Um estudante precisa escrever, escrever sempre e a partir do primeiro dia.
Escrever é uma atividade básica para o estudante de filosofia. Ele, o estudante, precisa estar sempre em atividade, pois filosofia é a atividade de pensar a partir de um certo conjunto de problemas. Escrever, para um estudante de filosofia, é realizar ou uma de duas atividades, ou as duas atividades ao mesmo tempo. A primeira é a de esclarecer os conceitos com os quais trabalha, mostrando seu significado e função, seu uso em diversos contextos, sua história, como alguns filósofos o utilizam, e, principalmente, como ele, o próprio estudante, está utilizando o conceito em causa. A segunda atividade a ser desenvolvida, em conjunto com a primeira, ou separadamente, é a de defender uma determinada tese com argumentos. Assim, o percurso da escrita por um aluno de filosofia poderia seguir o seguinte roteiro: Em primeiríssimo lugar os pressupostos precisam ser preenchidos, que são; a) ter o que dizer. Para ter o que dizer é preciso no mínimo ter pensado sistematicamente sobre algo, em geral um problema; b) ter uma certa base de leitura acerca daquele tema/problema, que leve em conta o que poderíamos chamar de bibliografia relevante. Dados os pressupostos o estudante deveria colocar nos melhores termos possíveis qual é o seu “problema”. Para fazê-lo é preciso esclarecer os conceitos envolvidos. O esclarecimento dos conceitos, lembramos, pode ser toda a escrita do estudante. Se não o for, passa-se à etapa seguinte. Tendo apresentado o problema e esclarecido seus termos, passamos então aos dois próximos passos. O primeiro é dar uma solução ao problema ou, no mínimo, posicionar-se quanto a ele, ou seja, apresentar a sua tese ou teoria quanto ao assunto. Apresentada a tese, o estudante passa imediatamente ao fundamental, que é defendê-la com boas razões. Cada parte de sua tese ou teoria deve ser defendida por completo. Cada argumento apresentado deve servir como base suficiente para a aceitação da teoria ou tese apresentada. Se possível, mais de um argumento deve ser apresentado e todos juntos devem montar um grande argumento único para a defesa de porque a tese apresentada é uma boa tese. Há, ainda, outras coisas que podem ser feitas como complemento ao que se está a escrever. Pode além de argumentar em defesa da tese própria, mostrar o porquê qualquer tese oposta não é boa, pode-se apresentar exemplos e criar experiências mentais para testar certas partes da tese ou mostrar onde outras teses falham. Por fim, mas não menos importante; deve-se mostrar como, dos argumentos apresentados, chega-se, enfim, a tese defendida, numa conclusão simples e concisa. Esses são, pois, os passos necessários para a escrita de um ensaio argumentativo ou com fins de esclarecimento conceitual.