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Inquisição Medieval (José Carlos M.

Ferreira Júnior)

Com o avanço do catolicismo primitivo no Império Romano, houve uma


necessidade de sincretismo por parte da religião católica com as demais filosofias
helenísticas e religiões pagãs, a fim de que ela pudesse perpetuar nas diversas
camadas sociais da época.
Na época de Augusto, Roma tornara-se um basto panteão em que
todas as divindades encontravam, pelo menos, uma tolerante
hospitalidade […]. Essa tolerância encontrava sua justificativa no fato
de que Roma não pretende, jamais, em suas conquistas, impor aos
povos dominados as velhas crenças romanas. (GIORDANI, 2002, p.
333)

Diante dessa pluralidade religiosa, tornou-se comum uma integração de


característica entre os diversos cultos praticados, favorecendo uma melhor
adaptação para a sociedade com o surgimento de novas religiões. Para além disso,
é necessário salientar que essa tolerância não era estática no período romano,
tendo como exemplo as inúmeras retaliações e perseguições da sociedade romana
aos adeptos ao cristianismo.
No lapso temporal denominado de Idade Média (), com a predominância da
religião católica, houve uma tentativa até o século XII de reduzir os grupos heréticos
por meio de penas espirituais, mediante o Tribunal de Santo Ofício ou Inquisição,
como a excomunhão, algo execrável para qualquer cristão praticante –uma vez que
essa representava a expulsão do indivíduo do mundo religioso; esta espécie de
exílio da sociedade dos fiéis era o meio mais eficaz de obter a correção do culpado
(PERNOUD, 1978). No entanto, com o aumento exponencial de hereges a partir do
século XII, a Igreja, temendo perder o poder que possuía, institucionalizou a
Inquisição por meio do papa Gregório IX (1227-1247), caracterizando as heresias
inaceitáveis aquelas que questionavam esse poder (LE GOFF, 2007). Tal termo
“Inquisição” é bastante abrangente, posto que ela ultrapassa o período medieval,
fortalecendo-se na Espanha no início da Idade Moderna( ), praticado tanto pelos
católicos quanto pelos protestantes.
O processo inquisitório, via de regra, era confiada aos bispos que
posteriormente nomeava inquisidores para as províncias. No que tange ao método
jurídico aplicado pelo Tribunal de Santo Ofício, a inquisição sempre buscava a

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confissão do acusado, uma vez que essa era a prova máxima para constatar a sua
culpabilidade ou inocência. No entanto, um rol de torturas físicas e psicológicas
como jejuns, flagelações e fraturas precediam a essas confissões.
Alguns dessas confissões voluntárias não foram realmente livres,
tendo sido feitas imediatamente após a conclusão de uma seção de
torturas antes da próxima. Tampouco podemos considerar como
livres as confissões daqueles que, com base em critérios racionais,
decidiam ser preferível confessar e ser executados do que suportar
as tenebrosas torturas que os aguardavam se permanecessem em
silêncio. (NOGUEIRA, 2004, p.15)

Dessa forma, são considerados questionáveis os processos utilizados pela


Igreja Católica para a obtenção de confissões dos acusados de heresias, uma vez
que não há uma averiguação adequada para constatar a culpabilidade do sujeito.
Além disso, é importante relatar que a Inquisição não era meramente um
tribunal eclesiástico, tendo esta uma inclinação política, ou seja, havia uma
influência do poder feudal e, posteriormente na Idade Moderna, do poder régio.
Pode-se indicar exemplos tais como o da famosa Joana D'Arc.
Heroína francesa que foi eliminada (através de processos do Tribunal
do Santo Ofício) pelos ingleses e seus aliados franceses como forma
de justificar suas vitórias contra a Inglaterra. (PAIVA, 2017, p.136)

Anos após a sua morte (1431), a Igreja Católica anulou o processo de


acusação de Joana D’Arc, considerando-a inocente. Assim, é notório que havia uma
preludio de uma convergência da religião e da política que viria a ser fortalecida no
contexto da Idade Moderna, com uma imensa utilização da política para eliminar
concorrentes ou desafetos.
Constata-se que o assassinato da combatente Joana D’Arc, além de ter uma
percepção patriarcalista –já que era inaceitável uma mulher liderar e vencer um
exército, aconteceu sob os moldes inquisitórios, ou seja, ela foi acusada de
blasfêmia e feitiçaria. Assim, no período que concerne a Idade Média e a Idade
Moderna, houve uma imensa perseguição às bruxas, ou seja, aquelas que tentavam
uma autonomia perante uma sociedade estática e misógina. Tem-se exemplos em
trechos bíblicos usados como justificativa para essa perseguição –uma vez que foi
pela mulher que começou o pecado e é por causa dela que morreremos (BÍBLIA,
2014). Tal exemplo fica explícito no século XI, no qual o cardeal Geoffroy de
Vendôme, referindo-se à mulher, escreveu

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Este sexo envenenou o nosso primeiro pai, que era também o seu
marido e pai, estrangulou João Batista, entregou o corajoso Sansão
à morte. De certa maneira, também, matou o Salvador, por que, se a
sua falta o não tivesse exigido, o nosso Salvador não teria tido
necessidade de morrer. Desgraçado sexo em que não há nem temor,
nem bondade, nem amizade e que é mais de temer quando é amado
do que quando é odiado. (DALARUM, 1994, p. 34).

Assim, depreende-se que essa ideia misógina, na qual a mulher é percebida na


sociedade como algo a ser reprimido, sendo o homem o “responsável” por essa
dominação, posterga hodiernamente, visto que a caça às bruxas aprofundou a
divisão entre mulheres e homens, inculcou nos homens o medo do poder das
mulheres (FEDERICI, 2017).

Referências:
GIORDANI, Mário Curtis. História de Roma: antiguidade clássica II. 15 ed.
Petrópolis: Vozes, 2002

PERNOUD, Regine. O Mito da Idade Média. 1 ed. Europa-América, 1977.

LE GOFF, Jacques. As raízes medievais da Europa. Petrópolis: Vozes, 2007.

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