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ANATOMIA DOS DENTES 111

— Margem (borda) incisai retilínea com pequena inclinação para mesial (devi-
do a desgaste).
— Raiz única de secção transversal oval com presença de sulco profundo nas
faces mesial e distai.

Incisivo Lateral Inferior


O incisivo lateral inferior apresenta:

— Tamanho maior que o incisivo central inferior.


— Formato trapezoidal tendendo a triângulo (com convergência desigual para
cervical das faces mesial e distai).
— Bossa vestibular discreta na porção cervical da coroa.
— Fossa lingual, cíngulo e cristas marginais mesial e distai discretas.
— Face (margem) incisai retilínea com inclinação para distai, podendo apre-
sentar desgaste na forma de canino.
— Raiz única de secção transversal oval com presença de sulco profundo nas
faces mesial e distai.

Dentes Anteriores — Caninos


Dos 4 dentes caninos, 2 são superiores (direito e esquerdo) e 2 são inferiores
(direito e esquerdo).
Eles apresentam como característica geral a coroa num formato pentagonal nas
suas faces vestibular e lingual, um formato triangular com base cervical nas suas faces
mesial e distai, a face inicial em "V" (pontiagudo) e com a presença de uma única raiz.

Canino Superior
O canino superior apresenta:

— Formato pentagonal alargado (distância mésio-distal quase igual à distância


cérvico-incisai) nas faces vestibular e lingual.
— Presença de bossa vestibular na porção cervical da coroa.
— Fossa lingual praticamente ausente pelo desenvolvimento do lóbulo médio
(crista média).
— Cíngulo, cristas marginais mesial, média e distai bem evidentes na face lin-
gual da coroa.
— Face (margem) incisai em "V" com segmento mesial menor e menos incli-
nado, e segmento distai maior e mais inclinado.
— Raiz única de secção transversal triangular sem a presença de sulcos nas fa-
ces mesial e distai.

Canino Inferior
O canino inferior apresenta:

— Formato pentagonal alongado (pequena distância mésio-distal em relação à


distância cérvico-incisal) nas faces vestibular e lingual da coroa.
112 ANATOMIA DOS DENTES

— Bossa vestibular discreta na porção cervical da coroa.


— Fossa lingual presente devido ao pequeno desenvolvimento do lóbulo mé-
dio (crista média) na face lingual da coroa.
— Cíngulo e cristas marginais mesial e distai presentes na face lingual da co-
roa.
— Face (margem) incisai em "V" com segmento mesial menor e menos incli-
nado, e segmento distai maior e mais inclinado.
— Raiz única de secção transversal ovalada com a presença marcante de sulcos
nas faces mesial e distai.

Dentes Posteriores — Pré-molares


Dos 8 dentes pré-molares, 4 são superiores e 4 inferiores, sendo 2 1 . ° pré-
molares superiores (direito e esquerdo), 2 2 . ° pré-molares superiores (direito e es-
querdo), 21.° pré-molares inferiores (direito e esquerdo) e 2 2.° pré-molares inferi-
ores (direito e esquerdo).
Eles apresentam como características gerais a coroa num formato pentagonal
nas suas faces vestibular e lingual, um formato retangular nas suas faces mesial e dis-
tai, um formato hexagonal na face oclusal devido à presença de cúspides e com a pre-
sença de uma ou duas raízes.

1.° PRÉ-MOLAR SUPERIOR


O l.° pré-molar superior apresenta:

— Formato pentagonal nas faces vestibular (maior) e lingual (menor) da co-


roa.
— Presença de bossas vestibular (na porção cervical da coroa) e lingual (no terço
médio da coroa).
— Face oclusal num formato hexagonal alongado (no sentido vestíbulo-lin-
gual) com presença de 2 cúspides desiguais (vestibular maior e lingual
menor) separadas pelo sulco principal mésio-distal retilíneo e paracen-
tral.
— Presença de duas raízes, uma vestibular e uma lingual, ou de uma única raiz
com presença marcante de sulcos nas faces mesial e distai.

2.° PRE-MOLAR SUPERIOR


O 2.° pré-molar superior apresenta:

— Formato pentagonal nas faces vestibular (maior) e lingual (menor) da co-


roa.
— Presença de bossas vestibular (na porção cervical da coroa) e lingual (no terço
médio da coroa).
— Face oclusal num formato hexagonal alongado (no sentido vestíbulo-lingual)
com presença de 2 cúspides praticamente iguais (vestibular e lingual) sepa-
radas pelo sulco principal mésio-distal retilíneo e central.
— Presença de uma única raiz de secção transversal oval com presença de sul-
cos demarcados nas faces mesial e distai.
ANATOMIA DOS DENTES 113

1.° PRÉ-MOLAR INFERIOR


- O l.° pré-molar inferior apresenta:
— Formato pentagonal nas faces vestibular (maior) e lingual (muito menor)
da coroa.
— Bossa vestibular na porção cervical da coroa.
— Face lingual pouco desenvolvida (cúspide lingual pequena, semelhante a um
cíngulo).
— Face oclusal num formato hexagonal alongado (no sentido mésio-distal) com
presença de 2 cúspides desiguais (vestibular maior e lingual muito menor),
unidas por uma ponte de esmalte (crista média) que interrompe o sulco
principal mésio-distal em duas fossas (mesial e distai).
— Raiz única de secção transversal triangular.

2.° PRE-MOLAR INFERIOR


O 2.° pré-molar inferior apresenta:
— Formato pentagonal nas faces vestibular (maior) e lingual (menor) do 2.°
pré-molar inferior quando bicuspidado, ou formato pentagonal na face ves-
tibular e formato retangular na face lingual do 2.° pré-molar inferior quan-
do tricuspidado.
— Presença de bossas vestibular (na porção cervical da coroa) e lingual (na
porção média da coroa).
— Face oclusal num formato hexagonal alongado (no sentido mésio-distal)
quando apresentar 2 cúspides (vestibular maior e lingual menor), e forma-
to hexagonal tendendo a retângulo (no sentido mésio-distal) quando apre-
sentar 3 cúspides (uma vestibular maior e duas linguais, a mésio-lingual maior
e a disto-lingual menor).
— Raiz única de secção transversal triangular.

Dentes Posteriores — Molares


Dos doze dentes molares, 6 são superiores e 6 são inferiores, sendo 21.° mola-
res superiores (direito e esquerdo), 2 2 . ° molares superiores (direito e esquerdo), 2
3.° molares superiores (direito e esquerdo), 21.° molares inferiores (direito e esquer-
do), 22.° molares inferiores (direito e esquerdo) e 2 3.° molares inferiores (direito e
esquerdo).
Eles apresentam como características gerais a coroa num formato quadrangular
(fusão de pentágonos representados pelo número de cúspides) nas suas faces vestibu-
lar e lingual, um formato retangular nas suas faces mesial e distai, um formato
quadrangular (fusão de pentágonos determinados pelo número de cúspides) na sua
face oclusal e com presença multirradicular, sendo 3 raízes nos dentes superiores (duas
vestibulares — a mésio-vestibular e a disto-vestibular — e uma lingual (maior) e 2
raízes nos dentes inferiores (a mesial e a distai).

1.° MOLAR SUPERIOR


O l.° molar superior apresenta:
114 ANATOMIA DOS DENTES

— Face vestibular menor que a face lingual.


— Bossa vestibular no terço cervical da coroa, e bossa lingual no terço médio
da coroa.

— Tubérculo de Carabelli na face lingual (região médio-lingual).
— Tetracuspidado (cúspides mésio-vestibular, disto-vestibular, mésio-lingual
e distal-lingual).
— Presença de ponte de esmalte (crista oblíqua) unindo as cúspides mésio-lin-
gual com disto-vestibular.
— Sulco principal na forma da letra H interrompido pela ponte de esmalte
(sulco mésio-ocluso-lingual e vestíbulo-ocluso-distal).
— Trirradicular (raízes mésio-vestibular, disto-vestibular e lingual divergen-
tes entre si).

2.° MOLAR SUPERIOR


O 2.° molar superior apresenta:

— Face vestibular igual ou maior que a face lingual.


— Bossa vestibular no terço cervical da coroa, e bossa lingual no terço médio
da coroa.
— Tetracuspidado (cúspides mésio-vestibular, disto-vestibular, mésio-lingual
e disto-lingual).
— Sulco principal na forma da letra H (nos 2.° molares tetracuspidados), e na
forma da letra T ou Y (nos 2.° molares tricuspidados).
— Trirradicular (raízes mésio-vestibular, disto-vestibular e lingual mais con-
vergentes entre si).
O '

3.° MOLAR SUPERIOR


O 3.° molar superior apresenta:

— A coroa na forma anatómica do l.° molar superior, na forma anatómica do


2.° molar superior ou em formas irregulares, não se assemelhando ao l.°
ou ao 2.° molares; porém, em qualquer forma apresentada, o seu aspecto
será grosseiro.
— Trirradicular (raízes mésio-vestibular, disto-vestibular e lingual sendo ge-
ralmente fusionadas, podendo ainda apresentar desvios acentuados).

1.° MOLAR INFERIOR


O l.° molar inferior apresenta:

— Face vestibular maior que a face lingual.


— Bossa vestibular no terço cervical da coroa, e bossa lingual no terço médio
da coroa.
— Pentacuspidado (cúspides mésio-vestibular, vestibular mediana, disto-ves-
tibular, mésio-lingual e disto lingual).
— Sulco principal na forma da letra W ou M (sulcos mésio-distal, ocluso-ves-
tibular, disto-vestibular e ocluso-lingual).
— Birradicular (raízes mesial e distai divergentes entre si).
ANATOMIA DOS DENTES 115

2.° MOLAR INFERIOR


O 2.° molar inferior apresenta:

- Faces vestibular e lingual quase iguais com pequeno predomínio da face


vestibular.
— Bossa vestibular no terço cervical da coroa, e bossa lingual no terço médio
da coroa.
— Tetracuspidado (cúspides mésio-vestibular, disto-vestibular, mésio-lingual
e disto-lingual).
— Sulco principal na forma de cruz (sulcos mésio-centro-distal e vestíbulo-
ocluso-lingual).
— Birradicular (raízes mesial e distai mais convergentes entre si).

3.° MOLAR INFERIOR


O 3.° molar inferior apresenta:

— A coroa na forma anatómica do l.° molar inferior, na forma anatómica do


2.° molar inferior ou em formas irregulares não se assemelhando ao l.° ou
ao 2.° molares, porém, em qualquer forma apresentada, o seu aspecto será
grosseiro.
- Birradicular (raízes mesial e distai sendo geralmente fusionadas, podendo
ainda apresentar desvios acentuados).
116 ANATOMIA DOS DENTES

Fig. 9.1 Utilize as imagens ao lado para


fazer uma revisão sobre a anatomia dos
dentes.
BRANDÃO, MÍRIAM C.S.

SISTEMA ENDOCRINO

Atualmente, considera-se sistema endócrirno um conjunto funcional em


elementos celulares que se destinam a secretar substâncias químicas que atuarão de
modo diversificado e complexo sobre os órgãos do corpo humano. Na verdade, não
se tem exatamente um sistema anatómico. Sabe-se que todas as glândulas despro-
vidas de duetos, bem como algumas células de alguns órgãos do corpo hu-
mano secretam líquidos, os quais são denominados hormônios. Esses são secreta-
dos por vários órgãos glandulares e não glandulares, sendo apresentados em
vários arranjos biomoleculares. Admite-se que tais drogas atuem em diferentes
locais, desde onde foram produzidas até territórios mais distantes. Os hormônios são
substâncias derivadas de aminoácidos (serotonina, melanina, histamina e catecola-
minas), de peptídeos (insulina e hormônio do crescimento), de ácidos graxos
(prostaglandinas) e de esteróides (estrógenos e progesterona).
Desta maneira, é possível se identificar, nesses elementos, uma ampla diversi-
dade química e funcional. Em geral, eles se destinam a estimular a diferenciação
sexual e a reprodução. Também, são capazes de acionar os vários mecanismos
de crescimento e de desenvolvimento corpóreo, de promover a homeos-
tase, além de permitir o armazenamento e a liberação de energia celular.
Cabe salientar que o sistema nervoso mantém uma íntima relação com as célu-
las endócrinas, definindo ações conjuntas, de formação e de liberação desses produ-
tos, constituindo, então, um sistema neuroendócrino.
Após a síntese, eles são transportados por meio de diferentes vias. Se liberados
pelo sangue, admite-se que trafegam via hemócrina. Porém, esta também ocorrerá
no interstício (via autócrina), em células vizinhas ou muito próximas do local da
1 produção (via parácrina), por células nervosas que liberam neurotransmissores (via
neurócrina). Por último, se o hormônio é lançado na luz de um órgão, a via é
solenócrina.

DISTRIBUIÇÃO DOS ÓRGÃOS ENDÓCRINOS


Os órgãos endócrinos estão situados em diversas regiões do corpo, como na
cabeça (hipófise e glândula pineal), no pescoço (glândulas tireóide e paratireóideas),
118 SISTEMA ENDÓCRINO

no tórax (timo e coração), no abdome (glândulas supra-renais, pâncreas, estôma-


go, intestino delgado e rim), na pelve (ovários) e em região extrapélvica (testícu-
los) . Ainda, neste território, verifica-se, durante o período gestacional, a presença da
placenta, que representa um órgão endócrino completo.

GENERALIDADES SOBRE OS ÓRGÃOS ENDOCRINOS


a. Hipófise: a gl. hipófise tem a forma ovóide, mede cerca de l ,5 cm e está situ-
ada na sela túrcica. Ela se relaciona com o quiasma óptico (anteriormente), com
a a. carótida interna e com o seio cavernoso (lateralmente), com os seios
intercavernosos (inferiormente) e com o assoalho do III ventrículo (superior-
mente). Essa glândula é composta por três partes, um lobo anterior (adeno-
hipófise), um lobo posterior (neuro-hipófise) e uma parte intermédia.
A adeno-hipófise produz os seguintes hormônios: do crescimento
(STH), que atua sobre o tecido ósseo; prolactina (lactogênico — LTH), que
estimula a produção do leite materno; adrenocorticotropina (ACTH), que
influencia a atividade das supra-renais; tirotropina (TSH), que estimula a pro-
dução e liberação de hormônios da glândula tireóidea; hormônio estimula-
dor de folículos (FSH), que age sobre os folículos ovarianos e sobre os testí-
culos, determinando a síntese de estrógenos pelos primeiros e a espermatogê-
nese por estes últimos. Ainda, a adeno-hipófise produz o hormônio de célu-
las intersticiais (ICSH), que ativa a secreção de andrógenos testiculares, o
hormônio luteinizante (LH), que induz a secreção de progesterona pelos
ovários, além do hormônio estimulador de melanócitos (MSH), que
estimula a produção do pigmento melanina na pele. Porém, a neuro-hipófi-
se produz apenas dois hormônios que são o antidiurético (ADH ou
vasopressina), que tem por função controlar a reabsorção de água pelos tú-
bulos renais, e a oxitocina, que estimula a contração do útero e da gl. mama-
ria durante o trabalho de parto e na amamentação.
b. Gl. Pineal: com um formato cónico, localiza-se na região diencefálica do epi-
tálamo. Esse órgão provavelmente controla o desenvolvimento dos órgãos ge-
nitais durante a puberdade, exercendo ação endócrina antigonadal. Também
sintetiza um hormônio, a melatonina, que regula os ritmos biológicos, atra-
vés de fenómenos não endócrinos relacionados a alterações ambientais de lumi-
nosidade.
c. Timo: está situado na junção cervicotorácica e, a partir da puberdade, esse ór-
gão sofre involução. Essa glândula possui uma camada cortical rica em linfóci-
tos e uma parte medular onde se encontram linfócitos e corpúsculos (de Hassall),
os quais são compostos por células epiteliais. Quanto a sua função, é provável
que ele produza um hormônio que exerça ação sobre os linfócitos, controlando
sua produção, maturação e distribuição na circulação sanguínea.
d. Gl. Tireóide: está situada na região ântero-lateral da laringe, junto às cartila-
gens tireóidea e cricóidea desse órgão. Ela é composta por dois lobos, um direi-
to e outro esquerdo, que estão unidos por uma parte central, o istmo. Às vezes,
pode ocorrer um terceiro lobo que se projeta lateralmente a partir do istmo.
Essa glândula sintetiza os hormônios triiodotironina e o tetraiodotiro-
SISTEMA ENDÓCRINO 119

nina, que estimulam o metabolismo celular de proteínas, lipídeos e açúcares.


Além destes, sintetiza a calcitonina que, provavelmente em crianças, aja bai-
xando os níveis de cálcio e de fosfates no sangue.
e. Gls. Paratireóideas: situam-se na face dorsal dos lobos das o ?ls. tireóides,'nor-
malmente distribuídas em pares, dois superiores e dois inferiores. Essas glân-
dulas sintetizam o Paratormônio (PTH), que tem por função regular o meta-
bolismo do cálcio e do fósforo, levando a um aumento da concentração plasmática
de cálcio conjuntamente a uma diminuição dos níveis de fosfato, por meio da
excreção urinária. Ainda, é provável que estimulem os osteoclastos a remove-
rem o íon cálcio do tecido ósseo. Assim, esse hormônio e a calcitonina (gl. tire-
óide) controlam os níveis de cálcio na circulação sanguínea.
f. Coração: situado no mediastino médio, sabe-se que alguns cardiomiócitos atriais
sintetizam um hormônio denominado fator natriurético atrial (FAN), que
estimula a natriurese e a diurese, promovendo a estabilização da pressão arterial.
g. Gls. Supra-renais: estão situadas na extremidade superior de cada rim. A gl.
supra-renal direita tem uma forma piramidal, ao passo que a esquerda é semilu-
nar. Esse órgão é composto por uma porção cortical que está subdividida
em três camadas, que, da periferia para região interna, são: 1. zona
glomerulosa que produz mineralocorticóides, que atuam no metabolis-
mo dos íons sódio e potássio; 2. zona fasciculada que sintetiza glicocorti-
cóides, que convergem a energia derivada da glicose circulante; e 3. zona
reticulada que provavelmente secreta andrógenos e estrógenos. Por outro lado,
a parte medular produz adrenalina (epinefrina) e noradrenalina, que
atuam em situações de stress ou de riscos iminentes, estimulando a liberação de
glicocorticóides, que produzirá vasoconstrição e taquicardia, como mecanismos
de resposta para defesa orgânica.
h. Pâncreas: está localizado posteriormente ao estômago, sendo retroperito-
nial. Sua parte endócrina consiste em células agrupadas (ilhotas pancreáticas)
que estruturalmente são dos tipos A, B e C. As células A produzem gluca-
gon, que leva a uma diminuição da oxidação da glicose e, conseqúentemen-
te, produz uma hiperglicemia. Contudo, as células B, ao contrário, sinteti-
zam insulina, que causa hipoglicemia. As células C agem no sentido de ini-
bir a liberação do hormônio hipofisário de crescimento. Assim, em conjunto,
essas substâncias participam da regulação do metabolismo da glicose, de lipí-
dios e de proteínas.
i. Ovários: possuem formato ovalado, estando situados nas fossas ováricas. Apre-
sentam um córtex e uma medula. A parte cortical abriga os folículos ovari-
anos e corpos lúteos que produzem estrógeno e progesterona, que têm por
função preparar o endométrio para a nidação. Além disso, eles estimulam o
desenvolvimento das características sexuais secundárias femininas. Ainda, a
foliculina que é produzida nos folículos regula o ciclo menstrual, ao passo que
outra substância, a luteína, inibe esse mesmo ciclo durante a gestação.
j. Testículos: ficam alojados no escroto. Suas células intersticiais (de Leydig) li-
beram testosterona e androsterona. Esses hormônios agem estimulando a
maturação de características sexuais secundárias masculinas, bem como, em
geral, agem sobre o metabolismo corpóreo.
120 SISTEMA ENDÓCRINO

A tabela abaixo resume a ação de alguns hormônios e seus respectivos locais de


produção:

ÓRGÃO HORMÔNIO PRODUZIDO AÇÃO HORMONAL

adeno-hipófise GH (hormônio do crescimento) Atua estimulando o crescimento.


....'
neuro-hipófise ADH (hormônio antidiurético) Aumenta a reabsorção renal de
ou Vasopressina água e /ou promove
vasoconstrição.
glândula pineal Melatonina Controla os ritmos circadianos.
tiróide T3 (triiodotironina) e Aumentam o metabolismo
T4 (tiroxina) corporal.
paratireóideas PTH (paratormônio) Aumentam a reabsorção de
cálcio.
timo Timosina e timopoietina Promovem a maturação de
linfócitos T.
coração FAN — fator natriurético atrial Aumenta a excreção renal de
sódio quando a P. A. está alta.
supra-renais Catecolaminas Aumentam a frequência
cardíaca.
estômago Gastrina (piloro) Estimula a secreção de ácido
clorídrico no suco gástrico.
intestino delgado Colecistocinina Realiza a contração da vesícula
biliar e a secreção do suco
gástrico.
O

pâncreas Insulina e oglucagon


o
Insulina faz baixar a oglicemia e
o glucagon age de modo
contrário, ou seja, aumenta a
glicemia.
o

rins Renina Promove a conversão de


angiotensinogênio em
angiotensina I.
ovários Estrogênios
o
Induze a formação dos
caracteres sexuais secundários
femininos.

testículos Testosterona Estimula a formação dos


caracteres sexuais secundários
femininos e masculinos.
SISTEMA E.VDOCMSIO 121

Fig. 10.1 O painel ao lado é composto


por alguns órgãos endócrinos. Localize-
os em a, b, c, d, e, f, g, h e i. Determine
suas localizações e respectivas secreções.
Procure identificar aqueles que não foram
apresentados e a seguir faça o mesmo
exercício.
BRANDÃO, MÍRIAM C.S.

SISTEMA URINÁRIO

O sistema urinário é composto por rins, ureteres, bexiga urinária e ure-


tra. Esse conjunto de órgãos exerce diferentes funções, que são a síntese da urina,
sua condução e armazenamento, e posterior eliminação de produtos residuais.

RIM
Os rins são órgãos retroperitoniais, situados junto à parede posterior da
cavidade abdominal, entre a última vértebra torácica e as primeiras lombares (Tl 2-
L3). Contudo, o rim direito está em um nível mais baixo que o esquerdo devido à
presença do fígado nesse setor, o que faz com que esse órgão seja anatomicamente
deslocado.

Cada rim tem a forma aproximada de um "C" dirigido para o plano sagital me-
diano, com seu maior eixo longitudinal alongado.
Macroscopicamente, notam-se duas faces (anterior e posterior), duas extre-
midades (superior e inferior) e duas margens (lateral e medial). Na face superior,
se constata a presença da glândula supra-renal, que pertence ao sistema endócri-
no. Porém, na margem medial, encontra-se o hilo renal, que é porta de entrada e
de saída de estruturas, contendo o pedículo renal (conjunto das estruturas que
entram no hilo e saem dele). Ainda, os rins estão envoltos por uma cápsula de te-
cido conjuntivo (cápsula renal) que lhes permite uma adequada configuração.
Cada um deles repousa em uma loja adiposa, a gordura perirrenal, que funciona
como um coxim para esses órgãos.
O estudo anatómico do rim é realizado por meio de um corte frontal. Assim,
macroscopicamente, observa-se que o córtex renal (região periférica, "casca") in-
vade a medula renal (parte interna, "miolo"), formando as colunas renais. Entre
as colunas renais, situam-se as pirâmides renais. Essas têm suas bases voltadas para
o córtex renal, ao passo que seus vértices dirigem-se para a região medular. Em cada
vértice, existe uma papila renal, por onde a urina será drenada, atingindo o interi-
or dos cálices renais menores que se associam para formar os cálices renais
maiores. Esses últimos, por fim, se fundem, constituindo a pelve renal, de aspec-
to em funil, que, nas margens mediais dos rins, se estreitam para dar origem aos ure-
teres, direito e esquerdo, respectivamente. A unidade anátomo-funcional renal é o
124 SISTEMA URINÁRIO

nefrônio, que, histologicamente, é composto por: cápsula glomerular, glomérulo (tufo


de capilares sanguíneos) e túbulos (contorcido proximal^alça de Henle—contorcido
distai—túbulos coletores), que realizam várias funções especializadas, como filtração
sanguínea, secreção, absorção e excreção^.

URETERES
São tubos fibromusculares retroperitoniais que conduzem a urina dos rins
até a bexiga urinária. Eles descrevem um percurso descendente, junto à parede
posterior da cavidade abdominal, de modo paravertebral. Assim, eles atravessam a
cavidade abdominal, cruzam as artérias ilíacas comuns, direita e esquerda, respecti-
vamente, antes de penetrarem na pelve, passando posteriormente abaixo dos vasos
uterinos. Em suas trajetórias, esses órgãos sofrem alguns estreitamentos que devem
ser considerados, sendo:
a. l.a parte: junção pielo-ureteral;
b. 2.a parte: pélvico;
c. 3.a parte: intramural.
Cada ureter desemboca no interior da bexiga, póstero-inferiormente, abrindo-se
no trígono vesical, através dos óstios ureterais direito e esquerdo, respectivamente.

BEXIGA URINARIA
A bexiga urinária é um órgão muscular oco (m. liso) que tem por função
armazenar temporariamente a urina. Sua forma, tamanho e posição variam de
acordo com o seu estado funcional e com a idade. Ela situa-se atrás da sínfise púbica,
em ambos os sexos; contudo, na mulher, está anteriormente ao útero e no homem
anteriormente ao reto.
Anatomicamente, a bexiga apresenta corpo, fundo, colo e ápice. Sua face
superior é coberta por peritônio, que forma súpero-lateralmente as fossas
paravesicais. No homem, em sua face posterior, pode-se perceber sua relação ana-
tómica com as glândulas vesiculosas direita e esquerda, e com as ampolas dos duetos
deferentes. Porém, na mulher, ela mantém relações com a vagina e com o colo ute-
rino. A face inferior está presa ao períneo por ligamentos pubovesicais lateral e
medial e pelo ligamento lateral da bexiga. Todavia, a face anterior está fixada à
cicatriz umbilical pelo ligamento umbilical mediano (úraco).
Com relação à morfologia interna, nota-se uma superfície mucosa lisa na região
do trígono vesical, cujos vértices correspondem aos óstios ureterais direito e
esquerdo, e óstio interno da uretra. O músculo liso é denominado m. detrusor.
A bexiga urinária em um indivíduo adulto pode conter até 350 ml de líquido. Entre-
tanto, por um mecanismo reflexo, se inicia a micção, que está subordinada a coman-
dos neurais voluntários e involuntários.

URETRA
É um órgão fibromuscular que conecta a bexiga urinária ao meio
ambiente. Na mulher, ela é curta e, logo após sua origem na bexiga urinária, atra-
SISTEMA URINÁRIO 125

vessa o períneo vaginal para se abrir no pudendo feminino (vulva). No homem, ela
é longa e, após seu inicio vesical, atravessa a próstata (uretra prostática), a seguir
o períneo (uretra membranácea) e, por fim, o corpo esponjoso do pênis (uretra
esponjosa). A uretra esponjosa apresenta uma dilatação final chamada de fossa
navicular.
A uretra feminina tem por função a condução da urina; no entanto, a masculina
é via de micção e de ejaculação. Assim, importantes estruturas se abrem ao longo de
sua extensão, como os dúctulos prostáticos, bem como os duetos ejaculatórios
na uretra prostática, além das glândulas bulbo-uretrais na uretra membranácea.
A uretra termina no óstio uretral externo que na mulher localiza-se entre o clitóris
e o óstio da vagina e, no homem, encontra-se no corpo esponjoso do pênis.

Fig. 11.1 Identifique os principais


órgãos que constituem o sistema urinário
(imagens a, b e c), bem como suas
respectivas estruturas. Explique suas
funções e estabeleça o posicionamento
deles em relação aos órgãos genitais.
BRANDÃO, MÍRIAM C.S.

SISTEMA GENITAL FEMININO

O sistema genital feminino inclui órgãos internos e externos à cavidade


pélvica. Além disso, as mamas, embora pertencendo ao sistema tegumentar,
associam-se nesse contexto, devido a sua importância ao concepto, além de sua signi-
ficativa conotação antropológica. Deste modo, numa visão mais atual, os sistemas
genitais feminino e masculino, além do tegumentar, constituem o aparelho repro-
dutor.

ÓRGÃOS GENITAIS INTERNOS


Os órgãos genitais internos situam-se na cavidade pélvica e são responsáveis pela
produção de gametas (óvulos), pelo transporte dos mesmos (tubas uterinas),
por abrigar o novo ser (útero) e pela passagem do concepto (vagina).
Esta parte do sistema genital é composta por útero, vagina, tubas uterinas e
ovários.

a. O útero tem a forma de uma pêra invertida, onde o(oyul0> se implanta e fica
fixado caso ocorra a nidação. Anatomicamente, ele está dividido em: fundo
(porção acima de um plano transversal que passa em nível dos óstios das tubas
uterinas), corpo (maior porção), istmo (estrangulamento) e colo (porção final
que penetra na vagina). Este último apresenta uma abertura que permite a co-
municação da cavidade uterina com a vagina, denominada óstio uterino. A
forma desse óstio varia com a idade e com seu estado funcional. Em mulheres
nulíparas, constitui um orifício; porém, nas multíparas, apresenta-se em
fenda, cujas extremidades formam pregas transversais. Normalmente, o útero
deve estar posicionado em antever são e anteflexão, formando, assim, um
ângulo de 90° com a vagina. Com relação a sua estrutura, ele é constituído de
três camadas que, do meio interno para o externo, são: o endométrio, o
mioniétrio e o perimétrio. Esse órgão está localizado atrás da sínfise púbica
e à frente do reto. Sua cavidade também muda de forma de acordo com a idade
e com o seu estado funcional; porém, na mulher adulta, descreve um formato
triangular. O peritônio dá fixação ao útero em vários pontos, como se verifica
nos ligamentos largos, que se situam lateralmente a ele, estendendo-se até
128 SISTEMA GENITAL FEMININO

ao assoalho pélvico. Outro importante ligamento, para sua fixação, é o liga-


mento redondo, o qual se estenderá até os lábios maiores do pudendo femi-
nino. Por outro lado, a mesossalpinge permitirá a ancoragem das tubas ute-
rinas junto aos ligamentos largos. Um ligamento transverso do colo do
útero também é notado na faseia subserosa de cada lado deste e da vagina, sen-
do chamado de ligamento cardinal. Por fim, os ligamentos útero-sacrais,
que contêm o m. reto-uterino, o fixam posteriormente. O peritônio ao pas-
sar sobre o útero e a bexiga (pregas de reflexão visceral) deixa duas importantes
escavações, uma anterior a esse, que é a escavação vésico-uterina, e outra
posterior, a escavação reto-uterina.
O útero fica apoiado sobre o períneo, que constitui seu principal meio de
suporte. Deste modo, o períneo é uma importante região situada entre a sín-
fise púbica (anteriormente), túberes isquiáticos (lateralmente) e cóccix (poste-
riormente). Seu formato é o de um losango, e uma linha transversal imaginária
que passa pelos túberes isquiáticos o separa anatomicamente em dois compar-
timentos, um vaginal e outro anal. Entre esses dois territórios, situa-se um
centro tendíneo perineal. Os músculos transversos do períneo (su-
perficial e profundo) separam esses locais, e, no trígono anterior, encontram-
se os músculos isquiocavernoso e bulboesponjoso, além das glându-
las vestibulares maiores e uma complexa rede vásculo-neural. Já no trígo-
no posterior, os músculos levantador do ânus e esfíncter anal externo
destacam-se como importantes elementos dessa região, além de delicados va-
sos e nervos. O períneo é essencial como meio de sustentação visceral.
servindo de auxílio durante o trabalho de parto, além de contribuir para
a ocorrência dos mecanismos de micção, de ereção, de ejaculação e de
defecação. Além disso, destaca-se o diafragma pélvico como meio de pas-
sagem de relevantes estruturas, como a uretra e a vagina.
b. A vagina é um órgão composto por tecido conjuntivo fibroso e mús-
culo liso. Mede cerca de 7 cm, estendendo-se obliquamente a partir do útero,
para a frente até sua abertura no pudendo, o vestíbulo vaginal. E órgão da
cópula, via de escoamento menstrual e funciona como canal de par-
to. Ele mantém relação direta com o colo uterino, e-um sulco, o fórnix, a
contorna superiormente. Em seu interior, nota-se a presença de pregas trans-
versais, que se denominam rugas vaginais, as quais conferem relevos longi-
tudinais a esse órgão. Seu terço superior recebe os duetos das glândulas ves-
tibulares maiores e menores e, ainda, mantém íntima relação com o bul-
bo do vestíbulo. Nas virgens, o hímen, que é uma membrana mucosa, de
formatos muito variáveis (semilunar, franjado, bilabiado, septado, crivado, en-
tre outros), oblitera o vestíbulo da vagina.
c. As tubas uterinas são órgãos cilíndricos que estabelecem comunicações com
a cavidade uterina através do óstio uterino da tuba e com a cavidade pélvica
através do óstio abdominal da tuba uterina. Elas se dirigem súpero-late-
ralmente em relação ao útero, pela margem superior do ligamento largo. Esses
órgãos servem para o transporte de óvulos (ou ovo) até o útero. Anatomi-
camente, pode-se dividir cada tuba uterina em: porção intramural (na pare-
de uterina), istmo da tuba (estreitamento logo após a sua origem), ampola
SISTEMA GENITAL FEMININO 129

(dilatação em forma de "cotovelo", onde ocorre a fecundação) e infundíbulo


(término da tuba; tem a forma de um funil). Esse último segmento possui várias
fímbrias, onde,a mais mediana e alongada, que se situa na margem livre do
mesossalpinge, é chamada de fímbria ovárica, que tem por finalidade captu-
rar o óvulo que foi lançado pelos ovários na cavidade pélvica. O mesossalpin-
ge exerce ação de sustentação das tubas uterinas.
As tubas uterinas possuem mecanismos apropriados para o transporte do
óvulo fecundado em seus interiores, principalmente, uma alta atividade ciliar
conjugada com movimentos peristálticos e antiperistálticos.
d. Os ovários são órgãos produtores de gametas femininos (óvulos). Além
disso, participam do sistema endócrino na síntese de hormônios, como o
estrógeno, a progesterona e a relaxina, sendo esta última somente liberada no
período gestacional. Eles estão situados na fossa ovárica, que é uma depres-
são peritonial localizada na parede pélvica lateral. Os ovários prendem-se ao útero
por meio do ligamento próprio do ovário e também pelo mesovário. O
ligamento suspensor do ovário permite a passagem de vasos e de nervos
ováricos e tubários. Cada ovário possui uma camada periférica (córtex) e ou-
tra central (medula). A porção cortical é sede de maturação de óvulos; embo-
ra na fase fetal possam existir cerca de 400.000 óvulos imaturos, somente 1%
destes atingirá a fase madura. Assim, eles sofrerão atresia, deixando cicatrizes
no tecido ovárico. No entanto, após a menopausa, os mesmos desaparecerão.

, •
ÓRGÃOS GENITAIS EXTERNOS
Os órgãos genitais externos compreendem: monte púbico, lábios maiores
e menores, clitóris, vestíbulo da vagina, bulbo do vestíbulo e glândulas
vestibulares maiores e menores.

a. O monte púbico é uma saliência localizada à frente da sínfise púbi-


ca, constituído de tecido adiposo, revestido por pele e, a partir da puberdade,
apresenta-se coberto por pêlos em decorrência de ações hormonais.
b. Os lábios maiores e menores são pregas cutâneas bilaterais que se estendem
do monte púbico até o centro tendíneo do períneo. A face interna desses lábios
é glabra, ao passo que a externa apresenta pêlos a partir da puberdade. Por ou-
tro lado, situados próximos ao plano sagital mediano, estão os lábios meno-
res, que são duas pregas cutâneas, também no sentido ântero-posterior, porém,
desprovidos de pêlos. Suas faces laterais mantêm contato com os lábios maio-
res, porém as mediais delimitam o vestíbulo da vagina.
c. O clitóris é um órgão homólogo ao pênis, sendo, portanto, constituído
de dois corpos cavernosos e um corpo esponjoso. Este último se dilata,
formando a glande, e a pele que reveste o clitóris também se denomina pre-
púcio. Ele é um órgão erétil que está fixado à sínfise púbica por meio do liga-
mento arqueado do púbis, prendendo-se à linha alba por uma faseia fi-
brosa.
d. O vestíbulo da vagina é um espaço situado entre os lábios menores que
permite a passagem da uretra, da vagina e dos duetos das glândulas vestibulares
130 SISTEMA GENITAL FEMININO

maiores e menores. Essa área se comunica com o exterior através da rima do


pudendo.
e. O bulbo do vestíbulo compreende massas de tecido erétil situadas bila-
teralmente ao óstio da vagina. Esse tecido é recoberto pelo músculo bul-
bo-esponjoso, que corresponde ao corpo esponjoso peniano.
f. As glândulas vestibulares maiores são estruturas ovóides que secretam
uma substância semelhante a um muco. Os duetos excretores destas se
lançam na vagina pouco abaixo dos lábios maiores. Esse líquido é liberado toda
vez que ocorre o orgasmo sexual, permitindo que haja lubrificação vaginal. Elas
estão relacionadas corn a atividade sexual feminina. Por outro lado, as glându-
las vestibulares menores são numerosas, secretam muco e situam-se próxi-
mo do óstio externo da uretra.

MAMAS
Embora pertençam ao sistema tegumentar, as mamas serão descritas den-
tro desse sistema, integrando, assim, o aparelho reprodutor. Elas são órgãos com-
postos por cerca de 15 a 20 glândulas mamarias do tipo alveolar composta.
Estão situadas na parede ânter o-lateral do tórax, indo da II a VI costelas, estando
separadas uma da outra pelo sulco intermamário, e estendendo-se até a região axilar
(cauda). Cada mama possui um corpo (que contém as glândulas secretoras e não
secretoras), uma papila (mamilo) e uma aréola (anel pigmentado). Seu estroma é
formado de tecidos conjuntivos fibroso e adiposo. As glândulas mamarias se distribu-
em no interior dos lóbulos, e seus duetos (duetos lactíferos) se abrem ao redor
do mamilo. Ainda, os ligamentos suspensores se fixam no estrato superficial da
tela subcutânea das mamas. Devido a ações hormonais, a mama feminina se desen-
volve mais que a masculina, e, no período gestacional, a glândula mamaria secreta
um líquido inicial chamado de colostro e, posteriormente, o leite. Contudo, nos
homens, são atrofiadas; porém, caso haja distúrbios no sistema endócrino destes, elas
poderão se desenvolver, gerando um quadro de ginecomastia (mamas de mulher).
Assim, elas variam em forma e em tamanho de acordo com a idade, com o sexo e
com o estado funcional. Sabe-se também que, por se originarem do estrato areolar da
tela subcutânea, ocasionalmente pode ocorrer o desenvolvimento de mamas supra-
numerárias (polimastia) ao longo de um cordão longitudinal '(da axila até a região
inguinal).
l SISTEMA GENITAL FEMININO 131

Fig. 12.1 Descreva anatomicamente os


órgãos externos que compõem o
sistema genital feminino. Utilize as
imagens a e b. Faça um desenho
esquemático da mama.

a
BRANDÃO, MÍRIAM C.S.

SISTEMA GENITAL MASCULINO

Como verificado no capítulo anterior, esse sistema, juntamente com os outros


dois, tegumentar e genital feminino, constituem o aparelho reprodutor.
O sistema genital masculino é composto por órgãos intra- e extrapélvicos
(glândula vesiculosa, próstata, glândulas bulbo-uretrais, dueto
ejaculador, testículos, epidídimos, dúctulos dos testículos e dos epidí-
dimos, funículo espermático, escroto e pênis). Desta maneira, sua função
primordial é a produção e emissão de espermatozóides, garantindo a perpetu-
ação da espécie.

ÓRGÃOS GENITAIS EXTERNOS


Testículos, Escroto, Epidídimos e Funículo Espermático
Os testículos são órgãos pares, de forma ovóide, achatados no sentido látero-
lateral. Suas funções se relacionam com a produção de gametas (espermatozói-
. des), além da secreção hormonal (testosterona), que influencia o desenvolvi-
mento das características sexuais secundárias masculinas. No período em-
brionário, eles se desenvolvem em área renal e, então, migram pelo interior da cavi-
dade abdominal e pélvica, até atingirem o escroto, onde posteriormente se situam.
Nesse sentido, o escroto funciona como uma bolsa termorreguladora, manten-
do a temperatura em seu interior abaixo da temperatura corpórea, para que os esper-
matozóides não sofram alterações morfofuncionais. Para que isso ocorra, o m. dartos
do escroto realiza a contração e o relaxamento desse segmento. Esse saco é de tecido
cutâneo, dividido em duas bolsas por um septo escrotal mediano, que externamen-
te é representado por uma rafe escrotal mediana. Esse órgão inclui internamente
não apenas os testículos, mas os epidídimos, e o início do funículo espermático. Esse
último é um cordão formado por dueto deferente, vasos, nervos, e músculo
cremáster. O músculo cremáster também atua no sentido de elevar ou de abaixar
os testículos, agindo dessa maneira semelhantemente ao m. dartos.
Anatomicamente, os testículos apresentam duas faces (lateral e medial),
duas margens (anterior e posterior) e duas extremidades (superior e inferior).
Eles estão envolvidos por uma túnica vaginal; além disso, possuem uma espessa
134 SISTEMA GENITAL MASCULINO

membrana de revestimento externo, que é a túnica albugínea. Sua estrutura in-


terna é composta por tecido parenquimatoso que se distribui em forma de cones (ló-
bulos testiculares), os quais se dirigem posteriormente (mediastino testicular).
Esses lóbulos encontram-se separados uns dos outros por tecido conjuntivo fibroso.
Dentro de cada cone, há uma rede de dúctulos testiculares (dúctulos seminíferos
contorcidos, dúctulos seminíferos retos e dúctulos eferentes testicula-
res). Esses últimos se dirigem para a cabeça do epidídimo, formando uma rede tes-
ticular. Os espermatozóides produzidos nos dúctulos seminíferos contorcidos per-
correm tais caminhos até chegarem aos epidídimos, onde serão armazenados e
sofrerão maturação. Contudo, a secreção da testosterona ocorre à custa das cé-
lulas intersticiais dos testículos.
Os epidídimos, por sua vez, apresentam uma cabeça (superior), um corpo
(porção média) e uma cauda (porção final), que são percorridos internamente tam-
bém por uma rede de dúctulos enovelados, que em sua porção final (cauda do epi-
dídimo) irão formar o dueto do epidídimo, que formará o dueto deferente.
Assim, os dúctulos do testículo e do epidídimo juntamente com o dueto de-
ferente constituirão o início da via espermática.

Duetos Deferentes
Os duetos deferentes originam-se a partir dos duetos eferentes dos epi-
dídimos. De início, bem contorcidos, depois, em forma de espessos cordões, to-
mam direção ascendente medial, dentro dos funículos espermáticos, a fim de chega-
rem aos ânulos inguinais superficiais. Depois, eles atravessam os canais ingui-
nais (direito e esquerdo, respectivamente), passam pelos ânulos inguinais
profundos, penetram na cavidade pélvica lateralmente, indo até a face posterior da
bexiga, onde se unem aos correspondentes duetos das glândulas vesiculosas
medialmente, formando, assim, os duetos ejaculadores. Os duetos ejaculadores
a seguir irão penetrar no parênquima da próstata para imediatamente desembocarem
na uretra prostática. Deste modo, os duetos deferentes juntamente com os due-
tos ejaculadores e a uretra esponjosa completarão a via espermática.

Pênis
É o órgão masculino da cópula, sendo formado por três corpos cilíndricos, ou
seja, dois corpos cavernosos e um corpo esponjoso. Ele possui uma raiz, um
corpo e uma glande. A pele que o recobre denomina-se prepúcio. Os corpos
cavernosos são superiores (dorsal), ao passo que o corpo esponjoso é inferior. O corpo
esponjoso possui duas dilatações, uma interna, na região do trígono urogenital, que
é o bulbo do pênis, e uma externa, que é a glande do pênis. Os corpos caver-
nosos possuem numerosas cavernas venosas, entremeadas com fibras conjuntivas
e musculares lisas, que durante o mecanismo da ereção são completamente preenchi-
das por sangue (pressão arterial aumentada seguida de diminuição do retorno veno-
so). A ereção, no entanto, é um fenómeno neurovascular, assistido por fibras do sis-
tema nervoso autónomo. O pênis fica preso à parede pélvica por meio de dois impor-
tantes ligamentos, o suspensor e o fundiforme.
SISTEMA GENITAL MASCULWO 135

ÓRGÃOS GENITAIS INTERNOS


Os órgãos genitais internos incluem as glândulas vesiculosas, a prós-
tata, as glândulas'bulbo-uretrais e o dueto ejaculador.

Glândulas Vesiculosas
Cada glândula vesiculosa encontra-se localizada na superfície póstero-la-
teral da bexiga urinária. Elas possuem um aspecto lobulado e alongado, ligeiramen-
te ovóide. Internamente, seu epitélio é pseudo-estratiíicado, e numerosos pequenos
divertículos formam sua estrutura. Sua função é secretar um líquido que irá promo-
ver a ativação dos espermatozóides. Por meio de seus duetos, um direito e um esquer-
do, respectivamente, essa substância será lançada. Contudo, esses segmentos irão
se unir aos duetos deferentes correspondentes para formarem os duetos
ejaculadores, que desembocarão na uretra prostática (no colículo seminal).

Próstata
A próstata é uma glândula ímpar, situada inferiormente à bexiga uriná-
ria e anatomicamente dividida em base (superior), ápice (inferior) e faces (ante-
rior e posterior). Normalmente, seu tamanho corresponde ao de uma amêndoa. Seu
produto de secreção também tem por finalidade a ativação dos espermatozóides. Ainda,
constata-se que a próstata possui dois lobos (direito e esquerdo), os quais interna-
mente se subdividem em quatro lóbulos (ínfer o-posterior, ínfer o-lateral, súpero-
mediais e ânter o-mediais). Seus dúctulos se abrem na parede posterior da uretra
prostática.

Glândulas Bulbo-uretrais
Cada glândula bulbo-uretral é uma pequena massa arredondada localizada
junto ao bulbo do pênis (uretra esponjosa). Elas são revestidas por tecido conjun-
tivo, e seus duetos desembocam no bulbo da uretra. A secreção por elas pro-
duzida é do tipo mucosa, permitindo que haja, assim, uma lubrificação do canal
uretral.

Dueto Ejaculador
Como anteriormente explicado, em número par, eles são formados pela união
dos duetos deferentes com os duetos das glândulas vesiculosas. Assim, essa
estrutura, bilateralmente, descreve um trajeto oblíquo, para a frente e para baixo, atra-
vessando o parênquima prostático para terminar na uretra de mesmo nome.
136 SISTEMA GENITAL MASCULINO

fig. 13.1 Descreva anatomicamente os


órgãos externos que compõem o
: ~~: ;e~ "i masculino. Utilize os
imagens a, b e c. Ainda, empregue a
fotografia b para descrever os órgãos
internos, bem como a via espermática.
BRANDÃO, MÍRIAM C.S.

SISTEMA NERVOSO

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO SISTEMA NERVOSO


O sistema nervoso é formado por vários órgãos, que em conjunto reali-
zam as funções de:
a. adaptar o organismo às condições externas (meio ambiente);
b. ajustar o organismo às condições internas (homeostase);
c. integrar, controlar e coordenar os demais sistemas corpóreos;
d. elaborar funções psíquicas superiores.
É evidente que esse complexo e intrigante sistema realiza outras funções muito
específicas e elaboradas, em diferentes regiões por ele constituídas, sendo que muitas
delas ainda estão longe de estar esclarecidas.
A unidade anátomo-funcional do sistema nervoso é o neurônio que sur-
ge provavelmente na escala animal a partir dos celenterados. Nos anelídeos, já se
evidencia um esboço rudimentar encefálico, o "gânglio cerebróide". Os neurôni-
os são células especializadas em excitabilidade e condutibilidade, que permi-
tem ao animal perceber estímulos e conduzir impulsos ao longo de suas ter-
minações axonais. Assim, se descreve que cada neurônio é composto por um corpo
celular, que apresenta prolongamentos citoplasmáticos ramificados denominados
dendritos, e um prolongamento geralmente ímpar, que é o axônio. A extremida-
de final deste constitui os bulbos sinápticos. De acordo com o número dessas ra-
mificações, alguns tipos básicos de neurônios são encontrados, ou seja, os pseudo-
unipolares (unipolares), os bipolares e os multipolares. Os neurônios pseudo-
unipolares são tipicamente sensitivos, possuindo um prolongamento central e outro
periférico. Já os bipalares têm tipicamente dois axônios distintos, e os multipolares
apresentam várias ramificações dendríticas. Ainda, quase todos os axônios são envol-
vidos por uma bainha lipídica chamada de bainha de mielina. Desta forma, a pre-
sença ou ausência da mesma determina neurônios mielínicos ou amielínicos.
O sistema nervoso tem sua origem no ectoderma, folheto embrionário mais
externo. Este sofre várias alterações estruturais e ultra-estruturais, gerando diferen-
tes órgãos nervosos, os quais, ao longo de suas existências, sofrem consideráveis
modificações que são consideradas dentro da plasticidade neural.
138 SISTEMA NERVOSO

Os neurônios se comunicam entre si por meio de junções funcionais, as si-


napses, que são estabelecidas quimicamente pela presença de neurotransmissores
ou neuromoduladores. Essas drogas atingem funcionalmente as células, de modo a
excitá-las ou a inibi-las, estabelecendo diversos circuitos neurológicos. Os neurô-
nios responsáveis por conduzir informações sensoriais são os sensitivos, e aqueles que
exercem ações sobre órgãos efetores (músculos e glândulas) são chamados de moto-
res. Deste modo, pode-se descrever a presença de receptores na extremidade perifé-
rica dos neurônios sensitivos. Por outro lado, as terminações nervosas motoras estabe-
lecerão contato com as fibras musculares por eles inervadas, determinando a presença
de uma placa motora. Assim, os músculos, debaixo de um comando neural, se iden-
tificam como órgãos efetores. Porém, para a ativação desses receptores, é necessário se
considerar que haja um estímulo eficaz, capaz de deflagrar um potencial de ação. Então,
este é definido como qualquer agente químico, físico ou mecânico que seja capaz de
alterar o receptor. Assim, uma vez gerada a condução, ocorre ativação de um efetor, que
produzirá uma resposta, a qual poderá ser consciente ou inconsciente.

DIVISÃO EMBRIONÁRIA DO SISTEMA NERVOSO


O ectoderma embrionário sofrerá modificações, dando origem a um espes-
samento celular denominado placa neural. Essa placa se invagina, formando um
sulco neural. Os lábios internos do sulco neural se afastam, dando lugar à goteira
neural. Essa, por sua vez, se fecha no interior do mesoderma, originando o tubo
neural. Ao lado desse ectoderma diferenciado, uma outra parte indiferenciada, pos-
teriormente, sofrerá modificações, dando lugar às cristas neurais, e estas, por sua
vez, migrarão bilateralmente para estabelecerem órgãos do sistema nervoso peri-
férico. Contudo, o tubo neural se modifica consideravelmente, ou seja, sua porção
cranial se dilata em três vesículas primordiais (prosencéfalo, mesencéfalo e rom-
bencéfalo). A parte caudal se modifica, dando origem à medula espinhal. A seguir,
o prosencéfalo dará lugar ao telencéfalo e ao diencéfalo, que juntos formarão
o cérebro. O mesencéfalo permanecerá como tal, para compor parte do tronco
encefálico. No entanto, o rombencéfalo formará o metencéfalo (cerebelo) e o
mielencéfalo (ponte e bulbo). Assim, no sentido crânio-caudal, têm-se: mesen-
céfalo, ponte e bulbo, que constituirão o tronco encefálico.

DIVISÃO ANATÓMICA DO SISTEMA NERVOSO


Anatomicamente divide-se o sistema nervoso em sistema nervoso central e
sistema nervoso periférico. Define-se como central aquele que é constituído
por órgãos situados dentro do crânio e do canal vertebral; portanto, protegidos por
estruturas ósseas. Todavia, conceituam-se como periférico os órgãos situados fora
do crânio e do canal vertebral. Assim, seus componentes anatómicos são: nervos,
gânglios e terminações nervosas.

SISTEMA NERVOSO CENTRAL


- Cérebro: formado por telencéfalo e diencéfalo;
— Cerebelo;
SBIBH

— Tronco encefálico: mesencéfalo, ponte e bulbo;


— Medula espinhal.
Esses três componentes (cérebro, cerebelo e tronco encefálico) constituem o
encéfalo.

SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO


O sistema nervoso periférico é formado por nervos, gânglios e termi-
nações nervosas. Nesse sentido, conceitua-se nervo como sendo um cordão
amarelo-esbranquiçado formado por feixes de axônios, envolvido por tecido con-
juntivo, que tem por função estabelecer a comunicação entre a periferia e o
centro e vice-versa. Eles podem ser formados por fibras neuronais mistas (sensi-
tivos e motores — nervos mistos), ou somente por fibras sensitivas (nervos
, sensitivos) ou apenas por fibras motoras (nervos motores). Os nervos que rea-
lizam conexões com a medula espinhal são chamados de nervos espinhais (31 pa-
res de nervos), e aqueles que o fazem com o encéfalo são denominados nervos cra-
nianos (12 pares de nervos). Os nervos espinhais são todos mistos, numerados de
acordo com sua emergência, a saber: 8 pares de nervos cervicais (C1-C8), pois o pri-
meiro par emerge entre o occipital e o Atlas; 12 pares de nervos torácicos (T1-T12);
5 pares de nervos lombares (Ll-LS); 5 pares de nervos sacrais (S1-S5); e l nervo
coccígeo (Co). Contudo, os nervos cranianos são em 12, assim denominados:

I par = olfatório (sensitivo)


II par = óptico (sensitivo)
III par = oculomotor (motor)
IV par = troclear (motor)
V par = trigêmio (misto)
VI par = abducente (motor)
VII par = facial (misto)
VIII par = vestíbulo-coclear (sensitivo)
IX par — glossofaríngeo (misto)
X par = vago (misto)
XI par = acessório (motor)
XII par = hipoglosso (motor)
Os nervos cranianos apresentam componentes funcionais que são consti-
tuídos por:

a. fibras aferentes:
1. somáticas: gerais (sensibilidade geral, do tipo exteroceptiva; sensibilidade
especial, visão e audição);
2. viscerais: gerais (sensibilidade geral, do tipo visceroceptiva; sensibilidade
especial,
r paladar
r e olfato).
/
b. fibras eferentes:
1. somáticas: para músculos voluntários (origem nos miótomos dos somitos);
2. viscerais: para músculos involuntários, músculos lisos e músculo cardíaco;
para músculos voluntários (origem nos arcos branquiais).
140 SISTEMA NERVOSO

Em resumo, têm-se:

— I par (nervo olfatório): seus ramos são pequenos filetes que nascem na muco-
• sa olfatória, junto ao teto da cavidade nasal. Esses ramos nervosos penetram pela
lâmina crivosa do etmóide, a partir da mucosa olfatória, constituindo os nervos
sens orlais do olfato;
— II par (nervo óptico): nasce na retina (neuroepitélio), segue pelos forames
ópticos até o quiasma óptico, onde as fibras se divergem cruzando o plano sagital
mediano, constituindo, assim, os nervos ópticos direito e esquerdo, respectiva-
mente;
- III par (nervo oculomotor): tem origem no mesencéfalo, chegando à órbita
pela fissura orbitaria superior, conduzindo fibras motoras voluntárias e fibras
parassimpáticas. Ele inerva os músculos intrínsecos e extrínsecos do olho, exce-
to os músculos dilatador da pupila, oblíquo superior e reto lateral do olho;
. - IV par (nervo troclear): origina-se na ponte; suas fibras motoras passam pela
fissura orbitaria superior até atingirem o m. oblíquo superior do olho;
- V par (nervo trigêmio): tem seus núcleos distribuídos no bulbo e na ponte.
Ele consta de uma porção sensitiva e de outras motoras. Seus ramos sensitivos
distribuem-se por toda a face com suas vísceras, excetuando-se a faringe e a base
da língua; seus feixes motores vão aos músculos da mastigação e também aos
músculos tensor do véu palatino, milo-hióide e ventre anterior do m. digástrico;
— VI par (nervo abducente): de origem bulbar, seus ramos penetram pela fis-
sura orbitaria superior para chegarem ao m. oblíquo lateral do olho;
— VII par (nervo facial): é o nervo motor da musculatura da face (mímica) e dos
músculos platisma, digástrico (ventre posterior) e estilo-hióide. Tem origem no
bulbo; suas fibras se associam ao nervo intermédio e também a fibras parassimpá-
ticas;
— VIII par (nervo vestíbulo-coclear): origina-se no bulbo; é responsável pe-
las sensibilidades da audição e de equilíbrio. Ele dirige-se para a cóclea e para o
labirinto através do conduto auditivo interno;
— IX par (nervo glossofaríngeo): nasce no bulbo, passa pelo forame jugular,
apresentando ramos exclusivamente sensoriais, relacionados à gustação;
— X par (nervo vago): é considerado um importante nervo visceral. Suas fibras
atravessam o forame jugular depois de emergirem no bulbo. Ele inerva as por-
ções torácica e abdominal. Suas fibras superiores vão à laringe e à faringe;
— XI par (nervo acessório): origina-se no bulbo. Suas fibras abandonam a caixa
craniana pelo forame jugular se anastomosando com raízes espinhais, para
inervarem os músculos esternocleidomastóide e trapézio;
- XII para (nervo hipoglosso): nasce no bulbo; é um nervo motor lingual. Seus
ramos passam pelo canal do hipoglosso para atingirem posteriormente a muscu-
. latura intrínseca da língua.

Define-se gânglios como ò predomínio de corpos de neurônios fora do


sistema nervoso central. Os gânglios sensitivos pertencem aos nervos sensitivos
(gânglios espinhais). Os gânglios motores são intramurais, ou seja, estão localizados nas
paredes viscerais, pertencendo, assim, ao sistema nervoso entérico. Por último, as
terminações nervosas são reconhecidas como as extremidades distais de um
nervo. Elas podem ser sensitivas ou motoras. As terminações nervosas sensitivas são
chamadas de receptores, que podem ser classificados sob dois aspectos:
,
a. Classificação Morfológica: relacionam-se receptores especiais, que es-
tão localizados diretamente em órgãos sensoriais especiais, corno olho, visão,
audição, equilíbrio e gutação. Os receptores gerais, por sua vez, estão
distribuídos em quase todos os órgãos do corpo humano, sendo, numericamen-
te, significativos no tecido cutâneo. Esses receptores podem ser ainda
subclassificados, conforme sua organização estrutural, em capsulados e não-
capsulados. Os receptores não-capsulado s formam as terminações nervo-
sas livres (receptores de dor). Entretanto, os receptores capsulados são
aqueles especializados em pressão (corpúsculos de Meissner); tato (cor-
púsculos de Vater-Paccini); fusos neuromusculares (fibras intra- e
extrafusais); na junção das fibras musculares com seus respectivos tendões
(órgão neurotendíneo de Golgi; calor (corpúsculos de Ruffíni) e com
o frio (corpúsculos de Krausé).
b. Classificação Fisiológica: permite descrever: quimioceptores, que res-
pondem a estímulos químicos; osmoceptores, que detectam variações
da pressão osmótica; fotorreceptores, que são estimulados por diferentes
comprimentos de onda de luz; termorreceptores, que detectam calor e
frio; mecanorreceptores, que são estimulados mecanicamente; e
nociceptores, que são os receptores de dor. Ainda, de acordo com a situação
desses receptores, podem-se considerar exteroceptores (receptores de pele),
proprioceptores (localizados em músculos e tendões) e viscerocepto-
res (situados em órgãos internos, nas vísceras e nos vasos sanguíneos).

NERVOS ESPINHAIS
Todos os nervos espinhais são do tipo misto. Os pares de Cl -C4, com algumas
fibras de CS, formarão o plexo cervical. Este plexo contribuirá com ramos nervo-
sos cutâneos e musculares para alguns músculos do pescoço e da nuca (mm. inter-
transversários anteriores, mm. infra-hióideos, mm. pré-vertebrais, m.
esternocleidomastóide, mm. escalenos, m. levantador da escápula, mm.
rombóides e diafragma). Seus ramos nervosos terminais são: n. occipital me-
nor, n. auricular magno, n. transverso do pescoço, nn. supraclavicula-
res e n. frênico. Todavia, o plexo braquial é formado por ramos ventrais de C5-
Tl, que irão inervar o membro superior. As raízes ventrais de CS se anastomosam
com as de C6, originando o tronco superior. As fibras de C7 constituem o tron-
co médio e as raízes de C8-T1, o tronco inferior. Cada tronco irá fornecer ra-
mos anterior e posterior. Todos os ramos posteriores (dos três troncos) forma-
rão o fascículo posterior. Já os ramos anteriores dos troncos superior e médio darão
origem ao fascículo lateral, e o ramo anterior do tronco inferior formará o fascí-
culo medial. Os troncos superior, médio e inferior se localizam entre os músculos
escalenos anterior e médio, no pescoço. Porém, os fascículos se situam na região axi-
lar, mantendo relações anatómicas com a artéria axilar (daí os termos fascículos late-
ral, medial e posterior). A partir dessa região, os fascículos fornecerão ramos nervo-
142 SISTEMA NERVOSO

sós terminais. O fascículo lateral emitirá o n. músculo-cutâneo e a raiz late-


ral do n. mediano; o fascículo medial dará a raiz medial do nervo media-
no, o n. cutâneo medial do braço, o n. cutâneo medial do antebraço e o n.
ulnar; e o fascículo posterior fornecerá o n. radial e o n. axilar. Os ramos
nervosos de Tl 2 irão participar também da formação do 1.° n. intercostal, além de
sua contribuição com ramos comunicantes para o tronco simpático. Por outro lado,
os nervos torácicos, ao contrário das raízes de C1-C4 e de C5-T1, não formam
plexos, exceto parte de Tl que participa do plexo braquial. As raízes nervosas de
T l-T 12 emergem diretamente para os respectivos espaços intercostais, ressaltando-
se que Tl 2 é subcostal. Todavia, o l.° ramo intercostal ainda emitirá um ramo deno-
minado intercostobraquial. Devido à inervação conjunta da musculatura das pa-
redes ânter o-laterais do tórax e do abdome, os ramos intercostais de T7-T11 são
chamados de nn. tóraco-abdominais. Ainda, os plexos lombo-sacral e coc-
cígeo formam-se a partir de ramos ventrais de Ll-SS e de Co, respectivamente. O
primeiro ramo, que é LI, emite dois prolongamentos que irão constituir os nervos
ílio-hipogástrico e ílio-inguinal; ambos cutâneos. Contudo, LI fornece um ramo,
que se une a um outro emitido por L2, para formar o nervo genitofemoral, bem como
o nervo femorocutâneo lateral. Esse último, porém, contém fibras de L3. Já os ramos
ventrais de L2, L3 e L4 se dividem em partes anterior e posterior. Os ramos posterio-
res se anastomosam para formar o n. femoral. Todavia, os ramos anteriores de L2, L3
e L4 se unem, formando o n. obturatório. O ramo ventral de L4, através de uma
divisão, se une ao ramo ventral de L5, constituindo o tronco lombo-sacral. A se-
guir, esse tronco se funde aos ramos de SI, S2 e S3 para compor o n. ciático (isqui-
ático). Os ramos de S2, S3 e S4 se juntam, formando o n. pudendo. Por outro lado,
os ramos de SI, S2 e S3 também formam o n. cutâneo posterior da coxa. No entan-
to, o plexo coccígeo se forma a partir de algumas fibras de S4 e S5 e de fibras da raiz
coccígea. Essas emergem pelo hiato sacral após receberem aqueles ramos.

COMPONENTES FUNCIONAIS DOS NERVOS ESPINHAIS


Os nervos espinhais apresentam os seguintes componentes funcionais:

a. fibras aferentes
- somáticas: exteroceptivas (tempertaura, dor, tato e pressão) e proprio-
ceptivas (conscientes e inconscientes);
— viscerais: provenientes de mm. lisos, m. cardíaco e glândulas.

b. fibras eferentes
— somáticas: para músculos estriados esqueléticos;
— viscerais: para mm. lisos, m. cardíaco e glândulas.

UNIDADES: MOTORA E SENSITIVA


Conceitua-se unidade motora como o conjunto de todas as fibras musculares
inervadas por um neurônio motor. Sabe-se que, em músculos de força, como, por exem-
plo, o m. gastrocnêmio, o número de fibras musculares inervadas por ramos nervosos
SISTEMA NERVOSO 143

é muito grande, e, ao contrário, em músculos delicados, esse número é significativa-


mente menor. Porém, considera-se unidade sensitiva o conjunto de receptores e
todas as ramificações, nervosas distribuídas por uma determinada área anatómica.

DIVISÃO FUNCIONAL DO SISTEMA NERVOSO


Didaticamente, divide-se o sistema nervoso em porções somática (ou de "vida
de relação"), que é composta por conexões aferente e eferente, e visceral (ou de
"vida vegetativa"), que também se constitui por conexões aferente e eferente. Po-
rém, esta última dá origem ao sistema nervoso autónomo, que é formado pelos
sistemas simpático e parassimpático. Também, considera-se que algumas fibras
aferentes viscerais pertençam ao sistema nervoso autónomo.

DIVISÃO METAMERICA DO SISTEMA NERVOSO


Com relação à distribuição das substâncias branca (predomínio de axônios
mielínicos) e cinzenta (acúmulo de corpos de neurônios), pode-se constatar um
sistema nervoso supra-segmentar, que apresenta a substância cinzenta em posi-
ção periférica e a branca é central, bem como um sistema nervoso segmentar:
onde, ao contrário, a substância cinzenta é central e a branca, periférica.

MEDULA ESPINHAL
A medula espinhal é uma massa cilíndrica de tecido nervoso achatada no
sentido ântero-posterior. Ela se inicia na decussação das pirâmides (bulbo) e ter-
mina em cone medular. Topograficamente, estende-se desde o forame magno
até um plano transversal que passa em nível do corpo vertebral de LI. No homem
adulto, tem um comprimento médio de 45 cm, sendo na mulher um pouco menor.
Porém, na fase embrionária, ocupa todo o canal vertebral, pois a velocidade de cres-
cimento neur o-esquelético é proporcional. À medida que a idade gestacional avança,
por volta do 4.° mês, uma discrepância de crescimento nesses tecidos marca signifi-
cativas diferenças, determinando um maior aumento de tamanho no sistema esquelé-
tico vertebral. Assim, as raízes nervosas que penetram pelos forames intervertebrais,
que de início emergem perpendicularmente em cada unidade, passam a se inserir
obliquamente quanto mais baixos forem os níveis de passagens. O calibre medular
não é uniforme, apresentando intumescências nas regiões cervical e lombar, que
correspondem a emergências dos plexos braquial e lombo-sacral.
Com relação à distribuição das substâncias branca e cinzenta, a mesma
pertence ao sistema nervoso segmentar, ou seja, ela é branca por fora e cinza
por dentro.

ESTUDO DAS SUBSTANCIAS BRANCA E CINZENTA MEDULAR


Substância Branca
A medula espinhal apresenta sulcos longitudinais, que são denominados
sulco mediano posterior, sulcos laterais posteriores (direito e esquerdo),
144 SISTEMA NERVOSO

fissura mediana anterior e sulcos laterais anteriores (direito e esquerdo). Esses


sulcos e fissura delimitam regiões também longitudinais, que são os funículos. Es-
tes assim se distribuem:
a. funículos anteriores (direito e esquerdo): entre a fissura mediana anterior e
os sulcos laterais anteriores, direito e esquerdo, respectivamente;
.
b. funículos laterais (direito e esquerdo): entre os sulcos laterais anteriores e
posteriores, direitos e esquerdos, respectivamente;
.
c. funículos posteriores (direito e esquerdo): situam-se entre o sulco mediano
posterior e os sulcos laterais posteriores direito e esquerdo, respectivamente.
Porém, em nível torácico alto e cervical, um sulco intermédio posterior
(direito e esquerdo) divide cada funículo posterior em duas regiões menores,
que são chamadas de fascículo grácil (medial) e fascículo cuneiforme (la-
teral). Ainda, a substância branca da medula espinhal formará tractos (feixes
de fibras de mesma origem, trajeto e destino), lemniscos (feixes em forma de
fitas), fascículos (tracto de fibras nervosas bem mais compactos), funículos
(cordões de fibras brancas), fibras de projeção (fibras que partem da medula
espinhal atingindo centros superiores) e fibras de associação (fibras nervo-
sas que se associam a áreas intermedulares).

Substância Cinzenta
A substância cinzenta medular pode ser dividida anatomicamente em
sete regiões, por meio de dois planos longitudinais (laterais direito e esquerdo), e dois
planos transversais imaginários que passam pelos extremos superior e inferior da mes-
ma. Essa substância tem a forma anatómica semelhante a uma letra "H" ou a uma "bor-
boleta". Cada região é denominada corno ou coluna, sendo duas posteriores e late-
: rais (cornos posteriores, direito e esquerdo), duas anteriores e laterais (cornos
anteriores, direito e esquerdo), duas laterais (cornos laterais, direito e esquer-
do) e uma central (substância cinzenta intermédia central). Essa última é per-
furada pelo canal medular (canal do epêndima). Esses cornos são compostos por lâmi-
nas de I a XII (lâminas de Rexed) no sentido póstero-anterior, demonstrando, assim,
uma alta especialização desse tecido. Todavia, de modo simplificado, verifica-se que os
cornos posteriores são unidades sensitivas (ápice — exterocepção, colo =
propriocepção e base = viscerocepção) e os cornos anteriores são motores (base
= motricidade visceral e ápice = motricidade somática). Além disso, se encontram,
na substância cinzenta da medula espinhal, alguns núcleos importantes, como:
a. núcleos do grupo medial (coluna anterior): eles existem em toda a exten-
são medular, e seus neurônios motores inervam a musculatura relacionada ao
esqueleto axial;
b. núcleos do grupo lateral (coluna anterior): esses núcleos dão origem a fibras
que irão inervar músculos relacionados ao esqueleto apendicular. Deste modo,
estes núcleos são bem evidenciados nas intumescências cervical e lombar;
c. núcleo torácico (coluna posterior): localizado em níveis lombares altos (LI -
L2), está relacionado com a propriocepção inconsciente. Assim, seus axônios
deverão chegar até o cerebelo (paleocerebelo);
SISTEMA NERVOSO 145

d. substância gelatinosa (coluna posterior): recebe fibras sensitivas que possi-


velmente estejam relacionadas com a sensibilidade dolorosa.
*

NEURÔNIOS MEDULARES
Para se compreenderem as vias medulares, é necessário antes se identificarem
alguns tipos de neurônios medulares. Assim, por meio da Classificação de Cajal,
verifica-se:

a. Neurônios de axônios longos (tipo I-Golgi)


Estes neurônios exibem longos axônios, sendo de dois tipos, ou seja, sensiti-
vos (cordonais) e motores (radiculares).
Os neurônios cordonais têm seus corpos localizados nos cornos posteriores
da medula espinhal. Seus axônios abandonam a substância cinzenta, atravessam a subs-
tância branca da medula espinhal do mesmo lado do corpo neuronal (feixes
homolaterais) ou, então, cruzam o plano sagital mediano (feixes heterolaterais), a fim
de chegarem a centros nervosos superiores (bulbo, cerebelo e tálamo). Estes são de-
nominados neurônios cordonais de projeção. No entanto, alguns desses neu-
rônios irão integrar vias exclusivamente medulares, sendo chamados de neurônios
cordonais de associação.
Os neurônios radiculares têm seus corpos localizados nos cornos anterio-
res da medula espinhal. Seus axônios abandonam a substância cinzenta, atravessam a
substância branca para chegarem a órgãos efetores (somáticos ou viscerais). Quando
esses neurônios se situam preferencialmente na base da coluna anterior, são denomi-
nados neurônios radiculares viscerais, indo, portanto, a efetores viscerais (mús-
culos lisos, glândulas e músculo cardíaco). Porém, aqueles que se localizam no ápice
da coluna anterior são chamados de neurônios radiculares somáticos (moto-
neurônios Ot), inervando, portanto, os efetores somáticos (músculos estriados es-
queléticos).

b. Neurônios de axônios curtos (tipo II-Golgi)


Estes neurônios exibem axônios curtos, sendo conhecidos como neurônios
internunciais. Seus corpos estão localizados nos cornos posteriores medulares, e
seus axônios nunca abandonam a substância cinzenta medular, integrando, assim, as
radícuias sensitiva e motora.
• -
VIAS ASCENDENTES DA MEDULA ESPINHAL (VIAS SENSITIVAS)
As vias ascendentes da medula espinhal são responsáveis por conduzirem im-
pulsos relacionados com as sensibilidades de: dor, temperatura, tato
(protopático e epicrítico), pressão, estereognosia, propriocepção (cons-
ciente e inconsciente), além de sensibilidade vibratória.
Contudo, algumas dessas precisam ser conceituadas previamente para se me-
lhor compreenderem as funções das vias sensitivas medulares espinhais. Assim,
define-se tato protopático como a capacidade de se perceberem texturas, de
modo mais grosseiro, menos específico, quando comparado ao tato epicrítico,
que é mais fino e mais discriminativo (discriminação de dois pontos). No que se
146 SISTEMA NERVOSO

refere à propriocepção, ou sentido de posição, é aquela relacionada com a


percepção de partes do corpo no espaço, sem o auxílio da visão, que pode acon-
tecer de modo consciente ou inconsciente. A. estereognosia é a capacida-
de de perceber forma e tamanho de objetos sem o auxílio da visão. A sensibili-
dade vibratória relaciona-se com a percepção de estímulos mecânicos repeti-
tivos.
Ainda é importante se considerar que normalmente a via se inicia onde se loca-
liza o corpo do neurônio que conduzirá tais sensibilidades. O nome da mesma é dado
geralmente conjugando-se o local onde ela se inicia, trafega e termina. Essas vias po-
dem ter seus feixes axonais subindo pelo mesmo lado medular por onde entrou a in-
formação; nesse caso, diz-se que o trajeto é direto, ou então eles atravessam o pla-
no sagital mediano, determinando, assim, um trajeto cruzado.
Deste modo, podem-se resumir as vias medulares em:
i
. a. Fascículo grácil e Fascículo cuneiforme
Origem: no gânglio espinhal.
Trajeto: direto.
Função: conduzir as sensibilidades de tato epicrítico, estereognosia, sensibilidade
vibratória e propriocepção consciente.
Término: tubérculo no núcleo grácil e núcleo cuneiforme.

Acrescenta-se que o neurônio pseudo-unipolar possui, além de prolon-


gamentos periférico e central, uma raiz dorsal que levará impulsos do corpo
todo ao funículo posterior da medula espinhal.

b. Via espino-talâmica anterior


Origem: no corno (ou coluna) posterior da medula espinhal.
Trajeto: direto.
Função: conduzir as sensibilidades de dor e de temperatura.
Término: no tálamo.

c. Via espino-talâmica posterior


Origem: no corno (ou coluna) posterior da medula espinhal.
Trajeto: direto.
Função: conduzir as sensibilidades de tato protopático e de pressão.
Término: no tálamo.

d. Via espino-cerebelar anterior


Origem: no corno (ou coluna) posterior da medula espinhal e substância cinzenta
intermédia central.
Trajeto: direto e cruzado.
Função: conduzir a sensibilidade de propriocepção inconsciente.
Término: no paleocerebelo.

e. Via espino-cerebelar posterior


Origem: no corno (ou coluna) posterior da medula espinhal e núcleo torácico.
Trajeto: direto.
Função: conduzir a sensibilidade de propriocepção inconsciente.
Término: no paleocerebelo.
SISTEMA NERVOSO 147

VIAS DESCENDENTES DA MEDULA ESPINHAL (VIAS MOTORAS)


As vias motoras medulares são constituídas por fibras que se originam no cór-
tex cerebral ou em outras regiões encefálicas, particularmente no tronco cerebral.
Estas apresentam neurônios que possuem axônios longos que atingirão os neurônios
radiculares da medula espinhal. Alguns destes terminam em neurônios pré-ganglio-
nares do sistema nervoso autónomo, formando as vias motoras descendentes
r
viscerais. No entanto, os neurônios motores somáticos (vias descendentes)
irão constituir as vias motoras piramidais e também as vias motoras extrapi-
ramidais.
Classicamente, os tratos nervosos que passam pelas pirâmides bulbares são cha-
mados de tratos piramidais e, conseqúentemente, os que aí não se localizam são os
extrapiramidais.
As vias piramidais partem do córtex cerebral. Seus axônios tomam trajeto
descendente, e 75% deles cruzam o bulbo obliquamente (decussação das pirâmides)
antes de penetrarem na medula espinhal. Os outros 25% também irão cruzar o plano
sagital mediano, porém abaixo das pirâmides bulbares. Desta forma, tem-se o trato
cortiço espinhal, dividido em dois grupamentos, o córtico-espinhal lateral
(piramidal direto com 75% das fibras nervosas) e o córtico-espinhal anterior
(piramidal indireto com 25% das fibras nervosas). Assim, funcionalmente, observa-
se que a motricidade voluntária é cruzada.
As vias extrapiramidais terminam direta ou indiretamente em neurônios
motores medulares. Entretanto, elas partem de diferentes territórios encefálicos,
como: trato teto-espinhal (teto do mesencéfalo), trato rubro-espinhal (nú-
cleo rubro-mesencefálico), trato vestíbulo-espinhal (núcleo vestibular), trato
retículo-espinhal (formação reticular) e trato olivo-espinhal (núcleo olivar do
bulbo).
Essas vias não se relacionam diretamente com a motricidade voluntária, mas,
de modo indireto, exercem mecanismos de controle sobre neurônios motores do sis-
tema voluntário.

CONCEITOS GERAIS
Alguns termos estão relacionados diretamente com as sensibilidades, bem como
com a motricidade. Nesse sentido, conceituam-se:
Em relação a alterações de sensibilidade:

a. anestesia: é o desaparecimento total de uma ou de mais modalidades de uma


sensibilidade, após adequada estimulação.
b. analgesia: é a perda da sensibilidade dolorosa.
c. hipoestesia: é a diminuição de sensibilidade.
d. hiperestesia: é o aumento de sensibilidade.
e. parestesia: é o aparecimento de sensações espontâneas e mal definidas, tipo
"formigamento", sem que haja prévia estimulação.
f. algia: relaciona-se à sensibilidade dolorosa em geral.
g. propriocepção consciente (ou sentido de posição): é a sensibilidade que
permite detectar partes do corpo no espaço.
141 SISTEMA NERVOSO

h. tato epicrítico (ou discriminativo): é aquele que descreve as características


táteis de um objeto (textura), sendo capaz de perceber dois pontos distintos.
, l "l f
i. tato protopático: é uma sensibilidade mais grosseira, de localização bem ge-
< i '(du} <»r
ral; não discrimina dois pontos.
< - «'.".. • -i-í
t O !,! U '. f Em relação a alterações de motricidade:
Podem ser em relação à motricidade voluntária, de tônus ou de refle-
xos. Assim:
• •
— Quanto à motricidade voluntária:
a. paresia: é quando ocorre diminuição da força muscular;
b. paralisia (ou plegia): é a ausência total de força muscular;
c. hemiparesia (ou hemiplegia): é quando ocorre perda de força muscular em
'
um hemicorpo.
— Quanto ao tônus (grau de energia muscular em estado de repouso):
a. hipertonia: é o aumento do tônus muscular;
b. hipotonia: é a diminuição do tônus muscular;
c. atonia: é a ausênica completa do tônus muscular.
— Quanto ao reflexo:

a. hiper-reflexia: é quando há aumento da resposta reflexa;
b. hiporreflexia: é quando há diminuição da-resposta reflexa;
c. arreflexia: é quando há ausência da resposta reflexa.
Ainda, consideram-se:
a. Paralisia espástica: é a perda de movimento que surge em decorrência de
lesão de neurônio motor superior (central), particularmente no trato
cortiço-espinhal. Desta maneira, segue-se atrofia muscular discreta, pois os
motoneurônios (X continuam inervando os efetores somáticos. Contudo, um
reflexo patológico é evidenciado nesses casos, ou seja, o sinal de Babinski
(flexão dorsal do hálux). Então, verificam-se sinais de hiper-reflexia acompa-
nhados de hipertomia;
b. Paralisia flácida: ela surge quando há lesão de neurônio motor inferior
(periférico). Neste caso, a lesão se instala em neurônios da coluna anterior da
medula espinhal. Assim, observa-se atrofia muscular com sinais de hiporreflexia
e hipotonia.

LESÕES MEDULARES
As lesões medulares podem ser caracterizadas levando-se em consideração a
presença de sinais relativos a:
a. componentes motores

— Na lesão de neurônio motor superior:


— em caso de acidente vascular encefálico (AVE).
sinais: paralisia espástica, hipertonia e hiper-reflexia.
SISTEMA NERVOSO 149

— Na lesão de neurônio motor inferior:


— em infecção decorrente de poliomielite,
sinais: paralisia flácida, hipotonia e hiporreflexia.

b. componentes sensitivos

- na J abes dorsalis (neurossífilis):


sinais: perda da propriocepção consciente, do trato epicrítico, da sensibilidade
vibratória e da estereognosia (do mesmo lado da lesão, por destruição da raiz medial
do neurônio sensitivo).

— na Sermgomieha:
C • • T

, ~ l 1 A
sinais: ocorre dissociação sensitiva, por degeneração da substancia cinzenta intermédia
/ l .

central e da comissura branca, a partir do canal central da medula espinhal. Ela se


manifesta por perda das sensibilidades térmica e dolorosa, com manutenção do tato
protopatico e daj pressão.

c. componentes mistos
,
— Na transecção da medula espinhal (choque espinhal):
sinais: perda da motricidade abaixo da lesão, retenção urinária e fecal, reflexos exa-
gerados, com sinal de Babinski positivo.

-— Na hemissecção da medula espinhal (síndrome de Brown-Séquard):


sinais do mesmo lado da lesão: verifica-se perda das sensibilidades vibratória, do
tato epicrítico, da propriocepção consciente e da estereognosia, acompanhada de
paralisia espástica.
Sinais do lado oposto da lesão: ocorre perda do tato protopatico, da sensibilidade
dolorosa, da pressão e da temperatura, acompanhada de paralisia espástica.

TRONCO ENCEFÁLICO
O tronco encefálico é formado anatomicamente no sentido crânio-caudal por
mesencéfalo, ponte e bulbo.
Ele se situa abaixo do diencéfalo, à frente do cerebelo, e acima da medula espi-
nhal. Esse importante segmento encefálico se continua caudalmente com a medula
espinhal. Com relação à distribuição das substâncias branca e cinzenta, a primeira é
periférica e a outra é central, pertencendo desta maneira ao sistema nervoso seg-
mentar. Contudo, a substância cinzenta está fragmentada em seu interior, não deli-
mitando uma letra "H" como visto anteriormente na medula espinhal, o que torna
difícil o estudo de suas estruturas.
Assim, verifica-se que esta substância, no tronco encefálico, constitui núcleos
próprios, núcleos de nervos cranianos (dos 12 pares de nervos cranianos, 10
desses têm suas origens real e aparente no tronco encefálico), além da formação
reticular.
Com relação à substância branca, o tronco encefálico serve como via de pas-
sagem de tratos ascendentes e descendentes, medulares, cerebelares e ce-
rebrais. Além disso, nota-se a presença de fascículos próprios.
150 SISTEMA NERVOSO

GRUPO DE NERVOS CRANIANOS


O 1.° grupo de nervos é representado por aqueles que se originam dos
somitos embrionários. Este é representado por nervos exclusivamente mo-
tores, que têm ação sobre derivados dos somitos cefálicos. Assim, ele é composto
pelos nervos oculomotor (III par), troclear (IV par) e abducente (VI par) que
derivam dos somitos pré-ópticos, tendo papel primordial na inervação dos músculos
extrínsecos do olho. Ainda, pelo nervo hipoglosso (XII) que inerva os músculos
da língua (somitos occipitais). Assim, esse grupo forma um sistema motor somá-
tico.
O 2.° grupo de nervos é formado por feixes que se originam dos arcos
branquiais. Esse grupo possui fibras sensitivas e motoras; portanto, mistas. É
constituído pelo n. trigêmio (V par — inerva os músculos da mastigação e o m.
tensor do véu palatino), n. facial (VII par — inerva os músculos da mímica e o ven-
tre posterior do m. digástico), n. glossofaríngeo (IX par -— inerva o m.
estilofaríngeo e o m. constritor superior da faringe), n. vago (X par — inerva os
músculos constritores da faringe, o m. cricotiroídeo, os músculos intrínsecos da la-
ringe) e n. acessório (XI par — inerva os músculos intrínsecos da laringe). Assim,
os sistemas somáticos deste grupo denominam-se sistema motor branquial (é
um sistema motor eferente visceral especial-E VÊ) e sistema sensitivo (que apre-
senta um componente sensitivo somático ou aferente somático geral-ASG).
Entretanto, esse grupo contém nervos que se relacionam a componentes visce-
rais (sensitivos e motores). Desta forma, se incluem mais dois outros sistemas, ou
seja, um motor, denominado sistema motor visceral ou sistema nervoso au-
tónomo ou sistema eferente visceral geral (EVG), e outro sensitivo, que é
subdividido em: sistema sensitivo visceral geral (ou aferente visceral ge-
ral-ASG), e outro sistema visceral especial (aferente visceral especial-AVE).
. O 3.° grupo de nervos é chamado de nervos dos sentidos especiais, ou
seja, formado pelos nervos olfatório (I par), óptico (II par) e vestíbulo-coclear
(VIII par), que são nervos aferentes somáticos especiais (ASE).
Os nervos olfatório e óptico independem do tronco encefálico, embora tenham
centros de integração nesse território, como nos pedúnculos cerebrais e formação
reticular para o primeiro e nos colículos superiores para o segundo. Porém, o nervo
vestíbulo-coclear constitui uma coluna somática especial, além de possuir um
centro integrador, que é o colículo inferior.

ORIGENS: REAL E APARENTE DOS NERVOS CRANIANOS


Conceitua-se origem real como o local onde estão situados os corpos dos neu-
rônios que formarão os nervos cranianos. Ao contrário, a origem aparente é onde
as raízes destes emergem.

SISTEMA NERVOSO 151

RESUMO: COMPONENTES FUNCIONAIS DOS NERVOS CRANIANOS

I par: AVE — sensibilidade olfatória.

II par: ASE — sensibilidade visual.

III par: ESG — motricidade dos músculos extrínsecos do globo ocular (exceto para
os músculos oblíquo superior e reto lateral).
EVG — fibras parassimpáticas destinadas aos músculos intrínsecos do olho
(músculos ciliar e esfíncter da pupila).

IV par: ESG — para motricidade de músculo extrínseco do olho (m. obliquo superior).

V par: ASG — sensibilidade geral da cabeça e propriocepção de músculos da


mastigação e também para os alvéolos dentários.
E VÊ — motricidade para músculos da mastigação e para o m. tensor do véu
palatino.

VI par: ESG — motricidade de músculo extrínseco do olho (m. reto lateral).

VII par: ASG — sensibilidade geral de parte do pavilhão auditivo.


AVG — sensibilidade visceral de parte da cavidade nasal e palato (nervo
intermédio) .
AVE — sensibilidade gustativa (dois terços anteriores da língua) .
EVG — fibras parassimpáticas para glândulas lacrimal e salivares
(submandibular e sublingual — nervo intermédio).
EVE — motricidade para os músculos da mímica.

VIII par: ASG — sensibilidade especial (parte coclear — audição) e propriocepção


especial (parte vestibular — equilíbrio).

IX par: ASG — sensibilidade geral de parte do pavilhão auditivo.


AVG — sensibilidade visceral do terço posterior da língua e da faringe.
AVE — sensibilidade gustativa do terço posterior da língua.
EVG — fibras parassimpáticas para a glândula parótida.
EVE — motricidade de músculos branquiais e para os músculos estilo-
faríngeo e constritor superior da faringe.

X par: ASG — sensibilidade geral de parte do pavilhão auditivo.


AVG — sensibilidade visceral relacionada com vísceras abdominais e
torácicas, especialmente para a faringe e laringe.
AVE — sensibilidade gustativa da face anterior da epiglote.
EVG — fibras parassimpáticas para glândulas (vísceras abdominais e
torácicas), músculo cardíaco, músculos lisos das vísceras abdominais e
torácicas, até a flexura cólica esquerda (esplénica).
EVE — motricidade de músculos branquiais do véu palatino, faringe e laringe.

XI par: EVG — fibras parassimpáticas que se distribuem juntamente com o n. vago.


EVE — fibras de origem bulbar que se distribuem com o n. vago para a
musculatura branquial da faringe e da laringe; além de fibras de origem
espinhal que se destinam à musculatura do grupamento rotador da cabeça
(músculos trapézio e esternocleidomastóide) .

XII par: ESG — fibras para a musculatura da língua.


152 SISTEMA NERVOSO

NÚCLEOS PRÓPRIOS DO TRONCO ENCEFÁLICO


Núcleos do Mesencéfalo
a. núcleo do colículo inferior: relacionado com a via auditiva, recebe fibras
do lemnisco lateral, enviando-as para o corpo geniculado medial por meio do
braço deste mesmo colículo. Então, essas seguem para o córtex cerebral;
b. substância negra: núcleo rico em neurônios dopaminérgicos que são funda-
mentais para a ativação do corpo estriado dorsal, determinando funções moto-
ras extrapiramidais;
c. núcleo rubro: significativo na ativação do sistema extrapiramidal, mantém
relações principalmente com o tálamo, com o córtex cerebral, com a formação
reticular e com a medula espinhal.

Núcleos da Ponte
a. núcleos pontinos: em posição ventral, possuem fibras de orientação trans-
versal, que cruzam o plano sagital mediano e, posteriormente, penetram pelos
pedúnculos cerebelares (médios) para o interior do cerebelo, formando um eixo
cortiço - cer ebelar;
b. núcleos do corpo trapezóide: compostos por fibras que formam o lemnisco
lateral. Suas fibras transversais tomam direção ascendente, formando a via au-
ditiva;
c. núcleo olivar superior: tem conexões com os núcleos motores branquiais do V
e VII pares, e também participa do mecanismo reflexo de proteção a sons agudos.

Núcleos do Bulbo
a. núcleos grácil e cuneiforme: são constituídos por neurônios provenientes
do funículo posterior da medula espinhal;
b. núcleo cuneiforme acessório: está relacionado à propriocepção inconsci-
ente do membro superior e do pescoço, projetando fibras para o cerebelo pelo
pedúnculo cerebelar inferior;
c. complexo olivar inferior: seus principais componentes são o núcleo olivar
inferior, o núcleo principal e os núcleos clivares acessórios (dorsal e medial).
Esse complexo participa da ativação cerebelar.

PRINCIPAIS VIAS ASCENDENTES DO TRONCO ENCEFÁLICO


a. tratos espino-talâmicos: são denominados também lemniscos espinhais, e
suas fibras se fundem a partir da ponte até atingirem o tálamo;
b. tratos espino-cerebelares: o trato anterior (ou cruzado) ocupa posição la-
teral até o mesencéfalb. A partir daí, cruza o lado oposto antes de penetrar no
cerebelo; porém, o trato posterior (ou direto) penetra no cerebelo por meio
do pedúnculo cerebelar inferior;
c. fascículos grácil e cuneiforme: possuem direção ascendente posterior, ter-
minando em núcleos pontinos de mesmos nomes;
SISTEMA NERVOSO 153

d. fibras arqueadas internas e lemnisco medial: os axônios dos fascículos


grácil e cuneiíbrme arqueiam-se em direção ascendente, cruzam o plano sa-
gital mediano, formando, assim, o lemnisco medial. Este, por sua vez, vai até
o tálamo;
e. lemnisco trigeminal: é oriundo de núcleos sensitivos, sendo fibras
exteroceptivas do n. trigêmeo. O lemnisco ventral junta-se ao lemnisco medi-
al, e ambos, posteriormente, ao lemnisco dorsal;
f. lemnisco lateral: suas fibras são provenientes dos núcleos cocleares, e a maio-
ria delas cruza o plano mediano, constituindo o corpo trapezóide, que toma
direção ascendente lateral, indo até o colículo inferior;
g. pedúnculo cerebelar superior: é formado por fibras que saem do cerebelo e
seguem para o núcleo rubro e para o tálamo, cruzando em nível mesencefálico;
h. braços dos colículos: são compostos por fibras dos dois colículos (superior e
inferior), e estas se dirigem para os corpos geniculados lateral e medial;
i. trato mesencefálico do trigêmeo: é composto por prolongamentos peri-
féricos de neurônios proprioceptivos, os quais percorrem um curto trajeto ver-
tical pelo mesencéfalo.

PRINCIPAIS VIAS DESCENDENTES DO TRONCO ENCEFÁLICO

mente o plano sagital mediano em nível bulbar (decussação das pirâmides);


b. trato córtico-nuclear: tem a mesma origem, porém termina em diversos
núcleos motores somáticos dos nervos cranianos;
. trato córtico-pontino: suas fibras são provenientes do córtex das regiões
frontal, temporal, parietal e occipital. Tem trajeto descendente, e seus axônios
terminam em núcleos pontinos formando a via córtico-ponto-cerebelar;
d. trato tecto-espinhal: tem origem no mesencéfalo, cruza o plano sagital medi-
\. trato córtico-espinhal: constituído
ano e, a seguir, toma por fibras corticais que cruzam obliqua-
direção descendente;
e. trato rubro-espinhal: origina-se no núcleo rubro, também cruza o plano
j sagital mediano com trajeto descendente;
f. tratos retículo-espinhais: têm origem na formação reticular, tomando tra-
jeto descendente;
g. tratos veptíbulo-espinhais: suas fibras partem de núcleos vestibulares e a
seguir tarríbém tomam direção descendente;
h. trato espinhal do nervo trigêmeo: é formado por fibras sensitivas do n. trigêmeo
que tomam trajeto descendente até atingirem o núcleo do trato espinhal do n. trigêmeo;
i. trato solitário: formado por fibras dos nervos facial, glossofaríngeo e vago (VII,
IX e X pares). Esse núcleo, posteriormente, envia fibras que seguem em dire-
ção descendente.

TRATOS DE ASSOCIAÇÃO DO TRONCO ENCEFÁLICO


a. fascículo longitudinal central: ele estimula ativamente a formação reticu-
. lar, relacionando-se principalmente com os núcleos rubro, olivar inferior, subs-
tância negra, entre outros;
154 SISTEMA NERVOSO

b. fascículo longitudinal medial: tem por função integrar núcleos de nervos


cranianos, especificamente aqueles relacionados com a coordenação do globo
ocular (III, IV e VI pares) e com a cabeça (XI par). Suas fibras recebem informa-
ções da posição da cabeça em relação ao espaço (VIII par — porção vestibular);
c. fascículo longitudinal dorsal: está relacionado com núcleos motores vis-
cerais gerais e com a via hipotalâmica.

FORMAÇÃO RETICULAR
É uma formação encefálica muito antiga. Ela ocupa todas as regiões do tronco
encefálico que não estão preenchidas por tratos, fascículos e núcleos. A mesma é he-
terogenia, apresentando uma complexa organização estrutural, ultra-estrutural, bio-
química e funcional.
Os neurônios da formação reticular possuem diferentes aspectos morfológicos, e
suas fibras tomam trajeto ascendente e descendente, desde regiões altas cervicais me-
dulares até o diencéfalo. Este agregado neuronal possui importantes núcleos que são:

a. núcleos da rafe: situados na linha mediana do bulbo e da ponte, são em número


de 8 (4 à direita e 4 à esquerda do plano sagital mediano) e ricos em serotonina;
b. núcleo do locus ceruleus: está situado no assoalho do IV ventrículo, constitu-
ído por células que sintetizam noradrenalina;
c. substância cinzenta periaquedutal: formada por células que se distribu-
em junto ao aqueduto cerebral;
d. área tegumentar ventral: composta por neurônios dopaminérgicos.

A formação reticular ocupa 2/3 mediais do tronco encefálico, sendo formada


por uma zona magnocelular, que contém axônios longos ascendentes e descenden-
tes. O restante de l /3 ocupa posição lateral, e seus axônios são do tipo excitatório.
Essas estruturas exercem ações em várias áreas do sistema nervoso, por meio
de conexões com o cérebro, com o cerebelo, com a medula espinhal e com
os núcleos de nervos cranianos. Esta última irá constituir as vias extralemniscais
que não se relacionam a impulsos específicos de qualquer modalidade sensorial. Con-
tudo, a via lemniscal é formada por fibras específicas sensoriais (relacionadas com
visão, audição e tato). Porém, deve-se ainda se associar a formação reticular com
as funções de: ativação do córtex cerebral (pelo SARA — sistema ativador
reticular ascendente), manutenção e ativação dos estados de sono e de vigí-
lia, regulação de motoneurônios ot, bem como integração de reflexos
(centro vasomotor, centro do vómito e centro respiratório).

SONO E VIGÍLIA
Por meio de fibras extratalâmicas, o SARA (sistema ativador reticular ascen-
dente) atinge o córtex cerebral, atívando-o. Ao contrário, observa-se o estado de sono.
Esta fase se caracteriza por dois períodos típicos, o de sono paradoxal, que é aque-
le em que se constatam movimentos do globo ocular (fase M.O.R.) e estados de so-
nhos mantidos pelo locus ceruleus. Todavia, o outro período é o de sono ortodoxo
(fase R.E.M.) em que se verifica uni estado de profundo sono.
SISTEMA NERVOSO 155

RESUMO DOS PRINCIPAIS REFLEXOS INTEGRADOS DA FORMAÇÃO RETICULAR

l. Centro vasomotor
Centro +-HIPOTÃLAMO
vasomotor
i
EMOÇÕES

l
CENTRO DO VÓMITO

<£&
;.<*<>*
a. carótida interna sistema parassimpático sistema simpático

l
(vasoconstrição)

determina um aumento na pressão arterial

2. CENTRO DO VOMITO

CENTRO DO VOMITO

l", núcleo do trato solitário 2? núcleo dorsal do vago 3? n, esplâncnico 4? n. frênico 5? nn. tóraco-abdominais

1° estômago

2°. abertura do cárdia

3° fechamento do piloro

4? contração do m. diafragma 6° n. hipoglosso

S? contração de parede e aumento da pressão

6? protrusão da língua

-
156 SISTEMA NERVOSO

3. CENTRO RESPIRATÓRIO
CONTROLE VOLUNTÁRIO
(Área 4 de Brodmann)

HIPOTALAMO

EMOÇÃO

Teor de CO2 Formação reticular


no sangue t
PULMÕES CENTRO RESPIRATÓRIO

MEDULA ESPINHAL
(CERVICAL)

m. diafragma MEDULA ESPINHAL


(TORÁCICA)

mm. intercostais

PRINCIPAIS REFLEXOS INTEGRADOS NO TRONCO ENCEFÁLICO

REFLEXO CORNEOPALPEBRAL

A e B = são núcleos sensitivos principais e dos tratos espinhais do n. trigêmeo


X = núcleos motores do n. facial

Córneas

n. oftálmico

VII par VII par


l !
Fechamento do olho direito Fechamento do olho esquerdo
SISTEMA 157

REFLEXO MANDIBULAR

Percussão do mento

4
Fuso neuromuscular (mm. da mastigação)

l
Núcleo do trato mesencefálico do n. trigêmeo

l
Núcleos motor do n. trigêmeo

l
Contração (fechamento brusco da boca)

REFLEXO LACRIMAL

n. oftálmico

núcleo sensitivo principal núcleo do trato espinhal

núcleo lacrimal (VII)

i
n.petroso maior (ramo do nervo intermédio)

glândula lacrimal
158 SISTEMA NERVOSO

REFLEXO DE PISCAR

Retina

n. óptico, trato óptico e braço do colículo


l

núcleo do n. facial

m. orbicular do olho (porção palpebral)

ESTÍMULO MUITO INTENSO

- PISCAR
MEDULA ESPINHAL (trato teto-espinhal)

l
Movimento reflexo da mão (proteção)

REFLEXO FOTOMOTOR

Retina

l
n, óptico (quiasma e trato óptico)

mesencéfalo (área pré-tectal — núcleo de Edinger-Westphal)


(pelo braço do colículo superior)

III par

l
m. esfmcter da pupila
SISTEMA NERVOSO ISf

REFLEXO CONSENSUAL

'
Luz

I
Retina

I
n. óptico e quiasma óptico

1
Núcleo de Edinger-Westphal

Comissura posterior
1
- 1
Contração da pupila do lado oposto ao estimulado

REFLEXO DE MOVIMENTO DOS OLHOS POR ESTÍMULOS VESTIBULARES

ORELHA INTERNA

Endolinfa (deslocamento dos cílios)

i
VIII par (parte vestibular)

l
Núcleos vestibulares

III IV VI

Movimento dos olhos em sentido contrário ao da cabeça


160 SISTEMA NERVOSO

CEREBELO
O cerebelo é um órgão do sistema nervoso central situado na fossa craniana
posterior, posteriormente ao tronco encefálico. Ele pertence ao sistema nervoso su-
pra-segmentar, pois a substância branca (centro branco cerebelar) é central, ao passo
^^^^^y que a cinzenta (córtex cerebelar) é periférica, sendo esta última denominada córtex
cerebelar. No interior da substância branca cerebelar, encontram-se quatro pares
de núcleos que são chamados de:

Denteado
í Emboliforme (*)
(*) Compõem o núcleo interpósito.
JGloboso (*)
Fastigial

Quanto à estrutura, o cerebelo apresenta uma porção central (verme


cerebelar) e dois hemisférios cerebelares, direito e esquerdo.
O verme do cerebelo é composto por nove segmentos, que em corte sagital
assumem o aspecto de "folhas de uma árvore". Isso não significa dizer que existem
nove folhas no verme cerebelar. Esses componentes, exceto o primeiro e o último
(súpero-inferiormente), possuem correspondentes morfológicos em ambos os hemis-
férios cerebelares, ou seja:

VERME CORRESPONDENTES HEMISFÉRICOS


1. língula não tem correspondente
2. lóbulo central asa do lóbulo central
3. cúlmen lóbulo quadrangular anterior
4. declive lóbulo quadrangular posterior
5. fólium lóbulo semilunar superior
6. túber lóbulo semilunar inferior
7. pirâmide lóbulo biventre
8. úvula tonsila
9. nódulo não tem correspondente

Ainda, um segmento cerebelar, o flóculo, une-se ao verme por um pedí-


culo. Sendo assim, ele não pertence nem ao verme, nem aos hemisférios
cerebelares.

Divisão Anatómica do Cerebelo


Anatomicamente, o cerebelo é formado por um corpo, que é constituído por
lobos (anterior e posterior), além de um lobo flóculo-nodular. Baseando-se
na ontogênese cerebelar, sabe-se que a primeira fissura a surgir no cerebelo é a
póstero-lateral, seguida da fissura horizontal. Por meio destas, é possível se
identificarem três unidades cerebelares, os lobos. Observa-se ainda que as demais
fissuras separam cada um dos componentes do verme de seus correspondentes anató-
micos hemisféricos.
SISTEMA NERVOSO 161

LOBO FLÓCULO-NODULAÍM Nódulo e flóculo

—•—•—
,•»-
f língula não
fissura pré-central
C LOBO
lóbulo central asa do lóbulo central
ANTERIOR
fissura pré-culminar
R
cúlmem lóbulo quadrangular anterior
P , v..

O
[ —,— _. .
i :>- Fissura 1prima
D U- '

f
declive - lóbulo quadrangular posterior
° 1
C \ fissura pós-clival
fólium - lóbulo semilunar superior
R
fissura horizontal
E LOBO y
B POSTERIOR \r " lóbulo semilunar inferior
E fissura pré-piramidal
L pirâmide - lóbulo biventre
O
fissura pós-piramidal
, úvula - tonsila
V

Neuronios Cerebelares
Para se compreenderem as bases de funcionamento cerebelar, é preciso se ob-
servar antes a morfologia das células neuronais, bem como seus componentes funci-
onais.
O córtex do cerebelo é composto por três camadas celulares, que são chama-
das de molecular, granular e de Purkinje. A camada molecular é composta
por neuronios que têm orientação horizontal. Eles são conhecidos por células "em
cesto". Por outro lado, a camada granular é formada por neuronios que apresen-
tam axônios ascendentes, os quais terminam em sinapses com o corpo celular do neu-
rônio que compõe a camada molecular. Já a camada de Purkinje é constituída por
neuronios que têm orientação vertical e se articulam por meio de sinapses com os
ramos colaterais dos neuronios da camada molecular, e, posteriormente, suas fibras
se reúnem em um núcleo central do cerebelo. Assim, esses neuronios irão realizar
circuitos sinápticos entre si, formando uma rede neuronal contínua até atingirem os
centros integradores cerebelares, ou seja, os núcleos cerebelares. Desta maneira, as
fibras aferentes penetrarão no centro branco do cerebelo até estabelecerem sinapses
com os neuronios granulares, e estes, por sua vez, com os moleculares, bem como
com os de Purkinje. Estes últimos chegarão aos núcleos correspondentes ao arqui-,
paleo- e neocerebelo. Destes núcleos, partirão fibras efcrentes cerebelares até as
regiões efetoras correspondentes.
Desse modo, a base de funcionamento neuronal cerebelar pode ser as-
sim resumida:
162 SISTEMA NERVOSO

conexão aferente c=> camada granular r=> camada molecular >=> camada de Purkinje

.
fibras musgosas e trepadeiras núcleos centrais
do cerebelo

conexão eferente

Filogênese Cerebelar
O cerebelo é um órgão encefálico muito antigo. Ele surge primeiro nos
ciclóstomos (Arquiçerebelo: cerebelo de l .a fase ou cerebelo vestibular) para
dar ao animal equilíbrio. Posteriormente, se instala nos peixes (Paleocerebelo:
cerebelo de 2." fase ou cerebelo espinhal), permitindo a regulação adequada
do tônus e da postura, e, por último, se estabelece nos mamíferos, cuja função é
promover a coordenação motora (Neocerebelo: cerebelo de 3." fase ou cere-
belo cortical). Assim, essas estruturas se estabilizam nos mamíferos superiores, em
que se verifica a presença de arquicerebelo, paleocerebelo e neocerebelo.
Contudo, ao contrário do que possa sugerir, o cerebelo é formado de três lobos
anatómicos, que não correspondem essencialmente a essas três funções. Assim, é
preciso se conhecer quais são as estruturas cerebelares envolvidas em cada proprie-
dade funcional.

Divisão e Componentes Funcionais do Cerebelo


O cerebelo funcionalmente está dividido em:

Arquicerebelo
a. função: de manutenção do equilíbrio e da postura;
b. composição: lobo fióculo-nodular e núcleo fastigial;
c. conexão aferente: fibra vestíbulo-cerebelar;
d. conexão eferente: fibra fastígio-vestíbular e fibra vestíbulo-espinhal;
e. lesões: relacionam-se com a perda de equilíbrio.

Paleocerebelo
a. função: de controle do tônus muscular;
. b. composição: lobo anterior e correspondentes do lobo posterior (pirâmide e
úvula) e núcleo interpósito;
c. conexão aferente: fibras espino-cerebelares (anterior e posterior);
i - d. conexão eferente: fibras interpósito-paleorrúbrica e fibras rubro-espinhais;
e. lesões: hipertonia da musculatura extensora.
SISTEMA NERVOSO 163

Neocerebelo
a. função: coordenação motora;
b. composição: lobo posterior (exceto pirâmide e úvula) e núcleo denteado;
c. conexão aferente: fibra córtico-ponto-cerebelar;
• d. conexão eferente: fibras dento-neorrubro-tálamo-corticais;
e. lesões: incoordenação motora.
Algumas alterações funcionais podem ser observadas nas lesões do neocerebelo,
estando relacionadas à incoordenação motora, verificando-se dismetria (erro de
alvo), rechaço, disdiadococinesia (incapacidade de executar movimentos contí-
nuos e alternados), tremor (quando se realizam movimentos delicados) e nistag-
mo (presença de movimentos rítmicos e oscilatórios do globo ocular). Deste modo,
o cerebelo executa o controle dos movimentos, envolvendo etapas de planeja-
mento e de execução dos mesmos, por meio de delicadas correções.

DIENCEFALO
O diencéfalo é uma região cerebral ímpar e mediana que fica completamente
envolvida pelos lobos do telencéfalo. Esse local tem origem no prosencéfalo, situan-
do-se a partir da embriogênese na fossa craniana média, abaixo do telencéfalo e acima
do mesencéfalo.
1
Esta área anatomicamente é subdividida em quatro territórios, que são deno-
minados regiões do tálamo, hipotálamo, epitálamo e subtálamo.
-
TÁLAMO •
O tálamo ocupa posição central no diencéfalo. É um órgão par, de aspecto ligei-
ramente ovóide, em sentido ântero-posterior. Sua extremidade anterior apresenta um
tubérculo anterior, ao passo que a posterior é mais dilatada, e forma o pulvinar
do tálamo. Sua face medial possui uma aderência intertalâmica; além disso, cons-
titui as paredes laterais do III ventrículo. Sua face lateral é convexa e se relaciona com
estruturas telencefálicas que são o núcleo caudado e a cápsula interna. E, por úl-
timo, a face inferior se relaciona com o mesencéfalo, por meio do pedúnculo cerebral.
Cada órgão talâmico se encontra dividido internamente em cinco sub-regiões
menores, que são:
a. região anterior;
b. região posterior;
c. região mediana;
d. região lateral;
e. região medial.
Essas regiões são compostas por massas de substâncias cinzentas representadas
por núcleos. Os núcleos talâmicos são:
a. região anterior:
— núcleo anterior—tem função integradora junto ao circuito de Papez, exer-
cendo, portanto, ações relacionadas com o comportamento emocional.
164 SISTEMA NERVOSO

b. região posterior — compreende três núcleos:

— pulvinar do tálamo — tem conexões com os giros angular e


'
supramarginal;
— corpo geniculado medial — está envolvido com a via auditiva;
— corpo geniculado lateral — mantém relações com a via óptica.

c. região mediana;
,
— relaciona-se com funções do controle vegetativo visceral.

d. região lateral:

— núcleo ventral anterior (N.V.A.) — tem funções associadas à motrici-


dade somática;
— núcleo ventral lateral (N.V.L.) — está relacionado com o cerebelo
(neocerebelo);
— núcleo ventral póstero-lateral (N.V.P.L.) — é um relê das vias sensi-
tivas;
— núcleo ventral póstero-medial (N.V.P.M.) — associa-se às áreas
somestésica e gustativa no giro pós-central;
— núcleo reticular (N.R.) — provavelmente esteja relacionado com con-
trole dos núcleos talâmicos.

e. região medial: relaciona-se com funções da área pré-frontal e participa junta-


mente com a formação reticular da ativação do córtex cerebral.

Os núcleos talâmicos são do tipo específicos (relacionados com áreas cor-


ticais somestésicas, exceto para o olfato) e inespecíficos (envolvidos na ativação
indireta cortical). Desta maneira, o tálamo participa da retransmissão, integração,
modificação e até interpretação das sensibilidades, menos a do olfato. Ainda, ele es-
tabelece conexão com áreas representantes dos comportamentos motor e emo-
cional, e, indiretamente, com a ativação cortical.

HIPOTALAMO
O hipotálamo é uma região situada abaixo e à frente do sulco hipotalâmico.
Ela compreende três sub-regiões, a saber:

a. região supra-óptica:

— hipotálamo supra-óptico: formado pelos núcleos supra-óptico e


núcleo paraventricular.

b. região tuberal:

— hipotálamo tuberal: formado pelos núcleos ventro-medial, dorso-


medial e tuberal.

c. região mamilar:

— hipotálamo mamilar: formado pelos núcleos mamilar e posterior.


SISTEMA NERVOSO 165

A região hipotalâmica realiza importantes funções no comando visceral, ou seja,


ela controla o sistema nervoso autónomo (hipotálamo anterior = parassimpá-
1 / 1 / i t- < i i / / i
tico e hipotálamo posterior = simpático), regula a lome e a saciedade (núcleo
ventro-medial = centro da saciedade, e núcleo tuberal = centro da fome), regula a
temperatura corpórea (hipotálamo anterior = centro da perda de calor, e hipo-
tálamo posterior = centro da conservação de calor), atua sobre o comportamento
emocional e produz hormônios (ADH — antidiurético e ocitocina), além de sin-
tetizar fatores liberadores da adeno-hipófise. Seus principais componentes
são os corpos mamilares, quiasma óptico, túber cinéreo, infundíbulo e
hipófise.

EPITÁLAMO
Essa região localiza-se acima do sulco hipotalâmico, posteriormente ao tálamo.
É formada por estruturas endócrinas (glândula pineal) e não endócrinas (nú-
cleo das habênulas, comissura das habênulas, estrias medulares e comis-
sura posterior).
A glândula pineal é muito vascularizada, e seu principal hormônio é a mela-
, • j •
tonina. Ainda, se relaciona a pineal à função antigonadotrópica, pois estimula
períodos de amadurecimento gonadal, agindo na regulação dos ritmos circadi-
anos.

SUBTALAMO
^
Compreende uma zona de transição interna entre o mesencéfalo inferior-
mente e o tálamo superiormente. Sabe-se que estruturas de regiões vizinhas, como
o núcleo rubro e a substância negra, enviam projeções até essa área. Essa região
é composta por uma formação reticular subtalâmica (zona incerta) e um nú-
cleo subtalâmico (substância própria do subtálamo). Esse núcleo é importante na
regulação da motricidade somática, participando do circuito subsidiário
cerebral (pálido—subtalâmico—palidal). Também se reconhece que lesões aí instala-
das repercutem na síndrome do hemibalismo.
r

SiSTEMA NERVOSO AUTÓNOMO


O sistema nervoso autónomo é considerado como a porção eferente
visceral do sistema nervoso. Contudo, fibras aferentes viscerais também fazem
parte desse sistema, como, por exemplo, se verifica naquelas do seio carotídeo que
detectam variações de pressão arterial, levando impulsos que são inconscientes. Des-
ta maneira, ele é formado por componentes simpáticos e parassimpáticos.

SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO


E composto por neurônios que estão localizados nas regiões tóraco-lombares
da medula espinhal. Seus axônios pré-ganglionares são curtos e os pós-ganglionares,
longos. Os primeiros liberam acetilcolina e os outros, noradrenalina.
166 SISTEMA NERVOSO

SISTEMA NERVOSO PARASSIMPATICO


E formado por neurônios que estão localizados no tronco encefálico, os quais
participam de alguns núcleos de nervos cranianos e, ainda, distribuem-se ao longo do
corno (ou coluna) lateral da medula espinhal entre os níveis de Tl-Tl 2, de L1-L2 e
de S2-S4. Com relação aos axônios, as fibras pré-ganglionares são longas, ao passo
que as pós-ganglionares são curtas. As primeiras possuem bainhas de mielina e de
neurilema, e as demais apenas bainhas de neurilema. Ainda, as fibras pré- e pós-gan-
oglionares são acetilcolinérgicas.

TELENCEFALO
O telencéfalo juntamente com o diencéfalo constitui o cérebro. Este ór-
gão é composto de dois hemisférios (laterais direito e esquerdo), estando ambos
unidos pelo corpo caloso. Cada hemisfério é organizado em unidades anátomo-fun-
cionais, os lobos. Esses mantêm relações topográficas com o esqueleto cefálico, sen-
do possível se reconhecerem quatro destas formações que são denomidas lobos fron-
• tal, occipital, parietal e temporal. Porém, um quinto lobo, situado na face in-
terna do sulco lateral, não se relacionando, portanto, com os ossos do crânio, é cha-
mado de lobo da ínsula.
No interior do telencéfalo, diferentes arranjos estruturais, ultra-estruturais e
bioquímicos compõem os lóbulos ou giros. Assim, o aspecto macroscópico do te-
lencéfalo é nitidamente marcado pela presença de circunvoluções (giros, lóbulos,
sulcos e fissuras).
O telencéfalo primariamente se relaciona com funções psíquicas superio-
res (abstração, lógica, raciocínio, entre outras), com o comando e controle de
vários comportamentos motores, com a recepção e interpretação de fe-
nómenos sensoriais, além de gerenciar e integrar os demais sistemas
corpóreos.

ESTUDO DA SUBSTANCIA BRANCA


A substância branca do telencéfalo é denominada centro branco medular (cen-
tro oval). Ela é formada por feixes de axônios mielinizados que se organizam em:

a. fibras de projeção: são responsáveis por conectarem áreas corticais a áreas


subcorticais. Por exemplo: o fórnix, que liga o hipocampo aos núcleos
mamilares do hipotálamo (circuito de Papez), e a cápsula interna, que dá
passagem à maioria das fibras que saem do córtex cerebral ou do tálamo, ou que
entram neles (radiação talâmica).
b. fibras de associação: quando elas unem áreas corticais. Podem ser de dois
tipos:
b.l. fibras de associação intra-hemisféricas: quando ligam áreas corti-
cais do mesmo hemisfério cerebral. Elas podem ser curtas ou longas. As
fibras curtas constituirão as chamadas fibras arqueadas do cérebro ou
fibras em "U", que irão conectar áreas vizinhas. Contudo, as fibras lon-
gas unem áreas distantes, como, por exemplo, o fascículo do cíngulo,
SISTEMA NERVOSO 167

que liga o lobo temporal ao lobo parietal; o fascículo longitudinal


inferior, que estabelece a conexão entre os lobos occipital e temporal; o
fascículo longitudinal superior ou arqueado, que conecta os lo-
bos frontal, parietal e occipital através da face súpero-lateral do hemisfé-
rio; e o fascículo unciforme, que une o lobo frontal ao temporal, pas-
..
sando pelo sulco lateral.
b.2. fibras inter-hemisféricas: são responsáveis por unirem áreas corticais
de hemisférios opostos. São denominadas fibras comissurais. Exemplos:

— comissura do fórnix: liga os dois hipocampos;


— comissura anterior: conecta os bulbos olfatórios correspondentes;
— corpo caloso: liga áreas corticais opostas, menos o lobo temporal.

Dentro da substância branca, além de fibras mielinizadas verifica-se a presença


de núcleos. Esses núcleos são conhecidos como núcleos da base. São eles:

a. claustrum = função pouco esclarecida;


b. corpo amigdalóide — relaciona-se com os comportamentos de agressivida-
de, ansiedade, depressão e com o comportamento sexual.
c. núcleo caudado
d. putâmen (*)
Formam o corpo estriado dorsal (striatum) que
se relaciona com o planejamento motor e com a exe-
cução do movimento (motricidade somática).
e. globo pálido (*)
(*) Compõem o núcleo lentiforme.

Formam o corpo estriado ventral que está


f. núcleo de Meynert
relacionado com o comportamento
g. núcleo accumbens
emocional.

O globo pálido pertence ao sistema extrapiramidal, sendo responsável


pela motricidade automática (controle de movimentos automáticos). Já o
núcleo accumbens estabelece conexões com áreas do sistema límbico para
regulação do comportamento emocional, o que também se nota para o nú-
cleo de Meynert.

ESTUDO DA SUBSTÂNCIA CINZENTA


A substância cinzenta é composta por camadas heterogéneas de corpos neuro-
nais, células neurogliais e fibras axonais. Embora estruturalmente muito complexos,
podem-se distinguir dois córtex citoarquiteturais, o isocórtex (neocórtex — na
grande maioria das áreas corticais), que apresenta, da superfície para a profundidade,
as seguintes camadas: I (camada molecular), II (camada granular externa), III (ca-
mada piramidal externa), IV (camada granular interna), V (camada piramidal inter-
na) e VI (camada de células fusiformes). O halocórtex não apresenta todas essas
camadas, sendo um córtex muito antigo (arquiocórtex e paleocórtex); portan-
to, é descrito como um isocórtex heterotípico.
168 SISTEMA NERVOSO

O isocórtex granular responde por áreas da sensibilidade; ao contrário, o


agranular, por locais relacionados com a motricidade.

CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DO CÓRTEX CEREBRAL


Ao longo dessas últimas décadas, vários foram os trabalhos publicados no senti-
do de se enfocarem as funções do córtex cerebral. Embora muitos avanços tenham
sido realizados, ainda se está longe da completa elucidação. Porém, é possível se reco-
nhecerem:
,
a. áreas de projeção: são aquelas que se relacionam diretamente com uma fun-
ção motora ou sensitiva. São chamadas de áreas primárias. Assim, elas se
, subdividem em:

— áreas de projecoes primárias sensitivas;


— áreas de prój ecoes primárias motoras.
b. áreas de associação: são aquelas que não se relacionam diretamente com uma
modalidade sensorial ou motora. Elas se classificam em:

— áreas secundárias ou unimodais, que podem ser:


- áreas de proj ecoes secundárias sensitivas;
— áreas de prój ecoes secundárias motoras;
' — áreas de associação terciária: são reconhecidas como as áreas
supramodais, pois não estão ligadas a nenhuma função sensorial. Elas
. respondem por estratégias comportamentais e estão envolvidas principal-
mente com as interpretações (gnosia).
,
De acordo com Brodmann, observe a relação de algumas das principais áreas
telencefálicas:

Áreas Primárias (Unimodais)


ÁREAS DE PROJECOES SENSITIVAS
— somestésica primária — giro pós-central (3, 2, 1) t-—
— área visual — sulco calcarino (17) \^
— área auditiva = giro temporal (41) v
— área vestibular = lobo parietal V
— área olfatória — parte anterior do úncus e giro para-hipocampal
— área gustativa — parte inferior do giro pós-central (43)

ÁREAS DE PROJECOES MOTORAS


! - área motora primária = giro pré-central (4)
- área pré-motora — lobo frontal (6) \ área oculocefalicogírica = motor ocular (8)

- área supressora = 45
SISTEMA NERVOSO 169

Áreas Secundárias (Unimodais)


ÁREAS DE ASSOCIAÇÕES SENSITIVAS
— área somestésica secundária — 5 e 7
— área visual secundária = 18, 19, 20, 21 e 37 (psicovisual)
— área auditiva secundária = 2 2 (psicoauditiva)

ÁREAS DE ASSOCIAÇÕES MOTORAS


— área suplementar = 6
— área pré-motora = face lateral do hemisfério frontal
- área de Broca = 44 e 45 (giro frontal inferior)

Áreas Terciárias (Supramodais)


— Área pré-frontal
— Área têmporo-parietal

Estas áreas se relacionam com o controle emocional, com as estratégias


de comportamento, com a manutenção da atenção, com o esquema corpo-
ral, com a linguagem falada (área dê Broca), com a linguagem escrita (área de
Wernicke), com a memória e a gnosia (interpretações).

CIRCUITOS CEREBRAIS: MOTOR BÁSICO E SUBSIDIÁRIO


O circuito básico cerebral se inicia no córtex cerebral, segue por fibras córtico-
estriatais até o corpo estriado dorsal. Neste local, integra conexões com o globo pá-
lido e daí para o tálamo (fibras pálido-talâmicas). Chegam, então, impulsos aos nú-
cleos ventrais anterior e lateral (N. V. A. e N. V.L.) do tálamo. A seguir, por meio de
um circuito em alça (fibras córtico-estriado-tálamo-corticais), segue até o córtex ce-
rebral, onde termina. O circuito subsidiário tem início no circuito básico, junto ao
globo pálido. No entanto, duas estruturas, uma diencefálica e outra mesencefálica,
completam as conexões. Assim, as fibras pálido-subtálamo-palidal e nigro-estriato-
nigral representam essas conexões, respectivamente. Os neurônios gabaérgicos do
circuito subsidiário influenciam os do básico (glutamato excitador), regulando, as-
sim, a motricidade somática.

PRINCIPAIS LESÕES
— Doença de Parkinson: é caracterizada por uma síndrome extrapiramidal.
Ocorre déficit de dopamina nas fibras nigro-estriatais, cessando assim a ação
moduladora sobre o circuito básico, gerando tremores de início de movimento.
Os sintomas relacionados geralmente são ahipertonia, a oligocinesia e o tremor.
— Doença de Alzheimer (demência senil precoce): é caracterizada por apre-
sentar degeneração dos neurônios do núcleo basal de Meyenert; portanto, com
depleção de acetilcolina cortical cerebral. Há uma perda progressiva da me-
mória e do raciocínio abstrato. Em fases mais avançadas, ocorre incapacidade
170 SISTEMA NERVOSO

do paciente em reconhecer pessoas mais íntimas, e total deterioração das fun-


ções psíquicas.
— Coreia (síndrome extrapiramidal): ocorre liberação de movimentos com
padrão involuntário, rápido e de grande amplitude.
— Atetose (síndrome extrapiramidal): caracteriza-se por movimentos lentos e
sinuosos, especialmente nos antebraços e nas mãos.
— Hemibalismo (síndrome extrapiramidal): há um exagero de uma das extre-
midades em realizar movimentos rápidos e involuntários. Geralmente, ocor-
re após lesões vasculares do núcleo subtalâmico, o que leva à interrupção de
sua ação moduladora sobre o globo pálido.

SISTEMA LIMBICO, MEMÓRIA E ESQUEMA CORPORAL


Sabe-se que fenómenos como alegria, medo, raiva e prazer são influencia-
dos por componentes periféricos, que envolvem comportamentos motores, somáticos
e viscerais, através de manifestações de diferentes padrões de respostas, como o riso,
a fuga, a agressão e o choro, entre outras, dependendo da espécie. Contudo, outros
elementos centrais também atuam de modo subjetivo para a ocorrência dessas emo-
ções. Assim, são várias as áreas cerebrais que se relacionam com esses eventos; entre
elas, o hipotálamo, a área pré-frontal e o sistema límbico. Todas, entretan-
to, apresentam processos motivacionais primários inter-relacionados, como sede,
fome e instinto sexual. Ainda, se reconhece que as áreas associadas ao comporta-
mento emocional controlam o sistema nervoso autónomo, determinando sua partici-
pação. Deste modo, o sistema límbico ocupa a face medial do hemisfério cerebral,
formando um anel contínuo pelo giro do cíngulo, giro para-hipocampal e
hipocampo, e áreas subcorticais (corpo amigdalóide, área septal, núcle-
os mamilares, núcleos anteriores talâmicos e núcleos habenulares). Ain-
da, ele se conecta com o circuito de Papez (hipocampo, fórnix, corpo ma-
milar, fascículo mamilo-talâmico, núcleos anteriores do tálamo, cápsu-
la interna, giro do cíngulo, giro para-hipocampal e hipocampo). Assim, o
sistema límbico regula os processos emocionais e motivacionais.

Memória
Acredita-se que o neocórtex esteja envolvido nos circuitos e nas bases de
retenção e de consolidação de informações, integrando áreas de associação para
o armazenamento da memória. Sabe-se que a mesma é um processo de aquisi-
ção, retenção e evocação de experiências adquiridas. Assim, acredita-se que um
circuito passe por áreas corticais sensoriais de associação, siga para o lobo tem-
poral, envie projeções para o giro para-hipocampal, e deste ao corpo amigdalóide.
Daí, atinja amplas áreas telencefálicas, chegue ao núcleo de Meyenert, terminando
em áreas do neocórtex. Assim, essa intrigante rede se processa em fases, deter-
minando:

a. memória recente: é aquela onde ocorre retenção de informações por pouco


período de tempo (horas ou dias).
• SISTEMA NERVOSO 171

b. memória remota (ou permanente): é identificada pela retenção permanente


de dados (vários anos), sendo, portanto, mais estável.

Esquema Corporal
Os clássicos homúnculos, motor e sensitivo, de Penfield e Rasmussen,
descrevem "mapas" no córtex cerebral humano denotando uma significativa
somatotopia orgânica. Localizados nos giros pré- e pós-centrais, respectivamente, eles
representam esquemas corporais que definem neurologicamente todos os componen-
tes orgânicos do corpo humano.

MENINGES
As meninges são membranas de tecido conjutivo que envolvem o sistema ner-
voso central. Elas são classificadas no embrião como paquimeninge (dura-máter e
aracnóide) e leptomeninge (pia-máter).
A estrutura e a disposição dessas são diferentes no que se refere à medula espi-
nhal e ao encéfalo. A dura-máter é mais superficial, espessa e resistente, formada de
tecido conjuntivo fibroso, rica em fibras colágenas. Entretanto, a aracnóide e a pia-
máter são delgadas, e ambas são constituídas de tecido conjuntivo fibroso contendo
fibras colágenas.

DURA-MÁTER
A dura-máter espinhal contém a medula espinhal, porém a medula espinhal
termina em nível de corpo vertebral de LI. Assim, verifica-se que esse folheto me-
níngeo chega ao final do canal vertebral em fundo-de-saco. Ainda, ela se conti-
nua até a caixa craniana, onde se divide em duas lâminas, uma aderida à estru-
tura óssea (folheto externo) e outra mais próxima do tecido nervoso (folheto
interno). Esses dois folhetos caminham juntos; porém, em determinados territóri-
. o interno se afasta do externo para formar compartimentos cranianos. O
espaço entre essas duas lâminas determina uma cavidade que é descrita como seio
venoso da dura-máter craniana, que é ocupado por sangue venoso encefálico.
Os principais seios venosos da calota craniana são:

— sagital superior;
— sagital inferior;
— reto;
— transverso;
— sigmóide;
— occipital.

Os principais seios venosos da base craniana são:

— cavernoso;
intercavernoso;
esfeno-parietal;
petroso superior;
172 SISTEMA NERVOSO

— petroso inferior;
— plexo basilar.
Ainda, as principais estruturas anatómicas que o folheto interno descreve são
em forma de pregas durais, que correspondem a:

a. foice do cérebro: tem a forma de uma foice, toma direção ânter o-posterior
mediana através da fissura longitudinal do encéfalo, dividindo dois comparti-
mentos cerebrais, um direito e outro esquerdo;
b. foice do cerebelo: situada na fossa cerebelar, também com a forma de uma
foice, ela divide os dois hemisférios cerebelares;
c. diafragma da sela: é uma lâmina horizontal que recobre a sela hipofisária,
fazendo um parcial isolamento da hipófise, deixando apenas uni orifício para a
passagem da haste hipofisária;
d. tenda do cerebelo: é uma lâmina durai que se projeta verticalmente entre os
lobos occipitais e o cerebelo. Assim, ela separa a fossa craniana média da poste-
rior, definindo dois territórios, um supra- e outro infratentorial.

ARACNOIDE
A aracnóide situa-se abaixo da dura-máter craniana e espinhal. Essa meninge
emite delgadas trabéculas em direção à pia-máter, corno se fossem trama de uma
teia de aranha, daí o seu nome. Em nível espinhal, ela mantém um padrão anatómi-
co muito semelhante ao da dura-máter, acompanhando-a em todo o seu percurso.
Porém, no crânio, ela se afasta do folheto interno da dura-máter, de modo a des-
crever amplos espaços que são preenchidos com líquido cérebro-espinhal (líquor).
Assim, esses locais são denominados cisternas subaracnóides. As principais cis-
ternas subaracnóides são:

— cerebelo-medular;
— pontina;
— interpeduncular;
— quiasmática;
— superior (da v. cerebral magna);
— da fossa lateral do cérebro.
Outro interessante aspecto anatómico da aracnóide craniana é que ela forma
válvulas de drenagem de líquor, como enovelados de tecido meníngeo, que penetram
no interior dos seios venosos da dura-máter craniana, sendo estas estruturas conheci-
das como granulações aracnóides.

PIA-MATER
A pia-máter é a meninge mais íntima ao tecido nervoso. Ela penetra no tecido
nervoso, descrevendo, assim, uma membrana pio-glial. Deste modo, se adere ao
tecido neural, invadindo sulcos e fissuras. Sua estrutura permite que haja uma con-
fortável configuração das massas encefálica e medular espinhal.
SISTEMA NERVOSO 173

FUNÇÕES DAS MEN1NGES


Acredita-se que as meninges funcionem como importantes barreiras bio-
lógicas e exerçam um papel fundamental na proteção mecânica dos tecidos ner-
vosos.

ESPAÇOS MENINGEOS ESPINHAIS


O espaço entre a dura-máter espinhal e o canal vertebral (ósseo) é chamado de
espaço extradural (ou epidural ou, ainda, peridural), o qual é rico em tecido
adiposo e plexos venosos. Deve-se ressaltar que, em nível craniano, não há espaço
extradural. O segundo espaço medular espinhal é o subdural, que contém apenas
pouca quantidade de líquor, o suficiente para que essas duas unidades não se colabem.
Ainda, debaixo da aracnóide, existe o espaço subaracnóide que é rico em líquido
cér ebro - e spinhal.

VASCULARIZAÇÃO CEREBRAL
O fluxo sanguíneo cerebral é muito elevado. Sabe-se que por minuto cir-
cula uma quantidade de cerca de 700 ml em um indivíduo adulto. Porém, o fluxo
sanguíneo cerebral é bem variado e alguns fatores determinam tais situações, como a
idade, as diferentes áreas encefálicas e seus respectivos estados funcionais. A deman-
da sanguínea irá depender principalmente da pressão intracraniana, do calibre dos vasos
e da resistência vascular cerebral. Assim, a substância cinzenta e os locais de sinapses
são aqueles que predominam na dependência de um maior aporte vascular, quando
comparados com a substância branca e com os circuitos neuronais. Desta maneira, a
atividade celular produzirá uma grande liberação de CO2, e este, por sua vez, irá in-
fluenciar uni aumento do calibre vascular e, portanto, uma elevação do fluxo sanguí-
neo. Nesse sentido, um adequado suprimento de glicose e de O2 será necessário para
que se mantenham as funções celulares cerebrais íntegras. Caso contrário, o sistema
nervoso entrará em sofrimento. Ainda, deve-se ressaltar que não há sistema linfá-
tico para esses órgãos.

IRRIGAÇÃO
O encéfalo é irrigado pelo sistema vértebro-carotídeo, o que significa dizer
que as aã. vertebrais, ramos da aã. subclávias, direita e esquerda, respectivamente,
juntamente com as carótidas internas, também direita e esquerda, fornecerão o su-
primento arterial para este órgão. Ainda, as aã. vertebrais fornecem ramos para a
medula espinhal. Estas irão percorrer os forames transversos das vértebras cervicais
e, através do forame magno, penetrarão no crânio. Em nível do sulco basilar, na pon-
te, elas se unem dando origem à a. basilar. Esta última produzirá ramos termi-
nais importantes, que são as aã. cerebrais posteriores, direita e esquerda. Além
disso, outros ramos são fornecidos por ela, como a a. cerebelar inferior anterior,
a a. cerebelar superior e a a. do labirinto. As aã. carótidas internas irão atingir
a caixa craniana através dos forames carotídeos, na base deste segmento. Assim, após
penetrarem no esqueleto cefálico, esses vasos tomarão um percurso sinuoso (sifão
174 SISTEMA NERVOSO

carotídeo) dentro do seio cavernoso durai. A seguir, ambas emitirão ramos ter-
minais que são as aã. cerebrais anterior e média. A artéria cerebral anterior
é responsável pela irrigação da face medial do encéfalo, exceto o lobo temporal, até
o sulco parieto-occipital. A partir deste, em direção occipital, o domínio vascular é
da a. cerebral posterior. A a. cerebral média alcança toda a face súpero-látero-
inferior encefálica, determinando, assim, um amplo domínio territorial. Seus ramos
terminais são: a. comunicante anterior, a. oftálmica e a. corióidea. Também
se deve ressaltar que a a. oftálmica estabelece uma importante anastomose com a a.
carótida externa através da a. angular, na face. Ainda, as aã. comunicantes
emitirão circulações colaterais quando for necessária a implantação de circuitos
emergenciais. Assim, observa-se que o círculo arterial cerebral ("Polígono de
Willis") circunda a base encefálica, abaixo do hipotálamo, delimitando as seguintes
estruturas: haste da hipófise, quiasma óptico, pedúnculos cerebrais e fos-
sa interpeduncular.

DRENAGEM VENOSA
O encéfalo é drenado por um duplo sistema venoso, ou seja, um sistema ve-
noso superficial e outro sistema venoso profundo. O primeiro drena por meio
das w. emissárias, para este último, o qual irá constituir a veia cerebral magna
(v. de Galeno), que também recebe os seios venosos da dura-máter crania-
na, os seios reto-, transverso e sigmóide que, por fim, irão confluir para a v.
jugular interna. No entanto, as veias do tronco encefálico e do cerebelo acompa-
nharão as artérias de mesmos nomes, até que atinjam também o sistema jugular.

LÍQUIDO CÉREBRO-ESPINHAL (LIQUOR)


O líquido cérebro-espinhal (líquor) é uma substância límpida, incolor e insípi-
da que circula em sistemas comunicantes do tipo:

a. interno: ventrículos laterais, forames interventriculares, III ventrículo, aque-


duto cerebral e IV ventrículo;
b. externo: espaços subaracnóides e cisternas subaracnóides.

Deste modo, a comunicação desses dois sistemas se dá através dos forames


laterais (de Luschka) e medial (de Magendie).
As funções primárias do líquido cérebro-espinhal são as de barreira mecânica e
proteção biológica. Além disso, acredita-se que ele seja via de transporte de nutrien-
tes e de catabólitos do sistema nervoso.

FORMACAO-CIRCULACAO-ABSORCAO
A maior quantidade de líquor é secretada nos ventrículos laterais pelos
plexos coróides. Outra menor porção é sintetizada por vasos ependimários e piais.
Assim', após ser produzido, o mesmo passa através dos forames interventricula-
res ao III ventrículo e deste, por meio do aqueduto cerebral, chega ao IV ven-
trículo. A partir daí, ele ganha o espaço subaracnóide medular pelas abertu-
SISTEMA NERVOSO 175

rãs laterais e mediana desta cavidade. Então, atinge os espaços subaracnóides


encefálicos (cisternas) e, destes, chega aos seios venosos da dura-máter craniana,
sendo drenado pelas granulações aracnóides, ao longo do seio sagital superior.
O líquor tem uma circulação ativa que leva em média oito horas, desde sua produção
até sua absorção.

Fig. 14.1 Reconheça os órgãos que compõem os sistemas nervosos central e periférico. Empregue as fotografias a, b, c, d e f (identifique os planos
anatómicos das imagens).

\
176 SISTEMA NERVOSO

Fig. 14.2 Defino:


— sistema nervoso central;
— sistema nervoso periférico.
Descreva medula e tronco encefálico. Use as fotografias b, c, d, e e f para apontar as principais estruturas do tronco encefálico.
SISTEMA NERVOSO 177

Fíg. 14.3 Nas imagens a, b, c, d, e e f, reconheça os principais componentes anatómicos do verme e dos hemisférios cerebelares.

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