminação da Mulher - art. 17, §1º e art. 18,
§1º, da Convenção.
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão, de acordo com o art. 2º
do Protocolo Facultativo à Convenção.
A alternativa D está incorreta, tendo em vista que os Estados irão adotar todas
as medidas adequadas para eliminar a discriminação contra a mulher, nos
assuntos relativos ao casamento e às relações familiares. Com base na igualdade
entre homens e mulheres, assegurarão, entre outras coisas, os mesmos direitos
e responsabilidades durante o casamento e por ocasião de sua dissolução - art.
16, §1º, c, da Convenção.
A alternativa E está incorreta, pois os Estados deverão adotar medidas para
eliminar a discriminação contra a mulher, tendo por fim assegurar-lhe igualdade
de direitos em relação ao homem na esfera da educação. Para isso procurarão
eliminar todo conceito estereotipado dos papéis masculino e feminino em todos
os níveis e em todas as formas de ensino mediante o estímulo a educação mista
e a outros tipos de educação que contribuam para alcançar esse objetivo - art.
10, c, da Convenção. Além disso, essa convenção logrou pouco êxito no cenário
individual.

Refugiados

Questão 23 – VUNESP/DPE-MS – Defensor Público – 2014 –


questão adaptada
Julgue o item subsequente.
A Convenção de Genebra, de 1951, relativa ao Estatuto dos Refugiados,
estabelece que as medidas restritivas impostas ao emprego de estrangeiros,
para a proteção do mercado nacional de trabalho, serão aplicáveis aos
refugiados que tenham três anos de residência no país.

Comentários 02214600124

A assertiva está correta, de acordo com o art. 17, b, do Estatuto dos Refugiados.
b) Em qualquer caso, as medidas restritivas impostas aos estrangeiros, ou ao emprego de
estrangeiros para a proteção do mercado nacional do trabalho, não serão aplicáveis aos
refugiados que já estavam dispensados, na data da entrada em vigor desta Convenção pelo
Estado-contratante interessado, ou que preencham uma das seguintes condições:
I) Ter três anos da residência no país.
II) Ter por cônjuge uma pessoa que possua a nacionalidade do país de residência. Um
refugiado não poderá invocar o benefício desta disposição no caso de haver abandonado o
cônjuge.
III) Ter um ou vários filhos que possuam a nacionalidade do país de residência.

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teoria e questões
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Questão 24 – CESPE/MPE – RO – Promotor de Justiça – 2013


– questão adaptada
A respeito do direito dos refugiados no Brasil, julgue o item abaixo.
A lei brasileira prevê a possibilidade de que seja reconhecido como refugiado
o indivíduo que, devido a fundados temores de perseguição por motivo de
opinião política, esteja fora de seu país de nacionalidade e tenha praticado
crime de guerra.

Comentários
A assertiva está incorreta. De acordo com a Lei nº 9. 474/97, serão considerados
refugiados no caso se perseguição por opinião política, todavia, não é considerado
assim se tiver praticado crime de guerra. Vejamos o art. 1º da Lei.
Art. 1º Será reconhecido como refugiado todo indivíduo que:
I - devido a fundados temores de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade,
grupo social ou opiniões políticas encontre-se fora de seu país de nacionalidade e não possa
ou não queira acolher-se à proteção de tal país;
II - não tendo nacionalidade e estando fora do país onde antes teve sua residência habitual,
não possa ou não queira regressar a ele, em função das circunstâncias descritas no inciso
anterior;
III - devido a grave e generalizada violação de direitos humanos, é obrigado a deixar seu
país de nacionalidade para buscar refúgio em outro país.

Questão 25 – CESPE/MPE – RO – Promotor de Justiça – 2013


– questão adaptada
A respeito do direito dos refugiados no Brasil, julgue o item abaixo.
Os efeitos da condição dos refugiados estendem-se ao cônjuge
economicamente dependente do refugiado, ainda que se encontre fora do
território nacional.

Comentários
A assertiva está incorreta. A condição de refugiado se estende ao cônjuge, seja
02214600124

ele economicamente dependente ou não. Vejamos o art. 2º, da Lei 9.474.


Art. 2º Os efeitos da condição dos refugiados serão extensivos ao cônjuge, aos ascendentes
e descendentes, assim como aos demais membros do grupo familiar que do refugiado
dependerem economicamente, desde que se encontrem em território nacional.

Questão 26 – CESPE/MPE – RO – Promotor de Justiça – 2013


– questão adaptada
A respeito do direito dos refugiados no Brasil, julgue o item abaixo.
De acordo com o STF, o reconhecimento da condição de refugiado, sendo
ato vinculado, não obsta o seguimento de eventual pedido de extradição
baseado nos fatos que fundamentaram a concessão do refúgio, se esses
fatos estiverem em desacordo com os requisitos previstos em lei.

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Comentários
A assertiva está correta, tendo em vista o Informativo 558 do STF.
INFORMATIVO Nº 558 STF
Ademais, disse que o reconhecimento da condição de refugiado constituiria ato vinculado
aos requisitos expressos e taxativos que a lei lhe imporia como condição necessária de
validade.

Questão 27 – CESPE/MPE – RO – Promotor de Justiça – 2013


– questão adaptada
A respeito do direito dos refugiados no Brasil, julgue o item abaixo.
Cabe recurso administrativo da decisão do Comitê Nacional para os
Refugiados na qual se negue o reconhecimento da condição de refugiado.

Comentários
A assertiva está correta. De acordo com o art. 29, da Lei 9.474/97, em caso de
decisão judicial que negue a condição de refugiado, caberá recurso.
Art. 29. No caso de decisão negativa, esta deverá ser fundamentada na notificação ao
solicitante, cabendo direito de recurso ao Ministro de Estado da Justiça, no prazo de quinze
dias, contados do recebimento da notificação.

Questão 28 – VUNESP/DPE-MS – Defensor Público – 2012 –


questão adaptada
Julgue o item subsequente.
No que se refere ao asilo diplomático, é correto afirmar que ele não impede
a extradição em qualquer hipótese.

Comentários
A assertiva está incorreta, pois o asilo diplomático apenas não impede a
extradição se presentes os princípios para seu deferimento. É o que informa o
art. 17, da Convenção do Asilo Diplomático.
Artigo XVII
02214600124

Efetuada a saída do asilado, o Estado asilante não é obrigado a conceder-lhe permanência


no seu território; mas não o poderá mandar de volta ao seu país de origem, salvo por
vontade expressa do asilado.
O fato de o Estado territorial comunicar à autoridade asilante a intenção de solicitar a
extradição posterior do asilado não prejudicará a aplicação de qualquer dispositivo desta
Convenção. Nesse caso, o asilado permanecerá residindo no território do Estado asilante
até que se receba o pedido formal de extradição, segundo as normas jurídicas que regem
essa instituição no Estado asilante.

Questão 29 – Inédita – 2015


Em relação ao direito de refúgio, julgue o item seguinte:
Não serão beneficiados da condição de refugiado aqueles que cometerem crime conta a paz,
crime de guerra, crime contra a humanidade, crime hediondo e tráfico de drogas.

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Direitos Humanos PM/DF
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Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Comentários
É o que se extrai do art. 3º do Estatuto dos Refugiados:
Art. 3º Não se beneficiarão da condição de refugiado os indivíduos que:
I - já desfrutem de proteção ou assistência por parte de organismo ou instituição das Nações
Unidas que não o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados - ACNUR;
II - sejam residentes no território nacional e tenham direitos e obrigações relacionados com
a condição de nacional brasileiro;
III - tenham cometido crime contra a paz, crime de guerra, crime contra a humanidade,
crime hediondo, participado de atos terroristas ou tráfico de drogas;
IV - sejam considerados culpados de atos contrários aos fins e princípios das Nações Unidas.

Logo, a assertiva está correta.

6 - Lista de Questões de Aula


Questão – CESPE/DPE-PE - Defensor Público - 2015
Com relação aos tratados internacionais de proteção aos direitos humanos,
julgue o próximo item.
A tortura é um crime que viola o direito internacional, porém, em
circunstâncias excepcionais, como em casos de segurança nacional, se
comprovada grave ameaça à segurança pública, pode ser exercida com
limites.

Gabarito: Incorreta

Questão – FUNIVERSA/Secretaria da Criança – DF -


Especialista Socioeducativo - Direito e Legislação - 2015
Acerca da constitucionalização dos direitos humanos, do Estatuto da
Igualdade Racial, do combate ao racismo, da constitucionalização dos
direitos humanos, da proteção a minorias e a demais grupos vulneráveis, da
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra
as Mulheres (CEDAW) e da Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas
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com Deficiência, do combate ao racismo e da Convenção sobre a Eliminação


de Todas as Formas de Discriminação Racial, assinale a alternativa correta.
a) A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
Racial impõe expressamente ao Estado-parte o dever de criminalizar o
discurso do ódio racial e a participação em organizações racistas.
b) O Estatuto da Igualdade Racial, pautado, entre outros, pelos princípios da
inclusão e da igualdade material, parte do pressuposto de que a consecução
de seus objetivos prescinde da instituição de ações afirmativas.
c) A CEDAW é insuscetível de ratificação com reservas.

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Direitos Humanos PM/DF
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d) A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação


Racial não pode ser denunciada pelos Estados-parte que a ratificaram, por
expressa previsão nesse sentido.
e) A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
Racial não prevê a atribuição do Comitê sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação Racial para receber e examinar comunicações de
indivíduos ou grupos de indivíduos sob a jurisdição de Estado-parte, tendo
essa previsão nascido a partir de Protocolo Facultativo à Convenção.

Gabarito: A

Questão – FUNIVERSA/Secretaria da Criança – DF -


Especialista Socioeducativo - Direito e Legislação - 2015
Acerca da constitucionalização dos direitos humanos, do Estatuto da
Igualdade Racial, do combate ao racismo, da constitucionalização dos
direitos humanos, da proteção a minorias e a demais grupos vulneráveis, da
CEDAW, da Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, do combate ao racismo e da Convenção sobre a Eliminação de
Todas as Formas de Discriminação Racial, assinale a alternativa correta.
a) Tratando-se de tratado internacional que versa a respeito dos direitos
humanos, a Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência ostenta hierarquia normativa supralegal, conquanto
infraconstitucional.
b) O órgão do Poder Executivo federal responsável pela promoção da
igualdade racial é a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
(SEPPIR). Entretanto, conforme as atribuições delineadas no Estatuto da
Igualdade Racial, a SEPPIR tem função precipuamente executória, sendo
descabido chamar-lhe de ombudsman da igualdade racial, já que não
desempenha funções de monitoramento e de fiscalização da promoção da
igualdade racial, função que foi atribuída com exclusividade pelo Estatuto a
outro órgão federal.
c) Quando se refere a casamento, a CEDAW não se limita à união entre
02214600124

homem e mulher, fazendo menção a outras entidades familiares, como a


união homoafetiva entre mulheres.
d) A CEDAW veda a adoção de medidas especiais de caráter temporário, a
exemplo das ações afirmativas, por taxá-las de discriminação reversa.
e) O Protocolo Facultativo à CEDAW, que foi ratificado pelo Brasil, permite
que indivíduos que se encontrem sob a jurisdição brasileira apresentem
reclamações, fundadas em graves ou sistemáticas violações da Convenção,
diretamente ao Comitê sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra as Mulheres.

Gabarito: E

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Questão - OAB/FGV - XVII Exame de Ordem - 2015


Segundo dados do CONARE (Comitê Nacional para os Refugiados), o Brasil
possuía, no fim de 2014, 6.492 refugiados de 80 nacionalidades. Como é
sabido, o Brasil ratificou a Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto
dos Refugiados, assim como promulgou a Lei nº 9.474/97, que define os
mecanismos para a implementação dessa Convenção.
Assinale a opção que, conforme a lei mencionada, define a condição jurídica
do refugiado no Brasil.
a) Possui os direitos e deveres dos estrangeiros no Brasil, bem como direito
a cédula de identidade comprobatória de sua condição jurídica, carteira de
trabalho e documento de viagem.
b) Está sujeito aos deveres dos estrangeiros no Brasil e tem direito a
documento de viagem para deixar o país quando for de sua vontade.
c) Sendo acolhido como refugiado, tem todos os direitos previstos no seu
país de origem, mas deve acatar os deveres impostos a todos os brasileiros.
Também tem direito à cédula de identidade.
d) Possui os direitos e deveres dos estrangeiros no Brasil, bem como direito
a cédula de identidade comprobatória de sua condição jurídica, carteira de
trabalho, documento de viagem e título de eleitor.

Gabarito: B

7 - Resumo
Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas
as Formas de Discriminação Racial
INTRODUÇÃO
 O princípio da igualdade era genérico, não considerando as pessoas em suas
especificidades. Assim, percebeu-se que assegurar a igualdade formal não
era suficiente para que as pessoas tivessem respeitados suas diferenças e
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particularidades. A igualdade material pressupõe a individualização do


sujeito. Vale dizer, consiste em considerar a pessoa nas suas relações concretas,
assimilando suas diferenças.

•Considera todas as pessoas abstratamente iguais.


IGUALDADE FORMAL •Declaração Internacional de Direitos.

•Considera as pessoas iguais tendo em vista suas


IGUALDADE MATERIAL condições de vulnerabilidade.
•Convenções específicas.

A CONVENÇÃO

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1966 1968 1968 1968


•assinatura da •aprovação no •depósito do •promulgação
Convenção Congresso Pacto na ONU no direito
Internacional Nacional interno pelo
sobre a Decreto
Eliminação de 65.810/68
todas as
Formas de
Discriminação
Racial

 precedentes históricos:

ingresso de 17 novos países africanos nas Nações Unidas de


PRECEDENTES
HISTÓRICOS

1960.

Primeira Conferência de Cúpula dos Países Não Aliados, em 1961.

ressurgimento de atividades nazifacistas na Europa e as


preocupações ocidentais com o antissemitismo.

 No preâmbulo da Convenção, tratou-se de repudiar toda e qualquer


acepção fundada numa suposta superioridade étnica, que é destituída de
fundamentação científica, moralmente inaceitável e socialmente injusta e
perigosa. Além disso, percebe-se, a nítida preocupação com a urgência em
serem adotadas as medidas para reprimir eventuais violações por
questões raciais e para criar mecanismos positivos de superação desta mazela.

eliminação de todas as formas de


OBJETIVO CENTRAL discriminação racial

 Os Estados-parte na Convenção obrigam-se, progressivamente, a eliminar a


discriminação racial, assegurando a efetiva igualdade substancial, de forma que
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os direitos civis e políticos, bem como os direitos sociais, econômicos e culturais


sejam assegurados a qualquer etnia, sem quaisquer formas de discriminação.
 Vertentes de atuação do Estado:

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•Proíbe-se qualquer forma de discriminação racial.


VERTENTE REPRESSIVO-
•Criam-se tipos penais para quem causar
PUNITIVA discriminação racial.

•promoção de políticas públicas compensatórias que


VERTENTE PROMOCIONAL levem á igualdade substancial
•ações afirmativas

DIREITOS ALBERGADOS

DIREITOS RECONHECIDOS NA CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A ELIMINAÇÃO


DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL

 tratamento igual perante os tribunais;


 direito a segurança da pessoa ou à proteção do Estado contra violência ou lesão
corporal;
 direitos políticos, incluindo a capacidade eleitoral ativa (votar) e passiva (ser votado)
em igualdade de condições;
 direitos civis, destacando-se:
o liberdade de ir e vir;
o direito de deixar o pais e de retornar;
o direito a uma nacionalidade;
o direito de casar-se e escolher o cônjuge;
o direito à propriedade;
o direito à herança;
o liberdade de pensamento, de consciência e de religião;
o liberdade de opinião e de expressão; e
o liberdade de reunião e de associação pacífica;
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 direitos econômicos, sociais e culturais, destacando-se:


o direitos ao trabalho;
o direito de fundar sindicatos e a eles se filiar;
o direito à habitação;
o direito à saúde pública, a tratamento médico, à previdência social e aos serviços
sociais;
o direito a educação e à formação profissional;
o direito a igual participação das atividades culturais; e
o direito de acesso a todos os lugares e serviços destinados ao uso do público.

MECANISMOS DE FISCALIZAÇÃO

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 Instituiu o Comitê sobre a Eliminação da Discriminação Racial ao qual


compete a coordenação e a organização das diferentes formas adotadas para
fiscalizar o cumprimento das prescrições constantes do documento internacional.
 O Comitê é formado por 18 peritos, escolhidos pelos Estados-parte para
mandato de 4 anos, que atuarão a título individual, ou seja, não representam
o Estado-parte do qual são nacionais.
 São três os mecanismos utilizados: relatórios, comunicações
interestatais e petições individuais.

Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de


Discriminação contra Mulher
INTRODUÇÃO

1979 1984 2002 2002


•assinatura da •primeira •nova •promulgação
Convenção promulgação promulgação, no direito
Internacional em decreto com retirada interno do
sobre a interno pelo das reservas, Protocolo
Eliminação de Decreto nº pelo Decreto Facultativo
todas as 84.460/84 nº 4.377/2002. pelo Decreto
Formas de nº 4.316/2002
Discriminação
contra a
mulher

 a Convenção deve ser interpretada no sentido de que os parâmetros ali


definidos constituem um rol protetivo mínimo às mulheres, que
historicamente apresentam-se vulneráveis.
 conceito de discriminação social, que é trazido pelo artigo 1º, da
Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a
Mulher.

Discriminação contra a mulher constitui qualquer ato que tenha


CONCEITO direta ou indiretamente o objetivo de cercear os direitos
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humanos de primeira e de segunda dimensão.

 Para a eliminação dessas discriminações os Estados-parte assumem dupla


obrigação. Primeiro a de eliminar a discriminação contra a mulher. Segundo
a de assegurar a igualdade material entre homens e mulheres.
 Portanto combina-se a proibição da discriminação com políticas
compensatórias. Alia-se à vertente repressivo-punitiva a vertente positivo-
promocional. Nesse contexto, a autora relata que a Convenção impõe a obrigação
de assegurar que as mulheres tenham uma igualdade formal perante a lei e
reconhece que medidas temporárias de ação afirmativa são necessárias em
muitos casos, para que as garantias de igualdade formal se transformem em
realidade.

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 Para implementar a não-discriminação à mulher, a Convenção arrola diversas


obrigações imputadas aos Estados-parte, em especial:
o A necessidade de que o Texto Constitucional dos Estados-parte
contenha regra prevendo a garantia de igualdade entre homens e
mulheres;
o A adoção de medidas punitivas no âmbito interno de cada país que
proíbam qualquer forma de discrimina ção contra a mulher;
o A garantia de proteção jurídica efetiva contra todo ato discriminatório
à mulher;
o O dever de abstenção do Estado de incorrer em discriminação à
mulher, seja, por meio de atos ou por leis;
o O dever dos Estados-parte de revogar legislações discriminatórias às
mulheres; e
o O dever de adoção de ações afirmativas visando à igualdade em
sentido material, em decorrência da vulnerabilidade histórica das
mulheres.
DIREITOS ALBERGADOS

DIREITOS RECONHECIDOS NA CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS


FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER

• igualdade de direitos entre homem e mulher;


• não-discriminação em decorrência da diferença de sexos;
• vedação ao tráfico de mulheres e da exploração de prostituição;
• vedação à discriminação da mulher na vida política e pública (direito de votar, ser
votada e de participar das políticas públicas);
• direitos iguais de nacionalidade em relação ao homem;
• direitos iguais em relação à educação e instrução;
• direitos iguais na relação de emprego;
• proteção à gravidez e à maternidade; e
• vedação à discriminação contra a mulher no casamento e nas relações familiares.
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Direitos Políticos

DIREITOS POLÍTICOS

•capacidade eleitoral ativa (direito de votar);


•capacidade eleitoral passiva (direito de ser votado);
•participação na formulação de políticas públicas; e
•participação em organizações e associações que se ocupem de questões
públicas e políticas.

Direitos de Nacionalidade

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DIREITOS DE NACIONALIDADE

•Assegura-se a igualdade em relação aos homens para as regras de aquisição,


mudança e alteração da nacionalidade; e
•O casamento com pessoa estrangeira não implica a mudança de nacionalidade, a
adoção da nacionalidade do conjuge ou a condição de apátrida.

Direitos Trabalhistas

direito ao trabalho

mesmas oportunidades

liberdade de escolha da profissão


não discriminação da
mulher nas relações de salário equitativo
emprego
seguridade social

proteção por meio de regras de saúde e


DIREITO DO segurança no trabalho
TRABALHO
vedação à demissão injustificada durante a
gravidez;

licença-maternidade;
proteção à gestação e
proteção especial às mulheres durante a
à maternidade
gravidez

fornecimento de serviços sociais de apoio


para permitir que os pais combinem o
trabalho com a criação dos filhos

MECANISMOS DE FISCALIZAÇÃO
 A Convenção prevê o Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra
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a Mulher, que será composto por 23 peritos, indicados e eleitos, em votação


secreta pelos Estados-parte, para um mandato de 4 anos.
 No que tange aos mecanismos de fiscalização, a Convenção prevê tão somente
o mecanismo de relatórios, os quais deverão ser encaminhados a cada 4 anos
e sempre que o Comitê solicitar.
 Além desse mecanismo originário, o Protocolo Facultativo à Convenção
sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher
trouxe outros dois mecanismos de fiscalização: petições individuais e as
investigações in loco.
Em suma, sobre os mecanismos de fiscalização devemos lembrar:

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RELATÓRIOS
•Previstos originariamente no texto da Convenção.
•Os Estado-parte deverão a cada 4 anos e sempre que solicitado pelo Comitê enviar
relatório apresentando as medidas de promoção dos direitos assegurados no Pacto

PETIÇÕES INDIVIDUAIS
•Previstas no Protocolo Facultativo.
•Instrumento pelo qual a vítima de direitos humanos aciona o Comitê para análise e
processamento do Estado violador

INVESTIGAÇÕES IN LOCO

•Previstas no Protocolo Facultativo.


•Em caso de grave ou sistemáticas de Direitos Humanos, é possível ao Comitê, após
autorização do Estado-parte, enviar pessoa para investigar in loco a violação denunciada.

Refugiados
REFÚGIO
 Asilo e refúgio são instituto de caráter humanitário que têm como objetivo a
proteção da pessoa em razão de uma perseguição. São institutos que se
complementam na proteção à pessoa humana.
 Em nosso ordenamento o refúgio é disciplinado pela Lei nº 9.474/1997
(Estatuto dos Refugiados). Na ceara internacional, o principal documento relativo
à matéria é a Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951.
 O refúgio é concedido ao imigrante por fundado temor de perseguição
por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões
políticas. Trata-se de um instituto apolítico, que não depende do princípio da
reciprocidade para ser aceito. Dessa forma, entende-se que o refúgio é um
instituto convencional e de caráter universal.
CONVENÇÃO RELATIVA AO ESTATUTO DOS REFUGIADOS
 A Convenção foi concluída em Genebra no ano de 1951 sendo adotada pela nº
429 da Assembleia Geral das Nações Unidas. Como dissemos, inicialmente, a
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Convenção continha limitação temporal e geografia.

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somente para os
LIMITAÇÃO TEMPORAL refugiados até
01.01.1951

LIMITAÇÃO somente para os


GEOGRÁFICA refugiados europeus

 Internamente, tanto a Convenção como o Protocolo facultativos foram


internalizados.

Convenção relativa ao Estatuto dos Protocolo à Convenção relativa ao Estatuto


Refugiados dos Refugiados

 Aprovada pelo Decreto Legislativo nº 93/1971


 Aprovada pelo Congresso Nacional pelo
Decreto Legislativo nº 11/1960.  Promulgada pelo Decreto nº 70.946/1972,
combinada com o Decreto nº 99.757/1990, que
 Promulgada pelo Decreto nº
retirou algumas reservas anteriores ao
50.215/1961
documento.

 À luz da Convenção e do Protocolo, nos respetivos arts. 1º, pode-se definir


refugiado como:

pessoa que é perseguida ou tem fundado temor de


perseguição, por motivos de raça, religião, nacionalidade,
grupo social ou opiniões políticas e encontra-se fora do
REFUGIADO
país de sua nacionalidade ou residência e que não pode
ou não quer voltar a tal país em virtude da perseguição
ou fundado temor de perseguição.

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 existem algumas situações elencadas em que o refúgio poderá cessar.

A PROTEÇÃO DO REFÚGIO PODER CESSAR

•a pessoa recuperou a nacionalidade voluntariamente ou voltou a se valer da


proteção do país de que é nacional;
•adquiriu nova nacionalidade e, consequentemente, a proteção do país cuja
nacionalidade adquiriu;
•voltou a estabelecer-se, voluntariamente, no país que abandonou;
•se deixaram de existir as circunstâncias em consequência das quais a pessoa
foi reconhecida como refugiada.

 Deveres dos Estados:

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não discriminação
DEVERES DO
ESTADO QUE
RECEBE
REFUGIADOS
igual tratamento aos
nacionais

 São previstos também direitos trabalhistas aos refugiados, conforme esquema


abaixo, que sintetiza os principais direitos laborais.

DIREITO DO TRABALHO

•remunerados segundo mesmo tratamento dispensado ao estrangeiro


•mesmo tratamento conferido aos estrangeiros para o exercício de atividades
remuneradas
•no que diz respeito às profissões não assalariadas na agricultura, na indústria, no
artesanato, no comércio e para instalação de firmas comerciais e industriais,
também deve ser concedido tratamento favorável ou não menos favorável que o
concedido ao estrangeiro.
•para o exercício das profissões liberais os refugiados terão tratamento tão
favorável quanto possível e não menos favorável ao que é dado a estrangeiros,
desde que possuam diplomas reconhecidos pelas autoridades competentes do
Estado.

 Outras prerrogativas importantes são conferidas aos refugiados:


 assistência administrativa para o exercício de direitos que normalmente
exigem assistência estrangeira;
 receber do Estado documento de identidade, caso não o possua;
 documentos de viagem para que possam viajar para fora do território;
 liberdade para escolherem sua residência e circularem no território
livremente.
 Importante regra contida na Convenção é a que consagrada o princípio da
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proibição do rechaço (princípio do non-refoulement).

PRINCÍPIO DO NON-
REFOULEMENT (PROIBIÇÃO
DO RECHAÇO)

refugiado não poderá ser expulso ou rechaçado por razões de raça,


religião, nacionalidade, grupo social a que pertença ou opiniões políticas

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 Esse princípio, contudo, não poderá ser invocado nas hipóteses do art. 33 da
Convenção.

NÃO É INVOCÁVEL O PRINCÍPIO DO NON-


REFOULEMENT

•perigo à segurança do país


•for condenado definitivamente por um crime ou delito particularmente grave
•constitua ameaça para a comunidade do país no qual ele se encontre

DIREITO AO ASILO
 O asilo constitui um instituto político, não sujeito ao princípio da
reciprocidade. Do mesmo modo, o asilo constitui um ato unilateral discricionário
de natureza constitutiva.
 Para que o sujeito tenha direito ao asilo político, não basta o mero temor, a
perseguição deve ser individualizada de natureza política. É uma perseguição
concreta, isto é, efetiva. Não basta o temor da perseguição, o medo de ser
perseguido. Em que pese a perseguição deva ser de individualizada, não impede
que seja concedido à família da pessoa afetada.
COMITÊ NACIONAL PARA OS REFUGIADOS
 Primeiramente devemos determinar quem é o refugiado para o ordenamento
brasileiro. A Lei nº 9.474/97 traz esse conceito:
SERÁ RECONHECIDO COMO REFUGIADO TODO

devido a fundados temores de perseguição por motivos


de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões
políticas encontre-se fora de seu país de nacionalidade e
não possa ou não queira acolher-se à proteção de tal
país
INDIVÍDUO QUE

não tendo nacionalidade e estando fora do país onde


antes teve sua residência habitual, não possa ou não
queira regressar a ele, em função das circunstâncias
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descritas no inciso anterior

devido a grave e generalizada violação de direitos


humanos, é obrigado a deixar seu país de nacionalidade
para buscar refúgio em outro país

Condição Jurídica de Refugiado


 Quem se enquadrar no conceito acima, de refugiado, terá em benefício as
proteções da lei nº 9.474/1997. Paralelamente, o refugiado deverá observar a

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legislação interna, tal como as demais pessoas que integram a população


brasileira.
Entre esses direitos e deveres do qual gozará o refugiado, destaca-se o direito a:
 cédula de identidade comprobatória da condição jurídica de refugiado;
 carteira de trabalho; e
 documento de viagem.
CONARE
 O CONARE - Comitê Nacional para os Refugiados - é o órgão que faz parte da
estrutura organizacional do Ministério da Justiça.
 O Comitê é um órgão colegiado, composto por representantes dos seguintes
órgãos:

COMPOSIÇÃO DO CONARE

•Ministério da Justiça, que o preside


•Ministério das Relações Exteriores, que exerce a Vice-Presidência
•Ministério do Trabalho e do Emprego;
•Ministério da Saúde
•Ministério da Educação
•Departamento da Polícia Federal
•Organização não-governamental, que se dedica a atividade de assistência e de
proteção aos refugiados no País
•Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados – ACNUR, com direito a
voz, sem voto

 Além disso, no próprio site do Ministério da Justiça, podemos encontrar as


finalidades do CONARE, as quais podemos resumir nas seguintes:

FINALIDADE DO CONARE

•analisar o pedido sobre o reconhecimento da condição de refugiado


•deliberar quanto à cessação “ex officio” ou mediante requerimento das
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autoridades competentes, da condição de refugiado;


•declarar a perda da condição de refugiado
•orientar e coordenar as ações necessárias à eficácia da proteção, assistência,
integração local e apoio jurídico aos refugiados, com a participação dos
Ministérios e instituições que compõem o Conare
•aprovar instruções normativas que possibilitem a execução da Lei nº 9.474/97

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8 - Considerações Finais
Com isso chegamos ao final da quarta aula do Curso. Foi uma aula mais tranquila,
na qual analisamos documentos internacionais do Sistema Global, que
representam a proteção internacional dos grupos vulneráveis.
Na próxima aula daremos sequência aos nossos estudos dos grupos vulneráveis.
Até lá.
Um forte abraço e bons estudos a todos!
Ricardo Torques
ricardotorques@estrategiaconcursos.com.br
https://www.facebook.com/direitoshumanosparaconcursos

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