Sei sulla pagina 1di 4

SOBRE BIBLIOTECONOMIA, DOCUMENTAÇÃO E CI

Boletín UNESCO XXII, n. 2, 1968

Jesse H. Shera

Quando Otlet e La Fontaine pretendem realizar a bibliografia universal, não estavam fazendo
outra coisa que atualizar uma prática bibliotecária que se remonta ao século XVI. Utilizando o
DDC como base da classificação dos seus catálogos, eles acrescentam uma análise de conteúdo
mais aprofundada. Assim, tratando de distinguir suas atividades da biblioteconomia, a
chamaram de documentação, ocasionando um cisma ate hoje não resolvido.

Vinte anos depois de Otlet, John Cotton Dana, diretor da biblioteca pública de Newark (N.
Jersey), cria dentro da mencionada biblioteca uma Seção Comercial (Business Branch), voltada
para atender assuntos do comércio e a indústria. Concomitantemente, ele se retira da ALA e
cria a SLA. Por falta de um nome, ele chamará esse tipo de organizações de bibliotecas
especializadas. Em 1930 se produz a segunda separação quando se cria a ADI, a qual
representava diversas associações eruditas procurando usar novos meios científicos de auxílio
para facilitar as atividades bibliográficas dos estudiosos. Ainda a documentação americana se
interessou desde o início com a reprodução, chegando a ser identificada com as atividades de
microfilmagem, da mesma forma que os europeus foram identificados com a CDU.

Depois da Segunda Guerra a ADI renasce como ASIS, na procura de busca mecânica de
publicações. Depois de 1950 aparecem outras associações: 1) SLA abre uma Divisão de
Documentação. 2) A Chemical Society cria a Chemical Literature Division. 3) Com a mudança da
ADI se cria a National Microfilm Association. 4) Os diretores e colaboradores das revistas
técnicas, assim como os especialistas em resumes se retiram da ADI e criam suas próprias
associações. 5) A American Association for the Advancement of Sciences cria a Information
Science Section. 6) E, a ALA cria a Information Science and Automation Division (ISAD). Essa
lista da uma ideia da multiplicidade de organizações especializadas que sobrevivem ainda hoje.
Ainda, muitos dos membros dessas organizações não eram bibliotecários mas cientistas
interessados pela documentação de suas áreas.

AS DUAS ORIENTAÇÕES

Dentro da biblioteconomia existem duas orientações ideológicas que explicam essa


fragmentação. Num princípio, desde o Antigo Egito até começos do século XIX os bibliotecários
eram eruditos. Com a democratização da educação, as bibliotecas públicas começam a tomar
corpo. Servindo à comunidade se achava que elas contribuíam para o aperfeiçoamento
individual.

Essa mudança de orientação que já se fazia sentir na Conferência de Bibliotecários de 1853,


que se concretiza em 1876 com a criação da ALA em Filadélfia. A partir desse momento,
amparada por Carnegie, as bibliotecas crescem colocando o serviço encima da bibliografia. A
parir desse momento as bibliotecas não pararam de diversificar-se.

A divisão cada vez mais profunda da biblioteconomia ocasionou uma complexidade


institucional cada vez maior e levantou dúvidas colocadas pelos “intrusos” não bibliotecários
sobre os objetivos da biblioteca; e por outro lado, que muitas vezes menosprezavam a
biblioteconomia propriamente dita. Para prepararem-se na sua carreira, os “intrusos”
rejeitavam qualquer aspecto da formação dos bibliotecários. Também rejeitavam as técnicas
bibliotecárias mesmo que eles estivessem reinventando métodos muitas vezes já esquecidos
pela biblioteconomia. Ainda, eles não queriam ser chamados de bibliotecários.

Com o passar dos anos, a luta na qual se envolveram os especialistas da documentação e da


informação, serviu mais para excitar paixões do que para esclarecer o assunto.O grupo de
invasores pretendia mudar a terminologia do grupo invadido para dar a impressão, pelo menos
exteriormente, de que tratava de uma nova disciplina. Pensou-se que modificando a
terminologia se modificaria a realidade. O nome de “descritores”, substituindo os “cabeçalhos
de matérias”, conferia certa dignidade de caráter científico.

O PROBLEMA DA DEFINIÇÃO

Na época em que a controvérsia sobre a documentação era mais violenta, alguém afirmou que
ela era “uma biblioteconomia praticada por aficionados”. No entanto, essa fórmula caricatural
possuía algo de verdade.

Otlet: “a documentação é um processo que permite reunir, classificar e difundir todos os


documentos de toda índole relativos a todos os setores da atividade humana”. Essa definição
possui o mérito de enfatizar o processo e o método.

Bradford: opinião parecida, mas para ele a documentação não é uma ciência mas: “ a arte de
reunir, classificar e fazer facilmente acessível os documentos relativos a todas as formas da
atividade intelectual [...] o processo em virtude do qual um especialista pode ficar sabendo das
diferentes publicações relativas matéria que estuda com a finalidade de estar plenamente
informado dos resultados já conseguidos e não perder suas faculdades criadoras num trabalho
já realizado”. Para ele o documentalista deve preocupar-se unicamente com as necessidades
dos pesquisadores.

Briet da a definição mais completa, para ela até os animais catalogados num zoológico são
documentos.

Shera: em 1951 declara que a documentação pretende a circulação de informações registradas


dentro de um grupo de especialistas. Não tem como função fazer circular informações para
leigos em nível popular. No entanto ele considera em 1968, que essa definição é muito
restritiva. Se a documentação é um sistema ou método da aplicação da biblioteconomia, suas
técnicas devem servir para todo tipo de bibliotecas.

Atualmente, os problemas suscitados pela palavra documentação perdeu seu interesse prático.
Nos EUA o termo chegou a ser considerado mais antiquado que a própria biblioteconomia,
inclusive por aqueles que antes eram seus defensores. Na Conferência celebrada no Geórgia
Institute of Technology, sobre especialistas em CI em 1962, os delegados deliberaram que se
evitassem os termos “documentação” e “documentalista”, devido à diversidades de formas em
que é empregado, e pelas interpretações que se lhe outorgam. Perante a amplitude se decidiu
que existiam 5 tipos de profissionais: os bibliotecários, os bibliotecários especializados, os
bibliotecários científicos, os analistas em publicações técnicas e os especialistas em CI
(expressão que designa pesquisadores e não técnicos). A condenação da documentação parece
dever-se a que a ALA se negou a inclui-la na sua nova Division of Information Science and
Automation. Igualmente, a ADI está revendo seus estatutos e deseja encaminhas uma proposta
para mudar seu nome para ASIS.

A CI NO MUNDO DO BIBLIOTECÁRIO

Shannon e Weaber não formularam sua “teoria da informação” de um modo adequado. Ela
não é uma teoria da informação, mas uma teoria dos sinais, da capacidade que tem um
símbolo, um cabo telefônico, ou qualquer outro meio ou canal de comunicação para transmitir
uma mensagem. Porém, a palavra soa bem e os que trabalham facilitando o acesso ao saber
registrado não tardaram em apoderar-se dela. Assim, logo cedo começou a ser empregada a
palavra “CI” para designar a biblioteconomia de tipo não tradicional. Existe, assim, uma escassa
relação entre a teoria da informação e a utilização do saber registrado.

Conferência de Geórgia, um especialista em CI é: “uma pessoa que estuda e desenvolve a


ciência do armazenamento e recuperação da informação, que pensa novos métodos para
abordar o problema da informação, e que se interessa pela informação em si mesma e por si
mesma”. Com essa definição se deixa o problema da distinção entre a biblioteconomia e
documentação, para a zona de contato entre a CI e a profissão do bibliotecário.

Para compreender essa relação devemos precisar primeiro, o que é a biblioteconomia. Ela é
uma atividade profissional que compreende um conjunto de organismos, operações técnicas e
princípios, que dão aos documentos gráficos, a utilidade social máxima em benefício da
humanidade. A biblioteconomia tem uma finalidade social. A documentação é uma forma ou
aspecto da biblioteconomia. A biblioteconomia é uma profissão de serviço, portanto, as
caraterísticas de suas diversas ramas resultam das particularidades do grupo ao qual se destina
esse serviço.

Também é necessário definir o que é a CI. Para Rees e Saracevic (1967) a CI: “não pode ser
equiparada com a biblioteconomia, nem coma a documentação, nem com a recuperação da
informação, ou qualquer outra coisa”. Ela é um ramo da investigação que toma sua substância,
seus métodos e suas técnicas de diversas disciplinas para chegar à compreensão “das
propriedades, comportamento e circulação da informação”. Ela abarca a análise de sistemas, os
aspectos mensuráveis da informação e da comunicação, dos meios de informação e da análise
linguística da organização da informação, das relações homem-sistema, etc.

Porém essa definição é discutível por que negam o caráter de profissão à CI: “porque não
satisfaz nenhuma necessidade social nem presta serviços práticos”. Ainda, eles consideram que
não tem base teórica. Mas, cabe resgatar que embora ela ainda não tenha uma base teórica,
ela trata de encontra-la nas disciplinas nas quais se apoia, e por sua vez, ela é a base teórica da
prática biblioteconômica. A biblioteconomia não chegou ainda a um estagio de
desenvolvimento suficientemente avançado capaz de estabelecer um conjunto de noções
gerais, que os especialistas da CI deveriam conhecer antes de orientar-se a seus respectivos
campos de atividades. Essa tarefa deve ser incumbida àqueles que forma bibliotecários,
juntamente com os que exercem essa profissão.
CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO E BIBLIOTECONOMIA

Robert S. Taylor assinala cinco setores nos quais existe uma inter-relação entre, por um lado, a
C&T da informação, e por outro lado, a biblioteconomia e a formação dos bibliotecários:

1.- A análise de sistemas que se ocupa com a concepção e preparação de modelos e técnicas de
simulação para o estudo da biblioteca.

2.- O contexto social em que funciona a biblioteca, o tratamento social do conhecimento, as


necessidades intelectuais de certos setores, os diferentes níveis de desenvolvimento
tecnológico de diversas sociedades.

3.- Os meios de informação que servem para transmitir e receber conhecimentos: livros,
manuscritos, instituições, bibliotecas, centros de informação, etc.

4.- Organização e análise bibliográfico. Rotular, classificar, etc. baseados na linguística, logica,
psicologia e matemática.

5.- Interações entre o usuário e qualquer serviço colocado a disposição. São humanos e coisas.

Por tanto, a CI não se opõe à biblioteconomia, pelo contrário, ambas são aliadas naturais. Os
bibliotecários não devem rejeitar esse novo membro de sua família intelectual, do mesmo
modo que o cientista da informação não deve desacreditar a biblioteconomia. Uns e outros
cometeram e continuarão cometendo erros. Por enquanto, ambos podem falar línguas
diferentes pois noções novas exigem uma terminologia também nova, embora finalmente se
chegue a um encontro de entendimento mútuo. Reeds, Saracevic e Taylor são representantes
de uma geração de bibliotecários eruditos.

Potrebbero piacerti anche