Sei sulla pagina 1di 19

Formação em Desenvolvimento dos Grupos

Desenvolvido pela SBDG – Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos

ANA MARIA FURQUIM DE CAMARGO


DANIELE B. RODRIGUES
EDILSON ROSSA
SIMONE MOREIRA FERRAZ

A IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO NO TRATAMENTO DE


PACIENTES COM CÂNCER

PONTA GROSSA
2018
ANA MARIA FURQUIM DE CAMARGO
DANIELE B. RODRIGUES
EDILSON ROSSA
SIMONE MOREIRA FERRAZ

A IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO NO TRATAMENTO DE


PACIENTES COM CÂNCER

Trabalho de Conclusão do Curso de Formação em


Desenvolvimento dos Grupos apresentado à SBDG –
Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos, como
parte dos requisitos necessários para a avaliação de
conclusão do curso, sob a orientação de Ana Silvia
Alves Borgo e Isabel Doval.

PONTA GROSSA
2018
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 04
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................... 07
2.1 O Câncer ........................................................................................................................... 07
2.2 Formação de grupos ........................................................................................................ 07
2.3 Construção dos Vínculos ................................................................................................. 09
2.4 Sobre o processo de adoecimento .................................................................................... 10
3 DESENVOLVIMENTO ..................................................................................................... 11
4 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 15
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 18
RESUMO

Este trabalho tem por finalidade apresentar dados referentes ao projeto realizado com
pacientes com câncer submetidos a tratamento quimioterápico em um hospital numa cidade
do estado do Paraná, no ano de 2017, sob a condução e acompanhamento do setor de
Psicologia Hospitalar da instituição. Foi desenvolvido oito encontros grupais presenciais
mensais com temas diferenciados definidos a partir das demandas, levantadas antes do início
dos encontros em grupo, por meio de entrevistas individuais semi dirigidas, aplicação
individual de teste de depressão (Escala de Beck) e com análise individual sob a abordagem
clínica. Os encontros tiveram o embasamento da Psicologia Positiva, que segundo os relatos
apresentados pelos pacientes facilitou a adesão nesse projeto e as mudanças de atitudes
apresentadas. A partir das relações afetivas observadas entre os participantes durante os
encontros em grupo, surgiu o interesse em analisar esses vínculos e a influência no tratamento
de câncer dos pacientes para tanto foi utilizada a técnica de Grupo Focal para levantar mais
informações sobre esse tema, utilizando como referencial teórico a Teoria dos Vínculos de
Pichon-Rivière e, também, a contribuição dos autores David Bohm sobre diálogos e de
Kübler-Ross com seu olhar clínico sobre a vida, adoecimento e morte.

Palavra-chave: Câncer, Grupo, Vínculo, Afeto.


4

INTRODUÇÃO

Esse trabalho tem como objetivo analisar a influência do vínculo estabelecido entre

os pacientes, familiares, coordenador do grupo, observador do grupo e voluntários1 no

tratamento dos pacientes, de um projeto de acompanhamento psicológico realizado em um

grupo de vinte e dois pacientes com câncer submetido à quimioterapia, de um hospital no

interior do Paraná, sob a condução do setor de Psicologia Hospitalar da instituição.

A assistência multidisciplinar e diferenciada no ambiente hospitalar possibilita a

visão do paciente de forma ampla e sistêmica, onde cada profissional atua além da sua

responsabilidade técnica. Isso faz com que aumente a percepção de sinais e sintomas

apresentados pelo paciente, familiar e/ou cuidador e seja sinalizado na equipe, para ocorrer

um atendimento integral e humanizado, principalmente nos casos de cuidados paliativos, que

são aqueles que a doença não permite mais cura. Essa interação proporciona atendimento

individualizado, conforme demanda surgida, de acordo com o tipo de tratamento realizado e

as dores emocionais apresentadas. Com isso, o olhar generalista e totalizado do paciente

facilita a percepção de aspectos afetivos e emocionais que precisam ser trabalhados, tais como

medo e ansiedade frente à possibilidade de morte, sentimento de culpa, conflitos relacionais,

dentre outros.

É comum verificar o sentimento de negação da patologia nos pacientes e familiares

quando recebem o diagnóstico e prognóstico da doença, conforme mencionado pela Kübler-

Ross. Tal fato era observado diariamente e constatado durante o tratamento quimioterápico e

nas necessidades de internações hospitalares pela equipe multidisciplinar. Nesse momento,

geralmente a equipe solicita o suporte do profissional Psicólogo, para auxiliar na relação com

o paciente, familiar e/ou cuidador para a redução da ansiedade e administração de situações de

1
Voluntárias foram pessoas que não tinham vínculo profissional e afetivo com os participantes do grupo,
necessitando da assinatura do Termo de Voluntariado previamente estabelecido.
5

estresse. Nessa situação requer cuidados, envolvendo acolhimento, empatia e estabelecimento

de vínculo afetivo para proporcionar a aceitação e melhores condições de tratamento.

E por tais sentimentos serem tão semelhantes entre todos os pacientes e seus

respectivos familiares e/ou cuidadores viu-se a possibilidade de trabalhar com um grupo de

forma mais ampla, podendo abordar as temáticas apresentadas nas entrevistas semidirigidas e

nos testes de depressão (Escala de Beck) realizados individualmente na avaliação clínica.

Dessa forma propiciaria a troca de informações, sentimentos e a criação de uma identidade

grupal, para acolher a dor referente à perda da identidade do corpo sadio. Esse foi o ponto

motivador para a criação do trabalho em grupo, visto a necessidade de sentimento de

pertencimento a um contexto que envolvesse as mesmas dores físicas e emocionais.

Para obter a adesão e participação dos pacientes e familiares nesse projeto foi

necessário estabelecer maior contato e aproximação durante o tratamento. No primeiro

encontro foi preciso esclarecer a proposta de trabalho, verificar aceitabilidade do grupo e

estabelecer o Contrato Psicológico 2. A partir desse contrato que foi construído em conjunto,

criou-se um ambiente seguro e de confiança, o qual facilitou a formação do vínculo entre os

participantes.

Com isso, gradativamente o vínculo foi estabelecido entre os pacientes, conforme a

ocorrência dos encontros, mesmo aqueles que nunca havia se encontrado durante o

tratamento. E o que mais chamava a atenção dos pesquisadores nessa interação era a busca

por acolhimento e afetividade.

Observou-se, que o estabelecimento de vínculos no grupo, levou alguns

participantes a buscarem maior interação com aqueles que apresentavam a tendência a se

isolar ou manter-se em silêncio. Dessa forma, nas tarefas propostas pelo Coordenador foi

observado que o grupo sinalizava a necessidade da participação ativa dos membros, inclusive

2
Contrato Psicológico implica em explicar a filosofia e metodologia do trabalho, podendo ser escrito ou verbal,
e quanto mais explícito for mais se cria um grau de compromisso e responsabilidade com o Coordenador e com o
Grupo (CASTILHO, 2007)
6

requerendo o posicionamento sobre o motivo das ausências nos encontros, o que evidenciava

o reconhecimento de todos integrantes do grupo e o fortalecimento dos vínculos entre eles.

O interesse surgiu a partir das demandas apresentadas pelos pacientes e familiares

durante o tratamento oncológico e a forma de relacionamento, que ocorreu, principalmente,

no decorrer desse projeto. Foi desenvolvido no período de um ano, com oito encontros

grupais e presenciais, com temas diferenciados a partir da demanda apresentada nas

entrevistas individuais semi dirigidas, aplicação de teste de depressão (Escala de Beck), com

análise qualitativa com abordagem clínica.

Os encontros foram estruturados com tarefas direcionadas à reflexão de temas pré-

determinados (resiliência, autoestima, culpa e perdão, comunicação, relacionamento,

sexualidade, perdas e lutos, ressignificado /fechamento), com duração de três horas mensais.

Tais atividades foram fundamentadas na Psicologia Positiva3, que segundo os relatos

apresentados pelos pacientes facilitou o enfrentamento da doença.

A relação afetiva manifestada entre os participantes do grupo despertou o interesse

em estudar sobre os vínculos e o impacto no tratamento dos pacientes de câncer, e justifica a

realização desta pesquisa com base na percepção dos pesquisadores referente à diferença de

comportamento e demonstração de sentimentos manifestados antes, durante e depois do

projeto. Para tanto, foi utilizado a metodologia de coleta de dados do Grupo Focal4, no último

encontro presencial do grupo, para levantar mais informações sobre esse tema com os

participantes. As análises dos dados coletados foram realizadas tendo como embasamento o

referencial teórico sobre vínculos de Pichon-Rivière, correlacionando com orientações

3
Psicologia Positiva é Campo da teoria e pesquisa psicológica que focaliza nos estados psicológicos positivos e
satisfatórios, em traços individuais ou força de caráter e em instituições sociais que tornam a vida mais válida de
ser vivida (VANDERBOS, 2010, p. 762).
4
Pequeno grupo de pessoas que possuem características comuns e são selecionados para discutir um assunto
com o qual têm experiência pessoal. Um líder conduz a discussão e a mantém em foco (VANDERBOS, 2010, p.
457).
7

teóricas sobre diálogo explicado por David Bohm, com olhar clínico sobre a vida,

adoecimento e morte de Kübler-Ross.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 O Câncer

O Câncer é o nome dado ao conjunto de doenças que têm o crescimento desordenado

de células malignas, podendo espalhar-se para outras regiões do corpo (metástase). As causas

são variadas, podendo ser externas ou internas ao organismo, estando ambas inter-

relacionadas.

As causas externas relacionam-se ao meio ambiente, hábitos ou costumes próprios de

um ambiente social e cultural. As causas internas são, na maioria das vezes, geneticamente

pré-determinadas e estão ligadas à capacidade do organismo de se defender das agressões

externas. Entretanto, estudos mostram que questões de ordem afetiva e emocional também

influenciam nesse processo. Conforme dados repassados pelo INCA5, o câncer é o

responsável por mais de cento e noventa mil mortes no Brasil por ano e requer uma

assistência multidisciplinar habilitada para atender as necessidades dos pacientes, conforme

cada caso.

2.2 Formação de grupos

A formação de grupos inicia a partir de uma simples comunicação, a partir da

transmissão e recepção de mensagens entre o emissor e o receptor. Entretanto, nesse processo

5
INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2017.
8

é importante a informação, a qual é resultado do processamento, manipulação e organização

de dados de forma que represente um acréscimo ao conhecimento da pessoa que a recebe. Por

isso o ato de comunicar importa uma determinada carga de informação e pressupõe troca de

ideias.

Quando alguém diz alguma coisa geralmente o interlocutor não responde com o
mesmo significado que o emissor deu às suas palavras. Os significados são
similares, mas não idênticos ao que denota a diferença entre a mensagem e a
interpretação. E ao considerar essa diferença e perceber algo novo, incluem-se novas
reflexões e pontos de vista (BOHM, 2005, p. 29).

Segundo Bonhm (2005), este processo tem continuidade na emersão de novos

conteúdos, que são comuns a todos os envolvidos, que se dá quando as pessoas fazem uma

escuta ativa, sem preconceitos e influências, estando interessado na verdade do outro,

tornando-se abertos para algo novo e diferente. Mesmo estando apenas entre duas pessoas há

a conservação e defesa das próprias ideias, podendo resultar em problemas de comunicação.

Bohm (2005) explica que o poder de um grupo cresce mais rápido que o número de

integrantes. Quando um grupo mantém diálogo até os seus membros se conhecerem inicia um

movimento coerente de pensamento e comunicação, pois envolve também o que não é dito. É

algo subjetivo, complexo, porém que possibilita a mudança de pensamento. Passa a exigir

mais flexibilidade de pontos de vista para reconhecer a verdade. Quando isso acontece, é

possível perceber as mudanças no comportamento das pessoas, pois passa a emergir

frustrações, sensações de caos, sensação de que não vale a pena persistir. Surge carga

emocional e dúvidas quanto à permanência no grupo. Se persistir, daí sim inicia o processo de

transformação.

Na visão de Pichon-Rivière (1988) o grupo é um conjunto de pessoas reunidas por

determinadas situações, com um objetivo em comum. Uma das suas tarefas é a socialização,
9

que possibilita maior adaptação à realidade, através da modificação individual e do grupo,

podendo perceber na interação e nos vínculos.

2.3 Construção dos Vínculos

Pichon-Rivière (1988) considera que o vínculo é uma estrutura de relação, que

internaliza em cada pessoa e estabelece uma maneira de interpretação da realidade de cada

um. Na convivência com os demais se constitui uma nova história, que se desenvolve nesse

relacionamento. Complementando esse contexto Bohm (2005) explica que se as pessoas

quiserem cooperar e trabalhar juntas, precisam ser capazes de criar algo em comum, a partir

das discussões e ações mútuas, ao invés de algo que seja transmitido por uma autoridade,

limitando a condição de passividade. E essa relação fortalece o que Pichon-Rivière explica

sobre vínculo, possibilitando que novas emoções e sentimentos possam ser manifestados, bem

como novos comportamentos desenvolvidos. Enfim, uma transformação individual e grupal

que se dá a partir dos vínculos estabelecidos.

Para que haja um processo de desenvolvimento individual e grupal é preciso a

vinculação e interação com o meio inserido. A partir daí pode haver a identificação com o

outro, que facilitará a formação do vínculo.

Pichon-Rivière (1988, p. 26) “enfatiza que nenhum paciente apresenta um tipo único

de vínculo, sendo todas as relações mistas”. Paralelamente, Bohm (2005) reforça em sua

teoria que no diálogo ninguém tenta vencer, “Se um ganha, todos ganham. Não se tenta

prevalecer visões de mundo individuais, pois diante de erros, todos ganham”. É um processo

participativo, onde não se joga um contra o outro, mas sim um com o outro. E essa relação é

que enriquece o processo e gera a transformação grupal.


10

2.4 Sobre o processo de adoecimento

Adoecer faz parte do ser humano, vários já passaram por esse processo. Pode ser

entendido como uma manifestação biológica da pessoa pode ser considerada como um

desequilíbrio que o afeta o sujeito totalmente.

Cada ser humano é formado por influências genéticas que distinguem suas

características, mas com o passar do tempo é muito influenciado pelo meio em que vive

devido a interação sociocultural trazendo como consequência, a modificação de seu caráter,

definindo uma nova personalidade e características pessoais.

A psicologia permite analisar e ter a sensibilidade de ver individualmente e

simultaneamente a complexidade perante cada problema apresentado, pois o ser humano é

único e cada necessidade precisa ser entendida a partir do problema da pessoa analisada.

Nessa conjuntura, a psicologia atua como uma ciência que procura respostas para

diversos questionamentos sobre o comportamento humano e procura auxiliar aos pacientes

que se sentem fragilizados principalmente quando descobrem que estão com alguma doença

grave.

Kübler-Ross (1988, p. 43) cita em seu livro que o sujeito ao tomar conhecimento da

sua doença sente e/ou repete a frase: “Não, eu não, não pode ser verdade”. Esta negação é

visível, tanto em pacientes como familiares, quando recebem a notícia da patologia e seu

prognóstico, quanto naqueles que não recebem o verdadeiro diagnóstico.

Quando não é mais possível manter firme o primeiro estágio de negação, esse

sentimento é substituído por sentimentos de raiva, revolta, inveja e ressentimento. Surge a

pergunta: “Por que eu?” (Kübler-Ross, 1988, p. 55). Tal etapa geralmente requer a

intermediação do psicólogo na relação com equipe multidisciplinar, paciente, familiar e/ou


11

cuidador. E esse momento requer cuidados, envolvendo acolhimento, empatia e

estabelecimento de vínculo para proporcionar a aceitação e melhores condições de tratamento.

O terceiro estágio, o da barganha, é o menos conhecido, mas igualmente útil ao

paciente, embora por um tempo mais curto. Se, no primeiro estágio, não consegue enfrentar

os tristes acontecimentos e há a revolta contra Deus e as pessoas, automaticamente gera a

tentativa de ser bem-sucedida a segunda fase, o qual busca entrar com algum acordo que adie

o desfecho inevitável: “Se Deus decidiu levar-me deste mundo e não atendeu a meus apelos

cheios de ira, talvez seja mais condescendente se eu apelar com calma.” (KÜBLER-ROSS;

1988 p. 87).

Tal comportamento é direcionado ao viés religioso, porém também com atitudes

mais diretivas ao corpo clínico e instituição de saúde. É muito comum, nessa etapa, ver as

pessoas buscarem segunda opinião, realizar novamente os exames para confirmar se não

houve alguma falha no resultado, buscar outras instituições de saúde. Algumas vezes isso

realmente ocorre, e quando há novamente a confirmação do diagnóstico, acabam retornando

para a realização do tratamento.

Quando o paciente não pode mais negar sua doença, evidenciando-se pela
necessidade de cirurgia, hospitalização, novos sintomas e debilidade física, surge a
alternância de fase. A revolta e raiva cederão lugar a um sentimento de grande
perda, que pode apresentar muitas facetas diferenciadas na sua autoimagem e
autoestima, porém sem perder a esperança (KÜBLER-ROSS, 1988, p. 91).

3 DESENVOLVIMENTO

Para a realização deste trabalho foi utilizado a metodologia de coleta de dados do

Grupo Focal para levantar informações sobre vínculo, no último encontro do grupo

presencial, a partir da percepção dos próprios pacientes e familiares que estavam submetidos

ao tratamento de câncer, considerando as informações observadas no decorrer do projeto


12

realizado. Com isso, através da forma de comunicação e da interação entre os envolvidos foi

correlacionado a Teoria do Vínculo de Pichon-Rivière, comunicação de David Bohm e

abordagem clínica de Kübler-Ross e suas orientações referentes ao processo de vida,

adoecimento e morte, fundamentado na psicanálise de grupos. Também com a influência das

técnicas da Psicologia Positiva, que foram utilizadas em todos os encontros presenciais desse

grupo durante o projeto, as quais geravam reflexões dos sentimentos que beneficiariam o

tratamento e proporcionariam a transformação grupal.

A partir dessa observação surgiu o interesse dos pesquisadores em levantar dados

com os participantes, sendo realizado o Grupo Focal para investigar a opinião sobre o vínculo

estabelecido entre pacientes, familiares, coordenador, observadores e voluntários com a

realização de três perguntas:

1. O que fez você se interessar em participar do grupo?

2. Você acha que a sua participação no grupo impactou no seu tratamento? Justifique.

3. Qual a sua opinião sobre o vínculo estabelecido com o grupo?

PARTICIPANTE PERGUNTA 1 PERGUNTA 2 PERGUNTA 3

As minhas dificuldades em
lidar com o diagnóstico, Muito bom esse vínculo,
Ajudou-me muito, me gerou
tratamento e querer ter mesmo estando em outra
1 uma descoberta interior e me
contato com pessoas que cidade. Foi um lindo presente
fortaleceu.
estivessem passando pelas para a minha vida.
mesmas dificuldades que eu.

Reafirmar o pensamento Ampliou a solidariedade,


2 A proposta apresentada. positivo e focar no processo amizade, compreensão e
da cura. estímulo.

Na maneira de eu pensar e
Gerou mais amor ao próximo,
superar. Também na
3 A proposta apresentada. solidariedade, gratidão e
proximidade de pessoas com
amizades.
o mesmo problema.
13

PARTICIPANTE PERGUNTA 1 PERGUNTA 2 PERGUNTA 3

Troca de experiências com


pessoas na mesma situação e
Extremo respeito e
Conhecimento técnico sobre compartilhar angústias
4 solidariedade. Grupo otimista
trabalhos em grupo. mostra que não estamos
e participativo.
sozinhas e tem uma luz na
chegada.

Carinho e a forma que fui Acolhimento entre as


Motivação, ânimo, ver que
convidada. Também pessoas, vontade de ajudar
5 não somos os únicos a passar
curiosidade como seria esse uns aos outros, dá a sensação
por isso.
grupo. de família dentro do grupo.

Senti-me mais confiante por


ver pessoas que estão na
Interação e acolhimento que Gosto muito e me sinto
6 mesma situação. Deu-me
me proporcionou. acolhida e mais confiante.
força para seguir em frente
com o tratamento.

O vínculo acaba sendo


Conversa desabafos, troca de natural, pois as pessoas se
7 Troca de informações. experiências e novas ajudam e todos querem que
amizades. todos fiquem bem. Torna-se
uma grande família.

Não tive a oportunidade de


estabelecer vínculo com o
grupo. O único vínculo foi
com duas pessoas do grupo
Não impactou porque não
que já conhecia. Mas falei
tinham a mesma doença que
8 Por insistência da psicóloga. dos voluntários para os
eu, o meu era no intestino e
monges que são meus
das outras na mama.
amigos. Indiquei pra eles e
gostaria de ter contato com
essas pessoas especiais para o
resto da vida.

Conviver com outras pessoas Aceitação do problema, Formamos amizades, nova


que estão com o mesmo redução de sintomas físicos. família, troca de opiniões,
9
problema de saúde, angustias, A cabeça ajuda e o corpo se conhecimento,
duvida e ansiedades. levanta. confraternização e carinho.

Muito bom para compreender


Fiquei impressionado com os
sentimentos que não são
Interesse em conhecer os depoimentos que ouvi. Isso
10 dados importância para as
outros problemas. motivou o tratamento, pois o
pessoas que não estão
meu problema era menor.
inseridas no problema.
14

PARTICIPANTE PERGUNTA 1 PERGUNTA 2 PERGUNTA 3

Muito bom, convívio com


Tinha medos e bloqueios que
pessoas maravilhosas que só
não queria passar para a
Conhecimento e interesse em acrescentaram. Ajudaram-me
11 minha família. No grupo
ajudar as outras pessoas. a superar a doença com amor,
consegui me expressar e me
carinho, ensinamentos,
livrar deles.
caridade e fé.

Estar com pessoas que Vi pessoas piores que eu com


Motivação ajuda uns aos
12 estavam vivendo o mesmo esperança e levando a vida
outros.
que eu. normalmente. Superação.

Estar com pessoas que Ver os sentimentos de


Esperança pra seguir em
13 estavam vivendo o mesmo pessoas no mesmo problema
frente.
que eu. ajuda.

Conviver com outros


Pouco falo nos encontros, Interação com as pessoas
pacientes, dividir a dor, ver
mas sinto a energia do motiva a dar continuidade no
14 que não estamos no pior
pessoal. Isso faz que eu me tratamento e auxilia muito
momento da vida, ter uma
sinta melhor também. mais a família do paciente.
vida nova.

Apesar de ser uma pessoa


Agradeço pela paciência
reservada, sou bastante
comigo, carinho e
observadora e aprendi muito
15 Apoio. responsabilidade da
com o grupo, ouvindo e
psicóloga. Foi um grupo
podendo perceber a vontade
alegre e participativo.
de viver de cada participante.

Superação e diferença das


pessoas lidarem com os seus
problemas. Essas pessoas me
fazem muito bem, nem vi o
tempo passar. Hoje estou
Apoio uns aos outros,
16 Fazer novas amizades. curada e nem me lembro de
amizades para o resto da vida.
que estive doente. Oro para
os anjos de branco para que
tenham sempre saúde e
sabedoria para fazerem a
diferença.

Vemos que o nosso problema Segunda família ligada ao


de saúde era pequeno amor verdadeiro, onde cada
17 Troca de experiências.
comparado aos outros. Isso um busca ajudar ao próximo
fortalece. da melhor forma possível.
15

PARTICIPANTE PERGUNTA 1 PERGUNTA 2 PERGUNTA 3

Fundamental para incentivar


Enxergar melhor a própria
Dividir experiências, para lutar contra a doença,
18 situação, que dá coragem
conhecer a luta dos demais. além de ser exemplo aos
para lutar.
demais.

Ajuda mútua, força, contar Vi a doença de outra forma,


um pouco de mim pra ajudar dando esperança e mais
19 Porque não estava bem.
os demais, como me vontade de lutar por nós
ajudaram. mesmos.

Maravilhoso esse grupo, troca


de experiências, vinculo
Interação com pessoas com a
familiar. O grupo ajuda a
20 Interação. mesma doença, o que me
esclarecer dúvidas de
tranquilizou.
situações explicadas pelos
médicos.

Muito respeito e
Saber que o trabalho em Troca de experiências, dividir
21 solidariedade. É um grupo
equipe ajuda. angústias e aprender a ouvir.
super divertido.

Acalmar-me, entender mais


Foi muito bom, aprendi muita
Convívio com as demais sobre o problema, ver que o
coisa também. Não quero
22 pessoas que estão com o que eu tenho não é o fim do
perder o contato com as
mesmo problema. mundo. Acalmou também a
pessoas.
minha família.

4 CONCLUSÃO

O presente trabalho teve como objetivo verificar a importância dos vínculos

estabelecidos entre os pacientes, familiares, coordenador, observador e voluntários e o

impacto destes vínculos no tratamento destes.

Ao analisar a dinâmica do movimento grupal e os dados coletados, conclui-se que o

vínculo foi estabelecido entre os participantes e influenciou no resultado do tratamento. Isso

foi identificado pela redução de ansiedade na relação com a equipe multidisciplinar; diante

dos procedimentos, muitas vezes invasivos, mas necessários para o processo terapêutico

(exames, colocação de sondas e cateteres, o uso de bolsas de colostomia, administração de


16

medicamentos que causam reações adversas, internações, etc.); redução de sintomas físicos

comparado com o processo anterior à sua participação no grupo.

As experiências grupais geraram o compromisso com a livre expressão de

sentimentos, através do diálogo aberto e franco, com a garantia de haver o acolhimento. E isso

é representado pela necessidade do grupo em ressignificar a sua dor, o sofrimento e a forma

de encarar os problemas. Houve muitas reflexões sobre os aspectos que geraram no passado

sentimentos semelhantes e vieram à tona nesse momento da doença, o que tornou crucial para

o desenvolvimento individual, mas acima de tudo como um reconhecimento como grupo, o

que fortaleceu as relações e o empoderamento para novas ações. Esse processo foi

verbalizado inúmeras vezes nos encontros, o que facilitava o estabelecimento do vínculo, que

foi estimulado e fundamentado pelas técnicas da Psicologia Positiva.

E com esse novo olhar, que deu início a novos projetos de vida, incluindo ações

pessoais e sociais, mas principalmente sem perder a identidade criada nesse grupo.

Sentimentos como solidariedade, empatia, gratidão e benevolência foram aflorados,

estendendo a outras redes de relacionamentos e ampliando a sua forma de manifestação.

Por isso, o ressignificar nesse grupo gerou a retirada de perturbações individuais,

dando abertura para ações em conjunto. Hipóteses levantadas referentes a lacunas emocionais

deram abertura para o sentimento de pertencimento a um grupo com preocupações e dores

semelhantes, resultando na aceitação de uma nova condição, consequentemente na redução de

problemas relacionais durante o tratamento, principalmente direcionadas à equipe assistencial.

Verificou-se, que o sentimento de gratidão aflorado gerou perdão a si mesmo e aos

outros. Aquilo que incomodava antes deixa de ser um fardo e se torna um objeto de

tratamento e cura para as emoções e possíveis enfermidades. E isso foi manifestado no grupo

por várias vezes, inclusive com relatos de redução de sintomas da quimioterapia e resultados
17

no tratamento acima do esperado. Com isso, tal processo gerou amadurecimento, sendo

manifestado de forma unânime pelos participantes.

Assim, a partir da aceitação, observou-se claramente nesse grupo a necessidade de

encorajamento para mudar tudo que pode ser mudado e serenidade para aceitar em paz o que

não pode mais ser alterado. E nesse sentido, a força do grupo foi essencial. Nos momentos de

abalos, muitas situações foram compartilhadas no grupo antes de envolver os próprios

familiares. Essa troca de experiência gerou calma e serenidade para a tomada de decisões,

conforme discursos apresentados. E essa transformação foi vista através da substituição do

vitimismo para o protagonista da sua própria história, o que tornou muito forte e evidente

nesse grupo.

A importância dos vínculos afetivos para os participantes do grupo, verificou-se

também, através das suas verbalizações de não aceitação do término do projeto, mesmo

havendo o encontro de fechamento. O grupo ampliou os seus contatos fora do âmbito de

tratamento, propondo novas formas de atuação, fortalecendo parcerias e solicitando a

permanência de um grupo no Whatsapp6. Dessa forma, os pesquisadores levantaram a

hipótese de o grupo apresentar a necessidade de se manter vivo, seja criando novas

alternativas de atuação e de ajudar o próximo, pois a solidariedade foi algo evidenciado.

Assim, o término desse grupo simbolicamente representa a morte, conteúdo trabalhado em

todos os encontros.

Dessa forma, constatou-se que os vínculos entre os participantes do grupo auxiliou

nos momentos de dificuldades e, de modo peculiar, no tratamento oncológico durante a fase

de quimioterapia. Esse processo proporcionou um novo olhar para a felicidade, amparando os

erros e sofrimentos, gerando novos conhecimentos e oportunidades. E a sabedoria para aplicar

esse aprendizado no dia a dia é o que tornou esse projeto especial para todos envolvidos.
6
Software para smartphones utilizado para troca de mensagens de texto instantaneamente, vídeos, fotos e áudios
através de uma conexão à internet.
18

REFERÊNCIAS

BOHM, D. Diálogo: Comunicação e Rede de Convivência. São Paulo: Palas Athenas, 2005.

KÜBLER-ROSS, E. 8. ed. Sobre a morte e o morrer: o que os doentes terminais têm para
ensinar para médicos, enfermeiros, religiosos e aos seus próprios parentes. São Paulo: Martins
Fontes, 1988.

PICHON-RIVIÈRE, E. O processo grupal. 8. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

PICHON-RIVIÈRE, E. Teoria do vínculo. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1988.

VANDERBOS, G.R. (Org). Dicionário de Psicologia da APA. Tradução Daniel Bueno,


Maria Adriana Veríssimo Veronese, Maria Cristina Monteiro. Porto Alegre: Artmed, 2010.

INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER. Disponível em:


<http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/inca/portal/home> Acesso em 15/11/2017,
20:37:20

Potrebbero piacerti anche