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O texto a seguir é do livro Renascimentos: um ou muitos?, do célebre


historiador e antropólogo britânico Jack Goody. Nessa obra, Goody não nega a
originalidade e a força do Renascimento italiano, mas amplia o debate sobre o
tema em duas direções:

a) Evidenciando as contribuições árabes, hindus e chinesas para o movimento


renascentista italiano.
b) Iluminando a ocorrência de outros renascimentos havidos no mundo árabe,
hindu e chinês.

Renascimentos: um ou muitos?

Iniciando com as “primeiras luzes” (primi lumi) do século XIV, o


Renascimento italiano é visto com frequência como o momento decisivo no
desenvolvimento da “modernidade”, em relação não apenas às artes e às
ciências, mas também, do ponto de vista do desenvolvimento econômico, em
relação ao advento do capitalismo. Não há dúvida de
que esse foi um momento importante na história
mundial. Mas quão singular ele foi em geral? Existe
aqui tanto um problema histórico específico quanto um
problema sociológico geral. Todas as sociedades
estagnadas requerem algum tipo de renascimento para
voltarem a se mover, e isso pode implicar um olhar
retrospectivo sobre épocas anteriores (a Antiguidade,
no caso da Europa) ou outro tipo de florescência.
Esse é o meu polêmico pano de fundo. Não vejo
o Renascimento italiano como a chave para a
modernidade e para o capitalismo são mais amplas e
encontram-se não apenas no conhecimento árabe, mas
também nos influentes empréstimos da Índia e da China. O que chamamos de
capitalismo tem suas raízes numa cultura letrada eurasiana mais ampla, que se
desenvolveu rapidamente desde a Idade do Bronze, com troca de produtos e
informações. O conhecimento da leitura e da escrita foi importante porque
permitiu o crescimento tanto do conhecimento quanto da economia, que depois
proporcionaria a troca de produtos. Ao contrário da comunicação puramente oral,
o conhecimento da leitura e da escrita tornou a linguagem visível, transformou-a
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em objeto material, que podia ser repassado entre culturas e existia da mesma
forma no correr do tempo. Consequentemente, todas as culturas escritas
poderiam às vezes olhar para trás e reviver o conhecimento passado, como foi
o caso dos humanistas europeus, e possivelmente levar a uma florescência
cultural, isto ´r, a uma nítida explosão de progresso. [...]
GOODY, Jack. Renascimentos: um ou muitos? São Paulo: Editora Unesp, 2011. p.11-12.

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