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11º

Ano

Projeto Individual de
Leitura
Literatura Portuguesa

Inês Ramos
Professora Fernanda Freitas
11º Ano

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ÍNDICE

Conhecimento do Passado Histórico ............................................................................................ 2


25 de abril ................................................................................................................................. 2
Estado Novo.............................................................................................................................. 3
A Assembleia Nacional na Constituição de 1933 ..................................................................... 3
O partido único durante o Estado Novo ................................................................................. 4
Descolonização.......................................................................................................................... 5
DESCOLONIZAR – AS INDEPENDÊNCIAS DE NOVOS PAÍSES ............................................. 5
Democracia ............................................................................................................................... 6
Como era viver em ditadura, privado de direitos e liberdades fundamentais? ........................... 8
As mudanças registadas de 1974 à atualidade ............................................................................. 9
Biografia de Manuel Alegre......................................................................................................... 10
Trova do Vento que Passa ...................................................................................................... 12
Abril de sim Abril de não ........................................................................................................ 15
A arte de Álvaro Cunhal .............................................................................................................. 16
Cartazes antes e depois do 25 de abril ....................................................................................... 17
Entrevista a Poças Falcão e Torcato Ribeiro ............................................................................... 18
Reflexão pessoal sobre este período .......................................................................................... 20
Bibliografia .................................................................................................................................. 21
Fotografias............................................................................................................................... 21
Textos informativos................................................................................................................. 21

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Conhecimento do Passado Histórico

25 de abril
O Dia da Liberdade é comemorado em Portugal a 25 de abril.
Este é um dos 13 feriados nacionais obrigatórios.
A data celebra a revolta dos militares portugueses que a 25 de abril de 1974 levaram a
cabo um golpe de Estado militar, pondo fim ao regime ditatorial do Estado Novo. Este
havia sido liderado por António de Oliveira Salazar, que governou Portugal desde 1933
até 1968.
O Movimento das Forças Armadas, composto por militares que haviam participado na
Guerra Colonial e por estudantes uni-
versitários, teve o apoio da população
portuguesa. O exército depôs o presi-
dente Marcelo Caetano sem violência
e este exilou-se no Brasil, onde fale-
ceu em 1980.
Vitoriosos, os revolucionários conse-
guiram a implantação do regime de-
mocrático e a instauração da nova Constituição Portuguesa, a 25 de abril de 1976, de
forma pacífica.
O símbolo do dia 25 de abril é o cravo, a flor que a população colocou nas armas dos
militares nesse dia.
Após a revolução foi criada a Junta de Salvação Nacional que nomeou António de Spí-
nola como Presidente da República e Adelino da Palma Carlos como Primeiro-Ministro.
Os dois anos seguintes foram de grande agitação social, período que ficou conhecido
por PREC (Processo Revolucionário em Curso).
Desta forma, o dia 25 de abril é conhecido como o Dia da Liberdade em Portugal e o
dia da Revolução dos Cravos, sendo um feriado nacional onde se recorda a importância
da liberdade no país.

2
Estado Novo
Entre 1926 e 1935 dá-se o início da primeira legislatura da Assembleia Nacional do
Estado Novo - a ideia de Parlamento, enquanto órgão de soberania, não conste das
prioridades políticas do poder.

A Assembleia Nacional na Constituição de 1933

A Constituição de 1933 foi plebiscitada a partir de um projeto de Constitui-


ção concebido e elaborado pelo Presidente do Conselho de Ministros, António de Oli-
veira Salazar, coadjuvado por um pequeno grupo de colaboradores.
A primeira Assembleia Nacional foi eleita em 1934 por sufrágio direto dos cidadãos
maiores de 21 anos ou emancipados. Os analfabetos só podiam votar se pagassem
impostos não inferiores a 100$00 e as mulheres eram admitidas a votar se possuidoras
de curso especial, secundário ou superior. O direito de voto às mulheres já fora ex-
pressamente reconhecido pelo decreto 19/894 de 1931, embora com condições mais
restritas que as previstas para os homens.

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É na I Legislatura da Assembleia Nacional que encontrámos, pela primeira vez, três
mulheres deputadas. A Assembleia Nacional, prevista nesta Constituição, tinha estru-
tura monocameralista. Existia também a Câmara Corporativa, que era um órgão de
consulta, embora se tivesse transformado num importante centro de grupos de pres-
são, representando interesses locais e socioeconómicos. O poder legislativo é atribuído
exclusivamente à Assembleia Nacional, embora essa atividade legislativa se devesse
restringir à aprovação das bases gerais dos regimes jurídicos, permitindo-se que o go-
verno legislasse no uso de autorizações legislativas ou "nos casos de urgência e neces-
sidade pública", devendo, o governo apresentar o decreto-lei à Assembleia, para ratifi-
cação, nas cinco primeiras sessões após a sua publicação. É o Presidente da República
que dá à Assembleia Nacional poderes constituintes para esta proceder às revisões
constitucionais, podendo inclusive indicar as matérias a rever, "quando o bem público
imperiosamente o exigir", é também ao Chefe de Estado que compete em exclusivo a
nomeação da atividade do Governo. A Assembleia Nacional reuniria pela última vez,
sem quórum, na manhã de 25 de Abril de 1974, data do derrube do Estado Novo pelo
Movimento das Forças Armadas.

O partido único durante o Estado Novo

As dificuldades do regime vinham sendo agravadas com o problema colonial, sobretu-


do desde 1961, tendo o serviço militar obrigatório sido progressivamente alargado
para um mínimo de dois anos
de permanência na guerra nas
colónias africanas.
Em 1968, na sequência da que-
da de Salazar de uma cadeira,
que o deixa mentalmente di-
minuído, Marcelo Caetano é
nomeado para a Presidência do Conselho de Ministros, passando o partido único a ser
designado por Ação Nacional Popular.
Nas eleições de 1969 para a Assembleia Nacional, Marcelo Caetano pretende revitali-
zar a Ação Nacional Popular e ensaiar uma relativa mudança no regime, permitindo a

4
concorrência de comissões eleito-
rais da oposição, sem contudo
autorizar a constituição de parti-
dos, nem atualizar os cadernos
eleitorais e restringindo a campa-
nha eleitoral apenas a um mês
antes das eleições. Nas listas do partido único foram incluídas algumas personalidades
independentes que viriam a enquadrar a chamada "ala liberal" da Assembleia Nacio-
nal. Estas iniciativas evidenciaram a rigidez do regime e a sua incapacidade de abertura
e renovação.
Em 25 de Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas, com imediata e vastíssima
adesão popular, punha fim ao regime do Estado Novo que dominara o país durante
quase meio século.

Descolonização
Durante o ano de 1974, apenas havia sido formalmente reconhecida a independência
do território de Guiné Bissau a 10 de setembro de 1974 e Goa, Damão e Diu como ter-
ritórios pertencentes à Índia. A independência dos restantes territórios ocorreu em
1975: Moçambique a 25 de junho, Cabo Verde a 5 de julho, São Tomé e Príncipe a 12
de julho e Angola a 11 de novembro. O território de Timor Leste viu reconhecida a in-
dependência a 28 de novembro, tendo sido dominado pela Indonésia até 2002.

DESCOLONIZAR – AS INDEPENDÊNCIAS DE NOVOS PAÍSES

➢ Independência de Moçambique
Relativamente a Moçambique, o Acordo de Lusaca, foi assinado no dia 7 de Se-
tembro de 1974, por Portugal e pela FRELIMO.

➢ Independência de Cabo Verde


A independência de Cabo Verde foi proclamada no dia 5 de julho de 1975. Apesar
da luta pela independência da Guiné Bissau e de Cabo Verde ter sido conduzida

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pelo mesmo partido e do papel decisivo de cabo-verdianos na luta travada na Gui-
né, os dois Estados acederam à independência em datas e em condições distintas.

➢ Independência de São Tomé e Príncipe


Uma semana depois da independência de Cabo Verde, a 12 de julho, também São
Tomé e Príncipe se torna independente. O acordo entre Portugal e o Movimento
de Libertação de São Tomé e Príncipe para a independência tinha sido assinado
em 26 de novembro de 1974, em Argel. Manuel Pinto da Costa assumiu a presi-
dência do país. O partido que a reivindicava resumia-se a um pequeno conjunto de

quadros reunidos no MLSTP e instalados no exterior.

Democracia
Em 25 de Abril de 1974 ocor-
reu em Portugal uma revolu-
ção que teve como propósito
pôr fim ao regime político di-
tatorial até aí vigente, apoiado
pela Constituição de 1933 e
instaurar um regime político
democrático. Consolidada a
vitória, em 25 de Abril de 1975 ocorreram, pela primeira vez em Portugal, eleições por
sufrágio direto e universal, para eleição de uma Assembleia Constituinte cuja tarefa,
atribuída pelos cidadãos eleitores, foi a de criar uma nova Constituição da República
Portuguesa, que refletisse os ideais que inspiraram a revolução, nomeadamente, os
conceitos de Estado de Direito, de Estado Social garantidor dos direitos fundamentais
dos cidadãos, e ancorado num regime político democrático. A nova Constituição en-
trou em vigor em Abril de 1976. Esta rotura constitucional teve reflexos muito impor-
tantes na sociedade portuguesa, permitiu a legalização de partidos políticos, que até aí
viviam na clandestinidade, a Assembleia Constituinte eleita refletiu já o pluripartida-
rismo ideológico que a nova Constituição veio consagrar bem como o pluralismo insti-
6
tucional, o catálogo de direitos fundamentais foi alargado aos direitos sociais em sen-
tido amplo, e é esta interligação entre a transição constitucional e a proteção dos di-
reitos fundamentais que nos propomos aflorar.

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Como era viver em ditadura, privado de
direitos e liberdades fundamentais?
Hoje comemora-se o 25 de Abril, aquela que foi a grande revolução portuguesa, a Re-
volução do Cravos. O golpe militar veio pôr fim à ditadura do Estado Novo e trouxe
consigo a democracia.
Já não sabemos o que é viver sem ser em liberdade, mas é importante relembrar, prin-
cipalmente neste dia. Antes de 1974 não havia turmas mistas e meia dúzia de pessoas
não se podiam juntar para discutirem ideias. Ficam aqui seis coisas que não podiam ser
feitas antes da Revolução:
1- Rapazes para um lado e raparigas para outro. As crianças tinham de usar fardas e
eram separadas por género. E, por vezes, as raparigas iam à escola na parte da manhã
e os rapazes da parte da tarde;
2- Não havia liberdade de expressão. Não se podia dizer mal do Governo, nem dar a
entender alguma opinião contrária. Tudo passava pelo rigoroso ‘lápis azul’ da censura
e era comum livros, músicas, desenhos e notícias serem apreendidos por porem em
causa a ordem pública;
3- Não havia direito ao voto livre. E as mulheres só podiam votar se tivessem o ensino
secundário;
4- Enfermeiras, telefonistas e hospedeiras da TAP não se podiam casar, e as professo-
ras tinham de ter uma autorização especial. Já para saírem sozinhas do país, todas as
mulheres casadas precisavam da autorização do marido;
5- Não era permitido grupos de pessoas juntarem-se para falar ou a discutir idei-
as. Muito menos podiam existir associa-
ções ou reuniões;
6- Não era permitido festejar o Dia do
Trabalhador. No ano de 1974, já em liber-
dade, houve várias celebrações populares
por todo o país. Só em Lisboa mais de um
milhão de pessoas saíram à rua.

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As mudanças registadas de 1974 à atualidade
➢ Antes do 25 de Abril de 1974 havia uma guerra colonial com soldados no terreno.
Nós éramos o império e combatíamos os que se queriam libertar. Agora, a única
guerra colonial em curso é sobre a propriedade dos bancos e a colónia somos nós;
➢ Antes do 25 de Abril de 1974 não havia liberdade de expressão, nem de reunião,
nem de associação. Agora há e as pessoas preferem o ‘Correio da Manhã’ para sa-
ber o que se passa; gostam de se reunir virtualmente através de computadores
e smartphones e associam-se em grupos de lesados da Banca;
➢ Antes do 25 de Abril de 1974 não havia propriamente eleições nem direito voto
livre. Agora a maioria das pessoas tem esse direito, mas não vota;
➢ Antes do 25 de Abril de 1974 havia presos políticos. Agora só há políticos presos;
➢ Antes do 25 de Abril de 1974 não havia acesso à saúde nem à educação nem às
reformas e as pessoas não protestavam. Agora há acesso à Saúde e Educação e as
pessoas protestam;
➢ Antes do 25 de Abril de 1974 a emigração era muito grande. Agora também, mas
são os licenciados, sobretudo, que partem;
➢ Antes do 25 de Abril de 1974 havia tortura. Agora há programas de manhã nas te-
levisões;
➢ Antes do 25 de Abril de 1974 não havia liberdade de criação artística. Agora há,
mas é pouco praticada;
➢ Antes do 25 de Abril de 1974 não se podia dizer mal do Governo, mas devia-se di-
zer mal da oposição. Agora os portugueses dizem mal do Governo, mas também
dizem mal da oposição.

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Biografia de Manuel Alegre
Manuel Alegre de Melo Duarte nasceu a 12 de Maio de 1936, em Águeda. Estudou
Direito na Universidade de Coimbra, onde foi um ativo dirigente estudantil. Apoiou a
candidatura do General Humberto Delgado.
Foi fundador do CITAC – Centro de Iniciação
Teatral da Academia de Coimbra, membro
do TEUC – Teatro de Estudantes da Univer-
sidade de Coimbra. Dirigiu o jornal A Briosa,
foi redator da revista Vértice e colaborador
de Via Latina.
A sua tomada de posição sobre a ditadura e a guerra colonial levam o regime de Sala-
zar a chamá-lo para o serviço militar em 1961, sendo colocado nos Açores. Em 1962 é
mobilizado para Angola, onde dirige uma tentativa pioneira de revolta militar. É preso
pela PIDE em Luanda, em 1963, durante 6 meses. Na cadeia, conhece escritores ango-
lanos como Luandino Vieira, António Jacinto e António Cardoso. Colocado com resi-
dência fixa em Coimbra, acaba por passar à clan-
destinidade e sair para o exílio em 1964.
Passa dez anos exilado em Argel, onde é dirigente
da Frente Patriótica de Libertação Nacional.
Regressa finalmente a Portugal em 2 de Maio de
1974, dias após o 25 de Abril.
Entra no Partido Socialista onde, ao lado de Mário Soares, promove as grandes mobili-
zações populares que permitem a consolidação da democracia e a aprovação da Cons-
tituição de 1976, de cujo preâmbulo é redator.
Em 2005, candidatou-se à Presidência da República, como independente e apoiado por
cidadãos, tendo obtido mais de 1 milhão de votos nas eleições presidenciais de 22 de
Janeiro de 2006, ficando em segundo lugar e à frente de Mário Soares. Em Abril de
2010, a Universidade de Pádua inaugura a Cátedra Manuel Alegre, destinada ao estudo
da Língua, Literatura e Cultura Portuguesas. Em novembro de 2016, Manuel Alegre foi
eleito sócio efetivo da Academia das Ciências, na Classe de Letras, 1ª Secção – Literatu-
ra e Estudos Literários.

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Manuel Alegre tem sido distinguido por inúmeras condecorações e medalhas. Em 2017
recebeu o Prémio Camões e foi doutorado "honoris causa" pela Universidade de Pá-
dua.

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Trova do Vento que Passa
1ª Estrofe
O poeta questiona o vento que
Pergunto ao vento que passa
surge personificado (interlocu-
notícias do meu país tor). Porém, este não recebe
nenhuma resposta, pois o ven-
anáfora e o vento cala a desgraça
to está proibido de responder.
o vento nada me diz.
2ª Estrofe
Há novamente uma questão,
Pergunto aos rios que levam agora dirigida aos rios. Está
metáfora presente uma metáfora, reme-
tanto sonho à flor das águas
tendo para o facto de os rios
e os rios não me sossegam “levarem” os sonhos das pes-
soas e deixarem sofrimento.
repetição levam sonhos deixam mágoas.
3ª Estrofe

Levam sonhos deixam mágoas Questiona-se o rumo que o


país vai levar, sendo que não
ai rios do meu país apóstrofe há resposta porque ninguém
minha pátria à flor das águas sabe.

para onde vais? Ninguém diz. 4ª Estrofe


símbolo de esperança
O poeta refere o trevo, como
um símbolo de sorte e de es-
Se o verde trevo desfolhas
perança. Este morre pelo seu
pede notícias e diz país, na esperança de alcançar
algo positivo.
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país. 5ª Estrofe
A expressão “vai de olhos no
chão”, remete para uma atitu-
forma de medo
Pergunto à gente que passa de de submissão, de quem não
aceita a realidade.
por que vai de olhos no chão.
Silêncio – é tudo o que tem 6ª Estrofe

quem vive na servidão. Toda esta estrofe é uma antí-


tese, onde os dois primeiros
versos referem-se à liberdade,
Vi florir os verdes ramos e os outros dois, à submissão.
liberdade
antítese direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos submissão
vi sempre os ombros curvados.

12
E o vento não me diz nada 13ª7ªEstrofe
Estrofe
personificação
ninguém diz nada de novo. A noite
Não háestánenhuma
representada
resposta
como
o terror,
por parte
o sofrimento
do vento, e o medo
que
Vi minha pátria pregada
quesurge
os portugueses
personificado. sofriam
O poe-na
nos braços em cruz do povo. altura.
ta relata que vê o seu país
Sofrimento, dor em sofrimento e dor.
14ª Estrofe
Vi meu poema na margem 8ª Estrofe
Apesar de todo aquele infortú-
dos rios que vão pró mar
nio,O há
sujeito
quempoético
tenha demons-
esperança
como quem ama a viagem censurado de tra
mudar
ter oconsciência
país. e co-
anáfora
mas tem sempre de ficar. Como
nhecimento
diz o provérbio:
do contexto
“A espe-
rança
sócio
é sempre
políticoa da
última
altura.
a mor-
O
rer”.
mesmo vê o seu poema “na
Vi navios a partir margem”, ou seja, a não
15ªser
Estrofe
aceite.
(Portugal à flor das águas)
poema
vi minha trova florir “Mesmo na noite mais tris-
9ª Estrofe
(verdes folhas verdes mágoas). te/em tempo de servidão”, há
Esta lute,
estrofe
quem para refere-se
reivindicar àos
fuga de pessoas para fora
seus direitos.
Sentido de esperança de Portugal e ao sentido de
esperança do poema.
Há quem te queira ignorada trova,
excluída e 10ª Estrofe
e fale pátria em teu nome.
esquecida
Eu vi-te crucificada Alusão às consequências da
ditadura. Para além do so-
nos braços negros da fome.
frimento, havia escassez de
consequências da ditadura alimento.
E o vento não me diz nada
11ª Estrofe
só o silêncio persiste.
sem evolução O país estava estagnado a
Vi minha pátria parada todos os níveis: social, eco-
à beira de um rio triste. nómico e industrial, em
seguimento do comparação aos restantes
silêncio e do países da Europa.
Ninguém diz nada de novo
medo, não há
12ª Estrofe
se notícias vou pedindo liberdade de
nas mãos vazias do povo expressão Continuação do medo, do
silêncio e da falta de liber-
vi minha pátria florindo.
dade de expressão.

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terror, medo e sofrimento

E a noite cresce por dentro


dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento não há resposta

e o vento nada me diz.

Mas há sempre uma candeia esperança


dentro da própria desgraça
Oração há sempre alguém que semeia
subordina-
canções no vento que passa.
da adver-
bial adver-
sativa
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
anáfora há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.

Estrofes: 15 quadras
Rima: Cruzada em todas as estrofes
Esquema rimático: abab/cdcd/efef/ghgh……
Sílaba métrica: redondilha maior

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Abril de sim Abril de não
Todo este poema está escrito
em cima de uma antítese
Eu vi Abril por fora e Abril por dentro
“Eu vi” remete para o conhe-
vi o Abril que foi e o Abril de agora
cimento do sujeito poético,
eu vi Abril em festa e Abril lamento que presenciou ambos os
anáfora
Abril como quem ri como quem chora. períodos, o antes e o depois
do 25 de abril.
depois antes

Eu vi chorar Abril e Abril partir


vi o Abril de sim e Abril de não Antes:

antítese Abril que já não é Abril por vir -país triste


e como tudo o mais contradição.
-oprimido

-estagnado
Vi o Abril que ganha e Abril que perde
-clima de medo
Abril que foi Abril e o que não foi
eu vi Abril de ser e de não ser. -as pessoas tinham uma es-
cassa informação

Abril de Abril vestido (Abril tão verde)


Abril de Abril despido (Abril que dói) Depois:

Abril já feito. E ainda por fazer. --ponto de viragem

Estrofes: 2 quadras e 2 dois tercetos -país de esperança, de liber-


dade
Rima: cruzada nas duas primeiras estrofes e nas outras duas, os ver-
sos são soltos -país em festa, alegre, por-
que as pessoas conquistam a
Esquema rimárico: abab/cdcd/efg/hij
sua liberdade e os seus direi-
Sílabas métricas: tos
- 1ª estrofe: 1º e 3º versos eneassílabos; 2º redondilha maior e 4º
decassílabo
-2ª estrofe: 1º e 4º versos eneassílabos e 2º e 3º octossílabos
-3ªestrofe:1º e 2º versos redondilha maior e 9º eneassílabo
-4ª estrofe: 1º e 3º versos eneassílabos e 2º decassílabo

15
A arte de Álvaro Cunhal
Álvaro Cunhal foi um dos dirigentes do partido
comunista que se opôs e lutou contra o regime.
Nesta pintura, ilustrada pelo mesmo, estão re-
presentadas várias pessoas em comemoração,
com cravos nas mãos, que representam a Revo-
lução do 25 de abril de 1974, que constitui um
direito à liberdade, com o fim do Estado Novo,
um regime caracterizado por ser autoritário e
repressivo que se instalou, durante 41 anos, em
Portugal.

Antreus

16
Cartazes antes e depois do 25 de abril

O Estado Novo defendia a preser-


vação dos direitos tradicionais:
Uma sociedade educada segundo
o modelo cristão- Deus
Nacionalista- Pátria
Corporativa- Família

Antes:
• Assentava no casamento e na
filiação legítima;
• Ensino ministrado pelo Estado,
autenticava, além de revigora-
mento físico e do aperfeiçoa-
mento das faculdades intelec-
tuais, a formação do caráter, do
valor profissional e de todas as
outras virtudes morais e cívicas
orientadas aquelas pelos princí-
pios da doutrina e moral cristãs
• Com a Concordata, quem se ca-
sava pela igreja, não se podia
divorciar

Depois:
• Torna-se possível o divórcio civil para os casamentos católicos.
• Acabam-se os filhos ilegítimos, as pessoas têm os mesmos direitos.
• A religião moral e católica só é ensinada àqueles que a querem.
• Os policiais passam a ter outra postura: deixam de usar farda e armas para reprimir o povo
• A gravata, que era algo basicamente obrigatório, foi abandonada por muitos.

17
Entrevista a Poças Falcão e Torcato Ribeiro

Torcato Ribeiro e Poças Falcão viveram o 25 de abril entre os seus 16 e 19 anos de ida-
de. Ambos se dispuseram a partilhar connosco as suas experiências antes e durante
essa época tão marcante da história de Portugal.
Num primeiro momento, Poças Falcão refere que a sociedade, antes do 25 de abril, era
uma sociedade de medo e desconfiança, onde as pessoas eram ignorantes e tinham de
seguir inúmeras leis. Além disso, acabou por compartilhar algumas das memórias que
guardou do período salazarista, nomeadamente, da escola ser separada entre rapazes
e raparigas e não existirem turmas mistas; de quando o seu pai e amigos ouviam ca-
nais de rádio clandestinos como a Argel, BBC e Rádio Moscovo, com muitas cautelas,
por existir sempre o perigo, de até mesmo um familiar, os denunciar à PIDE; das noites
que passava com cerca de 3 ou 4 amigos, numa cave com uma imprensa personaliza-
da, a imprimir panfletos contra as injustiças sociais e políticas e refere também, o dia
em que puseram dentro da sua caixa de correio, um exemplar de um jornal, que se-
gundo as palavras dele, era super clandestino, denominado de “Avante”. Alude, que o
facto de poder frequentar certos espaços que eram “sagrados” para as raparigas e de
conseguirem que o reitor do Liceu lhes acedesse uma sala de convívio misto, o fez sen-
tir muito o 25 de abril.
Seguidamente, Torcato Ribeiro mencionou, da mesma forma, algumas das suas recor-
dações, dando destaque aos desfiles que eram realizados, com concertinas, por pesso-
as que haviam sido recrutadas; de uma distribuição de panfletos, na sua escola, sobre
a morte de Ribeiro dos Santos, um estudante de tinha sido morto pela PIDE e de uma
época de confronto em que as pessoas associavam o CDS ao Antigo Regime, referindo
também a sua palavra de ordem: “Se o vermelho te aborrece, vota no CDS”. Torcato
Ribeiro expõe-nos que tudo o que “bulia” contra o sistema, tinha consequências e, por
isso, o seu pai foi preso pela PIDE durante 3 meses, assim como o seu avô, que perde-
ram o acesso ao emprego, acabando como trabalhadores em couros, que era algo
pouco apetecido.
Para o mesmo, Salazar era um “tosco” que pelo facto de nunca ter viajado, continha
uma mente fechada e não via outras realidades. Reprimia trabalhadores, manteve o

18
país analfabeto, retirou os direitos às mulheres e como resultado, o país não desenvol-
veu.
Ainda assim, sempre viveu dentro daquilo que a vida lhe proporcionava, num período
jovem e, por isso, nunca sofreu qualquer tipo de trauma.
Esta entrevista concluiu-se com o realce de que o dia 25 de abril de 1974 foi um golpe
de Estado, para acabar com a guerra. É uma datas mais importantes da História de
Portugal.

19
Reflexão pessoal sobre este período
A revolução de Abril foi bastante importante para a sociedade em Portugal, visto que
estava sob a alçada da ditadura salazarista que vigorava desde 1926.
Portanto, depois de feita, toda a pesquisa informativa, acerca desse período ditatorial,
e apesar de eu não o ter testemunhado, é bastante arrepiante pensar que provavel-
mente, se a revolução do 25 de abril não tivesse sucedido, eu não iria ter liberdade de
expressão, de reunião, nem de associação; não teria acesso à saúde nem à educação;
poderia ser sujeito a vários tipo de tortura por parte da PIDE, como ser queimada com
cigarros, ser interrogada despida; espancada; levar choques eléctricos…..
A meu ver, o dia 25 de abril, também conhecido como Revolução dos Cravos, uma vez
que, foram distribuídos cravos pelos populares, e os ofereceram aos soldados, colo-
cando-os nos canos das espingardas, foi um grande ponto de viragem relativamente a
mentalidades, ao regime político e aos ideais das pessoas, pois colaborou na conquista
do direito ao voto, na liberdade de expressão e de pensamento, ao fim da censura, da
tortura e da polícia política, e por isto, todos os portugueses devem lembrar-se desta
data, como uma forma de mudança e renascimento do país.
Para concluir, o 25 de abril de 1974 será sempre uma data marcante e importante na
história de Portugal, e a epopeia das conquistas de abril, ficará para sempre marcada
na memória coletiva.

20
Bibliografia
Fotografias:
https://www.google.com/search?biw=1266&bih=656&tbm=isch&sa=1&ei=7aigXNj9I8ialwS25I2oAw&q=25+de+abril
+&oq=25+de+abril+&gs_l=img.3..35i39l2j0l8.3437.4659..4938...0.0..0.106.795.9j1....3..1....1..gws-wiz-
img.......0i8i30j0i30.oauDW1P8394#imgrc=cWlVUix81hPfVM:
http://www.mediotejo.net/santarem-tem-comissao-para-criacao-do-museu-25-abril-e-dos-valores-universais/
https://regiao-sul.pt/2018/04/22/sociedade/amanha-historias-da-liberdade-integram-comemoracoes-do-25-de-
abril-em-loule/434823
https://www.vortexmag.net/15-fantasticas-curiosidades-sobre-o-25-de-abril-de-1974/
http://www.acomarcadearganil.pt/25-de-abril-2/
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https://expresso.pt/blogues/Colunadealterne/2016-04-24-25-de-Abril-tudo-o-que-mudou#gs.3rcds9
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