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Metodologia da Pesquisa

Científica
Silvio Ruiz Paradiso

Pós-Doutorado em Literatura (USP)

Doutorado em Letras e Estudos Literários (UEL)

Mestrado em Letras e Estudos Literários (UEL)

Pós-Doutorado em Letras/Literatura (USP). Doutor em Letras com


ênfase em Estudos Literários, pela Universidade Estadual de Londri-
na (UEL), e sócio da AFROLIC - Associação Internacional de Estudos
Literários e Culturais Africanos. Teve condução direta ao doutorado em
2010 com louvor. Atua na área de interfaces entre Educação, Letras e
Cultura. Professor da Graduação e Pós-graduação do Centro Universitá-
rio de Maringá (UNICESUMAR). Tem curso de Extensão em Filosofia
pela University of Edinburgh, Extensão em Narrativas curtas e de média
extensão de Mia Couto (UEL), curso de Extensão em Pós-colonialismo
(UEM) e História e Cultura afro-brasileira e Africana (UEL). Na pes-
quisa em Letras, aborda temas como: Educação e Literatura , Estudos
Literários, Literatura e Sociedade. É líder do grupo de pesquisa sobre
Literatura e Estudos Culturais e membro do GT de Estudos Compara-
dos de Literatura de Língua Portuguesa, da ANPOLL. É avaliador do
MEC na área de Letras. Possui publicações na área em revistas cientí-
ficas conceito CAPES como Acta Scientiarum. Language and Culture
(UEM), Terra Roxa (UEL), UniLetras (UEPG), Nau literária (UFRGS),
Ipotesis (UFJF), GT História das Religiões e internacional, como a Revista
Lusófonas de Estudos Culturais. Atualmente, é graduando do curso de
Psicologia. Atua como consultor ad-hoc e avaliador de revistas científicas
das áreas Humanas. Tem ampla experiência em colegiado acadêmico,
Núcleo docente estruturante, coordenação de projetos, Ensino a distân-
cia (material e aula) e orientações de Iniciação Científica, TCC, trabalhos
de conclusão de Especializações, bancas de mestrado e doutorado.
Olá, caro(a) aluno(a),

Espero que este material seja de grande valia para sua vida universitária, tanto na
graduação quanto na pós-graduação.

Este material abordará elementos essenciais no caminhar educacional: o conhecimen-


to, a ciência, a pesquisa e o método. Sabe-se que o conhecimento é um processo em
construção e necessário para a evolução intelectual e moral da sociedade. Para tanto,
este conhecimento deve ser pautado pela presença de comprovações resultantes de um
método sistematizado e, assim, a metodologia científica vem fazer tal papel, o de orientar
a busca pelo conhecimento de uma forma sistematizada e crível.

A Metodologia de Pesquisa Científica tem, dentre vários objetivos, a sistematização e


normatização das pesquisas, dando-lhes um método próprio, propiciando um conheci-
mento legitimado e fidedigno. Afinal, na graduação e pós-graduação, você não apenas
recebe conhecimento, mas também o produz, seja na forma de um TCC, de uma mono-
grafia, um artigo, paper, pôster (banner) ou uma simples pesquisa para ser entregue aos
professores ou na montagem de slides para um seminário. Produzir novos conhecimentos
é algo tão sério, que é subordinado a critérios metodológicos e normativos, como os pro-
cedimentos de pesquisa e as normas da ABNT, por exemplo.

Dessa forma, este material visa abordar elementos necessários dentro da Metodologia
da Pesquisa Científica. Para atingirmos o objetivo estabelecido, o livro em questão foi
organizado em quatro unidades, sendo que a primeira delas apresentará como tema: A
Metodologia Científica: Ciência e Conhecimento, em que discutiremos as formas de apro-
priação do conhecimento e seus componentes; os tipos de conhecimento: mítico-religiosos,
filosófico, vulgar e científico; Ciência, Pesquisa e Método.

A segunda unidade tratará dos Métodos e Tipos de Pesquisa. Nele, estudaremos os


principais métodos como dedutivo e indutivo, hipotético-dedutivo e dialético. Ainda, na
unidade dois, iremos compreender sobre os tipos de pesquisa, quanto à sua Natureza;
Abordagem; Objetivos e Procedimento. Neste último item, iremos ver as formas de se
fazer pesquisa, como bibliográfica, estudo de caso, Documental, Experimental, Pesquisa
de campo, entre outras. Na terceira unidade, iremos focar nos Elementos da Pesquisa
Científica, desde o Título e resumo, passando pelos objetivos, justificativas até anexos e
apêndices. Por fim, na última unidade, iremos aprender sobre Apresentação e Aspectos
Gráficos da Pesquisa Científica.

Com isso, esperamos abordar os aspectos cruciais que fundamentam a pesquisa cien-
tífica e, consequentemente, sua introdução a este mundo.

Bons Estudos.
Metodologia da Pesquisa Científica

unidade 1 da pesquisa: conhecimento e ciência


Metodologia

Metodologia da pesquisa: conhecimento e


ciência
Silvio Ruiz Paradiso

Olá, caro(a) aluno(a). Bem-vindo(a) ao material de Metodologia de Pesquisa. Certamente, este ma-
terial te auxiliará na reflexão e construção dos saberes científicos, a partir de uma estruturação ideal,
crível, clara e atendendo às normas vigentes de metodologia científica no Brasil, como a ABNT, Asso-
ciação Brasileira de Normas Técnicas.

Para tanto, o processo de construção de saberes científicos passam por dois vieses: o reflexivo/inte-
lectual e o formal/discurso. O primeiro é baseado nos saberes em si, e é isto que veremos nesta primeira
unidade.

Começaremos nosso estudo com as Formas de Apropriação do Conhecimento, compreendendo o


que é o conhecimento, e como ele deve ser construído nas universidades. A partir disso, veremos os Tipos
de Conhecimentos, iniciando pelo conhecimento Vulgar - que é o chamado Senso-comum ou popular,
o Conhecimento mítico-religioso, delegado pelos mitos e religiões, o Conhecimento Filosófico - baseado
na reflexão e o Conhecimento Científico- objeto de nosso estudo.

Seguiremos nosso aprendizado conhecendo o que é a Ciência, e sua relação com o conhecimento,
bem como o entendimento sobre a Pesquisa, o grande fruto do conhecimento científico. E, por fim,
veremos que o conhecimento científico só se constrói a partir de um método.

Dessa forma, te convido para adentrarmos nas discussões sobre o Conhecimento Científico, Pesquisa
e Método.
Metodologia da Pesquisa Científica
Metodologia da pesquisa: conhecimento e ciência
Metodologia da Pesquisa Científica
Metodologia da pesquisa: conhecimento e ciência

Metodologia da pesquisa:
conhecimento e ciência

Figura 1.1 - Toda pesquisa é baseada em conteúdo e forma. A Metodologia de Pesquisa ajuda

em ambas.

Fonte: Conneldesign, 123RF.

Caro(a) aluno(a), a Metodologia de Pesquisa Científica tem, dentre vários obje-


tivos, a sistematização e normatização das pesquisas, dando-lhes um método pró-
prio, propiciando um conhecimento crível e fidedigno. O conhecimento enquanto
somatório do que se conhece; conjunto das informações e princípios não é um objeto
exclusivo das universidades, sendo estes, espaços de produção científica - o conhe-
cimento está em todos os lugares.
Metodologia da Pesquisa Científica
Metodologia da pesquisa: conhecimento e ciência

A palavra conhecimento vem do latim cognoscere, que significa “ato de conhe-


cer”. Quando conhecemos algo, sejam leis, documentos, rezar, estórias, receitas ou
qualquer outro saber, estamos ali adquirindo conhecimentos. No conhecimento,
temos dois elementos básicos: o sujeito (cognoscente) e o objeto (cognoscível). O
cognoscente é o indivíduo capaz de adquirir conhecimento ou o indivíduo que pos-
sui a capacidade de conhecer. O cognoscível é o que se pode conhecer.
Desde tempos memoráveis, o conhecimento foi força motriz para o desenvolvi-
mento da humanidade. Na Pré-história, o homem, para sobreviver, teve que se
adaptar e dominar uma série de técnicas como a do fogo. Especificamente, no perí-
odo paleolítico e neolítico o ser-humano precisou desenvolver armas com pedras
e metais para a caça e defesa. No mundo antigo, sistematização de técnicas de
colheita, agricultura pesca e pastoreio criaram barcos a vela, mecanismo de força
animal e do vento, a invenção da roda, e como consequência, o comércio e o artesa-
nato, que também forçosamente obrigou o surgimento da escrita, dos princípios da
aritmética. Dos egípcios aos romanos, chineses aos povos africanos, o conhecimento
foi sendo desenvolvido, paralelamente, através de várias perspectivas, sejam elas
artísticas, míticas, religiosas, filosóficas e científicas.

[...] o conhecimento pode ser definido como sendo a manifestação da consci-


ência de conhecer. [...] É o conhecimento que se dá pela vivência circunstan-
cial e estrutural das propriedades necessárias à adaptação, interpretação e
assimilação do meio interior e exterior do ser. [...] O conhecimento é um pro-
cesso dinâmico e inacabado, serve como referencial para a pesquisa tanto
qualitativa como quantitativa das relações sociais, como forma de busca
de conhecimentos próprios das ciências exatas e experimentais. Portanto, o
conhecimento e o saber são essenciais e existenciais no homem, ocorre entre
todos os povos, independentemente de raça, crença, porquanto no homem
o desejo de saber é inato (TARTUCE, 2006, p. 5).
Metodologia da Pesquisa Científica
Metodologia da pesquisa: conhecimento e ciência

O conhecimento, enquanto objeto de estudo, foi entendido por diversos filósofos,


desde Sócrates, Platão e Aristóteles, passando por Descartes, Bacon, Spinoza, Leibniz
e Hobbes, até Locke, Hume, Kant, Comte e Spencer. Chama-se Epistemologia o ramo
da filosofia que se ocupa dos problemas que se relacionam com o conhecimento.

Reflita
Ter consciência tanto de conhecer uma coisa quanto de não a conhecer, este é o conhecimento.
Fonte: Confúcio

Formas de apropriação do
conhecimento e seus componentes

Figura 1.2 - Conhecimento é “conhecer algo”, e isto pode ser feito de várias formas.

Fonte: Leo Lintang, 123RF.


Metodologia da Pesquisa Científica
Metodologia da pesquisa: conhecimento e ciência

Nos estudos sobre o conhecimento, existem duas formas de apropriação, a saber:


a sensível e não sensível. A forma sensível é a chamada “físico-sensorial”, e ocorre
quando um fenômeno, seja qual for, provoca alteração em nossos sentidos. Exemplo:
Colocar a mão no fogo, me ensina através da queimadura que não devo colocar
a mão no fogo novamente, ou em coisas quentes. Isso é uma assimilação de conhe-
cimento, de saberes. A forma não sensível é chamada de “intelectual-racional” e
ocorre no contexto da reflexão de conceitos e princípios.
Autores como Nonaka e Takeuchi (1997), Polanyi (1966, apud CARVALHO,
2012) afirmam que o conhecimento é formado por dois componentes aparente-
mente opostos: o conhecimento tácito e o explícito.
O conhecimento tácito é o conhecimento inexplicável, pessoal, prático e empí-
rico, baseado em crenças, impressões, habilidades, intuições e percepções. Seria o
conhecimento adquirido das experienciais, da educação, cultura e aprendizados
diversos pessoais.

O conhecimento tácito […] é altamente pessoal e difícil de formalizar, tor-


nando-se de comunicação e compartilhamento dificultoso. As intuições e os
palpites subjetivos estão sob a rubrica do conhecimento tácito. O conhe-
cimento tácito está profundamente enraizado nas ações e na experiência
corporal do indivíduo, assim como nas ideias que ele incorpora (NONAKA;
TAKEUCHI, 2008, p.12, apud CARVALHO, 2012, p. 12).

Já o conhecimento explícito é o teórico e formal, aquele, segundo Carvalho (2012),


o conhecimento codificado em linguagem que apresenta uma estrutura formal e
sistêmica, que facilita sua transmissão, por meio de aulas, palestras, livros, números,
textos, armazenados em banco de dados, planilhas, enciclopédias, artigos etc.
Metodologia da Pesquisa Científica
Metodologia da pesquisa: conhecimento e ciência

CONHECIMENTO EXPLÍCITO CONHECIMENTO TÁCITO


Objetivo Subjetivo
Conhecimento da racionalidade (mente) Conhecimento da experiência (corpo)
Conhecimento sequencial (lá e então) Conhecimento simultâneo (aqui e agora)
Conhecimento digital (teoria) Conhecimento análogo (prática)
Receita de bolo, partitura de música. Andar de bicicleta, improvisos de jazz.

Quadro 1.1 - Diferenças entre o conhecimento tácito e explícito

Fonte: Nonaka e Takeuchi (1997 apud CARVALHO, 2012, p.12).

Lembrando que o Conhecimento Explícito e Tácito não são tipos de conhecimentos,


mas componentes de uma ideia de conhecimento. Assim, o conhecimento é uma para-
doxal mistura de elementos explícitos e tácitos e, ainda, pode ser classificado em tipos.
Os tipos de conhecimento se distinguem pela origem, método de investigação, pela ati-
tude em alcançá-lo, pela posição diante do erro etc. Cruz (2002) revela que esses tipos
não se diferem no objeto (cognoscível), mas no modo de conhecer tal objeto.

Figura 1.3 - Quando bebemos um chá para uma dor, estamos usando o saber tácito, mas os

estudos farmacológicos sobre a relação de tal planta àquela dor é uma saber explícito.

Fonte: Peter Zsuzsa, 123RF.


Metodologia da Pesquisa Científica
Metodologia da pesquisa: conhecimento e ciência

Segundo Tartuce (2006, p.5), “as diversificações na busca do saber e do conheci-


mento, segundo caracteres e potenciais humanos, originaram contingentes teóricos
e práticos diferentes a serem destacados em níveis e espécies”. Ou seja, em diferentes
situações o conhecimento é produzido e adquirido, sendo classificados em “tipos”. Os
tipos de Conhecimento mais comuns são: Mítico-Religioso, Vulgar/Popular (Senso-
Comum), Filosófico e Científico.

Tipos de conhecimentos

Figura 1.4 - A aquisição do saber pode nascer a partir de várias formas

Fonte: Nirut Saelim, 123RF.


Metodologia da Pesquisa Científica
Metodologia da pesquisa: conhecimento e ciência

Conhecimento vulgar ou senso


comum
O primeiro tipo de conhecimento é o vulgar, também chamado de popular, ou
de senso comum. Ele se baseia nas experiências do dia a dia, da vida, muitas vezes,
por meio de vivências pessoais e passada de geração a geração, ou seja, é o conhe-
cimento inato dos seres humanos desde os primórdios da civilização.
A descoberta do fogo e seu uso para cozinhar os alimentos são experiências do
conhecimento vulgar e, muitas coisas, derivadas disso, são frutos do senso-comum.
Chassot (2004) cita que muitos acontecimentos importantes da história humana
foram acidentais, como o nascimento da metalurgia – provavelmente, os homens
descobriram o metal quando faziam fogueiras em terrenos que havia azurita ou
malaquitas, minérios de cobre.
O conhecimento popular ou vulgar, no entanto, vai além disso, ele compreende
costumes, hábitos e tradições, que não precisam ser verificados como verdadeiros.
Por isso, superstições como comer manga e tomar leite fazer mal; olhar para o
espelho depois de comer; tomar chás para diversos males físicos; não sair de casa
sem ler o horóscopo; deixar o chinelo virado pode causa a morte da mãe; se a faca
cair no chão, deve-se usar a faca para riscar três cruzes no local da queda e evitar
brigas; apontar estrelas faz nascer verruga no dedo etc., são exemplos desse tipo de
conhecimento. Todo conhecimento popular tem uma origem, existe um motivo por
trás, mas sua efetividade não tem o crivo científico, e sua repetição se faz, apenas,
por crenças ou por tradição.
Perceba que o senso – comum, vulgar ou popular não possui método de verifi-
cação, pois é informal, não requerendo da ciência comprovação.
Porém, ele pode ser verificado pela ciência e, se comprovado, passa a ser um
novo conhecimento. Exemplo: o senso-comum diz que se você pegar uma faca,
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Metodologia da pesquisa: conhecimento e ciência

colocar sobre a testa das pessoas, formando uma cruz três vezes, e com ela cortar
batata cruas em rodelas, e com estas rodelas colocá-las sobre a testas de alguém
febril, cobrindo com um pano úmido, a febre irá baixar. Desconsiderando toda
parte da faca e da cruz, possivelmente, atribuída devido a mentalidade cristã e
mística da sociedade, descobriu-se que a batata possui propriedades anti-inflama-
tórias e enzimas que podem auxiliar na febre, além do fato de panos úmidos serem
compressas úteis para baixar a temperatura corporal. O importante é entender que
o conhecimento do senso-comum é fruto de circunstâncias, às vezes, empíricas, mas
não, necessariamente, verdadeiras.

Figura 1.5 - Já salvou quantas vezes a sua mãe, desvirando o chinelo?

Fonte: Eerachai Khumfu, 123RF.


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Metodologia da pesquisa: conhecimento e ciência

Conhecimento mítico-religioso
É verdade que o conhecimento mítico não é o mesmo que o conhecimento reli-
gioso, pois este último é posterior ao conhecimento do mito. O mito é uma forma
antiga de se compreender o mundo e o homem, mediante metáforas religiosas ou
não. É um termo ligado, intimamente, ao contexto antropológico, como bem revela
seu sentido lexicográfico: “relato simbólico, passado de geração em geração, dentro
de um grupo, que narra e explica a origem de determinado fenômeno, ser vivo,
acidente geográfico, instituição, costume social etc.” (HOUAISS, 2002, p. 1936), ou
“Personagem, fato ou particularidade que, não tendo sido real, simboliza, não obs-
tante, uma generalidade que se deve admitir” (PRIBERAM, 2018, on-line).

Figura 1.6 - Estátua da deusa Diana, no museu do Louvre. A Mitologia greco-romana, por exem-

plo, é fonte de conhecimento para a Literatura, Filosofia e até Psicanálise.

Fonte: Pxhere ([2018], online).


Metodologia da Pesquisa Científica
Metodologia da pesquisa: conhecimento e ciência

O mito não explica, pois não tem essa função, mas de forma “simbólica” e “meta-
fórica” compreende os fenômenos, apresentando “respostas” sobre a natureza, por
meio de lendas e fábulas. O relato mitológico é quase sempre feito de forma pública
e coletiva e, devido a sua impossibilidade lógica, sua autoria tem autoridade dis-
cursiva devido às posições hierárquicas (sacerdotes, anciãos, feiticeiros, gritos etc.).
Para Andrey (2003, p.20), o mito desempenha um sentimento coletivo, “é trans-
mitido por meio de gerações, como forma de explicar o mundo, explicação que não
é objeto de discussão, ao contrário, ela une e canaliza as emoções coletivas, tranqui-
lizando as pessoas em um mundo que as ameaça”. O mito, depois de sistematizado
e organizado em um corpo coerente de doutrina torna-se religião, e daí surge o
conhecimento religioso, que, com a mesma ideia do conhecimento mítico, usa-se
de linguagem poética e metafórica para sustentar, não apenas a compreensão de
fenômenos, mas agora de dogmas e crenças.

É o conhecimento revelado pela fé divina ou crença religiosa. Não pode, por


sua origem, ser confirmado ou negado. Depende da formação moral e das
crenças de cada indivíduo. Exemplos: acreditar que alguém foi curado por
um milagre; acreditar em Deus; acreditar em reencarnação; acreditar em
espírito, etc. O conhecimento teológico, ou místico, é fundamentado exclusi-
vamente na fé humana e desprovido de método (GERHARDT E SILVEIRA,
2006, p.20).

Não há métodos de comprovação do conhecimento religioso, pois ele é baseado


na fé, o que não significa que não seja conhecimentos válidos. A fonte do conhe-
cimento mítico-religioso está na literatura e nos textos sagrados, como Vedas e
Bhagavad Gita dos hindus, Torah dos judeus, o Alcorão dos muçulmanos, ou a
Bíblia dos cristãos.
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Metodologia da pesquisa: conhecimento e ciência

Figura 1.7 - Religiões são produtoras e mantenedoras do conhecimento mítico-religioso ou

teológico.

Fonte: Itsmejust, 123RF.

Assim, se o conhecimento mítico-religioso é inspiracional e não verificável, tendo,


também, uma função normativa de valores e condutas, o que reforça mais ainda
a sua imposição. Logo, ele é de aceitação plena, infalível, já que não se baseia na
fundamentação racional, mas sim dogmática, que pode proporcionar segurança
e modelo, como intolerância e fanatismo (SILVA, 2018). O fato é que a partir do
momento que nasce a “dúvida” em relação ao conhecimento mítico-religioso, ele
deixa de ser isso e passa a ser objeto de outro conhecimento – o filosófico.

Conhecimento filosófico
A partir do momento que os mitos começaram a ser questionados, buscando
uma “verdade”, tal indagação levou ao nascimento da Filosofia (CHAUI, 2005). O
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termo surge com o pensador grego Pitágoras, e vem das palavras gregas philos,
“amigo”, e sophia, “sabedoria” (RUIZ, 1996, p.111). Aliás, são os gregos um dos pri-
meiros, segundo Matallo Jr (1989), a sistematizar esse tipo de conhecimento.
A Filosofia vem ao encontro com o senso comum e com o conhecimento mítico
-religioso, pois diferente desses tipos de conhecimento, ela vai questionar os fatos,
indagando valores, racionalizando seu conteúdo.
O conhecimento Filosófico nasce em hipóteses, que, no entanto, não são verificá-
veis, ficando apenas no mundo da reflexão, da lógica e do raciocínio. Tais hipóteses
vão convergir a uma realidade, encontrando soluções e respostas às coisas, porém,
ainda sem um método material (instrumentos, teste, mensurável, empírico), mas
especulativo.

Filosofia e Ciência são irmãs: nasceram no mesmo local (Grécia), mesma época
(aproximadamente seis séculos antes de Cristo) e com o mesmo objetivo: a busca
da verdade. Ambas buscam uma sistematização do conhecimento. As duas
caminharam praticamente juntas desde o nascimento até o final do século XIX,
quando houve uma cisão mais definitiva entre as duas devido ao Positivismo. As
perguntas que a Filosofia tenta responder são diferentes daquelas que a Ciência
consegue responder. Enquanto a Ciência é fortemente baseada em fatos, ten-
tando estabelecer leis e padrões, a Filosofia é especulativa, baseada principal-
mente na argumentação (SANTOS, s.d, p.8).

Quando estudamos a Filosofia, veremos que ela influenciou o modo de pen-


sar do mundo todo, e que cada uma de suas duas fases: antes de Sócrates (os
pensadores pré-socráticos) e depois de Sócrates (representados pelos três grandes
filósofos: Sócrates, Platão e Aristóteles), ajudou a fortalecer o pensamento cientí-
fico, pois seguramente sabemos, que, grande parte dos filósofos do mundo clássico,
eram também pesquisadores e inventores. Tartuce (2006, p.6) elenca algumas
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características deste conhecimento:

Procura conhecer, também, as causas profundas e remotas de todas as coi-


sas e, para elas, respostas.

É valorativo, pois seu ponto de partida consiste em hipóteses, que não pode-
rão ser submetidas à observação.

Não é verificável.

Tem a característica de sistemático.

É infalível e exato.

Portanto, o conhecimento filosófico é caracterizado pelo esforço da razão


para questionar os problemas humanos e poder discernir entre o certo e o
errado, unicamente recorrendo às luzes da própria razão humana (TARTUCE,
2006, p. 6).
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Metodologia da pesquisa: conhecimento e ciência

Figura 1.8 - Bustos de filósofos gregos. O conhecimento filosófico auxiliou o nascimento do

conhecimento científico.

Fonte: ([2011], on-line).

Conhecimento científico
Nos séculos XVI e XVII, o conhecimento cientifico é sistematizado a partir de
Galileu Galilei, matemático e físico, que evidencia com fórmulas, observação e expe-
rimentação bem definida, suas hipóteses, que culminaram na Revolução Científica.
Tal revolução mudou o cenário da aquisição do conhecimento, que até aquele
ponto era baseado nos mitos, religião, senso-comum e filosofia. O conhecimento
científico trouxe de diferencial uma nova “abordagem”, baseada no uso da mate-
mática na física e na astronomia, além de inaugurar novas formas de divulgação
dos trabalhos científicos.
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O conhecimento científico está em polos opostos do conhecimento mítico-reli-


gioso, pois, enquanto este é inspirado apenas na fé, o científico está preocupado
em relação às provas. De acordo com Gerhardt e Silveira (2006, p.22-23) o
conhecimento científico surge a partir: “da determinação de um objeto específico de
investigação; e da explicitação de um método para essa investigação.

(...) o conhecimento científico exige demonstrações, submete-se à comprova-


ção, ao teste. O senso comum representa a pedra fundamental do conheci-
mento humano e estrutura a captação do mundo empírico imediato, para se
transformar posteriormente em um conteúdo elaborado que, por intermédio
do bom senso, poderá conduzir às soluções de problemas mais complexos e
comuns até as formas de solução metodicamente elaboradas e que compõe
o proceder científico. Suas características são:

É real (factual), porque lida com ocorrências ou fatos.

Constitui um conhecimento contingente, pois suas proposições ou hipóteses


têm sua veracidade ou falsidade conhecida por intermédio da experiência e
não apenas razão, como ocorre no conhecimento filosófico.

É sistemático.

Possui características de verificabilidade.

É falível, em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final e, por este motivo,
é aproximadamente exato (TARTUCE, 2006, p.8).

Como vemos, o conhecimento científico caracteriza-se pelo fato de legitimar e


autenticar a hipótese que se deseja provar, não pelo viés apenas da lógica, do
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raciocínio ou da especulação como o conhecimento filosófico, mas unido às tecnolo-


gias, aparelhagens, modelos, técnicas e, principalmente, um método.
A ciência é um campo em que a busca pelo conhecimento precisa de um cami-
nho seguro para verificar a veracidade desse conhecimento. O Método seria, então,
uma forma de explicar minuciosamente, detalhadamente, rigorosamente e exata,
o caminho para se chegar a esse conhecimento. O estudo dos métodos chama-se
metodologia.

Figura 1.9 - Experiência de Pasteur. O método da ciência prevê instrumentos, passo a passo,

verificação, observação, etc., ou seja, um caminho que, permite ao final, determinar o fato ou

fenômeno verdadeiro ou não.

Fonte: Estudando Biologia ([2012]on-line).


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Metodologia da pesquisa: conhecimento e ciência

A ciência
Entendemos que o(a) aluno(a) que pretende desenvolver um projeto de pes-
quisa, uma monografia ou artigo científico terá que buscar muitos subsídios para
essa tarefa. Essa preparação envolve leitura tanto sobre o tema a ser investigado
quanto sobre a metodologia de pesquisa a ser utilizada. Para uma leitura mais
aprofundada em métodos de pesquisa, consulte a bibliografia que se encontra ao
final deste módulo e alguns sites na internet apresentados a seguir.

Reflita
O conhecimento científico está sempre em transformação, pois, a cada nova descoberta, a verdade
até então definida é refutada.
Fonte: o autor.

A vida universitária traz consigo uma série de novos modelos e paradigmas. É


uma etapa da formação escolar em que se exige novas posturas, tanto de caráter
ético quanto técnico. Doravante, no aprofundamento da vida acadêmica coisas
que, anteriormente, estavam pautadas no senso-comum, deverão passar pelo crivo
exigente da ciência.
Fonseca (2002, p.11), revela que “o objetivo básico da ciência não é o de desco-
brir verdades [...]. Deseja fornecer um conhecimento provisório, que facilite a intera-
ção com o mundo, possibilitando previsões confiáveis [...] e indicar mecanismos de
controle que possibilitem uma intervenção sobre eles”. Ou seja, a ciência é um dos
instrumentos, que, junto das religiões, da filosofia, dos mitos da arte e até mesmo
do senso-comum, de busca e produção de conhecimento. Dentro da universidade, a
ciência ganha posição privilegiada em relação aos demais conhecimentos, por ser
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Metodologia da pesquisa: conhecimento e ciência

uma forma de conhecimento mais precisa e necessária dentro das universidades,


que são, naturalmente, “espaços da ciência” (MINAYO, 2007).

Figura 1.10 - Desde sempre, as Universidades escolheram a ciência como fonte de conheci-

mento, visto sua imparcialidade, credibilidade e método rigoroso.

Fonte: Meeting … In: Wikipedia([2018], on-line).

Então, por que o conhecimento e o método científico ganham espaços frente aos
demais tipos de conhecimento e métodos dentro do mundo universitário? Minayo
(2007, p. 35) menciona dois motivos:

[Um que] diz respeito a seu poder de dar respostas técnicas e tecnológicas
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aos problemas postos pelo desenvolvimento social e humano. [E a que]


consiste no fato de os cientistas terem sido capazes de estabelecer uma lin-
guagem universal, fundamentada em conceitos, métodos e técnicas para
a compreensão do mundo, das coisas, dos fenômenos, dos processos, das
relações e das representações. Regras universais e padrões rígidos permitindo
uma linguagem comum divulgada e conhecida no mundo inteiro, atualiza-
ção e críticas permanentes fizeram da ciência a “crença” mais respeitável a
partir da modernidade.

Regra, padrão rígido, fundamentação, linguagem, método, entre outras qualida-


des fazem da ciência o melhor instrumento para a realidade acadêmica. Ademais,
essas características vão ao encontro com o perfil do indivíduo acadêmico. Severino
(1993, p. 21) nos pontua que a vida acadêmica deve estar sedimentada na vida
científica e, que, para isso, ao alunado, exige-se “uma postura de auto-atividade
didática que será, sem dúvida, crítica e rigorosa”. Uma postura crítica e rigorosa é
uma postura de exame e avaliação minuciosa, além de ser rígida e intensiva.
Assim, a Metodologia de Pesquisa Científica é uma das formas que o aluno(a)
terá para se enquadrar nesse modelo de postura, principalmente, no campo da
pesquisa científica.

Saiba mais
De acordo com a legislação, especificamente, no artigo 207 da Constituição Brasileira de
1988, o tripé formado pelo ensino, pela pesquisa e pela extensão constitui o eixo fundamental da
Universidade brasileira. Entende-se que o ensino é a transmissão de conhecimentos teóricos ou práticos
de determinados assuntos, feitos por um docente. A pesquisa é a aplicação e/ou desenvolvimento
de novos conceitos a partir das bases construídas pela etapa do ensino. E a extensão é a aplicação
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direta do conhecimento obtido nas fases do ensino e pesquisa na comunidade. O método científico é
essencial, nas primeiras fases, e principalmente, na segunda.
Fonte: Moita, F.M.G.S.C. e Andrade, F.C.B. (2009).

Para iniciarmos as discussões sobre método e pesquisa científica, faz-se necessário


compreender alguns conceitos básicos dentro deste universo, a começar pela pró-
pria compreensão de o que seria “pesquisa”.

A pesquisa
Ao adentrar o Ensino Superior, provavelmente, você já deva ter experimentado
o ato de pesquisar, tanto de forma informal, quanto formal, dentro da escola. A
palavra pesquisa, advém do latim perquirere, que significa “investigar” (CORREIA,
1940), e é conceituada no dicionário como “ato de pesquisa”, “informação, inda-
gação, inquirição, busca” (PRIBERAM, 2018, on-line). Pesquisa é o ato, e condição
necessária, para aquisição de um novo conhecimento.
Quando na vida cotidiana fazemos uma pesquisa de preços, estamos buscando
informações sobre esses preços, a fim de descobrir o mais caro, ou o mais barato.
Na escola, quando os professores pediam trabalhos dos mais diversos temas, nosso
dever era “pesquisar” o assunto, buscando informações sobre eles, em diversas fon-
tes. Logo, a pesquisa é uma busca, mas de caráter “investigativo”, como revela sua
própria etimologia, isto é, uma busca minuciosa, que tem como objetivo proporcio-
nar uma informação – nova ou confirmar outras já encontradas.
A pesquisa científica, porém, tem um outro valor agregado. O próprio termo
“científico” que o acompanha reserva ao seu significado uma noção mais singular.
A Pesquisa Científica é a pesquisa que tem seu modelo no conhecimento Científico
Metodologia da Pesquisa Científica
Metodologia da pesquisa: conhecimento e ciência

e, por sua vez, nos parâmetros da ciência.


Ciência é, segundo Fonseca (2002, pp. 11-12),

[...] uma forma particular de conhecer o mundo. É o saber produzido através


do raciocínio lógico associado à experimentação prática. Caracteriza-se por
um conjunto de modelos de observação, identificação, descrição, investiga-
ção experimental e explanação teórica de fenômenos. O método científico
envolve técnicas exatas, objetivas e sistemáticas. Regras fixas para a forma-
ção de conceitos, para a condução de observações, para a realização de
experimentos e para a validação de hipóteses explicativas.

Perceba que o modelo científico estabelece uma regra, um método, e este método
é lógico, exato, objetivo e sistemático.
Dessa forma, uma pesquisa científica difere-se de uma simples pesquisa pelo fato
da necessidade de seguir um método e regras, que darão à pesquisa, mais credibi-
lidade, mais objetividade e cientificidade (confiabilidade). Assim, a metodologia
científica tem esta função - trazer respostas e informações por meio da pesquisa,
mas com método que garanta a legitimidade e credibilidade desta pesquisa: “O
conhecimento científico é produzido pela investigação científica, através de seus
métodos. Resultante do aprimoramento do senso comum, o conhecimento científico
tem sua origem nos seus procedimentos de verificação baseados na metodologia
científica” (FONSECA, 2002, p.11).

O método
Falamos muito sobre esse tal método, mas o que significa esse termo? Método
é todo procedimento, técnica ou meio de fazer alguma coisa, cujo processo seja
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Metodologia da pesquisa: conhecimento e ciência

organizado, lógico e sistemático.


Tartuce (2006) analisa que o método científico é um tipo de método, cuja forma
é mais segura e adequada para compreender um fenômeno ou responder uma
questão. O Método Científico “é a expressão lógica do raciocínio associada à formu-
lação de argumentos convincentes. Esses argumentos, uma vez apresentados, têm
por finalidade informar, descrever ou persuadir um fato” (TARTUCE, 2006, p.12).

O trabalho científico em geral, do ponto de vista lógico, é um discurso com-


pleto. Tal discurso, em suas grandes linhas, pode ser narrativo, descritivo
ou dissertativo. No sentido em que é tratado, o trabalho científico assume
a forma dissertativa, pois seu objetivo é demonstrar, mediante argumen-
tos, uma tese, que é uma solução proposta para um problema, relativo a
determinado tema. A demonstração baseia-se num processo de reflexão por
argumentação, ou seja, baseia-se na articulação de ideias e fato, portadores
de razões que comprovem aquilo que se quer demonstrar. Essa articulação
é conseguida mediante a apresentação de argumentos. Esses argumentos
fundam-se nas conclusões dos raciocínios e nas conclusões dos processos
de levantamento e caracterização. O raciocínio é um processo lógico de
pensamento pelo qual conhecimentos são encadeados de maneira que pro-
duzam, mediante algumas exigências meramente lógico-racionais, novos
conhecimentos (SEVERINO, 2017, p.141).

Em suma, se a ciência é uma das formas de conhecimentos sistematizados, que


mais se aproxima da verdade empírica, e foi escolhida pelas universidades como
a mais condizente para a realidade acadêmica, visto o rigor de seus métodos, o
método científico é justamente o método necessário para se extrair desse corpo de
conhecimento a tal verdade empírica. O método científico utiliza-se de argumentos
Metodologia da Pesquisa Científica
Metodologia da pesquisa: conhecimento e ciência

convincentes, para se chegar em uma verdade (conclusão) também convincente.


Assim, se quero chegar a alguma conclusão, preciso fazer um levantamento de
premissas convincentes, de forma rigorosa, sistemática e lógica, ou seja, para dar
cientificidade a algo é necessário que este algo passe pelo crivo do método científico.

Figura 1.11 - René Descartes (1596-1650), um dos pilares do método científico

Fonte: Wikipedia Commons ([2018], on-line).


Metodologia da Pesquisa Científica
Metodologia da pesquisa: conhecimento e ciência

Indicação de leitura
Nome do livro: A história da ciência para quem tem pressa: De Galileu a Stephen Hawking
em 200 páginas!
Editora: Valentina
Autor: Nicola Chalton, Meredith MacArdle.
ISBN: 9788558890472

2.500 anos de descobertas — os feitos dos grandes cientistas, desde os tempos antigos até a
era moderna. Desde os tempos antigos, homens e mulheres de brilhante intelecto tentam entender
o universo observando muito além da capacidade de ver ou mesmo tocar — de minúsculos átomos
às mais distantes estrelas. A História da Ciência para Quem Tem Pressa é um guia essencial para
o leitor que deseja conhecer os resultados de milhares de anos de atividades e esforços na área da
ciência. É uma obra que resume, em ordem cronológica, as principais descobertas dos mais fecundos
pensadores, entre os quais podemos citar Aristóteles, Arquimedes, Lavoisier, Fibonacci, Darwin, Da
Vinci, Curie, Turing, Edison, Euclides, Newton, Einstein, Pasteur, Kepler, Copérnico e Hipócrates. O livro
destaca também, em sintéticas biografias, a vida e os trabalhos dos cientistas que mais influenciaram
nosso planeta. Nele, o leitor saberá, entre muitas outras coisas superinteressantes, que Ptolomeu teve
que corrigir certo aspecto de suas convicções para se harmonizar com suas teorias; que Freud usava
cocaína em suas sessões de atendimento psicoterápico para “expandir” a própria mente; e que Tim
Berners-Lee, o inventor da WWW, foi proibido de usar os computadores da sua universidade depois
que descobriram que ele estava hackeando o sistema. Também com o objetivo de demonstrar que
a curiosidade humana não tem limites, esta obra apresenta os experimentos que ousaram contestar
“verdades” consagradas e cujas teorias mudaram a nossa forma de ver o mundo. Para sempre.
Metodologia da Pesquisa Científica

unidade
Métodos 2
e tipos de pesquisa

Métodos e tipos de pesquisa


Silvio Ruiz Paradiso

Caro(a) aluno(a), nesta unidade iremos estudar a base da ciência: o método, conjuntamente com as
consequências disto, que é a produção científica. Em breve, você estará produzindo ciência, em forma
de TCC, monografia, artigos ou projetos, mas para tanto, necessitará conhecer alguns métodos cien-
tíficos como o Dedutivo, Indutivo, Dialético e o Hipotético-Dedutivo, este último, inclusive, mais usado
nos trabalhos acadêmicos.

Em seguida, iremos observar como a pesquisa científica é dividida enquanto Abordagem, Natureza,
Objetivo e Procedimento.

Em relação à abordagem, veremos que a pesquisa pode ser qualitativa, quando foca-se no tema,
em detrimento aos dados numéricos, estes, objetivos da pesquisa quantitativa. Já a natureza da pesqui-
sa pode ser básica, quando fornece conhecimento teórico, ou aplicada, quando a teoria é colocada em
prática. A pesquisa pode ser dividida em relação aos objetivos, que são três: descritivo, exploratório e
explicativo, cada qual com uma função. Por fim, a pesquisa é dividida também em seus procedimentos.

Na última parte da unidade, iremos esmiuçar os procedimentos de uma pesquisa, a partir dos tipos
de pesquisa. Veremos o que é uma pesquisa, experimental, estudo de caso, bibliográfica, documental,
de campo, participante, etnográfica, entre outras.

Esperamos que a partir desta unidade, você já esteja mais preparado(a) para adentrar à produção
do conhecimento científico.
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Métodos e tipos de pesquisa
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Métodos e tipos de pesquisa

Métodos e tipos de pesquisa

Figura 2.1 - O elo entre Pesquisa e Ciência está no método

Fonte: Jackson (123RF)

O método científico é o pai de todos os métodos, como já revelava o pensador


René Descartes, na obra “Discurso sobre o Método” (1635). Descartes apresenta-nos
as ideias gerais a respeito do método, o que influencia diretamente quaisquer méto-
dos particulares aplicáveis nas ciências, bem como o método geral, aplicável a toda
área do conhecimento. O pensador compreende que duas variáveis são essenciais
no método, e que, por sua vez, passam a ser parte da metodologia científica: aná-
lise e síntese (SANTOS; FILHO, 2011).

Na metodologia científica a análise e síntese caminham passo a passo, pois,


enquanto na análise se desdobra o problema complexo em partes mais
simples, a síntese caminha no sentido inverso, ou seja, os resultados parciais
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obtidos nas partes mais simples são somados para se obter a solução do
problema complexo (SANTOS; FILHO, 2011, p.37).

Logo, o pesquisador, por meio do método tem a possibilidade de compreender


simultaneamente, o entendimento do geral, como de suas partes.
Estes métodos utilizados como exigência na realização da pesquisa científica
serão classificados como método dedutivo e indutivo.

a. Métodos dedutivo e indutivo


Como vimos, o método científico precisa ser antes de tudo lógico, e possibilitando
a compreensão de uma verdade tanto do geral para as partes, quanto das partes
para o geral.
Chamamos de método dedutivo a forma de raciocínio que parte de ideias e/ou
enunciados gerais, dispostos em ordem para se chegar a uma conclusão particu-
lar. Este método parte do geral e, a seguir, desce para o específico ou particular.
O protótipo do raciocínio dedutivo é o silogismo, que a partir de duas proposições
chamadas premissas, retira uma terceira chamada conclusão. Por exemplo:

1. Todo ser-humano é mortal.


2. José é ser-humano.
3. Portanto, José é mortal.

Cada uma destas frases é chamada de proposição (enunciado que pode ser con-
siderado verdadeiro ou falso). As proposições 1 e 2 são chamadas premissas e a 3 é
a conclusão. Silogismo é o nome da relação entre as três frases. Contudo, o silogismo
nem sempre aparece desta forma estrutural, ele pode aparecer de forma indireta,
como este exemplo:
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a defesa pretende provar que o réu não é responsável do crime por ele
cometido. Esta alegação é gratuita. Acabamos de provar, por testemunhos
irrecusáveis, que, ao perpetrar o crime, o réu tinha o uso perfeito da razão
e nem podia fugir às graves responsabilidades deste ato (CRUZ, 2010,
p.30).

Nesta argumentação, há a presença do silogismo:

1. Todo aquele que perpetra um crime quando no uso da razão é responsá-


vel por seus atos.
2. Ora, o réu perpetrou um crime no uso da razão.
3. Logo, o réu é responsável por seus atos.

Ainda que o método dedutivo seja um dos métodos aplicados na ciência, formal-
mente ele pode ser correto, mas a conclusão não ser verdadeira, como podemos ver
no exemplo a seguir:

1. Existem biscoitos feitos de água e sal.


2. O mar é feito de água e sal.
3. Logo, o mar é um biscoito.

O problema aqui não é apenas a estrutura dedutiva, mas uma série de erros
dentro da perspectiva da lógica formal dentro do exemplo, e não iremos adentrar
nisso. Neste método, se todas as premissas forem verdadeiras, a conclusão será
logicamente verdadeira também. Mas deve-se partir da ideia que seus princípios
reconhecidos sejam verdadeiros e indiscutíveis.
O que quero pontuar é que argumentos gerais tendem a apresentar problemas na
veracidade. Porém, este método é largamente aplicado nas ciências matemáticas,
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cujos princípios podem ser enunciados por leis e regras generalistas – pois leis,
apesar de serem gerais, já foram empiricamente provadas como verdades. Já nas
Ciências Sociais e Humanas, o uso do método dedutivo é mais restrito, pois, segundo
Gil (1999), haveria maior dificuldade de se obterem argumentos gerais cuja vera-
cidade não possa ser colocada em dúvida. É por isso que o filósofo Francis Bacon
(1561-1626) critica o silogismo, já que para ele este método, apesar de ser cientí-
fico, não propicia conhecimento completo e inequívoco.

Figura 2.2 - Francis Bacon, grande pensador que ajudou a formulação dos métodos científicos

Fonte: Somer… (1617, on-line)

Gerhardt e Silveira (2006), em Métodos de Pesquisa, citam que Bacon, em


detrimento do método dedutivo, elaborou e sistematizou o método indutivo, que
procura pensar os problemas de pesquisa em um raciocínio ascendente, no qual se
parte da observação de fenômenos particulares, procura-se identificar regularida-
des entre eles, para então chegar a uma generalização, propondo uma conclusão.
Este método difere da dedução no sentido que caminha de fatos menores para se
chegar a uma conclusão ampla.
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Maria é mortal.
José é mortal.
Pedro é mortal.
Judite é mortal.
Ora, Maria, José, Pedro e Judite são seres-humanos.
Logo, os seres-humanos são mortais.

Desta forma, no método indutivo, a partir do confronto entre as premissas, e da


observação, é possível formular uma hipótese explicativa da causa do fenômeno/
problema. Desta forma, neste método, a conclusão é provável, podendo ser verda-
deira ou falsa, e com isso surge um elemento extremamente importante citado: a
hipótese.

b. Método hipotético-dedutivo
Hipótese é uma possibilidade. É uma proposição que se admite, independente-
mente do fato de ser verdadeira ou falsa, como um princípio a partir do qual se
pode deduzir um determinado conjunto de consequências, e para tanto deve ser
testada e confirmada ou negada. E isto é base para o projeto científico, desde um
seminário, um artigo, um projeto de Iniciação Científica, uma monografia e o TCC.
Falaremos mais adiante sobre uma hipótese de pesquisa, mas neste momento,
devemos compreender que, a partir da crítica ao método indutivo, pensou-se em
um outro método: o hipotético-dedutivo.
Sobre isso, remeto-me às palavras de Gerhardt e Silveira (2006, p.27): “Este
método foi definido por Karl Popper, a partir de suas críticas ao método indutivo.
Para ele, o método indutivo não se justifica, pois o salto indutivo de ‘alguns’ para
‘todos’ exigiria que a observação de fatos isolados fosse infinita”.
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Métodos e tipos de pesquisa

Popper em sua definição entendia que, quando falamos “logo, todos seres-huma-
nos são mortais” tem uma diferença muito grande de quase todos, alguns, grande
maioria etc., mas isso só pode ser provado até que se prove o contrário. Exemplo:
mesmo eu não tendo feito experiência com todos os seres-humanos, apenas com
alguns, para provar sua mortalidade, isso será verdade até que apareça algum
ser-humano imortal. Popper (1975) acreditava que o método científico parte de
um problema, chamado aqui de (P1), para tal problema é oferecido uma solução
provisória ou possível resposta (TT - Teoria Tentativa), depois, deve-se criticar
essa solução para tentar eliminar qualquer erro, chamado (EE – Eliminação do
Erro). Assim, solucionado, este processo seria renovado, e daria origem a outro pro-
blema (P2).
Podemos compreender o método hipotético-dedutivo a partir do seguinte esquema:
• Problema.
• Hipóteses.
• Dedução de consequências observadas.
• Teste da hipótese.
• Corroboração.

Para Mário Bunge (1977), as etapas do método hipotético-dedutivo são cinco:


i) Colocação do problema, ii) Construção de um modelo teórico, iii) Dedução de
consequências particulares, iv) Teste das hipóteses e v) Adição ou introdução das
conclusões na teoria.
Em suma, estas etapas do método hipotético-dedutivo podem ser sintetizadas em
três momentos investigatórios:
Problema, que surge no conflito de expectativas, ou seja, como nos diz Marconi
e Lakatos (2003, p.95):

A primeira etapa do método proposto por Popper é o surgimento do


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problema. Nosso conhecimento consiste no conjunto de expectativas que


formam como que uma moldura. A quebra desta provoca uma dificuldade:
o problema que vai desencadear a pesquisa. Toda investigação nasce de
algum problema teórico/prático sentido. Este dirá o que é relevante ou irre-
levante observar, os dados que devem ser selecionados. Esta seleção exige
uma hipótese, conjectura e/ou suposição, que servirá de guia ao pesquisador.

O problema é a motivação da ciência, pois a partir dele nasce a investigação,


análise, experiência, pesquisa etc.
O segundo momento é o da conjectura, ou seja, uma solução baseada em uma
teoria, além da dedução de elementos que podem ser testados: “Conjectura é uma
solução proposta em forma de proposição passível de teste, direto ou indireto [...]”
(MARCONI; LAKATOS, 2003, p.97).
E, por fim, o terceiro momento investigativo: o falseamento, que seria o momento
de testar a hipótese, refutar, para eliminar os erros da pesquisa. O nome falsea-
mento advém do fato que se a hipótese não for comprovada pelos testes, ela será
falseada, isto é, superada, por outra hipótese. Sendo assim, será preciso uma nova
reformulação do problema e da hipótese. E caso a hipótese seja confirmada ela será
corroborada.

c. Método Dialético
Para o pensador Hegel (1770-1831), a dialética seria a conciliação dos con-
trários nas coisas e no espírito. Neste método, encontram-se a afirmação ou tese,
a negação ou antítese e a negação da negação, a síntese. Do conflito entre tese e
antítese surge a síntese, situação nova que carrega dentro de si elementos resul-
tantes desse choque. A síntese, então, torna-se uma nova tese que contrasta com
uma nova antítese, gerando uma nova síntese, e assim por diante. Mediante o
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movimento do raciocínio dialético que se desenvolve conclusões baseadas em con-


flito de ideias, em uma realidade não como algo dado e estabilizado, mas na pro-
cura de identificar o processo, os conflitos existentes e as contradições envolvidas na
análise de um problema de pesquisa.

Figura 2.3 - Hegel e Spinoza, dois pensadores da Dialética e, portanto, contribuintes do método

científico

Fonte: Hegel… (1831, on-line) e Spinoza (1665, on-line)

Todos os métodos científicos aqui elencados, sejam eles dedutivo, indutivo, hipo-
tético-dedutivo ou dialético vão girar, de forma geral, em torno de três elementos:
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Figura 2.4 - Base do método hipotético-dedutivo

Fonte: Elaborada pelo autor.

Mais adiante, iremos explicar detalhadamente cada um desses elementos. Por


enquanto, você deverá entender que a metodologia científica é necessária para
o bom desenvolvimento da pesquisa científica, que “é a atividade nuclear da
Ciência” (CORDOVA; SILVEIRA, 2006, p.31).
A pesquisa científica, em suas mais variadas versões – monografia, artigo, TCC,
paper, seminário, projeto, Iniciação Científica, entre outras - possibilita a investi-
gação e o entendimento de uma realidade (exata, social, humana, biológica, tec-
nológica etc.), já que é uma ação intensa, metódica e sistemática, cujo objetivo é
descobrir e interpretar (LEHFELD, 1991).
Até aqui, chegamos a uma conclusão: de que a ciência se identifica com um con-
junto de procedimentos que permite a distinção do que é verdade e do que não é
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verdade, e esse conjunto é o método científico. Desta forma, a ciência, em suas mais
variadas áreas (exatas, humanas, biológicas etc.), possui características comuns
quanto ao método, independente de suas vertentes. Assim, a metodologia cientí-
fica é aplicável tanto para o segmento lógico da ciência (Lógica e Matemática),
quanto para o segmento empírico (Naturais e Sociais).
Medeiros (2010, p.12) entende que “os trabalhos de graduação e pós-gradua-
ção, para serem considerados pesquisas científicas, devem produzir ciências, ou dela
derivar, ou acompanhar seu modelo de tratamento”.
Já compreendido o papel da ciência e do método na pesquisa, e que a pesquisa
é um dos pilares da universidade, iremos elencar os diferentes tipos de pesquisa
quanto a(ao/s):
• Procedimento.
• Natureza.
• Abordagem.
• Objetivos.
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Tipos de pesquisa

Figura 2.5 - Há uma grande variedade de produções científicas

Fonte: Dolgachov (123RF)

A Pesquisa Científica se divide em tipos baseados em seu procedimento, sua


natureza, sua abordagem e seus objetivos. Cada qual se subdivide em outros tipos.
Tudo isso tem a finalidade de dar à pesquisa um método seguro à sua proposta.
Quanto à abordagem, a pesquisa pode ser qualitativa ou quantitativa, ainda
que alguns teóricos elenquem também a mista.

a. Abordagem: qualitativa/quantitativa
Quando nos referimos à pesquisa qualitativa, estamos nos referindo ao termo
qualidade, e quanto à quantitativa, a quantidade. Qualidade é o pressuposto refe-
rente à compreensão de uma qualidade social, ou seja, o problema é mais impor-
tante que a quantidade numérica deste problema. A pesquisa qualitativa ainda
que se utilize de uma representatividade numérica, não se foca nisso. Informações
da vida social é o foco desta abordagem, independente da quantidade de fatos,
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pessoas, fenômenos, pois as dinâmicas das relações sociais não são quantificáveis
nesta abordagem.

Para Minayo (2001), a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de sig-


nificados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde
a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos
que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. Aplicada
inicialmente em estudos de Antropologia e Sociologia, como contraponto à
pesquisa quantitativa dominante, tem alargado seu campo de atuação a
áreas como a Psicologia e a Educação. As características da pesquisa qua-
litativa são: objetivação do fenômeno; hierarquização das ações de descre-
ver, compreender, explicar, precisão das relações entre o global e o local em
determinado fenômeno; observância das diferenças entre o mundo social e
o mundo natural; respeito ao caráter interativo entre os objetivos buscados
pelos investigadores, suas orientações teóricas e seus dados empíricos; busca
de resultados os mais fidedignos possíveis; oposição ao pressuposto que
defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências (CORDOVA;
SILVEIRA, 2006, p.32).

Por exemplo, em uma pesquisa da área de Ciências Sociais, o tema pode ser a
“reprovação de jovens negros no Ensino Fundamental”. Se o foco do(a) pesquisa-
dor(a) fosse o índice de reprovação, a quantidade de alunos negros e essa relação
direta com as notas etc., poderíamos ter uma pesquisa quantitativa, pois a abor-
dagem quantificável se sobressairia. Agora, se o foco fosse o motivo pelo qual a
reprovação acontece, se isso está intimamente ligado às questões sociais e raciais, o
foco é qualitativo.
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Figura 2.6 - Gráficos costumam ser as formas de interpretação dos fatos na pesquisa quantitativa

Fonte: Érico (2017, on-line)

Perceba que quando o resultado e/ou foco da pesquisa puder ser quantificável,
temos então a pesquisa quantitativa, cujas amostras de população e dados são
objetivas e brutas, diferente da análise qualitativa que é mais subjetiva. Nesta
abordagem, as relações entre variáveis matemáticas, porcentagens e razões se
sobressai às questões mais específicas da experiência humana e dos fenômenos
estudados.
Exemplo de pesquisa quantitativa é a pesquisa de intenção de voto, na época
das eleições, ou o número de leitores em uma escola, ou até mesmo o índice de
satisfação do cliente de uma marca de telefonia celular. Já como exemplo de qua-
litativa, podemos citar uma pesquisa sobre um escritor do romantismo inglês, a
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imagem de uma determinada empresa no mercado perante a concorrência ou até


mesmo uma revisão bibliográfica sobre determinado tema.
Tanto a abordagem quantitativa quanto a qualitativa tem seus prós e contras,
sendo o ideal, segundo Santos (2009), a abordagem mista, em que ambas as
abordagens se complementam.

PROCEDIMENTOS
MÉTODO
CARACTERÍSTICAS MÉTODO QUALITATIVO MÉTODO MISTO
QUANTITATIVO
*Concomitante. Mais
*Entrevista.
de um instrumento
Instrumentos de coleta de *Observação.
*Questionário. quanti-qualitativo
dados *Levantamento bibliográfico
utilizado em diversos
e documental.
momentos.
*Roteiro de entrevista *Questionário
*Questionário
com perguntas abertas padronizado
padronizado com
ou sequência de tópicos e integrado a roteiro de
alternativas de respostas
Estrutura do instrumento subtópicos. entrevista: planilhas
pré-fixadas e algumas
*Planilha de observação. de observação, guia
perguntas abertas
*Guia de termos e forma de de termos e forma de
(opcional).
compilação. compilação.
*Integração de
*Dicotômicas, escalas técnicas: alternativas
*Texto narrativo, mídias, e múltipla escolha, de respostas pré-
Tipo de registro de
fichamento do levantamento transcrição literal de fixadas, texto narrativo,
respostas
bibliográfico e documental. respostas a perguntas gravação de voz,
abertas. fotografias, filmagens
e fichamentos.

*Banco de dados
estatísticos.
*Arquivos de dados
*Arquivos de dados de
*Banco de dados de entrevistas ou
entrevistas ou documentos.
Forma de processamento estatísticos. documentos.
*Organização dos dados em
de dados *Arquivos de fichas de *Organização dos
temas e categorias.
leitura. dados em temas e
*Arquivos de fichas de leitura.
categorias.
*Arquivos de fichas de
leitura.
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*Análise integrada
*Comportamento de quanti-qualitativo.
variáveis, indicadores e *Apresentação de
*Elucidação da estrutura índices. resultados na forma
narrativa de textos. *Estatística descritiva ou de tabelas, gráficos e
*Contextualização e inferencial. quadros triangulados
Análise e interpretação de interpretação do significado *Análise univariada, com trechos de
dados de imagens e/ou sons. bivariada ou depoimentos dos
*Análise de conteúdo de multivariada. entrevistados,
depoimentos, textos e *Elaboração de tabelas narrativas e
documentos. estatísticas, gráficos e reportagens.
quadros. *Triangulação com
*Testes estatísticos. documentos textuais e
audiovisuais.

Quadro 2.1 - Comparação de procedimento em métodos qualitativos, quantitativos e mistos

Fonte: Adaptado de Santos (2009, p.150)

b. Natureza: pesquisa básica/aplicada


A natureza de uma pesquisa pode ser ou básica ou aplicada – no geral, uma
abrange de uma forma geral e outra específica. UNISANTA (s.d., p.2) conceitua
as naturezas da pesquisa como:

Pesquisa Básica: objetiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço


da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses
universais;

Pesquisa Aplicada: objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática


dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses
locais.

Já IFGW (2015 apud DEL-BUONO, 2015, s.p.) define como:


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Métodos e tipos de pesquisa

Pesquisa Básica destina-se à investigação de fenômenos físicos e seus


fundamentos;

Pesquisa Aplicada utiliza-se dos conhecimentos obtidos pela pesquisa


básica para solucionar ações concretas e solucionar os problemas existentes.

Basicamente, a ideia da natureza da pesquisa é que enquanto a pesquisa básica


objetiva formular novos conhecimentos para o avanço de várias áreas e interes-
ses gerais e universais, a aplicada, objetiva usar dos conhecimentos propostos na
básica, para solucionar problemas específicos de uma área. Por exemplo, enquanto
uma pesquisa que estuda diferentes modelos de cadeiras de rodas para determinar
qual é mais eficiente e ergonômica para as pessoas idosas, seria entendida como
aplicada, os estudos sobre ergonomia e sua relação com idosos é básica, pois é geral
e pode ser usada em várias ciências.

c. Objetivos: pesquisa descritiva/exploratória/explicativa


Com base nos objetivos, a pesquisa pode ser classificada em i) Exploratória, ii)
Descritiva e iii) Explicativa. A pesquisa exploratória tem como objetivo explorar,
isto é, aprofundar mais o conhecimento já adquirido de um tema. Cervo, Bervian
e Silva (2006) pontuam que este tipo de pesquisa visa orientar e formular novas
hipóteses sobre um objeto. Gil (1999) caracteriza este tipo de pesquisa quando
envolve o levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas e análise de exem-
plos. Sendo as mais significativas as bibliográficas e o estudo de caso.
A pesquisa descritiva, como o próprio nome sugere, tem como objetivo descrever
minuciosamente os fenômenos e fatos a qual deseja pesquisar. Barros e Lehfeld
(2007) conceituam a pesquisa descritiva como a pesquisa cuja realização se dá no
estudo, na análise, no registro e na interpretação dos fatos, sem a interferência do
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pesquisador. Logo, tem a finalidade de observar, registrar e analisar os fenômenos,


fatos, variáveis e fatores. O pesquisador deve apenas descrever a frequência do
fenômeno, como acontece, qual o método, como é o processo, sem entrar nos moti-
vos e problemáticas geradoras. Perovano (2014) considera este tipo de pesquisa
como uma espécie de estudo de caso, em que após a coleta de dados é realizada
a análise das relações entre as variáveis, e por isso, as técnicas de coleta de dados,
como questionários, escalas e entrevistas são importantíssimas. Estudo de caso, aná-
lise documental e pesquisa ex-post-facto são exemplos de pesquisas descritivas.
Por fim, a pesquisa explicativa, diferente da descritiva, além de analisar os
dados, busca o porquê dos fatos e fenômenos, isto é, preocupa-se com a identifica-
ção dos fatores determinantes por meio dos resultados oferecidos (GIL, 1999). Tal
prática exige teorização e reflexão, a fim de ampliar modelos teóricos e, por isso,
se utiliza de métodos experimentais e simulação. Pesquisas explicativas podem ser
classificadas como experimentais e ex-post-facto (GIL, 1999).

Quanto à Abordagem Quanto à Natureza Quanto ao Objetivo


Qualitativa Aplicada Exploratória
Quantitativa Básica Descritiva
Explicativa

Quadro 2.2 - Quadro classificatório dos tipos de pesquisa

Fonte: Elaborado pelo autor

d. Procedimentos: as várias formas de se conduzir uma pesquisa científica


A pesquisa científica, como vimos até aqui, tem como objetivo resolver um pro-
blema, e seu método visa dar um caminho para esta resolução. Desenvolver uma
pesquisa tem procedimentos variados, dependendo do que se pesquisa. A seguir,
elenco, a partir de Fonseca (2002), Gil (2007) e Trivinos (1987), alguns conceitos:
Metodologia da Pesquisa Científica
Métodos e tipos de pesquisa

• Pesquisa experimental
Como o nome diz, a pesquisa experimental trabalha com experimentos, isto é,
na manipulação de variáveis precisas e controladas a fim de apreender as relações
de causa e efeito (FONSECA, 2002). Este tipo de pesquisa pode ser feito tanto em
laboratório como em campo, sendo que no primeiro o ambiente é artificialmente
criado e no segundo, as condições dos sujeitos são controladas.

• Pesquisa estudo de caso


A partir de uma perspectiva interpretativa, o estudo de caso é uma pesquisa
que foca em uma análise e interpretação de um objeto bem delimitado e específico.
Alves-Mazzotti (2006, p.640 apud GERHARDT; SILVEIRA, 2006, p.27), cita que:
os exemplos mais comuns para esse tipo de estudo são os que focalizam ape-
nas uma unidade: um indivíduo (como os casos clínicos descritos por Freud), um
pequeno grupo (como o estudo de Paul Willis sobre um grupo de rapazes da classe
trabalhadora inglesa), uma instituição (como uma escola, um hospital), um pro-
grama (como o Bolsa Família), ou um evento (a eleição do diretor de uma escola).

• Pesquisa bibliográfica
A pesquisa bibliográfica é a mais comum dentro das universidades, principal-
mente na área de humanas. Seu método baseia-se na coleta e levantamento de
informações referenciais em textos com livros, enciclopédias, dicionários, artigos,
periódicos etc., podendo ser meios escritos e/ou eletrônicos. De acordo com Fonseca
(2002, p.32), “qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica,
que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Existem,
porém, pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica”,
estas também chamadas de revisão bibliográfica – revisão de tudo o que já foi
escrito sobre o tema, em outras pesquisas.
Metodologia da Pesquisa Científica
Métodos e tipos de pesquisa

Figura 2.7 - Bibliotecas são espaço constantes para quem faz pesquisa bibliográfica. Contudo,

também é essencial nos demais procedimentos

Fonte: Volnyanskyy (123RF)

• Pesquisa documental
Muito semelhante à pesquisa bibliográfica, a documental recorre a fontes que
não há tratamento analítico, como relatórios, documentos oficiais, leis, cartas, fil-
mes, fotografias, vídeos, documentários etc.

• Pesquisa de campo
A pesquisa de campo caracteriza-se pelas investigações e coleta de dados que,
além do uso de técnicas bibliográficas e/ou documentais, também são feitas in loco,
junto às pessoas, que são objetos da pesquisa.
Metodologia da Pesquisa Científica
Métodos e tipos de pesquisa

Há outros procedimentos, menos comuns, nas universidades, como:

• Pesquisa participante
Pesquisa que é caracterizada com o envolvimento e identificação do pesquisador
com os objetos e pessoas pesquisadas.

• Pesquisa etnográfica
Pesquisa cujo objeto pesquisado é um grupo étnico ou povo.

• Pesquisa-ação
A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa com cunho social, que visa a intervenção
como resolução de um problema, muitas vezes coletivo.

• Pesquisa de levantamento
Pesquisa que se utiliza de levantamento de uma amostra ou de uma população,
ou seja, uso de censo.

Indicação de leitura
Nome do livro: Discurso do método
Editora: Martins Fontes
Autor: René Descartes
ISBN: 85-336-0551-X.

Cogito ergo sum. “Penso, logo existo”. Tal proposição resume o espírito de René Descartes (1596-
1650), sábio francês cujo “Discurso do método” inaugurou a filosofia moderna. Em 1637, em uma época
em que a força da razão tal qual a conhecemos era muito mais do que incipiente, e em que textos
filosóficos eram escritos em latim, voltados apenas para os doutores, Descartes publicou “Discurso do
Metodologia da Pesquisa Científica
Métodos e tipos de pesquisa

método”, redigido em língua vulgar, isto é, o francês. Ele defendia o “uso público” da razão e escreveu
o ensaio pensando em uma audiência ampla. Queria que a razão - este privilégio único dos seres
humanos - fosse exatamente isso, um privilégio de todos homens dotados de senso comum. Trata-se de
um manual da razão, um prático “modo de usar”. Moderno, Descartes postulava a ideia de que a razão
deveria permear todos os domínios da vida humana e que a apreciação racional era parâmetro para
todas as coisas, em uma atividade libertadora, voltada contra qualquer dogmatismo. Evidentemente,
tal premissa revolucionária lhe causaria problemas, sobretudo, no âmbito da Igreja - em 1663, vários
de seus livros foram colocados no Index. Razão alegada - a aplicação de exercícios metafísicos em
assuntos religiosos. Discurso do método mostra por que Descartes - para quem “mente”, “espírito”,
“alma” e “razão” significavam a mesma coisa - marcou indelevelmente a história do pensamento.

Indicação de leitura
Nome do livro: Pesquisa no Mundo Real
Editora: Porto Alegre
Autor: David E. Gray
ISBN: 978-1-84787-337-8

O livro conduz o leitor do início ao fim do processo de pesquisa. Ajuda o leitor a compreender os
muitos meios pelos quais é possível coletar, validar e interpretar dados. Entre os tópicos abordados,
estão: como selecionar projetos e questões de pesquisa adequadas; como decidir sobre quais são
as estratégias mais eficazes para o desenho de pesquisa; e como escolher e implementar métodos
de coleta de dados. O autor lança mão de recursos como atividades e “dicas quentes” ao longo dos
capítulos que visam auxiliar os leitores em seus projetos de pesquisa.
É ideal para estudantes de áreas como Administração, Ciências Humanas e Ciências Sociais e
também para profissionais envolvidos com a pesquisa aplicada e organizacional.
Metodologia da Pesquisa Científica

unidade 3da pesquisa científica


Elementos

Elementos da pesquisa científica


Silvio Ruiz Paradiso

Olá, caro(a) aluno(a). Nesta unidade, você irá aprender os elementos básicos de uma pesquisa cien-
tífica, tanto no âmbito de um projeto quanto de uma composição científica (TCC, artigo, monografia,
ensaio, etc.). Assim, inicialmente, apresentaremos a base desses elementos: o tema, o título, o resumo,
as palavras-chave, a introdução, a revisão da literatura, o referencial teórico, a justificativa, os objetivos
da pesquisa (geral e específicos), a metodologia, o cronograma, as referências e os anexos/apêndices.

O tema é constituído por quatro itens: a questão inicial, a exploração do tema, a problemática e a
construção da hipótese. Quanto ao título, por meio de algumas palavras, ele é capaz de representar a
síntese da pesquisa. O resumo deve apresentar os elementos básicos da pesquisa. As palavras-chave,
por sua vez, são os termos que definem os subtemas do estudo e a introdução é a parte textual que
expõe um panorama geral do que será apresentado na pesquisa.

Após desenvolver essas seções introdutórias, o pesquisador deve explanar acerca da revisão de litera-
tura e do referencial teórico utilizados no trabalho. Posteriormente, é necessário elaborar a justificativa,
responsável por explicar o porquê da pesquisa, isto é, quais são as razões e os fundamentos relacio-
nados à importância e à relevância do tema. Em seguida, o investigador precisa expor quais são os
objetivos da pesquisa, que se dividem em objetivo geral, ligado diretamente ao problema e à hipótese,
e objetivos específicos, que são os caminhos percorridos para se atingir o objetivo geral.

Devemos salientar que, apesar de ser apresentada em uma seção anterior, a metodologia será dis-
cutida aqui como um dos elementos necessários para o entendimento de uma pesquisa. Quanto ao
cronograma, ele marca, temporalmente, cada fase da pesquisa. Por fim, você entenderá o que são
as referências, os anexos e os apêndices. Temos a certeza de que, após a leitura desta unidade, tudo
ficará mais claro para você, caro(a) aluno(a), no que se refere à composição de uma pesquisa científica
desenvolvida a luz da metodologia científica.
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica

Elementos da pesquisa científica

Figura 3.1 - A construção do texto científico precisa ser embasada em uma estrutura sólida que,

nesse caso, são os seus elementos

Fonte:OLEGDUDKO, 123RF.

Várias etapas são necessárias para a produção de um texto científico, as quais


são, justamente, o “caminho”, o método, para se chegar à credibilidade que um
texto científico deve ter. O primeiro passo é o óbvio: uma ideia, visto que o traba-
lho científico, seja ele qual for (TCC, monografia, artigo, etc.), deve começar pelo
tema, o qual precisa ser fundamentado em conceitos e teorias, além de ser expresso
por meio de uma boa escrita. O desenvolvimento do tema parece ser fácil, mas,
na verdade, o pesquisador precisa de conhecimento e de leituras básicas acerca
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica

do que quer pesquisar. Devemos ressaltar que a diferença consiste no foco, que se
desenvolve a partir do tipo de texto produzido. Esses tipos estão mais bem expostos
a seguir.
• Projeto de pesquisa: contém uma “intenção”, um “plano” para desenvolver
determinada ideia de pesquisa. Esse tipo de projeto abrange elementos obri-
gatórios, que devem ser seguidos para a sua correta execução. São eles:
objetivos, justificativa, cronograma, metodologia, etc. É no projeto que o
pesquisador esboça, delimita e apresenta seu objeto de estudo. Desse modo,
toda produção científica inicia-se com um projeto de pesquisa.
• TCC: é a sistematização de todo conhecimento acumulado na trajetória aca-
dêmica em forma de texto. O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é uma
exigência acadêmica de grande parte dos cursos de graduação e de pós-
graduação lato sensu. Um TCC pode ser feito em formato de monografia,
artigo, paper, dissertação (em caso de mestrado) e tese (para o doutorado).
• Monografia: é o estudo bem definido de um único assunto (mono = um;
grafia = escrita) e possui um caráter mais científico, pois se destina ao
estudo de um assunto mais profundo, de forma mais completa. Por ser um
trabalho longo, divide-se em capítulos e subcapítulos.
• Artigo: refere-se à apresentação sintética, em forma de relatório escrito, dos
resultados de investigações ou dos estudos realizados a respeito de uma ques-
tão. Tem caráter dissertativo e baseia-se em referenciais teóricos acerca do
tema. O artigo tem, aproximadamente, entre 10 e 20 páginas, dependendo
do local de publicação, além de suas partes serem divididas em seções.
• Paper: é um miniartigo científico que tem um número reduzido de páginas
(entre 3 e 5, aproximadamente). Aborda determinado tema e é bem técnico.
• Banner (poster): diz respeito a uma exposição sintética de um trabalho
acadêmico, o qual é impresso em um cartaz. Por esse motivo, privilegia
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica

imagens, ou seja, há o apelo visual sem, no entanto, excluir o texto científico.


A apresentação é pautada na “autoexplicação”, acompanhada, às vezes, de
uma exposição oral feita pelos autores.

Figura 3.2 - O banner é um trabalho científico de apelo visual

Fonte: LOPES-PALACIOS; MARTINEZ-BARBERA, 2016, on-line.


Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica

• Resumo e resumo expandido: o resumo refere-se à apresentação concisa das


ideias de um trabalho científico. O resumo expandido, por sua vez, apre-
senta parte das discussões presentes na pesquisa.
• Dissertação e tese: são trabalhos científicos que se destinam à obtenção do
grau acadêmico de mestre e doutor, respectivamente. A diferença é que os
projetos de dissertação não precisam ser inéditos, mas devem mostrar habili-
dade e aprofundamento na pesquisa, principalmente na linha de formação
do pesquisador. Por seu turno, a tese precisa ser uma contribuição inédita
para o conhecimento, por isso, o pesquisador deve defender uma conclusão,
uma descoberta, um método ou uma ideia, após o profundo trabalho de
pesquisa.

Todos os exemplos mencionados precisam de uma metodologia de pesquisa, pois,


segundo Severino (1993), essas produções científicas necessitam de diretrizes nor-
teadoras, que se somam ao arcabouço teórico e didático oferecido na graduação e
pós-graduação. Nesse sentido, além do conhecimento, são necessários a orientação
(papel dos professores) e o método, para que a produção ganhe status de “ciência”.

Tema
Caro(a) aluno(a), todo trabalho se inicia pela escolha do tema, o qual se refere
à delimitação do assunto que, muitas vezes, é amplo e pode envolver diferentes
temas. O tema, então, é o recorte desse determinado assunto, isto é, uma perspectiva
a respeito dele. Pensando por esse lado, uma turma de 30 acadêmicos, por exemplo,
pode fazer pesquisas distintas sobre um mesmo assunto, cada um com seu enfoque.
Nessa perspectiva, segundo Gil (2004), delimitar um tema carece de alguns crité-
rios, como o espacial, o temporal e o populacional, apresentados a seguir.
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Elementos da pesquisa científica

a. Espacial: delimita o locus da observação, ou seja, o local onde o fenômeno


em estudo ocorre, se a pesquisa vai acontecer na área urbana, em um muni-
cípio, em uma faculdade ou empresa, etc.
b. Temporal: diz respeito ao período no qual o objeto de estudo está circuns-
crito. Pode ser uma pesquisa que aborda uma questão do presente, do pas-
sado (usando documentos, fotos ou dados mais antigos) ou de um período
entre datas, como uma análise de capas de discos da banda X, entre os anos
de 1980 e 1990.
c. Populacional: é um dos principais recortes, pois delimita quem será objeto
da pesquisa. Pode ser, por exemplo: a população quanto à escolaridade (alu-
nos do Ensino Médio); os grupos étnicos (indígenas), o gênero (mulheres), a
espécie (animais silvestres), os usuários de algum serviço (usuários do SUS),
a religião (católicos), a classe social, dentre outros.
Assim, a delimitação precisa considerar, pelo menos, dois desses três critérios.

Reflita
“Se queres fazer um livro poderoso, deves escolher um tema poderoso”. Herman Melville.

Como vimos, a escolha do tema advém de um assunto, que precisa ser o mais
delimitado possível. Por exemplo:
• assunto: violência:
• tema delimitado uma vez: violência no trânsito;
• tema delimitado duas vezes: violência no trânsito de Mogi das Cruzes;
• tema delimitado três vezes: violência no trânsito de Mogi das Cruzes, entre
os anos de 2010 e 2018;
• assunto: racismo:
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica

• tema delimitado uma vez: racismo na literatura infantil;


• tema delimitado duas vezes: racismo na literatura de Monteiro Lobato;
• tema delimitado três vezes: racismo na obra “Caçadas de Pedrinho”, de
Monteiro Lobato;
• assunto: uso de metilfenidato:
• tema delimitado uma vez: o uso de metilfenidato entre vestibulandos;
• tema delimitado duas vezes: o uso de metilfenidato entre vestibulandos do
colégio X.

Com o tema decidido, ainda no início do processo de pesquisa, há quatro etapas


essenciais para a construção de uma pesquisa, as quais estão expostas a seguir.
a. Questão inicial: toda pesquisa baseia-se em uma questão inicial. Nesse sen-
tido, o investigador deve se questionar: o que quero pesquisar? Parece óbvio,
mas esse fio condutor da pesquisa deve ser pensado com muito cuidado. Além
disso, deve ser preciso, realista, pertinente e claro. Quivy e Campenhoudt
(1995 apud GERHARDT, SILVEIRA, 2009, p. 48) revelam que “[...] através
desta questão, o pesquisador tentará expressar o mais precisamente possível
o que ele busca conhecer, elucidar, compreender melhor”.

Ademais, as questões precisam se relacionar com as seguintes indagações: como


são as coisas? Quais são as suas causas? Quais são as suas consequências? O pro-
blema é original? O problema é relevante? Mesmo interessante, é adequado para
mim? Posso executar a pesquisa? Terei tempo suficiente para investigar isso?
b. Exploração do tema: durante a etapa de exploração do tema, já esco-
lhido previamente, o pesquisador coleta informações, por meio de leituras
e entrevistas, para conhecer melhor o tema que envolve a questão inicial.
Basicamente, nessa etapa, é necessário ler o que já escreveram acerca do
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica

assunto, mas evitando muitos textos, ou seja, escolhendo apenas os básicos,


pois os mais profundos serão usados adiante.

Essa leitura preliminar serve para auxiliar a responder à questão inicial, além
de possibilitar o conhecimento de abordagens e enfoques diferentes sobre o tema.
Ademais, o local mais utilizado para se fazer a coleta de textos é a biblioteca
(física ou virtual), devido à variedade de referências presente nela. Também é
nessa etapa que o pesquisador começa a treinar a elaboração de resumos e rese-
nhas, que auxiliam durante o processo de leitura e pesquisa.

Saiba mais
Caro(a) aluno(a), para conhecer as diferenças entre resumo e resenha, acesse: objetoseducacionais2.
mec.gov.br

Salientamos que a exploração do tema é importantíssima, pois além de possi-


bilitar o treino de leitura, síntese, resumo e fichamento, a comparação de textos
serve para analisar convergências, divergências e complementaridades acerca da
temática, e, assim, lapidar a questão inicial, para que ela se torne o “problema de
pesquisa”.
c. A problemática: essa é uma etapa muito importante, pois é nela que o
pesquisador vai desenvolver o “problema”. A pesquisa, como exposto ante-
riormente, começa com a questão inicial, ou seja, uma indagação que logo
se transforma em um problema, o qual só será científico se envolver hipó-
teses, as quais podem ser comprovadas ou negadas, envolver variáveis que
podem ser testadas, observadas e/ou manipuladas.
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica

Considere o seguinte exemplo: suponha que você desenvolverá uma pesquisa


bibliográfica da área de literatura, cuja questão inicial é: Monteiro Lobato era
racista? Depois de uma leitura acerca do tema, a qual envolve a biografia do
autor, artigos e livros de pesquisadores acerca da escrita e de possíveis questões
raciais nas produções de Lobato, você chega a um problema: na obra de Monteiro
Lobato, há indícios de um posicionamento racista? Veja, caro(a) aluno(a), que o
problema está, intimamente, ligado à questão inicial.
Outro exemplo está relacionado a uma pesquisa da área química ou estética,
cuja questão inicial é: em seus rótulos, os sabonetes mostram o valor de seu pH?
Após desenvolver as leituras, você descobriu que a importância do pH em sabone-
tes está ainda mais relacionada ao contexto infantil. Essa informação permite que
você, caro(a) aluno(a), direcione melhor a questão e, consequentemente, o pro-
blema de pesquisa: sabonetes infantis (antibacterianos e syndets), de fato, possuem
o índice de pH apresentado no rótulo?
Tanto o problema do primeiro exemplo quanto do segundo seguem critérios que
permitem a investigação, cada um conforme métodos e procedimentos distintos.
Nessa perspectiva, evidenciamos que os problemas de uma pesquisa podem ser
definidos por razões de ordem prática ou intelectual e, quase sempre, são elabora-
dos em forma de pergunta. Desse modo, Luciano (2001, p. 18) afirma que

[...] quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são


insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema. Para
tentar explicar as dificuldades expressas no problema, são formuladas con-
jecturas ou hipóteses. Das hipóteses formuladas, deduzem-se consequências
que deverão ser testadas ou falseadas. Falsear significa tornar falsas as con-
sequências deduzidas das hipóteses.
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Elementos da pesquisa científica

d. Construção da hipótese. De todos os métodos para a construção de textos


científicos, o método hipotético-dedutivo é o mais comum, visto que, a par-
tir das hipóteses formuladas, deduz-se a solução de um problema. Assim,
uma hipótese refere-se a uma possível resposta para o problema, isto é, o
problema estabelecido de forma clara, automaticamente, gera a formulação
de uma hipótese, que será comprovada ou, até mesmo, negada no desenvol-
vimento do texto. Nesse sentido, conforme expoem Bortolozzi e Bertoncello
(2012, p. 67),

ao optar por uma solução que deseja demonstrar (ou seja, a hipótese, nascida
do problema apontado), tem-se uma tese. Neste momento, é importante
que façamos a seleção/delimitação do assunto e deve-se então escolher o
“pedaço” do problema que se quer ou se precisa estudar para estudá-lo em
profundidade. Mesmo que todos os aspectos sejam considerados importan-
tes, devem ser tratados um por vez e, ao escolher um deles, abandonam-se
ou outros. É uma imposição do método. Aqui é fundamental fazermos a
construção da(s) hipótese(s), que é uma solução provisória que se propõe
para o problema formulado. Sendo uma suposição que necessita de con-
firmação, pode ser formulada tanto na forma afirmativa quanto na interro-
gativa. Não há uma norma ou regra fixa para a formulação de hipóteses,
mas deve ser baseada no conhecimento do assunto e na literatura especí-
fica que foi levantada: lança-se uma afirmação a respeito do desconhecido
com base no que se construiu e publicou sobre o tema. A formulação clara
das hipóteses orienta o desenvolvimento da pesquisa. As hipóteses devem
ser razoáveis e verificáveis. Em pesquisas exploratórias e descritivas, não há
necessidade de apresentar as hipóteses.
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica

Para que haja a melhor compreensão acerca desse assunto, considere os temas
expostos anteriormente:
• violência no trânsito de Mogi das Cruzes, entre 2010 e 2018;
• racismo na obra “Caçadas de Pedrinho”, de Monteiro Lobato;
• o uso de metilfenidato entre vestibulandos, do colégio X.

Em relação a esses temas, observe os possíveis problemas apresentados a seguir.


• O número de mortes no trânsito em Mogi, entre 2010 e 2018, aumentou,
diminuiu ou se manteve? Houve mudança no número de acidentes entre
2010 e 2018, em Mogi das Cruzes, após a veiculação maciça de publicidades
relacionadas ao tema?
• Há a presença de elementos de cunho racista na obra “Caçadas de Pedrinho”
de Monteiro Lobato?
• Vestibulandos do colégio X usam metilfenidato sem receita médica? Se sim,
isso é feito como estímulo cognitivo?

Obviamente, há várias problemáticas que podem ser sugeridas, mas há tam-


bém a necessidade de se apresentar possíveis respostas para as questões, ou seja, a
tese do pesquisador em relação às perguntas. Observe as informações a seguir.
• Houve aumento. Agora, é preciso pesquisar dados que comprovem essa
hipótese, bem como os possíveis motivos desse aumento.
• Sim, há elementos racistas, tanto textuais como nas gravuras originais.
Deve-se, portanto, provar essa hipótese, com trechos e imagens.
• Sim, os alunos desse colégio usam metilfenidato sem receita. É dever do pes-
quisador provar o que descobriu, possivelmente, por meio de um questioná-
rio respondido pelos alunos, além de elencar os motivos do uso.
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica

Enfim, esses são apenas exemplos de possibilidades hipotéticas cuja pesquisa


científica pode apresentar respostas fidedignas e objetivas.
Após a escolha e a delimitação do tema e o delineamento das hipóteses, há a
materialização da pesquisa, que parte da elaboração de um projeto de pesquisa, ou
seja, já se trata de uma produção científica. O projeto é importante, porque verifica
as reais possibilidades de execução da ideia construída nas quatro etapas supra-
citadas (SANTOS; FILHO, 2011). Sendo assim, de acordo com Severino (1993, p.
123), um projeto bem elaborado desempenha as funções expostas a seguir.
1. Define e planeja para o próprio orientando o caminho a ser seguido no
desenvolvimento do trabalho de pesquisa e reflexão, explicitando as etapas
a serem alcançados, os instrumentos e estratégias a serem usados. Este pla-
nejamento possibilitará ao pós-graduando/pesquisador impor-se uma disci-
plina de trabalho não só na ordem dos procedimentos lógicos, mas também
em termos de organização do tempo, de sequência de roteiros e cumprimen-
tos de prazos.
2. Atende às exigências didáticas dos professores, tendo em vista a discussão
dos projetos de pesquisa em seminários, frequentes, sobretudo em cursos de
doutorado. Cada pesquisador submete sua proposta à apreciação dos cole-
gas, com os quais a discute.
3. Permite aos orientadores que aquilatem melhor o sentido geral do trabalho
de pesquisa e seu desenvolvimento futuro, podendo discutir desde o início,
com o orientando, suas possibilidades, perspectivas e eventuais desvios.
4. Subsidia a discussão e a avaliação pela banca examinadora das possibili-
dades do pós-graduando com vistas à elaboração de sua dissertação ou tese
por ocasião do exame de qualificação.
5. Serve de base para solicitação de bolsa de estudos ou de financiamento
junto a agências de apoio à pesquisa e à pós-graduação.
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica

6. Serve de base para a coordenação de programas de pós-graduação decidir


quanto à aceitação das matrículas de candidatos, sobretudo aos cursos de
doutoramento.

Santos e Filho (2011), Severino (1993) e Medeiros (2010) apresentam, como


estrutura de um projeto científico, os seguintes elementos: tema, referencial teórico,
justificativa, objetivos, problema, hipótese, metodologia, bibliografia, cronograma e
apresentação gráfica. Alguns autores ainda elencam o título, o resumo (abstract),
as palavras-chave (keywords), a definição de termos, os custos e os anexos e apên-
dices como elementos estruturais dos trabalhos e projetos científicos. Nesta unidade,
no entanto, vamos descrever os elementos que serão mais usados por você, caro(a)
aluno(a), durante sua jornada científica na graduação e pós-graduação.

Título
O título é o primeiro elemento da pesquisa com o qual um leitor se depara. Dessa
forma, o título precisa impactar e despertar interesse para leitura, pois é ele que
sintetiza o que a pesquisa trata, como o objeto a ser pesquisado, o referencial teórico
ou a perspectiva. Devemos destacar que os elementos utilizados para afunilar a
pesquisa (geográfico, temporal e populacional) também devem aparecer no título.
Ademais, a presença de um subtítulo pode ser muito útil para o entendimento
geral da pesquisa.
Por exemplo: “O lúdico na escola: um olhar piagetiano acerca da prática dos
jogos, na segunda série do Ensino Fundamental”. Observe que, nesse caso, há título
e subtítulo, sendo que o título apresenta o tema geral: o lúdico na escola. Há
também o objeto de pesquisa, prática de jogos, além do referencial teórico, uma
abordagem feita com base nos estudos de Jean Piaget. Por fim, o título expõe o
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica

recorte populacional: segunda série do Ensino Fundamental. Agora, analise outros


exemplos:
• “Idosos e arte-terapia: um olhar da autoestima, a partir do uso da arte com
idoso asilados, na cidade de Taubaté (SP)”.
• Tema geral: o idoso e o uso da arte-terapia.
• Objeto de pesquisa: a autoestima desenvolvida a partir do uso da arte.
• Recorte populacional: idosos asilados.
• Recorte geográfico: Taubaté (SP).
• “A representação da mulher indiana nas literaturas pós-coloniais: uma aná-
lise nas obras de Mia Couto, Arundhati Roy e Rudyard Kipling”.
• Tema geral: a representação da mulher indiana na literatura.
• Objeto de pesquisa: como a mulher indiana é representada nas literaturas
de cunho pós-colonial.
• Referencial teórico: estudos pós-coloniais.

Resumo e palavras-chave
O resumo é uma parte importantíssima de uma pesquisa, pois muitos vão lê-lo,
para escolher se prosseguem ou não com a leitura. Dessa forma, o resumo deve ser a
síntese do conteúdo da pesquisa, o atalho e guia do conteúdo pesquisado, devendo
“falar por si”. Muitas vezes, nas bases de pesquisa de artigos científicos, monogra-
fias, dissertações e teses, o resumo é a única parte disponível, sendo o elemento mais
acessado da pesquisa.
Portanto, o resumo deve conter informações suficientes e responder a questões
como: qual é o tema? O que foi pesquisado? Por que foi pesquisado? O que querem
com isso? O que foi descoberto na pesquisa? Dentre outras. As instituições e revis-
tas científicas têm suas próprias formatações quanto ao resumo, porém a ABNT
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica

(Associação Brasileira de Normas Técnicas) define algumas normas como:


• apresentar objetivo, resultado, métodos utilizados e conclusão;
• não ultrapassar o limite de 500 palavras;
• evitar que o resumo tenha mais de dez linhas;
• ser escrito de forma clara e objetiva, preferencialmente na terceira pessoa e
em voz ativa;
• ser escrito em um único parágrafo e, após o texto, devem ser destacadas as
palavras-chave do trabalho (palavras ou expressões que se destacam no
trabalho);
• não deve conter citações.
• fonte tamanho 10 para Arial ou 12 para Times New Roman;
• título centralizado, em caixa-alta e negrito: RESUMO;
• Texto e palavras-chave justificados e com espaçamento de 1 cm entre linhas.
Após o resumo, são apresentadas as palavras-chave, ferramentas que ajudam
indexadores e mecanismos de busca a encontrar artigos relevantes. Assim, caro(a)
aluno(a), outros leitores e pesquisadores irão encontrar sua pesquisa a partir das
palavras-chave. Por isso, elas devem ser eficazes, representando o conteúdo da
pesquisa, além de serem específicas da área de pesquisa. As palavras-chave cos-
tumam ser entre três e cinco termos, separados por ponto ou ponto e vírgula, em
ordem alfabética. A seguir, há um exemplo de resumo e de palavras-chave.

RESUMO
A nova política de assistência oncológica do Sistema Único de Saúde SUS, implan-
tada em novembro de 1999, propôs modificações substanciais na forma de creden-
ciamento das unidades de tratamento. O objetivo do estudo foi descrever o perfil
do atendimento ao câncer de mama e de suas usuárias, após a implantação dessa
nova política. Foi realizado um estudo descritivo sobre o tratamento do câncer de
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica

mama nas unidades credenciadas pelo SUS, no Estado São Paulo, de 1999 a 2002.
As informações foram obtidas a partir das unidades de atendimento, por meio
da ficha de cadastro ambulatorial do SUS e de pacientes, pelas autorizações de
procedimentos de alta complexidade em oncologia e de prontuários. Foi analisada
uma amostra aleatória simples de 580 prontuários, provenientes das 25 unidades
credenciadas. Para a análise dos dados utilizou-se a distribuição percentual dos
dados pelas categorias de interesse e o teste X² para avaliar a associação entre as
variáveis. Houve predomínio do tratamento nos Centros de Alta Complexidade
Oncológica (85,3%); em unidades públicas (78,5%) e localizadas na capital do
Estado (81,1%). Os resultados mostraram diferenças relevantes entre os tipos de
unidades credenciadas e apontam para a necessidade de implantar recomendações
práticas para a política nacional de controle do câncer.
PALAVRAS-CHAVE: Formulação de políticas. Neoplasia de mama. Serviços
de saúde.
Fonte: BAKONYI, ARZUA, CARDOSO, 2012, p. 37

Em alguns casos, após o resumo e as palavras-chave em língua vernácula,


podem são cobrados o resumo e as palavras-chave em língua estrangeira, que
devem aparecer em seguida e serem desenvolvidos com a mesma formatação.

Introdução
A introdução deve apresentar os fundamentos do estudo em questão. Assim, seu
objetivo é situar o leitor no contexto da pesquisa, permitindo-lhe perceber o que
será analisado, o alcance da investigação e as bases teóricas.
Os elementos estruturais, ordenadamente, devem ser: tema (assunto tratado no
trabalho); problema da pesquisa (apresenta, claramente, de forma interrogativa,
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica

onde se quer chegar, o que se pretende mostrar, descobrir, testar); base teórica
(definição dos pressupostos teóricos e principais conceitos trabalhados na pesquisa);
formulação da hipótese (consiste na(s) possível(is) resposta(s) proporcionada(s)
pelo trabalho de pesquisa).

Revisão de literatura e referencial


teórico
Revisar é extrair o melhor de algo, é rever, considerar novamente, reconsiderar,
repensar. Desse modo, quando essas ações são realizadas de forma bibliográfica, o
pesquisador recolhe as melhores informações acerca do tema a ser pesquisado.
Todo tema tem uma literatura que o envolve, ou seja, um conjunto de obras
científicas, filosóficas, artísticas, que abordam tal temática. Nesse caso, literatura é
sinônimo de bibliografia, ou seja, uma seleção de obras escritas.
Quando ouvimos falar: “isso não aparece na literatura médica”; “há exemplos
na literatura jurídica; “comumente citada na literatura psicanalítica”, os sentidos
são: “isso não aparece em qualquer obra científica de cunho médico”; “há exemplos,
em alguns textos, da área jurídica”; “comumente citada nos textos sobre psicaná-
lise”. Logo, quando revisamos uma literatura, estamos retirando dela o que há de
melhor em relação ao que já foi escrito acerca do tema, a fim de serem apresenta-
das várias visões sobre o assunto.
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica

Figura 3.3 - Selecionar os materiais para a pesquisa é a fase semifinal do processo

Fonte: RAWPIXEL, 123RF.

A revisão de literatura é o conjunto de pesquisas realizadas, a fim de embasar


o tema e os objetivos. Ao citar uma série de estudos prévios acerca do tema, você
estará, caro(a) aluno(a), situando o problema de pesquisa e, assim, saberá como
respondê-lo. A revisão de literatura está ligada à fundamentação teórica que,
por sua vez, é o conjunto de pesquisas desenvolvidas para embasar o tema e os
objetivos da pesquisa. Nessa parte do trabalho, Gerhardt e Silveira (2009, p. 66)
afirmam que o pesquisador deve

expor resumidamente as principais ideias já discutidas por outros autores que


trataram do problema, levantando críticas e dúvidas, quando for o caso.
Explicar no que seu trabalho vai se diferenciar dos trabalhos já produzi-
dos sobre o problema a ser trabalhado e/ou no que vai contribuir para seu
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica

conhecimento. Quanto ao quadro teórico, o erro mais frequente é formulá


-lo de forma genérica ou abstrata demais, quando o que interessa é que ele
seja adequado ao recorte temático a ser investigado; quanto à formulação
das hipóteses ou das questões, não basta enunciá-las no projeto, é preciso
também justificá-las uma a uma em texto argumentativo.

A principal diferença entre a revisão da literatura e o referencial teórico é que


a primeira é a síntese do que já foi escrito acerca do tema (o que de melhor foi
escrito). O segundo, por seu turno, diz respeito aos fundamentos teóricos, aos autores
reconhecidos, aos pesquisadores renomados que dão suporte para os argumentos do
pesquisador.
Agora, analise o exemplo de um trecho do sumário de uma pesquisa:
2. MONTEIRO LOBATO E O RACISMO
2.1 O racismo no século XIX
2.2 Racismo na literatura infantil
2.3 A biografia lobatiana e suas relações étnico-raciais.

Considere que o tema de uma monografia seja o racismo na obra de Monteiro


Lobato. No capítulo 2 da pesquisa, o autor vai abordar tal relação, porém, nos
subcapítulos, vai revisar e apresentar o que já foi escrito sobre alguns subtemas, a
fim de dar base para suas discussões. Sendo assim, o pesquisador apresenta textos
sobre o racismo no século XIX, o racismo na literatura infantil, além de obras que
demonstram a vida de Lobato e a temática racial que são discutidas, para dar
legitimidade às discussões presentes na pesquisa. Trata-se, portanto, da revisão de
literatura.
Agora, leia um trecho da introdução dessa pesquisa: “[...] As questões envol-
vendo a obra de Monteiro Lobato ocorrem porque ele questionou os valores de seu
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica

tempo, mas muitos encararam essa ação de forma ambígua, como visto no olhar
romântico de alguns teóricos ou no olhar crítico de outros acerca dos textos do autor.
Dessa forma, as discussões relacionadas aos pressupostos ideológicos e raciais pre-
sentes nas obras de Monteiro Lobato fundamentam-se em Vasconcelos (1982),
Lajolo (1988) e Dalcastagnè (2009)”.
O conjunto de reflexão autoral, isto é, os teóricos utilizados para discutir o tema
devem ser autores célebres, que podem justificar ou refutar a tese do pesquisador.
Trata-se, então, do referencial teórico. No exemplo pertencente a uma introdução,
que é um excerto de projeto, evidenciamos que o pesquisador tem como referência,
para sustentar seus argumentos, as ideias de Marisa Lajolo, Regina Dalcastagnnè e
Zinda Maria Carvalho de Vasconcelos. Elas são renomadas pesquisadoras do tema
e possuem autoridade de discurso para fundamentar as discussões desenvolvidas
pelo autor da pesquisa.

Justificativa
Em trabalhos acadêmicos, em especial, nos projetos científicos, a justificativa é
um elemento importante, pois se refere ao tópico que define as contribuições espe-
radas dos resultados da pesquisa, a relevância, bem como a necessidade de reali-
zação da pesquisa. Assim, a justificativa é uma parte da estrutura da pesquisa que
apresenta argumentos para sua execução. Trata-se de um texto altamente argu-
mentativo, que visa convencer o leitor, os avaliadores ou os órgãos de fomento de
que o trabalho é, no mínimo, importante.
A relevância da pesquisa deve contemplar vários âmbitos sociais, como o pró-
prio curso do qual se originou a pesquisa, ou seja, a academia, de forma geral, o
mundo científico e a sociedade, pois toda pesquisa deve, de certo modo, ser útil
para as pessoas. A seguir, analise um trecho de uma justificativa.
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica

“Analisar as imagens do racismo na literatura de Monteiro Lobato contribui,


significativamente, para os estudos literários, visto que permite explorar os aspectos
estruturais e pós-estruturais do texto, bem como problematizar a obra do autor em
sua realidade. Além disso, observar o racismo nos textos de Lobato permite uma
discussão interdisciplinar, pois possibilita o pensamento e a contribuição de várias
outras ciências como História, Sociologia, Antropologia, dentre outras. Ademais,
discutir o racismo na literatura infantil permite que sejam problematizados o pre-
conceito e a intolerância no mundo infantil, espaço fértil para assimilações de con-
ceitos sociais [...]”.
Esse exemplo de justificativa demonstra que a relevância de uma pesquisa
abarca vários segmentos. O trecho “Analisar as imagens do racismo na literatura
de Monteiro Lobato contribui, significativamente, para os estudos literários, visto
que permite explorar os aspectos estruturais e pós-estruturais do texto, bem como
problematizar a obra do autor em sua realidade [...]” demonstra a importância da
pesquisa dentro da realidade do curso de Letras, em especial, dos estudos literários.
Por sua vez, o excerto “observar o racismo nos textos de Lobato permite uma
discussão interdisciplinar, pois possibilita o pensamento e a contribuição de várias
outras ciências como História, Sociologia, Antropologia, dentre outras” apresenta a
importância da pesquisa no mundo acadêmico de forma geral. Isso porque ela não
é importante apenas para o curso de Letras ou para os pesquisadores de Literatura,
mas para outras ciências e seus respectivos pesquisadores.
Por fim, no fragmento “discutir o racismo na literatura infantil permite que sejam
problematizados o preconceito e a intolerância no mundo infantil, espaço fértil para
assimilações de conceitos sociais [...]”, o pesquisador problematiza o caráter social da
pesquisa. Em outras palavras, ele defende a contribuição dela no que se refere ao
aspecto humano, à formação ética e ideológica de um determinado grupo.
Por esses motivos, esse elemento da pesquisa deve ser redigido de forma clara
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica

e com argumentos racionais. De acordo com Gonçalves (2011), a justificativa


de um trabalho responde à pergunta “por quê?”, tendo como função evidenciar a
relevância, a originalidade, a importância e a atualidade da pesquisa realizada,
destacando as razões para sua execução. Corroborando, Lakatos e Marconi
(2010, p. 219) expõem que a

justificativa é o único item do projeto que apresenta respostas à questão por


quê? De suma importância, geralmente é o elemento que contribui mais
diretamente na aceitação da pesquisa pela(s) pessoa(s) ou entidades que
vão financiá-la. Consiste numa exposição sucinta, porém completa, das
razões de ordem teórica e dos motivos de ordem prática que tomam impor-
tante a realização da pesquisa.

Como exposto, enquanto escreve a justificativa, o pesquisador deve se ater ao


porquê de se realizar a pesquisa, mas não deve ser feito qualquer esclarecimento –
subjetivo, com argumentos fracos, sensível ou pessoal. Ao contrário, o pesquisador
precisa apresentar argumentos que validem as contribuições dos resultados do seu
trabalho para o mundo acadêmico e para a sociedade civil. Ademais, segundo
Matias-Pereira (2012, p. 79), a justificativa deve responder a várias outras ques-
tões, como:

quais motivos pessoais e profissionais que levaram você a escolher este tema?
[...] A pesquisa irá contribuir para elevar o nível do conhecimento da ciência
no campo estudado? [...] O estudo será útil para estimular a realização de
novas pesquisas? A pesquisa irá contribuir para testar as teorias utilizadas e/
ou para testar a teoria que está sendo elaborada?
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica

De forma geral, os três itens importantes que precisam ser descritos na justifica-
tiva são: a importância, a viabilidade e a cientificidade da pesquisa. A impor-
tância refere-se ao motivo que levou o pesquisador a abordar o tema no cenário
acadêmico. A viabilidade é o grau de facilidade ou a dificuldade do processo de
utilização dos materiais consultados durante a pesquisa. A cientificidade é a opor-
tunidade de a pesquisa tornar-se uma contribuição, sendo fruto da junção entre a
parte social e a parte científica.

Figura 3.4 - Qualquer assunto pode ser um tema, mas a relevância e a viabilidade são pressu-

postos obrigatórios

Fonte: DOLGACHOV, 123RF.


Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica

Outros estudiosos, como Findaly, Costa e Guedes (2006), afirmam que a


justificativa deve contemplar a delimitação, a relevância e a viabilidade. Nesse
sentido, na justificativa, há a delimitação com o objetivo de focalizar o objeto pes-
quisado em uma área específica da ciência, quanto à abrangência geográfica, ao
período focalizado, etc. Assim, a relevância considera o valor da contribuição da
pesquisa para a ciência e para as pessoas. A viabilidade, por sua vez, demonstra
as dificuldades (ou não) financeiras, materiais e temporais durante a realização
da pesquisa.
Barral (2003 apud CENFAP, 2013, on-line) destaca ainda outros itens impor-
tantes como: atualidade do tema; ineditismo do trabalho; interesse do autor; rele-
vância; pertinência do tema. Devemos salientar que a relevância e a pertinência
variam de acordo com a área de pesquisa, enquanto a atualidade é demonstrada
por meio da revisão de literatura. O ineditismo é um item mais focalizado na pós-
graduação stricto sensu, como mestrado e doutorado. Por fim, o interesse do autor
é algo subjetivo, por isso, o pesquisador deve ter cautela ao expor seu interesse na
justificativa.
Além dessa questão relacionada à pessoalidade, o pesquisador precisa estar
atento, para que não tente justificar a hipótese levantada, procurando responder
ou concluir o que ainda irá pesquisar.
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica

Figura 3.5 - Uma pesquisa precisa ser importante nos três níveis

Fonte: elaborada pelo autor.

Objetivos gerais e específicos


Se, na justificativa, a palavra-chave é “argumentar”, nos objetivos, a palavra-
chave é “ação”. Nessa fase da pesquisa, o pesquisador determina as ações necessá-
rias para responder ao problema e à hipótese. Nesse sentido, é preciso que o termo
“objetivo” seja considerado uma ação, ou seja, objetivo geral é a ação desenvolvida
para responder à problemática e à hipótese. Os objetivos específicos, por sua vez,
são as ações específicas desenvolvidas para se chegar ao objetivo geral (SANTOS;
FILHO, 2011, p. 184).
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica

Objetivo geral Problema e hipótese


Objetivo específico Objetivo geral

Como apresentado no esquema, o objetivo geral relaciona-se à visão global e


geral do tema. Desse modo, o pesquisador deve delimitar a problemática do tema,
que será mais bem particularizada nos objetivos específicos. O objetivo geral está,
diretamente, relacionado à própria significação do tema da pesquisa, ou seja, a
questão “o que quero com minha pesquisa?” responde ao objetivo.
Ainda em relação à pesquisa acerca do racismo nas obras de Monteiro Lobato,
como exemplo, considere o problema e a hipótese: há racismo nos textos de Monteiro
Lobato, como em “Caçadas de Pedrinho” e “Reinações de Narizinho”? Nos livros
“Caçadas de Pedrinho” e “Reinações de Narizinho”, há elementos que podem ser
interpretados como racistas?
Nesse sentido, é possível desenvolver o seguinte objetivo geral: analisar o racismo
nas obras de Monteiro Lobato. Esse objetivo, todavia, não está, totalmente, de
acordo com a proposta de pesquisa, pois o leitor pode interpretar que será ana-
lisada toda a obra de Monteiro Lobato, ou seja, seus mais de 65 livros. Assim, o
objetivo mais coerente com a problematização é: analisar o racismo em “Caçadas
de Pedrinho” e “Reinações de Narizinho”, de Monteiro Lobato.
Observe, caro(a) aluno(a), que o verbo escolhido foi “analisar”, verbo transitivo
direto, que significa estudar, examinar. Portanto, o leitor pode compreender que o
texto literário foi estudado, lido, relido, confrontado, interpretado, etc., ações con-
templadas pelo verbo “analisar”.
O objetivo específico, por sua vez, diz respeito às ações específicas da pesquisa,
as quais se vinculam à ação geral. Ele deve ser intrínseco ao objetivo geral, defi-
nindo o ponto central da pesquisa. Dentro dessa ideia central, o pesquisador deve
ressaltar a ideia específica a ser desenvolvida, respondendo à pergunta: de que
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica

forma o objetivo geral será alcançado?


Relembre o objetivo geral: analisar o racismo em “Caçadas de Pedrinho” e
“Reinações de Narizinho”, de Monteiro Lobato. Nesse âmbito, os objetivos espe-
cíficos são: compreender o conceito de racismo; identificar as marcas textuais que
representam o racismo em “Caçadas de Pedrinho” e “Reinações de Narizinho”; com-
parar o discurso ideológico de Lobato (autor) com seu discurso literário (narrador).
Observe que os verbos utilizados para iniciar as frases são “compreender”, “identi-
ficar” e “comparar”, pois os objetivos (geral e específicos) devem sempre iniciar com
verbos no infinitivo. Há alguns grupos de verbos constantemente utilizados: os de
conhecimento, compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação.

Saiba mais
Os objetivos de uma pesquisa começam sempre com o verbo no infinitivo e a escolha do verbo se
relaciona com o que se deseja: conhecer, compreender, aplicar, analisar, sintetizar ou avaliar. Assim, a
seguir, há alguns verbos que podem ser usados nos objetivos de uma pesquisa:
verbos de conhecimento: associar, citar, calcular, classificar, definir, descrever, distinguir, enumerar,
especificar, enunciar, estabelecer, exemplificar, expressar, identificar, indicar, medir, mostrar, nomear,
registrar, relacionar, relatar, selecionar, etc.;
verbos de compreensão: concluir, descrever, distinguir, deduzir, demonstrar, discutir, explicar,
identificar, ilustrar, inferir, interpretar, localizar, relatar, revisar, etc.;
verbos de aplicação: aplicar, classificar, estruturar, ilustrar, interpretar, organizar, relacionar, etc.;
verbos de análise: analisar, classificar, categorizar, combinar, comparar, comprovar, contrastar,
correlacionar, diferenciar, discutir, detectar, descobrir, discriminar, examinar, experimentar, identificar,
investigar, provar, etc.;
verbos de síntese: combinar, compor, criar, comprovar, deduzir, desenvolver, documentar, explicar,
organizar, planejar, relacionar, etc.;
verbos de avaliação: avaliar, concluir, constatar, criticar, interpretar, julgar, justificar, padronizar,
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica

relacionar, selecionar, validar, valorizar, etc.


Fonte: elaborado pelo autor.

Metodologia
Em um projeto científico, no item “metodologia”, o pesquisador deve explicar
quais métodos serão utilizados na pesquisa. A seguir, há um exemplo de um trecho
da descrição metodológica de uma pesquisa da área de Literatura e História.
“A metodologia baseia-se em pesquisa bibliográfica que, de acordo com suas
características, é desenvolvida por meio do embasamento científico em livros, dis-
sertações, teses e artigos de periódicos, com a aplicação teórica destes no texto
literário, confrontando, assim, ideias e análises. Nesse sentido, a análise do corpus
literário será realizada a partir da teoria da crítica feminista e dos estudos culturais.
Entendendo-se que uma obra literária não pode ser reduzida a apenas um
levantamento de questões de ordem social, pretende-se utilizar o método de abor-
dagem dialético que, de acordo com Gil (1999, p. 32), ‘fornece as bases para uma
interpretação dinâmica e totalizante da realidade, já que estabelece que os fatos
sociais não podem ser entendidos quando considerados isoladamente, abstraídos de
suas influências [...]’.
Para que a pesquisa possa, além de cumprir a proposta inicial, garantir sua obje-
tividade e validade, os métodos de procedimentos serão o histórico e o compara-
tivo. O primeiro investiga acontecimentos do passado e a influência deles nas socie-
dades atuais. O segundo verifica semelhanças e explica divergências em grupos
existentes no passado ou no presente, em diferentes estágios de desenvolvimento.
Ademais, esse tipo de pesquisa pode ser classificado como descritivo e exploratório,
visto que usa referências e fontes já discutidas no campo teórico acerca do tema”.
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica

Fonte: elaborada pelo autor.


Há ainda outros exemplos:
“O nosso trabalho é de natureza qualitativa (LUDKE, ANDRE, 1986) e a aná-
lise dos dados foi feita com a realização da análise do conteúdo (BARDIN, 2002),
presente nos livros didáticos do 6o ano, seguida da construção de um sistema de
categorias”. Fonte: FERNANDES; DUARTE, 2018.
“A pesquisa qualitativa que propomos será realizada em dois projetos de exten-
são da Universidade Estadual de Santa Cruz, situada na cidade de Ilhéus, no sul
da Bahia: ‘Caminhão com ciência’ e o ‘Céu na praça’. Esses dois projetos foram esco-
lhidos por desenvolverem a divulgação científica na região e por terem como parte
integrante um grupo de graduandos que atuam como monitores nas exposições.
A partir de dados que foram cedidos pela coordenação desses projetos, foi possí-
vel conhecer quem são os bolsistas e voluntários que exercem a função de moni-
tor, assim delimitamos os sujeitos da pesquisa. Para responder à questão-problema
desta pesquisa, foi realizada uma entrevista com os sujeitos participantes”. Fonte:
FERNANDES; DUARTE, 2018.
Nesses exemplos, podemos verificar a abordagem metodológica, a natureza
metodológica, os sujeitos (ou objetos de pesquisa), os cenários (ou contexto), o ins-
trumento de coleta de dados, os instrumentos de análise dos dados, etc.

Cronograma
Como todo trabalho científico necessita de planejamento, o pesquisador deve ter
em mente um cronograma, a fim de cumprir os prazos estabelecidos, o que também
auxilia o acompanhamento das etapas da pesquisa. A definição das fases evita
atrasos e facilita a execução do trabalho. Essas fases precisam ser determinadas em
um espaço temporal, podendo ser executadas simultaneamente.
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica

Dessa forma, o cronograma é um elemento obrigatório nos projetos de pesquisa, o


qual apresenta as atividades previstas, em ordem sequencial e temporal, de acordo
com os objetivos do projeto. A seguir, há um exemplo de cronograma de projeto de
pesquisa.

Atividades a serem desenvolvidas


no projeto (agosto/2018 a AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR
março/2019)
Elaboração do projeto de
x
pesquisa
Apresentação e alteração do
x
projeto de pesquisa
Leitura do referencial teórico x x

Execução da 1a fase da pesquisa x

Execução da 2a fase da pesquisa x

Execução da 3a fase da pesquisa x


Levantamento de dados
x
complementares
Análise de dados x

Interpretação dos dados x

Redação do relatório final/artigo x

Revisão x
Apresentação ou defesa do
x
relatório/artigo

Quadro 3.1 - Cronograma do projeto de pesquisa

Fonte: elaborado pelo autor.

A partir do cronograma também é possível elaborar um “plano de trabalho”,


ou seja, um detalhamento das atividades que serão desenvolvidas no período assi-
nalado, descrevendo como cada atividade será realizada. Observe o exemplo a
seguir.
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica

Atividades a serem desenvolvidas no projeto


Plano de trabalho
(agosto/2018 a março/2019)

Coletar todos os questionários entregues no colégio, para


Levantamento de dados complementares
aplicação estatística e análise de dados.

Analisar o resultado dos questionários, criando tabelas e


Análise de dados
gráficos para posterior problematização.

Quadro 3.2 - Cronograma do plano de trabalho

Fonte: elaborado pelo autor.

Referências
As referências dizem respeito à parte do projeto ou do texto científico em que são
apresentadas as referências citadas na pesquisa, as quais podem ser bibliográficas
ou não. As referências devem ser apresentadas em ordem alfabética, a partir do
sobrenome dos autores.

Anexos e apêndice
Os anexos e o apêndice são elementos opcionais que devem ser usados quando
forem imprescindíveis para a compreensão da pesquisa. A ABNT identifica o
anexo e apêndice como elementos acessórios da pesquisa, ou seja, suplementares. A
diferença entre o anexo e o apêndice é que o primeiro contém todo material (foto,
notícia, capa, figura, documento, xérox, etc.) que foi mencionado, mas que não foi
elaborado pelo autor da pesquisa. O apêndice, por sua vez, é um documento suple-
mentar produzido pelo autor (gráficos, questionários, fotos tiradas por ele, etc.).
Metodologia da Pesquisa Científica
Elementos da pesquisa científica

Indicação de leitura
Nome do livro: Os desafios da pesquisa
Editora: EDIPUCRS
Autor: Délcia Enricone

A universidade, que é um lugar privilegiado de aprendizagem para a aquisição de competências,


de criatividade e de pesquisa, deve se posicionar acerca do tipo de formação que propõe para
seus alunos, a partir de um sistema de valores que servem de referência. No subsolo das crenças,
ciências, técnicas, do conhecimento geral, a universidade estabelece seus valores. Nesse sentido, a
pesquisa acadêmica deve ser precedida do reconhecimento do primado da pessoa e do respeito a sua
dignidade. Esse livro está disponível em: <http://www.pucrs.br/edipucrs/digitalizacao/diversos/x_03.
pdf>. Acesso em: 14 fev. 2018
Metodologia da Pesquisa Científica

unidade 4 e aspectos gráficos da pesquisa científica


Apresentação

Apresentação e aspectos gráficos da pesquisa


científica
Silvio Ruiz Paradiso

Olá, estudante, bem vindo à nossa última unidade do material de Metodologia da Pesquisa Cientí-
fica. Nesta parte, iremos explorar a Apresentação e os Aspectos Gráficos da Pesquisa Científica.

Primeiramente, iremos compreender que a ideia de pesquisa científica, como vimos nas unidades
anteriores, é ampla, podendo ser materializada em produções como artigos, monografias e projetos,
sendo estes os mais comuns. Assim, elencamos os elementos mais comuns que abrangem estas tipolo-
gias científicas, iniciando com o artigo.

No começo desta unidade vamos conhecer os elementos de um artigo científico, divididos em pré-
textuais, textuais e pós-textuais. Nos pré-textuais, veremos os elementos como título (conciso e completo),
autores e filiação, resumo (contendo tema, problema e hipótese, objetivos, metodologia, justificativa,
resultados, etc.), palavras-chave (termos indexadores) abstract e keywords: versão em língua inglesa do
resumo e das palavras-chaves. Adiante, os elementos textuais, que são a introdução, desenvolvimento
e conclusão e, por fim, elementos pós-textuais, referências e anexos.

Em seguida, iremos esmiuçar os elementos de um Projeto Científico e da Monografia, como capa,


folha de rosto, que são elementos de apresentação da autoria e dos motivos pelos quais estamos fa-
zendo a pesquisa, seguido de folha de aprovação, errata, dedicatória e agradecimentos, epígrafe,
lista e sumário. Após, veremos os elementos textuais que, no entanto, terão como foco o processo de
citação. Neste estudo, veremos os três principais tipos de citação: citação direta (curta e longa), quando
copiamos exatamente o texto da obra lida, a indireta, que é a exposição da ideia do autor com nossas
palavras e a citação da citação, em que a citação é intermediária por outro autor.

Por fim, na parte de estudo dos elementos pós-textuais, focaremos nas referências. Nesta última
parte da unidade veremos as formas de se referenciar livros, artigos, trabalhos, congressos, dissertações,
teses, jornais e outras fontes, com suas especificidades normativas.

Assim, acreditamos que seguindo nosso estudo, você poderá colocar na prática a produção e apre-
sentação da Pesquisa Científica.
Metodologia da Pesquisa Científica
Apresentação e aspectos gráficos da pesquisa científica
Metodologia da Pesquisa Científica
Apresentação e aspectos gráficos da pesquisa científica

Apresentação e aspectos gráficos


da pesquisa científica

Figura 4.1 - Apresentação gráfica da pesquisa, também é metodológica

Fonte: GOLKINA, 123RF.

Uma das partes importantes da Metodologia de Pesquisa é a normatização


gráfica de projetos e artigos científicos. Para tanto, esta unidade irá apresentar
algumas normas gráficas, a fim de facilitar a apresentação formal dos trabalhos
Metodologia da Pesquisa Científica
Apresentação e aspectos gráficos da pesquisa científica

acadêmicos (TCC, Monografia e demais trabalhos), a partir do padrão recomen-


dado pela ABNT (NBR 14724/ 2011).
As normatizações gráficas, isto é, tamanho de fonte, espacejamento, notas de
rodapé, citações, paragrafação, etc., visam padronizar as pesquisas enquanto texto.
É como se houvesse a necessidade que todos pesquisadores, desde o aluno da gra-
duação até o pesquisador do pós-doutorado, falem a mesma linguagem.
Segundo Oliveira (apud SANTOS, 2014, s.p), “A observância das normas téc-
nicas tem por objetivo indicar um padrão de segurança, confiabilidade, originali-
dade, permitindo a comparação dos níveis de qualidade nos trabalhos e pesquisas
científicas”. Já, Oliveira Filho (apud SANTOS, 2014, s.p) acredita que “a inexis-
tência de regras atrasava o avanço do trabalho científico. Uma referência errada
pode dificultar o trabalho de outro pesquisador”.
Para iniciarmos a compreensão estrutural e gráfica, vamos dividir conforme as
normas da ABNT, o texto (projeto ou resultado) em 3 partes maiores: pré-textuais,
textuais e pós-textuais.

Reflita
Todo o produto do trabalho do homem deve ser esteticamente agradável, funcional e encantador,
por mais simples que possa ser.
Fonte: Koppe

Pré-textuais, textuais e pós-textuais


Compreendem-se como elementos pré-textuais, os elementos que aparecem antes
do texto propriamente dito, ou seja, o texto, aqui, seria o “conteúdo”, o projeto em
si ou os resultados e discussões da pesquisa. Este se divide em três: introdução,
Metodologia da Pesquisa Científica
Apresentação e aspectos gráficos da pesquisa científica

desenvolvimento e conclusão. Por fim, elementos pós-textuais são os elementos que


vêm após os textos, como referências e anexos, por exemplo.
Todos os elementos dos textos científicos são comuns entre monografias, teses e
projetos, mas há especificidades em relação aos artigos, que seguem, quase sempre,
a seguinte normatização:

1. Elementos de artigo
a. Elementos pré-textuais de artigo
Título do artigo: Como vimos, deve ser conciso e completo. Deve estar em caixa
-alta, negritado e centralizado. O título não tem ponto final.
Autores e filiação: Um espaço abaixo (comumente, com um “enter”) vêm, por
extenso, o nome e sobrenome dos autores. Algumas revistas científicas e/ou uni-
versidades pedem, também, a indicação da afiliação institucional dos autores, que
devem vir em nota de rodapé.
Resumo: Também, já visto, deve estar em um só parágrafo, fonte 10, espaça-
mento simples, contendo tema, problema e hipótese, objetivos, metodologia, justifi-
cativa, resultados, etc., entre 250 a 500 palavras.
Palavras-chaves: Deve ser apresentada uma lista de 3 a 5 termos ou expressões,
separados por ponto e vírgula ou ponto.
Abstract e Keywords: versão em língua inglesa do resumo e das palavras-cha-
ves. Algumas revistas podem pedir a versão em outras línguas como a espanhola
(Resumen/palabras clave), francesa (Résumé/mots clef), italiana (Riassunto/ Parole
Chiave), alemão (Zusammenfassung/ Schlüsselwörter), e assim por diante.

b. Elementos textuais de artigo


Introdução: Parte do artigo que apresenta os elementos básicos, bem como as
seções em que o artigo foi dividido.
Metodologia da Pesquisa Científica
Apresentação e aspectos gráficos da pesquisa científica

Desenvolvimento: Problematização do texto, exposição teórica, discussões, etc.


Conclusão: Finalização da ideia, sintetizando tudo o que foi compreendido no
artigo. Aqui, não se deve acrescentar informações novas.

c. Elementos pós-textuais de artigo


Referências: Todos os materiais consultados, seguindo ordem alfabética de sobre-
nome autoral (salvo exceções). Veremos a distribuição normativa e gráfica disto
adiante.
Anexos e Apêndices: Elementos acessórios do artigo. Raramente, utiliza-se anexos
ou apêndices em artigos científicos, visto a necessidade de serem textos pequenos.
A seguir, uma imagem representativa da primeira página de um artigo simples,
contendo título, autores, filiação, resumo e palavras-chave, abstract e keywords e
um trecho da Introdução:

Figura 4.2 - Exemplo do início de um artigo científico

Fonte: Elaborada pelo Autor.


Metodologia da Pesquisa Científica
Apresentação e aspectos gráficos da pesquisa científica

Ademais, juntamente com as explicações, iremos recomendar algumas normas


que são de responsabilidade do autor do trabalho, face às normas próprias das
instituições.
Basicamente:
• Projetos e trabalhos devem ser digitados em papel branco A4 (210 mm x
297 mm), e só usado uma face da folha, ou seja, não recomendado trabalhos
digitados em “frente e verso”.
• A margem da folha deve apresentar o seguinte critério - de 3 cm margem
esquerda e margem superior, e de 2 cm margem direita e margem inferior.
• Apesar da ABNT não fazer menção à tipografia de letra que deve ser utili-
zada nos textos científicos, recomenda-se a utilização de fontes Arial, Times
New Roman ou Calibri.
• O tamanho da fonte sempre é 12 para o corpo do texto e tamanho 10 para
citações longas, legenda de tabelas e imagens e notas de rodapé.
• O espaçamento ou espacejamento, isto é, o espaço entre as linhas do texto,
deve estar em 1,5 para todo texto, com exceção das citações longas, notas de
rodapé e resumo, que se usa espaço 1 (simples) e referências, que usa espaço
2 (duplo).
• Recomenda-se o parágrafo de 1,25 cm e o recuo de citação, que será falado
adiante, obrigatoriamente de 4 cm.
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Apresentação e aspectos gráficos da pesquisa científica

Figura 4.3 - Espaçamentos usados em textos científicos

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Estrutura Elemento Projeto Artigo Monog.

Capa X X

Folha de Rosto X X

Folha de aprovação* X

errata** X
Pré-textuais
Dedicatória e Agradecimento* X

Epígrafe* X

Resumo e Palavras-chave X X X

Abstract e Keywords X X
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Apresentação e aspectos gráficos da pesquisa científica

Listas (ilustração, tabela, siglas,


X X
Pré-textuais símbolos)*

Sumário X X

Introdução X X X

Textuais Desenvolvimento X X

Conclusão X X

Introdução X X X

Pós- textuais Desenvolvimento X X

Conclusão X X

* são elementos opcionais. ** elemento acrescentado após a finalização do trabalho.


Quadro 4.1 - Quadro comparativo de elementos de artigo, projeto e monografia

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Diferente do artigo, os projetos e monografia possuem outras necessidades. O


Projeto precisa ser explicativo e detalhado, e a monografia, por ser mais profunda,
acaba sendo longa. Assim, há a presença de elementos como capa, folha de rosto,
sumário, entre outras, como as seções do trabalho, em especial, nas monografias.
O indicativo numérico destas seções vem antes do seu título, alinhado à esquerda.
A seguir, os indicativos e numeração progressiva das seções:

1 SEÇÃO PRIMÁRIA – (TÍTULO 1 – Negrito e caixa alta)


1.1 SEÇÃO SECUNDÁRIA – (TÍTULO 2 – Caixa alta e sem negrito)
1.1.1 Seção terciária – (Título 3 – Negrito e sem caixa alta)
1.1.1.1 Seção quartanária – (Título 4- Sem negrito e sem caixa alta)

Perceba que as numerações das seções estão em algarismos arábicos, e que não
se deve subdividir seu trabalho demasiadamente, chegando, no máximo, na parte
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Apresentação e aspectos gráficos da pesquisa científica

quaternária. É importante, nas monografias, iniciar as seções primárias em folha


distinta. Por fim, elementos como agradecimentos, resumo, dedicatória, referências
NÃO usam numeração e devem ser centralizados.
2. Elemento de projeto e monografia
A seguir, elencamos os elementos gráficos mais comuns em Projetos de Pesquisa
e Monografias.

Figura 4.4 - Elementos de Monografia e Projetos

Fonte: MEDIUM, 2015. [Adaptada].

3. Elementos pré-textuais de monografia e projeto


Capa:
Segundo a ABNT (NBR 14724/2011), a capa é um elemento obrigatório e nela
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devem estar contidos elementos em uma ordem estipulada, sendo: I) Nome da


Instituição e logo (opcional), em fonte 12 negritado, o primeiro destes elementos. Em
seguida, II) nome do autor em caixa alta, III) título do trabalho em negrito e caixa
alta, aproximadamente, posicionado no centro, bem como IV) subtítulo, se houver.
Também pode estar contido V) número de volumes (se houver mais de um, deve
constar em cada capa a especificação do respectivo volume). Ao final, deve-se
apresentar VI) local (CIDADE) em caixa alta e VII) ano de depósito (da entrega).

Figura 4.5 - Exemplo de capa

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Folha de rosto:
Seguindo a capa, um outro elemento obrigatório é a folha de rosto. Este elemento
tem este nome devido ao fato de “dar o rosto” ao leitor, isto é, mostrar a que veio.
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Apresentação e aspectos gráficos da pesquisa científica

O propósito da folha de rosto é denotar outros elementos essenciais à identifica-


ção do trabalho, em especial o porquê ele foi feito. A disposição dos elementos da
folha de rosto são os mesmos da capa, acrescido de uma nota indicando a natureza
acadêmica do trabalho (Monografia, Trabalho de Conclusão de Curso), o objetivo
(aprovação em disciplina, grau pretendido e outros), o nome da instituição e área
de concentração e o nome do professor (orientador) é separado da nota por uma
linha em branco. Esta nota deve vir em forma de caixa na parte inferior direita,
com espaçamento simples, recuo de, aproximadamente, 7 cm, porém, depois do
título e antes do local e data. Observe o exemplo:

Figura 4.6 - Exemplo de folha de rosto

Fonte: Elaborada pelo Autor.


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Folha de aprovação:
A folha de aprovação é um elemento obrigatório, quando exigido pela insti-
tuição. É ali que os membros da banca avaliadora devem assinar. A folha vem
depois da folha de rosto, e é constituída do nome do(s) autor(es) do trabalho, título
do trabalho e subtítulo, se houver, natureza, objetivo, nome da Instituição a qual é
submetido, área de concentração, data da aprovação, nome, titulação e assinatura
dos componentes da banca examinadora.

Figura. 4.7 - Exemplo de Folha de aprovação

Fonte: Elaborada pelo Autor.


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Errata:
Errata é um termo oriundo do latim, que significa “erro”. É um documento feito
para acompanhar uma obra, posteriormente à sua publicação, em que estão elen-
cados os erros desta, bem como a sua correção. A inclusão de uma errata é neces-
sária quando o autor da obra admite oficialmente que houve um erro, e que não
foi modificado durante as correções. Exemplo de errata:

Página 23, linha 14 – onde se lê “ao encontro de”, leia-se “de encontro a”.

Dedicatória e Agradecimentos:
Dedicatória é um elemento não obrigatório e configura-se em uma página na
qual o autor presta homenagem ou dedica o trabalho de pesquisa a uma ou mais
pessoas ou entidades. É inserida, posteriormente à folha de rosto. Já, os agradeci-
mentos é o elemento situado após a dedicatória, e, também, é considerado como
elemento opcional. Caracteriza-se na página da qual o autor expressa agrade-
cimentos a pessoas e/ou instituições que contribuíram, de alguma forma, para a
execução e bom trabalho.

Epígrafe:
Classificado como elemento opcional, a epígrafe é designada como página em
que é feita a citação de um pensamento que, de certa forma, embasou a gênese
da obra. É posicionada na parte inferior direita da folha, e vem em seguida dos
agradecimentos.

Listas:
As listas, de acordo com Peixoto (1993), são instrumentos de forma não discursiva
para apresentar informações e dados, através de uma sequência. As listas podem
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ser de: I) tabelas e quadros; II) abreviaturas e siglas; III) símbolos; IV) equações e
fórmulas e V) ilustrações. O título principal deve estar centralizado em caixa alta,
e após um espaço (enter), os elementos (siglas, símbolos, figuras, etc.) devem estar
elencados, com suas respectivas legendas, seguidos da página em que se encontra.

Exemplo:

Figura: 4.8 - Exemplo de lista de ilustrações

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Já que estamos falando de ilustrações, a forma como elas são apresentadas


no texto científico também deve seguir um padrão. Colocar ilustrações, figuras,
mapas, retratos, gráficos, etc. em um texto científico é opcional, mas quando colo-
cadas devem ser elaboradas de acordo com sua ordem no texto. A identificação
deve aparecer na parte inferior da figura, seguida de seu número de ordem em
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algarismos arábicos, e da legenda explicativa de forma breve e clara. A identifi-


cação deve vir negritada e a legenda não. Porém, ambas devem estar em fonte 10.
Observe o exemplo a seguir:

Figura 4.9 - Cérebro Humano

Fonte: KAULITZKI, 123RF .

Sumário:
O sumário, segundo a ABNT (NBR 14724/2011), é a enumeração das divisões,
seções, capítulos e outras partes do trabalho, seguindo a mesma ordem e grafia em
que a matéria nele se sucede. A construção do sumário é uma das últimas tarefas
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a serem feitas no trabalho, pois é necessário que todas as partes estejam feitas,
garantindo a correta paginação.
Os termos do sumário devem ser escritos da mesma forma que estão no corpo do
texto. A indicação das seções deve iniciar junto à margem esquerda, e a paginação
obedece a margem direita. O espaço vago entre as seções e a indicação de pagina-
ção pode ser pontilhado para melhor visualização. Porém, há formas automáticas
de se fazer sumário, como o oferecido no programa Microsoft Word.

Figura 4.10 - Exemplos de Sumário

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Saiba mais
Você sabe como criar um sumário que seja fácil de atualizar no Word? O próprio suporte do
Programa Word/Office dá as dicas. Veja em: support.office.com
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Elementos textuais de monografia e


projeto
Assim como o artigo, os projetos e as monografias também possuem seu corpo
de texto. Contudo, a conclusão e desenvolvimento não aparecem nos projetos, a
não ser que as discussões sobre o problema e hipótese, tenham um local além da
introdução, para serem discutidos.
Já, na monografia, a presença dos três elementos é comum e seguem os mesmos
padrões dos artigos. Entretanto, há algumas regras em relação à escrita e às nor-
mas gráficas.
• Quando vamos suprimir algum trecho do texto que citamos, usamos o sím-
bolo [...]. Exemplo:

Texto original: “As altas taxas de inflação e a excessiva interferência da legisla-


ção fiscal no principal sistema de informações das empresas, que é a contabilidade,
impedia a até poucos anos, que os empresários dessem importância aos dados gera-
dos por bancos”. (ROSSI, 1989, p.12).
Texto com supressão: “As altas taxas de inflação [...] impedia a até poucos anos,
que os empresários dessem importância aos dados gerados por bancos”. (ROSSI,
1989, p.12).
• Quando acrescentamos informações, comentários ou fazemos interpolações,
usamos [ ]. Exemplo: “Ele [o presidente] sabia das implicações do processo”
(MACHADO, 2000, p.2).
• Já, quando damos ênfase ou destaque, usamos negrito, itálico ou grifo, usando
o termo (Grifo meu/nosso) após a citação. Exemplo: “Os aspectos principais
na análise são: as palavras, gestos, e expressões não-verbais” (LOPEZ, 2008,
p.34. Grifo nosso).
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• Quando a citação já vem com destaque, deve-se mantê-lo e acrescentar


a expressão (Grifo do autor). Ex.: De acordo com Freud, “a palavra que
melhor define o sentimento da paciente é desejo” (FREUD, 1902, p.53. Grifo
do autor).
• Quando acrescentamos alguma informação verbal, isto é, alguma infor-
mação ou dado obtido de forma oral, como em palestras, aulas ou debates,
devemos indicar entre parênteses (informação verbal), mencionando ou na
nota de rodapé, ou nas referências as informações pertinentes, como quem
falou, onde, quando, etc. Exemplo: “Há concretas perdas em investimentos
em pseudo-empresas, pois podem estar disfarçadas de esquemas em pirâ-
mide” (LUCCA, 2006. Informação verbal).

Além destes detalhes básicos na escrita, há uma normatização em relação a cita-


ção de outras fontes. Primeiramente, é importante que você saiba da necessidade
de referenciar algo que usou no seu projeto, TCC, monografia, artigo ou similares.
Algumas reflexões e ideias colocadas no texto devem ter legitimidade, serem sus-
tentadas e justificadas por algum outro pesquisador ou célebre conhecedor do tema.
Lembre-se que isto é uma das características do texto científico, essa legitimidade
construída, a partir de outras leituras.
Não citar caracteriza-se plágio. Nery et. al. (2009) caracteriza plágio:

quando um aluno retira, seja de livros ou da Internet, ideias, conceitos ou


frases de outro autor (que as formulou e as publicou), sem lhe dar o devido
crédito, sem citá-lo como fonte de pesquisa. Trata-se de uma violação dos
direitos autorais de outrem. Isso tem implicações cíveis e penais. E o “desco-
nhecimento da lei” não serve de desculpa, pois a lei é pública e explícita. Na
universidade, o que se espera dos alunos é que estes se capacitem tanto téc-
nica como teoricamente. Que sejam capazes de refletir sobre sua profissão,
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a partir da leitura e compreensão dos autores da sua área. Faz parte da


formação dos alunos que estes sejam capazes de articular as ideias desses
autores de referência com as suas próprias ideias. Para isto, é fundamental
que os alunos explicitem, em seus trabalhos acadêmicos, exatamente o que
estão usando desses autores, e o que eles mesmos estão propondo. Ser
capaz de tais articulações intelectuais, portanto, torna-se critério básico para
as avaliações feitas pelos professores. (NERY, 2009, p. 2).

Para não acontecer o plágio, e o aluno consiga articular ideias de outros autores,
a ABNT traz orientações sobre como fazer citações de forma correta. Basicamente,
existem três tipos de citação: citação direta, citação indireta e citação de citação.

• Citação direta
Chamamos de citação direta a transcrição fiel de trecho de uma obra/texto. Isso
acontece quando consultamos um autor e algum trecho escrito por ele foi conside-
rado importante, tal que houve a necessidade de reproduzir “fielmente” o trecho.
Assim, iremos copiar o trecho, que por ser uma transcrição exata, deve vir entre
aspas duplas, e, em seguida, citar o autor. Este tipo de citação pode ser feito de duas
formas:

Citando e referenciando
Quando o sobrenome do autor em caixa alta, ano e página são apresentados
entre parênteses, após o texto. Exemplo.:

“O questionamento do mundo e do homem quanto à origem, liberdade ou des-


tino, remete ao conhecimento filosófico” (TARTUCE, 2006, p.2).
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Perceba que a abreviatura de página é “p.” e não “pg.”, além do fato do uso do
ponto final, ser realmente no local que faz jus a seu nome: no final de tudo.

Referenciando e Citando
Quando o nome do autor é que chama a citação. Neste caso, o sobrenome não
estará dentro dos parênteses, e, portanto, não poderá estar em caixa alta. O ano e
página estarão dentro dos parênteses, normalmente. Exemplo.:

De acordo com Tartuce (2006, p.2), “o questionamento do mundo e do homem


quanto à origem, liberdade ou destino, remete ao conhecimento filosófico”.

A citação direta é cópia exata de um texto, e, portanto, se vier com algum des-
taque, deve ser acrescido nos parênteses “Grifo do autor”. Exemplo.:

“O questionamento do mundo e do homem quanto à origem, liberdade ou des-


tino, remete ao conhecimento filosófico” (TARTUCE, 2006, p.2. Grifo do autor).

Caso você deseje dar ênfase ou destacar algo, acrescente o termo “grifo meu/
nosso”

• Citação direta com mais de três linhas


As citações com mais de três linhas devem ter uma distribuição gráfica diferente:
o tamanho da fonte é alterado e o texto é recuado 4 cm, em relação à margem
esquerda. Você fará isto selecionando o texto que quer recuar, e movimente os
marcadores na régua do Word até o número 4. Neste tipo de citação não há aspas
duplas, pois o recuo já indica ser uma citação direta, porém, longa.
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Figura 4.11 - Exemplo de citação direta longa

Fonte: Elaborada pelo Autor.

• Citação indireta
Uma outra forma de citar é a forma indireta. Usamos a citação indireta quando
nossas ideias são parecidas com a do autor, e não queremos usar as mesmas pala-
vras que ele. Fazemos, então, uma paráfrase ou escrevemos a ideia dele de outra
forma. Todavia, lembre-se, a ideia continua sendo dele, logo, precisa citar. Na
citação indireta, por não ser exatamente o texto do autor, não precisa estar entre
aspas duplas. Outra diferença é que a citação indireta não precisa da página, pois,
às vezes, a ideia do autor está perpassada por toda obra. Exemplos:

Rogers (1973) aponta como um aspecto importante na manutenção das proteí-


nas no corpo, alguns fatores externos, não citados nas discussões químicas.
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Um aspecto importante na manutenção das proteínas no corpo são alguns fato-


res externos, que não são citados nas discussões químicas. (ROGERS,1973)

Algumas citações podem ter mais de um autor, pois obras diferentes podem tra-
zer ideias comuns. Exemplo:

Tanto Rogers (1973) como Hallel (1993) apontam na necessidade de entender os


fatores externos e não só químicos, para a manutenção de proteínas no corpo.

• Citação da citação
Às vezes, ao lermos uma obra ou artigo, nos deparamos também com outras
citações. Principalmente, em livros e textos antigos, seus autores usaram como fonte
outras obras, ainda mais antigas e raras. Contudo, tais textos nem sempre estão
disponíveis, mas o autor que você está lendo, teve contato com estas obras. Se o
autor que está sendo citado no material que você está lendo for extremamente
importante para você, use-o! Chamamos este processo de citação da citação. Como
o próprio termo leva a entender, você fará uma citação de um conteúdo que foi
citado na obra que você está consultando. Apesar de ser usado só em último caso,
é comum, quando necessário. Exemplo: Suponhamos que eu esteja consultando este
artigo, abaixo, cuja referência é VASCONCELOS, PARADISO. 2018:
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Figura 4.12 - Exemplo de citação de citação

Fonte: Elaborada pelo Autor.

Então, encontrei no texto uma ideia de Ferretti (1997), que considero impor-
tante para meu trabalho. Vou retirar a citação do texto referenciando da seguinte
forma:

Segundo Ferretti (1997), citado por Vasconcelos e Paradiso (2018), os ter-


reiros de Mina usam imagens apenas para os santos católicos, enquanto que para
a encantaria...

ou
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Segundo Ferretti (1997 apud VASCONCELOS; PARADISO, 2018), os terreiros


de Mina usam imagens apenas para os santos católicos, enquanto que para a
encantaria

A expressão latina “apud” significa “citado por” e é usada dentro dos parênte-
ses, quando não optamos pelo uso de termos como “citado por”, “referenciado por”.
Quando a citação for direta, usa-se a página e aspas, normalmente. Exemplo:

Segundo Ferretti (1997), citado por Vasconcelos e Paradiso (2018, p.32),


“os terreiros de Mina partem de uma tradição em que somente os santos possuíram
imagens, herança do culto hagiográfico”.

Em todos os exemplos, no final do trabalho será referenciado o trabalho que você


usou, ou seja, Vasconcelos e Paradiso (2018) e não Ferretti.
Além das citações, o desenvolvimento de um texto científico precisa obedecer
não só normas gráficas e metodológicas, mas gramaticais, com coerência e coesão.

Saiba mais
A fim de facilitar a leitura e o entendimento do conteúdo que se quer expor, são importantes os
aspectos abaixo:
a. Apresentar as ideias de modo claro, coerente e objetivo, conferindo a devida ênfase às ideias e
unidade ao texto;
b. Evitar comentários irrelevantes, acumulação de ideias e redundâncias;
c. Usar um vocabulário preciso, evitando linguagem rebuscada e prolixa;
d. Usar a nomenclatura técnica aceita no meio científico;
e. Evitar termos e expressões que não indiquem claramente proporções e quantidades (médio,
grande, bastante, muito, pouco, nem todos, muitos deles, a maioria, metade e outros termos ou
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expressões similares), procurando substituí-los pela indicação precisa em números ou porcentagem, ou


optando por associá-los a esses dados;
f. Evitar adjetivos, advérbios, locuções e pronomes que indiquem tempo, modo ou lugar de forma
imprecisa, tais como: aproximadamente, antigamente, em breve, em algum lugar, em outro lugar,
adequado, inadequado, nunca, sempre, raramente, às vezes, melhor, provavelmente, possivelmente,
talvez, algum, pouco, vários, tudo, nada e outros termos similares;
g. Evitar o uso de gírias e expressões pouco éticas ou deselegantes.
Fonte: UFPR (2011, p. 11).

Elementos pós-textuais
Como vimos, os elementos pós textuais costumam ser as referências, anexos e
apêndices. O único elemento obrigatório são as referências, que nada mais são, que
todos os materiais consultados, seguindo ordem alfabética de sobrenome autoral. Já
discutimos anteriormente sobre os anexos e apêndices, e desta forma, iremos, agora,
focar apenas nas referências.

Referências
As referências devem ser elencadas em ordem alfabética, de acordo com o sobre-
nome dos autores. O espacejamento deve ser em espaço simples, e duplo entre
parágrafos. O alinhamento é pela margem esquerda.
Alguns detalhes são importantes no aspecto gráfico das referências, como:
a. Só o título é destacado em negrito e itálico, nunca o subtítulo;
b. Termos em línguas estrangeiras não aparecem em destaque;
c. Quando não podemos determinar o local da publicação, coloca-se no lugar
o símbolo [s.l], do latim sine loco - sem local;
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d. Quando não for possível determinar a editora da publicação, coloca-se no


lugar o símbolo [s.n]., do latim sine nomine - sem editora;
e. Não é definido pelas normas da ABNT, o que se coloca na ausência de
data. Porém, é comum e tradição usar o símbolo [s.d].

Abaixo veremos a distribuição normativa e gráfica de como devemos elencar as


referências no final dos artigos, monografias, e projetos de Pesquisa.

Livros – apenas 1 autor


Utilize o padrão:
SOBRENOME, Nome Abreviado. Título: subtítulo (se houver. Não se coloca
em negrito ou itálico). Edição (se houver). Local de publicação: Editora, data de
publicação da obra. O título deve ser em negrito ou itálico.
Exemplo:
PARADISO, S. R. Rua das Mercês e Outros Contos. 1. ed. Londrina: CEOS, 2016.

Livros – até 3 autores


O procedimento é o mesmo que o anterior, porém, são escritos os nomes dos 3
autores separados por ponto e vírgula seguido de espaço.
Exemplo:
DUS, D. R. P.; SANTOS, Y. R. P.; PARADISO, A. R. Aspectos Psicológicos e
Familiares da Teoria do Comportamento: 5. ed. Mogi das Cruzes: MOGILAR,
2002.

Livros – mais de 3 autores


Aponta-se, apenas, o primeiro autor e acrescenta-se a expressão latina et.al
Exemplo:
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Apresentação e aspectos gráficos da pesquisa científica

OLIVEIRA, T. de S. et al. Desenhos Infantis e a Psicologia: um olhar da psica-


nálise. Loanda: Editora Sol Nascente, 1996.

Livros – autor é desconhecido


PRIMEIRA palavra do título em caixa alta, Cidade: Editora, ano de publicação.
(Quantidades de páginas [opcional]).
Exemplo:
RELATÓRIO Municipal do Sistema de Saúde, São Paulo: SECS, 2004. 134 p.

Quando houver tradutor, prefácio ou notas


Exemplo:
ALIGHIERI, D. A divina comédia. Tradução Hernani Donato. São Paulo: Círculo
do Livro, 1983. 560 p.

Quando houver organizador (org.), coordenador (coord.) ou editor (ed.)


Exemplo:
FERREIRA, L.P. (Org.). O fonoaudiólogo e a escola. São Paulo: Summus, 1991.

Quando o autor for uma entidade


Exemplo:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023. Informação
e documentação: referências - elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2000.

Livro de série ou coleção


Utiliza-se o padrão, acrescido do nome e número da série ou coleção.
Exemplo:
SILVA, F. Como estabelecer os parâmetros da globalização. 2. ed. São Paulo:
Metodologia da Pesquisa Científica
Apresentação e aspectos gráficos da pesquisa científica

Macuco, 1999. (Série Princípios 29).

Livro em meio eletrônico


SOBRENOME, Nome Abreviado. Título: subtítulo (se houver. Não se coloca
em negrito ou itálico). Edição (se houver). Local de publicação: Editora, data de
publicação da obra. Link precedido do termo “disponível em” , e entre < >. Após o
link usar o termo “Acesso em” com a última data de acesso.
Exemplo:
ALVES, C. Navio negreiro. [S.l.]: Virtual Books, 2000. Disponível em: <www.
virtualbooks.com.br>. Acesso em: 05 mar. 2004.

Partes de livro ou revistas com autoria especial


SOBRENOME, Nome abreviado. Título da parte (sem itálico/negrito). Referência
da obra no todo precedida de “In” seguido de dois-pontos. O título, aqui sim, será
negritado. É costume colocar as páginas do livro e/ou revista em que se encontra
o texto.
Exemplos:
ROSA, C. Solução para a desigualdade. In: SILVA, F. (Org.). Como estabelecer
os parâmetros da globalização. 2. ed. São Paulo: Macuco, 1999.

PARADISO, S. R. Caroço de Dendê (1997), de Beata de Yemonjá - A memória


e identidade negra através das divindades iorubás. In: Revista Estação Literária.
V.8, parte A. Londrina: UEL, 2011. p. 25-33.

Simpósios e congressos
NOME DO EVENTO, Número do evento (se houver. Pode ser arábico ou
romano), Ano do evento, Local do evento. Título dos anais em itálico; Local :
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Apresentação e aspectos gráficos da pesquisa científica

Editora, ano.
Exemplo:
ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM ADMINISTRAÇÃO, XX, 1996, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ANPAD,
1996.

No corpo do texto, este tipo de referência é citado da seguinte forma:


As empresas, na atualidade, começam a apostar em profissionais polivalen-
tes, principalmente com formações abrangentes dentro da área (ENCONTRO
ANUAL...,1996).

Trabalhos apresentados em simpósios e congressos


SOBRENOME, Nome abreviado. Título da parte (sem itálico/negrito). Referência
do evento no todo precedida de “In” seguido de dois-pontos. O título, aqui sim, será
negritado.
Exemplo:
TAVARES, L. A política e as privatizações de estatais. In: ENCONTRO ANUAL
DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO,
20, 1996, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ANPAD, 1996.

Simpósios e congressos em meio eletrônico


Segue as mesmas regras de eventos, acrescido do endereço eletrônico antecedido
da expressão “Disponível em:” e data do acesso antecedida da expressão “Acesso
em:” Exemplo:
ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM ADMINISTRAÇÃO, 20, 1996, Rio de Janeiro. Anais eletrônicos... Rio de Janeiro:
ANPAD, 1996. Disponível em: <www.enanpad.uerj.edu.br>. Acesso em: 05 fev.
Metodologia da Pesquisa Científica
Apresentação e aspectos gráficos da pesquisa científica

2014.

Dissertações e teses
SOBRENOME, Nome abreviado. Título da obra em itálico ou negrito. Tipo
(tese, dissertação ou trabalho) (Grau e área) - Unidade de Ensino. Local: Editora,
ano. Quantidade de páginas (opcional).
Exemplo:
PARADISO, S. R. Religião e Religiosidades nas Literatura Africanas Pós-
Coloniais: um olhar em Achebe e Mia Couto. Tese (Doutorado em Estudos
Literários) – Programa de Pós-graduação em Letras. Londrina: Universidade
Estadual de Londrina, 2014. 305 p.

Revistas, jornais etc. considerados no todo


TÍTULO DA REVISTA. Local da publicação: Editor,Data (ano) do primeiro
volume e, se a publicação cessou, também do último.
Exemplo:
CADERNOS DE PESQUISAS EM ADMINISTRAÇÃO. São Paulo: PPGA/FEA/
USP, 1994-.

OBS: Em periódicos em curso de publicação utiliza-se um hífen após a data ini-


cial, indicando que a publicação não cessou.

Artigos assinados em revistas


Exemplos
MACEDO, C. J. A vez do fogão industrial. Veja, São Paulo, ano 6, n. 1.246, p.38-
45, 29 out. 1990.
Metodologia da Pesquisa Científica
Apresentação e aspectos gráficos da pesquisa científica

KATZENBACH, J. A disciplina das equipes. EXAME, São Paulo, n. 17, p. 56- 60,
nov.-dez. 1999.

Artigos sem autores/ não assinados em revistas


A primeira palavra em maiúscula. Caso seja um artigo, a próxima também
entrará em caixa alta.
Exemplo:
AS MAIORES empresas do Brasil. Conjuntura Econômica. Rio de Janeiro: FGV,
v. 38, n. 9, set. 1984.

Indicação de leitura
Nome do livro: Como elaborar projetos de pesquisa.
Editora: Atlas
Autor: Antônio Carlos Gil
ISBN: 9788522431694

Livro prático que apresenta a estudantes e profissionais os elementos necessários para a elaboração
de projetos de pesquisa nos mais diversos campos do conhecimento. Em sua elaboração, o autor foi
guiado por dupla preocupação. Primeiramente, o de apresentar aos iniciantes os elementos necessários
para a elaboração de projetos de pesquisa. Em segundo lugar, garantir ao profissional de pesquisa,
bem como aos estudantes dos níveis mais avançados, inclusive dos cursos de pós-graduação, condições
para a organização de conhecimentos dispersos, obtidos ao longo da vida acadêmica ou do contato
direto com a prática de pesquisa.
Caro(a) aluno(a), chegamos ao fim do nosso material de Metodologia da Pesquisa
Científica, com a certeza de que este material será utilizado como um guia de referência
para o processo de produção científica na vida universitária, através de um TCC, de uma
monografia, de um artigo, de um paper, de um pôster (banner) ou de uma simples pes-
quisa.

Este material abordou os elementos essenciais da Metodologia Científica, pautados


em métodos sistematizados e normativos, por meio de estudos teóricos e práticos, advindo
de normas brasileiras como a ABNT.

Logo, este material foi organizado em quatro unidades sendo que a primeira delas
apresentou “A Metodologia Científica: Ciência e Conhecimento”, em que discutimos e
estudamos sobre as várias formas de apropriação do conhecimento e seus componentes,
através do conhecimento mítico-religiosos, filosófico, vulgar e científico; Ciência, Pesquisa
e Método.

A segunda unidade tratamos dos “Métodos e Tipos de Pesquisa”. Nele, vimos os prin-
cipais métodos como dedutivo e indutivo, hipotético-dedutivo e dialético, além de ter
aprendido sobre os tipos de pesquisa, quanto sua Natureza; Abordagem; Objetivos e
Procedimento. Neste último item, diferenciamos algumas formas de se fazer pesquisa,
como bibliográfica, estudo de caso, Documental, Experimental, Pesquisa de campo, entre
outras.

Já, na terceira unidade, vimos os “Elementos da Pesquisa Científica”, desde o Título e


Resumo, passando pelos objetivos, justificativas, até anexos e apêndices.

E, por fim, na última unidade, aprendemos sobre “Apresentação e Aspectos Gráficos


da Pesquisa Científica”, dando ênfase nas citações e nas normas de referenciação..

Com isso, aluno(a), reiteramos que a utilização deste material seja apenas um começo
na caminhada científica que virá com a vida acadêmica.
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724;
informação e documentação – trabalhos acadêmicos - apresentação. Rio de
Janeiro, 2011.

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pesquisa no laboratório clínico. 123RF.

DOLGACHOV. Imagens - conceito pessoas, aprendizagem, educação e escola


- close-up de estudantes mãos com livros ou livros de texto escrito para com-
putadores portáteis. 123RF.
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ge&vti=n857uw7qoo31dmy6t8-2-53>. Acesso em: 14 fev. 2018.

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