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Eletrólise
Determinação da Carga Fundamental
Ana Luisa Foguel da Silva
Guilherme Costa
LAB 1 - Instituto de Fı́sica
anafoguel@hotmail.com guilherme costa.m@poli.ufrj.br
Resumo: O presente experimento teve como principal objetivo a medição da carga do elétron e a partir do processo de
eletrólise. Neste processo, uma solução de sulfato de cobre é diluı́da de forma a se obter ı́ons livres e uma corrente elétrica é
gerada ao se inserir eletrodos de cobre ligados a uma fonte DC na solução. As reações quı́micas entre esses ı́ons e o eletrodo
negativo e positivo produz deposição e corrosão de cobre, respectivamente. Medindo a corrente gerada i, durante um certo
intervalo de tempo ∆t, e as massas dos eletrodos antes e depois da eletrólise, é possı́vel determinar a carga elementar e, e a
constante de Faraday F, com auxı́lio da Lei de Faraday. O valor encontrado para a carga do elétron foi de
e = 1, 57(3) · 1019 C, enquanto que o da constante de Faraday foi de F = 94(3) · 103 C.mol−1 . Os dois valores concordaram
com os valores da literatura, o que comprova que o método utilizado fez-se eficiente.
Cu++ que por sua vez reagem com os ı́ons negativos SO4− , e a constante de Avogadro N0 é aproximadamente de
formando sulfato de cobre:
N0 ≈ 6, 02 · 1023
Cu0 ⇒ Cu++ + 2 e (3) podemos medir no laborátorio a corrente i, a diferença de
massa ∆M e o intervalo de tempo ∆t e assim determinar,
a partir da eq. 10, a carga fundamental e e a constante de
SO4− + Cu++ ⇒ CuSO4 (4) Faraday F.
Após isso o próprio sulfato de cobre volta a se dissociar e
o ciclo se reinicia. II. P ROCEDIMENTO E XPERIMENTAL
Para a determinação da carga elementar e, utilizaremos Para a realização da eletrólise foi utilizado um coulômetro,
as Leis de Faraday, desenvolvidas pelo mesmo em 1933 e com capacidade para 3 eletrodos de cobre, aonde foi deposi-
sintetizadas na seguinte equação: tado a solução, denominada solução de Ottel e composta de
sulfato de cobre, ácido sulfúrico, água e álcool. O álcool é
∆M = k.c.Q (5) adicionado apenas para ajudar a quebrar a tensão superficial
da água. Os eletrodos são então ligados em série a um
em que ∆M representa a massa total depositada no catodo, amperı́metro, a uma década de resistência e por último à fonte
k é uma constante de proporcionalidade, c é o equivalente DC (ver Figura 2).
quı́mico do ı́on e Q é a carga total que passa na solução.
O equivalente quı́mico é a massa, em gramas, de uma dada
substância que pode reagir com um mol de elétrons, ou seja,
é o átomo-grama (massa de 1 mol da substância) dividida por
sua valência.
Podemos reescrever a equação (5) utilizando a constante de
Faraday F, que representa a magnitude de carga elétrica e por
mol de elétrons N0 ou a quantidade de carga necessária para
depositar um equivalente quı́mico de uma substância
F = e.N0 (6)
A.Q
∆M = (7)
F.v
Fig. 2: Montagem experimental do coulômetro com 3 eletrodos.
onde A é o átomo-grama do ı́on em questão e v a sua
valência. Antes de começar o processo da eletrólise é necessário a
Além disso, sabendo que, da própria definição de corrente realização de uma limpeza nas lâminas dos eletrodos de cobre
elétrica, a carga total Q que passa pelo circuito é igual à e na tampa do coulômetro. Com auxı́lio de sabão e bombril, as
corrente i vezes o intervalo de tempo ∆t placas foram gentilmente limpadas até que eventuais resı́duos
fossem retirados. Logo após, as placas foram mergulhadas por
Q = i.∆t (8) poucos minutos em álcool isopropı́lico e deixadas penduradas
para secar.
podemos substituir essa expressão na eq. (7), obtendo: É importante ressaltar que o manuseio das placas de cobre
deve sempre ser feito delicadamente com uma pinça, evitando
A.i.∆t o contato direto com as mãos.
∆M = (9)
F.v Após as placas estarem devidamente secas, elas são pesadas
A partir desta última equação e utilizando a eq. (6), podemos em uma balança analı́tica (precisão de 0,001 g) e encaixadas,
isolar a carga elétrica e, ficando com: em ordem memorável, na tampa do coulômetro. A placa
do meio é ligada no terminal negativo da fonte DC e as
F A.i.∆t placas laterais são ligadas no terminal positivo. Em série ao
e= = (10)
N0 v.N0 .∆M circuito são ligados um multı́metro, que medirá a corrente,
Sabendo que a valência v do Cu é igual a 2 (v = 2), o valor e uma década de resistência, que ajudará a alcançar o valor
do átomo-grama do Cu é de corrente adequada. A voltagem deve estar em um valor
próximo de 3 V e a corrente próxima de 50 mA e os dois
A = 63, 54 g valores devem ser anotados.
INSTITUTO DE FÍSICA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO 3
Note que a corrente não deve ser muito alta pois isso
resultaria numa deposição instável de cobre, prejudicando e = 1, 57(3) · 1019 C (13)
a acurácia do experimento. Além disso, a corrente deve se
manter estável durante o processo de eletrólise.
F = 94(3) · 103 C.mol−1 (14)
Após esperado um intervalo de tempo de aproximadamente
20 minutos, que deve ser cronometrado, a fonte é desligada.
Com a pinça, as placas de cobre são retiradas, uma por uma, IV. C ONCLUS ÕES
da tampa, lavadas em uma fina camada de água, e depois de Comparando o valor obtido em (13) para a carga elementar
álcool, e deixadas para secar. Após secas elas são mais uma com o valor mais aceito pela literatura el :
vez pesadas na balança.
Essa primeira deposição de cobre serve para facilitar a el = 1, 60217662.10−19 C (15)
deposição de outras camadas e assim melhorar a acurácia da
podemos ver que eles possuem a mesma ordem de grandeza
medida.
e uma discrepância relativa de 6%, indicando que a nossa
As placas são então encaixadas de novo no coulômetro, nas
medida para e é confiável e concorda com o valor esperado.
mesmas posições de antes, e o circuito é refeito. Dessa vez
Já para o valor encontrado para a constante de Faraday F
a corrente deve ser mantida por aproximadamente uma hora
em (14), cujo valor da literatura Fl é de:
e meia (o tempo deve ser cronometrado). Após passado esse
tempo, o mesmo procedimento de lavagem e secagem anterior
Fl = 96485, 33289(59) Cmol−1 (16)
é repetido e as massas das placas medidas.
Com os dados coletados de massas inicial e final, corrente obtemos uma discrepância relativa de apenas 3%, um ex-
e intervalo de tempo é possı́vel então determinar a carga do celente resultado. Além disso a faixa de erro da medida
elétron e. A placa do meio, que corresponde ao catodo, deverá encontrada engloba o valor da literatura.
ter tido uma deposição de cobre e as duas placas externas, que Apesar dos valores encontrados terem concordado com os
correspondem aos anodos, uma corrosão. valores aceitos na comunidade cientı́fica, algumas sugestões
para melhorar a confiabilidade do experimento são a tomada
III. R ESULTADOS de medidas considerando intervalos de tempo maiores e com
maior controle sobre as flutuações da corrente no sistema.
Os valores medidos para as massas nos diferentes instantes
Além disso, a utilização de placas de cobre mais polidas
de tempo se encontram na Tabela 1. A corrente medida
melhorariam a deposição de massa nos eletrodos.
pelo multı́metro durante o primeiro intervalo de tempo (19
minutos) foi de 53, 8(5) mA e a do segundo intervalo de tempo
(100 minutos) foi de 59, 3(7) mA. O erro dessas medidas foi R EFERENCES
determinado tomando uma média das flutuações nos valores [1] Roteiro do experimento de Eletrólise, disponı́vel em
http://www.if.ufrj.br/∼maximo/Lab1-Roteiros/Eletrolise.pdf
dessas correntes. [2] https://pt.wikipedia.org/wiki/Eletrlise
[3] https://www.todamateria.com.br/constante-de-faraday/
t (minutos) m1 (g) m2 (g) m3 (g) [4] R. Eisberg, R. Resnick, Quantum Physics of Atoms, Molecules, Solids,
Nuclei, and Particles [1974]
0 22,443(2) 24,051(2) 22,546(1)
19 22,430(2) 24,072(2) 22,531(2)
119 22,382(1) 24,191(2) 22,490(2)
Tabela 1: Massas medidas nos diferentes intervalos de tempo. A
massa m2 corresponde à massa do catodo e as massas m1 e m3
aos anodos.