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PRESIDENTA DA REPÚBLICA
Dilma Rousseff
CONSELHO EDITORIAL
Presidente
Henrique dos Santos Pereira
Membros
Antônio Carlos Witkoski
Domingos Sávio Nunes de Lima
Edleno Silva de Moura
Elizabeth Ferreira Cartaxo
Spartaco Astolfi Filho
Valeria Augusta Cerqueira Medeiros Weigel
E SPELHOS PARTIDOS
Etnia, legislação e desigualdade na Colônia
Manaus - 2011
REITORA
Márcia Perales Mendes Silva
EDITORA
Iraildes Caldas Torres
REVISÃO
José Enos Rodrigues
Gabriel Arcanjo Santos Albuquerque
Revisão editorial
Cinara Cardoso
CAPA
Otoni Mesquita
Luciana Freire Braga do Nascimento (FINALIZAÇÃO)
Ficha Catalográfica
S192e
Sampaio, Patrícia Maria Melo
Espelhos Partidos: etnia, legislação e desigualdade na Colônia/Patrícia Maria
Melo Sampaio. Manaus: Editora da Universidade Federal do Amazonas, 2011.
352 p., il. 21 cm.
ISBN 978-85-7401-488-3
1. História Colonial – Amazônia – século XVIII 2. Colônia – História – Amazônia
I. Título.
CDU 93/99 (1-52) (811) “17”
Este livro nasceu como uma tese de doutorado, defendida em 2001, junto ao
Programa de Pós-Graduação em História, da Universidade Federal Fluminense (UFF/
RJ). Em certa medida, ainda o é porque não fui capaz de transformar o texto
original em algo mais agradável. De toda sorte, devo, mais uma vez, agradecer à
Universidade Federal do Amazonas (Ufam), ao PICD/CAPES pelas condições
necessárias à tese e ao empenho da Edua para esta edição.
Agradeço, imensamente, aos funcionários da Biblioteca Nacional, Arquivo
Nacional, Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Arquivo do Itamaraty, Arquivo
Público do Estado do Pará e aos colegas do Museu Amazônico. Pelas traduções (e
versões) do inglês, alemão e nheengatu, agradeço aos professores Paulo Renan,
Giancarlo Stefani e Auxiliomar Ugarte. Sem a ajuda de Sérgio Chahom (RJ),
Rosevaner Nogueira e Patrícia Cavalcante (PA) na coleta de dados teria sido
complicado ficar tanto tempo longe de casa.
Ao Prof. John Monteiro, a disponibilidade com que sempre atendeu às
minhas solicitações e a leitura atenta de todas as versões deste trabalho. Sheila de
Castro Faria, João Fragoso e Flávio dos Santos Gomes, pelas observações valiosas
por ocasião da defesa. À minha orientadora, Hebe Maria Mattos, difícil agradecer
o interesse com que acompanhou esta tese, sua crítica cuidadosa, intervenções cruciais
e uma impressionante capacidade de enxergar para além do texto.
Pouco se pode fazer sem a ajuda de grandes amigos. Aos meus, devo o
apoio incondicional, solidariedade sem fronteiras e inestimável interlocução intelectual:
Nora e Vânia Magalhães, João Fragoso, Keila Grinberg, Barbara Sommer, Maria
Eugênia Mattos, Bernadette Grossi, Francisco Jorge dos Santos, Hideraldo Costa,
Mauro Coelho, Sofia Costa, Pedro Campos, Márcia Mello e James Roberto Silva.
José Enos Rodrigues fez a primeira revisão e Gabriel Albuquerque, a segunda, mas,
se algo ficou, mea culpa.
Foi com grande prazer que recebi a notícia de que Espelhos Partidos finalmente
virava livro. Não era sem tempo. Originalmente tese de doutorado defendida na
Universidade Federal Fluminense, a análise inteligente de Patrícia Melo Sampaio
reclamava publicação. Com base em pesquisa original e inovadora, o livro ilumina a
reiterada produção da situação de conquista nos Sertões do Grão Pará, no repetido
desafio de interação (e tentativa de subordinação) dos diferentes povos indígenas
presentes na região. Ali, na segunda metade do século XVIII, a coroa portuguesa se
confrontava com uma imensa variedade de povos e línguas indígenas a serem
incorporados ao projeto colonial, com uma população de colonos que se comunicava
preferencialmente em língua geral (o nheengatu), e com fronteiras tênues e movediças
entre uns e outros.
Os sertões do Grão-Pará foram laboratório privilegiado da experiência
colonial portuguesa e de seus projetos de modernização no século das Luzes. Na
segunda metade do século XVIII, a Amazônia ocupava papel central nos projetos
reformistas da coroa portuguesa. A política pombalina para o Estado do Grão
Pará e Maranhão procurou se substituir ao papel antes desempenhado pelas Ordens
Religiosas, aliando-se às lideranças indígenas para trazer seus grupos da vida
“selvagem” às povoações. O objetivo era transformá-los em vassalos da coroa
portuguesa nas Américas, capazes de defender o domínio português na região e de
fornecer mão-de-obra aos colonos que ali se fixassem. A legislação conhecida como
Diretório dos Índios passou desde então a regular a situação de transição entre a
condição de “gentio” ou “selvagem” e a de vassalo da coroa portuguesa. Ela atuava,
porém, face um fluxo constante de descimentos de novos grupos indígenas, que
mantinha intensamente freqüentadas as zonas de fronteira entre a vida dita selvagem
e a incorporação nos aldeamentos.
As intervenções modernizadoras do projeto colonial pombalino
aumentaram também o fornecimento de mão-de-obra escrava africana à praça
mercantil de Belém, estabelecendo um fluxo de “negros novos” de diferentes
E spelhos P art i dos 11
procedências no continente africano à paisagem humana da região. Parte desse fluxo
chegaria à Capitania do Rio Negro, na condição de trabalhadores cativos,
especialmente à cidade de Manaus.
Os processos de trocas culturais e de construção de hierarquias resultantes
do encontro de tão díspares atores constituem a principal estrutura dramática
revelada por Espelhos Partidos. Na busca de formar vassalos leais que defendessem
aqueles sertões e de fornecer a eles os trabalhadores de que necessitavam, o processo
colonial nos Sertões do Grão-Pará se desenrolava distante dos projetos oficiais,
produzindo tensões, alianças surpreendentes e também novas hierarquias não previstas
ou desejadas.
Tratava-se ainda de conquista. A chamada “guerra justa” continuava no
horizonte. Para evitá-la, lideranças indígenas eram convidadas a se reunir aos
aldeamentos, a se tornarem vassalos do Rei de Portugal, a casar suas filhas com
colonos portugueses com a promessa de que seus filhos não mais guardariam
qualquer “mancha de sangue” por sua origem (por lei não poderiam sequer ser
chamados de caboclos) e a fornecerem trabalhadores indígenas temporários e
disciplinados àqueles mesmos colonos com os quais se aliavam. O projeto não
transcorreu como planejado. Muitos grupos retornaram aos sertões, por vezes
aliando-se a cativos de origem africana que ali se aquilombavam. Outros, talvez a
maioria, buscaram se apropriar de formas diferenciadas da nova legislação e das
posições que lhes eram atribuídas, incorporando novas formas de gerir o destino
coletivo.
O Diretório foi extinto em 1798, tendo dado origem a uma hierarquia
indígena diferenciada dentro dos aldeamentos. Não era este o objetivo desejado.
Não por acaso, a Carta Régia de 1798, legislação que substituiu o Diretório dos
Índios na região, buscaria eliminar tais hierarquias e as identidades a elas referenciadas.
Na vigência da nova legislação, só adotada na Amazônia, não haveria mais índios
vassalos com seus Principais reconhecidos como intermediários oficias entre os
aldeamentos e as autoridades coloniais. Haveria apenas súditos (sem qualificação de
origem) e índios “selvagens”, passíveis de serem capturados e colocados sob trabalho
compulsório pelos que fossem considerados súditos coloniais, que se tornavam
individualmente responsáveis por fazê-los transitar da “barbárie” à “civilização”,
reproduzindo, no processo, formas análogas à escravidão.
Além dos colonos, quais redes de relação faziam alguém índio ou súdito da
coroa? Como se colocavam “caboclos” (mestiços de índios) e “tapuios” (vassalos
índios destribalizados) neste processo? Qual o destino das hierarquias indígenas que
se haviam fortalecido no período anterior? A análise apresentada faz surgir com
12 Patrí cia Maria Mel o Sampaio
força as tensões e ambigüidades decorrentes da adoção da Carta Régia de 1798 e
de sua longa vigência na região. A partir de fragmentos de histórias de vida, o texto
faz emergir pequenas histórias de humilhação e sucesso, como a vivida pelo sargento
tapuio Felipe Muniz, que nos fazem entender as confrontações e acomodações
específicas daquele contexto de reiteração de hierarquias baseada no trabalho
compulsório de cativos africanos ou de “administrados” indígenas, e de criação e
expansão de populações liminares de tapuios, caboclos ou pretos forros, com trânsito
entre os dois mundos e direitos formalmente iguais aos demais colonos da região.
É neste quadro que a independência política e o discurso liberal de igualdade
perante a lei (para os homens livres) chegaria à região. A tensão étnica subjacente ao
processo explodiria na Cabanagem, bem como nas formas adotadas pela repressão
que se seguiu, com o desenvolvimento de legislação específica para não brancos,
como nos Corpos de Trabalhadores e na longa permanência da legalidade do trabalho
compulsório dos índios na região.
Espelhos Partidos é contribuição definitiva seja à história indígena, à
historiografia da escravidão ou simplesmente à história do Brasil Colonial, em sentido
amplo. Mas não trata de um passado que passou, como podemos acompanhar na
introdução do trabalho. Na Amazônia de hoje, além dos diversos povos indígenas,
são muitos os atores sociais “negociando e confrontando projetos diferenciados”.
Oxalá nenhum deles possa contemplar, ainda que de forma velada, a utilização de
formas análogas à escravidão. Que o aspecto mais doloroso do passado fique apenas
no passado.
Hebe Mattos
Professora Titular de História do Brasil
Universidade Federal Fluminense
Alqueire 36, 3 kg
Alqueire do Pará 2 paneiros (cerca de 30 kg)
Arratel 0,429 kg
Arroba 14, 7 kg
Braça 2,2 m
Canada 2, 64 litros
Côvado 66 cm (3 palmos)
Frasco 3, 3 litros (5 quartilhos)
Frasqueira 39,8 litros (12 frascos)
Palmo 22 cm
Paneiro Cerca de 15 kg
Quartilho 0, 66 litros
Quintal 4 arrobas (cerca de 58 kg)
Vara 1, 10 m
Légua Entre 5 555 e 6 000 metros
Cruzado $ 400 (400 réis)
Oitava 1$200 (1200 réis)
Pataca Moeda de prata ($300 e $320)
Tostão Moeda de níquel ($100)
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 13
PARTE I
Quando o fim é o começo: os mundos da fronteira na Amazônia do século
XVIII .............................................................................................................................. 29
CAPÍTULO 1
Onde ficam os “sertões”? ............................................................................................... 35
CAPÍTULO 2
Fortificações e aldeamentos: as estratégias coloniais .................................................. 43
CAPÍTULO 3
Os índios .............................................................................................................................. 53
CAPÍTULO 4
Os escravos africanos ...................................................................................................... 73
CAPÍTULO 5
Enriquecidos e inventariados: alguns colonos ........................................................... 97
CAPÍTULO 6
Passagens e encruzilhadas: transitando entre os mundos ......................................... 115
PARTE II
Códigos da fronteira: consolidando diferenças .........................................................
CAPÍTULO 8
Remédios para a pobreza: roteiros do Diretório ...................................................
CAPÍTULO 9
Políticas e poderes nas povoações do Grão-Pará .......................................................
CAPÍTULO 10
Refazendo o Diretório ..................................................................................................
.
CAPÍTULO 11
Trabalho, poder e liberdade II: a Carta Régia de 1798 ............................................
CAPÍTULO 12
Caminhos possíveis: as armas e a República ...................................................................
CAPÍTULO 13
Fronteiras da diferença .....................................................................................................
Capítulo 14
Liberdades e desigualdades: projetos e processo colonial ...................................
CONCLUSÃO ........................................................................................................................
A NEXOS ............................................................................................................................
1
A “história dos vencidos” não deixava de guardar vinculações com a “história vista de baixo”, de
inspiração marxista presente na historiografia européia. Suas implicações políticas são evidentes,
alimentando e também sendo alimentada pelas lutas contemporâneas. Apenas para mencionar alguns dos
clássicos, ver Nathan Watchel. La vision des vaincuns. Les indiens du Pérou devant la Conquête espagnole, 1530-1570.
Paris: Gallimard, 1971; ROMANO, Ruggiero. Mecanismos da Conquista Colonial: os conquistadores. São
Paulo: Perspectiva, 1973; LÉON-PORTILLA, Miguel. A conquista da América vista pelos índios. Petrópolis:
Vozes, 1984 (A edição da Visión del los Vencidos, do mesmo autor, é de 1959).
2
Cf. MONTEIRO, John Manuel. De índio a escravo. Revista de Antropologia, São Paulo, USP, v. 30/31/32, p.
170, 1989.
3
Na primeira vertente, Monteiro enumera os trabalhos de Mathias Kieman. The Indian Policy of Portugal in the
Amazon Region, 1614-1693; BELLOTO, Heloísa L. Trabalho indígena, regalismo e colonização no Estado
do Maranhão nos séculos XVII e XVIII. Revista Brasileira de História. São Paulo, 4, p. 177-192, 1982.
THOMAS, George. Política indigenista dos portugueses no Brasil. São Paulo: Loyola, 1982. Na segunda, são
mencionados os de THOMAS, John. Red Gold. The Conquest of the Brazilian Indians. Cambridge: Harvard
University Press, 1978; RIBEIRO, Berta. O Indio na História do Brasil. São Paulo: Global, 1983; SCHWARTZ,
Stuart. Indian Labor and New World Plantations: European Demands and Indian Responses in the
Northeastern Brazil. American Historical Review. Washington, p. 43-79, 83. SWEET, David. A Rich Realm of
Nature Destroyed: the Middle Amazon Valley, 1640-1750. PhD Thesis, University of Winsconsin, Madison,
1974, Dauril Alden. Indian versus Black Slavery in the State of Maranhão during Seventeenth and
Eighteenth Centuries, Biblioteca Americana, 1, n. 3, p. 91-142; MOTT, Luís. Os índios e a pecuária nas
fazendas de gado do Piauí Colonial. Revista de Antropologia, 22, p. 61-78, São Paulo. FARAGE, Nádia. As
muralhas dos sertões: os povos indígenas do rio Branco e a colonização. Unicamp, Dissertação de Mestrado,
1986. Rio de Janeiro: Paz e Terra/ ANPOCS, 1991.
4
Cf. MONTEIRO, John Manuel. O desafio da história indígena no Brasil. In: SILVA, Aracy Lopes da;
GRUPIONI, Luís Donisete (Org.). A temática indígena na escola. Brasília: MEC/MARI/UNESCO, p. 221-228,
1995.
5
MONTEIRO, J. M. Idem, p. 222, 1995.
6
CUNHA, Manuela Carneiro da (Org.). Introdução à uma história indígena. In: História dos indios no Brasil.
São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p. 17-18.
7
MONTEIRO, J. M. Idem, p. 223, 1995.
8
MONTEIRO, John Manuel. Os negros da terra. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. VAINFAS,
Ronaldo. A heresia dos índios. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. FERREIRA NETO, Edgard.
História e etnia. In: VAINFAS, Ronaldo; CARDOSO, Ciro F. S. (Org.). Domínios da história. Rio de Janeiro:
Campus, p. 313-328, 1997.
9
SANTOS, Francisco Jorge dos. Guerras e rebeliões indígenas na Amazônia na época do Diretório Pombalino (1757-
1798). Dissertação de Mestrado. São Paulo: USP, 1995. Além da conquista: guerras e rebeliões indígenas na
Amazônia. Manaus: EDUA, 1999. SOMMER, Barbara. Negociated Settlements: Native Amazonian and
Portuguese Policy in Pará, Brazil, 1758-1798. New Mexico: University of New Mexico, PhD Thesis, 2000.
10
MONTEIRO, J. M. Idem, p. 227, 1995.
11
Canicuru: “Traidor. Nome que no rio Negro davam aos índios que se tinham submetido e aceito o jugo
português.” Cf. STRADELLI, Ermano. Vocabularios da lingua geral. 1929: 11-768. Ajuricaba foi o líder da
famosa guerra dos índios Manaó (Rio Negro - 1727-1738), paradigma da resistência indígena. Em artigo
recente, Monteiro comentou essa intervenção, posteriormente apresentada em um paper na XXI LASA/
1998. Cf. John Monteiro. “Armas e Armadilhas”. In: NOVAES, Adauto (Org.). A outra margem do Ocidente,
p. 223-236.
12
MONTEIRO, John. Idem, p. 227, 1995 ; CUNHA, Manuela Carneiro da. Introdução à uma história indígena.
In: História dos índios no Brasil, p. 18-19. MONTEIRO, John. Os negros da terra. São Paulo: Cia das Letras, 1992.
13
GOMES, Flávio dos Santos. A hidra e os pântanos: quilombos e mocambos no Brasil (sécs. XVIII e XIX).
Tese de Doutorado. Campinas: Unicamp, p. 4-5, 1997.
14
MEILLASSOUX, Claude. Antropologia da escravidão: o ventre de ferro e dinheiro. Rio de Janeiro: Zahar,
1995; FLORENTINO, Manolo; GÓES, José Roberto. A paz nas senzalas: famílias escravas e tráfico atlântico,
Rio de Janeiro, c. 1790 - c. 1850. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1997. SLENES, Robert W. Na
senzala, uma flor. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. CHALHOUB, Sidney. Visões da liberdade. São Paulo:
Companhia das Letras, 1990. MATTOS, Hebe Maria. Das cores do silêncio: os significados da liberdade no
Sudeste escravista. Brasil - século XIX. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1995.
15
MATTOS, Hebe Maria. Das cores do silêncio. Op. cit., p. 16-17
16
SILVA, José Bonifácio de Andrada e.; DOLHNIKOFF, Miriam (Org.). Projetos para o Brasil. São Paulo: Cia
das Letras, 1998. Ver também CUNHA, Manuela Carneiro da. Pensar os índios: apontamentos sobre José
Bonifácio. In: Antropologia do Brasil: mito, história, etnicidade. São Paulo: Brasiliense/EDUSP, p. 165-173,
1986.
17
As idéias quanto às transformações sofridas no trato da questão indígena no século XIX são de Manuela
C. da Cunha. Ver Legislação indigenista no século XIX. São Paulo: EDUSP/Comissão Pró-Índio de São Paulo,
p. 4, 1992.
18
CUNHA, Manuela C. da (Org.). Legislação indigenista no século XIX, op. cit., p. 3
19
THOMPSON, E. P. Senhores e caçadores. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
20
PERRONE-MOISÉS, Beatriz. Índios livres e índios escravos. In: CUNHA, Manuela C. da. História dos
índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, p. 129, 1992.
21
GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas e sinais. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. LEVI, Giovanni. La
herencia inmaterial. Madrid: Editorial NEREA, 1990. REVEL, Jacques (Org.). Jogos de escala. Rio de Janeiro:
Ed. da FGV, 1998.
1
METCALF, Alida. Vila, Reino e Sertão no São Paulo Colonial. In: AZEVEDO, Francisca; MONTEIRO, John (Org.). Raízes da
América Latina. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura; São Paulo: EDUSP, 1996, p. 419.
2
LANGFUR, Hal. The Prohibited Lands: Conquest, Contraband, and Indian Resistence in Minas Gerais, Brazil, 1760 - 1808.
Comunicação apresentada na XXI Reunião Internacional da Latin American Studies Association - LASA, Chicago, setembro/
1998.
3
LE GOFF, Jacques. O deserto-floresta no ocidente medieva. In: LE GOFF, J. O Maravilhoso e o Quotidiano no Ocidente Medieval,
Lisboa: Edições 70, p. 46, [s.d.]
4
LEONARDI, Victor. Entre árvores e esquecimentos: história social nos sertões do Brasil. Brasília: Paralelo 15, p. 127, 1996.
METCALF, Alida. Vila, Reino e Sertão no São Paulo Colonial. Op. cit., p. 421.
5
Francisco Xavier de Mendonça Furtado ao Marquês de Pombal. Arraial de Mariuá, 6 de julho de 1755. In: MENDONÇA,
Marcos C. de. A Amazônia na era pombalina - AEP. Rio de Janeiro: IHGB, 2º tomo, 1963, p. 707, 1963.
6
FERREIRA, Alexandre Rodrigues. Viagem filosófica ao Rio Negro. MPEG/CNPq/Fundação Roberto Marinho, 1983, p. 119.
Toda esta gente é ignorante em ínfimo grau, imagina que toda a sua
fortuna lhe há de vir dos sertões, não extraindo drogas, mas
aprisionando índios com os quais se propõem a fazer grandes
progressos nas suas fábricas e lavouras.8
7
SAMPAIO, F. X. Ribeiro de. Notas ao papel que tem por título, Memória sobre o governo do Rio Negro. p. 46; JOSÉ, Fr. João
de S. Viagem e visita do sertão em o Bispado do Grão-Pará em 1762 e 1763. p. 68; 91. NORONHA, José Monteiro de. Roteiro
da viagem da cidade do Pará até as últimas colônias dos domínios portugueses em os rios Amazonas e Negro. p. 22-24.
8
Francisco X. Mendonça Furtado a Diogo de Mendonça Corte Real. 30.11. 1751. In: MENDONÇA, Marcos C. de. Amazônia na
era pombalina - AEP, Tomo 1, p. 84.
9
MARTINS, José de Souza. Fronteira: a degradação do outro nos confins do humano. São Paulo: Hucitec, 1997. p. 151.
1
A frase em destaque é de Joaquim Nabuco. Freire a utiliza para destacar o fato de que, após a independência, o Amazonas
constituía-se como a única unidade política que não havia sido portugalizada, permanecendo majoritariamente indígena.
Cf. FREIRE, José Ribamar Bessa. (Coord.) Amazônia Colonial (1616 - 1798). Manaus: Metro Cúbico, 4. ed. 1991, p. 62.
Quanto à expressão “antes o mundo não existia”, refiro-me ao mito de criação do mundo dos Desâna - Alto Rio Negro.
2
Uma leitura clássica para a ocupação do Vale está em REIS, Arthur. A ocupação portuguesa do Vale Amazônico. In:
HOLANDA, Sérgio B. de. (Dir.). História geral da civilização brasileira. São Paulo: Difel, 7. ed. Tomo I, p. 257- 272, 1985.
3
STUDART FILHO, Carlos. Fundamentos Geográficos e Históricos do Estado do Maranhão e Grão-Pará. Rio de Janeiro:
Biblioteca do Exército, 1959, p. 211.
4
As especificidades do Estado do Maranhão e Grão-Pará com relação ao Estado do Brasil foram indicadas, pioneiramente, por
Capistrano de Abreu e aparecem também sugeridas na obra de Sérgio Buarque de Holanda. Nádia Farage, em trabalho mais
recente, também sublinhou que a separação da imensa região do Estado do Brasil, de início, justificou-se por conveniências
geográficas e administrativas. Contudo, como afirmou Farage, no decorrer do processo colonial, “essa divisão veio
configurar uma real e profunda diferença de cunho político-econômico entre as duas regiões”. Cf. FARAGE, Nádia. As
Muralhas dos Sertões: os povos indígenas no rio Branco e a colonização. Rio de Janeiro: Paz e Terra; ANPOCS, 1991. p. 23.
5
A expedição de Teixeira foi a resposta lusa imediata à viagem dos franciscanos espanhóis Brieva e Toledo que chegaram à
Belém, descidos do rio Napo. A expedição durou cerca de dois anos, chegando até Quito e é reputada pela historiografia
como sendo a grande responsável pela dilatação das possessões portuguesas. No retorno, foram acompanhados pelo
jesuíta Cristóbal de Acuña, autor do Novo descobrimento do grande rio das Amazonas, texto que Porro classifica como a
“mais importante descrição até então feita do rio e de seus habitantes”. PORRO, Antônio. As crônicas do rio das Amazonas.
Petrópolis: Vozes, 1993.
6
Este mesmo aldeamento recebeu nova visita no ano seguinte. Dessa feita, os jesuítas Pedro Pires e Francisco Gonçalves
retornaram à Belém com 700 peças. Cf. REIS, Arthur. História do Amazonas. 2. ed. Minas Gerais: Itatiaia; Manaus: SCA, 1989.
p. 67.
7
PORRO, Antônio. O povo das águas. Op. cit., p. 61-62.
8
SWEET, David. A rich realm of nature destroyed: the Middle Amazon Valley, 1640-1750. PhD Thesis. Madison: University of
Winsconsin, 1974. Porro recupera cerca de 18 tropas de resgate, entre 1651 e 1721, atuando em diferentes regiões. Cf.
PORRO, A. O povo das águas. Op. cit., 1995, p. 62-63.
9
SANTOS, Francisco J. dos. Guerras e rebeliões indígenas na Amazônia na época do Diretório Pombalino (1757-1798).
Dissertação de Mestrado. São Paulo: USP, p. 145, 1995.
10
Não se trata de considerar as missões jesuítas espanholas como “maquiavélicos” agentes do expansionismo de Espanha,
agindo perigosamente nas fronteiras lusas. Quero apenas destacar o fato de que, observando do ponto de vista das
populações indígenas do Vale, elas estavam literalmente entre a cruz e a espada.
11
“Eram populações numerosíssimas [...] organizadas em cacicados ou senhorios teocráticos com princípios de estratificação
social. Durante o século XVIII foram virtualmente extintas pelas epidemias, guerras e deportações promovidas pelos
portugueses para abastecer de mão-de-obra as fazendas do baixo Amazonas.” PORRO, A. O povo das águas. Op. cit., p.
136.
12
De acordo com a Nova Repartição das Missões de 19.03.1693 e também de uma série de outras leis que tratavam das zonas
de atuação das diferentes Ordens, os Carmelitas receberam, como área de atuação, as regiões dos rios Negro e Solimões.
Os Jesuítas ficaram com a margem direita e sertões sul do rio Amazonas; os Mercedários, com o rio Urubu e parte do baixo
rio Negro; os Capuchos da Piedade, com as terras das redondezas do Gurupá, distritos do rio Amazonas até Nhamundá,
incluindo o Xingu e o Trombetas e os Capuchos de S. Antônio, com a boca do rio Amazonas e Nhamundá.
13
A expressão foi tomada por empréstimo de Marta Amoroso quando se referiu à ação dos jesuítas no Madeira. Cf. AMOROSO,
Marta Rosa. Guerra Mura no século XVIII: versos e versões, representações dos Mura no imaginário colonial. Dissertação
de Mestrado. Campinas: Unicamp, 1991. Márcio Meira lembra ainda que não foi à toa que “as buscas por mão-de-obra se
intensificaram nos rios Japurá, Negro e Branco, regiões controladas pela Ordem Carmelita, cujos frades muitas vezes
participavam direta ou indiretamente dos ‘negócios’ de escravos.” Cf. MEIRA, Márcio. Livro das canoas: documentos para
a história indígena da Amazônia. São Paulo: USP/NHII/Fapesp, 1993, p. 10.
14
Ver ALMEIDA, Maria Regina C. de. Os Vassalos del’Rey nos confins da Amazônia: a colonização da Amazônia Ocidental -
1750-1798. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro: UFF, 1990.
15
Cf. ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Idem, p. 141-143. Os números das povoações subordinadas às Fortalezas de S.
Gabriel e S. José de Marabitanas variam no tempo devido à instabilidade dos assentamentos. Em 1786, são 11 povoações
subordinadas a S. Gabriel (S. Antônio do Castanheiro Novo, N. S. do Loreto, N. S. das Caldas, N. S. de Nazaré, S. Pedro,
S. José, S. Gabriel, S. Bernardo, São João Nepomuceno, S. Miguel e S. Joaquim de Coané) e 6 a Marabitanas (Santa Ana,
S. Felipe, N. S da Guia, São Marcelino, S. João Batista, S. José de Marabitanas). A metodologia e os problemas enfrentados
na aplicação desta distribuição estão mencionados pela autora às p. 14-17.
16
SOUZA, Laura de Mello e. Prefácio. In: ALMEIDA, Marco A. de. O universo do indistinto: Estado e Sociedade nas Minas
Setecentistas (1735-1808). São Paulo: Hucitec, 1997. p. 14.
FORTIFICAÇÕES E ALDEAMENTOS:
AS ESTRATÉGIAS COLONIAIS
No rio Negro,
tudo é tão excessivamente grande
que excede a toda a imaginação.
Sob qualquer ponto de vista, pode-se perceber que a vida na fronteira não era
nada simples. E isso vale para todos os atores coloniais. Do ponto de vista da ação
colonial portuguesa, o confronto com uma imensa população indígena aldeada, com
uma grande diversidade lingüística e que ainda guardava fortes relações tribais, dispondo
de poucos missionários e uma reduzidíssima população “branca”, suas estratégias de
intervenção no Pará e Rio Negro teriam que, necessariamente, sofrer restrições como
resultante deste quadro.
Na segunda metade do XVIII, as aldeias das ordens religiosas que compunham
todo o bispado do Pará somavam 63, sendo que 19 eram jesuítas; 15, carmelitas; 9 da
Província de S. Antônio, 7 da província da Conceição, 10 da Província da Piedade e 3
pertencentes aos religiosos de N. S. das Mercês. A rarefação da presença colonial até esse
momento no Grão-Pará era evidente, como se deduz da avaliação recuperada por João
Lúcio de Azevedo, para o ano de 1749: “Desde os limites últimos do Ceará até ao rio de
Vicente Pinzón, e, pelo rio Amazonas acima, até as fronteiras de Castela, não mais que
nove povoações de brancos, dignas desse nome, se podiam contar [...]”.1
1
Cf. AZEVEDO, João Lúcio de. Os Jesuítas no Grão-Pará. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1930. p. 227-229.
2
MOREIRA NETO, Carlos. Os Principais Grupos Missionários que atuaram na Amazônia Brasileira entre 1607 e 1759. In:
HOORNAERT, E. (Org.). História da igreja na Amazônia. Petrópolis: Vozes, 1988, p. 74.
3
A guerra justa contra os índios Manaó (1722-1728) foi estudada por D. Sweet, reputado como sendo o melhor estudo
produzido sobre essa guerra colonial.
4
BEOZZO, José Oscar. Leis e Regimentos das Missões: política indigenista no Brasil. São Paulo: Loyola, p. 47, 1983.
5
Apud HAUBERT, Maxime. Índios e Jesuítas no tempo das missões. São Paulo: Cia das Letras, 1990. p. 15.
6
Pe. João Daniel. Tesouro descoberto no rio das Amazonas. Rio de Janeiro: Anais da Biblioteca Nacional, 1976. T. II, p. 44.
v. 95.
7
Idem Ibdem
8
Esta é uma leitura que está presente nos trabalhos de CARDOSO, Ciro F. S. Economia e sociedade em áreas coloniais
periféricas: Guiana Francesa e Pará (1750-1817). Rio de Janeiro: Graal, 1984. O trabalho indígena na Amazônia portuguesa
(1750-1820). História em Cadernos. UFRJ, IFCS, v. III, n. 2, 1985, p. 4-27. Na avaliação de Luís Felipe Baeta Neves, o cotidiano
das missões na Amazônia ainda é um tema em aberto. Ver NEVES, L. F. Baeta. Vieira e a imaginação social jesuítica: Maranhão
e Grão-Pará no século XVII. Rio de Janeiro: Topbooks, 1997. Sobre os resultados da ação missionária nas populações
indígenas, ver do mesmo autor. O combate dos soldados de Cristo na terra dos papagaios. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 1984. GAMBINI, Roberto. O espelho índio. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo, 1988.
9
Cf. BOXER, Charles. A Igreja e a Expansão Ibérica (1440-1770). Lisboa: Ed. 70, 1981. p. 94.
10
Nesse número estão incluídos 511 índios. Contudo, durante a expedição fugiram 165 de tal modo que a comitiva que
chega a Mariuá é de 860 pessoas. Cf. SILVA, J. A P. da. Diário escrito e anotado pelo secretário... In: MENDONÇA, Marcos
C. de. AEP, II tomo, p. 631. O reabastecimento dessas pessoas era responsabilidade das aldeias e povoações de índios
estabelecidas ao longo do rio. Não existem estimativas populacionais para esse mesmo período no rio Negro; como
parâmetro de comparação, dados de 1775, que indicam uma população de 1.129 almas para o rio Negro, além de 1.019
índios aldeados. De qualquer modo, a expedição portuguesa teria que esperar muito; as duas partidas não se encontraram
e o Tratado de Madri foi revogado em 1761. Essa fronteira só foi demarcada a partir do Tratado de S. Ildefonso de 1777
com novas partidas de demarcação.
11
Francisco Xavier de Mendonça Furtado ao Conde de Oeiras (Marquês de Pombal). Mariuá, 6 de julho de 1755. In:
MENDONÇA, Marcos C. de. AEP. II tomo, p. 707. A Capitania do Rio Negro foi criada pela Carta Régia de 03.03.1755, mas
só será instalada em 1757.
12
De acordo com REIS, A. o conjunto das fortificações compreende: Forte do Presépio - 1616; Gurupá - 1623; Desterro -
1638; Araguari - 1660; S. Pedro Nolasco - 1665; Santo Antônio de Macapá - 1688; S. José do Rio Negro - 1669; N.
Senhora das Mercês da Barra - 1685; Santarém - 1697; Parú - 1693; Pauxis - 1698; Casa Forte de Guamá - 1726; Reduto
do Macapá - 1738; Fortim - 1738; Bateria de Barcelos - 1755; Curiaú - 1761; S. Gabriel da Cachoeira e Marabitanas - 1762;
Macapá - 1765; S. Francisco de Xavier de Tabatinga - 1770; Reduto de São José - 1771; Bateria de S. Antônio -1773; S.
Joaquim do Rio Branco - 1777; N. Senhora de Nazaré de Alcobaça - 1780; Bateria da Ilha dos Periquitos - 1792; Bateria
da Ilha de Bragança - 1802. Cf. REIS, Arthur C. F. Limites de demarcações na Amazônia brasileira. Belém: Secult,1993, v. 1,
p. 57-58, 2. ed.
13
Um trabalho já clássico é FALCON, Francisco. A Época Pombalina. São Paulo: Ática, 1982. Além deste, ver. D’AZEVEDO, J.
Lúcio. O Marquês de Pombal e sua época. Lisboa: Clássica Editora, 1990. Também MAXWELL, Kenneth. Marquês de Pombal:
paradoxo do Iluminismo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
14
Para elaborar essas considerações, além daqueles mencionados na nota anterior, utilizei especificamente o de BELLOTO,
Heloísa L. Pombal: Marquês de. In: SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Dicionário da história da colonização portuguesa no
Brasil. Lisboa: Verbo, p. 645-648, 1994. Quanto à relação entre miscigenação e crescimento populacional, lembro que
esse é o argumento formal da Coroa. Na verdade, não havia a menor necessidade de “estimular” a miscigenação que corria
solta. A diferença é que se institucionaliza uma política de premiação para os casamentos mistos e isso, de certo modo,
demarca uma fronteira específica para as ações que já vinham ocorrendo.
15
A Lei de Liberdade dos Índios é de 06.06.1755, mas só foi tornada pública na região dois anos depois, por decisão de
Mendonça Furtado, quando da publicação do Diretório em 1757.
16
Criado pelo Alvará Régio de 03.05.1757 e confirmado pelo Alvará de 17 de agosto de 1758. Moreira Neto assegura que
o Diretório é uma das “chaves essenciais para a compreensão das mudanças operadas na Amazônia entre 1750-1850.” Ver
MOREIRA NETO, Carlos A. Índios da Amazônia: de maioria a minoria (1750-1850). Petrópolis: Vozes, 1988. p. 20.
17
Ao estabelecer a diferença entre sistema e condição colonial, o autor afirma que “condição toca em modos ou estilos de
viver e sobreviver. [...] Condição traz em si as múltiplas formas concretas da existência interpessoal e subjetiva, a memória
e o sonho, as marcas do cotidiano no coração e na mente, o modo de nascer, de comer, de morar, de dormir, de amar, de
rezar, de cantar, de morrer e ser sepultado.” BOSI, Alfredo. A dialética da colonização. São Paulo: Companhia das Letras,
1992. p. 26-27.
18
MEIRA, Márcio. Índios e brancos nas águas pretas: histórias do rio Negro. Belém, 1997, [inédito].
COROA
Junta do Comércio
Provedor-mor Ouvidor-geral
Escrivão Tabelião
Tesoureiro Escrivães
Contador Meirinhos
Ordenanças Ouvidor
Provedor Escrivão
Escrivão
Contador
Almoxarife
19
Elaborado pela autora.
* Criado em 1772.
** Extinto em 1798.
Desembargo do Paço
Secretaria de Estado dos
Negócios da Fazenda
Secretaria de Estado de
Negócio da Marinha e
Domínios Ultramarinos
Ordenanças
20
Elaborado pela autora.
* Criado em 1772.
** Extinto em 1798.
OS ÍNDIOS
Bastaria um sertão
de qualquer rio, e não dos maiores,
para se povoar Portugal...
1
FERREIRA, Alexandre Rodrigues. Viagem filosófica ao rio Negro. Op. cit., p. 633-639.
2
RICARDO, Carlos Alberto. A sociodiversidade nativa contemporânea do Brasil. In: RICARDO, Carlos A. (ed.) Povos indígenas
no Brasil: 1991-1995. São Paulo: Instituto Socioambiental - ISA, p. I-XII, 1996.
3
A área do antigo estado colonial corresponde hoje aos Estados do Amazonas, Acre, Amapá, Pará, Maranhão, Roraima e
Rondônia, além de partes de Mato Grosso e Tocantins.
4
A Amazônia Legal compreende os Estados do Amazonas, Roraima, Rondônia, Acre, Amapá e Tocantins, além da região oeste
do Maranhão e Mato Grosso. Cf. OLIVEIRA FILHO, J. P. A população ameríndia: terra, meio ambiente e perspectivas de
transformação. Rio de Janeiro, [s.d.] [mimeo.]. Quanto à diversidade lingüística do Brasil, ver FRANCHETTO, Bruna. O que
se sabe sobre as línguas indígenas no Brasil. In: RICARDO, Carlos Alberto (ed.) Povos indígenas no Brasil: 1996/2000. São
Paulo: ISA, 2000. p. 84-88.
5
OLIVEIRA FILHO, J. P. A população ameríndia: terra, meio ambiente e perspectivas de transformação. Rio de Janeiro, p. 2,
[s.d.] [mimeo.].
6
Toda essa diversidade refere-se, grosso modo, às populações que habitam o território correspondente ao Estado do
Amazonas. Os dados relativos aos outros estados não foram incluídos aqui, a não ser parcialmente, quando se tratam de
populações que se distribuem para além dos limites territoriais estaduais. Os dados são da Federação das Organizações
Indígenas do Rio Negro - FOIRN, referentes ao ano de 1992 e estão nos Anais do I Simpósio dos Povos Indígenas do Rio
Negro: Terra e Cultura. Manaus: UFAM, 1996. Ver também RICARDO, Carlos A. Povos indígenas no Brasil: 1991-1995. Op.
cit.; OLIVEIRA FILHO, J. P. Op. cit., 2-3 [s.d.]. Em trabalho mais recente (dezembro/2000), o ISA - Instituto Socioambiental
apresentou dados novos quanto à população. Atualmente são estimadas 216 povos indígenas contemporâneos no Brasil
somando uma população estimada em 350 mil pessoas. Como nossos dados são anteriores, os números do texto devem,
necessariamente, ser contextualizados no tempo. Ver RICARDO, Carlos A. Povos indígenas no Brasil: 1996/2000. São
Paulo: ISA, 2000.
7
Cf. J. FREIRE, Ribamar Bessa (Coord.). Amazônia Colonial (1616-1798). Op. cit., p. 11. A menção ao estudo de Aryon
Rodrigues foi retirada de FRANCHETTO, Bruna, op. cit., p. 85.
8
FREIRE, Ribamar Bessa. Manáos, Barés e Tarumãs. Amazônia em cadernos. Manaus: UFAM/MA, v. 2-3, p. 159-178, 1994.
9
Cf. SWEET, D. Op. cit., p. 578, 1974,
10
É muito difícil precisar exatamente quais as populações que foram estabelecidas em cada aldeia. As indicações são
problemáticas do ponto de vista dos etnônimos, variam no tempo e no espaço considerando a movimentação das
operações de descimento e também a diversidade daqueles que registraram a composição étnica dos aldeamentos. Vários
autores já registraram o problema metodológico da etnonímia para a história indígena que utiliza fontes escritas: um único
etnônimo pode encobrir vários grupos, ao mesmo tempo em que vários etnônimos podem referir um mesmo grupo étnico.
11
Sobre os Baré, ver BARROS, Maria Cândida; BORGES, Luiz; MEIRA, Márcio. A língua geral como identidade construída.
Revista de Antropologia. São Paulo: USP, v. 39, n. 1, p. 191-219, 1996.
12
Quanto aos aldeamentos Tarumãs, ver LEONARDI, Victor. Os historiadores e os rios: natureza e ruína na Amazônia brasileira.
Brasília: Paralelo 15, 1997.
13
PORRO, A. O povo das águas. Op. cit., p. 37, passim.
14
Cf. CUNHA, Manuela Carneiro da. (Org.). História dos índios no Brasil. Op. cit., p. 14, 1992. PORRO, A. O povo das águas.
Op. cit., p. 20-23.
15
PORRO, A. O povo das águas. Op. cit., p. 11.
16
Ver MA - AHU - E049 - 1778. Recenseamento da Capitania de São José do Rio Negro no ano de 1778 mandado fazer por
ordem de João Pereira Caldas - Mapa das famílias que, à exceção das dos Índios Aldeados, se achavam, existindo em cada
uma da maior parte das Freguesias de ambas as Capitanias do Estado do Grão-Pará, e de sua possibilidade e aplicação no
ano de 1778. Quanto aos Índios Aldeados, o Mapa correspondente está em ALMEIDA, Rita Heloísa de. O Diretório dos
índios: um projeto de civilização no Brasil do século XVIII. Rio de Janeiro: Museu Nacional, Tese de Doutorado, Anexos -
Fig. 25: Mapa em que separadamente demais se manifesta o numero de Pessoas, que dos dois diferentes Sexos de Índios
Aldeados também nas suas respectivas Povoações persistindo estavam; e do que pelo Comum delas de Rendimento tiveram
em o mesmo ano de 1778, 1995. Arlene-Kelly Normand considera que esse é o mais antigo dos recenseamentos gerais do
século XVIII. Cf. NORMAND, Arlene-Kelly. Fontes primárias para a história de índios destribalizados na região Amazônica. In:
Boletim de Pesquisa da CEDEAM. Manaus: UFAM, v. 5, n. 8, p. 92-119, jan-jun/1986.
17
A população da Capitania inclui apenas os moradores livres, escravos e índios aldeados. Não incluiu os números da
população indígena não-aldeada que habitava os “matos”. Os números de Belém estão em VELOSO, Euda Cristina A.
Estruturas de apropriação de riqueza em Belém do Grão-Pará, através do recenseamento de 1778. In: MARIN, Rosa
Acevedo. A escrita da história paraense. Belém: UFPA/NAEA, p. 12, 1997.
18
O controle da população era uma diretriz para as colônias ultramarinas, o que não chega a descartar a vinculação com o
processo de demarcações. A Coroa tinha incumbido a todos os governadores e capitães-generais que enviassem relações
anuais dos habitantes de seus domínios. Essa diretiva está em plena execução em 1776. Ver APP - Códice 163 - Doc. 21
e Anexo - Carta de Martinho de Mello e Castro a João Pereira Caldas, Lisboa, 21.05.1776.
19
Pe. João Daniel. Tesouro descoberto no rio Amazonas, p. 171, v. 1.
20
O controle das aldeias de repartição cabia a um colono “capitão de aldeia”, responsável pelo comando dos resgates e
descimentos e também pela distribuição dos índios que seriam “repartidos” entre particulares, missionários e o serviço
real. Ver FREIRE, J. Ribamar Bessa. (Coord.). Amazônia colonial, p. 29-44, passim. BELLOTO, Heloísa L. Trabalho indígena,
regalismo e colonização do Estado do Maranhão nos séculos XVII e XVIII. p. 177-192.
21
Além do Regimento das Missões, existiam uma série de leis complementares e, entre as mais importantes estava o Alvará
de 1688, conhecido como Alvará dos Resgates, que restabelecia o cativeiro para os “índios de corda” e determinava que
os regastes fossem realizados todos os anos, às custas da Fazenda Real. Ver BELLOTO, Heloísa. Trabalho indígena... Op. cit.,
p. 184.
22
Essa tipologia está em CARDOSO, Ciro. O Trabalho indígena na Amazônia portuguesa (1750-1820), p. 5-6.
23
Cf. CARDOSO, Ciro. Idem, ibdem.
24
Para Cardoso, a diferença básica entre os dois momentos é a forma de reprodução de sua mão-de-obra; enquanto no
primeiro, essa reprodução se dava de maneira endógena, através das missões e das tropas de apresamento, no segundo
momento, esse mesmo processo de reprodução passaria a depender de outros fatores que não exclusivamente internos à
sua própria dinâmica. Cf. CARDOSO, Ciro. O trabalho indígena... p. 6.
25
Cf. ALMEIDA, Maria Regina C. Os vassalos del’Rey nos confins da Amazônia Ocidental, p. 162.
26
Idem, p. 134.
27
Idem, p. 262.
Fonte: Elaborado pela autora. Cf. M. R. Almeida. Op. Cit., 1990 e Mapas de População. MA/ANRJ/BNRJ.
28
FERREIRA, Alexandre R. Viagem Filosófica... p. 656. Talvez o naturalista tenda a tratar suas opiniões de homem ilustrado
como dados da realidade como sobressai na questão (recorrente) da indolência dos índios, diretamente relacionada a um
conceito – implícito – de superioridade da civilização européia, característico no pensamento europeu do século XVIII do
qual a obra de Ferreira não escapa. A esse respeito ver DOMINGUES, Ângela. Os índios da Amazônia para um naturalista
do século XVIII. p. 5.
29
O total de cabeças de família da Capitania é de 254; ao longo do rio Negro, estavam 155 deles. Para essa comparação,
utilizou-se apenas o diário do rio Negro de Ferreira e não o conjunto dos seus escritos que permanecem ainda inéditos
em sua maioria.
30
Os dados foram agregados a partir de: MA - AHU - E049 - 1778. Recenseamento da Capitania de São José do Rio Negro
no ano de 1778 mandado fazer por ordem de João Pereira Caldas – Mapa das famílias que, à exceção das dos Índios
Aldeados, se achavam, existindo em cada uma da maior parte das Freguesias de ambas as Capitanias do Estado do Grão-
Pará, e de sua possibilidade e aplicação no ano de 1778. Quanto aos Índios Aldeados, o mapa correspondente está em
ALMEIDA, Rita Heloísa de. O Diretório dos Índios: um projeto de civilização no Brasil do século XVIII. Tese de Doutorado.
Rio de Janeiro: Museu Nacional, Anexos - Fig. 25: Mapa em que separadamente demais se manifesta o numero de Pessoas,
que dos dois diferentes Sexos de Índios Aldeados também nas suas respectivas Povoações persistindo estavam; e do que
pelo Comum delas de Rendimento tiveram em o mesmo ano de 1778. 1995.
31
São 168 Brancos, 50 Mamelucos, 29 Índios, 6 Mulatos e 1 Preto.
32
Os Ofícios Mecânicos incluem Carpinteiros, Sapateiros, Alfaiates, Calafates, Ourives, Pedreiros, Ferreiros, Tecelões, Pintora de
Cuias. Em Empregos Públicos foram incluídos Escrivães da Fazenda e da Câmara, Mestre-Escola, Cirurgião, Juízes, Almoxarifes,
Vigários e Alcaide. Diretores e Cabos de Canoa foram reunidos por referirem-se à estrutura criada pelo Diretório.
33
Como ponto extremo de uma hierarquia complexa, ao lado dessas mulheres, está a pobre Eva, que (sugestivamente) vive
sozinha em Alvarães, e Inês, uma mameluca solteira que divide sua pobreza extrema com uma única escrava em Silves.
34
Os Mulatos, no censo, formam um grupo muito interessante considerando suas especialidades; 3 são militares: um pertence
à tropa paga e os outros são auxiliares; o soldado pago é sapateiro e o outro é alfaiate. Existe um que é Mestre Escola,
outro é Capitão do Mato e ferreiro e mais um que é alfaiate. Todos “vivem pobremente”.
Fonte: Elaborado pela autora. Cf. M. R. Almeida. Op. Cit.,1990 e Mapas de População. MA/ANRJ/BNRJ.
35
Nas povoações do Pará, há uma ligeira predominância do número de Mulheres sobre o de Homens. São 10. 316 índias e
9.072 índios, distribuídos em 55 estabelecimentos. Essa diferença se reflete no número total de índios aldeados no Estado:
Dos 29.835, 15.614 são mulheres e 14.221 são homens.
36
Ver Gráfico da página 74.
37
Idem, p. 164. [grifo meu]
OS ESCRAVOS AFRICANOS
Era madrugada alta e, em breve, o dia iria amanhecer. Duas silhuetas deslizavam
rapidamente pelas ruas. Passo nervoso, respiração entrecortada, voz em sussurro. João
se preocupava em esconder o rosto e Alexandrina, com seus olhos grandes, prestava
atenção às sombras.
O caminho que seguiriam era longo, mas, aparentemente, seguro. Afinal, eles
não se atreveriam a atravessar floresta e rios sem nenhuma direção, sem destino certo.
Por outro lado, é quase impossível não pensar na sensação que sentiam ao imaginar a
fúria de seu senhor Pereira Carneiro quando o dia amanhecesse. Fugidos. Livres.
Alexandrina e João Mulato eram jovens. João havia sido escravo no Rio
Negro, propriedade do tenente-coronel Cordeiro e tinha gravada no rosto a palavra
miaçua. De altura mediana, olhos pardos, dentes falhos e pouco falante, segundo seu
dono só soltava a língua quando estava ébrio. Alexandrina, por sua vez, era alta, de fala
e passos descansados e andava jogando o corpo para os lados. Talvez não naquela
noite.1
1
Miaçua significa escravo em língua-geral. Informação prestada pelo Prof. Auxiliomar Ugarte.
FALANDO DE ESCRAVIDÃO
2
Anúncio publicado no jornal Estrella do Amazonas, n. 140, 16 de abril de 1856, p. 4 - BNRJ - Obras Raras (Microfilmado).
3
ALMEIDA, Maria Regina C. de. Trabalho Compulsório na Amazônia, séculos XVII - XVIII. Arrabaldes, Ano I, n. 2, p. 101-115,
set/dez, 1988.
4
PINHEIRO, Luís Balkar Sá Peixoto. De mocambeiro a cabano: Notas sobre a presença negra na Amazônia na primeira metade
do século XIX. Terra das águas. UnB, Núcleo de Estudos Amazônicos. Brasília: Paralelo 15, p. 149, 1999.
5
PEREIRA, Manuel Nunes. A introdução do Negro na Amazônia. Boletim Geográfico, n. 77, p. 509-515, 1949. SALLES,
Vicente. O negro no Pará. Rio de Janeiro: FGV/UFPA, 1971. VERGOLINO-HENRY, Anaíza; FIGUEIREDO, Arthur Napoleão. A
presença africana na Amazônia colonial: uma notícia histórica. Belém: APP/SECULT, 1990; MACLACHLAN, Colin M. African
Slave Trade and Economic Development in Amazonia, 1700-1800. In: TOPLIN, Robert B. Slavery and Race Relations in Latin
America. Westport, Connecticut/London, England: Grenwood Press, 19, p. 112-145; MARIN, Rosa Acevedo. Du Travail
Esclave au Travail Libre: Le Para sous le regime colonial et sous l’empire (XVIIe – XIXe siècles) Doctorat de Troisième Cycle
- Paris, 1985. FUNES, Eurípedes. Nasci nas matas, nunca tive senhor: história e memória dos mocambos do Baixo
Amazonas. Tese de Doutorado. São Paulo: USP, 1995. GOMES, Flávio dos Santos. A hidra e os pântanos: quilombos e
mocambos no Brasil (sécs. XVIII e XIX). Op. cit.
6
PINHEIRO, Luís Balkar S. P. Idem, ibidem. O Grão-Pará não se constituía em “província” no decorrer do século XVIII; nesse
período, era uma capitania, parte da estrutura administrativa do Estado do Grão-Pará e Maranhão (1751) e, depois, Estado
do Grão-Pará e Rio Negro (1774); trata-se de um pequeno equívoco do autor.
7
REIS, Arthur C. Ferreira. Tempo e vida na Amazônia, p. 146.
8
Diga-se que essa tipologia não pressupõe uma sucessão necessária de “fases” ou algo similar. Ao contrário, como se verá
a seguir, diferentes modalidades podem conviver simultaneamente e até mesmo podem ser retomadas, após um período de
desuso temporário. Cf. SALLES, Vicente. O negro no Pará, p. 28.
9
SALLES, Vicente. Op. cit., p. 28. MACLACHLAN, C. African Slave Trade... Op. cit., p. 116.
10
Reis afirma que a Câmara de Belém solicitou a intervenção real para que se realizasse uma repartição justa. Foram atendidos,
mas a Corte apontava como solução definitiva para a questão a criação de um transporte de escravos que reunisse os
moradores de ambas as capitanias. REIS, A. C. F. Tempo e vida... p. 149-150. MACLACHLAN, C. African Slave Trade... Op. cit.,
p. 116-117. Salles reporta mais dois contratos de assento (1702 e 1708) contudo permanecem os problemas, em especial,
a persistência das reclamações quanto à desigualdade da distribuição dos escravos. Cf. SALLES, V. Op. cit., p. 28-29.
11
VERGOLINO-HENRY, Anaíza; FIGUEIREDO, Arthur Napoleão. A presença africana na Amazônia colonial, p. 41 e 43
12
Idem, Ibdem, 45
13
SALLES, V. Op. cit., p. 30; BAENA, Antônio Ladislau Monteiro. Compêndio das eras da Província do Pará. Belém:
Universidade Federal do Pará, p. 237, 1969.
14
SALLES, V. Op. cit., p. 30.
15
Correspondência de Governadores com o Governador do Pará (1800-1803) Códice 764, doc. 55 Apud MARIN, Rosa
Acevedo, Du Travail Esclave au Travail Libre. Op. cit., p. 58. MACLACHAN, C. African Slave Trade... Op. cit., p.130.
16
ALENCASTRO, Luís Felipe de. O trato dos viventes. São Paulo: Companhia das Letras, p. 141, 2000.
17
Idem, p. 141-142.
18
Cf. Capítulo 8. Remédios para a pobreza para um breve balanço dessas experiências monopolistas.
19
ALENCASTRO, L. F. Op. cit., p. 142.
20
MACLACHAN, C. African Slave Trade... Op. cit., p. 117.
21
MACLACHLAN, C. African Slave Trade... Op. cit., p. 120. Não só a fortaleza de Bissau foi construída com recursos da
Companhia, mas também as folhas de pagamento (eclesiástica, civil e militar) de Cacheu, Bissau e Cabo Verde eram atendidas
pela empresa. Cf. DIAS, Manuel Nunes. Fomento e Mercantilismo. Op. cit., v. 2, p. 202-203.
22
MACLACHLAN, C. African Slave Trade... Op. cit., p. 122.
23
CARDOSO, Ciro F. S. Economia e sociedade em áreas coloniais periféricas. Op. cit. Apenas uma observação pontual quanto
às demandas do Mato Grosso; alguns autores, como Ciro Cardoso e C. MacLachlan, consideram que o Mato Grosso funciona
como “dreno” da mão-de-obra escrava entrada no Pará. Não parece ser bem assim. A correspondência entre governadores
do Pará e administradores da Companhia deixam claro que a demanda do Mato Grosso, efetivamente estimada em 1/3 dos
escravos que deveriam entrar no Pará, já estava prevista na definição dos números necessários; as propostas falam em
1.500 escravos/ano dos quais, 500 deveriam ser reencaminhados para aquela capitania. É certo que Mato Grosso fazia
melhores negócios com os negreiros porque podia saldar suas dívidas em metal precioso mas o que se pode inferir,
preliminarmente, é que o número de cativos entrados no mercado é bem inferior ao demandado localmente – ou, pelo
menos, estimado como ideal. Daí que os negócios com a capitania vizinha funcionem como pólo de drenagem da mão-de-
obra recém chegada nos portos do Pará.
24
Justificam essa preferência devido à alta mortandade dos índios na longa viagem, às constantes fugas e à incapacidade de
reabastecimento de remeiros no decorrer da parte mais difícil do trajeto: as 70 léguas que se estendiam da vila de Borba
até que se alcançasse a primeira cachoeira do Madeira. Escravos eram reputados como mais adequados porque resistiam
melhor à insalubridade da região e fugiam em menor proporção por desconhecerem a região e temerem o ataque dos índios.
Cf. o capítulo 8. Remédios para a pobreza.
25
SALLES, Vicente. Op. cit., p. 42-43.
26
MACLACHLAN, C. African Slave Trade... Op. cit., p. 131.
27
FREYRE, Gilberto. O escravo nos anúncios de jornais brasileiros do século XIX apud SALLES, Vicente. Op. cit., p. 43.
28
Idem, p. 41.
29
Reis afirma que o projeto foi colocado em prática em 1797, mas com resultados limitados. Cf. REIS, Arthur C. F. Tempo e vida
na Amazônia. Op. cit., 154; Rosa Marin informa que chegaram apenas dois carregamentos em 1797 como resultado das
investidas de Souza Coutinho nessa direção. Cf. MARIN, Rosa Acevedo. Du Travail Esclave au Travail Libre. Op. cit., p. 56.
30
FLORENTINO, Manolo. Em costas negras. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. p. 78-100.
31
Cf. FERREIRA, Alexandre Rodrigues.
32
CARREIRA, Antônio. Op. cit., p. 100. VERGOLINO-HENRY, Aniza; FIGUEIREDO, Napoleão. Op. cit., p. 50.
33
FLORENTINO, Manolo. Op. cit., p. 80-81.
34
Existem outros argumentos de Carreira para a crítica dos números de Nunes Dias. Vale conferir diretamente em CARREIRA,
A. Op. cit., p. 48-49.
ESTIMATIVAS DO TRÁFICO
Fonte: Nunes Dias, op. cit., v.1, pp.468-9;Carreira,op. cit., p. 91 e MacLachlan, p. 137-8.35
35
Os números de Antônio Carreira distinguem escravos embarcados (27.497) e escravos chegados vivos (24.649). Para essa
tabela comparativa, empreguei esse último dado porque os números de Dias são construídos sobre os resultados das
negociações realizadas, i. é., a resultante entre chegados vivos e sobreviventes no momento da venda já que não era
incomum a morte nos depósitos. Da mesma forma, os números de C. MacLachlan são relativos aos escravos desembarcados
em Belém. Quanto a esse último autor é preciso destacar que existe um problema na tabela por ele apresentada para os
escravos desembarcados em Belém, possivelmente causado por erro de impressão: revisando os números chega-se à soma
real de 22.310 e não 23.884, número ali publicado.
36
Para José Ciríaco, fugido em 1852 da vila de Oeiras, voltar para a Barra do Rio Negro significava a possibilidade de
reencontrar a irmã. Fazia pouco mais de um ano que tinha sido comprado pelo novo senhor e nunca escondeu as saudades
que sentia da Barra; isso fez com que se pudesse indicar com precisão sua rota de fuga no anúncio publicado no jornal
de Belém. Cf. SALLES, V. O negro no Pará. Op. cit., p. 320-1
37
Registra-se a existência da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos já em 1727. As informações sobre
as atividades de escravos e negros livres foram recolhidas nos viajantes. Cf. BATES, Henry. Um naturalista no rio Amazonas,
p.12, 25, 45-46. WALLACE, Alfred R. Viagem pelos rios Amazonas e Negro, p. 20, 27, 33, 67-68, 82. SPIX; MARTIUS, Viagem
ao Brasil (1817-1820. Op. cit., p. 26 e 29.
Livres
Ano/
condição Preto, Índio e Mestiços Escravos
Brancos
38
Cf. FERREIRA, Alexandre Rodrigues. Mapa Geral da População da Capitania do Rio Negro, 1786. Em Barcelos contavam-se
1.097 almas sendo 227 livres, 756 índios e 114 escravos.
Fonte: Para os anos de 1775-1795, ver Gráficos do capítulo 03; os dados de 1814 estão em Spix e Martius, op.
cit., p. 41.
Em que pese o fato de se lidar aqui com fragmentos, não deixa de ser
interessante a possibilidade de pontuar inserções diferenciadas em se tratando de
comparar os sertões com a exuberante capital do Estado do Grão-Pará. Apenas
retomando aspectos já abordados em outros momentos desse trabalho lembro
que, na configuração das estruturas locais de produção, a tipologia proposta por
Ciro Cardoso já identificava para a segunda metade do século, o crescimento de
um setor produtivo baseado no uso da mão-de-obra escrava e também índia,
conformado em grandes propriedades agrícolas. A ascensão desse setor é bem
mais visível nas áreas de ocupação mais antigas como os arredores de Belém (Acará,
Moju e Capim) – zona tradicional de lavoura canavieira com a predominância de
engenhos reais – e também produtora de produtos para exportação, especialmente,
o arroz, fumo e cacau. Esse perfil estendeu-se ainda a parte da Ilha de Marajó,
alcançando a calha do rio Tocantins sendo a Vila de Cametá, localizada nesse rio,
um bom exemplo desse processo de expansão.
No caso da Capitania do Rio Negro, esse quadro é diferente; suas produções
mais rentáveis estão vinculadas aos produtos extrativos do sertão, ganhando relevo
as extrações de salsa, urucu, cacau, piaçava, óleos vegetais e outros. A produção de
gêneros alimentícios para abastecimento interno da capitania era realizada nas
pequenas propriedades, marcadas pela presença heterogênea de camponeses
(brancos, índios e mestiços) e também nas vilas pombalinas nas roças do Comum.
Se a introdução de escravos negros era a chave para o crescimento do
Estado, são compreensíveis as reclamações quanto ao seu uso “improdutivo”.
Alexandre Rodrigues Ferreira, indignado com o que parecia ser um enorme e
despropositado desperdício, fez questão de registrar que os proprietários de homens
da Belém dos anos de 1780 não os utilizavam corretamente
Essa não era, contudo, uma prerrogativa dos senhores de Belém já que juízo
semelhante estendeu o naturalista para a Capitania do Rio Negro. Tamanho
“desperdício” deveria ser contido, retirando-se os escravos dos “lavradores indolentes”
para serem redistribuídos de maneira mais adequada, executando imediatamente suas
dívidas. Um caso claro era o do rico Capitão de Auxiliares José Antônio Freire Évora
que possuía 52 escravos,
39
FERREIRA, Alexandre Rodrigues. Op. cit., p. 386.
40
A idéia da punição não é original. O naturalista apenas reforçava o que já era uma medida efetiva, articulada pelo
governador do Estado e a Junta de Administração da Companhia, publicada através de Edital de 23.12.1775. É certo que
não surtiu grandes conseqüências, como reconheceu o próprio Ferreira porque, pouco depois, a Companhia estava
lutando por sua própria sobrevivência, envolvida nas questões da extinção do monopólio.
41
ARAÚJO, Emanuel. O teatro dos vícios. p. 97-98.
Fonte: Adaptado a partir de Flávio Gomes. A hidra e Pântanos, op. cit., pp. 63-64; 80 e101. Não estão incluídos
os dados referentes ao Maranhão.
42
SALLES, Vicente. O negro no Pará. Op. cit., p. 317-327.
43
Cf. GOMES, Flávio. A hidra e os pântanos, op. cit., p. 53 e 67. Para uma leitura mais aprofundada sobre a questão, vale
conferir diretamente o texto de Gomes.
44
Idem, p. 100.
45
Cf. BNRJ - I, 32, 16, 41 - Instrução Circular sobre a formatura de novos corpos de mílicias; BNRJ - II - 32, 16, 41 - Diversas
cópias de documentos do livro pertencente ao Antigo Senado da antiga Vila de Ega, hoje cidade de Tefé - Pará. 1774-
1814.
46
Sobre o funcionamento das mílicias, ver Capítulo 12 - Caminhos possíveis: as armas e a República.
1
Cf. FRAGOSO, João Luís. Homens de grossa aventura: acumulação e hierarquia na praça mercantil do Rio Janeiro ( 1790 -
1830). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 3. ed. 1998.
2
Durante a elaboração da dissertação de mestrado “Os Fios de Ariadne: tipologia de fortunas e hierarquias sociais em
Manaus, século XIX”, recorri a essa documentação seriada atualmente depositada no Arquivo Público do Amazonas
(APAM).
3
WHITMAN, Walt. Folhas das folhas da relva. São Paulo: Brasiliense, 6. ed. 1993.
4
“Não se lhe nomeou orador que desempenhasse com um eloqüente discurso o grande conceito e reputação que [...] lhe
aquistaram os seus esforços, tino ingênito e prudência..., mas teve a mais verídica oração fúnebre que se podia tecer: e foi
o gesto desalegre, o pesadume estampado na face dos indivíduos que se amontoava para pôr olhos no ataúde e que avultou
sobremaneira o luctuoso cortejo formado pelos Deputados do Governo Provisional, pelo Cabido, pelos Ministros do Culto,
pelos Senadores da Cidade e pelo concurso espontâneo de Cidadãos distintos”. Cf. BAENA, Antônio Ladislau Monteiro.
Compêndio das eras da Província do Pará, op. cit., p. 285-286.
5
Autos de inventário do Coronel Amândio de Oliveira Pantoja - 1826 - APP.
6
Cf. 1722 (19 - junho) Auto de Devassa Geral dos Cativeiros injustos dos índios e mais excessos contra as ordens de Sua
Majestade no Estado do Maranhão. In: Boletim de Pesquisa da CEDEAM, Manaus, v. 6, n. 10, jan-jun/1987, especialmente as
p. 23-25-31e 33. A tropa de resgates mencionada para 1747 está em MEIRA, Márcio (Org.). Livro das canoas: documentos
para a história indígena da Amazônia. Op. cit., p. 162.
7
Cf. Dicionário de Famílias Brasileiras - DFB: verbetes Oliveira Pantoja, Lameira França, Ferreira Ribeiro, Bittencourt.
8
O pai de Hilário chamava-se João de Moraes de Bittencourt e, na segunda metade do XVIII, era oficial graduado, sendo
reformado no posto de coronel em 1790. Apesar do nome, não se trata do mesmo indivíduo. Contudo acredito que, mesmo
não determinando precisamente o laço de parentesco, fica claro que trata-se do mesmo grupo familiar que se utiliza de um
recurso corrente para obtenção de mão-de-obra. Cf. SWEET, David, op cit., p. 767 e DFB, verbete Moraes Bittencourt e
Bittencourt. Outras informações foram recolhidas em BARATA, Manuel. Op. cit., p. 117. FERREIRA, Alexandre Rodrigues. Op.
cit., p. 192 e AN, códice 99, v. 1, doc. 193, 1767.
9
Autos de inventário do Capitão Hilário de Moraes Bittencourt - 1834 - APP. Seria inevitável perguntar o que ocorreu com
tão “abastados senhores de engenhos” como foram definidos no DFB.
10
Fr. João de S. José. Viagem e visita do sertão em o Bispado do Grão-Pará em 1762 e 1763. p. 508-511. I
11
As declarações do Coronel Zany a respeito de suas atribuições como Comandante Militar estão em SPIX; MARTIUS, v. 3, p.
143. Os dados da sua propriedade foram retirados dos Autos de Inventário dos bens que ficarão pelo falecimento de
Francisco Ricardo Zany - 1839 - APAM.
12
SPIX; MARTIUS, op. cit., v. 3, p. 149 -151.
13
Cf. MA - AHU E056: 1820 (23.12). Relatório do Ouvidor da Capitania do Rio Negro, Antônio Feliciano d’Albuquerque
Betencourt, dirigindo-se ao Ministro e Secretário de Estado e Negócios do Reino, Senhor Thomaz Antônio de Vila Nova
Portugal.
14
Essas informações constam do processo de inventário que, além do testamento, agrega os autos de conta do curador para
manutenção dos herdeiros.
Total 15 4 17 30
BUSCANDO TRAJETÓRIAS
Faixa
Sexo Quantidade % Valor £ % Valor Médio £
Etária?
Até 12 anos Feminino 84 13,59 1.096,82 7,49 13,06
Masculino 93 15,05 1.221,21 8,34 13,13
13 a 45 Feminino 167 27,02 4.837,77 33,05 28,97
anos Masculino 199 32,20 6.308,80 43,10 31,70
2,46 11,24
Mais de 45 Feminino 32 5,18 359,63
5,56 18,92
anos Masculino 43 6,96 813,43
Fonte: Elaborada pela autora. Cf. V Salles, op., cit., p. 69-71 e C. Cardoso, op. cit., p. 141.
Anos % de Bens Comércio Dí vidas Bens Padrão Jóias Escravos Dinheiro Monte- Monte- Dívidas
Inventários urbanos Ativas Rurais de vida Mor Mor Passivas
Bruto £ Bruto £
1810 24 5,41 9,72 39,93 4,41 3,61 0,37 35,19 1,32 13479,24 24,6 15,9
1820 6 7,49 2,24 36,80 16,25 2,62 2,47 23,11 9,00 15552,76 28,3 8,5
1830 25 44,43 4,90 3,73 7,00 3,40 0,88 26,76 8,90 11403,88 20,8 2,9
1840 45 22,21 5,95 13,40 9,88 1,93 1,13 41,19 4,31 14389,03 26,3 17,8
Embora todos os indicadores até aqui levantados sinalizem para uma baixa
liquidez, os inventários registram uma presença de dinheiro em moeda significativa
de 5, 8% e aproximam-se da média encontrada para os Bens Rurais que é 9,3%.15
Cerca de 25 % dos inventários possuem culturas com avaliação incluídas no
processo. Sua diversificação sugere a presença de uma agricultura de gêneros
alimentícios e de outros ligados à exportação que precisa ser melhor estudada.
No que diz respeito ao endividamento, 72 % dos inventários apresentam
baixos índices de comprometimento de seus ativos, possuindo no máximo 20 % de
passivo registrado. As maiores faixas de comprometimento (acima de 40% e as
fortunas negativas), representam cerca de 12% do universo dos inventariados.
15
É evidente que dados restritos não permitem que se revejam as considerações feitas até o momento com relação a esse
indicador.
16
FRAGOSO, João Luís Ribeiro. Homens de grossa aventura: acumulação e hierarquia na praça mercantil do Rio Janeiro (1790-
1830), op. cit. SAMPAIO, Patrícia. Os fios de Ariadne. Manaus: EDUA, 1997.
17
FRAGOSO, João Luís Ribeiro. À espera das frotas: hierarquia social e formas de acumulação no Rio de Janeiro, século XVII.
LIPHIS, Cadernos n. 1, Rio de Janeiro: UFRJ, 1995. p. 53-62.
18
O Juizado de Órfãos aparecia como a maior fonte de crédito, o que significa dizer que uma instituição da República era
responsável pelo financiamento dessa economia, agindo à margem do mercado e fora do controle dos comerciantes e
recorrendo a recursos internos da própria sociedade colonial que, desta maneira, reiterava-se parcialmente através de uma
acumulação endógena.
19
FRAGOSO, J. À espera das frotas... p. 57-59, passim.
20
Idem, p. 60.
21
ABAPP - Catálogo Nominal dos Posseiros de Sesmarias. Pará: Typographia do Instituto Lauro Sodré, tomo III, p. 78 e 120,
1904.
22
Cf. especialmente o capítulo 7, Trabalho, poder e liberdade I: o diretório pombalino.
23
O ouvidor Sampaio, em correição, registra nos livros das Câmaras a recomendação expressa para que não se emprestasse
dinheiro dos órfãos a juros, porque contrariava uma legislação extravagante. Cf. SAMPAIO, F. X. Ribeiro de. As viagens do
ouvidor Sampaio, op. cit., p. 151. Para a segunda metade do XVIII, é possível perceber uma sociedade problemática com
relação ao endividamento. É certo que a Companhia de Comércio ampliou as formas disponíveis de crédito local, mas ao
mesmo tempo, não é possível descartar as possibilidades, mesmo limitadas, de acumulação interna e, portanto, de
financiamento endógeno dessa economia colonial. Os modestos indicadores fornecidos a partir da leitura dos inventários
informam um padrão de endividamento médio da ordem de 11, 3% e não chega a ultrapassar os 18 % de comprometimento
dos ativos declarados.
24
Cf. FRAGOSO, J. L. Homens de grossa aventura, op. cit., p. 144-147.
25
Idem, p. 146.
26
Para maiores detalhes, ver SAMPAIO, Patrícia. Os fios de Ariadne, op. cit.
1
MARTINS, José de Souza. Fronteira. Op. cit., p. 151.
2
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Caminhos e fronteiras. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. p. 11-12.
3
REIS, Arthur C. F. O processo histórico da economia amazonense, p. 12.
4
FARIA, Sheila de Castro. A colônia em movimento: fortuna e família no cotidiano colonial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
p. 158, 1998. É certo que a autora referia-se a uma população diferente; os homens livres pobres de Campos dos Goitacazes,
especialmente aos forros e seus descendentes e não a índios aldeados, mas penso que a questão da mobilidade espacial
também pode ser aqui utilizada para caracterizar essa fronteira como já tinha sublinhado também Sérgio Buarque de
Holanda.
5
Cf. AMARAL, Antônio Caetano do. Memórias para a história da vida do venerável Arcebispo de Braga, Frei Caetano Brandão.
Braga: tipografia dos órfãos, v. 1, 1868, p. 341-342.
6
FREIRE, José Ribamar Bessa. Da fala boa ao português na Amazônia Brasileira, Amerindia, n. 8, p. 41-45, passim, 1983.
7
Carta Régia de 30.11.1689. Idem, p. 51.
8
Francisco Xavier de Mendonça Furtado a Sebastião de Carvalho e Mello (Pombal). Carta de 21 de novembro de 1751. In:
Marcos Carneiro de Mendonça. AEP, op. cit., Tomo 1, p. 67.
9
Em Moura, como em outras povoações, o Bispo Brandão viu-se diante de uma grande assistência que não falava o
português. Sua prédica era feita com a intermediação de um intérprete.[Antônio Caetano do Amaral] Memórias para a
história da vida do venerável Arcebispo de Braga, Frei Caetano Brandão. Op. cit., p. 350.
10
ROSÁRIO, Manoel da Penha do. Questões apologéticas enuncliadas e dirigidas a mostrar que em nada peca o pároco que
na língua vulgar dos índios os instrui espiritualmente, não sabendo eles nem entendendo a portuguesa que, por ordem
real, se-lhes deve introduzir. BNRJ - Manuscritos - 7, 1, 9. Ver também SILVA, José Pereira da. Língua vulgar versus língua
portuguesa. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, Anais, 113, 7- 62, 1993.
11
FREIRE, J R. B. Idem, p. 65; AMAZONAS, Lourenço Araújo e. Dicionário topográfico, histórico, descritivo da Comarca do Alto
Amazonas. 1852. Manaus: Grafima/Associação Comercial do Amazonas, p. 104, 1984. Ainda hoje é possível encontrar
falantes de língua geral, especialmente na região do rio Negro. Mais do que falantes, os Baré utilizam o Nheengatu como
mecanismo de afirmação de identidade étnica. Cf. ver BARROS, Maria Cândida; BORGES, Luiz; MEIRA, Márcio. A língua geral
como identidade construída. Op. cit.
12
CAMPOS, Pedro Marcelo Pasche de. Inquisição, magia e sociedade: Belém do Pará, 1763-1769. Dissertação de Mestrado.
Niterói: UFF, 1995, p. 16. A curandeira de maior clientela era a índia Sabina, ex-escrava denunciada aos 40 anos de idade,
que atendia a várias autoridades locais (governador, ouvidores e tesoureiro dos índios), proprietários de engenhos e
escravos mas também a pequenos lavradores, sapateiros, militares e outros que requisitassem seus serviços.
13
Em língua geral, significa marido da mulher. A expressão, além de designar os casados com índias, era utilizada também
para referir os homens que possuíam mais de uma esposa índia, bem como aqueles que, pelas alianças de casamento,
estavam envolvidos no tráfico de índios. O Bando que estabelece penas para as práticas do cunhamena no Rio Negro é
de 21.04.1753. o castigo previsto era o açoite e as galés, no caso de Mecânico e o degredo em Angola, se Nobre. A ação
dos cunhamena, porém, era muito mais ampla do que a legislação podia conter; se estavam consignadas as punições para
os do Rio Negro, já era preciso estabelecer as mesmas restrições para os que estavam atuando nos rios Solimões e Japurá.
Cf. ABAPP, Tomo III, 1968, p. 198-200.
14
SAMPAIO, Francisco Xavier Ribeiro de. As viagens do Ouvidor Sampaio. Manaus: Associação Comercial do Amazonas/Fundo
Editorial, p. 131, 1985, Ressalte-se que, entre as três classes de Sampaio, os índios estão ausentes da classificação.
15
Em Barcelos, Nobre da Silva também exerceu o cargo de juiz. Cf. FERREIRA, Alexandre R. Viagem filosófica ao rio Negro. Op.
cit., p. 287. Francisco Xavier de Andrade era sobrinho de Francisco Xavier e Belchior Mendes de Moraes, conhecidos cabos
de tropa de resgate no rio Negro. Em 1740, aos 23 anos, participou da tropa de resgate no vale do Uraricoera, junto com
Lourenço Belfort de onde trouxeram “mais de um milheiro de índios” para a fazenda deste no Mearim (Maranhão).
Estabeleceu-se em Barcelos onde chegou a ocupar o cargo de Almoxarife em 1778. Cf. REIS, Arthur C. Ferreira. Limites e
demarcações da Amazônia Brasileira, op. cit., v. 1, p. 55. SWEET, David. A Rich Realm... Op. cit., p. 766 e o Mapa das Famílias
que à exceção dos índios aldeados, se achavam existindo em cada uma da maior parte das Freguesias de ambas as
Capitanias do estado do Grão-Pará e de sua possibilidade e aplicação no ano de 1778.
16
Cf. AMARAL, Antônio Caetano do. Memórias para a história da vida do venerável Arcebispo de Braga, Frei Caetano Brandão.
Op. cit., p. 371-372.
17
Frei João de S. José. Viagem e visita do Sertão no Bispado do Grão-Pará em 1762 e 1763. p. 190.
18
AMAZONAS, Lourenço Araújo e. Dicionário Topográfico, Histórico, Descritivo... Op. cit., p. 23.
19
Para uma análise do discurso dos viajantes, ver COSTA, Hideraldo L. Cultura, trabalho e luta social na Amazônia: discurso
dos viajantes, século XIX. Dissertação de Mestrado. São Paulo: PUC, 1995.
1
Em 1878, Veríssimo definiu tapuio como “o filho das raças indígenas semicivilizadas” e que não devia ser confundido com
o mameluco. Porém, registra que a confusão entre ambos é comum devido à cor escura dos descendentes de índios e
brancos, em especial, os de primeira geração. Cf. VERÍSSIMO, José. Estudos Amazônicos. Belém: Universidade Federal do
Pará, p. 13-14, 1970. Moreira Neto define tapuio de uma maneira diferenciada: é o “membro de um grupo indígena que
perdeu socialmente o domínio instrumental e normativo de sua cultura aborígene, substituindo-a por elementos de uma ou
várias tradições culturais que se misturam aos traços residuais da língua e da cultura originais”. São os “índios genéricos”.
Cf. MOREIRA NETO, Carlos de Araújo. Índios da Amazônia: de maioria a minoria (1750-1850). Petrópolis: Vozes, especialmente
capítulos V e VI. A citação está na p. 79, 1988.
2
APP - Códice 720 - Correspondência do Comando das Armas com o Governo (1821). Doc. 39, 40 e 41.
1
BEOZZO, Oscar. Leis e regimentos das missões: política indigenista no Brasil. Op. cit. BELLOTO, Heloísa. Trabalho indígena,
regalismo e colonização... Op. cit. FARAGE, Nádia. As muralhas dos sertões. Op. cit. MOREIRA NETO, Carlos de Araújo.
Índios da Amazônia: de maioria a minoria (1750-1850). Op. cit. ALMEIDA, Rita Heloísa de. O diretório dos índios: um projeto
de “civilização” no Brasil do século XVIII. Op. cit.
2
Cf. BEOZZO, Oscar. Leis e regimentos das missões. Op. cit., p. 127-128.
Índios
Índiosnas
nassuas
suas aldeias deorigem
aldeias de origem
Descimentos
Descimentos
Povoações
Povoações indígenas
indígenas
(vilas
( vilas ee lugares)
Índios
Índios retidos
retidos
Índios
Índios alugados
alugados
(1/2)
(1/2)
(1/2)
(1/2)
Particulares
Particulares
Serviço
Serviço Roçasdo
Roças Drogas do
Drogas do
Real
Real doComum
Comum Sertão
Sertão
Agricultura
Agricultura Drogasdo
Drogas
comercial
Comercial doSertão
Sertão
Fonte: Elaborado pela autora, adaptado de Francisco Jorge dos Santos e José Ribamar
Bessa Freire.
3
Sobre essa questão, verifique-se os trabalhos de PERRONE-MOISÉS, Beatriz. Índios livres e índios escravos: os princípios
da legislação indigenista do período colonial (séculos XVII e XVIII). In: CUNHA, Manuela Carneiro da. (Org.). História dos
índios no Brasil. Op. cit., p. 115-132, 1992. In: SILVA, Maria Beatriz Nizza da. (Coord.). Legislação Indigenista. Op. cit., p.
467-478.
4
Cf. SANTOS, Francisco Jorge dos. Além da conquista. Op. cit., especialmente, os capítulos III e V.
5
A lei de 6.6.1755 faz parte do que Beatriz Perrone-Moisés (1992: 115-132) chamou de “grandes leis de liberdade”, que
abrange não só essa, mas também as de 1609 e 1680. A autora considera que a publicação dessas leis representava um
esforço da Coroa em apagar as diferenças existentes na política com relação às populações indígenas, tentando minimizar
os abusos contra as nações “amigas” que terminavam sendo atacadas como “inimigas”.
Porque tenho infalível que estes índios como são, não só bárbaros
e rústicos, mas, além de preguiçosos [...] logo que se capacitarem
que estão em plena liberdade e que os não podem obrigar a
residir nas fazendas em que se acham, no mesmo instante me
persuado a que desamparem absolutamente aos lavradores e se
metam pelos mocambos, deixando tudo em confusão e
desordem [...].6
6
MENDONÇA, Marcos Carneiro de. AEP. 2º Tomo, Carta 132ª. Francisco Xavier de Mendonça Furtado a Sebastião de Carvalho
de Mello. Arraial de Mariuá, p. 824, 12 de novembro de 1755.
7
FARAGE, Nádia; CUNHA, Manuela C. Caráter da tutela dos índios: origens e metamorfoses. In: CUNHA, Manuela Carneiro da.
Os direitos dos índios. São Paulo: Brasiliense, 1987. p. 107-108.
8
MENDONÇA, Marcos Carneiro de. AEP, 2º tomo, p. 494-495, Carta de 14 de fevereiro de 1754 - Francisco Xavier de
Mendonça Furtado ao rei.
9
Idem, p. 495.
10
Cf. Carta Secretíssima de Sebastião J. Carvalho e Mello a Gomes Freire de Andrade. Lisboa, 21.09.1751. In: MENDONÇA,
Marcos Carneiro de. Século XVIII: século pombalino do Brasil. p. 297-8.
11
MAXWELL, Kenneth. Marquês de Pombal: paradoxo do Iluminismo, p. 57-58.
12
Diretório, § 9.
13
Diretório, § 10. O grifo é do original.
14
Diretório, §18. No caso específico do tabaco, a Coroa criou um estímulo especial àqueles que se aplicassem à sua cultura;
à proporção das arrobas de tabaco que entrassem na Casa de Inspeção, se lhes seriam distribuídos os empregos e os
privilégios. Cf. Diretório, §25.
15
Diretório, § 49 e § 71.
16
Diretório, §§ 88 - 91.
17
Diretório, §§ 78 - 79.
18
Diretório, § 78-79.
1
CARDOSO, Ciro Flamarion Santana. Economia e sociedade em áreas coloniais periféricas. Op. cit.
2
SANTOS, Roberto. História econômica da Amazônia (1800-1920). São Paulo: T. A. Queiróz, 1982.
3
BARATA, Manoel. Formação histórica do Pará. A obra de Arthur Reis sobre o período colonial é por demais extensa para
uma nota de rodapé. Assim sendo, remeto o leitor interessado à bibliografia.
4
SCHWARTZ, Stuart. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Companhia das Letras, p. 57,
1988. MONTEIRO, John M. Os negros da terra. Op. cit.
5
Sobre o uso do trabalho indígena na Amazônia do século XIX, ver HEMMING, John. Amazon Frontier. The defeat of the
Brazilian Indians. London: MacMillan, 1987. MOREIRA NETO, Carlos. Política indigenista brasileira durante o século XIX.
Tese de Doutorado. São Paulo: Rio Claro, 1971. COSTA, Hideraldo. Cultura, trabalho e luta social... Op. cit. SAMPAIO,
Patrícia. Os fios de Ariadne. Op. cit.
6
As expressões cacau bravo (Theobroma sp.) e cacau manso (Theobroma cacao) referem-se, respectivamente, ao cacau nativo
e ao cacau cultivado. Costuma-se incluir o cacau entre as drogas porque, pelo menos até 1784, a maior parte do produto
é oriundo da coleta e não do cultivo. Quanto aos usos medicinais dos produtos do sertão, a salsa era reputada como
eficiente para as doenças do “gálico”, o cravo usado nas odontalgias, o urucum como corante e também como medicamento
para as defluxões com tosse. Ver FERREIRA, Alexandre Rodrigues. Viagem filosófica, p. 125.
7
Cf. DOMINGUES, Ângela. Drogas do Sertão. In: SILVA, M. Beatriz Nizza da. Dicionário da história da colonização portuguesa.
Op. cit., p. 270.
8
ALDEN, Dauril. O significado da produção de cacau na região amazônica no fim do período colonial: um ensaio de história
econômica comparada. Belém: NAEA/UFPA, 1974. p. 31-32.
9
A intensa rivalidade comercial se materializa nas campanhas promovidas pelos colonos contra a atuação das ordens
religiosas. Em 1734, as câmaras de Belém e São Luís, em petições separadas, reiteraram ao Rei o ponto nevrálgico do
conflito: o controle dos índios pelas ordens religiosas deveria restringir-se aos assuntos espirituais porque, além de privar
os colonos de índios, os empregavam na colheita do cacau extraindo assim “mais drogas do que todos os leigos reunidos”
Cf. ALDEN, D. Op. cit., p. 35.
Fonte: Elaborada pela autora a partir de Manuel N. Dias. Op. cit., p. 317-362.
10
Dizem os contemporâneos que não havia “um só cidadão, agricultor ou homem do interior que não utilize esta liberdade
para mandar uma canoa colher as drogas e outros produtos que o sertão produz”. Cf. ALDEN, D. Op. cit., p. 31.
11
O papel da Companhia na ampliação da produção e exportação do cacau gerou avaliações opostas. Manuel N. Dias
assegura que a presença do monopólio acelerou a produção de cacau entre 1755 e 1777, fundando seu argumento na
avaliação de que a economia amazônica pré-pombalina (ou pré-Companhia) era inteiramente de subsistência e foi o
monopólio que permitiu incentivar a produção e, ao mesmo tempo, estabelecer as vinculações entre a Amazônia e os
mercados europeus. Dauril Alden contra argumenta que, apesar de certas flutuações substanciais, estas se mantêm
semelhantes àquelas verificadas entre as décadas de 1745-1755 e por isso não é possível ratificar a posição de Dias, já que
a Companhia não contribuiu, significativamente, para o crescimento da produção de cacau na região. V ale conferir
diretamente os argumentos em DIAS, Manuel N. Fomento e mercantilismo: a Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará.
ALDEN, D. O significado da produção de cacau....
12
Os dados estão em ALDEN, D. Op. cit., Tabela IV, p. 54.
13
Cf. ALDEN, D. Op. cit., p. 41.
14
A descrição aqui feita segue a do Pe. João Daniel. Tesouro Descoberto... p. 56-63.
15
Idem, p. 65.
16
Esta última informação está em Fr. João de S. José. Viagem e visita do sertão em o Bispado do Grão-Pará em 1762 e 1763.
p. 52.
Em pouco tempo, por conta do esforço, os índios estão remando nus, sob
o sol ou sob a chuva. Se falta alimento, usam da tiquara e, para disfarçar a fome,
costumavam apertar a cintura com um cipó ou, no caso das canoas do rio Negro,
recorrer às folhas de ipadu.18
Além da coleta das drogas – principalmente cacau, salsa e cravo –, o trabalho
ainda pode incluir o estabelecimento de feitorias para fabricação de manteigas de
tartaruga, de salga de peixe, serrar madeira e preparar óleos vegetais. A feitoria
requeria um estabelecimento temporário com a construção de palhoças, jiraus e
tupés de acordo com a finalidade a que se destina e a preparação de terreno para
roças de subsistência.
Se a expedição foi bem sucedida, prepara-se para retornar entre os meses
de junho e agosto para alcançar o tempo da chegada das frotas que devem levar os
produtos para Europa e providenciar o reabastecimento de apetrechos para as
próximas expedições.
Os cabos recebem 1/5 de toda carga da canoa. A crer no relato de J. Daniel,
eles são os primeiros e maiores beneficiários da viagem porque não fazem inversões
para equipação das canoas sendo os quintos a paga de seus trabalhos, “lucro puro e
limpo”. Além dos quintos, os cabos recorriam a outras estratégias para aumentar
seus lucros: costumavam empregar o trabalho dos índios nas horas de descanso ou
17
Pe. João Daniel. Tesouro descoberto no rio das Amazonas, p. 59.
18
Tiquara é uma mistura de farinha com água, eventualmente, acrescida de sal. Ipadu (Erythroxylum coca) é a designação em
nheengatu de um arbusto cultivado para uso ritual entre os índios do alto rio Negro. Cf. RIBEIRO, Berta. p. 241, 1995.
19
Pe. João Daniel, Idem, p. 65-68, passim.
20
Diretório § 46.
21
Diretório, §52.
22
Idem, §§ 55-56. A remuneração do Tesoureiro não está prevista no Diretório, porém ela consta dos Mapas da Tesouraria
do Comércio dos Índios aqui utilizados e também da informação prestada pelo ouvidor Antônio Pestana da Silva.
23
Diretório, § 58
24
SILVA, Antônio José Pestana da. Meios de dirigir o governo temporal dos Indios. In: MORAES, A. J. Mello. Corographia
Historica, Chronographica, Genealogica, Nobiliaria e Politica do Imperio do Brasil. Rio de Janeiro: Typographia Americana,
v. 6, p. 21. , 1858-1860, (BNRJ - Mic. 74, 5, 21).
25
Os salários permaneceram com os valores fixados em 1751 e apenas em 1773 foram aumentados através de um bando de
João Pereira Caldas. MacLachlan considera que os baixos salários arbitrados e também a progressiva competição por
trabalho livre pressionaram a administração a aumentar os salários. Como exemplo, lembra que um piloto poderia chegar
a receber o dobro dos salários oficiais, se contratado por particulares. Cf. MACLACHLAN, Colin. Indian Labor Structure in
the Portuguese Amazon, 1700-1800. In: ALDEN, Dauril. Colonial Roots of Modern Brazil. University of California Press,
1973. p. 210.
26
Uma das estratégias usadas pelos missionários era a permuta de índios entre aldeias da mesma ordem. Como a legislação
limitava a retirada de índios que tivessem acabado de recolher às povoações, os missionários removiam as populações de
um aldeamento para outro, dificultando o acesso dos colonos aos índios. Cf. AMOROSO, Marta. Guerra Mura no século
XVIII,op. cit.
27
Cf. MACLACHLAN, C. The Indian Labor Structure... p. 210-211.
28
Em representação à Rainha, o Bispo Brandão menciona algumas dessas táticas. Cf. AMARAL, Antônio Caetano do. Memórias
para a história da vida do venerável Arcebispo de Braga, Frei Caetano Brandão. Op. cit., p. 396-397.
29
O termo “receptadores” consta do referido documento. Cf. 1780: Carta Circular e Recordatoria do Capm General do Estado
do Grão-Pará e Rio Negro ordenando aos Comtes e Diretores das Villas do Estado que dentro de suas atribuições sejam
zelosos na administração dos Índios evitando que se cometam abusos e excessos contra os mesmos. In: Arquivo do
Amazonas. Manaus: Imprensa Oficial, v. 1, n. 2, p. 45-51, 1906.
30
Levar frutos verdes de cacau significava também comprometer a concorrência “visto que quanto mais rara for a colheita dos
segundos, tanto melhor se reputará a dos primeiros”. FERREIRA, Alexandre Rodrigues. Viagem filosófica. Op. cit., p. 126.
31
"Todo trabalho aborrecido é desviarem-se das hastes e seus terríveis espinhos; e não terem nada, que neste trabalho
comam: vão levando em feixes estas raízes delgadas, e compridas para a feitoria onde as secam, e atam em manípulos”. Pe.
João Daniel. Tesouro Descoberto... p. 62, v. 2.
32
A importância dessas redes de circuito interno estão discutidas em Sérgio B. de Holanda que analisou o sistema de
monções que ligava o Mato Grosso a São Paulo. Ver HOLANDA, S. B. Monções. São Paulo: Brasiliense, 3. ed. ampliada,
1990. Com relação às monções do Pará, o mesmo autor menciona a tese de DAVIDSON, David. Rivers & Empires: the Madeira
Route and Incorporation of the Brazilian Far West, 1737-1808. Infelizmente não me foi possível localizar esse trabalho.
33
Em 1683, o jesuíta J. Peres vai ao Madeira até os Iruri e, no retorno a Belém, reporta a presença de ferramentas holandesas
na região que chegavam ao Madeira pelo Negro, em uma extensa rede de comércio intertribal que vinculava as populações
de ambas as regiões. Cf. AMOROSO, Marta R. Guerra Mura... Op. cit., p. 28-35.
34
A missão dos “Irurises” é formada em 1688, mas, em 1691, foi abandonada por conta de sucessivas doenças de seus
missionários. Em seguida, são fundadas novas missões em Abacaxis e Canumã, situadas nos rios de mesmo nome, sendo
que a primeira foi desdobrada e mais tarde, passou à margem esquerda do Madeira. Em 1712, nova missão é fundada entre
os rios Jaruary e a primeira cachoeira do Madeira. Era Santo Antônio, mais tarde, Trocano e, em 1756, Vila de Borba.
35
Os sobreviventes da violenta ação comandada por João de Barros da Guerra foram aldeados em Abacaxis. Ver D’AZEVEDO,
João L. Os jesuítas no Grão-Pará. Op. cit., p. 269.
36
A narrativa da viagem de Palheta está em ABREU, Capistrano de. Capítulos de história colonial. Op. cit., p. 305-316, 1982.
Sobre a proibição da navegação, ver LAPA, J. R. Amaral. Op. cit.
38
João de Souza Azevedo é um personagem particularmente festejado pela historiografia. João Lúcio o define como “o mais
arrojado sertanejo de que rezam os anais paraenses”. Arthur Reis não lhe economiza elogios; um espírito aventureiro
incontido e um “grande conhecedor da hinterlândia naquelas alturas e seus serviços não poderiam ser mais dispensados.”
Manoel Barata vai mais longe, atribuindo-lhe o pioneirismo na descoberta da rota do Madeira.
39
Lapa afirma que Azevedo nasceu em Porto Feliz (SP). Arthur Reis assegura que ele é natural de Itu. O Bispo João de S.
José, por seu turno, afirma que o sargento é natural de Vayrão, região do Minho. Esta última informação parece ser a mais
precisa, considerando que o Bispo a obtém do próprio Azevedo com quem se encontrou em sua viagem pelo bispado.
Neste mesmo relato, estão as informações prestadas por Azevedo ao Bispo acerca da sua “descoberta” do Tapajós. Cf. João
de S. José. Viagem e visita do Sertão no Bispado do Grão-Pará em 1762 e 1763. p. 81-82 e p. 92-3.
40
Depois de tantas despesas e serviços, recorreu ao Rei solicitando soldo e patente de Sargento-mor em 1752 e lhe é
concedida uma provisória. Em 1762, novamente dirige-se ao rei e solicita ampliação de seus benefícios: pede que o soldo
lhe seja pago a partir de 1750, que a patente lhe seja concedida por toda a vida, além de um hábito da Ordem de Cristo
para seu filho Antônio e uma pensão para sua viúva como paga de todos os seus serviços. Ver REIS, Arthur. Paulistas na
Amazônia e outros ensaios. Doc. IX, p. 327-329
41
Cópia de Informação do Provedor da Fazenda Real em um requerimento de João de Souza Azevedo. In: REIS, Arthur. Idem,
Doc. V, p. 318-325.
42
Idem Ibdem, p. 240-241. Azevedo não era apenas necessário, mas revelava-se um empreendedor! Em 1753, apresentou
projeto para uma fábrica de anil onde solicitava índios, terras e a exclusividade de 10 anos. Em 1778, seu nome volta
aparecer entre os acionistas e devedores da Companhia de Comércio do Grão-Pará. Cf. Correspondência de 31.01.1754.
ABAPP. Belém: Typographia Lauro Sodré, Tomo 3, 1904. LAPA, J. R. Amaral. Op. cit., p. 27.
43
Cf. LAPA, J. R. Amaral. Do comércio em área de mineração. p. 28-29.
44
Sobre essa questão, ver MONTEIRO, John M. Sal, justiça social e autoridade colonial. Comunicação apresentada na XXI
Reunião da Latin American Studies Association - LASA, Chicago, setembro/1998.
45
Os barcos eram descarregados e puxados de onde fosse possível: das margens, sobre as rochas ou do meio das águas,
enquanto os volumes eram carregados por terra. Era possível também acomodar a embarcação sobre toros de madeira para
facilitar o seu deslocamento. Algumas cachoeiras permitiam a travessia a remo, mas com as canoas vazias. Esse tipo de
travessia obrigava a uma equipagem de trabalhadores em muito superior ao usual.
Fonte: Adaptada de John Hemming. “Os Índios e a Fronteira no Brasil Colonial” In L Bethell (Org.) América Latina Colonial. SP: Edusp., 1999, Vol. II, p.445.
167
As frotas que se dirigiam ao Mato Grosso não tinham uma tarefa fácil
diante de si. Uma distância estimada em 770 léguas, acentuada pela corrente oposta
e pela grande quantidade de cachoeiras a transpor, sendo que parte delas deveria ser
atravessada à sirga.45
Quando se observa o fluxo do comércio monçoeiro para Mato Grosso,
não é difícil perceber que apenas pessoas de “grosso cabedal e crédito” poderiam
assumir os riscos da empresa. Os obstáculos do caminho limitavam o tamanho das
canoas que poderiam vencê-lo a, no máximo, 1200 arrobas enquanto que as canoas
de negócio que viajavam pelos sertões poderiam chegar até a 3000 arrobas. Assim,
se formavam frotas compostas por embarcações que variavam entre 400 a 1200
arrobas, dividindo-se a carga, os suprimentos e os trabalhadores que representavam,
em média, um homem para cada 10 arrobas.46
A aquisição de mercadorias era feita adiantada no Pará; parte dos porões
das embarcações estava comprometido com os apetrechos necessários para vencer
as cachoeiras, incluindo-se ferramentas para reparos. Ainda era necessário adquirir
escravos ou requisitar índios para remeiros; responsabilizar-se pelos salários dos
pilotos e práticos do rio, providenciar os suprimentos suficientes já que, depois de
Borba e especialmente no trecho encachoeirado, não existiam mais povoações que
pudessem fornecer os víveres e índios para reposição de eventuais perdas.
Esta era a parte mais complexa da jornada porque, nesse ponto, reduzia-se
muito o número de remeiros índios que tinham sido recrutados; não só costumavam
desertar, mas também morriam em razão das sezões, semelhantes “as de longo
curso do alto mar e dos fluxos de sangue”. Em certas ocasiões, a falta de alimentos
e de trabalhadores era tão grave que obrigava os comboieiros a retornarem a Borba
para reabastecimento “com despesas, incômodos e perigos duplicados”.47
O recrutamento dos trabalhadores parecia ser mais insuperável que a
passagem das cachoeiras. Na medida de suas possibilidades, os índios se recusavam
a realizar a rota, ou escapando do recrutamento na sua própria povoação ou
desertando no meio do caminho. Mesmo assim, era possível acontecer diferente,
46
O número elevado de pessoas está diretamente relacionado aos trabalhos de travessia das cachoeiras quando um barco
pequeno de passageiros de 400 arrobas necessitava de cerca de 40 a 60 homens para trazê-lo à sirga. Ver LAPA, J. R.
Amaral. Do Comércio em área de mineração. p. 109.
47
COUTINHO, Francisco de Souza. Informação sobre o modo porque se efetua presentemente a Navegação do Pará para Mato
Grosso e o que se pode estabelecer para maior vantagem do Comércio e do Estado. ANRJ, Códice 101, v. 2.
48
Idem, § 9º
49
No final do século XVIII, o preço de um escravo estava entre 130$000 e 150$000 réis enquanto que o jornal de um
carpinteiro ou calafate índio recrutado nas povoações variava entre 120 e 80 réis, respectivamente. Durante o funcionamento
da Companhia Geral de Comércio, ainda existia o recurso ao adiantamento em provimentos e escravos para a formação dos
comboios, através de financiamentos que eram pagos no retorno de Vila Bela ao Pará.
50
Entre 1769 e 1771, foram adquiridos 960 escravos dos portos do Sul e 242 do Pará. LAPA, J. R. Amaral. Do comércio em
área de mineração. p. 77- 85.
51
COUTINHO, Francisco de Souza. Informação sobre o modo por que se efetua... § 15º.
52
COUTINHO, Francisco de Souza. Informação sobre o modo porque se efetua... § 18º.
53
No século XVIII, as 17 cachoeiras do Madeira-Guaporé eram conhecidas pelas seguintes denominações na direção Pará -
Mato Grosso: 1ª. S. Antônio; 2ª. Salto; 3ª. Morrinhos; 4ª.Caldeirão; 5ª. Jirau; 6ª.Três Irmãos; 7ª. Paredão; 8ª. Pederneira; 9ª.
Araras; 10ª. Ribeirão; 11ª. Misericórdia; 12ª. Madeira; 13ª.Lajes; 14ª. Pau-Grande, 15ª. Bananeira; 16ª. Guajará Açu e 17ª.
Guajará Mirim.
54
Os moradores, através de um financiamento de 5 anos, receberiam seis escravos, gêneros, ferramentas e mais instrumentos
necessários para formar seus próprios estabelecimentos. Com direito a dois anos de carência, o pagamento só se iniciaria
no 3º ano de estabelecimento.
55
APP - Códice 554, Doc. 713. As prioridades de Coutinho não pareciam surtir o efeito desejado. Doente, o ouvidor Cerqueira
deixou o posto em 1801 e foi substituído pelo Capitão Marcelino José Cordeiro. A região onde estava localizada a
povoação, na foz do rio Jamari, era insalubre e, por esta razão, foi removida em 1802 para a outra situação entre os rios
Baeta e Arraias.
56
SOUZA, André F. de. Notícias geográficas da Capitania do rio Negro, p. 428.
57
AMAZONAS, Lourenço. Op. cit., p. 59. A história da povoação não termina no incêndio. Em 1859 o lugar do Crato passou
a freguesia que foi transferida para a povoação de Baetas no ano seguinte. Em 1868, nova transferência para a povoação
de Manicoré que foi elevada à categoria de vila em 1877. As populações inicialmente estabelecidas no Crato – em particular,
os ciganos – fugiram para territórios vizinhos ou para povoações menos insalubres e ainda hoje observam-se traços da
presença cigana nas festas populares de Manicoré.
58
COUTINHO, Francisco de Souza. Informação sobre o modo por que se efetua... § 12º Ver também o ofício dirigido ao Conde
de Linhares por João Carlos D’Oeynhausen em 30.05.1811. In: HOLANDA, Sérgio B. de. Monções, Anexo C, p. 124. Desde
que Sua Alteza Real transferiu sua Corte para o Rio de Janeiro, o comércio dos portos do Sul deve ter crescido tanto
quanto deve ter decaído o do Pará; logo parece até que o interesse, essa alma do comércio, chama os negociantes desta
Capitania mais depressa a estes que àquele Porto.
59
SPIX; MARTIUS. Viagem pelo Brasil. v. 3. p. 32-33.
60
Francisco Xavier de Mendonça Furtado a Francisco Luís da Cunha de Ataíde. Pará, 6.10.1751. In: MENDONÇA, Marcos C.
de. AEP, v. 1. p. 44.
61
Francisco Xavier de Mendonça Furtado aos Diretores Gerais da Companhia. 15.11.1757. In: MENDONÇA, Marcos C. de. AEP,
v. 3. p. 1157.
62
Além da Companhia do Grão-Pará, foram criadas a Companhia da Pesca da Baleia nas costas do Brasil (1755); a de
Pernambuco e Paraíba (1759); a dos Vinhos do Alto Douro (1765) e a das Pescarias do Algarve (1773).
63
Autores como Manuel Nunes Dias e João Lúcio d’Azevedo são exemplares na apresentação de um quadro polarizado de
discussões. De resto, diga-se que para os objetivos deste trabalho a adoção de uma ou outra postura não interfere no seu
resultado. O essencial para nossa discussão é acompanhar a atuação da Companhia na região nas suas linhas mais
genéricas tentando-a situar no quadro da produção e reprodução da riqueza no Grão-Pará. Ao leitor interessado nos
argumentos mais candentes acerca da Companhia, remeto à bibliografia relativa ao assunto.
64
BNRJ - Carta de Francisco Xavier de Mendonça Furtado a Sebastião José de Carvalho e Mello. Pará, 24. 01.1754. (Mic.). Esta
mesma correspondência foi publicada por MENDONÇA, M. C. de. AEP. p. 460-464, 2º tomo. Os narradores da Companhia –
em especial, Nunes Dias – ignoram a frustração da primeira demanda de Furtado junto aos homens “menos desafortunados
da terra”. Dias funde ambas tentativas do governador e constrói uma narrativa única afirmando que foram precisamente
estes os homens que conseguiram arrecadar aquela módica quantia. Deste modo, sua conclusão não poderia ser diferente:
esse valor ínfimo seria um indicador seguro da extrema pobreza da praça paraense e da urgente necessidade de proteção
real à proposta da Companhia. Cf. DIAS, M. Nunes. Fomento e mercantillismo. v. 1. p. 200. Na mesma direção, ver AZEVEDO,
J. L. Estudos de história paraense, p. 45-46.
65
Na sua trajetória na região, Lourenço já tinha freqüentado muitas paragens até estabelecer-se como negociante e
proprietário na região do Mearim, inclusive participado de tropas de resgate no Rio Branco, trazendo os cativos para
abastecer suas propriedades em 1740. Cf. SANTOS, F. J. dos. Além da conquista, op. cit., p. 238. A figura de Lourenço
Belfort ainda pode surpreender. Salvo engano, tratava-se de Lancelot de Belfort (Dublin, 1708 - S. Luís, 1775). A família
Belfort possuía origem real descendendo de Robert, o Piedoso – Rei de França, de Afonso VI, Rei de Leão e Castela, e de
Guilherme, duque da Normandia, posteriormente, rei da Inglaterra. Registra-se a presença do último irlandês conde e
príncipe de Belfort no Maranhão, onde exerceu diversos cargos públicos entre 1742 e 1759. Possuía uma grande fazenda
na margem esquerda do rio Itapicuru que levava o mesmo nome da propriedade de seus antepassados. Em 1758, Lancelot
de Belfort recebeu o Hábito da Ordem de Cristo de D. José I e depois, em 1761, foi armado Cavaleiro da mesma Ordem.
Deixou testamento em S. Luís datado de 15.03.1775. Cf. DFB, verbete Belfort.
66
Carta de Francisco X. M. Furtado a Pombal. Mariuá, 14.10.1756. In: MENDONÇA, Marcos C. de. AEP, v. 3. p. 994-995.
Lourenço ainda reaparece em outros momentos já negociando diretamente com e através da Companhia.
67
A companhia nasceu sob o signo do protesto. Em Lisboa, da Mesa do Bem Comum, rapidamente silenciada pelo Marquês
de Pombal com sua dissolução. Na colônia, os administradores não registram sinais iniciais de rejeição das gentes da terra,
com exceção dos religiosos. Quanto à oposição dos religiosos, identificada em Lisboa e na colônia, pode ser (em parte)
debitada à própria campanha movida pelo gabinete pombalino contra as ordens religiosas, com particular atenção à
Companhia de Jesus. Aliás, é de João Lúcio a tese de que é a oposição dos inacianos à Companhia de Comércio que faz
desencadear toda a virulência da perseguição de Pombal contra esses regulares, culminando com sua expulsão do reino
em 1759. Cf. BOXER, Charles. O império colonial português: 1415 - 1825. Lisboa: Edições 70, 1981. p. 183-184.
D’AZEVEDO, João Lúcio. Estudos de história paraense. p. 20 - 70.
68
Essas considerações baseiam-se, principalmente em DIAS, M. Nunes. Fomento e mercantilismo. passim. v. 1/2. Quanto ao
número de ações, o mesmo autor assegura que o número nunca foi completado já que nos balanços da Companhia
aparecem apenas 1.164 ações. Cf. p. 240-241. O valor nominal de cada ação era de 400$000.
69
DIAS, Manuel N. Fomento e mercantilismo, v. 1. p. 218.
70
Analisando a composição dos carregamentos, Carreira afirma que, das 64 naus, apenas 19 não estavam envolvidas no
tráfico de escravos e duas outras eram naus de guerra, portanto de proteção aos comboios, i.é., 67 % dos navios da
empresa estavam destinados ao tráfico de almas. Cf. CARREIRA, Antônio. As Companhias Pombalinas de Navegação,
Comércio e Tráfico de Escravos entre a Costa Africana e o Nordeste Brasileiro. Lisboa, 1969. p. 50- 51.
71
MAXWELL, Kenneth. Pombal: o paradoxo do iluminismo. Op. cit., p. 66.
72
De acordo com Nunes Dias, apenas em 1760, 1769, 1773-1776 e 1778, Belém recebeu moeda enviada de Lisboa através
da Fazenda Real. “A Companhia, no entanto, jamais deixou de receber letras do Tesouro.” Cf. DIAS, M. Nunes. Fomento e
mercantilismo, p. 66-67.
73
Mais esta vez, o refratário Lourenço Belfort ajuda a entender certos desdobramentos específicos. Utilizando parte dos
estímulos da empresa, sua propriedade alcançou a marca de 10.500 alqueires de arroz em 1770 sendo toda a produção
adquirida pela Companhia. A partir de 1771-1772, com o crescimento da produção de arroz, a Companhia passa a investir
na construção de moinhos de pedra em substituição aos moinhos de madeira empregados no Maranhão. Belfort reaparece,
na linha de frente, firmando com a Companhia um contrato de fornecimento de 250 arrobas de arroz por ano. Cf. DIAS, M.
Nunes. Fomento e mercantilismo, p. 438; 442-443, v. 1.
74
Fr. João de S. José. Viagem e visita do sertão. p. 73-75. Além do “interesse comum”, o Bispo tinha lá suas razões pessoais
para reclamar dos administradores da Companhia: sua carga de chá vinda de Lisboa tinha sido considerada por demais
elevada para constituir-se apenas em abastecimento doméstico e foi drasticamente reduzida a um volume considerado mais
aceitável. O Bispo ficou indignado com essa intervenção da mesa administradora na sua casa e nos “negócios de Jesus
Cristo”.
75
Correspondência de Manuel Bernardo de Melo e Castro a Sebastião José de Carvalho e Melo, Pará, 5.08.1759. Apud REIS,
Arthur C. Ferreira. Aspectos da experiência portuguesa na Amazônia. Manaus: Ed. Governo do Estado, 1966. p. 146.
76
Outras evidências apontam ainda para a continuidade – e até mesmo crescimento – do fluxo das exportações paraenses
no período pós-companhia, sugerindo que a praça poderia continuar a funcionar com regularidade (desejada ou possível)
mesmo sem os beneplácitos régios. Antônio Carreira acrescenta que, para se aquilatar a importância política, econômica e
financeira da empresa, recorde-se que apesar de ter sido extinta em 1778, ainda comerciou, “com maior ou menor amplitude
até 1788 e sua liquidação definitiva só se deu 136 anos depois.” Cf. CARREIRA, Antônio. Op. cit., p. 45.
77
M. Yêdda Linhares acredita que a questão no “Grande Norte” está relacionada aos interesses e necessidades comerciais
metropolitanos que teriam provocado um deslocamento de recursos e mão-de-obra para as atividades de coleta de drogas
do sertão, mais rentáveis que aquelas vinculadas ao trato da terra, levando as culturas ao abandono. Esse argumento
reitera, como a própria autora assinala, formulações clássicas de Celso Furtado, Fernando Novais e Caio Prado Júnior. Cf.
LINHARES, M. Y. Leite. História do abastecimento: uma problemática em questão. p. 53-54.
78
Diretório, §§ 16-25.
79
Que este quadro não leve à dedução (equivocada) de que a dieta dos moradores do Grão-Pará era limitada à farinha e peixe.
Estudos contemporâneos de Janet Chernela na área do rio Uaupés (alto rio Negro), identificaram 137 cultivares de
mandioca distinguidos por nomes indígenas. Destes tubérculos, domesticados a partir de uma agricultura indígena de
milênios de adaptação, é possível extrair um número muito diversificado de subprodutos que multiplicam as formas de
preparação dos alimentos. Apenas a título de exemplo, registrem-se os diferentes tipos de farinha seca (branca e amarela)
e d’água, beijus, carimã, manicuera, arubé, gomas, polvilhos, pós de tapioca e o tucupi. Quanto ao gado, o rebanho da
Capitania do Rio Negro era minúsculo: na década de 1780, existiam 172 animais, entre vacas, touros, novilhos e garrotes.
Cf. FERREIRA, Alexandre Rodrigues. Viagem filosófica, op.cit.
80
A diversidade da cozinha amazônica aparece, em ricas cores e sabores, na obra de Pe. João Daniel. Tesouro descoberto no
rio das Amazonas.
81
Carta de Joaquim Tinoco Valente a Fernando da Costa Ataíde Teive. Barcelos, 24.07.1764 apud ALMEIDA, Maria Regina. Os
vassalos del’Rei... p. 223-224.
82
Idem, p. 226.
83
Ver. ALMEIDA, Maria Regina. Os vassalos del’Rey, p. 228.
84
Ver gráfico Produtos Agrícolas do Grão-Pará (1756-1810). A presença do algodão e do arroz não inclui os números da
sua produção no Maranhão, onde estes cultivos encontram uma maior penetração e desenvolvimento no decorrer do
século. Os dados até 1778 registram a produção destes gêneros no Grão-Pará.
85
A experiência do diretor do lugar de Poiares não foi muito além dos primeiros tempos do Diretório. Em 1786, do café do
comum, só restam notícias. Cf. SAMPAIO, Patrícia. Povoações desaparecidas: Poiares no século XVIII.
86
ALMEIDA, Regina. Os vassalos del’rey... p. 228-229. Mapa Estatístico 2: Produtos Cultivados na Capitania do Rio Negro -
1775.
88
SAMPAIO, Francisco Xavier Ribeiro de. As viagens do Ouvidor Sampaio. p. 127.
87
Lourenço Pereira da Costa. Memória sobre o Governo do Rio Negro (escrita logo depois de 1762). Boletim de Pesquisa da
CEDEAM, n. 2, p. 45-46, Manaus, jan-jun/1983.
89
A citação de Pereira Caldas está em FARAGE, Nádia. As Muralhas dos Sertões. Op. cit., p. 139.
90
Lourenço Pereira da Costa. Memória sobre o Governo do Rio Negro (escrita logo depois de 1762). Op. cit., p. 47. Pe. João
Daniel diz que havia tanta aguardente no Amazonas como existiam vinhos na Europa, mas ele próprio afirma que três
espécies eram as preferidas: a de cana de açúcar que é muito “feiticeira”; a de beiju ou de farinha que é “tão espirituosa
que deveria chamar-se cáustico em vez de aguardente” e a de caju, menos considerada. A lista completa seria imensa:
pajuarú, caxiri, mocororó, caiçuma, destilados de cacau, café, laranja da terra, ananás, taperebá e os “vinhos” de bacaba,
patauá, açaí, umari, buriti, etc. Cf. Pe. João Daniel. Tesouro descoberto no rio Amazonas, v. 1. p. 385-386. FERREIRA,
Alexandre Rodrigues. Viagem filosófica, p. 700-701; 724-725.
91
A proibição não é exclusiva do Grão-Pará. As restrições são mais abrangentes e parecem remontar ao início do século XVIII
quando, através de uma provisão do Conselho Ultramarino de 1706, ficou estabelecido que todo senhor de engenho que
convertesse sua cana em aguardente perderia a safra e, reincidente, seria preso e perderia o engenho.
92
SILVA, Antônio José Pestana da. Meios de dirigir o governo temporal dos índios. p. 55.
Fonte: Adaptado pela autora a partir de M. Nunes Dias, op. cit. pp.536
Antes de abordar esse ponto, gostaria de destacar, para fins de análise, três
níveis de relações entre políticas e poderes. Um que diz respeito às relações
propriamente administrativas que se estabelecem entre governadores militares das
capitanias, capitães-generais e o governo metropolitano.
Um segundo nível referencia as relações internas nas capitanias, o cotidiano
do exercício do poder nos sertões, fora do alcance das mãos régias, ligando os
1
LEONARDI, Victor. Entre árvores e esquecimentos: história social nos sertões do Brasil. Brasília: Paralelo 15, 1996. p. 127.
2
SCHWARTZ, Stuart B. Burocracia e sociedade no Brasil Colonial: a Suprema Corte da Bahia e seus juízes - 1609-1751. São
Paulo: Perspectiva, 1979.
3
APP - Códice 265, doc. 17. Francisco Xavier Ribeiro de Sampaio foi o 3º ouvidor do Rio Negro. Formado pela Universidade
de Coimbra, foi nomeado Juiz de Fora e Provedor da Fazenda Real do Pará em 1767. Em 1772, passa a Ouvidor e Provedor
da Fazenda e Intendente da Agricultura da Capitania do Rio Negro. Tomou posse em 27.10.1773. Ao regressar a Portugal
em 1779, após participar de uma junta provisória, foi nomeado provedor da comarca de Miranda Douro. Em 1800, recebeu
a nomeação de desembargador da Casa de Suplicação em Lisboa.
4
Mello e Póvoas foi nomeado a 16.07.1761, substituindo a Gonçalo Pereira Lobato e Sousa no governo do Maranhão. Após
a separação do Maranhão do Estado do Grão-Pará, em 1772-1774, Póvoas continuou a frente do governo do novo Estado.
5
O capitão Miguel de Siqueira Chaves tinha uma extensa folha de envolvimento com o “contrabando de tapuias” na região
do Negro. Sua habilidade para transitar nos sertões era notória. Aparentemente, o envolvimento com o tráfico de índios
não chegou a criar maiores embaraços a sua carreira militar; em 1754, era Capitão Ligeiro do Regimento de Macapá. Porém,
recomendava-se que não o enviassem ao sertão sem que estivesse subordinado a oficial de respeito para que não sofresse
uma recaída, “lembrando-se da antiga vida”. Cf. MENDONÇA, Marcos Carneiro de. AEP, Tomo 2, p. 519.
6
Joaquim de Mello e Póvoas a Thomé Joaquim da Corte Real. 21.12.1758.
7
MA - RN - Caixa 1 Doc. 37. Lourenço Pereira da Costa a Francisco Xavier de Mendonça Furtado, Barcelos, 2 de setembro
de 1762. Lourenço Pereira da Costa exerceu suas funções entre os anos de 1760 a 1767.
8
Antônio Landi, que registrou o encontro, assegura que o Capitão-General nada mais disse e deixou-os ir. Cf. FERREIRA, A.
R. Op. cit., p. 220-230.
9
Carta do Capitão-General do Estado do Grão-Pará ao Ministro dos Negócios do Reino. 04.07.1758 In: Boletim da CEDEAM.
Manaus: v. 1, n. 1, jul/dez, p. 51-54, 1982.
10
APP - Códice 169, doc. 43. 22.07.1766.
11
Cf. AMOROSO, Marta R. Guerra Mura no século XVIII. FARAGE, Nádia. As muralhas dos sertões. SANTOS, Francisco J. dos.
Além da conquista.
12
Cf. SPALDING, Karen. De índio a campesino: cambios en la estructura social del Perú colonial. Lima: Instituto de Estudios
Peruanos, 1974.
13
CARDOSO, Ciro F. S. Economia e sociedade em áreas coloniais periféricas. Op. cit.
14
A figura dos Ausentes nada mais é do que uma estratégia de recusa na medida em que grupos inteiros podem,
simplesmente, retirar-se dos aldeamentos, escapando do controle dos Diretores e das portarias de distribuição de
trabalhadores.
15
APP, Códice 169, doc. 23. 1766.
16
FARAGE, N. Op. cit., p. 161, 1991.
17
Ver SPALDING, Karen. Op. cit., p. 85. FARAGE, N. Op. cit., p. 162 ss.
18
O mesmo conflito ainda persiste no século XIX na Capitania do Rio Negro, como afirma o ouvidor Antônio Feliciano
Bittencourt a respeito de seu relacionamento com o governador Manoel Joaquim do Paço: “Nada pode obrar a justiça,
aonde se intromete e influi o poder da força e da Autoridade Militar”. Cf Relatório do Ouvidor da Capitania do Rio
Negro.(1820 - Dezembro, 23) MA - AHU 056 - Caixa 12 - Doc. 76, p. 11.
19
Lourenço Pereira da Costa a Francisco Xavier de Mendonça Furtado, Barcelos, [1761-1762]. In: Boletim de Pesquisa da
CEDEAM. Manaus, v. 2, n. 3, p. 65, jul/dez, 1983.
20
APP, Códice 54, doc. 87 e Códice 123, doc. 48.
21
Em 1777, por motivos pouco esclarecidos “de caso pensado e rixa velha”, foi agredido fisicamente nas ruas de Barcelos
pelo Vigário Jerônimo Ferreira Barreto e pelo seu primo Capitão Felipe da Costa Teixeira. Cf. FERREIRA, A. R. Op. cit., p. 372
22
FERREIRA, A. R. Op. cit., p. 344.
23
O ouvidor Pereira da Costa considerava que o viver com o “rito dos índios” configurava-se em um dos resultados mais
complicados da política de casamentos mistos. Para resolver o problema recomendava que se facilitasse o estabelecimento
desses moradores, impedindo sua “demasiada ociosidade, em que alguns vivem nas Povoações, com excesso de Bebidas,
e enredos com o Gentio, tratando os Índios com aspereza, envergonhando-se de trabalharem...” COSTA, L. Memória sobre
o Governo do rio Negro, p. 49 e 50.
24
Joaquim de Mello e Póvoas a Francisco Xavier de Mendonça Furtado. Barcelos, 16 de janeiro de 1760.
2
MOREIRA NETO, Carlos A. Índios da Amazônia. Op. cit., p. 27. BEOZZO, Oscar. Leis e Regimentos das Missões. Op. cit., p.68-
69. SANTOS, Francisco Jorge dos. Além da conquista, op. cit., p. 57. ALMEIDA, Rita Heloísa de. O diretório dos índios. Op.
cit.
3
SOMMER, Barbara. Negociated Settlements. Op. cit. p. 316-317.
REFAZENDO O DIRETÓRIO
4
Idem, p. 309.
5
KARASH, Mary. Catequese e Cativeiro: política indigenista em Goiás, 1780-1889. In: CUNHA, Manuela C. (Org.). História dos
índios no Brasil. Op. cit., p. 398
6
SOMMER, Barbara. Negociated Setllements. Op. cit., p. 154 e p. 166-173.
7
Para maiores detalhes, ver Anexos: Missões e Povoações na Capitania do Rio Negro.
8
APP - Códice 54 - Doc. 73 - Barcelos, 16 de outubro de 1761.
9
APP - Códice 17 - Doc. 69. 14 de maio de 1762.
10
APP - Códice 54 - Doc. 73 - Barcelos, 16 de outubro de 1761 e Doc. 86 de 14 de janeiro de 1762.
11
Cf. GOMES, Flávio. As Hidras e os Pântanos, op. cit., p. 63-64; 80 e 101. Gomes inventaria um universo de 129 mocambos
entre 1734 e 1809 e, do total de mocambos do Estado, os do Rio Negro representam menos de 10 %. Ver Quadro da
página 113, Mocambos na Amazônia Colonial.
12
A relutância de Joá é mensurável pelo número de parentes que deixou na aldeia, antes de descer com uma parte de sua
família. Joá só aceitou o descimento proposto porque Mendonça Furtado acenou com a possibilidade de devolver-lhe uma
filha que tinha sido capturada por um conhecido caçador de escravos, Pedro Braga. Joá solicita a moça de volta à aldeia,
mas Mendonça argumenta que, estando ela batizada, não poderia voltar aos matos e a única alternativa é que a família da
moça se junte a ela na povoação. O Principal aceita, mas deixa a maior parte de sua gente no mato. Sem dúvida, entre seus
planos, como bem percebeu o governador, estava previsto um breve retorno à sua comunidade. Cf. Marcos Carneiro de
Mendonça. AEP. Francisco Xavier de Mendonça Furtado a Sebastião de Carvalho e Mello. 8.7.1755, 2º Tomo, pp. 732-733.
Ver também, Carta de 22.11.1755, 3º Tomo, p. 882.
13
Marcos Carneiro de Mendonça. AEP, Francisco X. Mendonça Furtado a Sebastião de Carvalho. 15.11.1755, 2º Tomo, p. 845.
14
Idem, ibdem.
15
Idem, ibdem.
16
FERREIRA, Alexandre Rodrigues. Viagem filosófica. Op. cit.
17
Mello e Póvoas. Carta de 20.01.1760, p. 223-225.
18
Lourenço Pereira da Costa a Francisco Xavier de Mendonça Furtado - Barcelos, 18 de julho de 1763. MA - AHU - C 001
– Doc. 41, p. 326.
19
ANRJ - Códice 99 - v. 01, Doc. 54 - 16 de outubro de 1766.
20
ANRJ - Códice 99 - v. 01 - Doc. 67-69 - Joaquim Tinoco Valente a Fernando da Costa de Ataíde Teive. Barcelos, 22 de julho
de 1766.
21
ANRJ - Códice 99 - v. 01 - Doc. 63. Pará, 30 de setembro de 1765.
22
APP - Códice 169, Doc. 10, Barcelos, 22 de julho de 1766.
23
COSTA, Lourenço Pereira da. Memória sobre o governo do rio Negro. Op. cit., p. 45.
24
Antônio José Pestana da Silva assumiu a Ouvidoria da Capitania do Rio Negro em 1767, substituindo a Lourenço Pereira
da Costa. Permaneceu no cargo até 1774, quando assumiu Francisco Xavier Ribeiro de Sampaio.
25
PESTANA DA SILVA, Antônio José. Meios de dirigir o governo temporal dos índios. Op. cit. p. 150
26
PESTANA DA SILVA, Antônio José. Op. cit., p.151.
27
SAMPAIO, F. X. R. de. As viagens do ouvidor Sampaio. Op. cit., p. 126-127.
Sendo V. Mce um Ministro que S. Mag. pôs nesse lugar para evitar
desordens, e tomar conhecimento delas, ainda se faz mais reparável
que as solicite, querendo ter despótico mando nas Povoações
dos Índios como Intendente, quando por este título é em tudo
sujeito ao mesmo Governador, o que ultimamente declaro a V.
Mce, fazendo-lhe também certo, que reincidindo naquelas
absolutas, poderão chegar à presença de Sua Majestade.21
28
Memória Histórica da Capitania do Rio Negro (Continuação das “Notas” do Ouvidor Sampaio sobre a “Memória Histórica
da Capitania do Rio Negro”). Boletim de Pesquisa da CEDEAM, v. 3, n. 4, p. 50-51, jan-dez/ 1984.
29
SAMPAIO, F. X. R. de. As viagens do Ouvidor Sampaio. Op. cit., p.137.
Ainda que faltassem índios para os serviços do Comum e para a maior parte
dos moradores, existiam certos privilégios na distribuição dos trabalhadores. Diz o ouvidor
que aqueles que mais precisam de índios, são os que menos conseguem, mas,
30
Depois de tantos insucessos no rio Negro, Marçal conseguiu recuperar seus empregos; em 1775, está exercendo o cargo
de diretor de Baião. Só não teve muita sorte; a vila de Baião era marcada por uma acentuada instabilidade populacional e
isso fez com que a gestão de Marçal fosse um tanto transtornada pelas freqüentes ausências dos índios daquela localidade.
Por outro lado, não é improvável que sua experiência na Capitania do Rio Negro tenha sido útil nessa nova situação. Cf.
SOMMER, Barbara. Negociated Settlements. Op. cit., p. 158-159 passim.
31
APP, Códice 54, doc. 51. 1761.
32
APP - Códice 17, doc. 18, 1759 e APP - Códice 17 - doc.78,1762. Barbara Sommer explora mais esse episódio, utilizando
outros documentos e situa a fuga de Romualdo com melhor precisão no contexto político e étnico de Pinhel. Identifica os
fugitivos como Mawé, mencionando a colaboração recebida pelos fugitivos dos outros Principais da vila e consegue
recuperar a justificativa para a fuga: estavam os Mawé “enfadados há muito tempo de viver com brancos e querer estar com
seus parentes Magués.” Os Mawé eram considerados notórios desertores. Cf. SOMMER, B. Negociated Settlements. Op. cit.,
p. 174-175.
33
SOMMER, Barbara. Os Absolutos e os Ausentes: Indigenous Society and a State Policy on the Lower Amazon, 1750-1800.
Comunicação apresentada no XX Encontro da LASA, México, abril, 1997.
34
MA - APP R - 004 (Mic) Doc. 86 - Hyerônimo Pereira da Nóbrega para Martinho de Souza e Albuquerque em 21.02.1786.
35
MA - APP - R - 001/ AHU - R062 (Mic.) Doc. 138 - Henrique João Wilckens para Manoel da Gama Lobo d’Almada em
19.01.1795.
36
APP - Códice 17, Doc. 50 - Francisco Rodrigues para Joaquim Tinoco Valente em 27.05.1764.
37
MA - AHU - C001 - Doc. 42, p. 331. Joaquim Tinoco Valente a Fernando da Costa de Ataíde Teive em 24.07.1764.
38
SOMMER, B. Os Absolutos e os Ausentes... Op. cit., p. 19, 1997.
39
Uma observação necessária: não se tratou aqui das guerras e rebeliões ocorridas na região nessa conjuntura do Diretório.
Sem sombra de dúvida, o recurso às armas também contribui poderosamente para reorientar as articulações políticas
existentes nas povoações e tornaram ainda mais complexas as relações com as populações não-aldeadas. A despeito de
sua reconhecida importância, a decisão de não incluí-las aqui com mais detalhe deve-se à existência de um trabalho recente
exclusivamente dedicado à essa análise e, sobretudo, ao fato de que elas, a rigor, estão fora dos limites dos problemas aqui
propostos na medida em que se configuram como uma alternativa limite. Assim é que, ao leitor interessado, remeto a
SANTOS, Francisco J. dos. Além da conquista: guerras e rebeliões indígenas na Amazônia pombalina.
1
CUNHA, Manuela C. da. Legislação indigenista no século XIX. Op. cit., p. 9 e 11.
2
Em 29.08.1798, foi distribuída aos governadores e capitães-gerais do Brasil, “para que a executassem em tudo a que
pudesse ser aplicável.” Cf. CUNHA, Manuela C. da. Op. cit., p. 77, 1992.
3
Idem, ibdem, p. 2
4
Cf. SERRÃO, José Veríssimo. História de Portugal (1750-1807). Lisboa: Verbo, v. 7, 1982. MARQUES, A. H. de Oliveira.
História de Portugal. Lisboa: Palas Editores, 8. ed. v. 1, 1980. BOXER, C. O Império Colonial Português, 1415-1825. Lisboa:
Edições 70, p. 193-195.
5
CASTRO, Zília Osório de. Poder Régio e os Direitos da Sociedade: o Absolutismo de compromisso no reinado de D. Maria
I. Ler História, 23, p. 14, 1992.
6
FARAGE, N. As muralhas dos sertões. Op. cit., p. 53. O bispo Brandão é mais dramático: chama de “flagelo” às demarcações.
AMARAL, Antônio Caetano do. Memórias para a História da Vida do Venerável Arcebispo de Braga, Frei Caetano Brandão.
Op. cit., p. 351 passim. FERREIRA, A. R. Viagem filosófica.... Op. cit., p. 75-76; 648 passim.
7
MACLACHLAN, C. Indian Labor Structure... É observando esse aspecto que MacLachlan reforça o papel jogado pelo fim do
Diretório na aceleração do processo de urbanização dos índios.
PREPARANDO MUDANÇAS
8
Cf. § 14. In: FRANCISCO DE SOUZA COUTINHO. Plano para a civilização dos índios do Pará - 2.8.1797. Ms: ANRJ, Cód. 101,
v. 2, fls. 54-82.
9
Idem, ibdem.
10
§ 21, idem.
11
Correspondência a Luís Pinto de Souza, Pará, 01 de agosto de 1796. BNRJ: Ms, I-17,12,2.
São esses um dos alvos preferenciais das investidas de Coutinho para solução
da oferta de trabalhadores em um momento delicado no qual os aldeamentos
pombalinos já estão debilitados para corresponder às demandas do Estado. A
estratégia para incorporar essa população, claramente diferenciada dos outros índios
(aldeados ou “bravios”) por ter alcançado “o ponto de Civilização de que tal Gente
é suscetível”, será através do estímulo aos contratos particulares, celebrados
diretamente entre os interessados10. Além da nova modalidade de contratação de
mão-de-obra, também serão os homens em vias de alistamento para reforço das
defesas do Estado nos novos corpos de milícias que serão criados nessa mesma
conjuntura.
Mas todas essas ainda são experiências em curso, quando, em 1797, dentro
de uma conjuntura politicamente tensa e marcada pelas movimentações diplomáticas,
que Francisco de Souza Coutinho, envia a Portugal seu “Plano para a civilização dos
índios”. A inflexão na oferta de trabalhadores advindos dos aldeamentos encontra
um destino certo na atribuição de responsabilidades: a arrogância e os abusos
12
Dito corretamente, a proposta de Coutinho apenas vem institucionalizar, através da Carta Régia, os descimentos particulares
que já haviam sido autorizados na década de 1780. Cf. (178?) Condições em que são concedidos aos particulares os índios
silvestres dos novos descimentos. ANRJ - Códice 99 - v. 5, Doc. 282.
13
BAENA, Antônio Ladislau Monteiro. Representação ao Conselho Geral da Província do Pará. ABAPP. Belém: Imprensa Oficial,
Tomo II., p. 246.
14
IHGB, lata 287, livro 2.
15
Além dos livros das Câmaras, a obrigatoriedade do batismo dos índios descidos pelos particulares abre uma possibilidade
documental nova para investigação que são os Livros de Registro de Batismo. Priscila Faulhaber usou, parcialmente, em seu
trabalho, o Livro de Batismo de Nogueira, freguesia localizada defronte a Ega, no rio Solimões, para tratar desse período
que denominou de “o tempo dos grandes descimentos”. Cf. FAULHABER, Priscila. O lago dos espelhos: etnografia do saber
sobre a fronteira em Tefé/Amazonas. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi, 1998.
Descimentos
particulares
Câmaras
(juízes)
Particulares
16
APP - Códice 554, Doc. 292, publicada em MOREIRA NETO, C. A. Op. cit., p. 237-240, 1988, e APP - Códice 554, Doc.778,
01.12.1799 e Doc. 795, 6.12.1799
17
A informação está na correspondência de Francisco de Souza Coutinho ao governador do Rio Negro. Nela Coutinho estima
que os 2.300 índios existentes nessa Capitania são suficientes para formar mais de 2 corpos de Ligeiros. APP - Códice 554
- Correspondências do Governo com Diversos (1798-1799) - Doc. 778. Instrução de Francisco de Souza Coutinho em 01
de dezembro de1799.
18
BAENA, Antônio L. M. Compêndio das eras... Op. cit., p. 237.
19
Cf. APP - Códice 554, Doc. 292 e também em MOREIRA NETO, C. A. Op. cit., p. 238, 1988.
20
APP - Códice 554, Doc. 795, 6 de dezembro de 1799. Para essa medida, o governador concedeu uma espécie de “carência”:
seria executada apenas depois da mostra de S. João, quando seria divulgada mais amplamente e estabelecia o Natal como
prazo fatal, dando tempo para que os indivíduos assim enquadrados tratassem de formar seus estabelecimentos ou buscar
“meios de subsistir por honesto trabalho”.
21
Cf. APP - Códice 554, Doc. 292 e também em MOREIRA NETO, C. A. Op. cit., p. 238, 1988.
22
APP - Códice 554, Doc. 778, 01 de dezembro de 1799.
23
Idem, Ibdem, APP - Códice 554, Doc. 778.
24
A citação está em MOREIRA NETO, C. A. Op. cit., p. 233, 1988 - Carta de Francisco de Souza Coutinho a Rodrigo de Souza
Coutinho, Pará, 30 de abril de 1799. As recomendações para a liquidação dos bens do Comum aparecem na correspondência
enviada pelo governador Coutinho ao governador do Rio Negro, em 13 de fevereiro de 1799 (APP - Códice 554, Doc. 333)
e nas ordens expedidas em 22 de janeiro de 1799 (APP - Códice 554, Doc. 145) que estabelecem, em detalhe, os
procedimentos para sua arrematação e devidas prestações de contas.
25
COELHO, Geraldo M. Anarquistas, demagogos e dissidentes. PINHEIRO, Luís Balkar. Nos subterrâneos da revolta. GOMES,
Flávio dos Santos. A hidra e os pântanos.
1. Clássicos
26
CUNHA, Manuela C. da. Política Indigenista no século XIX. In: CUNHA, Manuela C. da. (Org.). História dos índios no Brasil.
p. 133-154, 1992. Legislação Indigenista no século XIX. 1992.
27
Essa consideração restringe-se a dois trabalhos: Índios livres e índios escravos. In: CUNHA, Manuela C. (Org.). Op. cit., p.
115-132, 1992. Legislação Indigenista. In: SILVA, Maria Beatriz N. (Coord.). Dicionário da história da colonização
portuguesa no Brasil. Lisboa: Verbo, p. 467-478, 1994. Não tive acesso ao original da dissertação da autora.
28
Aqui cabe uma pequena ressalva: a leitura básica foi feita por ocasião de sua tese de doutorado e as publicações
posteriores reproduzem-na integralmente, com pequenas alterações de forma.
3. Antropólogos e historiadores
As análises disponíveis quanto aos efeitos da Carta Régia são restritas. Trata-
se de um tema mais freqüentado pelos antropólogos que pelos historiadores. Na
verdade, dito de forma mais precisa e tratando da historiografia de modo mais
amplo, todo o período que se estende entre a queda de Pombal (1777) até a
Cabanagem (1835) é marcado por um silêncio com relação à região - excetuando
29
Francisco de Souza Coutinho, Pará , 2.8.1797. Ms: ANRJ, Cód. 101, v. 2, fls. 54-82
30
Cf. MOREIRA NETO, C. A. Índios da Amazônia: de maioria a minoria. p. 110 e 119, 1988.
31
Cf. REIS, Arthur C. F. A conquista espiritual da Amazônia. p. 68-69.
32
Cf. ALMEIDA, Rita Heloísa de. Op. cit., p. 46.
33
CUNHA, Manuela C. da. Legislação indigenista no século XIX. p. 9, 1992.
1
Cf. SODRÉ, Nélson Werneck. História militar do Brasil. BELLOTO, Heloísa Liberalli. Autoridade e conflito na Colônia: o governo
do Morgado de Mateus em São Paulo. PEREGALLI, Enrique. O recrutamento militar no Brasil Colonial. SOUZA FERREIRA.
História Militar do Brasil: período colonial. SALGADO, Graça (Org.). Fiscais e meirinhos.
2
PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. Op. cit., p. 314 e p. 324-328.
3
As Milícias foram criadas em Portugal no ano de 1641 e regulamentadas pelo Regimento de 01.04. 1650. SALGADO, Graça
(Coord.). Fiscais e meirinhos. p. 98.
Felipe Muniz, nosso sargento tapuio, não deve ser esquecido. Se já se avançou
esclarecendo o momento no qual ele se tornou possível, para compreender a sua
trajetória particular, é preciso, ainda, entender melhor a estrutura e o papel das
tropas e milícias na colônia.
Na segunda metade do século XVIII, os exércitos coloniais eram
compostos pelas tropas pagas e pelas tropas auxiliares sendo que estas últimas
compreendiam as Milícias e as Ordenanças. As tropas pagas ou regulares constituíam-
4
Maxwell assegura que as reformas militares efetivadas por Pombal estavam em estreita consonância com as outras medidas
de reforma administrativa e fiscal do Estado português. Cf. MAXWELL, K. Op. cit., p. 121-122.
5
SALGADO, Graça (Coord.). Fiscais e meirinhos, p. 109.
6
BELLOTO, Heloísa Liberalli. Autoridade e conflito na colônia: o governo do Morgado de Mateus em São Paulo, p. 107. PRADO
JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo, p. 312.
7
As informações para esse período são fragmentárias. Cf. BAENA, A. L. Monteiro. Compêndio das eras... Op. cit.
Regimentos
Milícias Ordenanças
Terços Terços
Companhias
Esquadras
Brancos Índios Brancos Índios
8
Cf. GOMES, Flávio. Op. cit., p. 102-106. Para a questão das fortificações, ver nota 11 do Capítulo 2: Fortificações e
aldeamentos: as estratégias coloniais.
9
SALGADO, Graça (Coord.). Fiscais e meirinhos, p. 110.
10
A informação está na correspondência de Francisco de Souza Coutinho ao governador do Rio Negro. Nela Coutinho estima
que os 2.300 índios existentes nessa Capitania são suficientes para formar mais de 2 corpos de Ligeiros. APP - Códice 554
- Correspondências do Governo com Diversos (1798-1799) - Doc. 778. Instrução de Francisco de Souza Coutinho em
6.12.1799.
11
BAENA, Antônio L. M. Compêndio das eras... Op. cit., p. 237.
12
APP, códice 554. e BAENA, A. L. Monteiro. Compêndio das eras... p. 240.
13
Seu comandante era o coronel José Thomaz Brun, natural do Rio de Janeiro, falecido no Pará em 1805, aos 60 anos de
idade, de um ferimento à faca feito por um soldado. Cf. BARATA, Manoel. Formação histórica do Pará. Op. cit., p. 21.
14
A idéia de formar um corpo de Artilharia vinha da considerada bem sucedida experiência do Rio de Janeiro. BN. Manuscritos
- 7, 3, 26 Cópia da Ordem sobre a organização e formatura do Corpo de Milícias Artilheiras desta cidade constituídas de
Pardos e Pretos Libertos. 2 de maio de 1808.
Índios
1798, analisada em capítulo anterior. É assim que vários elementos que compunham
Ordenanças
Infantaria
as Ordenanças passam a fazer parte do Corpo de Milícias. Ainda de acordo com as
prescrições da mesma legislação, é criada em 1798 a Companhia de Pedestres
destinada a atender às demandas das viagens para o Mato Grosso e para as diligências
Brancos
do Arsenal da Marinha. O modelo da Companhia foi inspirado no que foi criado
na Capitania de Mato Grosso.12
Artilharia
Em 1801, são extintos os Terços Auxiliares de Infantaria e, em seu lugar,
criados os Regimentos de Milícias que incorporaram os Terços extintos. O objetivo
dessa reformulação e ampliação das forças era permitir um reforço para a tropa
regular e também para a Legião Miliciana de Joannes. Essa última era composta
FORÇAS MILITARES DO GRÃO-PARÁ (1752 - 1796)
Brancos
Milícias
Cavalaria
foram extintos com a Infantaria, a Legião de Joannes os incorporou. Os oficiais
dos novos Regimentos de Milícias eram escolhidos entre os habitantes “de qualquer
modo abastados”.
Em 1802, as tropas regulares do Pará recebem o reforço do Regimento de
Índios
Infantaria de Estremoz, que foi deslocado do Rio de Janeiro para Belém, já sob as
Infantaria
tanto desfalcado: dos 1. 600 homens que o compunham, pouco mais de 400
chegaram a Belém13. Nesse mesmo ano, foi criado um Corpo de Artilharia, dividido
Granadeiros
não havia sido colocado em prática no Pará, fazendo com que Pretos, Pardos e
Fonte: Elaborado pela autora.
companhias em partes iguais de pretos e pardos. Cada uma delas por ora composta de
1 Capitão, 1 Tenente Alferes, 2 Sargentos, 1 Furriel, 4 Cabos e 60 Soldados.
Estas Companhias eram destinadas unicamente ao Serviço Artilheiro, e eram
auxiliares do Corpo de Artilharia de Linha da Capitania. Com a denominação de
254
1.ª Linha 2.ª Linha Corpos de Ligeiros
(9 Corpos)
15
Cf. Flávio Gomes, op. cit., p. 102 e 106.
16
Cf. Charles Boxer. O Império Colonial Português, op. cit. pp. 265-6 e A. J. R. Russel Wood. “O Governo Local na América
Portuguesa: um estudo de divergência cultural” Revista de História, Vol. LV, n º. 109, Ano XXVIII, 1977, pp. 25-79.
17
A descrição do processo de escolha dos membros das Câmaras já é bem conhecida. Cf. Caio Prado Jr. Formação do Brasil
Contemporâneo. op. cit., pp. 315-6; A. J. R. Russel Wood, op. cit., p. 37. Esses autores baseiam suas descrições nas
Ordenações Filipinas.
18
Apenas como exemplo, ver a nomeação de Principais dos rios Uaupés e Içana, entre os anos de 1848-1851, na Revista
Arquivo do Amazonas, Manaus – 23/10/1906, Ano I, V. I, n. 2, p. 29-30.
19
Cf. Oscar Beozzo. Op. cit. p. 61
20
Francisco Xavier Ribeiro de Sampaio. As viagens do ouvidor Sampaio, op. cit., pp.142-143 e 148.
21
APP – Códice 169, doc. 18, 22 de julho de 1766; doc. 68 de 27 de julho de 1766.
22
APP – Códice 17 – Doc. 41 – Nogueira, 20 de abril de 1764.
23
MA – RN C001 – Doc. 45, p. 346. Barcelos, 20 de junho de 1764.
24
APP, Códice 17, docs 40-41, 1764. Uma intervenção do governador do Estado, Fernando da Costa de Ataíde Teive, não
deixa dúvidas quanto ao peso da indicação. “Nesta Capitania nomeio algumas vezes aos Cabos de Canoa, por mostrar-se
a experiência que dando-se a livre eleição aos Índios Oficiais, a fazem em sujeitos menos hábeis [...] Sempre porém que os
ditos Oficiais lembram pessoa em que concorram as circunstâncias requeridas àquele emprego, se lhe aceitam como agora
pratiquei com o cabo de canoa do lugar de Nogueira.” (grifo meu) ANRJ – Códice 99, Volume 1, 1764 – 1767, doc. 58.
2.01.1765.
25
APP – Códice 17 – Doc. 61 – Barcelos, 15 de maio de 1764.
26
Cf. F. X. Ribeiro de Sampaio. As viagens do ouvidor Sampaio.. op. cit. ,p.162.
27
ANRJ – Códice 99 – Volume 1, Doc. 65 - 1766, Julho, 22 . Correspondência de Joaquim Tinoco Valente a Fernando da Costa
de Ataíde Teive.
28
Aqui Tinoco afirma que os Principais foram “subornados” por Marques Rebello.
29
A seqüência dos documentos enviados ao governador Teive mostra que o ouvidor, ou estava realmente envolvido na
campanha contra Tinoco Valente, ou então seu escrivão se valia da posição que ocupava para pressionar os moradores
a assinar o ditos papéis de denúncia. Cf. AN – Códice 99 – Volume 1, Doc. 66-69.
30
Falo aqui da média aritmética simples; são 22 localidades registradas e um total de 59 Principais. Cf. MA – AHU – RN – C.
001, doc., 43, p.334.
31
Cf. F. X. R. de Sampaio. As viagens do ouvidor Sampaio, op. cit., p. 163.
32
Cf. Alexandre Rodrigues Ferreira. Viagem Filosófica...op. cit., p. 79.
33
Meirinho:” antigo oficial de justiça que tinha direito de prender, citar, penhorar e de executar outros mandatos judiciais,
e que corresponde ao actual oficial de diligências; beleguim.” Cf. Moraes Silva, Antônio. Grande Dicionário da Língua
Portuguesa. 10 ª ed. V. VI, Ed. Confluência., p. 644.
34
MA – APP – R 004 (Mic.), doc. 45. 1784 - Correspondência de Manoel Valadão ao Tenente-Coronel João Batista Mardel.
35
Antônio José Pestana da Silva. “Meios de dirigir o governo temporal dos Indios”, Op. Cit.
36
MA – AHU – RN – C001, Doc. 73 e 74.
37
MA – APP – R001/AHU – R 062 ( Mic.) Doc. 82, 1791 – Carta de Manoel da Gama Lobo d’Almada a Francisco de Souza
Coutinho.
38
MA - AHU E037 - Doc. 30 - 29 de abril de 1803 - “ Segunda Carta do Governador do Rio Negro, José Antônio Salgado,
ao Rei, tratando dos militares da Capitania do Rio Negro.”
39
Circular de José Joaquim Vitório da Costa aos Juízes prescrevendo aos Particulares como devem agir com os Gentios que
os mesmos atraíram das Matas. Barcelos, 26.05. 1806. IHGB, Lata 195, pasta 39.
40
Ofício da Junta Provisória do Governo Civil aos Juízes. Lugar da Barra, 18 de agosto de 1822. IHGB, Lata 287, livro 02.
41
Antônio Baena. Representação. idem, ibdem..
42
IHGB – Coleção Manoel Barata - Livro da Câmara de Ega - “Cópia nº5 - Circular às Câmaras - Lugar da Barra do Rio Negro,
01 de outubro de 1808.”
43
Archivo do Amazonas, Manaus, Ano I, 23 de outubro de 1906, Vol. I, n º 2, p. 44 e Archivo do Amazonas, Manaus, Ano
I, 23 de outubro de 1907, Vol. II, n º 7, p. 94 e 99. Quanto à patente de Calisto, cf. MA - AHU E037 - Doc. 30 - 29 de abril
de 1803 - “ Segunda Carta do Governador do Rio Negro, José Antônio Salgado, ao Rei, tratando dos militares da Capitania
do Rio Negro.”
44
IHGB – Coleção Manoel Barata, lata 278, p. 21 – Livro da Câmara de Ega (cópia) e Lata 287, Livro 2, pp. 82-83v.
45
IHGB – Lata 356 – Doc. 24 – [...] março de 1831.
46
IHGB – Lata 356, Doc. 24 – Cartas, Ofícios e outros Documentos pertencentes à Câmaras das Vilas de Barcelos, Thomar
e Moura na Província de São José do Rio Negro – 1797-1831, Ofício de Joaquim Vitório da Costa ao Juiz de Vintena do
Lugar de Santa Izabel – Barra, 9 de outubro de 1816. Abalizados, na definição de Moreira Neto, são lideranças indígenas
que têm contato ou são intermediários entre seus grupos e as autoridades coloniais. Cf. Carlos de Araújo Moreira Neto.
Índios da Amazônia; de maioria a minoria, op. cit., p. 56.
47
IHGB. Coleção Manoel Barata, lata 278, Livro 01 - Livro da Câmara de Ega (cópia) - p. 125.
48
Após a sua morte, sua esposa, Luciana Maria, apresenta “seus” índios ante à Câmara para revalidação do Termo de Educação
e Instrução de Joaquim Tinoco. IHGB - Sessão de 28.02.1826.
49
Cf. SOUZA, André Fernandes de. Notícias geográficas da Capitania do Rio Negro... Op. cit., p. 444.
1
Não só a experiência colonial portuguesa é importante para pensar essas questões, mas também o próprio processo
histórico de formação da Península Ibérica onde cristãos conviveram com muçulmanos e judeus em um longo (e também
tenso) relacionamento que marcou a configuração dos povos da Península nos seus mais variados aspectos. Cf. BERNAND,
Carmen; GRUZINSKI, Serge. História do Novo Mundo. São Paulo: EDUSP, 1997, especialmente, o capítulo 2.
2
BOXER, Charles. O Império Colonial Português: 1415 - 1825. Lisboa: Edições 70, 198. BOXER, Sanjay. O império asiático
português: 1500-1700. Lisboa: DIFEL. SANTOS, João Marinho dos. Angola na governação dos Filipes: uma perspectiva da
história econômica e social, Revista de História Econômica e Social. Lisboa: Sá da Costa Editores, n. 3, jan/ jun/1979. É
certo que o trato das diferenças não era cousa simples. Em Goa, o decreto de 1761 que abolia as diferenças entre súditos
já que a Coroa não os distinguia “pela cor e sim pelos seus méritos”, levou 13 anos para ser divulgado pelas autoridades.
Cf. BOXER, Charles. Relações raciais no império colonial português: 1415 - 1825. Porto: Afrontamento, p. 74-75, 1988.
FRONTEIRAS DA DIFERENÇA
Eu concebo na espécie humana duas espécies de desigualdades:
uma, que chamo natural ou física, porque foi
estabelecida pela Natureza [...];
outra, a que se pode chamar de desigualdade moral ou política,
pois depende de uma espécie de convenção
e foi estabelecida, ou ao menos autorizada
pelo consentimento dos homens.
3
O termo bárbaro surgiu na Grécia denominando povos vizinhos e também os estrangeiros, destacando-se a superioridade
grega. É com Aristóteles que os bárbaros serão definidos como uma espécie humana inferior ao pensar a questão sob o
prisma da escravidão natural: teriam sido criados para desempenhar tarefas menores sob comando de um tutor. O termo
colocava em contraste de um lado, a vida e ordem da polis e, de outro, o mundo do caos e da ausência de normas. Cf.
RAMINELLI, Ronald. Imagens da colonização. Rio de Janeiro: Zahar, p. 53, 1996.
4
Francisco Xavier Ribeiro de Sampaio. Notas ao papel que tem por título, Memória sobre o Governo do Rio Negro, p. 46-47.
5
Idem, p. 50-51. É certo que o ouvidor, talvez convenientemente, “esqueceu” as próprias experiências coloniais portuguesas
ou, então, Portugal não era (pelos seus próprios critérios) uma “sábia nação”.
6
Sampaio, no início de seu argumento, cita diretamente a edição de 1764 da obra de Buffon, Histoire Naturelle. Cf. SAMPAIO,
F. X. R. de. As viagens... Op. cit., p. 88.
7
GERBI, Antonello. O Novo Mundo: a história de uma polêmica, 1750-1900. São Paulo: Companhia das Letras, p. 20, 1996.
Todas as citações de Buffon e de Pauw foram retiradas do trabalho de Gerbi.
8
Idem, p. 21.
9
De maneira irônica, Gerbi define essa explicação de Buffon como “erótico-hidráulica”. Cf. GERBI, p. 23.
10
Idem, p. 57-58.
11
Idem, p. 58.
12
SCHWARCZ, Lilia. As teorias raciais, uma construção histórica de finais do século XIX. In: SCHWARCZ, Lilia; QUEIROZ, Renato
da Silva. Raça e diversidade. São Paulo: EDUSP, p. 161, 1996.
13
ROUSSEAU, J. J. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. In: O contrato social e outros
escritos. São Paulo: Cultrix, 16. ed. p. 206, 1998.
14
A desigualdade é apenas sensível no estado natural e sua influência é quase nula. Cf. ROUSSEAU, J. J. Op. cit., p. 174.
15
Cf. GERBI, A. Op. cit., p. 56.
16
RAMINELLI, Ronald. Imagens da colonização. Op. cit., p. 42.
17
GERBI, A. Op. cit., p. 65.
18
RAMINELLI, Ronald. Op. cit., p. 54-55.
19
É preciso sublinhar que apesar da força mais que evidente deste projeto colonial, as populações indígenas não terão suas
“opções” restritas à escravidão ou à tutela missionária como, no limite, sugere Raminelli. Na verdade, essas populações
gestaram e produziram respostas bem diferenciadas que escapariam em muito às restritas possibilidades colocadas a priori
pela conquista.
20
ALMEIDA, Rita Heloísa de. O diretório dos índios. Op. cit., p. 241.
21
ALMEIDA, Rita Heloísa de. Op. cit., p. 161. Uma leitura mais específica sobre a ação da Igreja no período pombalino está em
Carlos de Araújo Moreira Neto. Reformulações da missão católica na Amazônia entre 1750 e 1832. In: HOORNAERT,
Eduardo (Coord.). História da Igreja na Amazônia. Petrópolis: Vozes, p. 210-262, 1992.
22
ALMEIDA, Maria Regina C. de. Um tesouro descoberto: imagens do índio na obra de Pe. João Daniel, Tempo, n. 5, junho/
1998, Departamento de História da UFF. Rio de Janeiro: Sette Letras.
23
Cf. ALMEIDA, Maria Regina C. de. Idem, p. 158. A fala de Pombal está em citada em ALMEIDA, Rita Heloísa de. Op. cit., p. 161.
A curiosidade reside no fato de que estamos tratando de dois antagonistas: Pe. João Daniel era jesuíta e fez parte do grupo
que foi expulso da Amazônia em 1759, por conta das disposições da política de Pombal. Uma expressão, que recupera esse
sentido hierárquico, apareceu em um discurso de 1926, reproduzido por C. Boxer quando Armando Cortesão apresentava
um conferência em defesa da ausência de preconceito por parte dos portugueses. Dizia Cortesão que, “sempre tratamos
os indígenas humanamente e, quando civilizados, de igual para igual.” Cf. BOXER, C. Relações raciais no império colonial
português. Op. cit., p. 120. [grifo meu]
24
Cf Anexos: Carta Régia de 12 de maio de 1798.
1
APP - Códice 720, Doc. 51, 1821.
2
Sobre essas medidas, vale conferir a documentação recentemente divulgada por GOMES, Flávio; QUEIRÓZ, Jonas; COELHO,
Mauro. Relatos de fronteiras: fontes para a história da Amazônia, século XVIII e XIX. Quanto ao plano de defesa de Belém,
cf. APP - Códice 551, Doc. 377. 17 de julho de 1798.
3
APP - Códice 551, Doc. 377. 17 de julho de 1798.
4
IHGB, Lata 356, Doc. 24. Plano que faz o morador do Lugar de Moreira, Manoel da Costa Gama, como se lhe determinado
pelo Senado da Câmara desta Vila de Barcelos segundo a ordem que a mesma Câmara teve dos ilustres senhores do Governo
desta Província do Rio Negro. Barcelos, 11 de abril de 1822.
5
André Fernandes de Souza. Notícias Geográficas da Capitania do Rio Negro no Grande Rio das Amazonas. Revista do IHGB,
n. 12, p. 476. 4. trimestre de 1848.
6
MAW, Henry Lister. Narrativa da passagem do Pacífico ao Atlântico... p. 297.
7
MACLACHLAN, Colin. Indian Labor Structure in the Portuguese Amazon, 1700-1800. In: ALDEN, Dauril. Colonial Roots of
Modern Brazil. University of California Press, 1973.
8
F. S . Coutinho. Plano para a Civilização dos Índios. § 21.
9
A gestão de Coutinho é marcada pela varíola. Entre 1793 e 1800, a incidência da doença foi violenta. Diz Arthur Viana que
o grande contágio de 1794 - 1800, dizimou uma grande percentagem de índios e mestiços e “os batalhões milicianos, em
quase sua totalidade compostos destes indivíduos, sofreram um tal ataque que a bem dizer, perderam todo o seu efetivo.”
Cf. VIANA, Arthur. As epidemias no Pará. Belém: UFPA, 2. ed. p. 44, 1975.
10
A partir da Carta de 1798, essa é uma recomendação complementar, expressamente estabelecida pelo governador. Em
instrução dirigida à vila de Santarém, esclarece inclusive que a “ignorância de saber ler e escrever” não deve ser
impedimento para ocupação dos referidos postos no caso dos Principais e, entre os Brancos, devem ser indicados
preferencialmente, “os que forem casados com índias ou filhos do matrimônio de brancos com índias”. Cf. APP - Códice 554,
Doc. 422 de 10.04.1799. Para o Rio Negro, ver MA - AHU E037, Doc. 30 de 29.04.1803.
11
Na documentação, o termo sugere um tom de desafio, muito próximo à insubordinação. Barbara Sommer, em trabalho já
citado, também identificou assim o termo absoluto. Desde a segunda metade do XVIII, na correspondência do governador
do Rio Negro, Mello e Póvoas, o termo já aparece empregado com esse sentido quanto este se referia às insolências e ao
comportamento insubordinado de párocos do Rio Negro.
12
MA - AHU E056 - 1820 - Relatório do Ouvidor da Capitania do Rio Negro, Antônio Feliciano d’Albuquerque Betencourt
- Doc. 19 de 12.03.1819. Quanto a Francisco Ricardo Zany, ver Capítulo 4 - Enriquecidos e inventariados, alguns colonos.
13
Uma tradução livre da fala do Principal foi feita pelo Prof. Auxiliomar Ugarte: “Com seu comportamento, presta falsos
serviços ao rei e não está sendo camarada conosco.”
14
SPIX; MARTIUS. Viagem pelo Brasil, v. 3, p. 47.
15
APP - Códice 742, Doc. 42 de 22 de junho de 1822.
16
Idem, ibdem.
17
IHGB - Coleção Manuel Barata, Lata 278, Livro 01, Doc. 19 ( cópia) - Regimento dos Comandantes dos diferentes distritos
desta Capitania - Pará, 22 de maio de 1804.
18
IHGB - Coleção Manuel Barata, Lata 278, livro 01, p. 22 - Barcelos, 5.12.1805.
19
IHGB - Lata 287, Livro 2 - p. 15-17. 16.03.1821.
20
IHGB - Lata 287, Livro 2 - p. 17 e p. 17v-18 - 24 de março de 1821.
21
Cf. SOMMER, Barbara. Negociated Settlements. Op. cit., p. 312-313.
22
MA - AHUE037 - Doc. 30 de 29 de abril de 1803 e Doc. 41 de 29.10.1803.
Lourival Holanda
1
As imagens de Iuri e Isabella e as informações que aqui utilizei estão em MARTIUS, Carl F. Von. Brasilianische Reise - 1817-
1820. [Schirn - Kunsthalle Frankfurt, 16. September bis 16. Oktober 1994; Staatliches Museum für Völkerkunde München,
Dezember 1994 bis April 1995] München: Hirmer, p. 182-183, 1994. A tradução do alemão agradeço ao Prof. Giancarlo
Stefani, da Universidade do Amazonas.
2
Carta de F. X. M. Furtado a Sebastião de Carvalho e Mello. Mariuá, 17.10. 1756. Marcos C. Mendença. AEP, Tomo 3, p. 1012.
3
Analisar a emergência dos “caboclos” está fora do alcance desse texto, ainda que o tema guarde profundas interações com
esse processo. Para análises mais completas, vale conferir diretamente a tese de ANDERSON, Robin. Folowing Curupira:
Colonization and Migration in Pará, 1758 to 1930. PhD Thesis in History. Californy: University of Californy, 1976.
4
Ver PINHEIRO, Luís Balkar S. P. Nos subterrâneos da revolta. Op. cit., p. 154.
I. FONTES MANUSCRITAS:
Arquivo Público do Pará
Correspondência do Governo com Diversos
Códice 103. Doc. 26, 61,73.
Códice 163. Doc. 21
Códice 223 Doc. 25
Códice 279 Doc. 41, 42,44
Códice 348 Doc. 50
Códice 387 Doc. 56, 57
Códice 428 Doc. 14
Códice 460 Doc. 31, 39
Códice 486. Doc. 14, 76, 77
Códice 492
Códice 521 Doc. 102
Códice 543 Doc. 1, 116, 129, 135, 139
Códice 551, Doc. 37, 84, 85, 100, 101, 208, 209, 362 377, 393, 432, 485,
Códice 552 Doc. 65, 75, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 103, 104, 105, 108, 130.
Códice 554 Doc.44, 59, 263, 279, 223-224, 261, 350,
Códice 557 Doc. 41, 42
Códice 558 Doc. 2
Códice 571 Doc. 22
Códice 591 Doc. 97
Códice 592 Doc. 33
Códice 607, doc. 265, 360, 364, 364a,
Códice 609
Autos de Devassa
1825 - Juízo Ordinário da Vila de Thomar
Autos de Devassa que mandou fazer o Juiz Ordinário da Vila de Thomar, José
Ângelo da Silva, sobre a morte feita ao índio Joaquim de Sá.
Inventários e Partilhas
Belém - Juízo de Órfãos da Capital. Inventários post-mortem (1809 - 1841)
Manaus - Cartório de 1º Ofício. Inventários post-mortem (1838 -1845)
Ano Freguesia Inventariado
1810 Belém Manoel Lopes
Serafim dos Anjos Teixeira Alves
Jerônimo Pereira da Nóbrega
1815 Belém Joana Antônia
1816 Belém Maria Josefa de Siqueira
Francisco Batista de Carvalho
1817 Belém João de Oliveira Cardoso
Arquivo Nacional
Códice 99: Correspondência original dos Governadores do Pará com a Corte -
Cartas e Anexos. (v. 1 a 24.)
Códice 101: Coutinho, Francisco de Souza. Plano para a civilização dos índios do
Pará - 2.8.1797. (v. 2.)
Códice 231: Junta da Real Fazenda da Capitania do Pará. (3 v.)
SDJ - Devassas 026 - Cx. 10. 541:
Proc. 38. Processo-Crime: Ouvidoria Geral do Civil e do Crime da Junta de Justiça
do Pará. (1829)
Proc. 51. Autos da Devassa sobre uns presos que foram mortos a bordo do navio
Sam Jose Deligente no Pará (1824)
Biblioteca Nacional
2, 3, 1: Declaraçoens e certas noticias do sitio do Pará, acçoens dos Moradores e
seus costumes de vida.
5, 3, 22: Memória sobre alguns produtos espontâneos e não espontâneos da Província
do Grão Pará, que fazem o seu comércio de exportação por Manoel Joaquim de
Souza Ferraz. 1795.
7, 1, 2: Pará ( Província) - Cabanagem
7, 3, 26: Cópia da Ordem sobre a organização e formatura do Corpo de Milícias
Artilheiras desta cidade constituídas de Pardos e Pretos Libertos. 2. maio de 1808
7, 3, 39: Ofícios de D. Francisco de Souza Coutinho, dirigidos a D. Rodrigo de
Souza Coutinho ( 21 de agosto a 8 de setembro de 1797)
7, 4, 14: Documentos relativos ao Pará, sob o governo de D. Francisco de Souza
Coutinho (1797, 1798, 1802 e 1803)
MAW, Henrique Lister. Narrativa da Passagem do Pacífico ao Atlântico, através dos Andes
nas províncias do norte do Peru, e descendo pelo rio Amazonas, até o Pará. 1831. Manaus:
Associação Comercial do Amazonas/ Fundo Editorial, 1989.
MEIRA, Márcio. (Org.). O livro das canoas: documentos para a história indígena da
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MEMÓRIA Histórica da Capitania do Rio Negro (Continuação das “Notas” do
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DOMINGUES, Ângela. “As sociedades e as culturas indígenas face à expansão
territorial luso-brasileira na segunda metade do século XVIII”. Brasil nas vésperas do
*
Até onde me foi possível inventariar, verifiquei que este texto foi publicado em quatro ocasiões: duas no Rio de Janeiro e
duas em Manaus. A primeira apareceu na Revista do IHGB em 1857 (Rio de Janeiro, Tomo XX, 1857, p. 433-445); a segunda,
cinqüenta anos depois, foi feita pela revista Archivo do Amazonas em 1907 (Ano 2, v. 2, n. 5, Manaus, 23 de julho de 1907).
Um intervalo de oitenta anos separa a terceira, que apareceu no Boletim da Cedeam (Manaus, v. 6, n. 10, jan-jun/1987),
porém não se trata de uma nova transcrição; é um fac-símile da edição do IHGB. A última, também uma reprodução da que
foi publicada no IHGB, está no trabalho de MOREIRA NETO, Carlos de Araújo. Índios da Amazônia: de maioria a minoria.
Petrópolis: Vozes, p. 220-232, 1988.). Cotejando as publicações e o texto localizado no acervo do MA (MA - AHU 038,
p. 23-37), verificam-se pequenas omissões, daí a decisão de transcrevê-la para constar desse trabalho. Atualizei a
ortografia, mas mantive a pontuação e o uso das maiúsculas.
Distribuição % dos Inventários por Faixas de Fortuna: 1810 - 1840 ...................... 106
Valor dos Gêneros exportados pela Companhia de Comércio: Quadro comparativo .. 174
Produção Agrícola registrada nos Inventários post-mortem: 1810 - 1845 ................ 179
Alqueire 36, 3 kg
Alqueire do Pará 2 paneiros (cerca de 30 kg)
Arratel 0,429 kg
Arroba 14, 7 kg
Braça 2,2 m
Canada 2, 64 litros
Côvado 66 cm (3 palmos)
Frasco 3, 3 litros (5 quartilhos)
Frasqueira 39,8 litros (12 frascos)
Palmo 22 cm
Paneiro Cerca de 15 kg
Quartilho 0, 66 litros
Quintal 4 arrobas (cerca de 58 kg)
Vara 1, 10 m
Légua Entre 5 555 e 6 000 metros
Cruzado $ 400 (400 réis)
Oitava 1$200 (1200 réis)
Pataca Moeda de prata ($300 e $320)
Tostão Moeda de níquel ($100)
Abreviaturas
Nome Período
Lourenço Pereira da Costa 1759-1767
Antônio José Pestana da Silva 1767-1773
Francisco Xavier Ribeiro de Sampaio 1773-1779
Ouvidorias Interinas (Bento José do Rego, José Antônio Freire Évora) 1779-1799
Luís Pinto de Cerqueira 1799-1801
Caetano Pereira Pontes 1803?
João Antônio da Silva Bacelar Alvares das Astúrias 1807?
Antônio Feliciano d’Albuquerque Bittencourt 1817?-1821
Domingos Nunes Ramos Ferreira 1821-1823
Fonte: Cronologia provisória elaborada pela autora.
OESTE
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Núcleos Coloniais da Capitania de São José do Rio Negro*
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Mapa adaptado a partir de Francisco J. dos Santos. Além da Conquista. Manaus: EDUA, 1997.