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Textos parcialmente compilados das Referências Bibliográficas citadas no final.
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Um conhecimento da botânica é importante para tratar dos problemas de Hoje
e de Amanhã – o por que de classificar
BIODIVERSIDADE
“Variabilidade entre os organismos vivos de todas as origens,
compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros
ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos dos quais fazem parte;
compreende ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de
ecossistemas”. (Conceito segundo o Art. 2º da Convenção sobre Diversidade Biológica, 1992).
A Convenção da Diversidade Biológica é o primeiro instrumento legal para assegurar a
conservação e o uso sustentável dos recursos naturais. É uma das três “Convenções do Rio”,
resultantes da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável, também conhecida como “Cúpula da Terra”, realizada no Rio de Janeiro em 1992.
Ela entrou em vigor no final de 1993, com os seguintes objetivos:
- A conservação da diversidade biológica;
- A utilização dos recursos genéticos, mediante, inclusive, do acesso adequado aos
recursos genéticos; e
- A transferência adequada de tecnologia pertinentes, levando em conta todos os
direitos sobre tais recursos e tecnologias e mediante financiamento adequado.
Existem atualmente 193 países que fazem parte da Convenção, ou seja, que já
assinaram o acordo, o qual entrou em vigor em dezembro de 1993.
Três definições simples:
BIODIVERSIDADE significa Diversidade Biológica
BIODIVERSIDADE designa coletivamente os diversos organismos vivos presentes em
nosso planeta
sinônimo de “Vida sobre a Terra”.
Obviamente que inclui:
a variedade genética dentro das populações e espécies;
a variedade de espécies da flora, da fauna e de microooganismos;
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a variedade de funções ecológicas desempenhadas pelos organismos nos
ecossistemas; e
a variedade de comunidades, habitats e ecossistemas formados pelos organismos.
Além disso, BIODIVERSIDADE refere-se ... ...
tanto ao número (riqueza) de diferentes categorias biológicas
quanto à abundância relativa (equitabilidade) dessas categorias
A biodiversidade é uma das propriedades fundamentais da natureza, responsável pelo
equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas, e fonte de imenso potencial econômico. A
biodiversidade é a base das atividades agrícolas, pecuárias, pesqueiras e florestais e, também, a
base para a estratégica indústria da biotecnologia. As funções ecológicas desempenhadas pela
biodiversidade são ainda pouco compreendidas, muito embora considere-se que ela seja
responsável pelos processos naturais e produtos fornecidos pelos ecossistemas e espécies que
sustentam outras formas de vida e modificam a biosfera, tornando-a apropriada e segura para a
vida.
O número exato de espécies existentes no planeta é ainda desconhecido, mas aproxima-
se de 1,7 milhões. Estima-se, entretanto que pode variar de 5 a 100 milhões.
O Brasil, com uma área de 8,5 milhões de km2, é o quinto maior país em extensão
territorial, ocupando quase a metade da América do Sul (47,3%), representando
aproximadamente 5,7% da superfície emersa do Planeta. Essa área possui várias zonas
climáticas que incluem: o trópico úmido no Norte, o semi-árido no Nordeste e áreas
temperadas no Sul.
As diferenças climáticas contribuem para as diferenças ecológicas formando zonas
biogeográficas distintas chamadas biomas(2). O Brasil apresenta 6 grandes Domínios
Fitogeográficos: a Amazônia, maior floresta tropical úmida, que ocupa 49,29% do território; o
Cerrado (23,92%); a Mata Atlântica (13,04%), a Caatinga (9,92%), os Campos Sulinos ou
Pampas (2,07%) e o Pantanal, a maior planície inundável (1,76%). Apenas a Caatinga é
exclusivamente brasileira, ao passo que a Mata Atlântica tem cerca de 95% de sua área em
território nacional e o Cerrado a sua quase totalidade, possuindo extensões marginais, porém
contínuas no nordeste do Paraguai e leste da Bolívia.
A variedade de biomas reflete a riqueza da flora e fauna brasileiras, tornando-se as
mais diversas do mundo. Segundo Fioravanti (2016), os quase 50.000 exemplares de espécies
nativas (43% delas endêmicas) colocam o Brasil como o pais continental com maior
diversidade de espécies do mundo, seguido por China, Indonésia, México e África do Sul. Em
número de espécies endêmcas, perde apenas para grandes ilhas como Austrália, Madagascar e
Papua Nova Guiné, cujo isolamento favorece a formação de variedades únicas, e para apenas
uma área continental, o Cabo da Boa Esperança, na África do Sul. Além disso, o Brasil ocupa o
1º lugar no total de espécies, possui a maior extensão de florestas tropicais da Terra e o 1º lugar
em diversidade de angiospermas.
Diversas espécies de plantas de importância econômica mundial são originárias do
Brasil, destacando-se o abacaxi, o amendoim, a castanha-do-pará, a mandioca, o caju, a
carnaúba e a piaçava, dentre muitas outras.
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(2)
Entende-se aqui Bioma como uma subdivisão biológica da superfície terrestre – que abrange grandes áreas
contínuas - e reflete o caráter ecológico e fisionômico da vegetação e que corresponde aproximadamente com
as regiões climáticas, embora outros fatores ambientais possam ser importantes e fazem com que um Bioma
seja dotado de uma diversidade biológica singular. À medida que as plantas evoluíram, elas vieram a constituir
biomas, grandes agrupamentos de plantas e animais. Os sistemas interativos que compõem os biomas e os seus
ambientes físicos são chamados “ecossistemas”.
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O Brasil tem a flora mais rica do mundo, com mais de 46.000 espécies de plantas
(46.097, de acordo com Fioravante, 2016) – cerca de 20% da flora mundial. O Catálogo de
Plantas e Fungos no Brasil (2010), publicado por uma equipe do Instituto de Pesquisa do
Jardim Botânico do Rio de Janeiro, apresentou as listas de espécies devidamente catalogadas
até aquele ano, a saber: 26 de gimnospermas (7 gêneros); 31.160 de angiospermas (2.828 gen.),
sendo 17.628 endêmicas; 1.176 de pteridófitas (121 gen.); 6.795 de fungos (923 gen.); 1.521 de
briófitas (395 gen.); e 3.496 de algas (828 gen.).
Inventários locais revelaram uma diversidade especialmente alta para o bioma Mata
Atlântica. Por exemplo, 476 espécies de plantas foram identificadas em 1 só hectare na Estação
Biológica de Santa Luzia, no Espírito Santo e 458 de espécies arbóreas e arborescentes foram
identificadas na Serra do Conduru (hoje Parque Estadual Serra do Conduru), no Sul da Bahia
(Thomas et al., 1998).
O Brasil abriga o maior nº de primatas com 55 spp. (o que corresponde a 24% do total
mundial); de anfíbios com 516 spp.; e de animais vertebrados com 3.010 spp. de vertebrados
vulneráveis ou em perigo de extinção. Em termos de flora, o Brasil conta com mais de 55.000
spp. descritas, o que corresponde a ca. de 30% do total.
No entanto, esta biodiversidade não está distribuída de modo homogêneo pelo território
nacional. A biodiversidade brasileira distribui-se em mosaico, com níveis variados de
preservação, mas também com grande variação quanto ao número e categoria de seus
componentes/ecossistema. Áreas de grande diversidade, como fragmentos da Mata Atlântica,
se opõe àquelas habitadas por poucas espécies, como vastas extensões da Caatinga. Porém, em
grande parte do país, como norma, a biodiversidade vem sendo constantemente reduzida pela
ação humana.
1. Mata Atlântica
2. Caatinga
3. Cerrado
4. Pantanal
5. Floresta Amazônica
6. Campos Sulinos
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1. MATA ATLÂNTICA
Dados mais recentes, de acordo com o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata
Atlântica 2013-2014 (SOS Mata Atlântica, 2015):
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Mangue e Restinga
No período de 2013 a 2014 não foi identificada, pela escala adotada, supressão da vegetação de
mangue. Na Mata Atlântica as áreas de manguezais correspondem a 231.051 ha.
Bahia (62.638 ha), Paraná (33.403 ha), São Paulo (25.891 ha) e Sergipe (22.959 ha) são os
Estados que possuem as maiores extensões de mangue.
Já a supressão de vegetação de restinga foi de 309 ha. O maior desmatamento ocorreu no
Ceará, com 193 ha, seguido do Piauí (47 ha), Paraíba (29 ha), São Paulo (28 ha), Bahia (6 ha) e
Paraná (6 ha).
A vegetação de restinga na Mata Atlântica equivale a 641.284 ha. São Paulo possui a maior
extensão (206.698 ha), seguido do Paraná (99.876 ha) e Santa Catarina (76.016 ha).
Histórico do desmatamento
Confira o total de desflorestamento na Mata Atlântica identificados pelo estudo em cada
período (em hectares):
Abaixo, gráfico do histórico do desmatamento desde 1985:
Segundo Flávio Jorge Ponzoni, pesquisador e coordenador técnico do estudo pelo INPE, nesta
oportunidade foram utilizadas imagens do sensor OLI do satélite Landsat 8, as quais
apresentam características técnicas similares daquelas utilizadas na geração das versões
anteriores deste Atlas. “Essa similaridade garante a comparação entre dados gerados em
edições passadas do Atlas, que foram geradas fundamentalmente pela análise de imagens do
sensor TM/Landsat 5”.
Especificamente para a Bahia, com base nos dados da Lei N° 11.428 de 22/12/2006, do
IBGE e MMA/Probio 2006, apresentados pelo MMA (2010), a Mata Atlântica ocupava
originalmente 33,25% do território baiano, distribuída por 5 regiões: Litoral Norte, Baixo Sul,
Sul, Extremo Sul e a Chapada Diamantina e encraves florestais no Oeste. Essas regiões
apresentam características ecológicas, históricas de ocupação humana, usos do solo e pressões
antrópicas distintas. Restam no estado 35,75% de remanescentes ou 6.711.539,05 hectares (= a
67.115,39 km2), incluindo os vários estágios de regeneração em todas as fisionomias.
No sentido amplo do termo, a Floresta Atlântica engloba um diversificado mosaico de
ecossistemas florestais com estruturas e composições florísticas bastante diferenciadas, acom-
panhando a diversidade dos solos, relevos e características climáticas da vasta região onde
ocorre, tendo como elemento comum a exposição aos ventos úmidos que sopram do oceano.
Caracterizadas por sua fisionomia alta e densa, são conseqüências da variedade de
espécies pertencentes a várias formas biológicas e estratos. Nessa floresta, a vegetação dos
níveis inferiores vive em um ambiente bastante sombrio e úmido, sempre dependente do estrato
superior.
O grande número de lianas, epífitas, fetos arborescentes e palmeiras dá a esta floresta
um caráter tipicamente tropical. Os ambientes do Litoral Norte são muito sensíveis porque
ainda estão em formação. A natureza ainda não terminou de fazê-los. Dunas, restingas,
banhados, lagoas, campos e matas formam corredores de vida silvestre, com papel definido na
harmonia da região. Exemplos são a gralha azul, que planta o pinhão na Serra, e os pássaros
que comem as sementes da figueira e semeiam, com sua defecação, futuras mudas de figueira
em todo o Litoral Norte.
Atualmente cerca de 123 milhões de pessoas, quase 60 % da população brasileira,
vivem nessa área que, além de abrigar a maioria das cidades e regiões metropolitanas do País
(num total de 3.410 municípios), sedia também os grandes pólos industriais, químicos,
petroleiros e portuários do Brasil, respondendo por 80% do PIB nacional.
Apesar de sua história de devastação, a Floresta Atlântica ainda possui remanescentes
florestais de extrema beleza e importância que contribuem para que o Brasil seja considerado o
país de maior diversidade biológica do planeta.
Em relação à ocupação e utilização da Floresta Atlântica, a floresta nativa deu lugar às
culturas de cana-de-açúcar, cacau e café, além da pecuária, da floresta cultivada e dos pólos de
desenvolvimento urbano. Em fevereiro de 1993, um novo decreto regulamentou a exploração
da Floresta Atlântica. Em 22 de dezembro de 2006, o Presidente da República assinou a Lei N°
11.428, que dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica.
O MMA (2010) apresenta o Mapa da Área de Aplicação desta Lei, elaborado pelo IBGE em
2009, o qual contempla as configurações originais das formações florestais e ecossistemas
associados, bem como os encraves florestais e brejos de altitude interioranos que integram a
Mata Atântica: Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista (Mata de Araucárias),
Floresta Ombrófila Aberta, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Estacional Decidual,
Campos de Altitude, Áreas das Formações Pioneiras (Manguezais, restingas, Campos Salinos e
Áreas Aluviais), Refúgios Vegetacionais, Áreas de Tensão Ecológica, Brejos de Altitude
Interioranos e Encraves Florestais (representados por disjunções de floresta ombrófila densa,
floresta ombrófila aberta, floresta estacional semidecidual e floresta estacional decidual), Áreas
de Estepe, Savanas e Vegetação Nativa das Ilhas Costeiras e Oceânicas.
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O referido Mapa, na escala 1:5.000.000 pode ser encontrado nos sítios eletrônicos do
IBGE e do MMA: www.ibge.gov.br ou www.mma.gov.br .
As principais causas do desmatamento são a proliferação das pastagens, o plantio de
eucaliptos e a implantação de monoculturas comerciais como a soja e a cana. Essa diversidade,
ao mesmo tempo em que representa uma excepcional riqueza de patrimônio genético e
paisagístico, torna a mata externamente frágil.
O ambiente é superúmido, devido às grandes quantidades de árvores, que tornam a
floresta mais fechada. O clima é tropical, com influência oceânica, com precipitação anual que
varia de 1.000 a 1.750 mm. Não bastasse o fato de ser uma floresta tropical, com vários
ecossistemas associados, a Floresta Atlântica teve sua diversidade biológica ainda mais
ampliada pela intensidade das transformações que sofreu ao longo dos últimos anos.
Especialmente durante o período quaternário, marcado por fortes mudanças climáticas,
a Floresta Atlântica viveu momentos de forte retração durante as glaciações, resistindo,
fragmentada, apenas em alguns locais conhecidos como "refúgios do pleistoceno", quando as
condições climáticas eram mais amenas.
O relevo é constituído por colinas e planícies costeiras, acompanhadas por uma cadeia
de montanhas. Os solos são de fertilidade média, porém, a área com relevo acidentado constitui
limitação forte para uso intensivo das terras com cultivos anuais. Mas no interior da floresta o
solo é pobre, que se mantém pela decomposição acelerada de matéria orgânica proveniente dos
restos vegetais que caem no chão.
Segundo os botânicos, a Floresta Atlântica é a mais diversificada do planeta (20 a 25
mil espécies de plantas) das existentes no país. O elevado índice de chuvas ao longo do ano
permite a existência de uma vegetação rica, densa, com árvores que chegam a 30 metros de
altura. Destacam-se o pau-brasil, o jequitibá, as quaresmeiras, o jacarandá, o jambo e o
jambolão, o xaxim, o palmito, a paineira, a figueira, a caviúna, o angico, a maçaranduba, o ipê-
rosa, o jatobá, a imbaúba, o murici, a canela-amarela, o pinheiro-do-paraná, e outras. Em um
curto espaço, pode-se encontrar mais de 50 espécies vegetais diferentes.
As regiões sul da Bahia e norte do Espírito Santo abrigam várias espécies endêmicas de
angiospermas, incluindo três gêneros de leguminosas (Arapatiella, Brodriguesia, e
Harleyodendron) (Lewis, 1987), quatro gêneros de gramíneas da subfamília Bambusoideae
(Atractantha, Anomochloa, Alvimia e Sucrea), a maioria das espécies de Inga seção Affonsea
(Fabaceae), o gênero Trigoniodendron (Trigoniaceae), e a piaçava, Attalea funifera
(Arecaceae), uma palmeira de grande importância econômica (Guimarães e Silva, 2012).
Thomas et al. (1998) estimaram o nível de endemismo da flora de duas áreas
localizadas na zona da Floresta Higrófila Sul Baiana. As estimativas foram feitas com o intuito
de avaliar o endemismo na Floresta Atlântica como um todo e na área mais restrita ao sul da
Bahia e norte do Espírito Santo, e derivaram de análises da distribuição das espécies
conhecidas de cada área. Os checklists das espécies de cada área basearam-se nos espécimes
identificados, resultado de intenso trabalho de coleta em uma floreta próxima de Serra Grande
(40 km ao norte de Ilhéus) e na Reserva Biológica de Una (40 km ao sul de Ilhéus). Na Reserva
de Una, 44,1 % das espécies são endêmicas das florestas costeiras e 28,1 % endêmicas do sul
da Bahia e norte do Espírito Santo. Em Serra Grande, 41,6 % das espécies são endêmicas das
florestas costeiras e 26,5 % endêmicas do sul da Bahia e norte do Espírito Santo.
O endemismo e a especificidade de hábitats são dois fatores fundamentais na
determinação da raridade das espécies (Bibby et al., 1992; Goerck, 1997; Rabinowitz et al.,
1986). Apesar do conhecimento que o endemismo local (como definido por Gentry, 1986) é
alto na região sul da BA e norte do ES, e que o endemismo está correlacionado com a raridade,
não tem sido feitas tentativas para listar as espécies de plantas endêmicas nesses dois Estados.
O novo gênero e espécie da familia Rutaceae, a Andreadoxa flava Kallunki, é um caso
especial de endemismo muito restrito pois, mesmo apresentando uma vistosa floração, têm-se o
registro de apenas três coletas e todas elas em um só indivíduo localizado na área do CEPEC -
Centro de Pesquisas do Cacau. O typus foi coletado em 9 de dezembro de 1981, na Quadra I, e
uma duplicata doi imediatamente encaminhada para o Museu Nacional do Rio de Janeiro.
A descoberta foi feita somente em 1988, pela pesquisadora Jacquelyn Kallunki, do
Jardim Botanico de Nova York, cuja descrição foi publicada na revista Brittonia, onde nomeou
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o exemplar do CEPEC como holótipo e o do Museu Nacional como isótipo nesta descrição
original. As outras duas coletas foram nomeadas como parátipos e duplicatas de uma delas
estão depositadas nos Herbários K, NY, US, além do CEPEC. A autora menciona que o fator
raro pode ser devido às exigências do solo: profunfo e alta fertilidade do local. Trata-se de uma
árvore mediana de cerca de 15m de altura por 12-15cm de diâmetro e a espécie faz homenagem
ao pesquisador André Maurício Vieira de Carvalho, Curador do Herbário CEPEC, Ilhéus.
Em relação à fauna a Floresta Atlântica representa uma das mais ricas em diversidade
de espécies de animais e está entre as cinco regiões do mundo que possuem o maior número de
espécies endêmicas. Está intimamente relacionada com a vegetação, tendo uma grande
importância na polinização de flores, e dispersão de frutos e sementes. A precariedade dos
levantamentos sobre a fauna da Mata Atlântica torna sua descrição e análise mais difícil que no
caso da vegetação (Adams, 2000), mas, apesar da carência de informações para alguns grupos
taxonômicos, estudos comprovam uma diversidade bastante alta.
Os animais podem ser divididos em dois grupos, de acordo com o grau de exigência:
a. Os generalistas são pouco exigentes, apresentam hábitos alimentares variados, altas
taxas de crescimento e alto potencial de dispersão. Estes fatores permitem a estes
animais viverem em áreas de vegetação mais aberta ou mata secundária. São chamados
de generalistas por causa do alto grau de tolerância e à capacidade de aproveitar
eficientemente diferentes recursos oferecidos pelo ambiente. Ex: sabiá-laranjeira,
sanhaço, pica-pau, gambá, morcegos, entre outros.
b. Os especialistas, ao contrário dos primeiros, são extremamente exigentes quanto aos
habitats que acupam. São animais que vivem em áreas de floresta primária ou
secundária em alto grau de regeneração, apresentando uma dieta bastante específica.
Para este grupo, a alteração do ambiente significa a necessidade de procurar novos
hábitats que apresentem condições semelhantes às anteriores. Ocorre também a
necessidade de grandes áreas para sobreviverem, sendo que sua redução pode ocasionar
a impossibilidade de encontrar um parceiro para reprodução, comprometendo o número
de indivíduos da espécie, podendo levá-la à extinção. Alguns destes animais, por
representarem o topo de cadeias alimentares, possuem um número reduzido de filhotes,
o que dificulta ainda mais a manutenção destas populações. Ex: onça-pintada, mono-
carvoeiro, jacutingas, gavião-pombo, entre outros.
A relação entre animais e plantas da Mata Atlântica é bastante harmônica. O
fornecimento de alimento ao animal em troca do auxílio na perpetuação de uma espécie
vegetal, é bastante comum. As plantas com flores e seus polinizadores foram adaptando
hábitos e necessidades ao longo de milhões de anos de convívio. Flores grandes e coloridas
atraem muitos beija-flores, as perfumadas atraem as mariposas e algumas flores, para atrair
moscas, exalam um perfume semelhante ao de podridão. Acredita-se que três a cada quatro
espécies vegetais da Mata Atlântica, sejam dispersadas por animais, principalmente por aves e
mamíferos, que alimentam-se de frutos e defecam as sementes ou as eliminam antes da
ingestão. Pássaros frugívoros possuem grande percepção visual e se alimentam de sementes
muitas vezes bem pequenas. Jacarés e lagartos, aproveitam os frutos caídos no chão e
mamíferos como os macacos, acabam proporcionando a dispersão em grandes áreas.
A Floresta Atlântica possui uma grande biodiversidade de animais, além de muitos que
já estão ameaçados de extinção, como: a onça-pintada, a jaguatirica, o mono-carvoeiro, o
macaco-prego, o guariba, o mico-leão-dourado, vários sagüis, a preguiça-de-coleira, o
caxinguelê, o tamanduá. Um breve resumo sobre os grupos:
Mamíferos - A Mata Atlântica possui 270 espécies de mamíferos, sendo 95 endêmicas, com a
possibilidade de existirem diversas desconhecidas. São os componentes da fauna que mais
sofreram com os vastos desmatamentos e a caça, verificando-se o desaparecimento total de
algumas espécies em certos locais. Há uma grande quantidade de roedores e quirópteros (mor-
cegos), e apesar de não ser tão rica em primatas quanto a Amazônia, possui um nº razoá-vel de
espécies (Adams, 2000). Exceto em relação aos primatas, quase nada se sabe sobre a situação
dos demais grupos de mamíferos da Mata Atlântica. (Coimbra Filho, 1984; Câmara, 1991).
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Aves – Este bioma apresenta uma das mais elevadas riquezas de aves do planeta, com 1020
espécies. É um importante centro de endemismo, com 188 espécies endêmicas e 118
ameaçadas de extinção. Estas espécies encontram-se ameaçadas principalmente pela destruição
de habitats, pelo comércio ilegal e pela caça seletiva de várias espécies. Um dos grupos que
corre maior risco de extinção é o das aves de rapina (gaviões, por exemplo), que apesar de ter
uma ampla distribuição, estão sofrendo uma drástica redução de seus nichos. Várias espécies
quase se extinguiram pela caça, como é o caso dos beija-flores e psitacídeos em geral (araras,
papagaios, periquitos) (Por, 1992).
Anfíbios - Com hábitos predominantemente noturnos e discretos, o que os torna pouco visíveis
em seu ambiente natural, os anfíbios representam um dos mais fascinantes grupos. Exploram
praticamente todos os hábitats disponíveis; apresentam estratégias reprodutivas altamente
diversificadas e muitas vezes bastante sofisticadas, ocupam posição variável na cadeia
alimentar e possuem vocalizações características, demonstrando a diversificação biológica e
seu sucesso evolutivo. Em relação aos anuros (sapos, rãs e pererecas), um ecossistema bastante
importante é o conhecido "copo" das bromélias, um reservatório que serve de moradia,
alimentação e local para reprodução de algumas espécies. A Mata Atlântica concentra 372
espécies de anfíbios, cerca de 65% das espécies brasileiras conhecidas. Destas, 260 são
endêmicas, evidenciando a importância deste grupo.
Répteis - Em relação à fauna de répteis, grande parte apresenta ampla distribuição geográfica,
ocorrendo em outras formações como a Amazônia, Cerrado e até na Caatinga. No entanto, são
conhecidas muitas espécies endêmicas da Mata Atlântica, por exemplo, o jacaré-do-papo-
amarelo (Caiman latirostris) (MMA,2000). Uma comparação entre os répteis da Amazônia, da
Mata Atlântica e do Nordeste dos Andes (Dixon, 1979, apud Por, 1992) mostrou que a Mata
Atlântica possui cerca de 200 espécies, das quais 43 também existem na Amazônia, 1 nos
Andes e 18 são de larga distribuição neotropical. O endemismo dos répteis da Mata Atlântica é
bastante acentuado (60 Spp.), entretanto novas espécies ainda estão sendo descobertas.
Peixes - Os ecossistemas aquáticos da Mata Atlântica brasileira possuem fauna de peixes muito
variada, associada de forma íntima à floresta que lhe proporciona proteção e alimento. (MMA,
2000). O número total de espécies de peixes da Mata Atlântica é 350, destas, 133 são
endêmicas. O alto grau de endemismo é resultado do processo de evolução das espécies, em
área isolada das demais bacias hidrográficas brasileiras. (MMA, 2000). A maior parte dos rios
encontra-se degradada, principalmente pela eliminação das matas ciliares, erosão,
assoreamento, poluição e represamento. Apesar de estudada há bastante tempo, a fauna de água
doce brasileira não é bem conhecida. Nos rios da mata ombrófila densa, existem espécies
dependentes da floresta para seu ciclo de vida, principalmente aquelas que se alimentam de
insetos, folhas, frutos e flores (Adams, 2000), contribuindo também para a dispersão de
sementes e frutos e para a manutenção do equilíbrio do ambiente aquático. Estes dados não
incluem os insetos, os quais ocorrem em enorme quantidade.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2010), o bioma Mata Atlântica
abriga também o maior nº de espécies ameaçadas: são 185 espécies de vertebrados (69,8% das
espécies ameaçadas do Brasil), dos quais 118 aves, 16 anfíbios, 38 mamíferos e 13 répteis.
Infelizmente, nesse cenário de grande riqueza e endemismo de espécies observa-se
também um elevado número de espécies em extinção. Em alguns grupos, como o das aves,
10% das espécies encontradas no bioma se enquadram em alguma categoria de ameaça. No
caso dos mamíferos, o número de espécies ameaçadas de extinção atinge cerca de 14%.
Das 472 espécies da flora brasileira que constam na atual Lista Oficial de Espécies
Ameaçadas de Extinção, 276 espécies, ou seja, mais de 50% são da Mata Atlântica.
As principais áreas preservadas se encontram em parques nacionais, como o de
Superagüi (PR), de Itatiaia (MG, RJ), da Serra da Bocaina (SP, RJ), do Monte Pascoal e da
Chapada Diamantina (ambos na BA) e do Iguaçu (PR); em parques estaduais como os da Ilha
do Cardoso, da Ilha de São Sebastião, da Ilha Anchieta e da Serra do Mar, do Vale do Ribeira,
da Serra do Japi (todos em SP), do Desengano (RJ) e nas estações ecológicas de Tapacurá
(PE), Caratinga (MG), Poço das Antas (RJ) e Juréia (SP).
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ECOSSISTEMAS DA MATA ATLÂNTICA NA BAHIA
ECOSSISTEMA LOCALIZAÇÃO CARACTERÍSTICA
MATA CILIAR Vegetação que margeia os rios, Vegetação rica em spp. de todos os
(VÁRZEA) principalmente aqueles portes, localizada em solo aluvial,
susceptíveis a periódicas cheias frequentemente rico em matéria
orgânica
2. CAATINGA
3. CERRADO
4. FLORESTA AMAZÔNICA
5. PANTANAL
Extensão aproximada: 150.355 Km2.
O bioma Pantanal cobre 25% de Mato Grosso do Sul e 7% de Mato Grosso e seus
limites coincidem com os da Planície do Pantanal, mais conhecida como Pantanal mato-
grossense. O Pantanal é um bioma praticamente exclusivo do Brasil, pois apenas uma pequena
faixa dele adentra outros países (o Paraguai e a Bolívia), onde recebe outras denominações.
É caracterizado por inundações de longa duração (devido ao solo pouco permeável) que
ocorrem anualmente na planície, e provocam alterações no ambiente, na vida silvestre e no
cotidiano das populações locais. A vegetação predominante é a savana. A cobertura vegetal
original de áreas que circundam o Pantanal foi em grande parte substituída por lavouras e
pastagens, num processo que já repercute na Planície do Pantanal.
Os dados obtidos pelo MMA (2008) indicam que o bioma Pantanal ainda é bastante
conservado (ano base 2002), apresentando 86,77 % de cobertura vegetal nativa, contra 11,54%
de áreas antrópicas. As fitofisionomias florestais (Floresta Estacional Semi-decidual e Floresta
Estacional Decidual) respondem por 5,07% da área do bioma, enquanto as fitofisionomias não-
florestais (Savana [Cerrado], Savana Estépica [Chaco], Formações Pioneiras, Áreas de Tensão
Ecológica ou Contatos Florísticos [Ecótonos e Encraves] e Formações Pioneiras) respondem
por 81,70% da área do Pantanal. A Savana (Cerrado) predomina em 52,60% do bioma, seguida
por contatos florísticos, que ocorrem em 17,60% da área. Com relação à área antrópica, nota-se
que a agricultura é inexpressiva no bioma (0,26%), dando lugar à pecuária extensiva em
pastagens plantadas, que equivalem a 10,92% da área do bioma e ocupam 94,68% da área
antrópica.
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