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Por partes:
· - a "determinação" tem aspecto de decisão final de um acto administrativo mas não temos
todo o procedimento necessário por trás para lá chegar (art. 127º);
· - o "anúncio" podia representar um acto administrativo com termo suspensivo (eficácia
diferida – art. 157º, b)) mas também não encontramos aqui mais nenhuma formalidade respeitada;
· - a "publicitação" é o caso que mais se aproxima do sugerido início oficioso do art. 53º mas
mesmo assim não temos indicação que se deu início ao procedimento, começando pelo facto de
o director não ser o órgão competente para a negociação indicada uma vez que não pertence ao
Instituo do Min da Justiça, não podendo por isso se assumir como responsável pela direcção do
procedimento como prevê o art. 55º/1 ou delegante do mesmo nos termos do arts. e 55º/2 e 44º e
seguintes. Não nos esqueçamos que as competências são inalienáveis como expressa o art. 36º.
Assim sendo, não podemos sequer qualificar o despacho ou os seus elementos como
actos inexistentes (artº. 155º/2 a contrario). São apenas não-actos e só os actos administrativos
podem ser impugnáveis (art. 184º/1 do CPA: “Os interessados têm o direito de: a) Impugnar os
actos administrativos…”).
d) Deveria ter sido realizada audiência prévia dos interessados em momento anterior à emissão
do Despacho? FRANCISCO VASCONCELOS
É verdade que a audiência prévia é um direito essencial do procedimento (art. 12º do
CPA) e um direito protegido constitucionalmente (art. 267º/5 da CRP), mas, para além de não se
aplicar por não estar em causa qualquer acto administrativo, podia ser dispensável por vários
motivos, todos indicados nas alíneas do art. 124º/1 do CPA:
Não havia neste caso, então, que respeitar o direito à audiência prévia.
e) A fundamentação do Despacho decorre de um dever legal? O Despacho encontra-se
devidamente fundamentado? JOÃO FELGUEIRAS
O dever de fundamentação consiste na declaração explicita e expressa das razões que
justificam a prática de determinado ato jurídico, que deve realizada pelo seu autor.
Decorre de prerrogativa Constitucional (numa primeira abordagem justificativa) com base no
artº 268 nº3 sendo que tem o “peso” da lei fundamental como elemento argumentativo.
Contudo existem leis ordinárias para o desenvolvimento e concretização do
constitucionalmente consagrado, nomeadamente no código de procedimento administrativo.
Assim nos termos do artº 152 e seguintes estão consagradas as normas que exigem o
dever de fundamentação dos actos administrativos. Este dever de fundamentação prende-se
com diferentes necessidades, como sejam, importância que têm para a defesa do particular no
sentido de só conseguir hipotética impugnação de ato administrativo se conhecer os motivos da
decisão; o controlo da Administração no sentido de que a observância dos motivos da prática
aliada aos factores que contribuíram para a decisão permitem o controlo dos órgãos de
supervisão da administração; permite a pacificação das relações entre a administração e os
particulares uma vez que a aceitação das decisões tendem a ser melhor aceites se a
comunicação das razões que lhe deram origem forem apresentadas de forma clara coerente e
completa e ; a clarificação e prova dos factos sobre os quais assenta a decisão que se prende
com exigências de transparência de atuação da administração, princípio transversal à pratica da
administração publica.
Em aplicação ao caso concreto, cumpre dizer que pelo exposto a fundamentação do
despacho decorre de um dever legal previsto no artº152 uma vez que pelo exposto no nº1
segunda parte se trata de aumentar encargos sobre a própria administração publica e visam a
anulação/reversão do contrato com a empresa “estamos à venda” o que implica a alteração de
direitos ou interesses legalmente protegidos como o princípio da tutela de confiança, bem
como, a prossecução do princípio da dignidade da pessoa humana, direito basilar
constitucionalmente consagrado cujo o seu respeito é objectivo de cumprimento uma vez que
estão em causa a “falta de condições em que se encontram os reclusos” conforme exarado no
despacho.
Neste sentido, e conforme o explicitado normativamente no artº153 do CPA, tal
fundamentação foi cumpridora dos requisitos nele mencionados uma vez que foi exposta os
motivos de facto que levaram a tal decisão.
O principio da jus ça, conforme nos esclarece o professor Freitas do Amaral é um princípio aglu nador
dos outros sub-princípios, nomeadamente o princípio da igualdade, da proporcionalidade e da boa fé,
princípios esses consignados no art.º 266 da cons tuição.
Não me parece que o Estado tenha agido de forma desigual, desproporcional ou de má fé, quando na
realidade o que o Estado pretendia era a venda de um imóvel, até porque se encontrava e vista a abertura de
um processo sucursal com vista à construção do Estabelecimento Prisional de Lisboa e Vale do Tejo, em
Almeirim, que deveria subs tuir o de Lisboa.
Analisado o caso sub judice, o Ins tuto de Gestão Financeira e Carência de Equipamento do Ministério
da Jus ça, agiu dentro dos parâmetros dos princípios fundamentais da administração pública, consagrado no
art.º 266.º da Cons tuição na medida em que o negócio jurídico da venda do imóvel E.P.L. esteve isento da
violação do princípio da jus ça, pois tratou-se de um negócio sem favorecimentos, bem como foi uma solução
razoável, atendendo aos interesses do estado e dos próprios presos.
j) Que entidade deve ser demandada pelos irmãos Metralha tendo em vista a satisfação da
pretensão indemnizatória? LARA GOUVEIA
Veja-se, a entidade a ser demandada pelos irmãos metralha, nunca poderá ser o Ministério da
Justiça visto esta venda não ser do seu domínio de actuação e o mesmo não poder ser
responsabilizado visto não se reunirem os pré-supostos da responsabilidade civil
extracontratual da Administração publica.
Já foi visto por nós que o director geral não pode ser responsabilizado visto não se tratar de um
acto administrativo mas antes uma declaração de intenções.
Visto isto torna-se claro que a entidade a ser responsabilizada terá que ser o Ministério das
Finanças. O erro de não ter agido com cautela, pelo dano que causaram a empresa “Estamos à
venda”, de ter agido sobre risco artº11nº1, artº7nº1.
A ter em conta ainda que o acto do Ministério da Justiça trata-se de um acto nulo que não
produz efeitos, logo não pode o mesmo ser revogado unilateralmente.
O art. 284 nº3 do CCP remete ao regime do Código Civil e os efeitos da nulidade do artº 289
indicam que deve ser feita a restituição de tudo que seja possível.
k) Configurando a hipótese de o Diretor-Geral dos Serviços Prisionais avançarem mesmo para a
anunciada “reversão” do negócio com a empresa “Estamos à Venda”, fazendo-o sem o
consentimento desta, como qualificaria, em especial, este ato? Quais os seus requisitos de
validade? Estarão cumpridos? FÁBIO MATEUS
Esta Situação configura o poder da Administração Pública (AP) resolver os contratos por acto
unilateral.
Uma vez tomada a decisão de resolução unilateral por parte da AP, a resolução do contrato pode
operar de duas maneiras segundo os artigos 334º e 335º do Código dos Contratos Públicos
(CCP), designadamente a resolução com base no interesse público ou a resolução por alteração
anormal e imprevisível de circunstâncias.
À partida o contrato de compra e venda é nulo nos termos do art.o 161/nº2 alínea l) do CPA, uma
vez que o procedimento necessário para a venda de um imóvel do domínio privado do Estado
ou Instituto público encontrase desfasado face ao estatuído no Regime Jurídico do Património
Imobiliário Público.
A segunda hipótese de anulação do contrato é por via de uma alteração anormal e imprevisível
de circunstâncias, em que se terá que provar, conforme o artigo 312/a) do CCP por remissão
legal do artigo 335/nº1 do mesmo código, que houve de facto essa alteração anormal e
imprevisível, o que de facto se pode dar como provada uma vez que a subida do número de
reclusos era imprevisível à data de celebração do contrato.
Mas ficam por provar ainda dois dos requisitos, nomeadamente que a alteração não esteja
coberta pelos riscos próprios do contrato e ainda que a manutenção do vinculo afecta
gravemente o Princípio da Boa-Fé.
l) A “reversão do negócio”, dando por “terminado” o contrato celebrado entre as partes, pode
ser realizada unilateralmente pelo Estado, sem o ressarcimento da empresa “Estamos à
Venda”? FÁBIO MATEUS
Como decorre do artigo 334º do CCP, em caso de resolução unilateral com base no Interesse
Público, o MJ terá sempre que pagar um indeminização, nos termos contantes do nº 2 do
referido artigo, o que abrange quer os danos emergentes e os lucros cessantes.
Nos termos do artigo 335/n2, sendo a resolução unilateral por alteração anormal e imprevisível
de circunstâncias, o MJ só é obrigado a pagar indemnização ao co-contraente se a alteração das
circunstâncias seja imputável a algum acto praticado pelo MJ fora da relação contratual. O que
de facto não aconteceu, uma vez que o aumento do número de reclusos não é consequência
directa de um acto praticado pelo MJ.