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— Margem (borda) incisai retilínea com pequena inclinação para mesial (devi-
do a desgaste).
— Raiz única de secção transversal oval com presença de sulco profundo nas
faces mesial e distai.
Canino Superior
O canino superior apresenta:
Canino Inferior
O canino inferior apresenta:
SISTEMA ENDOCRINO
SISTEMA URINÁRIO
RIM
Os rins são órgãos retroperitoniais, situados junto à parede posterior da
cavidade abdominal, entre a última vértebra torácica e as primeiras lombares (Tl 2-
L3). Contudo, o rim direito está em um nível mais baixo que o esquerdo devido à
presença do fígado nesse setor, o que faz com que esse órgão seja anatomicamente
deslocado.
•
Cada rim tem a forma aproximada de um "C" dirigido para o plano sagital me-
diano, com seu maior eixo longitudinal alongado.
Macroscopicamente, notam-se duas faces (anterior e posterior), duas extre-
midades (superior e inferior) e duas margens (lateral e medial). Na face superior,
se constata a presença da glândula supra-renal, que pertence ao sistema endócri-
no. Porém, na margem medial, encontra-se o hilo renal, que é porta de entrada e
de saída de estruturas, contendo o pedículo renal (conjunto das estruturas que
entram no hilo e saem dele). Ainda, os rins estão envoltos por uma cápsula de te-
cido conjuntivo (cápsula renal) que lhes permite uma adequada configuração.
Cada um deles repousa em uma loja adiposa, a gordura perirrenal, que funciona
como um coxim para esses órgãos.
O estudo anatómico do rim é realizado por meio de um corte frontal. Assim,
macroscopicamente, observa-se que o córtex renal (região periférica, "casca") in-
vade a medula renal (parte interna, "miolo"), formando as colunas renais. Entre
as colunas renais, situam-se as pirâmides renais. Essas têm suas bases voltadas para
o córtex renal, ao passo que seus vértices dirigem-se para a região medular. Em cada
vértice, existe uma papila renal, por onde a urina será drenada, atingindo o interi-
or dos cálices renais menores que se associam para formar os cálices renais
maiores. Esses últimos, por fim, se fundem, constituindo a pelve renal, de aspec-
to em funil, que, nas margens mediais dos rins, se estreitam para dar origem aos ure-
teres, direito e esquerdo, respectivamente. A unidade anátomo-funcional renal é o
124 SISTEMA URINÁRIO
URETERES
São tubos fibromusculares retroperitoniais que conduzem a urina dos rins
até a bexiga urinária. Eles descrevem um percurso descendente, junto à parede
posterior da cavidade abdominal, de modo paravertebral. Assim, eles atravessam a
cavidade abdominal, cruzam as artérias ilíacas comuns, direita e esquerda, respecti-
vamente, antes de penetrarem na pelve, passando posteriormente abaixo dos vasos
uterinos. Em suas trajetórias, esses órgãos sofrem alguns estreitamentos que devem
ser considerados, sendo:
a. l.a parte: junção pielo-ureteral;
b. 2.a parte: pélvico;
c. 3.a parte: intramural.
Cada ureter desemboca no interior da bexiga, póstero-inferiormente, abrindo-se
no trígono vesical, através dos óstios ureterais direito e esquerdo, respectivamente.
BEXIGA URINARIA
A bexiga urinária é um órgão muscular oco (m. liso) que tem por função
armazenar temporariamente a urina. Sua forma, tamanho e posição variam de
acordo com o seu estado funcional e com a idade. Ela situa-se atrás da sínfise púbica,
em ambos os sexos; contudo, na mulher, está anteriormente ao útero e no homem
anteriormente ao reto.
Anatomicamente, a bexiga apresenta corpo, fundo, colo e ápice. Sua face
superior é coberta por peritônio, que forma súpero-lateralmente as fossas
paravesicais. No homem, em sua face posterior, pode-se perceber sua relação ana-
tómica com as glândulas vesiculosas direita e esquerda, e com as ampolas dos duetos
deferentes. Porém, na mulher, ela mantém relações com a vagina e com o colo ute-
rino. A face inferior está presa ao períneo por ligamentos pubovesicais lateral e
medial e pelo ligamento lateral da bexiga. Todavia, a face anterior está fixada à
cicatriz umbilical pelo ligamento umbilical mediano (úraco).
Com relação à morfologia interna, nota-se uma superfície mucosa lisa na região
do trígono vesical, cujos vértices correspondem aos óstios ureterais direito e
esquerdo, e óstio interno da uretra. O músculo liso é denominado m. detrusor.
A bexiga urinária em um indivíduo adulto pode conter até 350 ml de líquido. Entre-
tanto, por um mecanismo reflexo, se inicia a micção, que está subordinada a coman-
dos neurais voluntários e involuntários.
URETRA
É um órgão fibromuscular que conecta a bexiga urinária ao meio
ambiente. Na mulher, ela é curta e, logo após sua origem na bexiga urinária, atra-
SISTEMA URINÁRIO 125
vessa o períneo vaginal para se abrir no pudendo feminino (vulva). No homem, ela
é longa e, após seu inicio vesical, atravessa a próstata (uretra prostática), a seguir
o períneo (uretra membranácea) e, por fim, o corpo esponjoso do pênis (uretra
esponjosa). A uretra esponjosa apresenta uma dilatação final chamada de fossa
navicular.
A uretra feminina tem por função a condução da urina; no entanto, a masculina
é via de micção e de ejaculação. Assim, importantes estruturas se abrem ao longo de
sua extensão, como os dúctulos prostáticos, bem como os duetos ejaculatórios
na uretra prostática, além das glândulas bulbo-uretrais na uretra membranácea.
A uretra termina no óstio uretral externo que na mulher localiza-se entre o clitóris
e o óstio da vagina e, no homem, encontra-se no corpo esponjoso do pênis.
a. O útero tem a forma de uma pêra invertida, onde o(oyul0> se implanta e fica
fixado caso ocorra a nidação. Anatomicamente, ele está dividido em: fundo
(porção acima de um plano transversal que passa em nível dos óstios das tubas
uterinas), corpo (maior porção), istmo (estrangulamento) e colo (porção final
que penetra na vagina). Este último apresenta uma abertura que permite a co-
municação da cavidade uterina com a vagina, denominada óstio uterino. A
forma desse óstio varia com a idade e com seu estado funcional. Em mulheres
nulíparas, constitui um orifício; porém, nas multíparas, apresenta-se em
fenda, cujas extremidades formam pregas transversais. Normalmente, o útero
deve estar posicionado em antever são e anteflexão, formando, assim, um
ângulo de 90° com a vagina. Com relação a sua estrutura, ele é constituído de
três camadas que, do meio interno para o externo, são: o endométrio, o
mioniétrio e o perimétrio. Esse órgão está localizado atrás da sínfise púbica
e à frente do reto. Sua cavidade também muda de forma de acordo com a idade
e com o seu estado funcional; porém, na mulher adulta, descreve um formato
triangular. O peritônio dá fixação ao útero em vários pontos, como se verifica
nos ligamentos largos, que se situam lateralmente a ele, estendendo-se até
128 SISTEMA GENITAL FEMININO
, •
ÓRGÃOS GENITAIS EXTERNOS
Os órgãos genitais externos compreendem: monte púbico, lábios maiores
e menores, clitóris, vestíbulo da vagina, bulbo do vestíbulo e glândulas
vestibulares maiores e menores.
MAMAS
Embora pertençam ao sistema tegumentar, as mamas serão descritas den-
tro desse sistema, integrando, assim, o aparelho reprodutor. Elas são órgãos com-
postos por cerca de 15 a 20 glândulas mamarias do tipo alveolar composta.
Estão situadas na parede ânter o-lateral do tórax, indo da II a VI costelas, estando
separadas uma da outra pelo sulco intermamário, e estendendo-se até a região axilar
(cauda). Cada mama possui um corpo (que contém as glândulas secretoras e não
secretoras), uma papila (mamilo) e uma aréola (anel pigmentado). Seu estroma é
formado de tecidos conjuntivos fibroso e adiposo. As glândulas mamarias se distribu-
em no interior dos lóbulos, e seus duetos (duetos lactíferos) se abrem ao redor
do mamilo. Ainda, os ligamentos suspensores se fixam no estrato superficial da
tela subcutânea das mamas. Devido a ações hormonais, a mama feminina se desen-
volve mais que a masculina, e, no período gestacional, a glândula mamaria secreta
um líquido inicial chamado de colostro e, posteriormente, o leite. Contudo, nos
homens, são atrofiadas; porém, caso haja distúrbios no sistema endócrino destes, elas
poderão se desenvolver, gerando um quadro de ginecomastia (mamas de mulher).
Assim, elas variam em forma e em tamanho de acordo com a idade, com o sexo e
com o estado funcional. Sabe-se também que, por se originarem do estrato areolar da
tela subcutânea, ocasionalmente pode ocorrer o desenvolvimento de mamas supra-
numerárias (polimastia) ao longo de um cordão longitudinal '(da axila até a região
inguinal).
l SISTEMA GENITAL FEMININO 131
a
BRANDÃO, MÍRIAM C.S.
Duetos Deferentes
Os duetos deferentes originam-se a partir dos duetos eferentes dos epi-
dídimos. De início, bem contorcidos, depois, em forma de espessos cordões, to-
mam direção ascendente medial, dentro dos funículos espermáticos, a fim de chega-
rem aos ânulos inguinais superficiais. Depois, eles atravessam os canais ingui-
nais (direito e esquerdo, respectivamente), passam pelos ânulos inguinais
profundos, penetram na cavidade pélvica lateralmente, indo até a face posterior da
bexiga, onde se unem aos correspondentes duetos das glândulas vesiculosas
medialmente, formando, assim, os duetos ejaculadores. Os duetos ejaculadores
a seguir irão penetrar no parênquima da próstata para imediatamente desembocarem
na uretra prostática. Deste modo, os duetos deferentes juntamente com os due-
tos ejaculadores e a uretra esponjosa completarão a via espermática.
Pênis
É o órgão masculino da cópula, sendo formado por três corpos cilíndricos, ou
seja, dois corpos cavernosos e um corpo esponjoso. Ele possui uma raiz, um
corpo e uma glande. A pele que o recobre denomina-se prepúcio. Os corpos
cavernosos são superiores (dorsal), ao passo que o corpo esponjoso é inferior. O corpo
esponjoso possui duas dilatações, uma interna, na região do trígono urogenital, que
é o bulbo do pênis, e uma externa, que é a glande do pênis. Os corpos caver-
nosos possuem numerosas cavernas venosas, entremeadas com fibras conjuntivas
e musculares lisas, que durante o mecanismo da ereção são completamente preenchi-
das por sangue (pressão arterial aumentada seguida de diminuição do retorno veno-
so). A ereção, no entanto, é um fenómeno neurovascular, assistido por fibras do sis-
tema nervoso autónomo. O pênis fica preso à parede pélvica por meio de dois impor-
tantes ligamentos, o suspensor e o fundiforme.
SISTEMA GENITAL MASCULWO 135
Glândulas Vesiculosas
Cada glândula vesiculosa encontra-se localizada na superfície póstero-la-
teral da bexiga urinária. Elas possuem um aspecto lobulado e alongado, ligeiramen-
te ovóide. Internamente, seu epitélio é pseudo-estratiíicado, e numerosos pequenos
divertículos formam sua estrutura. Sua função é secretar um líquido que irá promo-
ver a ativação dos espermatozóides. Por meio de seus duetos, um direito e um esquer-
do, respectivamente, essa substância será lançada. Contudo, esses segmentos irão
se unir aos duetos deferentes correspondentes para formarem os duetos
ejaculadores, que desembocarão na uretra prostática (no colículo seminal).
Próstata
A próstata é uma glândula ímpar, situada inferiormente à bexiga uriná-
ria e anatomicamente dividida em base (superior), ápice (inferior) e faces (ante-
rior e posterior). Normalmente, seu tamanho corresponde ao de uma amêndoa. Seu
produto de secreção também tem por finalidade a ativação dos espermatozóides. Ainda,
constata-se que a próstata possui dois lobos (direito e esquerdo), os quais interna-
mente se subdividem em quatro lóbulos (ínfer o-posterior, ínfer o-lateral, súpero-
mediais e ânter o-mediais). Seus dúctulos se abrem na parede posterior da uretra
prostática.
Glândulas Bulbo-uretrais
Cada glândula bulbo-uretral é uma pequena massa arredondada localizada
junto ao bulbo do pênis (uretra esponjosa). Elas são revestidas por tecido conjun-
tivo, e seus duetos desembocam no bulbo da uretra. A secreção por elas pro-
duzida é do tipo mucosa, permitindo que haja, assim, uma lubrificação do canal
uretral.
Dueto Ejaculador
Como anteriormente explicado, em número par, eles são formados pela união
dos duetos deferentes com os duetos das glândulas vesiculosas. Assim, essa
estrutura, bilateralmente, descreve um trajeto oblíquo, para a frente e para baixo, atra-
vessando o parênquima prostático para terminar na uretra de mesmo nome.
136 SISTEMA GENITAL MASCULINO
SISTEMA NERVOSO
a. fibras aferentes:
1. somáticas: gerais (sensibilidade geral, do tipo exteroceptiva; sensibilidade
especial, visão e audição);
2. viscerais: gerais (sensibilidade geral, do tipo visceroceptiva; sensibilidade
especial,
r paladar
r e olfato).
/
b. fibras eferentes:
1. somáticas: para músculos voluntários (origem nos miótomos dos somitos);
2. viscerais: para músculos involuntários, músculos lisos e músculo cardíaco;
para músculos voluntários (origem nos arcos branquiais).
140 SISTEMA NERVOSO
Em resumo, têm-se:
— I par (nervo olfatório): seus ramos são pequenos filetes que nascem na muco-
• sa olfatória, junto ao teto da cavidade nasal. Esses ramos nervosos penetram pela
lâmina crivosa do etmóide, a partir da mucosa olfatória, constituindo os nervos
sens orlais do olfato;
— II par (nervo óptico): nasce na retina (neuroepitélio), segue pelos forames
ópticos até o quiasma óptico, onde as fibras se divergem cruzando o plano sagital
mediano, constituindo, assim, os nervos ópticos direito e esquerdo, respectiva-
mente;
- III par (nervo oculomotor): tem origem no mesencéfalo, chegando à órbita
pela fissura orbitaria superior, conduzindo fibras motoras voluntárias e fibras
parassimpáticas. Ele inerva os músculos intrínsecos e extrínsecos do olho, exce-
to os músculos dilatador da pupila, oblíquo superior e reto lateral do olho;
. - IV par (nervo troclear): origina-se na ponte; suas fibras motoras passam pela
fissura orbitaria superior até atingirem o m. oblíquo superior do olho;
- V par (nervo trigêmio): tem seus núcleos distribuídos no bulbo e na ponte.
Ele consta de uma porção sensitiva e de outras motoras. Seus ramos sensitivos
distribuem-se por toda a face com suas vísceras, excetuando-se a faringe e a base
da língua; seus feixes motores vão aos músculos da mastigação e também aos
músculos tensor do véu palatino, milo-hióide e ventre anterior do m. digástrico;
— VI par (nervo abducente): de origem bulbar, seus ramos penetram pela fis-
sura orbitaria superior para chegarem ao m. oblíquo lateral do olho;
— VII par (nervo facial): é o nervo motor da musculatura da face (mímica) e dos
músculos platisma, digástrico (ventre posterior) e estilo-hióide. Tem origem no
bulbo; suas fibras se associam ao nervo intermédio e também a fibras parassimpá-
ticas;
— VIII par (nervo vestíbulo-coclear): origina-se no bulbo; é responsável pe-
las sensibilidades da audição e de equilíbrio. Ele dirige-se para a cóclea e para o
labirinto através do conduto auditivo interno;
— IX par (nervo glossofaríngeo): nasce no bulbo, passa pelo forame jugular,
apresentando ramos exclusivamente sensoriais, relacionados à gustação;
— X par (nervo vago): é considerado um importante nervo visceral. Suas fibras
atravessam o forame jugular depois de emergirem no bulbo. Ele inerva as por-
ções torácica e abdominal. Suas fibras superiores vão à laringe e à faringe;
— XI par (nervo acessório): origina-se no bulbo. Suas fibras abandonam a caixa
craniana pelo forame jugular se anastomosando com raízes espinhais, para
inervarem os músculos esternocleidomastóide e trapézio;
- XII para (nervo hipoglosso): nasce no bulbo; é um nervo motor lingual. Seus
ramos passam pelo canal do hipoglosso para atingirem posteriormente a muscu-
. latura intrínseca da língua.
NERVOS ESPINHAIS
Todos os nervos espinhais são do tipo misto. Os pares de Cl -C4, com algumas
fibras de CS, formarão o plexo cervical. Este plexo contribuirá com ramos nervo-
sos cutâneos e musculares para alguns músculos do pescoço e da nuca (mm. inter-
transversários anteriores, mm. infra-hióideos, mm. pré-vertebrais, m.
esternocleidomastóide, mm. escalenos, m. levantador da escápula, mm.
rombóides e diafragma). Seus ramos nervosos terminais são: n. occipital me-
nor, n. auricular magno, n. transverso do pescoço, nn. supraclavicula-
res e n. frênico. Todavia, o plexo braquial é formado por ramos ventrais de C5-
Tl, que irão inervar o membro superior. As raízes ventrais de CS se anastomosam
com as de C6, originando o tronco superior. As fibras de C7 constituem o tron-
co médio e as raízes de C8-T1, o tronco inferior. Cada tronco irá fornecer ra-
mos anterior e posterior. Todos os ramos posteriores (dos três troncos) forma-
rão o fascículo posterior. Já os ramos anteriores dos troncos superior e médio darão
origem ao fascículo lateral, e o ramo anterior do tronco inferior formará o fascí-
culo medial. Os troncos superior, médio e inferior se localizam entre os músculos
escalenos anterior e médio, no pescoço. Porém, os fascículos se situam na região axi-
lar, mantendo relações anatómicas com a artéria axilar (daí os termos fascículos late-
ral, medial e posterior). A partir dessa região, os fascículos fornecerão ramos nervo-
142 SISTEMA NERVOSO
a. fibras aferentes
- somáticas: exteroceptivas (tempertaura, dor, tato e pressão) e proprio-
ceptivas (conscientes e inconscientes);
— viscerais: provenientes de mm. lisos, m. cardíaco e glândulas.
b. fibras eferentes
— somáticas: para músculos estriados esqueléticos;
— viscerais: para mm. lisos, m. cardíaco e glândulas.
MEDULA ESPINHAL
A medula espinhal é uma massa cilíndrica de tecido nervoso achatada no
sentido ântero-posterior. Ela se inicia na decussação das pirâmides (bulbo) e ter-
mina em cone medular. Topograficamente, estende-se desde o forame magno
até um plano transversal que passa em nível do corpo vertebral de LI. No homem
adulto, tem um comprimento médio de 45 cm, sendo na mulher um pouco menor.
Porém, na fase embrionária, ocupa todo o canal vertebral, pois a velocidade de cres-
cimento neur o-esquelético é proporcional. À medida que a idade gestacional avança,
por volta do 4.° mês, uma discrepância de crescimento nesses tecidos marca signifi-
cativas diferenças, determinando um maior aumento de tamanho no sistema esquelé-
tico vertebral. Assim, as raízes nervosas que penetram pelos forames intervertebrais,
que de início emergem perpendicularmente em cada unidade, passam a se inserir
obliquamente quanto mais baixos forem os níveis de passagens. O calibre medular
não é uniforme, apresentando intumescências nas regiões cervical e lombar, que
correspondem a emergências dos plexos braquial e lombo-sacral.
Com relação à distribuição das substâncias branca e cinzenta, a mesma
pertence ao sistema nervoso segmentar, ou seja, ela é branca por fora e cinza
por dentro.
Substância Cinzenta
A substância cinzenta medular pode ser dividida anatomicamente em
sete regiões, por meio de dois planos longitudinais (laterais direito e esquerdo), e dois
planos transversais imaginários que passam pelos extremos superior e inferior da mes-
ma. Essa substância tem a forma anatómica semelhante a uma letra "H" ou a uma "bor-
boleta". Cada região é denominada corno ou coluna, sendo duas posteriores e late-
: rais (cornos posteriores, direito e esquerdo), duas anteriores e laterais (cornos
anteriores, direito e esquerdo), duas laterais (cornos laterais, direito e esquer-
do) e uma central (substância cinzenta intermédia central). Essa última é per-
furada pelo canal medular (canal do epêndima). Esses cornos são compostos por lâmi-
nas de I a XII (lâminas de Rexed) no sentido póstero-anterior, demonstrando, assim,
uma alta especialização desse tecido. Todavia, de modo simplificado, verifica-se que os
cornos posteriores são unidades sensitivas (ápice — exterocepção, colo =
propriocepção e base = viscerocepção) e os cornos anteriores são motores (base
= motricidade visceral e ápice = motricidade somática). Além disso, se encontram,
na substância cinzenta da medula espinhal, alguns núcleos importantes, como:
a. núcleos do grupo medial (coluna anterior): eles existem em toda a exten-
são medular, e seus neurônios motores inervam a musculatura relacionada ao
esqueleto axial;
b. núcleos do grupo lateral (coluna anterior): esses núcleos dão origem a fibras
que irão inervar músculos relacionados ao esqueleto apendicular. Deste modo,
estes núcleos são bem evidenciados nas intumescências cervical e lombar;
c. núcleo torácico (coluna posterior): localizado em níveis lombares altos (LI -
L2), está relacionado com a propriocepção inconsciente. Assim, seus axônios
deverão chegar até o cerebelo (paleocerebelo);
SISTEMA NERVOSO 145
NEURÔNIOS MEDULARES
Para se compreenderem as vias medulares, é necessário antes se identificarem
alguns tipos de neurônios medulares. Assim, por meio da Classificação de Cajal,
verifica-se:
CONCEITOS GERAIS
Alguns termos estão relacionados diretamente com as sensibilidades, bem como
com a motricidade. Nesse sentido, conceituam-se:
Em relação a alterações de sensibilidade:
LESÕES MEDULARES
As lesões medulares podem ser caracterizadas levando-se em consideração a
presença de sinais relativos a:
a. componentes motores
b. componentes sensitivos
— na Sermgomieha:
C • • T
, ~ l 1 A
sinais: ocorre dissociação sensitiva, por degeneração da substancia cinzenta intermédia
/ l .
c. componentes mistos
,
— Na transecção da medula espinhal (choque espinhal):
sinais: perda da motricidade abaixo da lesão, retenção urinária e fecal, reflexos exa-
gerados, com sinal de Babinski positivo.
TRONCO ENCEFÁLICO
O tronco encefálico é formado anatomicamente no sentido crânio-caudal por
mesencéfalo, ponte e bulbo.
Ele se situa abaixo do diencéfalo, à frente do cerebelo, e acima da medula espi-
nhal. Esse importante segmento encefálico se continua caudalmente com a medula
espinhal. Com relação à distribuição das substâncias branca e cinzenta, a primeira é
periférica e a outra é central, pertencendo desta maneira ao sistema nervoso seg-
mentar. Contudo, a substância cinzenta está fragmentada em seu interior, não deli-
mitando uma letra "H" como visto anteriormente na medula espinhal, o que torna
difícil o estudo de suas estruturas.
Assim, verifica-se que esta substância, no tronco encefálico, constitui núcleos
próprios, núcleos de nervos cranianos (dos 12 pares de nervos cranianos, 10
desses têm suas origens real e aparente no tronco encefálico), além da formação
reticular.
Com relação à substância branca, o tronco encefálico serve como via de pas-
sagem de tratos ascendentes e descendentes, medulares, cerebelares e ce-
rebrais. Além disso, nota-se a presença de fascículos próprios.
150 SISTEMA NERVOSO
III par: ESG — motricidade dos músculos extrínsecos do globo ocular (exceto para
os músculos oblíquo superior e reto lateral).
EVG — fibras parassimpáticas destinadas aos músculos intrínsecos do olho
(músculos ciliar e esfíncter da pupila).
IV par: ESG — para motricidade de músculo extrínseco do olho (m. obliquo superior).
Núcleos da Ponte
a. núcleos pontinos: em posição ventral, possuem fibras de orientação trans-
versal, que cruzam o plano sagital mediano e, posteriormente, penetram pelos
pedúnculos cerebelares (médios) para o interior do cerebelo, formando um eixo
cortiço - cer ebelar;
b. núcleos do corpo trapezóide: compostos por fibras que formam o lemnisco
lateral. Suas fibras transversais tomam direção ascendente, formando a via au-
ditiva;
c. núcleo olivar superior: tem conexões com os núcleos motores branquiais do V
e VII pares, e também participa do mecanismo reflexo de proteção a sons agudos.
Núcleos do Bulbo
a. núcleos grácil e cuneiforme: são constituídos por neurônios provenientes
do funículo posterior da medula espinhal;
b. núcleo cuneiforme acessório: está relacionado à propriocepção inconsci-
ente do membro superior e do pescoço, projetando fibras para o cerebelo pelo
pedúnculo cerebelar inferior;
c. complexo olivar inferior: seus principais componentes são o núcleo olivar
inferior, o núcleo principal e os núcleos clivares acessórios (dorsal e medial).
Esse complexo participa da ativação cerebelar.
FORMAÇÃO RETICULAR
É uma formação encefálica muito antiga. Ela ocupa todas as regiões do tronco
encefálico que não estão preenchidas por tratos, fascículos e núcleos. A mesma é he-
terogenia, apresentando uma complexa organização estrutural, ultra-estrutural, bio-
química e funcional.
Os neurônios da formação reticular possuem diferentes aspectos morfológicos, e
suas fibras tomam trajeto ascendente e descendente, desde regiões altas cervicais me-
dulares até o diencéfalo. Este agregado neuronal possui importantes núcleos que são:
SONO E VIGÍLIA
Por meio de fibras extratalâmicas, o SARA (sistema ativador reticular ascen-
dente) atinge o córtex cerebral, atívando-o. Ao contrário, observa-se o estado de sono.
Esta fase se caracteriza por dois períodos típicos, o de sono paradoxal, que é aque-
le em que se constatam movimentos do globo ocular (fase M.O.R.) e estados de so-
nhos mantidos pelo locus ceruleus. Todavia, o outro período é o de sono ortodoxo
(fase R.E.M.) em que se verifica uni estado de profundo sono.
SISTEMA NERVOSO 155
l. Centro vasomotor
Centro +-HIPOTÃLAMO
vasomotor
i
EMOÇÕES
l
CENTRO DO VÓMITO
<£&
;.<*<>*
a. carótida interna sistema parassimpático sistema simpático
l
(vasoconstrição)
2. CENTRO DO VOMITO
CENTRO DO VOMITO
l", núcleo do trato solitário 2? núcleo dorsal do vago 3? n, esplâncnico 4? n. frênico 5? nn. tóraco-abdominais
1° estômago
3° fechamento do piloro
6? protrusão da língua
-
156 SISTEMA NERVOSO
3. CENTRO RESPIRATÓRIO
CONTROLE VOLUNTÁRIO
(Área 4 de Brodmann)
HIPOTALAMO
EMOÇÃO
MEDULA ESPINHAL
(CERVICAL)
mm. intercostais
REFLEXO CORNEOPALPEBRAL
Córneas
n. oftálmico
REFLEXO MANDIBULAR
Percussão do mento
4
Fuso neuromuscular (mm. da mastigação)
l
Núcleo do trato mesencefálico do n. trigêmeo
l
Núcleos motor do n. trigêmeo
l
Contração (fechamento brusco da boca)
REFLEXO LACRIMAL
n. oftálmico
i
n.petroso maior (ramo do nervo intermédio)
glândula lacrimal
158 SISTEMA NERVOSO
REFLEXO DE PISCAR
Retina
núcleo do n. facial
- PISCAR
MEDULA ESPINHAL (trato teto-espinhal)
l
Movimento reflexo da mão (proteção)
REFLEXO FOTOMOTOR
Retina
l
n, óptico (quiasma e trato óptico)
III par
l
m. esfmcter da pupila
SISTEMA NERVOSO ISf
REFLEXO CONSENSUAL
'
Luz
I
Retina
I
n. óptico e quiasma óptico
1
Núcleo de Edinger-Westphal
Comissura posterior
1
- 1
Contração da pupila do lado oposto ao estimulado
ORELHA INTERNA
i
VIII par (parte vestibular)
l
Núcleos vestibulares
III IV VI
CEREBELO
O cerebelo é um órgão do sistema nervoso central situado na fossa craniana
posterior, posteriormente ao tronco encefálico. Ele pertence ao sistema nervoso su-
pra-segmentar, pois a substância branca (centro branco cerebelar) é central, ao passo
^^^^^y que a cinzenta (córtex cerebelar) é periférica, sendo esta última denominada córtex
cerebelar. No interior da substância branca cerebelar, encontram-se quatro pares
de núcleos que são chamados de:
Denteado
í Emboliforme (*)
(*) Compõem o núcleo interpósito.
JGloboso (*)
Fastigial
—•—•—
,•»-
f língula não
fissura pré-central
C LOBO
lóbulo central asa do lóbulo central
ANTERIOR
fissura pré-culminar
R
cúlmem lóbulo quadrangular anterior
P , v..
O
[ —,— _. .
i :>- Fissura 1prima
D U- '
f
declive - lóbulo quadrangular posterior
° 1
C \ fissura pós-clival
fólium - lóbulo semilunar superior
R
fissura horizontal
E LOBO y
B POSTERIOR \r " lóbulo semilunar inferior
E fissura pré-piramidal
L pirâmide - lóbulo biventre
O
fissura pós-piramidal
, úvula - tonsila
V
Neuronios Cerebelares
Para se compreenderem as bases de funcionamento cerebelar, é preciso se ob-
servar antes a morfologia das células neuronais, bem como seus componentes funci-
onais.
O córtex do cerebelo é composto por três camadas celulares, que são chama-
das de molecular, granular e de Purkinje. A camada molecular é composta
por neuronios que têm orientação horizontal. Eles são conhecidos por células "em
cesto". Por outro lado, a camada granular é formada por neuronios que apresen-
tam axônios ascendentes, os quais terminam em sinapses com o corpo celular do neu-
rônio que compõe a camada molecular. Já a camada de Purkinje é constituída por
neuronios que têm orientação vertical e se articulam por meio de sinapses com os
ramos colaterais dos neuronios da camada molecular, e, posteriormente, suas fibras
se reúnem em um núcleo central do cerebelo. Assim, esses neuronios irão realizar
circuitos sinápticos entre si, formando uma rede neuronal contínua até atingirem os
centros integradores cerebelares, ou seja, os núcleos cerebelares. Desta maneira, as
fibras aferentes penetrarão no centro branco do cerebelo até estabelecerem sinapses
com os neuronios granulares, e estes, por sua vez, com os moleculares, bem como
com os de Purkinje. Estes últimos chegarão aos núcleos correspondentes ao arqui-,
paleo- e neocerebelo. Destes núcleos, partirão fibras efcrentes cerebelares até as
regiões efetoras correspondentes.
Desse modo, a base de funcionamento neuronal cerebelar pode ser as-
sim resumida:
162 SISTEMA NERVOSO
conexão aferente c=> camada granular r=> camada molecular >=> camada de Purkinje
.
fibras musgosas e trepadeiras núcleos centrais
do cerebelo
conexão eferente
Filogênese Cerebelar
O cerebelo é um órgão encefálico muito antigo. Ele surge primeiro nos
ciclóstomos (Arquiçerebelo: cerebelo de l .a fase ou cerebelo vestibular) para
dar ao animal equilíbrio. Posteriormente, se instala nos peixes (Paleocerebelo:
cerebelo de 2." fase ou cerebelo espinhal), permitindo a regulação adequada
do tônus e da postura, e, por último, se estabelece nos mamíferos, cuja função é
promover a coordenação motora (Neocerebelo: cerebelo de 3." fase ou cere-
belo cortical). Assim, essas estruturas se estabilizam nos mamíferos superiores, em
que se verifica a presença de arquicerebelo, paleocerebelo e neocerebelo.
Contudo, ao contrário do que possa sugerir, o cerebelo é formado de três lobos
anatómicos, que não correspondem essencialmente a essas três funções. Assim, é
preciso se conhecer quais são as estruturas cerebelares envolvidas em cada proprie-
dade funcional.
Arquicerebelo
a. função: de manutenção do equilíbrio e da postura;
b. composição: lobo fióculo-nodular e núcleo fastigial;
c. conexão aferente: fibra vestíbulo-cerebelar;
d. conexão eferente: fibra fastígio-vestíbular e fibra vestíbulo-espinhal;
e. lesões: relacionam-se com a perda de equilíbrio.
Paleocerebelo
a. função: de controle do tônus muscular;
. b. composição: lobo anterior e correspondentes do lobo posterior (pirâmide e
úvula) e núcleo interpósito;
c. conexão aferente: fibras espino-cerebelares (anterior e posterior);
i - d. conexão eferente: fibras interpósito-paleorrúbrica e fibras rubro-espinhais;
e. lesões: hipertonia da musculatura extensora.
SISTEMA NERVOSO 163
Neocerebelo
a. função: coordenação motora;
b. composição: lobo posterior (exceto pirâmide e úvula) e núcleo denteado;
c. conexão aferente: fibra córtico-ponto-cerebelar;
• d. conexão eferente: fibras dento-neorrubro-tálamo-corticais;
e. lesões: incoordenação motora.
Algumas alterações funcionais podem ser observadas nas lesões do neocerebelo,
estando relacionadas à incoordenação motora, verificando-se dismetria (erro de
alvo), rechaço, disdiadococinesia (incapacidade de executar movimentos contí-
nuos e alternados), tremor (quando se realizam movimentos delicados) e nistag-
mo (presença de movimentos rítmicos e oscilatórios do globo ocular). Deste modo,
o cerebelo executa o controle dos movimentos, envolvendo etapas de planeja-
mento e de execução dos mesmos, por meio de delicadas correções.
DIENCEFALO
O diencéfalo é uma região cerebral ímpar e mediana que fica completamente
envolvida pelos lobos do telencéfalo. Esse local tem origem no prosencéfalo, situan-
do-se a partir da embriogênese na fossa craniana média, abaixo do telencéfalo e acima
do mesencéfalo.
1
Esta área anatomicamente é subdividida em quatro territórios, que são deno-
minados regiões do tálamo, hipotálamo, epitálamo e subtálamo.
-
TÁLAMO •
O tálamo ocupa posição central no diencéfalo. É um órgão par, de aspecto ligei-
ramente ovóide, em sentido ântero-posterior. Sua extremidade anterior apresenta um
tubérculo anterior, ao passo que a posterior é mais dilatada, e forma o pulvinar
do tálamo. Sua face medial possui uma aderência intertalâmica; além disso, cons-
titui as paredes laterais do III ventrículo. Sua face lateral é convexa e se relaciona com
estruturas telencefálicas que são o núcleo caudado e a cápsula interna. E, por úl-
timo, a face inferior se relaciona com o mesencéfalo, por meio do pedúnculo cerebral.
Cada órgão talâmico se encontra dividido internamente em cinco sub-regiões
menores, que são:
a. região anterior;
b. região posterior;
c. região mediana;
d. região lateral;
e. região medial.
Essas regiões são compostas por massas de substâncias cinzentas representadas
por núcleos. Os núcleos talâmicos são:
a. região anterior:
— núcleo anterior—tem função integradora junto ao circuito de Papez, exer-
cendo, portanto, ações relacionadas com o comportamento emocional.
164 SISTEMA NERVOSO
c. região mediana;
,
— relaciona-se com funções do controle vegetativo visceral.
•
d. região lateral:
HIPOTALAMO
O hipotálamo é uma região situada abaixo e à frente do sulco hipotalâmico.
Ela compreende três sub-regiões, a saber:
a. região supra-óptica:
b. região tuberal:
c. região mamilar:
EPITÁLAMO
Essa região localiza-se acima do sulco hipotalâmico, posteriormente ao tálamo.
É formada por estruturas endócrinas (glândula pineal) e não endócrinas (nú-
cleo das habênulas, comissura das habênulas, estrias medulares e comis-
sura posterior).
A glândula pineal é muito vascularizada, e seu principal hormônio é a mela-
, • j •
tonina. Ainda, se relaciona a pineal à função antigonadotrópica, pois estimula
períodos de amadurecimento gonadal, agindo na regulação dos ritmos circadi-
anos.
SUBTALAMO
^
Compreende uma zona de transição interna entre o mesencéfalo inferior-
mente e o tálamo superiormente. Sabe-se que estruturas de regiões vizinhas, como
o núcleo rubro e a substância negra, enviam projeções até essa área. Essa região
é composta por uma formação reticular subtalâmica (zona incerta) e um nú-
cleo subtalâmico (substância própria do subtálamo). Esse núcleo é importante na
regulação da motricidade somática, participando do circuito subsidiário
cerebral (pálido—subtalâmico—palidal). Também se reconhece que lesões aí instala-
das repercutem na síndrome do hemibalismo.
r
•
TELENCEFALO
O telencéfalo juntamente com o diencéfalo constitui o cérebro. Este ór-
gão é composto de dois hemisférios (laterais direito e esquerdo), estando ambos
unidos pelo corpo caloso. Cada hemisfério é organizado em unidades anátomo-fun-
cionais, os lobos. Esses mantêm relações topográficas com o esqueleto cefálico, sen-
do possível se reconhecerem quatro destas formações que são denomidas lobos fron-
• tal, occipital, parietal e temporal. Porém, um quinto lobo, situado na face in-
terna do sulco lateral, não se relacionando, portanto, com os ossos do crânio, é cha-
mado de lobo da ínsula.
No interior do telencéfalo, diferentes arranjos estruturais, ultra-estruturais e
bioquímicos compõem os lóbulos ou giros. Assim, o aspecto macroscópico do te-
lencéfalo é nitidamente marcado pela presença de circunvoluções (giros, lóbulos,
sulcos e fissuras).
O telencéfalo primariamente se relaciona com funções psíquicas superio-
res (abstração, lógica, raciocínio, entre outras), com o comando e controle de
vários comportamentos motores, com a recepção e interpretação de fe-
nómenos sensoriais, além de gerenciar e integrar os demais sistemas
corpóreos.
- área supressora = 45
SISTEMA NERVOSO 169
PRINCIPAIS LESÕES
— Doença de Parkinson: é caracterizada por uma síndrome extrapiramidal.
Ocorre déficit de dopamina nas fibras nigro-estriatais, cessando assim a ação
moduladora sobre o circuito básico, gerando tremores de início de movimento.
Os sintomas relacionados geralmente são ahipertonia, a oligocinesia e o tremor.
— Doença de Alzheimer (demência senil precoce): é caracterizada por apre-
sentar degeneração dos neurônios do núcleo basal de Meyenert; portanto, com
depleção de acetilcolina cortical cerebral. Há uma perda progressiva da me-
mória e do raciocínio abstrato. Em fases mais avançadas, ocorre incapacidade
170 SISTEMA NERVOSO
Memória
Acredita-se que o neocórtex esteja envolvido nos circuitos e nas bases de
retenção e de consolidação de informações, integrando áreas de associação para
o armazenamento da memória. Sabe-se que a mesma é um processo de aquisi-
ção, retenção e evocação de experiências adquiridas. Assim, acredita-se que um
circuito passe por áreas corticais sensoriais de associação, siga para o lobo tem-
poral, envie projeções para o giro para-hipocampal, e deste ao corpo amigdalóide.
Daí, atinja amplas áreas telencefálicas, chegue ao núcleo de Meyenert, terminando
em áreas do neocórtex. Assim, essa intrigante rede se processa em fases, deter-
minando:
Esquema Corporal
Os clássicos homúnculos, motor e sensitivo, de Penfield e Rasmussen,
descrevem "mapas" no córtex cerebral humano denotando uma significativa
somatotopia orgânica. Localizados nos giros pré- e pós-centrais, respectivamente, eles
representam esquemas corporais que definem neurologicamente todos os componen-
tes orgânicos do corpo humano.
MENINGES
As meninges são membranas de tecido conjutivo que envolvem o sistema ner-
voso central. Elas são classificadas no embrião como paquimeninge (dura-máter e
aracnóide) e leptomeninge (pia-máter).
A estrutura e a disposição dessas são diferentes no que se refere à medula espi-
nhal e ao encéfalo. A dura-máter é mais superficial, espessa e resistente, formada de
tecido conjuntivo fibroso, rica em fibras colágenas. Entretanto, a aracnóide e a pia-
máter são delgadas, e ambas são constituídas de tecido conjuntivo fibroso contendo
fibras colágenas.
DURA-MÁTER
A dura-máter espinhal contém a medula espinhal, porém a medula espinhal
termina em nível de corpo vertebral de LI. Assim, verifica-se que esse folheto me-
níngeo chega ao final do canal vertebral em fundo-de-saco. Ainda, ela se conti-
nua até a caixa craniana, onde se divide em duas lâminas, uma aderida à estru-
tura óssea (folheto externo) e outra mais próxima do tecido nervoso (folheto
interno). Esses dois folhetos caminham juntos; porém, em determinados territóri-
. o interno se afasta do externo para formar compartimentos cranianos. O
espaço entre essas duas lâminas determina uma cavidade que é descrita como seio
venoso da dura-máter craniana, que é ocupado por sangue venoso encefálico.
Os principais seios venosos da calota craniana são:
— sagital superior;
— sagital inferior;
— reto;
— transverso;
— sigmóide;
— occipital.
— cavernoso;
intercavernoso;
esfeno-parietal;
petroso superior;
172 SISTEMA NERVOSO
— petroso inferior;
— plexo basilar.
Ainda, as principais estruturas anatómicas que o folheto interno descreve são
em forma de pregas durais, que correspondem a:
a. foice do cérebro: tem a forma de uma foice, toma direção ânter o-posterior
mediana através da fissura longitudinal do encéfalo, dividindo dois comparti-
mentos cerebrais, um direito e outro esquerdo;
b. foice do cerebelo: situada na fossa cerebelar, também com a forma de uma
foice, ela divide os dois hemisférios cerebelares;
c. diafragma da sela: é uma lâmina horizontal que recobre a sela hipofisária,
fazendo um parcial isolamento da hipófise, deixando apenas uni orifício para a
passagem da haste hipofisária;
d. tenda do cerebelo: é uma lâmina durai que se projeta verticalmente entre os
lobos occipitais e o cerebelo. Assim, ela separa a fossa craniana média da poste-
rior, definindo dois territórios, um supra- e outro infratentorial.
ARACNOIDE
A aracnóide situa-se abaixo da dura-máter craniana e espinhal. Essa meninge
emite delgadas trabéculas em direção à pia-máter, corno se fossem trama de uma
teia de aranha, daí o seu nome. Em nível espinhal, ela mantém um padrão anatómi-
co muito semelhante ao da dura-máter, acompanhando-a em todo o seu percurso.
Porém, no crânio, ela se afasta do folheto interno da dura-máter, de modo a des-
crever amplos espaços que são preenchidos com líquido cérebro-espinhal (líquor).
Assim, esses locais são denominados cisternas subaracnóides. As principais cis-
ternas subaracnóides são:
— cerebelo-medular;
— pontina;
— interpeduncular;
— quiasmática;
— superior (da v. cerebral magna);
— da fossa lateral do cérebro.
Outro interessante aspecto anatómico da aracnóide craniana é que ela forma
válvulas de drenagem de líquor, como enovelados de tecido meníngeo, que penetram
no interior dos seios venosos da dura-máter craniana, sendo estas estruturas conheci-
das como granulações aracnóides.
PIA-MATER
A pia-máter é a meninge mais íntima ao tecido nervoso. Ela penetra no tecido
nervoso, descrevendo, assim, uma membrana pio-glial. Deste modo, se adere ao
tecido neural, invadindo sulcos e fissuras. Sua estrutura permite que haja uma con-
fortável configuração das massas encefálica e medular espinhal.
SISTEMA NERVOSO 173
VASCULARIZAÇÃO CEREBRAL
O fluxo sanguíneo cerebral é muito elevado. Sabe-se que por minuto cir-
cula uma quantidade de cerca de 700 ml em um indivíduo adulto. Porém, o fluxo
sanguíneo cerebral é bem variado e alguns fatores determinam tais situações, como a
idade, as diferentes áreas encefálicas e seus respectivos estados funcionais. A deman-
da sanguínea irá depender principalmente da pressão intracraniana, do calibre dos vasos
e da resistência vascular cerebral. Assim, a substância cinzenta e os locais de sinapses
são aqueles que predominam na dependência de um maior aporte vascular, quando
comparados com a substância branca e com os circuitos neuronais. Desta maneira, a
atividade celular produzirá uma grande liberação de CO2, e este, por sua vez, irá in-
fluenciar uni aumento do calibre vascular e, portanto, uma elevação do fluxo sanguí-
neo. Nesse sentido, um adequado suprimento de glicose e de O2 será necessário para
que se mantenham as funções celulares cerebrais íntegras. Caso contrário, o sistema
nervoso entrará em sofrimento. Ainda, deve-se ressaltar que não há sistema linfá-
tico para esses órgãos.
IRRIGAÇÃO
O encéfalo é irrigado pelo sistema vértebro-carotídeo, o que significa dizer
que as aã. vertebrais, ramos da aã. subclávias, direita e esquerda, respectivamente,
juntamente com as carótidas internas, também direita e esquerda, fornecerão o su-
primento arterial para este órgão. Ainda, as aã. vertebrais fornecem ramos para a
medula espinhal. Estas irão percorrer os forames transversos das vértebras cervicais
e, através do forame magno, penetrarão no crânio. Em nível do sulco basilar, na pon-
te, elas se unem dando origem à a. basilar. Esta última produzirá ramos termi-
nais importantes, que são as aã. cerebrais posteriores, direita e esquerda. Além
disso, outros ramos são fornecidos por ela, como a a. cerebelar inferior anterior,
a a. cerebelar superior e a a. do labirinto. As aã. carótidas internas irão atingir
a caixa craniana através dos forames carotídeos, na base deste segmento. Assim, após
penetrarem no esqueleto cefálico, esses vasos tomarão um percurso sinuoso (sifão
174 SISTEMA NERVOSO
carotídeo) dentro do seio cavernoso durai. A seguir, ambas emitirão ramos ter-
minais que são as aã. cerebrais anterior e média. A artéria cerebral anterior
é responsável pela irrigação da face medial do encéfalo, exceto o lobo temporal, até
o sulco parieto-occipital. A partir deste, em direção occipital, o domínio vascular é
da a. cerebral posterior. A a. cerebral média alcança toda a face súpero-látero-
inferior encefálica, determinando, assim, um amplo domínio territorial. Seus ramos
terminais são: a. comunicante anterior, a. oftálmica e a. corióidea. Também
se deve ressaltar que a a. oftálmica estabelece uma importante anastomose com a a.
carótida externa através da a. angular, na face. Ainda, as aã. comunicantes
emitirão circulações colaterais quando for necessária a implantação de circuitos
emergenciais. Assim, observa-se que o círculo arterial cerebral ("Polígono de
Willis") circunda a base encefálica, abaixo do hipotálamo, delimitando as seguintes
estruturas: haste da hipófise, quiasma óptico, pedúnculos cerebrais e fos-
sa interpeduncular.
DRENAGEM VENOSA
O encéfalo é drenado por um duplo sistema venoso, ou seja, um sistema ve-
noso superficial e outro sistema venoso profundo. O primeiro drena por meio
das w. emissárias, para este último, o qual irá constituir a veia cerebral magna
(v. de Galeno), que também recebe os seios venosos da dura-máter crania-
na, os seios reto-, transverso e sigmóide que, por fim, irão confluir para a v.
jugular interna. No entanto, as veias do tronco encefálico e do cerebelo acompa-
nharão as artérias de mesmos nomes, até que atinjam também o sistema jugular.
FORMACAO-CIRCULACAO-ABSORCAO
A maior quantidade de líquor é secretada nos ventrículos laterais pelos
plexos coróides. Outra menor porção é sintetizada por vasos ependimários e piais.
Assim', após ser produzido, o mesmo passa através dos forames interventricula-
res ao III ventrículo e deste, por meio do aqueduto cerebral, chega ao IV ven-
trículo. A partir daí, ele ganha o espaço subaracnóide medular pelas abertu-
SISTEMA NERVOSO 175
Fig. 14.1 Reconheça os órgãos que compõem os sistemas nervosos central e periférico. Empregue as fotografias a, b, c, d e f (identifique os planos
anatómicos das imagens).
\
176 SISTEMA NERVOSO
Fíg. 14.3 Nas imagens a, b, c, d, e e f, reconheça os principais componentes anatómicos do verme e dos hemisférios cerebelares.