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Seminário Filosófico Interdiocesano Santo Agostinho- Matola

Curso: Filosofia Africana CH 21


Terceiro Ano de Filosofia
Semestre I 2017

A FILOSOFIA DE SORRISO

É AFRICANA
A FILOSOFIA DE LAGRIMAS

Ireneu Modesto Moises sj

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Filosofia Africana

Temas: Introdução (Apresentação geral do Curso)


África Pré-Moderna (Norte, Sul, Oriental e África Ocidental)
 África na Diáspora
África Moderna (Filosofia Reacionária)
 África na Diáspora
África Intelectual (Avaliação geral da Filosofia Africana)
 África na Diáspora
Exposição Final da Filosofia Africana
Objetivos: Apresentar o ser do Africano filosoficamente; estudar o seu modo de pensar como ser
pensante; Expor o estudante a várias correntes da mesma; preparar o estudante para o mundo
como ser.
Obras:
Barry Hallen: Uma breve História de Filosofia Africana.
D.A Masolo: Filosofia Africana á procura de Identidade: O Africano é emocional ou intelectual
(Logocentrismo e Emotivismo); Tempels e a etnofilosofia; Escavando Africa com o discurso
ocidental.
Ergimino Pedro Mucavele: Afrocentricidade, Complexidade e Liberdade.
Joseph I. Omoregbe "African philosophy: yesterday and today”
Maurice Muhatia Makumba, An Introduction to African Philosophy: Past and Present
Professor: P.O. Bodunrin: Filosofia em África, Perspetivas e Ramificações (Trends)
Pauline Hountondji Filosofia Africana, Mito e Realidades.
Paulin J. Hountondji African Philosophy: Myth and Reality (1983: Bloomington, Indiana
University Press
Placide Tempels: La philosophie bantoue (Bantu Philosophy), Elisabethville, 1945
Peter O. Bodunrin Philosophy in Africa: Trends and Perspectives (1985: University of Ife Press)
Severino Ngoenha e Castiano: O Retorno do Bom Selvagem
Pensamento Engajado

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Tsenay Serequeberhan [ed.] African Philosophy: The Essential Readings (1991: Paragon House)
#Obras originais

1. A Origem da Filosofia Africana: Causas e Objetivos


Pontos:
a. O que é filosofia africana?
b. Onde ela está
c. Que valor tem?
Primeiro: Como sabemos que existe uma Filosofia Africana? Durante este curso, veremos três
respostas diferentes. Mas, aqui, ofereço a minha própria resposta e pelos vistos incompleta:
sabemos que ela existe por causa de sua força (invisível) que exerce sobre a outra filosofia, o
próprio ser. Sentimos a sua presença, mas como o vento, invisível e misterioso, não temos
referências exatas e claras. Parte deste curso é oferecer tais referências. Mas esta nova filosofia é
tão comum que especulativamente podemos dizer que constituem 99% de toda a filosofia,
incluindo o 1% da conhecida. Estranho. Estamos alargando o conceito comum entre os cientistas
sobre os menos de 10% usados pelos Génios da terra. O que o ser humano sabe em relação ao
que este não sabe é como uma gota no oceano de conhecimentos insondáveis. Para ser exato,
categoricamente declaramos a existência da Filosofia Africa, desta vez com uma designação
filosoficamente adequada: A Filosofia da Sombra (Dark Philosophy-Philosophy of Darkness).
Mas estas são novas teorias que mesmo o culto dos Africanos não entende.
Com a Filosofia Africana queremos saber o nosso lugar na história da Humanidade. Uma
oportunidade para o Africano autoafirmar-se diante de todos como se todos não existissem. Será
que o Africano pensa? E se não pensa, por que razão pretende ser homem? Este tipo de estudo
será dado com o olhar virado para o passado. Encontramos, lá (no passado) o homem chamado
Africano? Para reforçar mais a nossa tese e criar agitação, todos nós aqui na sala teremos a
ocasião de contemplar alguns destes Africanos: suas danças, línguas, costumes, religião…, e no
fim decidir: Ser Homem é condição essencial ter a Razão, sem ela, o ser baixa na tabela dos seres
quase-divinos; O Africano, este Bushman, aquele Faraó, aqueles Bantus…eram Homens sim,
porém escuros. O material empregado nestas investigações do passado são os mitos, lendas,
cânticos tradicionais, provérbios...; também teremos o privilégio de instanciar isto tudo em
alguns reis e nas conversas quotidianas.
De ante mão, reconhecemos a confusão e a provável caraterística primeira da Filosofia
Africana: por causa de sua natureza invisível, esta mesma invisibilidade tornou-se motivo de
debate: aquilo que é invisível pode existir; mas também pode não existir. Todo o debate sobre a
Filosofia Africana e a Humanidade do mesmo tem sua origem neste episódio: o
desconhecimento/ignorância do Africano, sobre ele mesmo. Se aplicamos o método antigo (cada
problema traz consigo a sua solução) …,se queremos começar a entender a natureza da Filosofia

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Africana, como debate, mas também como história de conhecimento, temos que direcionar o
nosso olhar aqui mesmo, na invisibilidade do Africano.
Meus colegas nesta matéria, já estabeleceram corretamente a sua existência. Sinto tanta pena,
esforço seguindo de esforço, reforço, ninguém foi capaz de trazer fatos bem nítidos e
silenciadores. Ninguém. Imediatamente apos a rejeição de suas teorias malucas, alguns filósofos
africanos foram banidos da praça (filosofias africanas reacionárias-emocionais). Por causa desta
falha, condeno-os todos. Que tipo de ancestrais! Tem outros que alertam dizendo que esta
invisibilidade pode muito bem significar non-existência. Como um viajante qualquer, podemos
ver que a non-existência está contida na invisibilidade. Sem evidências da existência desta Nova
Filosofia, este será um daqueles casos onde o cego guiará o rei ou do mundo onde os fracos
guiam os fortes.
Prova I: Agora, convido-te a pensar comigo: como é que sabes que algo invisível existe?
Certamente o seu discurso esta na linha do sentimento. Portanto, tem coisas que existem, mas
que a sua manifestação não vem com massa visível a olho nu; em muitos casos, a imaginação
cria uma massa imaginaria para estes seres. Não podemos conhecer diretamente o invisível, mas
usando métodos relevantes, podemos predizer o comportamento e atuação deste ser invisível.
Prova II (-): Usando os sentimentos como meios para o conhecimento traz consigo inúmeras
incertezas. Os sentimentos são voláteis; podem por um instante existir, saltitar, estar no outro
lugar…, Neste caso, se a Filosofia existe como algo invisível e que a sua existência é
estabelecida pelo que sentimos em relação ao conhecido e desconhecido, podemos muito bem
dizer que aqueles que antes de nós estabeleceram a primazia do sentir/emoção do africano
sobre a razão falaram a verdade; mas estes são aqueles casos em que o individuo, como num
sonho, fala de coisas incríveis, impossíveis de provar em consciência. Por isso mesmo nunca
ignorei de ler e escutar todos que me precederam, mesmo nas suas patetices.
Onde está a Filosofia Africana? Ela está nas Filosofias Africanas. Pensa comigo (queremos
estabelecer a sua existência) sobre as várias nações dentro de pequenas nações africanas; pensa
sobre a contradição e oposição de suas vidas; será que as suas práticas tem uma filosofia de
base? Se sim, porque é que deveria comporta-se desta maneira? Seria a Filosofia da Força Vital?
Incompleto. Pensa sobre o fenómeno tribal vivenciado ate hoje, o amor leve e a extrema
violência candente; consequentemente a conclusão de todo o sábio, informando-se de fatos
fortes, pode ver muito bem que este continente foi canonicamente chamado de Continente
Negro; somente aqui, sem espaço para vergonha, indivíduos próximos são estranhos e
adversários para matar: nas trevas, mesmo os que caminham, tornam-se em presas, há um caos.
Se filosoficamente conseguirmos provar que esta filosofia existe mas nunca foi explorada e para
os únicos que a sorte lhes mostrou, ao sentirem-se não identificados e ameaçados, denigriram o
Preto; as trevas anunciam a desgraça; já que é difícil ter acesso a ela, categoricamente as Trevas
passaram a ser sinonimo de Desgraça. O preto passa a ser o Desgraçado. Para os que não sentem

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medo das trevas, pelo menos sabem da imprevisibilidade daquilo que pode vir a acontecer. O
mundo tem medo do invisível porque é forte demais.
Também temos que admitir que um dos cenários digno de menção no que diz respeito ao
encontro e subsequente origem da Nova Filosofia (Africana) com a Velha, a atitude dos da nova
filosofia. Alguns filósofos antigos afirmaram sem tréguas que o africano não é homem. Na
dimensão do ser, o africano NÃO É. Em outras palavras o ser do africano é o não ser. O drama
vai mais longe. O ofendido desmente e insiste que o seu ser é (para todos os africanos que
escreveram nestas linhas, erra logo na direção do seu primeiro passo). Nesta sua insistência,
ganharam aquela posição famosa de inferiores, de imitadores, meros serventes (que é um nível
acima do escravo-não precisa de provas, veja). Na defensiva, não há vitória, cansa-se demasiado
cedo.

Identidade: Indo mais com o mito da Existência do Invisível, os filhos das trevas parecem terem
sido encontrados em flagrante. É verdade que o homem das trevas, levado e deixado
repentinamente no ambiente de luz, sofrerá e sentirá dores nos olho. Mas por um tempo, vai
começar a ver, mas precisará de um tutor. O mesmo acontece para os filhos da luz quando
encontradas nas trevas. Já viu como que os consagrados são flagrados em primeira mão
(roubados) nos mercados do povo! Um religioso mal-educado no mercado do povo é vítima de
assalto. Mas tem umas freiras novas que são espertas. Conseguem fazer compras no Xipamanine
sem sofrer roubos. O essencial ficou: aqueles que desconhecem os caminhos da mentira e das
trevas são como o ladrão amador que é pegue e sancionado no mesmo dia, no primeiro turno
de trabalho; ou é como o homem fiel que na primeira noite leva uma cadela cama de todos. Os
da noite, durante o dia são analfabetos. Os do dia durante a noite sobrevivem com a luz artificial,
limitada. Nos Estados Unidos, alguns Negros descobriram que um dos motivos do racismo é a
insegurança e pânico que o Negro cria em cada mil brancos. Medo. Mas a maneira como isto
tudo foi exposto, tudo que disseram parece mera estupidez. E ingenuamente falavam da
supremacia da raça Negra. Com erros graves e foram esmagados. Agora que o Africano pode
estudar e obter notas inferiores a brancos, o último dos brancos, mesmo sem ler, consegue
receber uma nota positiva e quando lê, o seu conhecimento é como de um deus. Por exemplo,
muitos das trevas investem horas e horas nas leituras e quando não investem este tempo,
sabemos de seus resultados. E isto nos leva a seguinte proposição: entre o africano letrado, culto
e o analfabeto e ignorante, é difícil encontrar alguma diferença. Tudo é farinha do mesmo saco.
2. Dificuldades e Desafios para a Filosofia/so Africana/no
Principais: Falta de conhecimento com o qual e para o qual montar investigações sérias.
a. Falta de discurso, com o qual pronunciar as fórmulas.
b. Falta de acesso a sua existência por causa da sua invisibilidade
c. Por causa da confusão em redor dela, não há avanços.
d. Falta de filósofos interessados nas suas investigações.

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e. Falta de material para investigações.
f. Presença de uma audiência desinteressada.
Para o africano, é difícil contentar-se com teorias da Filosofia Africana, História África, Arte
Africana…,é fácil para alguns académicos africanos ensinarem coisas africanas; é muito difícil
para o filósofo africano ensinar filosofia africana; onde vai buscar o material? Mesmo assim, os
filósofos africanos aceitaram o desafio de ensinar a filosofia africana. Porquê? Temos cursos em
filosofia africana, pensamento africano, filosofia social africana ou tradicional. Precisamente,
agora, quando os filósofos aceitam o desafio de ensinar filosofia, surgem um debate/polémica
em relação ao que deve/pode ser considerado como filosofia africana. Com certeza, toda a
filosofia africana caminhou nesta direção. O esforço de cada filosofia foi medido com a sua
precisão e dedicação em encontrar e detetar a filosofia africana. Certamente, todos foram
procurar em lugares alheios e os loucos de todos, designaram tudo que la encontraram de
filosofia africana; alguns chegaram até de pensar que a filosofia grega é africana por natureza.

3. O Sabor da Filosofia Africana-Tipos de Filosofias Africanas


De ante mão, aceitamos que existem varias perceções daquilo que constitui filosofia africana
própria.
Aqui, responderemos com a invocação crucial de tudo que o curso está para oferecer: cavando
todas as fontes que parecem tê-la. Respeitando os mais velhos, começaremos por aquilo que os
outros chamam de filosofia antiga. Esta viagem é possível graças a pronunciamentos de alguns, a
descoberta de alguns documentos do passado, mitos e lendas. Aqui, estaremos obedecendo
cordialmente aqueles que pensam que a filosofia africana deveria ser aquelas práticas e teorias
do africano cru (descontaminado). Depois, visitaremos o encontro dado como crucial da
mesma, a perceção do outro. Este é um dos capítulos mais curtos e serve de ponte estreita com
aquilo que chamo de Filosofia Reacionária própria. Enquanto a caraterística principal da
filosofia africana é a sua natureza reacionária: em resposta a sua suposta expulsão (escravidão)
do jardim de éden, a primeira filosofia participa nestas nomenclaturas parcialmente; por
exemplo, temos pessoas que usaram o próprio Kant para estabelecer a humanidade do africano. A
filosofia africana é amarga em todos nós.
Em África, no que diz respeito a pergunta da existência ou não existência da filosofia africana ou
o que pode ser considerado como filosofia africana encontra dois grupos: um grupo de
intelectuais da libertação com uma visão totalmente anticolonialista e o outro com uma visão
totalmente pós-colonialista. Os primeiros são tradicionalistas e enfatizam o presente e a sua
relação com o passado. O seu objetivo principal é identificar ideias e pensamentos ainda não
prejudicados/afetados com o estranho: é preciso voltar-se ao passado para ajustarmos nossos
passos do presente. O problema da identidade, de que o africano atual é diagnosticado, tem suas
origens na perda de raízes. Seu material são os mitos africanos, literatura oral, cânticos
tradicionais e as suas línguas….No passado, foram chamados incorretamente de etno-filósofos.

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O segundo grupo é composto de filósofos que enfatizam o presente em relação ao futuro
(progressistas-críticos). O ponto principal é a modernização dos governos africanos (civilização);
estes trazem fatos que comprovam que o passado do africano foi caraterizado pelas práticas
inimigas ao pensamento livre, devem ser abandonadas.
4. Proposta
O que une todos estes homens e mulheres é o desejo de desenvolvimento, bem-estar de África.
Toda luta começa com os meios. Na verdade, temos dois tipos de desenvolvimento: moral (da
pessoa humana) e o outro material (riqueza). Os tradicionalistas enfatizam o primeiro e os
modernos o último desenvolvimento. Devem caminhar juntos ou…primeiro é a moral (quando
crianças) e depois a tomada de consciência sobre as suas própria vida (riqueza material), quando
adultos? Nas nossas investigações, como cidadãos da terra, temos que investigar assuntos
internacionais, debater, ler e falar dos outros, mas também, temos que conversar, em casa, nas
nossas próprias línguas. Mais tarde, alguns destes filósofos Africanos começaram a criticar obras
de outros filósofos, um diálogo completo de intelectuais.

Introdução
Definição e Historial
Filosofia Africana é a filosofia produzida pelos Africanos e apresenta a visão africana e usa
vários métodos filosóficos puramente africanos (Bruce B. Janz Philosophy in African Place 74-
79)
Mesmo que muitos filósofos africanos estejam espalhados em vários departamentos filosóficos
como da metafisica, filosofia moral, filosofia politica, epistemologia, a filosofia moderna
africana preocupa-se tanto em definir os parâmetros da etnofilosofia da filosofia Africana e
identificar as diferenças entre ela e outras tradições filosóficas.
Um dos argumentos da etnofilosofia é de que cada cultura específica pode ter uma filosofia
que não é acessível e aplicável aos outros povos e culturas de todo o mundo. Filósofos
tradicionais repudiam este argumento (Samuel Oluoch Imbo Na Introduction to African
Philosophy 38/9)
O pai da filosofia africana Professor Uzodinma Nwala, antes de ser empregado como professor
na universidade de UNN, não tinha, em nenhuma universidade, o curso de filosofia africana.
Tudo o que ensinavam era filosofia ocidental ou oriental, mas nada sobre filosofia africana.
Mesmo pouco depois da introdução do curso, alguns céticos continuaram a perguntarem-se se
existia algo de nome filosofia africana.
Formalmente, a filosofia africana pode ser definida como uma forma de pensar criticamente
pelos africanos acerca da sua própria experiencia da realidade. O filósofo Nigeriano K.C

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Anyanwu define a filosofia africana como aquela (filosofia) que concerne com a maneira como
os africanos (passados e presentes) tentam perceber o seu destino e o mundo em que vivem.
Anyanwu, me responda que noção os africanos tem sobre o seu destino e sobre a realidade (o
mundo)?Neste sentido, a filosofia africana é uma reflexão crítica sobre a liderança africana em
administração dos seus deveres em relação ao povo e a filosofia moral africana também reside
neste processo. Esta forma de pensar criticamente serve como solução de vários problemas de
governação dentro do continente. Portanto, é uma filosofia que critica a elite; que desvio de
pensamento! Minha dúvida reside na possibilidade de uma filosofia neutra,porém benéfica para
os pobres e os ricos ao mesmo tempo. Filosofia como tal tinha que ser critica sim, mas não só
criticando as estruturas, mas o estilo da própria vida.
Como uma investigação crítica sobre os africanos e sua visão cosmológica, a filosofia africana e
o filósofo africano tem a missão de coordenar o disperso,criticar aquilo que não tem sentido
critico e articular o que ainda não foi bem articulado principalmente no que diz respeito a
africa pré-literária.
Africa
Uma das discórdias básicas refere-se ao sentido (significado) da qualificação da palavra África.
Será o conteúdo e os métodos distintivos empregados a identidade do filósofo? Primeiro passo
temos que resolver este problema, duma vez para sempre. Na primeira parte, a filosofia é
africana se trata sobre temas africanos como a perceção do tempo, pessoa, espaço e outros
objetos; ou usando métodos que são distintivamente africanos (como as línguas, por exemplo).
No segundo caso, filosofia africana é toda filosofia escrita por um africano ou descendente de
um africano. Outros só podem criticar ou analisar estas obras, nada mais. Nos dois casos, a
filosofia africana é exclusiva, não no sentido da excelência, massegrega, penela os outros, em
outras palavras, ela é fechada e tímida como uma virgem, com medo da rapaziada ocidental.
O outro filósofo Nigeriano Joseph Omoregbe define amplamente o filósofo como aquele
individuo que esforça-se em entender vários fenómenos naturais, o propósito da existência
humana, a natureza (origem e fim) do mundo, o lugar/importância do homem (ontologia). Esta
forma de filosofia natural existiu em africa muito antes do aparecimento de filósofos individuais
(Maurice Muhatia Makumba, An Introduction to African Philosophy: Past and Present 25).

Filosofia Africana Pré-moderna


A filosofia em Africa tem uma história rica e diversificada que se estende ate a época da
filosofia do antigo Egito identificado no pensamento e cultura de pré-dinastia Egípcia ate ao
desenvolvimento de tradições filosóficas regionais da Africa do norte, Africa central, Africa
ocidental e a Africa oriental.

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Nos começos e meados do seculo XX, movimentos anticoloniais tiveram influências tremendas
no desenvolvimento de uma filosofia política distintiva- (ordinariamente chamada da filosofia
do ódio, que é extensão da antiga) #antes este ódio era direcionado a outrem (vizinho) que
depois deste, tudo voltou como era antes, com uma e única diferença: no lugar das azagaias e
pedras, AK47 e balas reais-sua influencia se fez sentir no continente e na diáspora. É notável ver
o engajamento com tradições filosóficas comunistas e socialistas um pouco antes e depois do
colonialismo que deu origem na filosofia económica distinta, não de riqueza, mas sim de
pobreza. Uma dessas filosofias da economia, filhas do socialismo é Ujamaa de Julius Nyerere.
Africa do Norte (Magreb)
Na africa do norte, com o seu centro no Egito, a casa do desenvolvimento da civilização Egípcia
e Sudanesa, surgem o conceito de justiça, verdade ou simplesmente o que é certo (Maat). Um
dos primeiros trabalhos da filosofia de ciência desenvolveu-se no Egito com o nome de Ptah-
Hotep que era ensinada aos estudantes. Alguns destes filósofos tiveram uma influência enorme
na tradição da então famosa filosofia, a helénica. Basta mencionar nomes de grandes homens
como Plotino do seculo três.

Maat
Maat foi um conceito (do Egipto antigo), verdade, equilíbrio, ordem, harmonia, lei, moralidade
e justiça. Mais tarde Maat foi também considerado como a personificação da deusa que regulava
as estrelas, estacões e todas as ações dos mortais (homens) e divindades que trouxeram a ordem
no universo caótico no momento da criação. Como adversário ideológico, Maat tinha o seu
contrárioIsfet. Isfet ou Asfet é o termo que foi usado na antiga mitologia Egípcia empregado na
sua filosofia com bases na religião, na sociedade e na vida politica para dar expressão ao
dualismo. Enquanto Maat significa justiça, harmonia,bem-estar, Isfet significava injustiça,
cãos, violência e maldade. A existência de um invoca a outra, equilíbrio total. Os Faraós eram
instituídos para alcançar Maat e pautando pela justiça, paz, harmonia, bem-estar combatendo o
mal, destruindo Isfet por completo. O exemplo da contradição e contrariedade entre Maat e Isfet
está contido na narrativa popular conhecida por “Moaning of the Bedouin: “Aqueles que
destroem as mentiras promovem o Maat” Aqueles que promovem o bem apagam o mal; Da
mesma maneira que a abundância acabam com a carência (apetite); Como as roupas escondem a
nudez e da mesma maneira que os céus ficam limpos depois da tempestade”.Na conceção dos
antigos Egípcios, o mundo era sempre ambíguo. O trabalho dos sábios era de separar e tornar a
existência clara.
No antigo reino, principalmente naquilo que hoje chamamos de Textos das Pirâmides de Unas,
encontramos a noção de que Maat é a norma da natureza e da sociedade, nesta vida e na outra.
E é nestes textos que encontramos a primeira menção de Osíris que mais tarde tornou-se no
símbolo da vida depois da morte, isso na religião Egípcia.

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Os encantos ou a dicção dos textos das pirâmides eram destinados para a proteção dos restos
mortais deFaraó, reanimando seu corpo depois da morte e ajudando-lhe na sua ascensão para os
céus que foi o foco durante esta época. Os encantos descrevem com precisão o caminho que o
Faraó terá de passar (escadas, corrida, caminhada e mesmo voando). Estamos diante de um
conceito muito importante e menos explorado pelos chamados filósofos africanos. Na minha
ótica, tal como as outras filosofias tem figuras e origens, se há uma filosofia africana, então
Egipto é o país e os fundadores são os que vou mencionar mais tarde. E este seria a origem da
filosofia do Logos, a força criadora da Palavra. Porque estas dicções não são mais nada do que
“mero” palavras (utterences) ou pronunciamentos. E no caso de ajuda extraordinária, quando a
razão parece impossível, invocamos os deuses. E por fim, estes encantos/pronunciamentos
advertiam também das consequências dos negligentes. Por exemplo, depois da morte, o rei deve
erguer-se da tumba. A dicção 373 descreve: “oh, oh, ergue-te, O Teti! Leva sua cabeça e junta
seus ossos, soma suas costeiras, sacode a poeira da sua carne (purifica-te), toma o pão que não
apodrece, seu vinho (bebida) que não azeda, vá para o portão (entrada) que cancela os
ordinários”. Este foi um conceito desenvolvido pelos outros astutos, outras religiões tem suas
fundações aqui, no pão e na água (liquido), meus irmãos, temos aqui a conceção rudimentar do
primeiro homem (Lichtheim, Miriam (1975). Ancient Egyptian Literature 1. London, England:
University of California)
Numa outra parte, encontramos um dos pronunciamentos mais assustadores. Encanto 373 e
374 são bem conhecidas como hinos canibais precisamente pelo fato de estarem a descrever
Unas comendo os Deuses para incorporar em si a natureza poderosa e imortal destes Deuses.
Já temos relatos de animais sagrados que o rei deve comer em certas ocasiões do ano quando
quer aumentar seus poderes extraterrestres. Em muitos casos, o Sangue humano é o esquema.
Por exemplo, este encanto descreve: “ o deus que vive de seus pais, que alimenta-se das suas
mães…que come outros deuses, seus intestinos, principalmente quando seus corpos são
mágicos”. Faulkner Raymond The Ancient Egyptian Coffin Texts. Oxford: Oxbow Books.
pp. 176–178)
Maat, além de ser considerado como norma da natureza e da sociedade, também era considerado
como a deusa na religião panteísta Egípcia. A maioria das deusas tinha seu par masculino
(equilíbrio). O par masculino de Maat era Thoth e seus atributos são similares. Em outras
ocasiões, Thoth tinha Seshat como par, a deusa da escrita, menos conhecida.
Depois do trabalho de criação e o contínuo trabalho de regular o universo para que não volte ao
caos, sua tarefa (Maat-ordem divina) primária na mitologia Grega era de medir os corações que
tinha lugar no mundo dos mortos (subsolo). Usava a pena como medida para determinar quais
almas entravam no paraíso.
Maat como Principio
Maat representava também princípios morais e éticos que todo Egípcio tinha de seguir durante
as horas do dia. Egípcios agiam com honra e vestidos da verdade em todos assuntos familiares,

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comunidade, a nação e o meio ambiente mais também, aos deuses. Maat como princípio surgiu
da necessidade para harmonizar interesses diferentes depois da formação do estado com pessoas
de apetites diferentes. Na maioria dos casos, o rei era o Maat que decretava o certo e o errado.
Encontramos aqui primeiros sinais de princípios fundamentais, bases da civilização Egípcia. A
honestidade dos africanos reside no reconhecimento que a base da atual realidade, Africa como
conhecemos é fruto da colonização. Todo homem sensato não vai disputar a veracidade desta
afirmação. Ao mesmo tempo, estes homens sensatos vão apontar o problema acusando-os de
terem falhado o alvo.
O conceito de Maat na civilização Egipcia atingiu o seu nível mais alto quando Maat era tudo.
Maat como conceito e norma estendeu a sua existência à política, religião, economia, até o
Universo. As ações (boas ou más) afetam o Cosmo. Na africa negra encontramos este conceito
na sua crua realidade: tem culturas que proíbem o ato de peidar, medicinalmente recomendável.
Por exemplo, peidar no meio de grandes pode ser considerado como desrespeito. Mas para
proibirem isso dizem que peidar invoca a ira do Universo porque interfere nas suas jogadas. A
vida humana é uma preparação para atingir a unidade com o Universo. O individuo, a nação, o
mundo natural, o universo tudo isto tem a sua base no conceito de Maat- Ordem.
Quase todas as ciências humanas que existiam na altura tinha que observar as ordens do Maat.
Estamos diante de um conceito gigante. A matemática, a física, a química, a cozinha, o sorriso,
tudo Maat, Maat…Provavelmente, a teologia é a primeira das ciências. O padre pode não ter
poder material, mas a sua influência ate seduz o mais feroz governante. O messias trouxe o seu
Maat na forma de Amor: Amai-vos uns aos outros como eu voz amei.
No Cristianismo: Da mesma maneira, também encontramos alguns Filósofos do norte que sua
influência está bem impressa na Religião Cristã do ocidente e aqui temos o famoso, cujo seu
nome é a identificação desta instituição religiosa, Santo Agostinho de Hipona 354- 430 (atual
Argélia). Nossos Bisposalém de nos apresentar um homem puramente cristão foi também um de
nós; somos uma nação de filósofos antes de sermos cristão. Mas, é verdade também que este
homem estudou bastante fora de Africa. Filosofia neste sentido, seria a síntese entre o
desconhecido e o conhecido (intercâmbio). Este grande homem, é autor do atual conceito de
pecado original que diz que todos que vieram depois dos dois primeiros, são impuros e sua vida
(existência) é uma missão de aspirar a pureza. Também introduziu na igreja o conceito da graça
divina, o favor não merecido vindo do Deus (a fundação, pedra angular do próprio cristianismo-
Jesus). Suas ideias chaves estão contidas na obra a Cidade de Deus com a original em Italiano
que suponho não ser a língua oficial de Hipona. Seria o melhor exemplo para os filósofos do
futuro que levam o seu nome? Incorporar suas várias ideias e impô-las ao cristianismo para
salvar mais almas? Além de tantos livros, as confissões, sobre a trindade e sobre a doutrina cristã
por exemplo, a cidade de Deus investiga e responde vários assuntos de grande importância.
>De acordo com Jerónimo, Agostinho renovou a antiga fé. Depois de se aventurar no
Maniqueísmo e no Neoplatonismo e logo após seu batismo, desenvolveu suas próprias

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perspetivas filosóficas e teológicas. Convicto de que a graça de Cristo é essencial para a
liberdade humana, formulou a doutrina do pecado original e a teoria da guerra justa. No
momento em que o Imperio Romano desintegrava-se, ofereceu às massas uma outra cidade,
celeste. A sua influência na filosofia foi coma teoria da natureza do tempo. O tempo existe dentro
do universo criado, porque somente no espaço, o tempo é discernido/concebido.
Também na africa do norte encontramos alguns africanos que além do Cristianismo, brilhará
como estrelas isoladas bem fortes nesta outra religião, a famosa religião Islâmica. Ibn Rushd
(Averróis) filosofou na mesma linha de Aristóteles, grandes sábios. Em resumo, este filósofo
disse que não existia nenhum conflito entre filosofia e religião e que havia no entanto vários
caminhos para chegar a Deus.O filósofo, tanto quanto o teólogo, tinha a liberdade de andar pela
razão e não pela fé. Para aqueles que não conseguem caminhar pela razão, então devem seguir
ensinamentos dos sábios, caminho sem dúvidas. Sendo natural da então Espanha, Córdova, sua
filosofia é resultado da influência dos Almóadas, era um grupo de Kharijite da africa do norte
que influenciaram na reforma da educação de Berber.
>Abu al-Walid Ibn Rushd é considerado o pai fundador do pensamento secular ocidental. Ele é
conhecido como o comentador. Abu Bakr Ibn Tufayl, depois de ter sido informado do
descontentamento do Comandante dos Crentes sobre a desarticulação do pensamento Aristotélico
ou seus tradutores e a consequente obscuridade, pede Rushd para traduzir e comentar. O
comentador dever ler e entender antes de explicar aos outros. O pensamento de Ibn Rushd era
racionalista. Famoso pelo seu ataque o Al Ghazalli na sua Incoerência dos Incoerências.

Africa Ocidental
A tradição filosófica prominente na Africa ocidental na época pré-moderna é a famosa
TradiçãoFilosófica de Yoruba com sua visão distinta das outras tradições como a de Akan,
Dogon and Dahomey.
Historicamente, a Yorubalandiaestá situada a sudoeste de Nigériacom um pouco de Benin e
Togo. Habitantes destas regiões são chamados de Yorubianos. Alguns comentadores dizem que
étambém pai das religiões afro-americanas como Candomblé, Umbanda e Santeria. Implícita
dentro deste povo ee a fe religiosa em Itan que é o conceito cultural chato/complexo que regula
toda a sociedade Yoruba.
De acordo com Kola Ambimbola, os Yorubas desenvolveram um conceito cosmológico
robusto/solido (Abimbola, Kola (2005). Yoruba Culture: A Philosophical Account). Em resumo,
a cosmologia Yorubiana diz que todos os homens possuem aquilo que eles chamam de Ayanmo
que quer dizer destino/fatalidade e durante a sua existência cada homem deve viver de maneira
que alimente a esperança no possível encontro com o Olodumare/Olorum. Olodumare é o criador
divino e fonte de toda energia. Os pensamentos e atos de homens no domínio de Aye (mundo
visível) interagem com outros seres incluindo a própria terra. Pode-se dizer sem medo que a fé

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deste povo esta ligada com a natureza, deuses em tudo (Ọlabimtan, Afọlabi (1991). Yoruba
Religion and Medicine in Ibadan). Individualmente, todas as pessoas tentam alcançar a
transcendência para assegurar seu destino no mundo de Orun-Rere, um lugar de repouso
espiritual para aqueles que fazem o bem. A vida e a consciência espiritual Ori-Inu de cada um
deve crescer para no futuro entrar em comunhão com o Iponri, o ser espiritual.
Aqueles que não crescem espiritualmente, depois da sua estadia cá na terra estão destinado a
irem ara um lugar chamado Orun-Apadi, um lugar invisível de muita sujidade. A vida e a morte
são tidos como series/existência circular em vários corpos exatamente para purificar e preparar a
alma para a transcendência. Este fenómeno é mais frequente em Orishas, mensageiros divinos de
Olorun (donos dos céus e identificados com o sol). Lembrar que na teologia Yorubiana, temos o
Deus-Supremo Olodumare mas que este tem três mensageiros/assistentes ou manifestações com
poderes exclusivos: Olorun é o dono dos céus simbolizado com o sol e sua força vital manifesta-
se nos seres (incluindo nos humanos) como Ashé; Eledumare, o criador e Olofi o deus da ligação
entre a terra e os céus.
A redenção é adquirida praticando uma meditação balanceada chamada Iwapele, mais também
fazendo venerações sinceras. Desta maneira, muitas pessoas conseguem estabelecer suas ligações
com a fonte da vida: suas correntes ligam-se com a fonte, não há blackouts. Humildemente, o
retirante deve recitar suas orações pedido assistência divina durante a sua caminha neste vale de
lagrimas. Quando as preces são bem-feitas produzem a sensação de alívio e felicidade e isto é
sinal de que o mensageiro (aquele que carrega a petição ate à morada do Ser Supremo) não
distorceu a oração. Os Yorubas acreditam na encarnação. Examinemos os nomes como
Babatunde que significa o retorno do pai e Yetude, o retorno da mãe.
O que chamamos de Tradição Filosófica Yorubiana é uma coleção de costume praticado pelo um
determinado povo e isto inclui regras ou normas religiosas. Uma maneira de ver o mundo e fazer
as coisas. Tinham uma metafisica robustamente solida: Já tinham a definição do homem e do Ser
como primeiro princípio. Em resumo, podemos dizer todas estas falas são filosofias, mas para
nós são apenas praticas antigas, bem antigas. Para avaliarmos o sucesso desta filosofia, bem, a
sua luta de sobrevivência, esta atividade levaria quase todo o nosso tempo inteiro sem mencionar
as dificuldades em acessar seus estágios, tempos e espaços: antes, não temos tempo, espaço,
nada. Tudo está escuro e obscuro. A pergunta é: o quão forte e vantajosa é a filosofia? É fraca e
quase reacionária, violenta, em outras palavras. Não temos indivíduos, filósofos, notáveis, não
temos provas. Éimpossível, nesta época identificar um filósofo. Portanto, como podemos
explicar a filosofia sem o filósofo? Mesmo se for um para falar da filosofia, o historiador metido
ao filósofo, isto basta. Como vimos la em cima, alguns filósofos, primeiros filósofos foi em geral
de historiadores filosóficos, que no fim, com algum medo afirmavam o contrário,
rebeldia.Deixamos os Yorubianos e todos os seus simpatizantes neste delírio de passarem por
filósofos porque não o são, estes nunca o foram. Todo este conceito de Olodumare, da existência
de um Ser Supremo, invocado para provar a capacidade extraordinária deste povo é um mito,
com origem na mafia violenta.

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Depois temos o que chamam de Filosofia de Akan derivado do povo do mesmo nome que
atualmente habitam, na sua maioria no Ghana. Este grupo tem seus grupos, subgrupos, e
unidades diferentes e as vezes com práticas contraditórias. Líder destes subgrupos são os
Ashantis. O conhecimento deste povo é quase oral, o dito. O significado literário do povo Akan
quer dizer os iluminados, civilizados. São tambem acreditados por terem inventado o conceito
filosófico de pessoa, homem, ser. Indepentemente de seu conceito próprio de pessoa, somos
apresentados apressadamente por dois conceitos vindo de grandes filósofos? Desta área, Kwasi
Wiredu e Kwame Gyekye. Estes dois senhores, como imitadores desonestos daqueles antigos
discutem sobre o ser e o vir-a-ser. Gyekye, inocentemente traz consigo um argumento forte, forte
demais que ate ele próprio não conseguiu assegurar: se o homem é o ser que vem-a-ser, não
achas que corremos o risco de confundir substancia e atributos? Pessoa, nesta cultura é todo
aquele que pratica o bem. Por exemplo, inúmeras vezes já escutamos expressões honesta de
pessoas no tom de “Obrigado, você é um anjo, humano, tem coração de gente/de pão. Pessoa
como pessoa tem a ver com o bem. Kwasi e Kwame discutem bem em torno destes dois
conceitos diferentes, e nós como espetadores, um dia, assistiremos o seu debate.
Dogon
Dogon são bem conhecidos pelas suas tradições religiosas esquisitas, a dança das mascaras (que
significa a dança dos deuses desconhecidos), sua forma de ser, sua arquitetura. Tudo isto nas
palavras do Francês Marcel Griaule resume-se na suposição de que este povo, possivelmente tem
conhecimento extraterrestre, comunicam-se com os deuses.
Ouvimos que por medo da morte violenta, os Dogon emigraram-se para um lugar de difícil
acesso para facilitar a sua defesa e vitoria. Sobre as suas origens, tudo foi documentado na sua
tradição oral da mãe para os filhos e assim em diante. Portanto, há muitas versões, muitas
mudanças e provavelmente, muitas mentiras dentro destes relatos. Não confiamos no “me
disseram” porque todas as traduções não correspondem à verdade.
Os Dogon nos leva a uma realidade fora do comum. Na sua arte, contrário da prática atual onde
as obras dos artistas são postas para o consumo da massa e o coitadinho, ou o amigo empenha-se
a traduzir; As obras artísticas de Dogon eram removidas aos olhos dos não iniciados e
pervertidos, a massa. Alguns escolhidos tinham acesso a essas imagens e somente este tinham a
licença de traduzir o significado de cada parte do objeto. Claramente, vemos este povo a
empregar o conceito de secretismo, que vai dominar quase todas as práticas importantes na parte
sul de Africa. Mencionar que os elementos destas esculturas eram todas sobre os objetos do
mundo sensível: os animais, as aguas, o fogo, o homem, mas nada de abstrato. Também, por
causa desta insistência, na tentativa de criar uma linguagem escrita, empregaram estes
desenhos/imagens para transmitir mensagens ocultas.
As informações da religião e cultura Dogoniana são nos dados pelo antropólogo acima
mencionado, o francês Gracel Griaule recebidas pelos ensinamentos do velho cego Ogotemmel.
Griaule viveu quase quinze anos no meio deste povo, como preparação para o seu encontro com

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o líder deste povo estranho, Ogotemmeli. Ogotemmeli, sem esconder, deus as orientações
religiosas ass Griaule da mesma maneira que as recebeu de seu pai e este de seu pai, avo de
Ogotemmmeli e assim em diante. Oralidade. Os dois antropólogos notaram que este povo tinham
um sistema de símbolos que ate chegavam milhões e milhões e isto inclui tambem o seu sistema
astronómico, métodos de calculo, medidas, conhecimentos extensivos de medicina, psicologia,
anatomia, filosofia e teologia. Eram como os “outros”.
Nummo ou Nommo ee a figura mais importante na religião do povo de Dogon. De acordo com
as descrições do velho Ogotemmeli, Nummo era como uma serpente, e anfíbios, mas também
como o nosso camaleão; vivem no mar como peixes, e na terra como bípedes. Tem dentro de si
todas as cores do arco-íris. E as vezes, Nummo era considerado como o espirito das aguas com
símbolo feminino com a do sol (Nay). No centro da sua teologia encontramos o problema dos
gémeos (bem e o mal) e não sua filosofia, dualidade (corpo-alma). Mas quem possui
conhecimento de todos estes mistérios é o Hodon. Hodon, é um líder espiritual da comunidade
escolhido no meio de todos os grandes da aldeia. O processo de aprendizagem inclui passar seis
meses sem cortar (cabelos) e limpar-se (tomar banho). Vivem praticamente sozinho. Durante o
dia nos primeiros tempos da, uma virgem da aldeia lhe serve que mais tarde é trocada pelas umas
das suas mulheres. Acredita-se que a noite, uma cobra-deusa (Lebe) vem-lhe despejar
conhecimento.
O outro conceito é a prática da circuncisão feminina e masculina. Dogon acreditam que todos os
homens nascem iguais, não são nem mulheres nem homens, mas depois da circuncisão separa-se
em homens e mulheres. Que coisa esquisita. Os circuncisos devem andar pelados em volta de
toda a aldeia recebendo presentes e mostrando a toda a comunidade sobre a sua orientação
sexual.
As mascaras são usadas principalmente nas cerimonias fúnebres. I intenção é implorar aos
deuses, que na maioria dos casos são as deusas, para receber um dos seus filhos que estão a
caminho. Todas as mascaras tem o seu significado e sua referência no reino dos deuses. Estas
mascaras são usadas exatamente para consolidar o conceito já mencionado de secretismo. Alem
de estarem a esconder o sujeito, proíbem todos os observadores de verem o sujeito como tal, é a
representação da deusa. Cada deusa tinha seu dia de comemoração. Já que as danças das
mascaras não era as mesmas de aldeia para aldeia, acontece que diferentes aldeias possivelmente
tinham deusas diferentes.
Muitos investigadores sobre a cultura de Dogon reportaram terem constatados que este povo já
bem antes, sem os instrumentos científicas, tinham conhecimentos avançados sobre astronímia.
Nas conversas entre o sabio Dogoniano Ogotemmeli, Griaule e Dieterlen nos confidenciaram
que os Dogonianos acreditam que a estrela mais brilhante no ceu, Sirius- sigi tolo ou estrea do
sigui tem duas companheiras po tolo a estrela digitaria emme ya tolo a estrela sorghum e que eles
tem suas origens no Sirius. No seu livro The Sirius Mystery Robert. K.G Temple disse as
observações de Griaule e companheiro sobre o conhecimento astronómico deste povo revela um

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conhecimento preciso, que foi possível depois dos cálculos de Friedrich Bessel em 1844. Temple
refuta a ideia da existência deste conhecimento astronómicos como sendo obra pura dos
Dogones. Aprenderam dos Egípcios, ou dos extraterrestres. Este é um debate que de momento
não quero meter-me. Se tiveram este conhecimento vindo dos deuses, muito bem, não
inventaram em seus usos. Para o tal efeito, organizavam festinhas em honra de um dos deuses.
Mas a missão seria completa e honroso se fosse conhecimento para melhor a convivência entre
os homens.
Dahomey
Dahomey refere-se a um dos antigos reinos africanos que existiu cerca de 1600 a 1894 no atual
Benin quando o seu último rei Behanzin foi derrotado pelos Franceses tornando-o parte do
Imperio Francês. O mais importante aspeto deste povo é a sua prática religiosa chamada Vodun,
grande festa, quase espantosa e fantástica. O significado da palavra Dahomey é um assunto para
outros debates. Usaremos o significa quase mitológico entre a juncão de Dan- Chefe, Xo-
Barriga, Me- dentro de. Foi construída sobre a morte de Dan, violência. Muita coisa foi dita
sobre a sua superioridade. Nós, duvidando das intenções, nos dispensamo-nos de tais descrições.
Dahomey nasceu da violência e pela violência foi derrubada e nunca ergueu-se. Para nós, este
assunto chamaria a nossa atenção se fosse que neste primeiro encontro com o exterior foi uma
vitória; sabemos que foi uma total submissão. Hoje em dia, a famosa tradição de Vodun tornou-
se no show case para turistas: no contato com o diferente, dissolveu-se na confusão terrena.
Todas as informações do reino de Dahomey são nos oferecidas pelos primeiros comerciantes de
escravos. Sem dúvida, eles descrevem o reino como monarquia absoluta e o rei como um líder
despótico. Mais tarde, alguns simpatizantes vieram refutar essas e outras observações como
pejorativas para denigrir, rebaixar e superar, para colonizar. De momento, nos abstemos de tal
confusão; Se eram democráticos, como dizem, então veremos o depois que seria a continuação
do antes. Para poupar seu tempo, veja o fracasso de todas as tentativas de organizar a ordem da
lei, governo. Descrevem que o rei não agia sozinho, tinha emissários, chefes de varias aldeias,
depois chefes das aldeias, comunidades, “família”, portanto, seu poder estava distribuído,
descentralizado. Por causa disse, talvez deveria ser o filósofo (já que tinha delegado tudo), mas
não, em vez de ter concubinas, estes reis tinha muitas mulheres. O seu tempo que deveria ser
para coisas filosóficas, era empregado nas esteiras com suas várias mulheres. Por isso sempre
que confrontado com dura realidade, sua resposta sempre foi emocional, sem razão. Uma
descrição negativa de um africano para outro africano. Não se preocupe, apenas fiz um
comentário.
Dahomey, foi um reino bem organizado com instituições que visavam servir o povo. Suas teorias
de economia tinham lanços com a religião e a política. Usavam conchas como moeda. Também
tinham uma prática de adorar os seus ancestrais, principalmente os reis já mortos. Era parte da fé
do reino crer que todos os reis eram semideuses e que depois da morte entravam no reino dos
deuses. Rei aqui na terra, rei la no alto. No lugar de limitar-se no oferecimento dos frutos da

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terra, temos relatos de práticas de sacrifícios humanos, para dar de beber o sangue inocente aos
deuses. Exageram também ao dizerem que os Dahomey adoravam um Deus supremo, quase
inacessível, ao mesmo tempo reconhecendo aos deuses próximos. Nana-Buluku é a mãe de todas
as deusas e deuses. Mawu- Lisa é o deus que recebeu da Deusa a responsabilidade de governar a
terra. Povos da terra adorai-o. Temos que reconhecer o esforço quase desnecessário de muitos
que tentam descrever Dahomey como uma civilização igual ou superior, defendida como
diferente e raro, em relação as outras. As reações pós-traumáticas, de momento,também não nos
interessa. Se tinham arte (como produto de realizações mentais abstratas), se eram democráticos,
religiosos, grandes economistas, com uma filosofia Dahomeyiana diferente isso não constitui
argumento nenhum. O que é filosofia Dahomeyiana? Quem pode responder esta pergunta? No
final da leitura de toda literatura em torno deste povo ou civilização, ee difícil encontrar,
objetivamente terra fértil e propicio para o nascimento da filosofia. Vimos que o rei, como era a
prática do seu tempo, tinha muitas mulheres. Por ser considerado um semideus, o poder da vida e
da morte estava sempre nas suas mãos. Que filosofia nasce neste ambiente de constrangimento?
A filosofia do medo, do silêncio, da ignorância, pobreza que culminou com a colonização,
aniquilamento total. Depois da colonização, lemos nos livros que este reino passou a ser
chamada de Benim. De novo, pergunto eu: podemos encontrar uma filosofia Beniniana?
A Africa do Norte e Ocidental, historicamente foram influenciados pelas filosofias islâmicas.
Nos centros de estudos como Cairo e Tumbuktu, encontramos algumas personalidades com uma
vida filosófica invejável. A superioridade do Egito já foi ilustrado algures em cima. Vamos falar
da fama de Tumbuktu como centro de conhecimento, uma academia para os académicos.
Joannes Leo Africanus no seu livro A Descrição de Africa fala da existência de Tumbuktu como
centro de estudos, uma universidade. Para derrubarmos a falsa alegria e contentamento das
descrições de Africanus sobre Tumbuktu e Africa, não nos esqueçamos que durante a sua visita,
Tumbuktu tinha sofrido influências do Islão. Portanto todos os escritos deste tempo, suas
ciências todas, são falas Islâmicas. Muitos académicos escreveram bastante sobre a origem do
nome, da cidade. São várias as explicações, cada um tentando puxar para seu lado. Para prevenir
cair neste debate onde a razão adormece por tanto tédio, noos ficamos com a verdade: Tumbuktu
foi uma cidade famosa do seu tempo que continha alguns académicos e constituía centro de
aprendizagem. Nós temos estas informações primeiro pelo Leo Africanus, como uma simples
descrição. Claro, mais de 700 000 manuscritos foram recolhidos das bibliotecas desta cidade.
Será que estes manuscritos continha uma filosofia africana contendo filósofos africanos?
Ahmad Baba al-Massufi al-Timbukti é considerado como o maior académico desta civilização,
acreditado de ter escritos 40 obras. Al Massufi diz que o sal vem do norte, ouro vem do sul, prata
vem da terra dos brancos, mas a palavra de Deus, coisas sagradas, narrativas (fabulas) bonitas, só
podem ser encontradas em Tumbuktu. Se estas afirmações são objetivas e verdadeiras, podemos
imaginar o quanto grande e majestosa Tumbuktu foi; se não constitui verdade, pelo menos não
temos razão para desconfiar da sua existência. Este academico ee tido como amostra para
demonstrar o nível académico de Africanos antes do contacto com a Europa. Tido como Platão

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de Africa, escreveu extensivamente a existência de um mestre do qual bebeu a sua sabedoria.
Este Sócrates Africano era chamado Mohammed Abu Bekr que segundo o nosso académico
encorajava seus alunos para amarem a ciência (filosofia) e era muito generoso com seus livros.
Mais tarde, o nosso académico tornou-se no chanceler da universidade de Sankore que continha
mais de 25.000 alunos. A universidade oferecia cursos de matemática, astronomia, medicina e
surgia, etnografia, botânica, farmacologia, biologia, química, geografia, direito, arte e música.
Corno de Africa
Na Etiopia, diferente dos outros países, regiões e povos africano, encontramos algumas
maravilhas que mandam parar mesmo o melhor dos cínicos. Basicamente, temos quatro textos
que fazem parte da literatura filosófica Etíope: Fisiólogo, O livro de Filósofos Sábios, A Vida e
as Maximas de Skendes, Os Tratados de Zera Yacob e Walda Heywat, o discípulo do
primeiro.
Depois de uma leitura minuciosa do Fisiólogo, fica claro que, além da alusão dos símbolos às
animais e plantas, faz conexão entre acções humanas e praticas de alguns animais. Talvez, esta
seria a primeira tentativa de tentar definir o homem estabelecendo as semelhanças e não as
diferenças. Por exemplo, o fisiólogo nos diz que os homens, bem, o amor-dos-homens para com
seus filhos deve ser como do elefante para com as suas crias. Como traduzir e interpretar esta
prática primitiva? O fisiólogo, antes das instruções morais e a invasão de outros conceitos (da
modernidade), o homem, na primeira instância é um animal, porem racional. A razão para este
nosso filósofo prematuro corrompe a natureza do homem. Por exemplo, os racionais defendem
que as emoções (a província do amor) não guardam a verdade. A relação que o homem tem para
com seus filhos é racional. Antes de falarmos o que estes homens pressentiram, as consequências
do racionalismo na vida do homem, tiramos o nosso chapéu em sinal de reverência a esta
tentativa filosófica.
O Livro do Filosofo contem provérbios que normalmente são atribuídas a filósofos Gregos,
Romanos, Figuras do Antigo Testamento e alguns Cristãos. Encontramos aqui, uma das primeiras
formas de ser Filósofo. Talvez, com base nestas evidências da composição deste livro de muitas
fontes, pode se definir o filósofo como sendo aquele que bebe das várias fontes. É o homem com
conhecimento amplo (memorizado). Quais eram os motivos que levaram a adopção e pratica
deste método, fazem parte de coisas que ninguém pode especular. O importante é que este
método foi usado e temos evidencias. De raspão, podemos dizer também que a filosofia africana,
qualquer investigação com semelhança tamanha “é enquanto é”. Não podemos escrever e falar
filosofia sem fazer nenhuma ligação com o exterior. Por exemplo, o provérbio 3020 diz que
“ninguém guarda em tigelas, mas em nosso peito; todo conhecimento é obtido partindo da
Justiça; quem não tem irmão, perder os sabores da vida”. Já dissemos antes que este livro é uma
tradução de vários provérbios proveniente de diferentes fontes. Razão pela qual, ninguém pode
perder energia em tentar interpretar isto. Por exemplo, muitos atreverão em querer dizer que a
origem do conhecimento na Justiça é Africana. O sensato observa, e avança. Nos também

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observamos estas traduções, mas continuamos com nossa viajem. Desencorajamos todos aqueles
que sem emprego, encontram aqui motivo de difamação e exaltação. Eles usam estes fatos para
provarem que, também, eles são homens. Um dos sinais destes profetas da mentir é que jogam as
palavras. Aceitando que este texto é um plagiarismo, enfeitam com algo do tipo, adaptado
criticamente.
O manuscrito, A Vida e Máximas de Skendes, do seculo XVI começa uma biografia trágica, do
próprio autor. A nossa intenção não é traduzir e interpretar o seu significado. Investigações deste
género não tem provas. Skendes, depois de adquirir uma certa idade (critica), quer falsificar, com
a intenção clara, de chumbar por completo a teoria do seu mestre. O mestre, que não tem nome,
diz que “ Todas as mulheres são prostitutas”. Skendes, deserta a escola e se manda para longe da
escola e influência de seu Mestre. Podemos deduzir, com a sua insistência nas suas
investigações. Depois de muitos anos, volta com aparências diferentes. Agora, quer primeiro usar
este método contra suas irmãs e todas as mulheres de seus irmãos. Skendes consegue seduzir e
dormir com todas elas. Mencionar e prevenir muitos no erro de introduzir algo que não esta
sendo contemplado. Portanto, nós não temos a definição da prostituição e mulher segundo este
Mestre e porquê sexo e não outras atividades humanas. A última na fila, a peca chave é a sua
própria mãe. Temos informações que atestam que, por causa da mudança na fisionomia de
Skendes, sua mãe não lhe reconheceu. Seduziu- a e ela deixou-se seduzir, trair seu pai (marido),
com o filho. Quando tudo estava pronto e preste a acontecer, Skendes revela sua identidade. Sua
mãe fica envergonhada e comete suicídio. Skendes, sentindo-se culpado e cegado com seu
método, decide reter sua voz. Torna-se num mudo. Ee possível, com base nestes dados, escrever
livros e livros. Mas de momento, a nossa missão continua a mesma, observar com cuidado. Só
faltava uma pessoa, uma mulher para derrubar teoria de seu Mestre. Pelo que aconteceu, o
Mestre venceu “Todas as mulheres são infiéis”.
Portanto, depois de ser nomeado com um dos anciãos na corte do Rei, as pessoas vinham ter com
ele para receber vários conselhos. Desta maneira, Skende era forçado a estender a mão e escrever
respostas das várias perguntas. Portanto, o livro esta divido em dois: a primeira parte, esta que foi
narrada, a da autobiografia e a segunda, o seu comportamento durante a sua estadia no corte.
Esta breve biografia de Skendes também é vulnerável a várias interpretações e comparações. O
sensato neste caso, iria contemplar os fatos e seguir para onde o leva. Skendes, que se impor.
Sabendo que dois galos não podem partilhar o mesmo lugar, Skendes tenta brilhar em outros
lugares. Por fim, volta para seduzir sua própria mãe. Que horror! Na segunda parte, as pessoas
perguntavam Skendes: O que é alma? Estranho que a primeira pergunta é abstrata, sobre algo
disputável. O sábio Skendes, responde dizendo que a Alma ee o fogo do céu, uma criatura
imortal como os Anjos, a luz, bom e fogo racional, cheio de inteligência e conhecimento, fala,
estimula e ensina a razão ao corpo. Esta ee a definição da alma segundo Skendes. Não é
necessário apontar os erros nesta definição. Provavelmente, esta ee uma salada. Dentro desta
definição, encontramos varias escolas e origens. Contida nesta definição é a noção dos Cristãos,
Gregos, Romanos e mesmo Egípcios sobre a alma. No final, encontramos a dualidade e a
superioridade a razão em relação ao corpo. Este ultimo deve obedecer a razão.
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Perguntaram ao sábio, o que é agua? Agua, responde ele, é mais forte que todas criaturas. É
indispensável para a vida/ saúde; esta em baixo e em cima da terra, suporta-a e os céus também.
Está em volta de todo o universo, como uma coroa real, é sustento (nutrição) de todas as coisas
animadas. Mas, com que ousadia, eles perguntaram ao Sabio a definição da agua. É estranho ver
este sábio esquivando, no lugar da definição, ele providencia características, que confusiona
todos. Muita coisa pode ser mencionado, basta nos agora dizer que, tudo que tem massa, as vezes
não é agua. Porque a definição do Sabio, implicitamente, quer dizer que, tudo é água. Ora
vejamos: se tudo é água, possivelmente, tudo é igual, mesmo. Portanto, todos os dias
experimentamos diferenças, semelhanças relações e isto, de alguma maneira nos ajudam a
diferencia as coisas. No sentido mais amplo temos agua, fogo, terra, ar e muitos outros
subelementos.
Pela terceira vez, perguntaram ao Sabio, o que é sono (dormir). Ele responde dizendo que sono é
a melhor recomendação dos médicos; é a imagem da morte, a miséria de paixão de pertença; a
alegria de todos espíritos vivos, a lembrança da escuridão, memórias quotidianas. Podemos notar
que, esta é a pergunta central de todas. No centro está a questão da essência do homem. Em vez
de faze-la de forma direta, a indireta é emprega que além de definir sono, faz delimitações com a
vida. Sono é uma preparação para a morte. Se queremos saber o que acontecerá depois da morte,
temos que observar o que acontece connosco quando dormimos e sonhamos. O corpo repousa e a
alma trabalha. Morte neste caso seria o descanso eterno do corpo e a atuação eterna da alma.
Vida, do outro lado, seria o descanso e atuação momentânea, quase simultâneo entre o corpo e a
alma, vida e morte, sono e vigilância. Este conceito é profundo porque se querer cria a
possibilidade da coexistência entre o bem e o mal. No reino do mal, onde o bem não tem atuação
nenhuma corresponde o inferno, e o reino do bem, é o paraíso. A existência atual, é uma luta sem
limites. Em outros casos, o bem vence, mas em muitos casos, o bem é condicionado ao mal, a
alma ao serviço do corpo.
Skendes, O sábio filósofo torna-se numa figura de renome por causa da sua contribuição na
história Etíope. O seu método científico, de falsificação, trágico como foi, constitui a primeira
tentativa da introdução da ciência em Africa. Na moral, Skendes questiona os limites e que
determina tais limites. Ao conduzir a experiencia da teoria de seu mestre para com a sua própria
mãe, como peça chave, Skendes questiona onde começa e termina nossas investigações. Em vez
de repúdio total da imagem do filho dormindo com sua própria mãe, podemos avançar e tentar
perceber o que Skendes tentava provar. Sempre, temos que ler esta prática em comunhão com o
Fisiólogo. O homem, tanto como outras criaturas tem algumas semelhanças. Seria possível,
vendo as práticas de outros animais e concluir que o homem, sendo animal, também, não esta
isento. Por exemplo, as galinhas, cabritos, bois e muitos outros animais, depois de certa idade,
não diferenciam pai, mãe e filho. Seria esta a prática entre os homens. De momento, não
queremos entrar no debate do feminismo, mas a conclusão em si. Todas as mulheres são
prostitutas. Todos os homens são infiéis. Esta segunda parte é um acréscimo meu, para contentar
as mulheres. Porque a logica que tal afirmação implica é a existência necessária de homens
imorais., que deixam suas esposas legitimas e vão dormir com mulheres de donos e mesmo suas
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próprias mães. Lendo esta afirmação do mestre de outra forma, constitui verdade, a priori. Por
exemplo, é óbvio, agente encontrar pessoas que se casaram com a mesma idade, outras menos e
outros mais. As diferenças são muitas. É possível encontrar homens grandes, maduros e mesmo
já idosos casando com meninas da idade de suas filhas e netas, se não é formal, informalmente,
na calada da noite, isto acontece. Com frequência, também encontramos mulheres idosas
namorando com jovens, a estes, o nome sugarmamas é atribuído. Lida nesta vertente, a
conclusão do mestre é valida. A radicalidade do nosso jovem Skendes, de levar isto ao extremo
causa náusea na agente. Ninguém, em nenhum momento deve usar os seus como campo de
experimentação, nunca.
Portanto, a segunda parte que é independente da primeira, mesmo sendo resultado, de alguma
forma mostra a transição de uma cultura para outra. O processo não é claro porque tem lugar
num individuo singular. A transição da tradição oral a escrita. O silencio de Skendes, resultado da
primeira investigação, faz com que sua audiência adotem um mecanismo diferente: deixa a moral
de lado, e dedicam a ciência do homem e da natureza. As respostas, não são originais, foram
adquiridas de outros filósofos, talvez durante a sua ausência, quando embarcação na missão de
tentar falsificar a ideia de seu mestre. Depois de pouco sucesso, e quase a vindicação de seu
mestre, introduz o que estudaram no estrangeiro. O sucesso é enorme. Agora, se há alguns, no
meio de nós, querendo fazer investigações nestas linhas, podem. O nome que darão a estas
investigações é sagacidade, característico da transição da tradição oral para a escrita, uma
narração. A Fisiologia e as Máximas de Skendes são frutos das traduções diversas. Frutos de
intercambio entre o exterior e o nativo, a semente de qualquer tipo de investigação a posteriori
no continente Africano.
Zeya Yacob e Walda Herwat
Os tratados destes dois Etíopes, mestre e discípulos constitui umas das luzes que brilharam no
meio de tanta escuridão. Estas duas estrelas, uma dependendo da outra, solitárias, brilharam e
apagaram, sem precedentes. É muito triste.
Zera Yacob, escreveu o famoso Matata, uma obra filosófica, que infelizmente, é lida em
comparação desnecessária com a obra de Rene Descartes, O Discurso Sobre o Método e suas
Meditações. Comparação desnecessária, porque, mesmo tendo sua inspiração em Descartes, O
Matata de Yacob tem um mérito próprio, como veremos adiante. É imperativo reconhecer desde
já, o método e a direção das futuras filosofias daquele continente. Yacob, deveria, dentre varias
razoes, ser o arquiteto da filosofia africana porque mesmo mostrando uma certa ingenuidade, a
sua curiosidade lhe põe acima de todos. Reconhece a influência do ocidente, Cristianismo e a
Filosofia Grega e por fim, ele avalia a veracidade destas correntes. Sem raiva, antes de toda
problemática do colonialismo e inferioridade, sem rancores do passado longínquo; com toda
humildade do filósofo, diferente de Skendes, derruba todos pilares do conhecimento ocidental e
oriental e apresenta o seu método.

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Hatata, as Investigações de Zera Yacob, segundo o Jesuíta Canadiano de nascença e Etíope por
escolha, Claudde Summer, significa “ Questionar pouco aos poucos, investigações corretas,
examinar, inspecionar”. Matata, além de ser uma narrativa autobiográfica da vida do próprio
autor, constitui uma obra filosófica independente. Na primeira parte, Zera, fala na primeira
pessoa sobre o seu próprio nascimento e sua escolaridade. Sua vida adulta e da fuga que
empreendeu quando já não era mais seguro filosofar. É precisamente, durante este tempo onde
Zera esteve no cativeiro, na gruta, onde concebe o seu método de investigações. Com a luz da
razão, que tem sua origem em Deus inteligente, todo o homem racional deve descobrir o
caminho certo por si mesmo. O próprio livro, é resultado do pedido de um dos seus discípulos,
Walda Heywat, que insistiu para que o mestre deixasse alguns escritos.
Para validar seu Matata, Zera Yacob diz que em nome de Deus, que é o começo, o possessor de
tudo, a fonte da vida e da sabedoria, que pretende escrever estas coisas. Portanto, Matata, são
investigações de grande importância, porque foram reveladas, pela razão, a Zera Yacob, pela luz
divina. Zera pretende escrver tudo que encontraram na sua vida. Também salientar que, segundo
as matemáticas feitas, Zera Yacob escreve suas investigações aos 75 anos de idade. Estas
investigações são frutos das várias meditações que teve na sua caverna a quando a sua
perseguição.
Zera Yacob, nasceu no dia 25 de 1592 em Aksum; filho de um camponês pobre. O seu nome de
nascimento era Warqye, mas por causa do Batismo, passou a ser chamada de Zera Yacob.
Despois de estudos primários introdutórios nos salmos de David, o seu professor disse a seu pai:
“ este seu filho ee esperto e tem paciencia para com as ciências; se o mandar para escolas
superiores, será o mestre e doutor”. Depois de ter ouvido isto, o seu pai lhe manda para estudar
Zemya, algum tipo de música. Por ter uma voz grosseira e dissonante, Zera não exceleu na em
Zemya. O seu intrutor ria-se dele com frequência. Por causa disso, depois superar a vergonha,
Zera muda de escola para aprender Qenye e seweseya com outro mestre. Durante os seus estudos
de Qenye e Seweseya, Zera diz nos que por pouco escapou a morte quando caiu no abismo e saiu
ileso. Depois de quatros anos de estudos intensivos nestes cursos, Zera muda para outra escola, a
fim de aprender a interpretação das sagradas escrituras onde permaneceu durante dez anos. Zera
aprendeu todas as interpretações Bíblicas, dos Frangs (europeus) e teólogo cópticos (nativos).
Ele percebe que muitas vezes, as interpretações da mesma Bíblia não concordava com sua razão.
Guardava suas opiniões dentro de seu coração.Depois, Zera volta para sua terra natal Aksum
onde ensinou durante quatro anos. Este período não era pacífica, porque depois do rei converter-
se a ideologia dos Frangs (europeus), instalou-se o clima de perseguição de todos aqueles que
questionavam a autoridade do dia.
Quando exercia sua função de professor, muitas pessoas começaram a lhe odiar, porque, como
ele próprio diz, durante este período, não tinha amizades verdadeiras entre os homens. Por ser
superior em relação a outros mestres em conhecimentos, amor para com o próximo, bom relação
ate com os Frangs e com os Copticos, isto serviu-se de motivo de odio. Mesmos sendo cauteloso
no seu ensino, porque nunca se atreveram a condenar um elevando o outro, caiu na armadinha de

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seus inimigos. Durantes as suas instruções, Zera ensinava que os Frangs dizem isto, Cópticos
aquilo, como consequência, criou ambiguidade no seu dos seus contemporâneos. Alguns diziam
que ele comungava com os Frangs e outros Copticos. Mas um dos seus inimigos arquivais,
Walda Yohannes, foi dizer ao rei que Zera ensinava uma doutrina perigosa para o povo. Ele
incitia violência em defesa da nossa fé (Cóptica) e expulsar os Frangs. Consciente das
consequências, Zera foge, levando consigo três medidas de ouro e os salmos de David e pôs-se
em fuga. Depois de muita caminhada, encontrou uma caverna onde transformou-a em sua nova
morada para viver sem ser percebido por dois anos. Algumas vezes frequentava o mercado local
onde as pessoas pensavam que ele era ermita mendigo. Longe do contacto com a maldade do
homem, rezava os salmos de David e louvando Deus seu criador.
Depois da oração, quando livre de outras ocupações, Zera meditava quase todo o dia na
sabedoria do silêncio de Deus criador enquanto as pessoas fazem violência em seu nome, mas
também no conflito entre os homens e suas debilidades. Durante este período, os Frangs diziam
que os Cópticos eram os inimigos de Deus por professarem sua fé e foram perseguidos. Os
Cópticos também faziam o mesmo. Zera indaga-se: “ Se há um Deus que é o criador de todos os
homens, porquê que sua natureza é ruim? Porquê o silencio enquanto os homens distorcem o seu
nome? Será que há uma Deus, que escuta? Estas investigações, conduzem Zera Yacob a provar a
existência de Deus partindo de outra pergunta muito óbvia, a das causas: “ quem me criou?”.
Meus pais também foram criados e isto nos conduzem a uma ser que não foi criado, Deus,
Inteligente.
No mesmo clima de questionamentos, Zera questiona a a própria Sagra Escritura: “ Será que
tudo escrito e descrito na Bíblia é verdade? Depois de muita consideração em volta deste
assunto, Zera não percebia nada. Resolveu deixar a caverna e procurar esclarecimentos de outros
académicos. Enquanto preparava-se para deixar a caverna para consultar, eis que aparece outra
pergunta, em forma de dúvida: “ o que dirão os homens alem daquilo que está dentro de seus
corações?” Alguns académicos dizem que minha fé é certa e todos aqueles com fé contrária a
minha acreditam na mentira. Com cuidado, ele avalia a fé dos Católicos, Judeus, Islâmicos,
Cópticos e Asiáticos. Onde encontrar o juiz que diz a verdade? Da mesma forma que a minha fé
parece verdade para mim, a fé do outrem também parece verdade. Nisto, todos os homens
mentem e destroem-se mutuamente. Todo o homem, segundo Zera, criado consubstancial com
seu Deus (com inteligência), tem a capacidade de encontrar a verdade por si. Depois desta
realização, o ser inteligente deve perguntar-se a si mesmo: “ eu, sendo inteligente, o que
entendo?”. Para Zera, primeiro, é reconhecer a existência de um ser Supremo, superinteligente.
Com esta inteligência, o homem, cônscio de suas debilidades, deve esforça-se para encontrar a
verdade. Imbuído de tal inteligência, o homem é mestre de seu destino, decide viajar pelo
caminho do bem e do mal. Este homem, deve investigar varias falsidades do povo (questionar as
ciências do momento).
Para todo o homem que investiga a verdade com a inteligência pura, encontra a verdade. O
processo de purificação, não começa com o batismo, mas com o desbatismo. Descartar todas as

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coisas em cima desta inteligência, deixar cair a mascara dos costumes. Por exemplo, Moises
disse que foi enviado por Deus para salvar seu povo. Mais tarde milagres foram recordados para
validar a missão de Moises. O que, tal acontecimento significa para uma mente inquisitiva e
pura? Será que todas as coisas escritas e descritas na Bíblia são verdadeiras? Devemos aceitar a
autoridade da Bíblia? Nos livros atribuídos a Moises, é possível encontrar conhecimento
vergonhoso que não concorda com a razão e muito menos com a criação (ordem de Deus). Mas
com luz da inteligência, propriamente empregada, não podemos nos dececionar em relação a
verdade. Todas as doutrinas de Moises e Cristas não vem de Deus. De facto, todas as verdades
defendidas pelas religiões obscurecem a própria verdade. Por exemplo, O Judaísmo e o
Cristianismos elevam a vida monástica rebaixando a conjugal. Se todos aceitassem tal fé, na
prática, não teríamos homens. Se você fecha a fábrica de homens, acaba com a humanidade.
Neste caso, verdadeiro conhecimento vem da ligação entre a nossa luz com a fonte dessa luz,
Deus, que revela toda a verdade. Desta maneira, com o instrumento nas suas mãos, Zera, começa
a derrubar e a destruir as bases do Cristianismo (os evangelhos) e outras religiões dominantes.
Numa das passagem contra as doutrinas da Igreja católica e Islâmica, Zera diz que Deus não
ordenada absurdidades e contradições. Por exemplo, Deus nunca pode dizer “coma isto hoje,
amanha na coma aquilo, não coma carne na sexta-feira como professam os cristãos; da mesma
maneira, Deus não diz coma durante a noite e não comas durante o dia como ensina o Islão. A
nossa razão (inteligência) e natureza nos ensina a não comermos coisas prejudicais contra a
nossa saúde. Todas e outras práticas religiosas devem ser submetidas ao tribunal da Razão e da
Natureza, e não das tradições, prostituições. A razão e natureza comanda o homem a sustentar-se
pela comida e não sustentar-se com sua abstinência.
Numa das outras investigações, Zera diz que todos os homens fora criados iguais. Portanto,
nenhum povo é superior e detentor da verdade. A pergunta central nestas investigações é como e
porquê é que Deus mandou Moises para um certo povo? Por que razão Deus revelou a sua
doutrina a uma povo e escondeu ao outro? Diante do tribunal da Razão e Natureza, Zera
descobre que nenhuma das religiões possui a verdade. Todos os profetas fora mentiroso. Todos
mentem quando atribuem a palavra de Deus às palavras do homem. Aqui, Zera encontra algumas
verdades mesmo no seio da fé que é falsa por causa de suas consequências: desencoraja os maus
na prática do mal e conforta os bons na sua paciência. Toda a moral baseada nestes fundamentos,
é como uma mulher que dá luz ao filho ilegítimo. O pai alegra-se com o seu nascimento e
apaixona-se pela mãe. Mas no dia em que descobrir a verdade, provavelmente vai-lhe divorciar e
dececionar. É exatamente isto que aconteceu com Zera Yacob quando descobriu que a sua fé era
falsa e consequentemente, seus frutos.
Com base nas investigações sobre a igualdade entre os homens, Zera questiona o fato de Deus
permitir que os mentirosos e desonestos corrompem seus filhos em nome d’Ele mesmo e do
próprio povo. Segundo a nossa razão, que é igual entre os homens, pode nos levar a verdade, mas
não seguindo as opiniões decetivas dos homens. Portanto, se preferirmos seguir o caminho da
mentira, somos esmagados pela ordem da natureza com a qual Deus sustenta o seu Universo.

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Por exemplo, todos aqueles que pensam que a vida monástica é superior a da vida familiar serão
encontrados na formicação. Aqueles que desertam seus pais por causa do Evangelho terão
problemas sérios e faltam de assistência temporal durante a sua velhice. Todos aqueles que jejum
e passam fome durante longas horas, sentirão fome, necessidade de comida, a coisa que
renunciaram. Portanto, todos aqueles que ignoram a ordem da natureza e agem contra caem na
sua própria armadilha.
Nas outras investigações, Zera tenta provar a existência e a imortalidade da alma baseando-se no
fato de não termos o fim de nossos desejos. Por exemplo, mesmo que o homem tivesse o
universo a sua disposição, iria desejar mais outra coisa. Neste mundo, nossos desejos não são
realizados por completo, portanto, o desejo da felicidade, que é impossível em plenitude
enquanto vivos, deve ser adquirido na outra vida. Esta inclinação de nossa natureza mostra-nos
que não fomos criado para este mundo só. E durante a sua examinação em relação a Bíblia, Zera
diz que Deus e reconhecido pela expressão adora seu Deus e ama todos os homens. Aqui esta a
base da moral para com todos. Portanto, Deus nos criou com a capacidade de perfeição. Para
atingir a tal perfeição, temos que rezar muito (investigar sempre), porque a nossa alma deve
sempre fazer a sua função (adora a Deus) segundo por meio de investigações racionais. Com
persistência e paciência nas nossas investigações (orações), Deus responderá nossas
inquietações. Por fim, em relação a oração, Zera aconselha-nos a rezar quando necessário (seguir
os costumes o tanto quanto) e usara nossa razão sempre que puder. Por exemplo, ele conta-nos de
dois episodias quase similares, onde a primeira graças à oração, safou-se e a segunda, por meio
da razão, safou-se bem também. Certo dia, o rei lhe chama para justificar-se diante de uma
acusação feita por um de seus inimigos. Por ter sido apanhado de surpresa e sob vigilância, reza
toda a noite e na corte real recebe outro em vez de chicotadas. No segundo episodia, com
acusação similar, foge na calada da noite, porque, como diz ele, se a nossa razão pode nos levar a
um outro patamar, não podemos recorrer a assistência divina: “todo homem deve fazer tudo por
tudo (segundo a razão) sem tentar Deus em vão”. O resto de Matata é uma teologia inspirada nos
salmos de David e descreve com que frequência as rezava, três vezes por dia com petições
diferentes. E por fim, um pouco da sua vida antes e depois da publicação das Matatas nas terras
longínquas onde, sobreviveu com base nas reproduções dos Salmos de David e a remuneração
com que recebia como salario de tutor de um dos filhos de seu novo mestre (patrão).
Na introdução deste capítulo, das nossas investigações sobre o papel da humanidade no corno da
Africa, mencionamos quatro obras por tratar. Fico claro que os Tratados de Walda Yohannes, o
discípulo imediato de Zera Yacob, quase repetiu as mesmas teorias de seu mestre. Talvez,
mencionar o seu enfase no valor do trabalho. Walda, argumentava que um dos papéis
fundamentais de seres humanos é trabalhar para o bem próprio e o do resto da comunidade,
patriotismo. O trabalho dignifica e eleva o homem. Portanto, para Walda, o desenvolvimento de
qualquer civilização depende da qualidade do trabalho em comum. Esta sua teoria, nos conduz a
outra que merece nossa atenção, embora já mencionada nos Tratados de Zera Yacob, a igualdade
dos homens. Todos os homens são criados iguais. A diferença existe no amor para com o
trabalho. O nível e a qualidade do trabalho é responsável pelo estágio de cada civilização.
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Trabalho de qualidade produz bons frutos. Afirmando que todos os homens foram criados iguais,
Walda desafia todos. A desigualdade social acontece quando muitos não trabalha para si.
E por fim, Walda tambem traz argumentos novos para a importância do casamento e vida
familiar. Em Matata, Zera, argumenta que a união entre homem e mulher é algo sagrado, a razão
e a natureza atestam. Para a continuação da raça humana, tradicionalmente, precisa que o
masculino e o feminino se encontrem, para formar um. O casamento, visto neste sentido é
sagrado e todo teólogo que prega o contrário, a razão e a natureza provam-lhe o contrário. Walda
não exalta somente o casamento, mas que a qualidade dos filhos depende da qualidade da vida
familiar. Tomando as palavras do seu mestre como suas, Walda diz que todo o bem, depende da
gente: o suficiente, é importante. Ter filhos e providencia-los com a devida educação e cuidados.
Apreciamos esta tentativa de dar muita importância ao casamento durante um período onde a
religião do dia, em nome de Deus, pregavam a superioridade da vida monástica, missionaria e
religiosa como sendo o modelo preferencial. Esta prática é contra a razão e a natureza do
homem. Vezes sem conta, este mesmo monge que diz não ao casamento vai ser encontrado com
as calcas nas mãos comendo a fruta proibida fora do jardim sagrado (família). Muitas vezes faz
isso apenas pela contemplação (satisfazendo-se) e em muitas ocasiões, com as viúvas, solteira,
divorciadas e hoje em dia, com as menores. Isto, foram das cortinas, é muito grave e constitui
crime contra humanidade (futuro). Perguntamos nós: este seria a atitude a tomar, diante da
invasão de uma cultura estranha que tem valores contrários aos nossos? Pela via da razão e
natureza, argumentar contra a absurdidade de tais praticas e denuncia-las como contrarias a
natureza do homem? O sucesso deste método deve ser avaliado com olho posto nos resultados,
ou mesmo nos objetivos.
Zera Yacob, de alguma maneira, teve contacto com os académicos ocidentais. Na sua narrativa,
escutamos que na sua fuga, além das três medidas de ouro, levou consigo os Salmos de David,
para nela reza e meditar. O gesto muito importante e muitas das vezes ignorados pelos
académicos medrosos de então, é o que derrubar, do estrangeiro para avançar a nossa ideia?
Antes de Nietzsche escrever contra a falsidade do Cristianismo, Walda escreve e demonstra a
falsidade das três religiões dominantes. Sem escrúpulos, Zera Yacob chama o profeta Muhamad
de um mentiroso e ignorante e que o seu livro, Quórum, é a palavra de homem atribuída a Deus.
O Cristianismo, na pessoa de Jesus, era algo bom porque pregava o amor. Mas a Biblia como tal,
contem sabedoria vergonhoso. Como que o Deus de todos pode escolher revelar-se a um povo
determinado? No tribunal da Razão e Natureza, Yacob trava todas as mentiras contidas nos livros
sagrados suportados pela narrativa de alguns milagres absurdos e mandamentos que vão contra a
razão e a natureza, a ordem de Deus.
O recado que estes dois homens deixa para qualquer pessoa em perigo (aos filósofos do futuro) é
desacreditar a autoridade contida nos livros sagrados. Este pedido é muito forte e pesado. Como
recusar o cristianismo, Islão, Judaísmo e outras religiões…? A consolação para todo o aspirante a
estas investigações é de que Zera oferece um antidoto para tal. A única verdade partilhada e é la
onde reside a igualdade dos homens, é sobre a existência de Deus, de um ser. Implícito nestas

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afirmações é o argumento de que negando a autoridade da Bíblia e mostrar a sua falsidade, não
tem relação com a fé na existência de Deus. O conceito de Deus e sua possível existência é algo
individual, razão pela qual não há necessidade da existência de sacerdotes porque pela luz da
razão, é possível chegar a Deus. Basta, o discurso sobre os Tratados destes homens.
Não vamos entrar no debate de outros académicos que tentam de alguma maneira dizer que as
Investigações de Yacob são quase idênticas e contemporâneas as de Descartes. Estas são
especulações sem provas. Mas, levando em conta a existência de missionários Jesuítas
portugueses na sua terra, com que brigou bastante, não há dúvida de que teve acesso a filosofia
ocidental. Yacob não abate os ramos, mas as raízes e posteriormente o tronco. Primeiro começa
por desacreditar a autoridade máxima das três grandes religiões (Judaísmo, Cristianismo e Islão)
atacando a figura de Moises, o antigo testamento todo; segundo, ataca algumas práticas de cada
religião; e por fim, derruba todo o sistema e proclama: Rapaz pensa por si e segue o caminho da
natureza, sua. Este é o credo: eu sou ser inteligente e uso-a para determinar tudo segundo a
“natureza”. Diante de tantos acontecimentos, o oraculo é a razão e a natureza testemunha.
Africa Subsaariana e A Filosofia Bantu
Esta parte do continente é habitado pela população de cor Negra e por muito tempo esteve
isolado em relação a outras civilizações. O primeiro contato foi violento. Alguns dizem a
natureza do negro é violento como o próprio clima da região, muito quente. A definição do termo
é motivo de escaramuças no seio da comunidade dos “filósofos da mágoa”. Para facilitar nossas
investigações, vamos prevenir entrar na confusão onde há muita poeira que machucam as vistas.
Nossa fonte primária acerca desta filosofia é a obra que leva o mesmo nome, La philosophie
bantouede Placide Tempels, publicada em 1945. O outro conceito que merecerá a nossa atenção
nestes territórios é o conceito de Ubuntu, com suas barbaridades que corrompem jovens com
baixa autoestima: a causa de tanta confusão, mesmo golpes de estados.
Africa Subsaariana, tradicionalmente não tinham historia escrita. A prática predominante de
transmissão de conhecimento era a oralidade: dos pais para os filhos e assim sucessivamente.
Apenas estamos aqui a observar com ajuda dos fatos. Para aqueles que querem julgar se este
fenómeno constitui uma bênção ou maldição para com o futuro do mesmo, damo-los o prazer de
aventurar-se naquelas águas. A verdade é que, agora, com um interesse enorme para revisitar o
passado, torna-se difícil de ter acesso por causa da mudança repentina: a desvalorização da
oralidade em prol da escrita. Os primeiros manuscritos, de qualquer forma, não foram outorgados
pelos Africanos, mas pelos Europeus. Todos aqueles que, mais tarde aventurara-se em querer
conservar os feitos de seus povos nos livros, de certa forma, emprega-la meios alheios
(estranhos). O primeiro livro de Filosofia Bantu aparece em 1945, com a intenção de expor o
pensamento do Africano que vive nestas áreas
A Filosofia Bantu de Placide Tempels

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No seu primeiro capítulo, Tempels apresenta uma afirmação generalizada e particularizada para
descrever as práticas do povo Bantu. Segundo a sua experiencia, Tempels diz que a vida e a
morte são os dois grandes apóstolos que acompanha todos os povos e diante delas, todas as
mascaras caem por terra. Por exemplo, os ateus ocidentais, no momento da sua morte chamam
pelo padre. Os Bantu, mesmo os civilizados, no momento de aflição, na calada da noite, sem
roupa, vão ter com o mágico, o curandeiro e o feiticeiro.
Na outra máxima, deduzida da humanidade,Tempels asserta que o comportamento das pessoas
tem suas bases num sistema de princípios. Brevemente, apresenta como claro, os princípios da
fundação da filosofia Ocidental. Nela destaca a razão e a fé como os meios para a verdade.
Talvez, a mais irritante expressão na parte dos filósofos da mágoa é a insistência deste filósofo
missionário quando refere primitivo (não civilizado) todo comportamento e prática dos Bantus.
De viva voz, Placide diz que qualquer povo tem sua filosofia para todos os mistérios do mundo.
Como qualquer bom missionário, Tempels tece rasgados elogios as afirmações da ciência
moderna. Depois de uma examinação pelo método do criticismo histórico, todas as religiões
primitivas tem seu conceito do Ser Supremo na sua forma mais simples. Mais tarde, o conceito
do ser passa a ser complexo, escondido, manchado que deve ser redimido, pelo sangue. Este é o
caso do povo Bantu. Para provar que os Bantus tem o conceito de Ser Supremo, como diz ele,
Tempels, apresenta quatro caminhos. Cada um, assim quando tiver tempo, pode ir aplicar estes
métodos para provar se leva o buscador a tal conclusão. Desta maneira, apenas para completar
uma parte de sua missão, Tempels resgata a humanidade do Africano. Rapaziada, eis os métodos
(caminhos) para seguir: (1), conhecimento profundo da língua; (2), estudo penetrante de sua
etnologia (etnia); (3),investigação crítica de suas leis; (4),a adaptação de ensinamentos religiosos
(a fé em Deus com o nome local) com ao pensamento primitivo. Segue estes caminhos e a
verdade será revelada. O nosso missionário está tentando localizar e definir a natureza do Negro.
Porquê é (O Bantu) o que é? Depois confessa o crime “ estaremos a usar lentes ocidentais” por
contraste. Por que, Tempels menciona a obra de R. Allier, A Psicologia da Conversa, que parece
dizer que o Bantu não tem capacidade para pensamento refletivo; não sabe o porquê e o para quê
das suas praticas. Nisto, o missionário esta decidido a contradize-lo com fatos. As investigações
são dedicadas a todos aqueles que querem ser missionários ou governadores de povos primitivos
(conhecimento a priori) para prevenir a banir práticas primitivas, promovendo a
civilização.Tempels constatou que mesmo aqueles que depois de vários anos vivendo com os
ocidentais, o Negro adaptava-se em pouco tempo as suas praticas primitivas, com muita
frequência durante a noite. Mesmo depois da introdução, estes, no fundo, permanência Muntu.
Para provar isso, o nosso missionário conta nos de um acontecimento durante as revoltas de 1944
a quando as investigações na casa de um dos letrados (évolués); durante o processo de busca
encontraram um livrinho que continha fórmulas magicas que por sua vez foram copiadas de um
outro letrado de nome. E conclui diz que no futuro, os Negros tornar-se-ão em Brancos. Mas
antes de conhecer sua ontologia, é impossível oferecer a humanidade, ao Negro.

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Sem conhecimento da metafisica Africa, constitui perca de tempo ensinar-lhe microbiologia com
a intenção de lhe mostrar as razões da morte de um dos seus entes queridos. Não existe diferença
entre o Africano que sabe ler e escrever, calcular e narrar com o seu irmão que nunca foi
introduzido a cultura ocidental e desta maneira, incompreendido. O estudo da metafisica do
Bantu, nos leva a passar pelas cerimonias de culto aos antepassados, animismo, cosmologia
mitológica, totem, magica e finalmente a um conceito do Ser Supremo. O caminho é longo e
cansativo, mas possível.
Para tirar muito proveito, o investigador deve perguntar o Bantu o significado de suas práticas e
isto significa aprender a sua língua. Admitindo que o africano reconhece a existência da alma em
todas as coisas vitais, temos que pergunta-lo de que maneira a tal alma manifesta-se como força?
Como que o Bwanga (medicina magica, amuleto, talismã) pode curar uma pessoa como dizes?
Qual é a conexão? Como que o Mfwisi (Muloji), o lançador de feitiço, pode-te matar a distância?
Em outras palavras, por que não a usou quando era invadido? Estas e outras perguntas,
extraordinárias, nos leva a concluir que todas elas, tem a ver com a sua metafisica, Ontologia.
De acordo com estudos recentes sobre povos primitivos, concluiu-se que sua religião é
monoteística, animística, totemistica…e isto nos faz concluir que os Bantus, também tiveram
(tem) fé em Ser Supremo. Para provarmos isto, basta reparar e observar o Bantu mais próximo.
Para assestarmos tudo isto, temos que escutar a sua fala (língua). Depois deste trabalho,
implantar o conceito de Ser Supremo neles, estarão em condições de produzir Tratados
Filosóficos em nossas palavras.
Provisoriamente, a Ontologia Bantu é chamada de Filosofia da Magia, exatamente para mostrar
claramente a diferença com a filosofia propriamente dita. Primeiro método é aprender a sua
língua para depois, com facilidade aprender a pensar e ver o mundo como o Negro. Para isto,
temos que entrar nestas investigações, livre de preconceitos e julgamentos.
O comportamento do Bantu tem centro num único ponto: Forca Vital. Em todas as suas ações, O
Bantu que expandir e adquirir a vida, a forca, a vitalidade. Esta força esta presente em todas
práticas (magia, curandeirismo, feitiçaria e mesmo no seu relacionamento com o Deus. A
primeira e quase a única oração do pagão diante de Deus “ dê- me forças- vida”. Depois do
reconhecimento da existência de varias fontes da força, eles reconhecem, quando cansados, da
existência de Um Deus, dador da Força. E esta força vital está presente em todas as coisas
(homens, animais, plantas, pedras…). O homem tem esta força de aumentar (gerando filhos) a
semente da força recebida do Criador. A felicidade do Negro depende da quantidade de força
vital que possui. Ausência desta forca no homem, constitui uma miséria; todo o homem fraco
está em constante perigo de ser devorado pelos fortes.
As causas das doenças e consequentemente a morte são quase externas, as vezes das pessoas
malignas ou mesmo de outras forças contrárias. Por exemplo, nas aldeias dos Bantu, todas as
crianças recebem proteção (para ter mais força) para não cair nas malhas das feiticeiras
antropófagas. Isto também pode ser observado nas suas várias formas de saudações. Em muitas

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ocasiões, ouvimos O Bantu, quando quer dizer que esta com fome “ fome me mata” ou a “sede
me mata”- estou fraquinho. Este são um dos obstáculos que impede a conversão total do africano
ao cristianismo: porque tem medo de perder sua força vital sem garantias. Podemos concluir,
sem hesitações que a chave mestra para o pensamento Bantu é a ideia de forca vital que tem sua
origem em Deus.
A Ontologia Bantu e a Noção Geral do Ser
A alma do Bantu anseia ardentemente a vida e a força. A noção fundamental do Ser encontra-se
na categoria da força. O pano de fundo para esta descoberta é a convicção de que a Metafisica, a
ciência do ser existem só seio de todos os povos. Os Bantus definem o Ser como sendo parte
inseparável da Força. Entre eles, é absurdo pensar no ser sem ser forte (vida). Todas as coisas
(percebidas) tem Força, vida própria. Aquela coisa que não tem força, não é. Ser é forca. A noção
do Ser do Bantu é dinâmica e não estática. Porque a força e exibida no exercício. Toda a sua
filosofia centra-se no fato de que o Bantu vive, fala e age como se fosse que os seres são fortes.
Imagina no contexto em que as pessoas vivem debaixo da fé semelhante. Seria uma comunidade
de indivíduos medrosos e suspeitosos. Por exemplo, se O Bantu presenciar dois cobras lutando
fica apavorado: qual é a mensagem (a força) por detrás deste fenómeno? O Ser é força. Um
aviso, não há razão de ler isto e pensando na Força da filosofia de Nietzsche. No lugar do Ser,
reconhecem (vem) Força com suas respetivas categorias: Força divina, celestial, humana, animal,
vegetal e mesmo mineral. Se o Ser é Força com respetivas categorias, com a ajuda da expressão
Mu-ntu, podemos dizer que os Bantus não são dualistas. O ser é a manifestação da forca. O
Muntu, na linguagem corrente significa pessoa e não homem. Bintu que são as coisas também
tem forca. Basta reparar com muita atenção no Bi-ntu
A experiencia diz nos que a força pode ser fortalecida (capitalizada) ou enfraquecida (ignorada)
sem mudar a substancia do ser. Por exemplo, quando o Bantu diz que estou a ser forte, devemos
entender que o seu ser (qualidades) transformou, para o melhor. Estas forças interagem entre si.
E aqui encontramos a definição de Magia (interação de forças) e sua possível classificação. Este
conceito de Força apresenta sua hierarquia com Deus no topo e alguns espíritos que conectam o
homem com Deus. No mundo dos vives, também há hierarquia entre os homens. O denominador
comum é a quantidade da força. Um fraquinho não pode ser rei ou chefe por temer destruição.
Sabedoria Bantu
A sabedoria do Bantu consiste na apreensão de vários segredos de várias forças (seres). O
filósofo pela excelência nas terras do Bantu é o mágico, o curandeiro, o feiticeiro. Esta também
parece a noção e a fé da escritora Moçambicana Pauline Chiziane em todos seus romances.
Aquela mulher fala bem dos curandeiros e adivinhos. O sábio de todos é Deus. Razão pela qual a
noção de Deus e Jesus magico, que opera milagres atrai muitos Bantus pobres (sem forca vital
forte). Diante de um problema que aparenta não ter resposta imediata, o Bantu exclama: Só Deus
sabe- Vidye Uyukile. Outro dado muito importante acerca do conhecimento é de que somente os
mais velhos, o chefe da aldeia é que sabe. Em muitas ocasiões, quando surge necessidade de

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explicar certos fenómenos, os anciãos são chamados que são os idosos. Este é conhecimento
causal, fruto de idade, experiencia. Mas quando as coisas são quentes de mais (novidades sem
precedências), o adivinho é solicitado e seu pronunciamento tem relevância. A origem do
conhecimento do adivinho vem dos antepassados que lhe comunicam durante a noite, nos
sonhos. Com estes últimos dados, o surgimento do filósofo é quase impossível. Nem todo o
Bantu tem capacidade para fazer filosofia, atingir a plenitude, por isso deve consultar o
curandeiro, na dúvida.
O sistema educacional é composto de ritos de iniciações pelo meio de cânticos, anedotas,
provérbios, parábolas (tudo na sua forma oral). Por isso que para validar qualquer argumento ou
a santidade de alguma prática, invocam a autoridade dos mais velhos: nossos pais sempre
fizeram isto, quem és tu para mudares? Não há demonstração objetiva. Por fim, a sua noite do
homem depende do seu conceito de força vital (magica). Para ser considerado como alguém
(pessoa), O Bantu deve ser o mais forte em relação a todos, que é estar em comunhão com os
habitantes do outro mundo (antepassados).
A Etica Bantu
Levando em conta a natureza do Bantu e as suas crenças na autoridade dos mais velhos, dos
chefes, antepassados e espíritos, diante de uma ação e sua possível avaliação, é com frequência
que escutamo-lo a dizer: “Ele (Deus, o antepassado, o chefe, o pai) sabe porquê isso”. Em muitas
ocasiões, ele não assume responsabilidades. O bem e o mal não depende dele, mas sim dos
outros (terceiros). Em última analise, segundo a observação das suas falas (língua), a existência
de expressões que denotam o bem e o mal dão uma clara indicação da existência da ética.
Também podemos invocar os seus elogios em relação ao adivinho e suas hostilidades em relação
ao bruxo-feiticeiro. As ações do outro são boas por natureza e do último, mas por natureza. Para
provarmos a não ou a existência de ética no meio dos Bantus, temos que observar com muita
atenção nas suas palavras que denotam o bem e o mal. O Bantu vive segundo a sua filosofia de
“Força Vital”. Tudo o que tende a diminuir e combater esta força, e má; e tudo o que tende a
impulsionar a força vital (tudo o que dá vida) e o bem encarnado. Por isso, vezes sem conta
escutamos que o Africano (em geral) respeita a vida, dá valor a vida, sua filosofia é humanística
precisamente por se deixar guiar pela “Força Vital”. Se quer ser bom, não mates; matar, na parte
do individuo, constitui um pecado. Todo aquele que é considerado como feiticeiro, é morto.
Africa Oriental, Mitologia Dinka e Maasai
Vamos recitar o que todo investigador da verdade recita: reconhecemos a importância do
homem Branco em relação a história e a vida do homem Negro. Com os próprios olhos, eles nos
emprestam suas lentes para enxergar bem o nosso passado. As primeiras narrativas (escritas) são
da autoria do homem Branco ou via seus métodos. A todos antropologistas, sociólogos,
missionários e aventureiros, que não perderam tempo em relatar o que seus olhos viam ou a
causa da reação do seu entender, vai o nosso muito obrigado. Hoje em dia, além dos comentários
políticos nas esquinas, a oralidade, que foi a fonte de transmissão de conhecimento é quase

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inexistente. Basta mencionar um exemplo para clarificar. Em muitos países Africanos, existem
pessoas que foram encarcerados por não possuir um documento de identificação mesmo tendo-se
explicado, oralmente, sua proveniência. Em alguns países se não todos, a língua oficial de
unidade nacional é uma das Europeias. Alguns homens, por não terem-se expressado
corretamente nessas línguas, sua identidade foi suspeita: como que nós (agentes) confirmamos
que o ser é o que diz ser? Com tudo isso, quis dizer que as informações sobre os Dinkas e
Maasai, foram documentado por homens de boa-fé.
Godfrey Lienhardt, no seu livro Divinity and Experience: The religion of Dinks publicada
em 1961, além de inúmeros artigos de índoleantropológica, é a autoridade que vamos usar para
entendermos o pensamento e costumes de povo Dinka. Num dos seus artigos que compõem as
Setes Conversas, Lienhardt diz nos que o Povo Dinka vive na terra deserta do norte de Sudão.
Os Dinkas são muito escuros (em relação ao outros negros). É uma escureza que chama atenção.
Este povo considera-se Jyeng, mas para os estrangeiros com dificuldades de pronúncia, preferem
chama-los de Dinka.
Consciente de sua missão muito importante, Lienhardt, convida todos interessados a escutarem
por si as declarações de um Dinka sobre o seu povo e suas teorias. Logo no princípio,
encontramos o nosso antropólogo a ser desarmado pelo nosso narrador a cerca da dança. Estando
na canoa, de noite, Lienhardt escuta o que ele considera ser uma das danças tradicionais dos
Dinka; mas o nosso narrador (sem nome) lhe diz que não, é uma dança tradicional do povo
vizinho, inimigos históricos dos Dinkas. Isto nos faz perceber a dificuldade de articular qualquer
coisa “Africana”.
Depois de uma conversa afiada (preâmbulos), de repente, o nosso narrador diz que na sua
cultura, homem, a definição e suas qualidades dependem da comunidade. Enquanto seus
vizinhos definem homem como aquele que possui seis cicatrizes (introdução a matemática?), o
povo Dinka considera homem todo aquele que possui as marcas (na sua testa) de homem
(maduro); a decisão depende da comunidade. Esses cortes, para os Dinkas, não são
enumerados, mas sim desenhados em forma de V. Enquanto a aritmética é que define os Nuer, a
geometria define os Dinkas. Agora, a pergunta é: todos, sendo matemáticos, porquê é que
brigam, matam-se? Esta descrição do ser homem vem depois dainfância. Antes de ter estas
marcas, todo “homem” é considerado como sendo criança que pasta os cabritos, ajudando as
mulheres na cozinha (lavando pratos), ser mensageiro (menino de recados) e quebrando a
tartaruga assada para seu avo comer. Esta é a escolaridade (sistema educacional) de Dinka. As
marcas na testa introduz o homem a classe dos homens que vivem com outros homens cuidando
do rebanho (bois). Esta constitui a aspiração de todos os Dinkas (homens). No fim desta
primeira narração, o narrador diz nos que mesmo os meninos da escola querem ter bois. Mesmo
com a introdução da educação ocidental, nos princípios, todos os jovens Dinkas levavam
consigo os bois para escola. Que imagem assustador! Também ouvimos que um dos primeiros
Dinkas a subir avião, queria levar consigo seus Bois e não foi fácil dissuadi-lo. Talvez mencionar
também que antes da entrada no reino dos homens, estes jovens vestem-se de missangas. A

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preparação para a vida (mulheres e homens) começa bem antes. A educação é separatista. A
educação dos homens é diferente a das mulheres.
Segundo as observações feitas por Lienhardt sobre a religiosidade dos Dinkas, conclui dizendo
que no seio desta sociedade existem a crença do Deus supremo. Para evitar confusões e
comparações com o Deus importado, optou por usar a palavra Divindade que denota algo
sagrado, mas sem formas que na língua local chama-se Nhialic. No início, o homem e a
Divindade eram um, da mesma maneira que o céu e a terra, ordem e desordem, vida e morte
eram UM (unidade). Por causa da liberdade do homem (pecado original), o homem
desmembrou-se da Divindade e no deserto da vida onde há muitas mortes, os Dinkas tentam
recuperar a unidade via rituais. Depois descobre a existência de subdivisões de Divindade como
Poder supremo (Deus), Divindade associada a experiencias universais e divindade do clã. Para
este povo, o boi é sagrado e há muita narrativa em volta disso. Deixamos a narrativa para
antropólogos. É prudente mencionar um dos mitos famosos. Dizem que certo dia, uma Divindade
tao conforte (Morte) conspirou contra o gado e a população usando azagaiais. Os Dinkas, usando
as mesmas azagaiais, derrubaram este Deus maligno, autor da desordem e quase a religiosidade
deste povo tem suas raízes nesta lenda. Os sacerdotes responsáveis pelas cerimónias também
tem conhecimentos profundos da magia negra e respeitados quando fazem cair a chuva. Basta
do povo Dinka e suas práticas. Como vimos no princípio, o sistema educacional é rudimental: as
meninas vivem para o casamento cumprindo as tarefas necessárias e os jovens cuidam bem do
seu gado porque o futuro (casamento) depende destes animais. No tempo livre, principalmente
durante a noite, dançam bastante.
Os Maasai, são por natureza patriarcais com os idosos e adultos no centro das decisões.
Conhecimento puro encontra-se nas cabeças dos mais velhos (experiencia); são monoteísticos,
acreditando na existência de um Engai/Ekai (Deus), todo-poderoso. O credo mais famoso deste
povo é a sua fé na providência divina de que Enkai ofereceu-lhes o todo gado da terra e como
consequência, roubar gado de outras tribos constitui uma questão de tomar de voltar o que é
deles, por direito.A figura mais importante na religião dos Maasai é o Laibonque dentre seus
deveres inclui a cura xamânica, divinação e profecia. Como disse antes, conhecimento
encontra-se nas cabeças dos mais velhos, mas para as coisas do futuro, o Laibon, que além de
ser um teólogo escolhido, é um filósofo de intuição.
Todo filósofo serio, diante dos Maasai, prestará muita atenção no seguinte: as etapas formativas
do filósofo, do ser mulher e ser homem são feitas pelos ritos de iniciação. A sociedade já
determinou quem é homem. Portanto, todas as mulheres circuncisadas e somente depois desta
são mulheres. A idade, a escolaridade não conta para a humanidade de uma mulher não-
circuncisada. Deve cortar. O nome da faculdade (da cerimonia) que confere a tal humanidade na
mulher chama-se Emorata. Acreditam eles e elas, que uma mulher sem Emorata, ainda não é e
no mercado é incapaz de dar lucros. Ninguém quer uma “mulher” expandida. O homem tem a
ceta e ela deve ser o alvo. Seria falta de bom senso e muito menos capacidade racional despejar

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argumentos contra esta prática. A estes, perguntamo-los: qual é seu problema rapaz? Quem te
fez juiz?
Os homens passam também pela mesma experiencia. Omitimos aqui e la em cima as outras
etapas anteriores. Claro, o certificado recebido durante a Emorata tem suas raízes la no começo.
As escolas primárias de meninas e meninos são diferentes. Desde criança, trabalha para seu
próprio futuro. Uma das cerimónias (escolas) dos meninos tem a ver com o espancamento. Os
meninos são espancados para testarem sua coragem e resistência. Esta, em outras palavras é a
vida militar, no linguajar do evolueé. A circuncisão ocorre sem analgésicos. Dore pura. A
expressão da dor é motivo de desonra temporária. O homem não chora, não mostra fraqueza…
homem equivale força. Depois da circuncisão, fica um tempo determinado nas Manyattas
(pequenas aldeias), quarteis. No lugar do leão, podemos meter algo diferente, o “inimigo do
povo”. O último teste para selecionar os melhores dos soldados, é erguida a lei de que nenhum
soldado deve ter relações sexuais com mulheres (circuncisadas); é permitido sim dormir com as
não-mulheres (sem circuncisão). Estes soldados passam a sua vida vagueando e roubando gado
de outros povos.
Entre muitas outras práticas, essas são as essenciais, porque são elas responsáveis pela formação
do conceito Maasai. As suas caraterísticas principais ou simplesmente o princípio de todos com
origem no Nilo é o Gado. O trabalho do filósofo do futuro é investigar mais sobre esta Filosofia
do Gado, a Economia do Gado e a Religião do Gado. Estes povos acreditam que aquele que tem
mais gado e um número considerável de filhos é rico. Temos que avançar, mesmo tentados em
considerar mais esta sua ontologia do Gado.
A Estaca (Ramo) da Filosofia Africana na Diáspora
Anton Wilhelm Amo or Anthony William Amo, O Africano Perdido
Anton é considerado como o primeiro filósofo africano na Europa. A ênfase aqui esta na cor
da sua pele, algo que ele não se deu conta. Os elogios do sucesso deste negro são apresentados
pelo Reitor e o Presidente de sua síntese, da melhor forma. O reitor afirma a grandeza d’Africa e
compara-a com a mulher gravida; ela tem o fruto desejado para a humanidade, além do ouro,
marfim, petróleo, diamante… um messias local. No passado, esta mulher (continente africano)
nutriu homens de renome. Quem está com fome, que venha a Africa. Quantos países, continentes
e povos a nossa mãe alimenta? Vejam aqui e interroguem-se nesta imagem do continente
Africano com uma mãe. Conhecemos alguns destes homens e o santo a qual este seminário leva
seu nome é o mais lucido de todos. O reitor afirma que a nobreza destes homens consistiu na sua
defesa do sagrado (Cristianismo). Aqui perguntamo-nos, se é preciso concordar porque fora da
igreja não há salvação?
Ao Anton, o reitor diz que ele é um homem brilhante na filosofia e é natural de Guineia (atual
Ghana). Depois de muita tribulação, chegou a Europa como menino (pequeno escravo). Foi
introduzido às coisas sagradas (ao cristianismo). Os dois duques August Whilhelm e Ludwig

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Rudolph foram seus pais adotivos que pagaram todo o seu ensino (introduções) e sua posterior
assimilação. Depois de mostrar sua sumidade, Anton prosseguiu para estudar as ciências e
adquiriu o espirito filosófico (reconhecimento), aqui nesta Universidade de Wittenberg. Uma
pausa. Isto quer dizer que todo aquele que é Africano e quer ser filósofo, deve necessariamente
passar pelo catecismo, ciências naturais e filosofia? A maneira Europeia?
O reitor diz que Anton, por ser tão inteligente acima dos comuns, era muito admirado pelos
académicos de sua geração. Demostrou grande conhecimento de filosofia. Anton, não só
narrava as filosofias, mas escolhia as melhores expondo a sua razão. A qui encontramos a
referência de sua dissertação. Anton, na sua dissertação, demostrou que a “mente não sente”.
Por isso, o Reitor não hesita, declara que Anton pode ser confiado para ensinar Filosofia nas
Universidades Alemãs. Tudo isso acontece em 1733 e o nome do reitor é Johannes Gottfried
Kraus. Em 1734, o presidente da dissertação de Anton diz que a sua dissertação foi bem
compostasaté ao ponto de não precisar de correção. Um trabalho excelente, prova de que Anton
é uma estrela. Uma estrela brilhando no meio da própria luz. Por acaso, a lua brilhará, durante
o dia, mais que o sol? Anton brilhou sim, mas ninguém notou. Uma alma solitária, perdida no
meio de outras almas. Há narrativas de que depois de muita turbulência e em perigo, Anton
voltou para Africa. Durante este período de sua vida (a lua longe do sol), nada, não há brilho
nenhum; o homem desapareceu nas matas de Africa. Uma pausa. Como que este senhor, ao
entrar, voltando para casa da mamãe desaparece e não deixa rastos? Não temos relatos de que
tentou fundar uma escola, escrever um livrinho na sua língua para seu povo, ou mesmo ensinar
outros a ler; nada. Ficamos aqui, perplexos: seria, ele, tão arrogante e egoísta? Ou não foi
percebido porque des-Africanizou-se? Será que teve o mesmo fim do seu posteriori (Kwame
Khrumah) contemplou suicídio? O retorno dele à Africa, obscuro como é, será avaliado na sua
implementação violenta de um tal Marcus Garvey, o engraçado. O que disse Anton na sua
obra-prima (dissertação) Apatia/Indiferença da Mente Humana?
A dissertação em si, na verdade é bem composta. Os argumentos são claros e curtos,
compreensíveis e acessíveis a todos iniciados. Quase, nadado que mais quinze páginas, Anton
expõe sua teoria sem confusão. Primeiro, clarifica os termos, depois de algumas afirmações. Por
exemplo, Anton, afirma que a mente humana é do espirito que é uma substancia ativa,
imaterial, inteligente em si mesma e operando segundo suas intenções de acordo com um fim
proposto (por ela mesma). Espirito é vida. Ainda mais: a mente humana (espirito) não admite
paixões (sensações). Logo que apreende a filosofia, Anton faz-se de um materialista esperto.
Podemos também ler essas afirmações como estando a favor da liberdade individual,
precisamente quando diz que o espirito é ativo e para isso não depende de agentes externos; não
deve explicações a ninguém. Invoca Deus e outros espíritos como entidades que não
têmidealismo, porque ideias vem das representações (do passado). Em Deus, não há
representações do passado, e nem do futuro, o presente é infinito. Define ideias como
operações momentâneas de nossa mente que representa ou apresenta coisas previamente
percebidas pelos órgãos. Se o homem é, como disse Descartes, amente que pensa, todo homem,
sabe e é capaz de traçar seu destino. Este é um comentário forte. Se o espirito age por
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espontaneidade, então ninguém tem o poder de delimitar onde começa e termina a capacidade
de cada um; cada um é juiz e faz suas leis para o fim para o qual ele mesmo traçou. A Filosofia
do Espirito Livre seria o título favorável desta dissertação.Ao reconhecer o comércio entre a
mente humana e o corpo (matéria), Anton diz que o corpo é empregado, usado como meio ou
instrumento para os fins desejados (propósito). E mais tarde até chega a invocar a Bíblia, usando
as palavras de Jesus para sustentar sua teoria; Anton diz que Jesus comanda seus discípulos a não
temerem quem mata o corpo e não a alma; ainda mais, o corpo é o templo de Deus, alberga a
alma, espirito santo. Quando quer, a mente humana entende, percebe as sensações do corpo, mas
não acaba com ela (é imortal).
Para derrubar por completo a teoria de Descartes de que a mente tem ideia (confusão total),
Anton expõe a sua máxima: tudo o que tem sensação (perceção) vive; tudo o que vive é
nutrido, cresce; tudo que é deste tipo é reduzido ao primeiro principio (nascimento-vida);
todo ser reduzido ao primeiro princípio, é constituído de princípios; e todo ser deste tipo é
constituído de partes; tudo que encaixa essas descrições faz parte de corpos divisíveis. A
mente não tem partes, nem princípios, é imortal e incapaz de sentir. Ecoando Jesus diante de
Pilatos, Anton diz:que tudo o que é da operação da mente deixai-o para os espíritos; tudo o
que pertence ao corpo e aos sentidos deixai-o para o corpo. Ponto final.
Alguns elogios já foram mencionadas nas primeiras páginas deste assunto. Entretanto, algumas
recomendações às contribuições deste rapaz solitário para com a humanidade: Lembrando-se de
que, a invocação da intervenção deste senhor nas investigações filosóficas Africanas é
imperativo. Todos Africanologistas prestam homenagem e acendem alguns incessos a este
homem exclamando: Anton, é nosso antepassado, o filósofo. Omitimos a sua segunda grande
obra Tratado Sobre a Arte de Filosofar com Precisão e Sobriedade de 1738, porque este foi o
campo da expansão de suas ideias e tendências materialísticas aludidas na sua dissertação. Nesta
obra, Anton, desenvolve um método empírico de filosofia. A sua primeira dissertação para a
licenciatura parece argumentou contra escravatura. Diz Anton em Dissertatio Inauguralis De jure
Maurorum in Europa (Dissertação Inaugural sobre os Direitos dos Mouros (não africanos)
na Europa de 1729. Nela, Anton invoca a historia da antiga Roma: maior parte da Africa do
norte fazia parte do Imperio Romano, portando, todos os Mouros, são em principio, Romanos
(Vassalos), isentos da escravatura. Vejam a lamuria! Aqui, vamos poupar nossas energia em
querer ler muito e interpretar o que disse como se ele fosse um profeta despercebido. Alguns,
dizem que Anton, ao argumentar contra a escravatura, preparou o terreno para a Declaração
Universal dos Direitos Humanos.O argumento empregado na sua primeira dissertação é torto.
Persiste necessidade de mais investigações. Não pode ser escravo porque segundo a historia, ele
é Romano? Patife! Se existiu outros filósofos que beberam da água suja, temos certeza de que a
trajetória não foi tão diferente a do nosso irmão Anton: contra a escravatura; o trabalho não era
para o Africano, mas para o Europeu. Talvez, essa é a resposta da obscuridade na sua entrada
(triunfante?) nas matas de Africa. Missão cumprida.

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O Africano é sem Historia: Hegel
Hegel (93): É extremamente difícil compreender (predizer/vaticinar) o Ser do Africano, sua
particularidade, sua cor. Diante do Africano, todos os princípios universais caem por baixo.
Confrontado com este cenário (desarmação), ele volta para sua terra e tudo continua como era
antes. O que ficou claro, para o Filosofo, é que, lendo as observações dos missionários, chegou a
dizer que não havia um princípio único para todos os Africanos. Depois de se encontrar com o
primeiro Negro, na segunda ocasião, o viajante surpreende-se que este novo Negro é totalmente
diferente do primeiro; são parecidos, mas são totalmente diferentes. Por isso, a ideia de Deus,
unificadora, não existem entre eles. A criação de um ser abstrato com todas as caraterísticas
superiores as do homem individual cria bases para o autoconhecimento. O Africano não é
autoconsciência, não se conhece. Somente vivendo na escuridão (sem luz), o mesmo e o
diferente parece o mesmo e muitas vezes, o mesmo e o parecido parecem diferentes. O
Negro exibe o homem natural no seu estado bestial e a falta de domesticação; não há nada de
humano nesta figura.
O continente Africano não faz parte da história universal: em Africa não há eventos que
afetaram a história da humanidade; não há movimentos e nem desenvolvimentos para exibir,
para orgulhar-se e repara no que lhes dão satisfação! Os movimentos do norte de Africa que
deixaram suas marcas na história antiga estão ligadas com o Mundo Oriental e Ocidental. O
espiritoAfricano é diferente do espirito Egípcio. O Africano é sem história, sem
desenvolvimento, ainda envolvido nas condições naturais; o Africano até mesmo nos seus
cânticos, mostra esta reverência pela natureza; ele depende dela, ainda não se libertou: escravo
da natureza. Se a história universal (ocidental) é o edifício, os Africanos/ Africa são o limiar;
nem pedras são.
Kant: Diferença entre Raças Humanas e os Negros de Africa
Os sentimentos dos Negros, por natureza são triviais. Concordando com Hume que desafia
todos a apresentarem um cientista Negro de sucesso (mesmo os libertados), Kant diz que a
diferença entre as duas raças humanas é grande em questões mentais como em questões de cor.
Mais tarde, Kant diz que as caraterísticas do Negro são o preto e a estupidez. Para sustentar a
sua afirmação, Kant invoca a narrativa do padre Labat com um Negro. O missionário diz que um
carpinteiro Africano em resposta à condenação sobre o mal tratamento de suas mulheres, disse
que os Brancos são tolos por conceder mais à espécie feminina. Talvez tenha algo a considerar
nestes pronunciamentos, mas segundo Kant, este camarada era escuro, de cabeça aos pés,
sinal de que tudo que saíra de sua boca era estupidez.

George Granville Monah James


Legado Roubado: A Filosofia Grega é Filosofia Roubada do Egipto

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No drama da Filosofia Grega, temos três atores responsáveis:
1.Alexandre o Grande, que pelo ato de agressão invadiu o Egipto em 333 BC e destruiu
tudo roubando livros e tesouros da Biblioteca Real. E desta maneira, Egipto foi anexado e
passou a ser parte do Imperio de Alexandre.
2.A Escola de Aristóteles e seus estudantes que deixaram Atenas e fixaram-se em
Alexandria (Egipto) que converteram a Biblioteca num centro de investigações, depois em
universidade e em terceiro lugar compilaram todo o corpo de conhecimento e de algumas
investigações conduzidas pelas entrevistas obtidas dos sacerdotes Egípcios e chamaram
estas compilações de Historia da Filosofia Grega. Desta maneira, os Egípcios roubaram o
legado dos Africanos. Esta opinião errónea machucou muito os Negros por vários séculos.
3.O Imperio Romano, com os decretos de Imperadores de Teodósio do século IV e
Justiniano do sec.VI, aboliram com as práticas Misteriosas do continente Africano; porque
não conseguiam compreender as doutrinas metafisicas deste sistema. As cerimónias
mágicas enchiam as pessoas de gozo. Mas os Romanos não gostaram do sucesso destas
práticas. Como consequência, o império legalizou o cristianismo como religião do estado
em detrimento dos Mistérios. A partir deste tempo, todas as religiões misteriosas (Mágicas)
com fortes ligações com os Mistérios foram considerados práticas pagãs. Este trabalho
atingiu o seu clímax no tempo da difusão do cristianismo.
James começa por ridicularizar o termo Filosofia Grega dizendo que tal filosofia não existe e
nunca existiu. Os Egípcios tinham desenvolvido um sistema religioso complexo, denominado
“Mistérios”, primeiro sistema de salvação. Dentre outras doutrinas, “Os Mistérios”
consideravam o corpo humano como a prisão do corpo. Transcendendo o domínio dos homens
aos dominós dos deuses, introdução às artes e ciências, estes sim eram os meios que poderiam
libertar a alma de seu impedimento (corpo). Este era o bem maior que todos aspiravam alcançar
e passou a ser a base de conceitos éticos. O Sistema Misterioso Egípcio era uma ordem secreta
onde sua entrada era obtida pela iniciação e emissão de votos ao secretismo. E desta maneira,
este Sistema Misterioso acabou descobrindo muitas coisas; mas proibia seus estudantes de
deixar as descobertas por escrito. James levanta alguns pontos para insinuar que os Gregos
roubaram sua filosofia dos antigos Egípcios:
1. Depois de quase 5mil anos de proibição, os Egípcios finalmente admitiram os Gregos nas
suas escolas secretas para sua educação; primeiro, por causa da invasão da Pérsia e por
fim por meio da invasão de Alexandre o Grande. Este ultimo ajudou Aristóteles a
assegurar a Biblioteca de Alexandria e converteu-a no centro de investigações. Ainda
mais, dizem que Alexandre o Grande ajudou Aristóteles financeiramente para comprar
livros. Mas a história da vida de Aristóteles não menciona a sua ida a Egipto.
2. A atitude do governo de Atenas em relação a filósofos era hostil porque desviavam os
jovens. A filosofia em Atenas era estrangeira (estranha). Um pouco de história ilustra bem
o comportamento dos Atenienses em relação a filósofos. Quase todos os primeiros

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filósofos Gregos foram perseguidos e outros executados: Anaxágoras foi indiciado e
exilado; Sócrates foi executado; Platão foi vendido como escravo; Aristóteles foi
indiciado e exilou-se; o mais velho de todos, Pitágoras foi expelido de Cróton, Itália.
Interroguemo-nos como que estes Gregos reclama serem os donos da própria filosofia
que odiavam?
3. Depois da invasão do Egipto e ter roubado tantos livros, alguns anos depois, Aristóteles
(322BC) morrem e com ele, a filosofia Grega, porque, parece que o resto dos cidadãos
não tinham capacidades filosóficas.
4. Sócrates e Platão, dois grandes filósofos famosos pelo “conhece-te a ti mesmo” são
grandes ladrões porque roubaram esta inscrição nos templos dos Egípcios. O sistema
Secreto Egípcio continha 10 virtudes cardinais dos quais Platão copia as quatro: Justiça,
Sabedoria, Temperamento e Coragem.
5. O sistema misterioso Egípcio proibia seus estudantes de escreverem alguma coisa. As
aulas eram orais; somente os escolhidos é que tinham direito a livros e mesmo os que
escreviam, não assinavam. Por isso, o maior filósofo de todos os tempos, um dos
melhores alunos dos sacerdotes Egípcios, Sócrates, nunca escreveu. Por causa disso o
ambicioso Aristóteles aproveitou-se desta prática para deixar sua própria assinatura nas
grandes obras científicas que roubara na biblioteca de Alexandria.
6. As doutrinas de filósofos Gregos são doutrinas do Sistema Misterioso Egípcio. Os
primeiros filósofos concluíram que todas as coisas tem suas origens na água. Mas de
novo encontramos o mesmo argumento no livro de Génesis. O autor deste livro é Moisés
e segundo Filos, este foi um dos sacerdotes Egípcios (grande magico). Portanto, Moisés
estudou estas verdades dos Egípcios e os Gregos copiaram deles.
Razões da decadência da Filosofia Egípcia (Africana) -A sua Substituição:
a. No drama da filosofia Grega, temos três atores que tiveram muita influência. O
imperador Alexandre invade Egipto em 333BC e roubaram todos os livros científicos
(tesouros) da biblioteca real. Egipto foi anexado e passou a fazer parte do Imperio de
Alexandre.
b. Depois desta invasão, os estudantes de Aristóteles deixaram Atenas e fixaram-se em
Alexandria e converteram a biblioteca real num centro de investigações (plagio) e mais
tarde em universidade.
c. E por fim, as práticas que sobreviveram a invasão de Alexandre (O sistema de mistérios)
foi abatido pelos imperadores Romanos Teodósio do IV século e Justiniano do VI século.
No lugar destas práticas magicas e pagãs, entrou o Cristianismo. Por isso estas práticas
misteriosas, mesmo as que sobreviveram em África, acabaram com a vinda dos
missionários porque eram consideradas de práticas pagãs.

Filosofia Africana de Redenção.

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Depois de estabelecer o seu argumento e provando com fatos que a filosofia Grega é de fato
Egípcia, James oferece uma filosofia alternativa que deverá ser adoptado pelos futuros filósofos
Africanos para a sua própria redenção. Ele define a Filosofia de Redenção como sendo o
reconhecimento assumido de que os donos das teorias da actual filosofia são os africanos. Este
Africano redimido deve no lugar do filósofo Grego por exemplo, Platão, pôr um nome Africano;
deverá ler: Filosofia Egípcia. Ainda mais, a filosofia de redenção, além de ser realística, ela é
também psicológica. O filósofo redimido deverá libertar-se da humilhação perpétua e das
correntes das mentiras. Na primeira fase, serão os Africanos a se libertarem e depois forçar os
Gregos a aceitarem que sua filosofia é Egípcia. Será que o ocidente irá ceder?
Agora que já foi estabelecido e provado que a Filosofia, as Artes e as Ciências foram trazidas na
civilização pelas pessoas do norte de África e não pelos gregos; o pêndulo de louvores e honras
deve mudar dos Gregos para os Egípcios que são os descendentes legítimos de tal honra e
louvores.
Na realidade isto significará mudanças tremendas na opinião mundial e atitudes de todas pessoas
e raças que aceitam a nova filosofia de Redenção: a verdade de que os Gregos não foram os
autores da Filosofia Grega; MAS as pessoas do norte de África. E isso mudará a atitude geral de
desrespeito em relação ao Negro para o respeito e tratado desta maneira. Mais que isso, o Negro
terá de mudar sua mentalidade de inferioridade para a realização e consciência de sua igualdade
com outros grandes povos com civilizações maiores. Com estas mudanças, grandes coisas
estarão prontos para acontecer.
Esta nova Filosofia de Redenção consiste de proposição simples: Os Gregos não foram autores
da Filosofia Grega, mas sim, os Africanos do Norte (Egípcios). Que significado tem esta
proposição? É uma proposição verdadeira: a exposição da desonestidade dos Gregos. Porquê é
que esta proposição é filosoficamente válida? Porque Filosofia é uma crença aceitável e esta
proposição é filosófica porque é oferecido como uma crença que vale apena aceitar.
O que é Filosofia de Redenção? Não é só uma crença que vale apena aceitar, mas uma
proposição que deve ser vivida para saborear os frutos de seus ensinamentos. Esta proposição
tornara-se em Filosofia de Redenção quando todos os Africanos e Negros aceitarem como crença
e viver de acordo com seus ensinamentos. Como que os Africanos farão para viverem de acordo
com a F.R?
1.Primeiro, recordar que a Filosofia de Redenção é um processo psicológico que significa
mudança de crença e mentalidade e consequente mudança de comportamento: na verdade,
significa mudança a emancipação mental donde os Africanos vão se libertar das correntes
tradicionais de mentiras que por séculos foram usados para manter os Africanos na prisão de
complexo de inferioridade e na humilhação e insultos mundiais. Esta emancipação/redenção
mental tem duas funções:

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A. É geral se considerarmos a nossa raça humana como um problema que precisa de ser
emancipada. Aqui a emancipação transcende os limites raciais e inclui todos, brancos e negros
porque todos são vítimas das mesmas correntes de mentiras.
B.A redenção é específica em relação a atitude universal em relação aos negros. Depois da
emancipação do complexo de inferioridade por meio da F.R que tem como objectivo destruir as
correntes tradicionais das mentiras, os Negros devem reinterpretar o mundo de acordo com a
visão de sua nova F.R:
a. Assim, vivendo de acordo com a F.R a vida dos Negros será um constante contra-ataque.
Ataques contra os louvores e honras atribuídas a Sócrates, Platão, Aristóteles…Filosofia Grega.
Em segundo lugar atacar contra o trabalho dos missionários que diabolizam as práticas dos
Negros.
b. Esta Filosofia de Redenção deve ser ensinada nas famílias, escolas, igrejas…para encher as
crianças de inspirações e orgulho e desta maneira retirando a mentalidade de servidão. Mais que
isso, os Negros devem mostrar a sua desconfiança em relação a adoração à Filosofia Grega da
seguinte maneira:
1.Abandonar de imediato as citações atribuídas a Sócrates, Platão, Aristóteles…porque agora
ficou claro que sua filosofia foi roubada. Abolir tudo que tem o sabor da Filosofia Grega.
2.Boicotar a literatura e exibições missionárias onde apresentam o Africano destituído para criar
piedade e sentimento de solidariedade nos outros Brancos. Por exemplo, algumas vezes, tem-se
constatado que alguns missionários tiram imagens de crianças Negras sem roupa, descalços e
assim apresentam estas imagens para angariarem fundos e excitar piedade. E por fim, os Negros
devem rejeitar todo o Evangelho que prioresa e promete a felicidade do mundo desconhecido em
detrimento de condições actuais dos nativos.

Negritude
“O discurso de Malcolm X de 1963 resume a semente e o conteúdo da Negritude: polémicas e
intrigas entre o Negro doméstico e o Negro das plantações.” Antes de aprofundarmos nossas
investigações, temos que apreciar a contribuição tentativa de nossos ancestrais. Não é história
como tal, mas sim historia da filosofia, a humanidade do Africano. Nunca nos desviemos do
essencial: será que podemos encontrar um e único denominador dos Africanos, da mesma
maneira que o denominador comum da humanidade é a razão? O que é que nos permite
identificar e reconhecer a Africanidade do Africano, no Africano e não nos outros? E o que ee
que acontece quando não encontramos a Africanidade no Africano?
Para aqueles que ainda duvidam da existência da Filosofia Africana ou a impotência da mesma,
aconselhamos a aproveitarem estes fatos para enriquecer a sua posição. Depois das afirmações de
filósofos como Hegel, Kant, Hume e tantos outros em relação a desumanização do Africano,

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criou-se no seio da mesma dois Africanos: o nativo (ainda nas matas) e o civilizado. Diante da
questão sobre a humanidade e a possível existência de um denominador comum, estes dois
tomam posições diferentes. Ou seja, diante do Africano, estes dois vê realidades diferentes e
muitas vezes opostas. Importa mencionar a diferença de posições destes três homens. Cesaire e
Damas sempre pensaram que a Negritude era estética (poesia e artes); Senghor concordou, mas
deu um passo amais, Negritude era Filosofia Africana. E é aqui que sozinho faz uma das
afirmações mais polémicas do seculo: O Africano é Sentimental/Emocional. No lugar da Razão,
o Africano usa emoções. Dois temas apresentam-se diante de nós: A importância da poesia e das
emoções/intuições. Os três partilharam a mesma realidade, estavam no mesmo lugar diante do
mesmo fenómeno e viram duas coisas distintas. O Negro Domesticado e das Plantações são duas
realidades distintas e irreconciliáveis.
Negritude é uma filosofia literária e ideológica desenvolvida por intelectuais, escritores e
políticos Africanos francófonos, na França a partir de 1930. Os pais desta filosofia são Aimé
Fernand David Césaire (26 Junho 1913 – 17 Abril 2008), Léopold Sédar Senghor (9 Outubro
1906 – 20 Dezembro 2001) e Léon-Gontran Damas (Março 28, 1912 – Janeiro 22, 1978). Estes
homens rejeitaram por completo o colonialismo Francês e afirmaram que o caminho seguro para
esta oposição seria a criação da identidade racial comum de Pessoas Negras de todo o mundo.
O termo Negritude foi usado para provocar, vem da palavra Latina niger, que durante este tempo,
na França, tinha um significado pejorativo. Pela primeira vez, a palavra aparece na revista O
Estudante Negro/Preto para significar a arte niger. Rejeita todo tipo de assimilação como uma
forma de resistência e a palavra passou a ter o significado positivo. O problema de/com a
Filosofia de Assimilação é de que forçava o Negro a entrar numa civilização que contemplava o
próprio Negro, O Africano como um selvagem e bárbaro. A assimilação (entrada) do Africano
nesta cultura confirma esta visão: Era como se o Africano, diante do espelho, cuspisse contra a
sua própria imagem. Só para provocar, era como se o Africano estivesse decidido a tirar a
escureza da sua pele: Não quero isto, sujo demais!
Cesaire, uma vez disse que a semente da Negritude for lançada pela primeira vez no Haiti por
duas razoes:
a. Em 1790 François-Dominique Toussaint Louverture comandou a primeira insurreição
de Negros em 1791. Pela primeira vez na história, estes Negros rejeitaram a classificação
racial como base da classificação social (humana).
b. Em 1885, Joseph Auguste Anténor Firmin publicaseu livro De l'égalité des races
humaines, como refutação ao livro lançado pelo escritor Frances Essai sur l'inégalité des
races humainesafirmando a superioridade da raça ariana e a inferioridade dos Negros e
outras raças da cor. Firmin declara: “todos os homens são dotados de mesmas qualidades
e os mesmos defeitos, sem distinção de cor ou forma anatômica. As raças são iguais”
(Pag 450).

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A caraterística principal desta filosofia é a sua rejeição e oposição ao colonialismo, alegando a
desumanização da civilização ocidental e refutando as ideias de dominação. O objetivo principal
era antigir “ O ser Africano no mundo em si mesmo”. Para atingir estes objetivos, era essencial
enfatizar que Africanos tem história, e uma cultura avançada capaz de enfrentar as outras. Mais
que isso, era importante também aceitar e orgulhar-se por ser Negro e celebrar a história,
tradições e crenças Africanas.
O que Cesaire, Senghor e Damas tem em comum é a dessatisfação, desgosto e o conflito
pessoal em relação ao estado/experiencia do ser Africano-Francês na França. Todos os três
partilhavam uma revolta pessoal contra o racismo e injustiças coloniais que afligiam seu mundo
e sobre sua Educação Francesa. Por exemplo, Senghor recusou acreditar que o objetivo principal
de sua educação era para construir cristianismo e civilização dentro de sua alma no lugar que
antes continha paganismo e barbarismo. O desgaste de Cesaire veio como embaraçamento
quando foi acusado, pelos escritores Caribianos , de não ter nada em comum com as pessoas de
Africa-que eram considerados selvagens. Os assimilados considerava seus amigos da floresta
como selvagens. Separavam-se com o resto de Africa e autoproclamaram-se de civilizados.
Cesaire denuncio-os como sendo intelectualmente corruptos e literalmente nutridos da
decadência ocidental (dos brancos). Damas criticou severamente as afirmações destes “homens”
que encontravam orgulho de serem tao bons na literatura ao ponto de confundir o homem branco:
“quando o branco lê nossos livros, não sabe dizer a cor do escritor; pensa que está escutando um
dos seus irmãos- discurso de um ser humano.”.
Aime Cesaire: foi poeta, dramaturgo e politico natural de Martinique. Estudou em Paris,
descobriu a comunidade de Pretos e “Re-descobriu Africa”. Considerava a Negritude como o
fato de ser Negro, aceitação deste fato e apreciação da história, cultura e do povo Negro. Temos
que enfatizar que para Cesaire, esta aceitação do ser Negro era o meio pelo qual a
“descolonização na mente” poderia ser alcançada. De acordo com Cesaire, o Imperialismo
Ocidental era responsável pelo complexo de inferioridade (a recusa de ser preto e ansiar pelo
branco) do homem Negro. Procurou reconhecer a experiencia colonial coletiva dos Pretos (o
comercio de escravos e sistema de plantações). A ideologia de Cesaire foi muito importante no
início do movimento, vejamos:
Cesaire, em 2005 confessa dizendo que a pergunta que ele e seu amigo Senghor levantaram no
seu primeiro encontro era: quem sou eu? Quem somos nós? Quem somos nós neste mundo de
brancos? Comentou dizendo que este é o grande problema. Quem sou eu é uma pergunta que
Descartes coloca. Para todo o filósofo, o centeúdo desta filosofia está claro: entende que esta é
uma pergunta universal e o sujeito que afirma “eu” serve para todo o ser humano. Mas quando
este quem sou eu é traduzido para quem somos nós, tudo muda, especialmente quando este “nós”
deve definir-se contra o mundo que não deixa janela para o quê e o que são por serem Pretos; no
mundo em que o universal significa o ser branco. Qual seria a melhor atitude diante de uma
filosófica repreensiva? Estes homens tentaram procurar o ponto de partida e união de Todos os
Negros: a sua cor.

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A Negritude é uma Revolta ou Filosofia? Para o dono da Palavra, Cesaire disse que é usada
para designar a arte Negra. A palavra que antes significava insulto passa a ter o significado
positivo. A Negritude como uma revolta contra a opressão manifestou-se (basicamente) na
poesia. Apresentamos, uma citação da expressão mais eloquente da Negritude como revolta: A
Negritude criou uma “revolução”: na escuridão do silêncio profundo, veio uma voz, sem
tradutor, sem alteração, violenta e staccato e disse: Eu, Negro; a voz da revolta, de ressentimento
e sem dúvida, também uma voz de fidelidade, liberdade e mais que isso, uma voz da identidade
reconquistada.
Em 1947, Leon Damas publica uma Antologia de poesias com o grande objetivo de mostrar a
existência da Negritude como estética (contra a feiura atribuída ao preto) e movimento literário
(de letrados). Na introdução de sua Antologia intitulada Poetas de Expressão Francesa 1900-
1945. Nela, Damas proclama que o tempo de bloquear a inibição deu lugar a uma era onde o
colonizado está conscientes de seus direitos e do seu dever como escritor, como porta, novelistas,
contador de história. Sem ambiguidade, deixou claro o significado político e literário de sua
Antologia. Os temas da poesia indígena Francesa são: Pobreza, ignorância, exploração de
homem contra homem, racismo social e político, desigualdades, mentiras, covardia…e
crimes cometidos em nome da liberdade. Para Damas, o movimento não era só dos pretos, mas
dos amarelos e todos os colonizados. Sua Antologia continha poemas da Indochina e
Madagáscar. Para Damas, a substancia da poesia deveria apresentar a realidade vivida (atual). A
Negritude de Damas expressa o amor de Africanos à vida, a felicidade Africana no amor e o
sonho Africano da morte.
A Antologia de Senghor de 1948 intitulada Antologia da Nova Poesia Negra e Malgaxe de
Língua Francesa. Esta obra ofuscou a Antologia de Damas por completo e assumiu o trono como
a verdadeira manifestação da Negritude. Senghor somente incluiu poemas de Negros. O que
tornou sua Antologia interessante foi o seu prefácio do filósofo Francês Jean-Paul Sartre. O título
do prefácio é Orfeu Preto em referência do mito Grego sobre a força evocativa da poesia.
Neste prefácio, podemos notar que o ponto mais importante da Negritude é a apropriação poética
da língua Francês. A música mais simples do poeta Negro sobre a beleza da mulher Negra
aparentaria ser um atentando violento a língua Francesa. Na poesia Negra, os Franceses iria
descobrir sua própria língua com significados diferentes. Estes poetas quebram as palavras,
esmagam o seu significado costumeiro e junta-as pela força (vital?). Sartre conclui dizendo que
os poetas Negros realizaram os objetivos de Surrealistas. A Negritude é a filha da Poesia. A
poesia inspira mas não agem. Depois de reconstruir o Negro, a Negritude deve dar lugar a
revolução. A antítese da Negritude é o proletariado. Este prefácio fez com que a obra ofuscasse a
de Damas e a tornasse em porta-voz autorizado sobre a Negritude.
Diante desta visão reduzida sobre a Negritude como sendo nada mais do que Poesia, houve
necessidade defender o seu valor filosófico. Negritude não era só uma antítese aos brancos e

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tinha que também tem alguma substancia em referencia de valores da civilização Africana.
Senghor chega a dizer que Negritude é uma ontologia, epistemologia, estética e politica.
Negritude como Ontologia: Para Damas (como dissemos) Negritude é a força vital por detrás
de toda filosofia de libertação. Cesaire sempre disse que Negritude era a reivindicação de uma
herança para ter iniciativas: uma maneira de viver historia na história; história de uma
comunidade que experienciou deportações e a destruição de sua cultura. Senghor diz que mesmo
que os Africanos aparentem ser diferentes, usando a etnografia, podemos concluir que muitos
deles partilha sua fundação na forca vital. Todo o sistema da Negritude tem base na noção da
força vital (seis anos antes de Bantuae Philosophiae de Tempels).
Negritude como Estética: a filosofia estética da Negritude é a arte (objetos primitivos). Nesta
filosofia consta as mascaras e esculturas, não como embelezamento da realidade, mas a reflexão
e a combinação da forca vital em ritmo. Quando os mitos caem por terra, o divino encontra
refugiu na poesia…imaginações poéticas. Estes poetas Africanos são como acólitos com o fogo
nas mãos iluminado Africa: acorda! Será verdade que a arte/estética salva?
Negritude como Epistemologia: em 1939, num dos seus ensaios, Senghor pronunciou uma das
mais controversas afirmações por ele proferida da epistemologia da Negritude: A Emoção é
Negra como a Razão é Helénica. Ligada a estas afirmações fora as crenças de que a
epistemologia dos Negros é participativa, no pensamento magico. Provavelmente Senghor
deduziu este princípio da fórmula de Cesaire no seu diário do Regresso para Terra Natal: aqueles
que nunca inventaram pólvora e nem bússola; que nunca domesticaram gás e nem eletricidade;
que nunca exploraram o céu e o mar; mas despoja-se, possessos na essência da coisa…
permeável. O Africano conhece por via sentimentos/emoções/participação. A razão Europeia é
analítica em uso e a razão Africana é intuitiva por participação.
Negritude como Politica: depois de constatar algumas irregularidades com a política Francesa,
Cesaire escreveu uma carta a Maurice Thorez onde encontramos Negritude como politica. A
singularidade da situação do Negro no mundo não deve ser confundida com uma outra qualquer.
A singularidade dos problemas da Negritude não podem ser reduzidas às outras. A singularidade
da história da Negritude é baseada na desgraça terrível. A singularidade da cultura é única. E o
resultado é uma caminhada particular para o futuro; ainda não foi descoberta e a
responsabilidade cai nos Negros. Os Africanos devem criar organizações que respondam seus
anseios. Queria o comunismo, o marxismo, o capitalismo que trabalhasse e produzisse bons
frutos para os Negro e não os Negros entregando suas vidas para salvar estes movimentos.
Desta feita, voltamos a velha questão: na Africa, entre Africanos, em todos seres humanos, há
um denominador comum, motor de toda ação humana? Os nossos três ancestrais, na mesa
redonda tomando café e não cerveja, perceberam que apesar de serem de nacionalidades
diferentes, todos eram meio-Franceses: Negros. No mundo em que a idade da pessoa não
contava, todos eram sujeitos a humilhações por serem Pretos. A cor Negra passou a significar
coisas más. A solução seria aceitar esta posição introduzindo novos atributos ao ser negro. Se

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sim, será que a Negritude, depois de tantos anos (sucesso e fracasso), importa argumentar e
ressuscitar esta “filosofia”?
Pessoalmente, quero vos implorar para que acrediteis em vós mesmos, no que sois, pelo menos,
seres sencientes (vida); depois, deveis acreditar que este ser é alguma coisa, para vós. Ninguém
fará este trabalho para vós. E aqui, temos consciência daquilo que foi quando alguém (Hegel,
Kant, Hume) tentou fazer este trabalho para nós e para eles. Todos nós estamos preocupados com
a existência do Africano. Somente viajando para o interior (âmago) do ser Africano é que
encontraremos o denominador comum ou o nada comum. Ai, este viajante deve assinar, afirmar
a humanidade desta realidade central do ser Africano. Nunca aceitar que alguém tire (o
pouco) que vós tendes: vossa humanidade. Agora, como mencionamos antes, qual deve ser a
nossa atitude diante daquilo que vamos encontrar: devemos nos orgulhar (como recomenda a
Negritude)? Ou devemos nos envergonhar (doutrina do momento)? Na verdade, o que vamos
encontrar como pano de fundo do ser Africano é Preto. Esta cor é associada a coisas más,
sinistras, impuras, inferior; a cor oposta a esta é associada a coisas puras e excelentes. Os nossos
ancestrais recomendavam a aceitação e a autoproclamarão do: sim sei, sou preto e bonito/bonita!
Conscientes da importância da filosofia, somos encorajados a procurar e encontrar este
dominador comum.

A FILOSOFIA DO CONSCIENCISMO-KWAME NKRUMAH


“De acordo com um documento publicado pelo Gabinete da Historia Americana de 1966-
Nkrumah trabalhava mais do que qualquer Africano para impedir os interesses dos Americanos
no continente”.

Em todas as partes do continente Africano, há muita reação e revolução reacionária contra as


forças do mal (colonialismo). Mas também este fenómeno expôs a realidade do homem Africano.
Que realidade? Alguns, concordando com Marx, acharam que o último elemento determinante da
história da vida, a essência do homem é a produção e a reprodução de vida real; outros dizem
que somente o elemento da economia (Lupeto) é que determina o homem.
Nkrumah Recusa falar da filosofia divorciada da realidade. Mas uma filosofia que tem suas
raízes na vida das pessoas e na sociedade. O nosso universo é natural e sua base é matéria com
suas leis objetivas. Mas tem outros que enfatizam a existência espiritual do mundo (idealismo).
Esta indulgência excessiva de alguns no idealismo leva-os a falacias. Sabemos que neste mundo
físico não podemos escolher ver e não ver; se o mundo espiritual e a consciência fosse
interdependente, então teríamos momentos onde estas entidades agiriam independentemente do
nosso querer. É fácil para que a filosofia divorcie-se da vida humana como tem acontecido com a
história da filosofia ocidental. A filosofia ocidental tornou-se tao abstrata ao ponto de transformar
seus fãs em especialistas de conceitos. Este modo de proceder e tratar a filosofia vai contra o

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espirito fundante da própria filosofia ocidental. A filosofia antiga tinha suas raízes na vida da
sociedade humana.
Antes do início da filosofia antiga, a teologia e a filosofia faziam parte do mesmo sistema. Esta
filosofia teologia centrava seus argumentos e doutrinas em volta de Deus, Alma, Destino e Lei.
Acreditavam que além do cultivo das plantas para o consumo, o homem tinha que cultivar os
Deuses também. A adoração aos Deus e a prática da religiosidade era as maiores preocupações
quotidianos dos homens deste tempo. Na sua vida privada, pública e na presença dos deuses, o
homem mostrava o mesmo comportamento. Esta tendência de filosofia em relação a Deus foi
reforçada ainda mais na idade media. Aqui, diziam que a filosofia era a serva da teologia; a
filosofia era tida como a elucidação da natureza de Deus, d’Alma, Liberdade humana e outros
conceitos. De acordo com esta noção de filosofia, quando as primeiras necessidades da vida
humana são concebidas diferentemente, ela mostra uma atitude hostil. Assim que as sociedades
são diferentemente organizadas, também a filosofia é concebida diferentemente. Por exemplo,
durante o Renascimento, quando o homem tornou-se o centro do universo, a mente humana e
seus limites tornou-se o tópico da filosofia. Esta tendência atingiu o seu ponto mais alto em Kant
e o racionalismo entrou na filosofia. Desta maneira, o limite da natureza passou a ser idêntica
com o limite da mente. O Empirismo não escapou esta tendência, porque a realidade é vista
exclusivamente em termos de impressões na mente.
Voltando para a origem da Filosofia, Thales tentou explicar a natureza, a origem do universo
usando a própria natureza. Nkrumah diz que Thales tinha percebido que ao invocar os deuses,
estariam a concordar e a perpetuar as desigualdades entre os homens; porque nesta filosofia
(teologia), os deuses tem seus representantes (a classe dos sacerdotes) que por sua profissão, são
os melhores, maiores e perfeitos em relação aos outros. E o poder político destes sacerdotes é tao
forte e difícil de combater, porque está enraizado na vontade divina. Quando Thales destruiu a
religiosidade dos Gregos, oferece uma explanação dos fenómenos naturais e sociais dizendo que
a unidade da natureza, o universo não consiste no seu ser, mas na sua materialidade. Nkrumah,
diz que esta teoria de Thales tem suas origens no mercantilismo do seu tempo. Nesta época,
como em todas épocas, os bens eram trocados usando um denominador comum. A água, o
denominador escolhido por Thales reflete e dependência dos Jónicos nos seus Navios.
Mas a interação entre a é alteração de circunstâncias sociais e o conteúdo da consciência não
unilateral; as circunstâncias podem ser transformadas pela revolução e as revoluções são frutos
de homens, homens que pensam como homens de ação e agem como homens de reflecção. É
verdade que os revolucionários são produtos das suas circunstâncias histórias- ao mesmo tempo,
não são como palha diante da vento mas tem uma ideologia solida.
A revolução tem dois aspetos: o primeiro é contra a ordem antiga e disputa para nova ordem. O
Marxismo enfatizam nas circunstâncias matérias como a força determinante. Nkrumah quer
enfatizar, para completar a teoria materialista como força determinante da ideologia; porque não
é somente a refutação da teoria antiga em decadência, mas também uma teoria positiva, uma luz

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para guiar a ordem social emergente. Quando Thales escolhe água como a substancia
fundamental de toda a realidade, implicava que a identidade fundamental do homem era água;
para Thales, o homem não era meio humano e meio divino, mas totalmente natural. Sua
metafisica sobre o homem era nada mais do que a igualdade e irmandade da raça humana.
Portanto, a hipótese que podemos postular destas filosofias antigas é de que: a filosofia é a
reflecção da ordem social e que surgiram destas exigências sociais. Thales estabeleceu sua teoria
mostrando a irrelevância do panteísmo; todas as explicações sobre a natureza foram encontradas
dentro da natureza. Thales é o primeiro filósofo que tentou encontrar um denominador comum de
todas as realidades; ele lançou a semente do monismo, que tenta explicar a unidade da natureza e
outras coisas como manifestações diferentes da mesma realidade. E podemos concordar que
quando as leis são gerais, garante uma objetividade imparcial, sinal de igualdade.
A sociedade depende da ideologia, da mesma maneira que a ideologia precisa da sociedade para
opô-la ou reforma-la (aplicação). Por isso, declaro e afirmo que a filosofia sempre nasceu no
fundo, nos arredores, nas redondezas sociais e que dentro dela, tem um certo contágio social,
implícita ou explicitamente. O contágio social afeta o conteúdo da filosofia e o conteúdo da
filosofia contagia a sociedade. A relação é mútua. Em casos onde a filosofia confirma o conteúdo
social, implica postular uma ideologia da sociedade e facilmente aceite. Em casos onde a
filosofia opõe-se a sociedade atual, implica ter uma ideologia de revolução. E quando esta
revolução torna-se num sucesso, é a ideologia por detrás da revolução que carateriza esta
sociedade. Cada sociedade tem sua ideia específica. As vezes, na mesma sociedade temos
ideologias diferentes em competição; mesmo assim, uma é sempre dominante. Atualmente (no
tempo em escreve) a ideologia dominante é o Imperialismo, a forma mais avançada do
capitalismo. Mas ideologias, não são sempre escritas. Mas que alem deste meio, a ideologia usa
outros instrumentos como nas teorias políticas, teorias socias e teorias morais. Portanto, um
sistema político, moral e social alheio ao comportamento (ideologia) da sociedade em causa não
pega. Por exemplo, se temos uma sociedade com uma ideologia socialista, um sistema politica
capitalista não funciona. A ideologia mostra-se na teoria e na prática. A ideologia da sociedade é
total; engloba o todo da vida das pessoas.
Kwame Nkrumah diz que a história de Africa deve ser vista não de acordo com os interesses e as
aventuras dos terceiros (Europeus), mas sob ponto de vista dos próprios Africanos. As sociedades
Africanas existiram antes dos Europeus e que a colonização faz parte, mas não é o essencial do
Africano; é mais uma experiencia (das principais) do Africano. Nesta ótica, a história Africana
pode guiar e direcionar a ação Africana; como um indicador da ideologia que deve guiar e
direcionar a reconstrução de Africa.
A atual sociedade Africana tem três segmentos que devem ser contemplados na nossa tentativa
de formar/inventar uma filosofia Africana. Uma parte de Africa ou do ser Africano é composta
pelo nosso ser tradicional Africano (Africa tradicional); a segunda parte é composta pela
presença da influência Islâmica; a terceira é a infiltração do cristianismo e da cultura ocidental
Europeia via colonialismo e neocolonialismo. Estes três segmentos competitivos são animados

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com diferentes ideologias. Mas como dissemos antes, já que a sociedade em geral implica uma
certa dinâmica de unidades, há uma necessidade de inventar uma ideologia que, respeitando e
nutrindo as necessidades de todos, tomará os tronos destes três segmentos. Porque o Africano
esta dividido, em dois (noite e dia); porque em todos os casos, encontramos o tradicional e o
oriental ou o tradicional e o ocidental, não encontramos os dois numa única pessoa. No mínimo,
encontramos um segmento e sabemos bem o que acontece.
O segmente tradicional de Africa inclui uma atitude e visão do homem que na sua manifestação
pode ser chamada de socialista; porque em Africa, o homem é considerado como um ser íntegro,
com uma dignidade interna inalienável. Esta ideia Africana do valor original do Homem impõe o
dever socialista; aqui encontramos a base da teoria Africana de comunalismo na sua forma de clã
onde todos sãos iguais e responsáveis de muitos para um. Mas os colonialistas vieram e
mudaram tudo isso. Educaram alguns Africanos que ficaram infetados com ideias Europeias e
assim pensaram que seriam fácil implementa-las em Africa.
Temos duas alternativas filosóficas que coincidem com o materialismo e o idealismo. Como foi
dito anteriormente, O Idealismo explica os fenómenos naturais e socias em referência ao espirito
e consequentemente favorece uma estrutura vertical com uma classe no pescoço da outra. O
materialismo, com sua insistência monística referencia todos os processos naturais a materiais e
com suas leis inspirou uma organização social igualitária. O idealismo favorece a oligarquia
enquanto o materialismo favorece o igualitarismo.
Indivíduos (ser humanos) tem ambas tendências: materialista e idealista e as sociedades
respetivamente. Mas estas duas faixas não coexistem em equilíbrio, na pessoa e mesmo na
sociedade. Estão interligadas por um conflito onde uma faixa domina e depois é a vez da outra.
Por isso, a prática sem pensamento (teoria) é cegueira; pensamento (teoria) sem prática é vazio.
Os três segmentos (Tradição, Islamismo, Cristianismo) coexiste apreensivamente; os princípios
que lhes animam estão sempre em conflito um com o outro. O que deverá ser feito, diante desta
situação?
Os dois outros segmentos (Islamismo e Cristianismo), para serem bem avaliados, devem ser
considerados como experiencias da sociedade Tradicional Africana. Se não fizermos isso, a nossa
sociedade será atormentada com a esquizofrenia da última geração. Nossa atitude em relação a
experiencias ocidental e islâmica deve ser premeditada; deve ser guiada pelo pensamento, porque
prática sem pensamento é cegueira. O que consideramos como primeiro passo é um corpo de
ideias conectadas (teorias) que determinará a natureza geral da nossa ação na unificação da nossa
sociedade; esta unificação deve ter em conta (considerar) sempre os ideais mais elevados por
detrás da sociedade tradicional Africana. Todas as revoluções sociais devem ter como base
asseguradora uma revolução intelectual onde o nosso pensamento e filosofia estão direcionados
para a redenção da nossa sociedade. A nossa filosofia deve encontrar suas armas nas condições
reais (nas vidas), ambientes das pessoas de Africa. É nessas condições que nossa filosofia tem o
seu berço. A emancipação do continente Africano é a emancipação do homem; isto requere dois

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objetivos: (1) a restituição do igualitarismo da sociedade humana; (2) a mobilização logística de
todos os nossos recursos para a realização desta restituição.
A filosofia que deve animar esta revolução social é a Filosofia do Consciencismo.
Consciencismo é o mapa em termos intelectuais da disposição de forças que possibilitará a
sociedade Africana a digerir os elementos Islâmicos e Europeus (Cristianismo) existente em
Africa e desenvolve-las para formar a personalidade Africana. Em outras palavras,
Consciencismo é a vontade do Africano em se alimentar deste dois pratos. O produto final,
segundo a ciência, será uma interiorização destes dos segmentos alheios e a exteriorização do
Africano original. Isto resolverá o problema detetado por Tempels sobre o Africano de verniz. A
personalidade Africana é definida como um conjunto de princípios humanísticos com base na
sociedade tradicional Africana. A Filosofia do Consciencismo tem como ponto de partida o
presente conteúdo da consciência Africana, indica o caminho onde o progresso deve ser forjado
no meio da consciência em conflito (Tradicional, Islamismo e Cristianismo). A base desta toda
conjuntura é o materialismo. A existência absoluta e independente da matéria. Mas a matéria
contem dentro de si forcas contrárias e em conflito. O importante para a nossa filosofia é que
matéria contem a força de auto- moção; existência absoluta e independente da matéria. A nossa
filosofia aceita a primeira realidade da existência da matéria mas não é ateísta. A Filosofia do
Consciencismo diz que há uma interação entre o espirito e a mente; MAS todas as qualidades são
geradas pela matéria. Por detrás de todas as aparências de qualidades tem uma disposição
quantitativa de matéria.
A filosofia do consciencismo, que reflete na objetividade do aparecimento da matéria também
estabelece a conexão entre conhecimento e ação. O consciencismo está sempre lançando novas
áreas de um significado prático. A teoria moral desta filosofia não é estática, da mesma maneira
que a sociedade, a matéria, não é estática. O sistema político vem do materialismo e o
igualitarismo que ao mesmo tempo também serve como sistema ético. De acordo com a filosofia
co consciencismo, normas éticas não são permanentes, mas depende da época histórica da
sociedade em evolução. Tratar o homem não como meio, mas com o fim, não como produto da
razão, mas materialismo puro. Materialismo é baseado na teoria monística da matéria. A matéria
é a mesma nas suas diferentes manifestações. Em todas as manifestações e formas, o homem é
um e mesmo “Igualitarismo”. A filosofia do Consciencismo concorda com a visão da Africa
tradicional em muitos pontos centrais. Em particular, concorda com a ideia Tradicional Africana
da existência independente e absoluta da matéria; a ideia de suas forças de auto- moção. A
matéria para o Africano não é peso morto, mas viva com forças em tensões. Na verdade, para o
Africano tudo que existe, existe como uma complexidade de forças. Ao acreditar que o essencial
de tudo que existe é a sua força em tensão, o Africano atribui a matéria com um poder original de
auto moção.

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UJAMAA-A BASE DO SOCIALISMO AFRICANO by JULIUS KAMBARAGE
NYERERE
Socialismo tanto como a Democracia é uma atitude da mente. Na sociedade socialista, é a
atitude socialista da mente e não a aderência rígida de padrão político que conta mais para
assegurar que as pessoas importam-se do bem-estar das outras. Neste trabalho, Nyerere vai tentar
examinar esta atitude da mente socialista que parece ser de grande importância para a sociedade
moderna (do tempo em que escreve).
No indivíduo e na sociedade é a atitude da mente que distingue o socialista do não-socialista.
Não tem nada a ver com a possessão e não possessão da riqueza. Pessoas destituídas podem ser
potenciais capitalistas e exploradores de seus irmãos. O milionário também pode ser um
socialista; pode valorizar sua riqueza somente quando é usada para o serviço do seu irmão. Mas
todo o homem que usa a sua riqueza para a dominação de seu irmão é um capitalista, fujam dele;
também pode se dizer da pessoa que faria o mesmo se tivesse os meios.
Disse que o milionário pode vir a ser um bom socialista, mas um socialista milionário é um
fenómeno raro; é quase uma contradição de termos. O aparecimento de milionários numa
sociedade não é prova da afluência de tal sociedade; podem ser produzidos por uma sociedade
bem pobre como Tanganyika da mesma maneira como sociedades bem fortes como os EUA. Não
é a eficiência da produção ou a quantidade de riqueza de uma sociedade que faz com que haja
milionários; é a distribuição desigual daquilo que é produzido. A grande diferença entre a
sociedade capitalista e socialista não esta nos métodos da produção de riqueza, mas na maneira
como esta riqueza é distribuída. Embora podemos ter um bom milionário socialista, este não
pode ser produto de uma sociedade socialista.
Já que o aparecimento do milionário não depende da afluência da sociedade, sociólogos acham
interessante ao tentarem perceber o porquê as sociedades Africanas não produziram milionários-
porque de fato, Africa sempre foi rica em recursos naturais e poderia muito bem ter criado
alguns. Cedo irão descobrir que a organização da sociedade Africa- a distribuição de sua riqueza
produzida- era de tal maneira que não deixava espaços para o aparecimento do PARASITISMO.
Podem (os sociólogos) argumentarem que por causa disso, Africa não pôde produzir uma classe
de lazer, de proprietários de terras e por isso mesmo não tinha ninguém para produzir a arte ou a
ciência que o capitalismo fornece. Mas a arte e a ciência e produto da inteligência- que como a
terra, Deus a concedeu a todos.
Defensores do capitalismo dizem que a riqueza do milionário é a recompensa de sua habilidade
de empreendedorismo. Mas este não é o caso porque a riqueza de um milionário não depende de
seu empreendedorismo ou a habilidade dele como um só; o milionário é um aproveitador,
explorador de habilidades e empreendedorismos dos outros. Mesmo que tenhamos um milionário
superinteligente e trabalhador em relação aos outros, não pode ser proporcional em relação a
diferença de sua recompensa. Há algo de errado na sociedade em que um único homem
independente de seu amor pelo trabalho e sua inteligência adquire como recompensa uma

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enorme riqueza que corresponde aquilo que milhões de seus irmãos deveriam ter. A aquisição de
riqueza com a intenção de ter muito poder e prestígio é antissocialista. Nas sociedades
aquisitivas, a riqueza tende a corromper aqueles que a possuem; tem produzido neles o desejo
de viver confortavelmente, de vestirem-se bem e em tudo para exceder os outos; sentem a
vontade de subir em cima de seus irmãos; a aparente desigualdade entre o seu conforto e o
desconforto de seus irmãos torna-se essencial para o gozo de sua riqueza e gera competição entre
eles- isto é antissocial.
Além dos efeitos antissociais da acumulação pessoal de riqueza, o próprio desejo de acumular
deve ser interpretado como o voto sem confidência no sistema social. Quando a sociedade é bem
organizada ao ponto de se importar com seus homens (indivíduos), desde que este esteja disposto
a trabalhar, então ninguém dentro da sociedade deve preocupar-se com o que acontecerá amanha
senão roubar/acumular riqueza hoje. A própria sociedade deve cuidar dele, de sua viúva ou seus
órfãos. Isto é exatamente o que a sociedade tradicional Africana faz. Todos os homens (ricos e
pobres) estavam seguros na sociedade Africana. As catástrofes naturais traziam fome; mas trazia
fome para todas as pessoas (ricos e pobres). Ninguém sentia falta de comida ou da dignidade
humana por não ter riqueza; dependia da riqueza que a comunidade possuía donde era membro.
Este foi socialismo. Este é socialismo. Não pode existir um socialismo aquisitivo porque este
seria uma contradição de termos. O socialismo é essencialmente distributivo; seu objetivo
essencial é ver que aqueles que semearam colheram também uma quantidade razoável de sua
sementeira.
A produção de riqueza, usando métodos primitivos e modernos, requer três coisas: (1) a Terra;
Deus concedeu terra e é a partir da terra que conseguimos as matérias-primas que transformamos
para satisfazer nossas necessidades; (2) Instrumentos; pela pequena experiencias, acreditamos
que os instrumentos são necessários; por isso fabricamos enxadas, machados, fábricas modernas
ou tratores para nos ajudarem a riqueza e os bens que necessitamos; (3) a mão-de-obra humana;
não precisamos de ler Karl Marx ou Adam Smith para cairmos na conta de que a terra ou a
enxada por si não produz riqueza. Não precisamos de diploma em economia para sabermos que o
trabalhador e o proprietário da terra produz a terra-este é o dom de Deus ao homem, esta sempre
ai; também não precisamos de diplomas em economia que a enxada e o machado foram
fabricados pelo trabalhador. Alguns de nossos amigos vão muito longe só para descobrir que
machados de pedras foram fabricados pelo “primeiro Homem” para esfolar a impala que matou
Na sociedade tradicional Africana, todos eram trabalhadores porque não tinha outros meios
de ganhar vida para a comunidade; mesmo os idosos que aparentemente gozavam a vida sem
trabalho e para o qual aparentemente todos trabalhavam, trabalharam bastante na sua vida
juvenil. A riqueza que agora possui não é totalmente sua; era dele na medida em que era
considerado como o ancião da sociedade que produziu; era o guardião. E a riqueza não lhe dava
prestígio e nem poder. O respeito que ganhava dos mais novos era por causa da idade e porque
serviu bastante a comunidade. O idoso pobre e o ancião rico, todos gozavam deste respeito.
Quando afirmo que na sociedade tradicional Africana todos eram trabalhadores, não intendo

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dizer empregado, mas também em oposição ao vagabundo e aproveitador. Um dos pontos mais
fortes do nosso socialismo foi a segurança que fornecia aos seus membros e a hospitalidade
universal da qual dependiam. Mas atualmente esqueceu-se que a base de tudo isso foi: que todos
os membros da sociedade (exceto as crianças) contribuíam para a produção da riqueza.
As sociedades tradicionais africanas não conheciam o capitalista moderno e o explorador de
terra; ainda mais, não tinham a forma moderna do parasitismo-vagabundos que aceitam a
hospitalidade da sociedade como sendo seu “direito” mas não contribui nada em troca. A
exploração capitalista era impossível e o vagabundísmo uma desgraça impensável na Africa
antiga. Alguns de nós que falamos de caminhos Africanos e corretamente nos orgulhamos em
manter a tradição da hospitalidade que é parte integral do ser Africano, devemo-nos recordar da
máxima em Suaíli: “Ngeni siku mbili; siku ya tatu mpe Jembe”-Hospede é hospede somente
por dois dias; no terceiro dia, dá-lhe enxada. Na realidade, o hóspede pedia a enxada antes do
hospedeiro lhe dar uma, porque sabia daquilo que era esperado dele e estaria envergonhado de
ficar sem fazer nada (vagabundear). Portanto, trabalho era parte principal do socialismo do qual
nos orgulhamos tanto. Não existe socialismo sem trabalho. A sociedade que não consegue dar
seus membros meios de trabalho ou quando lhes dão, impede-os de gozar e comer de seu suor
deve ser endireitado; o individuo que tem os meios e a terra para trabalhar e não cumpre, também
está erado. Não tem o direito de esperar receber da sociedade porque ele mesmo não contribui.
O outro uso do termo trabalhador vai em oposição da palavra empregado, porque este reflete
uma mente capitalista que foi introduzida em Africa pelo colonialismo e é totalmente estranho ao
pensamento Africano. Nos velhos tempos, o Africano nunca aspirava possuir tanta riqueza
pessoal com intenção de dominar os outros. Não tinha empregados e mãos-de-fabricas para fazer
seu trabalho. Mas depois veio o capitalismo estrangeiro e eram ricos e poderosos e o Africano,
naturalmente, também quis ser rico. Não há nada de errado em aspirar riqueza; nem é impio
desejar o poder que a riqueza confere. Mas é errado quando aspiramos essas riquezas e esses
poderes para dominarmos nossos irmãos. Infelizmente, tem alguns de nós que aprenderam bem
rapidinho a usar riqueza para tais fins e gostariam de usar os métodos capitalistas de aquisição de
riqueza, nomeadamente: explorar nossos irmãos para construir prestígio e poder pessoal. Isto é
estranho e incompatível com o ser do Africano.
Nosso primeiro passo, portanto, deve ser a reeducação de nós próprios para retermos a nossa
atitude primordial. Na nossa sociedade tradicional Africana eramos indivíduos dentro da
sociedade; tomávamos conta da sociedade e ela tomava conta de nós; nunca necessitávamos ou
desejávamos explorar nossos irmãos. Agora ao rejeitarmos a atitude da mente capitalista,
devemos também rejeitar os sues métodos. Um desses métodos é a possessão individual da terra.
Para os Africanos, a terra pertencia a comunidade e todos dentro da comunidade tinham o direito
de usufruir do seu uso. O direito do Africano em relação a terra era somente para/no seu uso. O
estrangeiro introduziu um conceito totalmente novo, o conceito de terra como
comodidade/mercadoria. De acordo com este sistema, uma pessoa pode reivindicar um pedaço
de terra como sua propriedade privada independentemente de sua vontade de usar e não usar. O

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que preciso fazer é levar um pedaço pequenino de terra e dizer que é minha e depois se mandar
para a lua. Para viver, tinha que alugar/arrendar esta terra e cobrar algum dinheiro (sem fazer
nada). Se este pedaço estivesse na cidade e não tinha os meios nem a vontade de utiliza-la, tinha
que deixa-la intacta para que alguns burros construísse suas casas em redor do meu terreno e
desta maneira aumentando o preço da minha terra. Depois de um tempo, voltava da lua e pedia
para que me pagasse bem alto o valor de minha terra. Este conceito é estranho e errado para o
Africano. Estes proprietários privados de terra são parasitas.
Os Tanzanianos e Africanos em geral não devem aceitar este parasitismo; devem regressar aos
costumes tradicionais Africanos e reter a atitude mental do socialismo tradicional Africano e
aplicar na nossa sociedade moderna que estamos querendo construir e desta maneira
introduzindo legislações que estão de acordo e em harmonia com princípios socialistas. Mas
como disse antes, o verdadeiro socialismo é a atitude da mente, temos (camponeses,
trabalhadores, estudantes, médicos, soldados, lideres…) que velar esta atitude não desaparece
diante das tentações de possessões pessoais e considerar o bem da comunidade em geral como
sendo de pouca ou segunda importância. Nas sociedades tribais, o individuo ou a família era rica
ou pobre se a tribo toda era rica ou pobre. Se a tribo prosperava, também o individuo prosperava,
todos os membros partilhavam as propriedades. Se cada um trabalhar com todas as suas energias
para o bem comum, a prosperidade será para todas as pessoas.
O socialismo Europeu nasceu da Revolução Agraria e da Revolução Industrial. A primeira criou
os “com terra” e os “sem terra” na sociedade; A segunda criou o capitalista moderno e o
proletariado industrial. Estas duas revoluções semearam a semente do conflito dentro da
sociedade; o socialismo Europeu nasceu deste conflito e seus apóstolos santificaram este conflito
em filosofia; a guerra civil não era considerada como um desastre ou um infortúnio, mas como
algo bom e necessário. Da mesma maneira que a oração é para o Cristão ou o Muçulmano, a
guerra civil é para o socialismo Europeu-meios inseparáveis dos fins. O capitalismo Europeu não
existe sem o Capitalismo, seu pai.
Todo aquele que nasceu e viveu no socialismo tribal, não aceita a versão do socialismo Europeu
porque aceita que não existe sem o capitalismo e o conflito que este sistema cria dentro da
sociedade. O socialismo Africano não teve a bênção da revolução agraria ou da revolução
industrial; não nasceu do conflito de classes. Na verdade, o conceito de classes não existe nas
línguas tradicionais Africanas. A fundação e o objetivo do Socialismo Africano é a família
alargada. O verdadeiro Socialismo Africano não considera uma classe de gente de seus irmãos e
outros de inimigos naturais; não forma aliança com outros irmãos para exterminar os não-irmãos.
Considera todos como irmãos-como membros da mesma família alargada. Por isso o credo do
Africano é: “Binadamu wote ni ndugu zangu, na Afrika ni moja-Creio na Fraternidade
humana e na Unidade de Africa”. Por isso Ujamaa ou comunalismo descreve o socialismo
Africano em oposição ao capitalismo que procura construir uma sociedade feliz na base da
exploração de homem contra homem; o socialismo Africano opôs-se ao socialismo doutrinal que
tenta construir sua sociedade feliz na filosofia da inevitável luta de homem contra homem.

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Em Africa, não há necessidade de se converter ao socialismo ou ser ensinado a democracia-tudo
isto tem base na sociedade tradicional Africana. O socialismo moderno Africano pode muito bem
inspirar-se da herança tradicional do conceito e o reconhecimento de sociedade como uma
extensão da base da unidade familia. Mas não deve limitar o conceito de família social dentro
dos limites da tribo e nem da nação; porque nenhum verdadeiro socialista Africano irá reparar
nas linhas traçadas no mapa e dizer: “as pessoas deste lado da linha são meus irmãos; todos
aqueles que vivem do outro lado da linha não podem reivindicar parte de mim”. Todo o
individuo deste continente é seu irmão.
Foi na luta contra o colonialismo que aprendemos a necessidade da união. Reconhecemos que a
mesma atitude mental socialista que nos tempos tribais dava a segurança total ao individuo por
pertencer a familiar alargada, deve ser preservada dentro da sociedade ampla da nação. Mas este
não pode ser o limite, nosso reconhecimento da família alargada a qual todos pertencemos deve
ir além da tribo, comunidade, nação e mesmo além do continente, para abraçar toda a sociedade
humana e esta é a conclusão logica deste socialismo Africano-Ujamaa.

Ubuntuimo (Africa do Sul) -Hunhuismo (Zimbabwe) -Umunthu (Malawi)


Definição: tem muitas definições e algumas delas incompatíveis umas das outras sobre aquilo
que é ubuntu. Muitas destas definições estão no livro de C.B. N Gade O que é Ubuntu? Ubuntu,
e não o ser transcendente confere aos seres humanos a sua humanidade. Por exemplo, um Zulu
diria: “Khuluma isintu”, que quer dizer “Fala a língua de pessoas”; quando alguém comporta-se
de acordo com o costume, um falante de Sotho diria: “Ke Motho”, que quer dizer “ela/ele é
humano/a”. A humanidade, neste sentido vê do conformismo por ser parte da tribo.
 Ubuntu: sou o que sou por causa daquilo que somos- Leymah Gbowee
 A pessoa com Ubuntu é aberta e disponível para com os outros; afirmativo dos outros;
não se sente ameaçado com o sucesso dos outros, com base na autoconfiança consciente
de que ele pertence ao todo grande e é diminuído e humilhado quando o mesmo sucede
com todos outos; partilha a dor dos outros que são torturados ou oprimidos- Tutu (Não
há Futuro sem Perdão 1999)
 A essência do ser humano, porque ninguém pode existir como ser humano em
isolamento; ninguém é tudo por si só, somos interconectados; e todos que têm Ubuntu,
são reconhecidos pela sua generosidade; a humanidade persiste no individuo-Tutu 2008
 Um peregrino podia passar por todo o país e parar numa aldeia. Não tinha que pedir água
ou alimentos; as pessoas vinham- lhe entregar; esta é uma parte de Ubuntu, mas não que
dizer que proíbe o enriquecimento pessoal. A pergunta que Ubuntu coloca diante da
riqueza é: fara isso para ajudar a comunidade a melhorar?- Nelson Mandela
O Juiz Colin Lamont, expandiu a definição a quando o julgamento de Julius Malema em 2011,
Ubuntu é:

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 O contrário da vingança; comanda que o valor supremo é a vida humana; dignidade do
homem, compaixão e humanidade do outro; comanda a mudança de atitude de
confrontação para uma atitude de reconciliação e mediação; comanda boas atitudes e
comportamentos; favorece a justiça restaurativa do que a redistributiva; trabalha em prol
da reconciliação; promove entendimento comum do que punição; favorece o diálogo
cara-a-cara com base nas premissas de tolerância mutual.
 Ubuntu é a união invisível de todos os seres humanos e a consciência de que há um Nó da
humanidade; que todo o sucesso individual só é possível quando nos partilhamos com os
outros e cuidando daqueles que estão perto de nós- Obama 2014.
Ubuntu é um termo Bantu que quer dizer respeito humano. É uma ideia original de Africa
subsaariana que literalmente significa humanidade e muitas vezes traduzida para humanidade
diante dos outros. Mas o termo é por vezes usado no sentido filosófico para significar a fé na
partilha de laços universais que conecta toda a humanidade. Na Africa Subsaariana, o termo é
considerado como parte da filosofia humanística Africa, ética humana e ideologia humana e
aparece com o Ismo-Ubuntuismo ou Hunhuismo que se propagou a quando os governos da
maioria Negra nos anos 1980. Depois da transição e ascensão de Nelson Mandela à presidência,
o termo e esta filosofia ganhou terreno; mas foi o Bispo Desmond Tutu quem popularizou esta
filosofia.
História: o termo aparece pela primeira vez nas fontes Sul-africanas no seculo XIX. A tradução
semântica da palavra cobre a área da natureza humana, humanidade, virtude, bondade,
benevolência. Gramaticalmente, a palavra vem da combinação da raiz ntu “pessoa, ser humano,
com a classe ubu, um prefixo de substantivo abstrato; para que o termo esteja exatamente em
paralelo com formação do substantivo abstrato da humanidade. Partindo de 1970, ubuntu
descrevia a humanidade específica do Africano. Depois da ascensão e a Africanização de
dirigentes políticos Africanos, o termo era invocado para descrever o socialismo ou o humanismo
encontrado nos Negros e não nos brancos no contexto de transição para a maioria Negra no
Zimbabwe e na Africa do Sul. A primeira publicação dedicada à Ubuntu como um conceito
filosofico aparece em 1980 na Obra do Zimbabwiano Stanlake J. W. T Samkange intitulada
Hunhuismo ou Ubuntuismo, apresentado como uma ideologia política do novo Zimbabwe.
Mais tarde, a Africa do Sul adotou o mesmo principio como guia de transição do Apartheid para
a maioria. O termo aparece no epílogo da nova constituição da então nova nação de 1993: “ há
uma necessidade para entendimento e não de vingança; necessidade de reparação e não de
retaliação; necessidade de ubuntu e não de vitimização”.
De acordo com Michael Onyebuchi Eze, o âmago de Ubuntu pode ser sintetizado como: o ser
humano é através de outras pessoas, através do reconhecimento dos outros. É um pedido para a
formação de uma intersubjetividade criativa donde o outro torna-se num espelho de minha
subjetividade. Este idealismo sugere que a humanidade não está somente no individuo; a
humanidade é conferida pelo outro e por mim. Humanidade é a qualidade que devemos um ao
outro. Criamos um ao outro e precisamos sustentar esta criação do outro; se pertencemo-nos um

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ao outro, participamos na criação; somos porque vós sois; portanto és e consequentemente sou. O
sou não é um subjetivo rígido, mas uma dinâmica de auto- constituição dependente da criação do
outro; da relação e da distância.
Uma parte extrovertida da comunidade de Ubuntu é uma das caraterísticas mais visíveis da
ideologia. Tem uma hospitalidade calorosa com que as pessoas dão aos estranhos e aos membros
da comunidade e desta maneira, permite a formação de comunidades cooperativa sem muita
cerimónia. Esta cooperação comunitária dá vida a comunidade e o valor das relações calorosas.
Por exemplo, se uma família não tem sal, fogo ou mesmo comida, basta bater a porta do vizinho
e pedir farinha.
Ubuntu como uma ideologia politica tem um aspeto de socialismo, propagando a redistribuição
das riquezas. Este socialismo é um vestígio de sociedades agraria para responder as exigências
na mãe natureza (secas). A filosofia comunitária de ubuntu é diferente de quaisquer noções
socialistas ocidentais. Antes de tudo, Ubuntu, pressupõe que cada um tem talento e forças
diferentes; as pessoas não estão isoladas e através de cooperação mutua, ajudam a se
completarem. Um exemplo disso é a Redenção no caso de delinquentes e desviados da
sociedade. Nas sociedades Africanas onde Ubuntu reinava como filosofia politica, não
encontramos vestígios de cadeias ou sentenças estranhas, mas sim um conselho de anciãos que
tinha como objetivo redimir o desviado. No centro desta toda insistência esta a crença de que o
homem nascem como um barro sem formas; cabe a sociedade usar o fogo da experiencia e pneus
de controlo social para lhe transformar (moldar) em panela de uso geral. Todas as imperfeições
nascem dentro da sociedade e o individuo defeituoso deve encontrar sua perfeição nela, sua
Redenção. Por exemplo, diante de um homicídio, o criminoso era obrigado a casar-se com o
parente da vítima como sinal de expiação.
Stanlake, no seu Livro Ubuntuismo ou Hunhuismo destaca três máximas que dão forma ao
Ubuntuismo: (1) O ser humano é quando afirma/reconhece a humanidade do outro e construindo
relações de respeito mutuo; (2) diante do dilema entre a fortuna e a preservação da vida do outro,
o Ubuntuista pauta pela preservação da vida e não a riqueza; (3)- este conceito de filosofia de
politica tradicional Africana diz que o Rei devia o seu estatuto e todos os poderes associados a
ele através da vontade dos seus súbditos.
Um dos componentes mais visíveis de Unhu é a partilha; visitantes/hóspedes não se preocupam
em levar mantimentos; tudo que eles precisam fazer é vestirem-se bem e depois pegar o
caminho; encontrarão abrigo e comido em todas as casas pelo caminho sem pagamento e todos
devem empenhar-se em providenciar para o conforto do viajante. Outro componente de Ubuntu é
que é um tabo chamar os anciãos da aldeia pelos nomes; mas sim, pelos seus sobrenomes. A
intenção é banir o individualismo e substitui-lo pela representação de tarefa. A identidade
individual é substituída pela identidade maior de toda a comunidade. Por isso, a família está
contida no individuo, e com ele toda a aldeia, distrito, província, nação e o universo todo. E isto

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pressupõe o comportamento de primeira classe na parte do individuo, para mostrar aquilo que a
comunidade aspira como de melhor.
Outro conceito ligado ao Unhu é o comportamento exibido na execução de diferentes tarefas
comunitárias. Por exemplo, tradicionalmente, a nora ajoelha-se sempre que cumprimenta o sogro
e servindo-lhe comida com todo o respeito do mundo. Mas isso não é só com as noras, mas com
todas as mulheres em relação às outras. As responsabilidades que Unhu recomenda aos homens
tem a ver com a fisicalidade, nos trabalhos manuais e outras coisas, como a proteção e o carinho.
Diante de Unhu, nenhuma criança é órfão; porque a responsabilidade de pai e mãe não é somente
em relação a um filho ou uma filha, mas todos os filhos da aldeia são filhos e filhas de mesma
mãe e mesmo pai.
UMUNTHU
No Malawi, a mesma filosofia chama-se umunthu. De acordo com o então Bispo Católico da
Diocese de Zomba, Thomas Msusa, a visão universal Africana é viver como uma família,
pertencente a Deus. Msusa diz que em Africa, diz-se: Sou porque Somos; ou em Chichewa: kali
kokha nkanyama, tili awiri ntiwanthu- quando sozinho, és um animal da selva; quando dois,
podem formar uma comunidade. Msusa continua dizendo que a filosofia de Ubuntu foi
escondida e transmitida de geração em geração usando os provérbios como: Mwana wa mnzako
ngwako yemwe, ukachenjera manja udya naye- a criança do seu vizinho é sua também, o sucesso
dela, é seu sucesso também. Toda a aldeia se compromete para edificação (educação) da criança.
E a cantora Madona fez um documentário com base na Filosofia de Umuntu intitulado: I am
because we are, sobre os órfãos malawianos.
“Agora entramos na terceira e última parte do curso; aqui vamos apreciar e ver as
contribuições de indivíduos que chamamos de intelectuais-filósofos profissionais: Uma maneira
de beber um pouco de todas as fontes; a demonstração da capacidade intelectual do Africano
em relação as ciências.”
Frantz Fanon- 20 de Julho 1925-6 Dezembro 1961- ALGERIA (Martinique)
“O Violento Filósofo dos Oprimidos”- “O que é que o Negro deseja?”
Foi Psiquiatra, Filósofo e Revolucionário que suas obras foram e ainda são muito importantes
para todos os oprimidos, em particular aos Africanos e seus descendentes. Fanon fala da
libertação total e sem compromissos; mostra onde reside o impulso para esta libertação. Não
vou entrar em detalhe sobre a sua vida, mas sim, vamos nos concentrar nas contribuições de suas
teorias filosóficas.
É importante mencionar a influência dos dois filósofos Franceses no pensamento deste nosso
Irmão, Merleau- Ponty e Jean- Paul Sartre; mas também do fundador do conceito da
Negritude, Aime Cesaire.

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Fanon, submete, como síntese de seu doutoramento em Filosofia Peau noire, Masques Blancs-
Pele Negra e Mascaras Brancas : uma analise psicologica dos efeitos negativos da colonizacao
e submissao nos Negros. O titulo original da sintese era : Ensaio sobre a Desalienacao dos
Negros, mas foi rejeitado e Fanon decide publica-la como livro ; no seu lugar, submeteu uma
outra dissertacao um pouco menor.
Pele Negra e Máscaras Brancas (1952) :
Fanon, faz um estudo sobre a psicologia (saude mental) do racismo e da desumanizacao
herdadas durante o processo da colonizacao ; quais são /foram os efeitos da colonização na
mente negra e branca? O objetivo principal de todo o projeto é combater a opressão dos
Negros.
Fiel às expetativas da filosofia do consciencismo, Fanon observa que a situação atual do Negro
no mundo dos brancos é caraterizada pelo sentimento de “dependência” e inferioridade (sem
valor). O ser do Africano, neste contexto é dividido em duas perceções: (1) fala mais de duas
línguas. Isto faz com que perca suas origens nativas para abraçar a cultura da Mãe. Diante de
tudo isto, o complexo de inferioridade toma conta dos Negros; (2) Com este sentimento de
insuficiência, fome e pobreza, desejará alimentar, incorporar e mimicar a cultura do
colonizador; A qui, Fanon declara que o destino deste tipo de Africano é ser branco.
O comportamento destes assimiladores é comum e evidente na classe alta e educada Negra.
Com suas investigações, estes assimiladores ganham espaço/estatuto no mundo dos brancos.
Estes hábitos encarnam-se na educação no estrangeiro e o domínio das línguas dos
colonizadores- Máscaras Brancas.
A saúde mental do Negro é exposta no sexto capítulo deste magnífico livro: O Negro e a
Psicopatologia; qual é a atitude primária do Negro (puro) diante do Branco? Usa como meios
para chegar estas conclusões os conceitos do inconsciente coletivo: ser branco;
inconscientemente, o Negro quer ser branco; mas usa também conceitos coletivos de
Purificação; torna-se puro (batismo). Por exemplo, um menino normal Negro, criado por uma
família normal Negra, no contacto com o mundo Branco, será Anormal. Na sociedade branca,
esta reação anormal do Negro tem suas origens nas instruções que começam da infância
(catequese) a associar O Preto com o Errado. Por exemplo, os livros cómicos e caricaturas, são
meios que instalam e fixa na mente da criança branca, a representação constante dos Negros
como vilões (canalhas). Quando os meninos negros são expostos a estas mesmas representações
de homens negros como vilões, a criança experimenta um trauma mental e que suas feridas
são herdadas na formação de sua personalidade e seu comportamento: A pele negra é associada
ao mal; esta imagem cria nos homens e mulheres uma natureza coletiva de inferiores, reduzidos
a comodidades: a mente do colonizado (Africano) é desorganizada; pensam como se fosse
pensadores (Europeus).

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Pela primeira vez o Africano entende o conceito de homem; mas fica triste ao descobrir que
tem dois tipos de homens: brancos e negros; triste fica mais ainda quando torna-se claro que a
humanidade, Deus e de todas as coisas doces são sinónimos do Branco e Preto, tudo que é
contrário a humanidade.
O filósofo moderno é chamado a considerar o resultado final destes dois fenómenos e suas
consequências: Cara a cara com o branco, o negro vê um/o passado para legitimar: provar
sua humanidade; Cara a cara com o Negro, o homem branco sente a necessidade de lembrar os
tempos de canibalismo.
O Africano deve autoafirmar-se nesta existência, mas não de acordo com as máscaras e nem de
acordo com a pele (Discurso de Martin Luther King-I have a Dream “1963”); este dilema que diz
que ser é branco e sua rejeição é o simples perecer, o não ser deve desaparecer: o africano deve
explorar a possibilidade da existência Negra- existir como Negro, sem fingimento;
exteriormente, deve parar de desejar dormir com mulheres brancas ou homens brancos.
No fim, Fanon faz uma oração: “Oh meu corpo (existência concreta) faz de mim o homem
que sempre questiona”. Com isto, Fanon enfatiza a matéria em relação ao questionamento
(atividades mentais); o tratamento físico de seu corpo tem impactos, ou revela algumas verdades
escondidas no seu inconsciente. Negros não devem desejar ser Brancos. Ponto.
#Porque é que comportamento do Negro é diferente diante do negro igual e diante do branco?
Porque é que deve ser ator/ pretensioso?
#A Linguagem e todo o processo de imitação; quando fala, observa a reação dos outros, escuta o
seu próprio discurso, suspeita sua própria língua- fecha-se no quarto e lê horas por horas em voz
alta, determinado a aprender a dicção.
NB. Para sustentar suas teorias, Fanon usa como provas, os sonhos de meninos brancos e a
imagem negra de várias entidades que aparecem nos sonhos.
Os Miseráveis/Condenados da Terra (Les Damnés de la Terre-1961)
Neste Livro, Fanon providencia uma análise psiquiátrica e psicológica dos efeitos
desumanizadores do colonialismo no individuo, na sociedade e na nação inteira; discute
também as implicações políticas, culturais e sociais herdadas no estabelecimento de movimentos
sociais para a descolonização da pessoa ou do povo.
Fanon, apresenta uma crítica completa do nacionalismo e imperialismo, a discussão da saúde
mental pessoal e social; a discussão de como o uso da linguagem (vocabulário) é aplicado para o
estabelecimento de identidade do imperialista (colonizado e colonizador) como escravos e
mestres; e por fim discute o papel de intelectuais na revolução. Fanon propõe que os
revolucionários devem pedir ajudar dos Miseráveis da Terra para lutar e expulsar os
colonizadores. Miseráveis são todos aqueles que são inferiores dos inferiores da classe operária
(Vagabundos, desempregados, criminosos) - pessoas sem consciência de classe; eles não tem

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ideia da existência de classes e suas respetivas tarefas. A razão principal que levou Fanon a
invocar a ajuda desta classe de gente para lutar contra o colonialismo é que estes possuem uma
ideologia independente a da dominante. Usando suas próprias palavras, estes não são os de
pele negra usando máscaras brancas. Os Miseráveis da Terra, segundo a ideologia dominante,
não são considerados como pessoas; de acordo com Fanon, estes devem usar os meios
desumanos (já que não são seres humanos) para conseguirem sua liberdade. Não devem e nem
podem usar os métodos determinados pelos Europeus.
Depois de mostrar a existência de duas consciências na sociedade Africana, Fanon, pede-nos
para tomar partido/ trocar de partes. Abandonar a noite escura e abraçar a luz. O dia que vem
deve nos encontrar preparados, lúcidos e determinados. Devemos despedir nossas crenças
antigas e relações. Vamos, de uma vez para sempre deixar Europa. A Europa fala da
importância, do valor supremo que o homem tem. Seus filósofos mostram e demonstram como
que esta divinização do homem ocorre (racionalmente) e desagua na libertação total do homem.
Vezes sem contas, este mesmo monstro massacra todo o homem que encontra no seu caminho;
Hipocrisia. Temos que reconhecer que mesmo consciente de alguns avanços dentro da casa,
faltou-lhe humildade e modéstia no que diz respeito sobre a origem de toda sua filosofia e
pensamento: é impossível que com a solidão do Grego do então, Platão e seus amigos tenham
pensado sobre o homem universal; Era impossível ter acesso e com certeza, nenhum dos
filósofos teve a oportunidade de mergulhar o seu dedo na tinta da consciência universal;
Impossível. As oportunidades, de acordo com sua localização física de encontrar-se com o
outro homem eram reduzidas, falavam do seu mundo. Fanon vai mais longe dizendo que sua
manifestação diante do homem mostrou-se ser assassina e carnívora (o europeu comem
indiretamente o outro homem). Temos muitas coisas para realizar do que imitar e seguir os
passos do Europeu. Todas as “vitórias” Europeias foram realizadas sacrificando vidas de
outros povos, o outro homem. Vê em todas as suas práticas e investiga se tudo isto pode ser fruto
da razão, do espirito divino, Deus? Não devemos ser seduzidos e desviados pela civilização
Europeia, a tecnologia ocidental, a cultura ocidental. É verdade que precisamos de modelos, mas
não imitando/mascarando. Todas as vezes que me deparo com um homem civilizado
(ocidental), vejo uma negação de própria humanidade. As condições e o projeto de
colaboração na tarefa de consolidar a totalidade do homem (definição do homem) são assuntos
novos e que na verdade precisam de novas inspirações. Vamos dar outra direção as nossas
mentes e usar nossas forças para uma causa totalmente diferente e novo. Vamos inventar o
homem total, algo que o Europeu foi incapaz de produzir. Será que não temos outra coisa para
fazer a não ser criar uma terceira Europa (Países do terceiro mundo)? A realidade do homem
que é vivo, trabalhador, ser autossuficiente foi substituída pela palavra, conjunto de palavras. Já
que Hegel, com sua arrogância, declara o fim da história europeia, porque é que devemos,
ajoelhar a um morto? Não podemos ter medo de um morto, sem vida e menos acusar o morto
sem influência nenhuma nas nossas vidas. A missão dos intelectuais do “terceiro mundo” é
encontrar respostas que o Europeu não foi capaz de providenciar. Não podemos forçar o
homem a tomar uma direção que lhe mutila; não podemos matar em nome da civilização do

61
homem. O terceiro mundo deve reescrever a história mundial do homem. Portanto, não
podemos ter instituições e sociedades que inspiram-se do ocidente; a humanidade espera muito
de nós. Se queremos transformar Africa em Europa, então, vamos deixar os Europeus, farão
este trabalho muito bem do que todos nós. Mas se queremos que a humanidade dê mais um
passo para frente, então, temos que ser os pioneiros: A salvação não esta lá, atras da montanha,
mas aqui mesmo, dentro de ti! TEMOS QUE CRIAR UM HOMEM NOVO PARA A
HUMANIDADE.

Kwame Gyekye- Tradição e Modernidade: Reflexões Filosóficas sobre a Experiencia


Africana
O Retorno ao Passado deve ser guiado por uma Examinação Critica
Gyekye oferece uma interpretação filosófica e uma analise criticada experiencia cultural
Africana nos tempos modernos. Como que o Africano deve-se definir neste mundo e nesta
época? Nestas suas investigações, Gyekye trata de vários problemas concretos que afetam
estados Africanos de pós-independência’; por exemplo, ele fala dos problemas da etnicidades e a
construção estados- nações; a relação da tradição com a modernidade; a natureza da
autoridade politica e legitimidade politica; corrupção política e a ameaça da moral tradicional e
valores sociais, praticas e instituições diante de rápidas mudanças sociais (globalização). Nesta
obra, Gyekye faz uma referência aos valores tradicionais e tenta responder a pergunta: como que
estes valores comportam-se, funcionam em harmonia com a modernidade?
A Tarefa principal da filosofia é a reflexão da experiencia Africana. Filosofia, para Gyekye é uma
investigação sistemática e crítica de princípios/ideias fundamentais por detrás de pensamento
humano, conduta humana e experiencia humana. Por isso, nesta obra, Gyeke combina as duas
abordagens filosóficas: analisa os conceitos e depois especula. Analisa os valores tracionais
Africanos com a palavra-chave “é dito/acredita-se” no contexto da cultura em causa.
Para legitimar a existência da Filosofia Africana como uma filosofia culturalmente determinada,
Gyekye introduz a distinção entre o universalismo essencial e universalismo contingentes.
Portanto, todas as filosofias, ocidentais, orientais, Africanas ou outras contribuem para o
universalismo essencial que faz referência a certos valores básicos e atributos intrínseco a
natureza e a vida do ser humano que normalmente podem ser consideradas comuns a todos os
homens. Por exemplo, amizade,conhecimento, felicidade, respeito pela vida e rejeição da dor “o
âmago de valores fundamentais do homem”- Respeito pela vida e Socialidade; sem elas, o
homem como homem não sobrevive.
Universalismo contingente refere a ideias filosóficas que tem suas origens no contexto de uma
cultural determinada e que foram aceites por outras culturas. Por exemplo, os direitos
humanos, foram formuladas no contexto da história ocidental dos seculos XVIII e XX e que
puxando mais, chegam ate a época de direitos naturais da filosofia ocidental. Este tipo de

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universalismo pode se chamar de aposteriori. Depois destes preliminares, as investigações
começam com o tópico que é muito prominente no discurso da filosofia Africana:
1.Pessoa e Comunidade: a primazia ontológica da comunidade vs primazia ontológica do
individuo. O aspeto impar deste conceito Africano é de que o ser pessoa é algo que deve ser
alcançado em proporção de sua participação na vida da comunidade e pressupõe uma
maturidade ética que não encontramos na criança. Por isso, em muitas sociedades Africanas,
crianças de menos de uma semana são sem nomes (não são pessoas). Devemos ter esta ideia na
nossa mente quando queremos perceber o que é Africano no comunalismo moderado, que é
diferente do comunalismo ocidental de M. Sandel, A. MacIntyre e Ch. Taylor porque são radicais
ao enfatizar demasiado na comunidade e negligenciando a autonomia do individuo e seus
direitos. Gyekye remata dizendo que uma teoria moral politica que combina a apreciação total
da comunidade como um dos valores fundamentais e entendimento de direitos individuais,
será uma teoria plausível para apoiar. Esta é a emergência de conceito universal contingente
com suas origens na tradição Africana e tornando valido para todos (universal essencial).
2.Etnicidade, Identidade e Nacionalidade: de novo, encontramos o valor moral do individuo
que não é nada individualística, mas que reconhece o papel importante da comunidade sobre o
individuo. Esta teoria é a base do conceito de Gyekye de Meta-nacionalidade que vem depois
de distinguir quatro tipos de nacionalidades: clãs;etnias são nações, tem o sentimento forte de
pertença; por causa do colonialismo, muitas destas nações étnicas forma nações- estados; mas
para a construção de nações, o sentimento de pertença deve ser desencorajado e transferido para
a nação- estado e com estes conceitos, chegamos a Meta-nacionalidade (pan-africanismo, Sadc,
AU…)
3.Chefia e Valores Políticos: Gyekye olha para a estrutura política da sociedade Akan onde
constata que os chefes são escolhidos dentre os membros da família real pelos chefes das
famílias, clãs ou reis. Gyekye aproveita para enfatizar este aparente elemento democrático
porque o rei só pode governar com o consentimento do povo: a ideia de tomar decisões não na
base da maioria (democracia atual), mas de preferência na base de unanimidade que
vulgarmente chama-se o método Africano de consenso. Claro, com este conceito, Gyekye
acredita que vamos conceber a democracia pura do que a do ocidente. A estrutura política
tradicional de Akan era de tal forma que não deixava espaço para o despotismo; reconhecia e
respeitava os desejos dos governados.
4.Valores Económicos: Gyekye defende e avança a tese de que a primeira geração de líderes
políticos Africanos de pós- colonização interpretaram mal o sistema comunal tradicional
como sendo perto da ideia do socialismo ocidental. Com força, Gyekye mostra que na tradição
económica de Akan, existia propriedades privadas e comunais; havia pobres e ricos e o
comportamento económico era guiado pelos princípios capitalistas e socialistas. Por isso a
escolha do socialismo como o caminho económico Africano, foi um desastre. O Comunalismo
Africano não é socialismo como ideologia, mas sim como humanismo.

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5. Dilema/Legitimação de Poder Politico: aqui, Gyekye quer esclarecer a situação politica de
alguns estados Africanos onde governos são derrubados pelos golpes militares. Em muitos casos
dizem que a causa é a corrupção do governo civil. O governo é legítimo quando é eleito pela
maioria.
6. Corrupção Política: a corrupção encontra-se no sistema social e político do estado onde
oficiais ganham suas posições pagando dinheiro e outros serviços. As causas são falta de
controlo sobre todo o sistema político e fraqueza na liderança; mas também, o sentimento de
pós- independência de todos os Africanos em relação ao estado como algo objetivo- de fora,
que pode ser saqueado. Havia corrupção também na Africa tradicional, mas não como na era
moderna, porque não havia muita burocracia: O que antigamente era um gesto de expressão
positiva, porque trocavam presentes ou entregando-os aos mais velhos; na modernidade este
mesmo gesto podem muito bem corromper. E por fim, a corrupção política é um fenómeno
moral que pode ser combatida com a revolução moral- mudança radical da moral. Não há
progresso no ramo da conduta humana, somente na tecnologia de armas.
7.Tradicao e Modernidade:Que modernidade e que tradição? Algumas caraterísticas da
modernidade ocidental como o secularismo e o individualismo extremo não podem ser
valorizados e adotados pelos outros povos que não são ocidentais; porém, tem outros aspetos da
modernidade ocidental que terão aceitação nas outras culturas; por exemplo, as ciências,
tecnologias, empreendimentos económicos privados. A tecnologia para a agricultura em Africa é
bem-vinda; produção de comida, preservação da medicina, porque estes existiram na Africa
tradicional. Mas há um problema, atividades intelectuais, sintomáticas da modernidade, são
quase inexistentes na Africa tradicional. Não havia escolas. Porque em Africa, ninguém, antes
da colonização fez investigações dos fenómenos naturais. Pelo contrário, todas as perguntas na
linha das causas empíricas, sempre, sempre, foram rápidos a atribuir as causas a agentes
(espíritos e poderes místicos). E depois vem o remate: Os Africanos dão atenção desnecessária
e excessiva aos seus antepassados.
#Durante este processos, Africa deve aproveitar-se da tecnologia e rejeitar a metafisica anti-
supranaturalista e o individualismo exagerado. O resultado final da modernidade Africana deve
ser a juncão de valores Africanos e Ocidentais.
Paulin J Hountondji- Filosofia Africana (Etno-Filosofia vs Filosofia Critica)
Em 1977, Hountondji escreve dizendo que a Filosofia Africana para ele é um conjunto de
textos escritos por autores Africanos que são considerados como filosóficos por eles mesmo.
Esta expressão deu de fazer porque provocou a ira de várias pessoas; em outras palavras, esta foi
uma das expressões mais polémicas e que obrigou alguns Africanos e não Africanos a
repudiarem ou defendendo o autor e todos que pensam como ele. Eis as razões de tal disputa: (1)
considera os Africanos como sendo vozes e porta-vozes legítimos daquilo que chamamos de
Filosofia Africana- e o lema é de Africanos para os Africanos falando de Africa; (2)
Explicitamente diz que somente material escrito é que pode ser chamado de investigações

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filosóficas- Além do amor pela sabedoria, queremos ler e guarda-la nos livros (grande
pontapé; (3) e por fim, diz que todo o investigador que autoproclama-se de filósofo ou considera
suas investigações de filosofias, sendo de origem Africana, automaticamente transforma-se em
Filosofia Africana ou Filosofo Africano.
Hountondji continua fazendo perguntas: O quanto a Filosofia Africana é Africana? Queremos
dizer que é uma filosofia que tem Africa como objetivo e que gramaticalmente não que dizer
investigações produzidas por Africanos? Hountondji diz que, primeiramente, antes de Africa,
temos Filosofia e que esta ciência, de acordo com seus criadores, tem suas próprias caraterísticas.
Portanto a Filosofia Africana é o ramo desta grande família que se chama filosofia, amor pela
sabedoria. Por exemplo, falando de sociologia Africana, temos sociologia, que é uma ciência
universal, neste caso, limitado a Africa. Da mesma maneira, a filosofia Africana sendo específica
deve obedecer as exigências da verdadeira filosofia universal. Eis as provas dessas afirmações:
Quando Hountondji começa a ler livros de Filosofia Africana e constata alguns problemas: os
autores presumia que os próprios Africanos não tinham consciência da existência da tal
filosofia e que somente um analista Europeu, observando-os seria capaz de sistematizar o seu
pensamento/sabedoria. Hountondji tem na mente o missionário Holandês do Congo que
explicitamente afirmou isto: “Não esperemos o primeiro Negro da rua, principalmente o mais
novo, que nos dê um relato sistemático de sua ontologia…analisando e sintetizando de acordo
com a nossa inteligência (filosofia), devemos ajudar o primitivo a classificar e sistematizar os
elementos de sua ontologia”. Em outras palavras, temos que ensina-lo a ler e a escrever o seu
próprio pensamento nas línguas Europeias…E assim procedendo, o Negro vai-se reconhecer em
nossas palavras e concordará dizendo: você é um de nós”- Hountondji, por razões fora do nosso
alcance, parece que sentiu a dor da mensagem; é evidente que Tempels não identificou o nome
do Negro mais novo. Sem medo e hesitação, Hountondji diz que as investigações do Padre não
são filosóficas, mas sim etno-filosoficas.
Hountondji, mas adiante, confessa dizendo que o que lhe trouxe tristeza e sentimento ruim era
o fato de que um número considerável de intelectuais Africanos caminhavam para a mesma
direção: ou seja, no lugar da filosofia, escreviam etno-filosofia. Por exemplo, académicos
Africanos de filosofia dentro e fora das universidades ocidentais, escreviam bastante em temas
como: A filosofia do ser do povo Ruandês; O conceito de tempo do povo de Africa oriental
(Dinka, Nuer); o conceito de idoso no meio dos Fulas de Guine; conceito Yorubiano de ser
humano; a metafisica Yorubiana; o conceito de vida de Fon (Dahomey). Estas investigações são
boas, mas para Hountondji, o primeiro dever, o único dever do filósofo Africano não era
descrever ou reconstruir a visão de seus antepassados; ou narrar suposições coletivas de suas
comunidades; Hountondji, vestido de mesma atitude demonstrado em relação ao Padre, fecha
estes livros e escreve por cima: Etno-filosofia; invadiram e escreveram sobre o capítulo mais
importante da etnologia com o objetivo de estudar o pensamento de tais sociedades,
normalmente, são investigações a cargo de etnógrafos.

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Com um tom compassivo, Hountondji diz que estas mesmas obras da etno-filosofia, fazem parte
da filosofia Africana; porque, no sentido mas próximo, a Filosofia Africana é Filosofia feita
pelos Africanos. Por isso, Hountondji afirma a existência de literatura filosófica Africana. E
aqui, invoca o título de seu livro: Filosofia Africana; Mitos e Realidades. Todos aqueles que
descrevem, transforma os mitos Africanos em Filosofia Africana- errado; e todos os estrangeiros
que escreveram sobre o sistema de pensamento não podem ser filósofos Africanos. Porque
filosofia significa textos escritos; no nosso caso, seria ridículo dizer que o Padre Tempels é
filósofo Africano. A filosofia Africana também inclui escritos que criticam etno-filosofia, sinal
de que naquele continente, não há consenso/ unanimidade neste caso específico sobre
conhecimento; comparando a filosofia Africana e a literatura filosofia Africana, possibilitou a
perceção da luta interna, contradições, tensões intelectuais e que fazem desta filosofia viva,
dentro da cultura com vida. A Etno-Filosofia era baseada na crença de que as pequenas
comunidades primitivas havia uma unanimidade total; concordam um com o outro. Este era
considerado como virtude; esta suposição é ilusória; Africanos são pluralistas. Mas também, o
conceito da filosofia Africana estende-se da oposição que existe entre Etno-Filosofia vs
Filosofia Critica; alguns desenvolvem habilidades em perceber, meditar e entender a filosófica
ocidental e apropriar a tradição de pensar não Africana; dão luz das Interpretações Africanas de
Descartes, Hegel, Kant…e no futuro a filosofia chinesa; outros trabalham com temas universais.
E por fim, Hountondji recomenda um certo distanciamento do Filosofo Africano do Etno-
Filosofo; o último escreve para uma audiência totalmente externa; por isso observa. O Filosofo
Africano escreve para o bem dos Africanos, em primeiro lugar; não pode excluir seus
compatriotas nestas investigações; O Africano deve dialogar com o outro filósofo Africano:
responder os nossos próprios problemas.
Henry Odera Oruka (1 Junho 1944- 9 Dezembro 1995)
Sagacidade Filosofica : Pensadores Indigenas e o Debate Moderno sobre Filosofia Africana
Sagacidade Filosófica
Sagacidade Filosófica foi um projeto começado nos anos 70 com o objetivo de preservar o
conhecimento de pensadores indígenas nas comunidades tradicionais Africanas.
Odera, depois de estudar filosofia na Europa e nos Estados Unidos volta para Quénia lecionar
filosofia na Universidade de Nairobi. Na universidade de Nairobi, filosofia fazia parte do
departamento da faculdade de Religiões. Odera lutou bastante contra seus amigos do
departamento (composto por padres e teólogos) que não acreditavam na existência da filosofia
Africana e na capacidade dos Africanos de produzirem filosofia: os africanos não tinham a
capacidade de pensar logicamente.
Nas suas investigações, podemos encontrar três bases de sua filosofia:

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a. Depravação Socio- Económica: pobreza e fome são dois componentes que impedem o
desenvolvimento mental e a criatividade em Africa. Ao invés de lamentar contra o
imperialismo, colonialismo e da dominação da cultura estrangeira, devemos procurar o
remedio através do processo de examinação e crítica pessoal, cultural, nacional e
continental. Atendendo em consideração a nossa posição e com aquilo que temos, o que é
que podemos fazer para melhorar as nossas vidas e nossa imagem diante dos outros?
Como é que vamos nos apresentar como povos diante de outros povos?
b. Mitologia da Cultura Racial: a luta contra a mitologia racial foi um dos pontos centrais
de sua filosofia. Fez distinção de dois tipos de mitos raciais: (1) o mito sobre o grau da
civilização privilegiada de umas raças contra a selvageria de outras raças; (2) o mito da
possessão da filosofia de certas raças e a falta da mesma nas outras raças e Africa era um
dos continentes considerado pobre em filosofia.
c. Ilusão das Aparências: dividiu o significado das aparências em três partes- (1) na
primeira parte descreve a confiança demasiada das aparências externas como uma das
maiores doenças de muitos membros das sociedades Africanas; (2) na segunda parte fala
de aparências como manipulação dos detentores de poderes para avançar sua posição e
influencia; (3) na terceira parte fala do grau filosófico onde as aparências tornam-se
num obstáculo para as atividades intelectuais. Estes tipos de aparências são evidentes na
educação onde as pessoas aprendem estilos e não substancias. O resulto não é
conhecimento, mas sim preconceitos, racismos, tribalismos, sexismos e irracionalidade
em relação a outras culturas. Por causa de tudo isto, Odera, durante as suas investigações
filosóficas, analisa conceitos minuciosamente para chegar a verdade geralmente aceite
por todos do que confiar nas aparências.
Existência da Filosofia Africana Independente: no debate da existência ou não existência da
filosofia Africana, Odera identifica quatro (4) tipos de abordagens em relação a este debate:
Etno-Filosofia: descreve a visão cosmológica ou sistema de pensamento (costumes) de uma
comunidade particular Africana como sendo FILOSOFIA. Este tipo de filosofia considera o
pensamento africano como “pensamento comunal” e descreve o sentimento de pertença como
sendo o distintivo desta filosofia. Proponentes desta filosofia comunal são: Placide Tempels,
Senghor, Nyerere, Alexis Kagame…
#Estes homens, tentaram da melhor maneira encontrar o ser humano, ou algo de humano nas
práticas Africanas. Portanto, tudo o que estes humanos (Africanos) fazem, necessariamente tem
alguma coisa que tem a ver com os seres humanos. Não importa o caminho (razão ou emoções).
Filosofia-Ideológica-Nacionalista: esta filosofia é composta de estadistas e pais-fundadores das
nações Africanas. Mas como os primeiros, suas teorias filosóficas baseavam-se bastante no
passado, no socialismo tradicional Africano e enfatizavam os valores da família. Dentre esses,
temos Kwame Nkrumah, Nyerere, Kaunda, Toure…

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#O erro cometido por estes homens (estadistas) foi o de considerar o homem, cultura e a
humanidade toda como estática. Isto explica o fracasso de todas suas tentativas e também a falta
de honestidade de suas próprias vidas; alguns destes homens que pregavam a humanidade antiga
do Africano, foram cruéis, grandes assassinos.
Filosofia Professional: encontramos aqui estudantes de filosofia, professores de filosofia. Estes
mostram sua cultura e capacidade filosófica cosmopolitana recusando as duas primeiras
filosofias. Para estes estudantes e professores de filosofia (ocidental) dizem que filosofia
Africana deve ter os mesmos métodos de investigação aplicados na filosofia dita. Portanto,
filosofia deve ser escrita, analítica, critica e sedutora, capaz de criar, recria, antes de tudo UM
DEUS LOCAL. Para a existência da filosofia Africana, deve existir, em primeiro lugar, filósofos
Africanos, investigadores com obras filosóficas universalmente aceite. Aqui temos Odera Oruka,
Pauline Hountondji, Kwasi Wiredu…
#Sem hesitações, podemos chamar destes homens e suas contribuições como sendo filósofos em
Africa e consequentemente Filosofia em Africa- O mundo em Africa e não Africa no mundo.
Sagacidade Filosófica: são investigações que o próprio Odera com amigos conduziram nos anos
70 com o objetivo de procurar, encontrar e preservar pensamentos filosóficos da Africa
tradicional, em particular, dos sábios tradicionais Quenianos. O princípio/base fundamental da
Filosofia da Sagacidade é a crença de que existe, na africa tradicional e moderna, homens e
mulheres, educados e analfabetos que normalmente metem-se nas reflexões filosóficas sobre
vários problemas da vida humana e da natureza (vida e morte). Portanto, para ser filósofo e
adquirir a capacidade de pensar com profundidade, basta ter a vida e não acesso aos livros
filosóficos.
Diferente de Etno-Filosofia que enfatiza o pensamento comunal, a Sagacidade Filosófica vai a
procura de filósofos individuais nas comunidades tradicionais. Estes Sábios defendem seus
pensamentos filosóficos, frutos de suas próprias reflexões acerca de vários assuntos sobre a vida,
natureza, homens e deuses. Algumas destas reflexões, mesmo não respeitando os métodos
filosóficos ocidentais, em si mesmas, constituem dados para reflexões dos filósofos do futuro. O
objetivo principal de Odera foi demonstrar que sim, existiu, existe e existirá filosofia
tipicamente Africana porque tem Africanos refletem. Existe uma filosofia Africa que
preocupa-se com os problemas quotidianos dos Africanos que também são comuns nos humanos
(divindades, vida, conhecimento, morte). Estas e outras coisas são comuns aos homens e afetam
todos (educados e analfabetos). Mas também existem homens que transcendem o “pensamento
comunal” e criam suas próprias opiniões e filosofias.
A Sagacidade Filosófica tem duas fases: (1) Filosofia de Sagacidade que tem a ver com a
sabedoria popular que muitas vezes reside nos aforismos, provérbios, cânticos e senso comum;
(2) Sagacidade Filosófica que expressa o pensamento de homens e mulheres sabias que
normalmente transcendem a sabedoria popular e adquirem a capacidade filosófica. A novidade

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de Odera reside no conceito de Sagacidade Filosófica porque pelo contrário, a sabedoria popular
faz parte da Etno-Filosofia.
Método: Odera, com alguns companheiros da faculdade, viajavam para interagirem com
diferentes pessoas de varias comunidades, os que eram considerados pelas comunidades como
sábios e inteligentes. O diálogo era tido na língua nativa do sábio em questão. Todos os discursos
do sábio eram contestado pelos interlocutores para provocar a tal chamada discussão filosófica, a
maneira de Sócrates.
#Alguns contestam e nega que isto não é filosofia porque no plano geral da filosofia, enquadra-
se na filosofia pré-socrática. Uma mera discussão/debate não tem um grau elevado de
abstração, análise de conceitos e relações que são essenciais na filosofia. Peter O. Bodunrin
diz que Sagacidade Filosófica de Odera não é filosófica porque filosofia deve, pelo menos ter o
componente básico: Alfabetização; o outro problema é do filósofo: o produto final destas
entrevistas, a filosofia é do entrevistado ou entrevistador?
#Mas se a intenção da Sagacidade Filosófica é mostrar que Africanos pensam e refletem
filosoficamente, claro que a escrita vem depois do pensamento, em todas as culturas.
O Último Discurso sobre a Filosofia Africana
No seu discurso sobre Africa, Hegel confessa: “É extremamente difícil compreender
(predizer/vaticinar) o Ser do Africano, sua particularidade, sua cor. Diante do Africano, todos os
princípios universais caem por baixo.” Placide Tempels, na Filosofia Bantu, exclama:
“Pensávamos que tínhamos crianças “grandes crianças” para educar; mas para o nosso espanto,
de repente descobrimos, diante de nós, uma amostra/parte da humanidade, adultos,
conscientes da sua marca de sabedoria moldada com sua Filosofia da Vida.” Como é que os
outros podem compreender o Ser do Africano? E como é que o próprio Africano compreende-se?
Na primeira pergunta, Hegel e seus amigos usam lentes profissionais “Razão” para ver,
compreender, predizer o Ser do Africano, mas este não se encaixa no esquema traçado. Na
segunda, também, munidos do mesmo instrumento, mas com um pouco de certeza (de que o
outro era irracional), tentam paternalmente plantar, semear a Razão no Africano. Mas, para dar
razão as dúvidas de Hegel, na calada da noite, este “Africano Racional” volta a sua vida normal.
Estranho!
Para o Ocidente, a Filosofia é o que é, era e tudo o que será. No centro desta Filosofia, está a
Razão, a verdade última de todas as coisas. É a razão que define o homem; é a razão que
comanda os destinos da humanidade; é a razão que diferencia o homem da besta; e quem não a
tem, tendo toda a fisionomia do ser humano, ou na criança (é ser em potência) e se for adulto, é
um desviado. A razão é a medida por excelência, a forma do Ser homem.
Frantz Fanon, misteriosamente e para o espanto de muitos, tentou com sucesso descobrir a
encarnação física desta razão: a cor, altura, sua localização física etc., e com ajuda de Hegel,
podemos sem problemas dizer que a encarnação da Razão é o homem Branco. Não vamos

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discutir sobre a autenticidade e a autoria desta verdade porque muito material e a própria história
da filosofia conspiram a seu favor. Fanon diz que para todos os colonizados em geral e
especialmente o Africano, o ser homem significa entrar e assumir os costumes do homem,
mulher, criança branca: “O Africano deseja ardentemente ser branco; foi feito para ser
branco; sua vocação é ser branco; e diante da possível impossibilidade, pelo menos
encontra paz quando dorme com uma branca ou um branco, o/a divino/a”
Sócrates, o pai-fundador do pensamento ocidental (o Moises ocidental) apresentado por Platão
advoga o uso da razão em todas as investigações humanas: “a razão é o soberano natural que
deve governar todas as paixões”; e Aristóteles define os seres humanos como animais
racionais. Depois destes pronunciamentos, o mundo nunca será o mesmo. Muitas pessoas deram
seu contributo a favor ou contra, mas com o mesmo objetivo: enriquecer, purificar está grande
novidade: tudo que é deve ser revelado pela razão.
E nós, guiados pela razão, também sentimos a necessidade de investigar a humanidade do
Africano que se revela racionalmente em tudo que faz e em suas respostas racionais a tudo que é
feito. Como que os Africanos encontravam seus caminhos, encontraram seus caminhos,
encontram seus caminhos? Para nossas investigações, usamos como meios, todo o material
escrito relevante sobre os Africanos e seu pensamento. E aqui estamos, perplexos: O que é
importante: vida ou filosofia? É a vida que dita a filosofia ou a filosofia que dita a vida? E
também, influenciados por estas perguntas, temos o seguinte exercício mental:
Imaginemos uma criança ou um ser humano neutro, sem conhecimento prévio de Africa e
Africanos E da Europa e Europeus; e perguntamo-lo para escolher Africa e Europa; Qual
seria a sua preferência e por que razão? Na verdade, estamos pedindo para escolher o
branco e preto, noite e dia.

No curso de história da filosofia, somos apresentados com os sucessos, desenvolvimentos e


contribuições de varias pessoas no enriquecimento, aperfeiçoamento da razão revelada. Todo o
bem e o mal foi feito em nome da razão: a razão precisou de alguns sacrifícios de seres humanos.
Em comparação, os sacrifícios dos próprios em nome da razão são poucos em relação a dos
outros. Consequentemente, surgiram movimentos que tentam da melhor maneira destronar a
própria razão e se for impossível, os seus filhinhos (capitalismo, dinheiro, religião…)

Pessoas e povos que foram vítimas da expansão do Imperio da Razão, tentaram sem sucesso
substituir e destronar a razão como base da humanidade. Tenho na mente vários filósofos Judeus,
Asiáticos, Africanos e Latinos, mas nada, a razão contínua dominante e alimentando-se do
sangue de todos que recusam o seu governo. Alguns desses, tiveram algum êxito, mas acabaram
criando um ramo da filosofia ou suas críticas serviram de contributo da própria filosofia, mas a
razão contínua dominante.

O destaque vai aos filósofos de origem Judaica, que apercebendo-se de sua incapacidade,
desafiaram a razão, o ocidente no terreno pouco familiar, como o pequeno David, não mata, mas

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obrigada a razão a ajoelhar-se diante deles. Abandonaram suas críticas filosóficas com o intuito
de destronar a razão racionalmente, mas sim Monetariamente (dinheiramente) . São os Judeus
que controlam o mundo das finanças e todos ajoelham. Todos adoram e prestam homenagem a
este novo deus e como de outrora, os homens parecem que não podem viver sem dinheiro.

Judeus, sempre fora excecionais durante a sua história amarga; como escravos diante dos
Egípcios, estudam os segredos dos Egípcios, dominam (ate vivem na corte real) e depois
inventam um Deus; depois do tratamento humilhante diante de Hitler em nome da razão,
sobrevivem e subjugam todo o mundo debaixo de dinheiro.

Os Africanos, para afirmarem a sua humanidade, devem lutar contra a razão indiretamente e
no terreno onde eles próprios tem domínio total. Mas filosoficamente, será impossível derrotar
a razão que exclui e mata a sua própria existência. Já mostramos que somos capazes de filosofia.
Basta! O mundo Negro contínua obscuro e é nossa tarefa explorar e expor este mundo para
nosso benefício, primeiro.

Todo o argumento sobre a filosofia africana, como dissemos, tem a ver com a humanidade do
Africano. O ser humano para alguns, tem sua encarnação na figura com caraterísticas chinesas,
europeias e porque não africanas? Se a razão fosse neutra, seria outro assunto, mas já esta
preenchida e que todos devem conformar-se com as suas normas e muitas vezes contrárias. Por
exemplo, o ser humano do africano deve ser branco; se não na pele, pelo menos o seu interior.
Neste caso, insistindo na existência da filosofia africana é um erro que não podemos continuar
a entreter. Vamos descrever o africano como é e muito menos como racional a maneira
estabelecida.

Ainda esperamos a contribuição do Africano para a definição da humanidade; ainda esperamos


a redenção do africano para com a humanidade. Por enquanto, nada foi feito para enriquecer e
fazer toda a humanidade ajoelhar-se e adorar o ser Negro. Se a concretização de outras filosofias
são a cor branca, o amarelo, então a filosofia africana deve ser negra; aqui também resolvemos o
problema das filosofias ou filosofia africana: a humanidade do africano encarnado no homem
negro.

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