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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ

INSTITUTO DE ENGENHARIA E GEOCIÊNCIAS


BACHARELADO EM CIÊNCIAS ATMOSFÉRICAS

ASPECTOS OBSERVACIONAIS DAS CIRCULAÇÕES DE HADLEY E DE


WALKER E DA CIRCULAÇÃO GERAL DOS TRÓPICOS: HISTÓRICO E
EVOLUCAO DOS ESTUDOS E CORRENTES OCEÃNICAS.

SANTARÉM-2019
ÉDRIA VALDENICE SANTOS DE SOUSA
MARINETE DA SILVA FERREIRA

ASPECTOS OBSERVACIONAIS DAS CIRCULAÇÕES DE HADLEY E DE


WALKER E DA CIRCULAÇÃO GERAL DOS TRÓPICOS: HISTÓRICO E
EVOLUCAO DOS ESTUDOS E CORRENTES OCEÃNICAS.

Trabalho apresentado para fins de


avaliação da terceira nota da
disciplina de Meteorologia
Tropical,
sob a orientação do prof. Dr.
Antonio Marcos Delfino de
Andrade.

SANTARÉM
2019
INTRODUÇÃO

A circulação geral da atmosfera, na região dos trópicos, é caracterizada pelo


cinturão persistente de ventos de leste e, em latitudes temperadas, predominantemente
de ventos de oeste. Os sistemas que formam a Circulação Geral da Atmosfera são
distinguidos com valores climatológicos. Isto é, pode ser considerada como uma
circulação média de longo prazo da atmosfera, conhecendo o clima do Globo e suas
principais particularidades.
Em 1735, G. Hadley descobriu a existência de duas grandes células de
circulação meridional em ambos os hemisférios, explicando os ventos alísios,
observados á superfície na zona dos trópicos. Em 1856, o Professor William Ferrel
descobriu e completou a teoria de Hadley, evidenciando a existência de três células em
cada hemisfério, o que justifica a presença dos ventos zonais de latitudes médias e
circumpolares (Varejão, 2001). A célula de Hadley (Figura 1a) é composta por
movimentos ascendente até a tropopausa na convergência intertropical, conhecida como
ZCIT, e descendente em 30° em paralelo com o ramo descendente da célula de Ferrel.
As células de Walker, são as células zonal, encontradas na região equatorial. Sua
associação está ao aquecimento diferencial entre continentes e oceano, sua estrutura está
na ascensão sobre os continentes e subsidências sobre os oceanos nas regiões leste do
Pacífico e Atlântico (Oliveira et al., 2001).
As circulações de Hadley e Walker são utilizadas para explicar os fenômenos
extremos, principalmente o El Niño e La Niña, que estão ligados a mudanças no
posicionamento do principal sistema causador de precipitação, a ZCIT. Os principais
fenômenos de grande escala estão ligados às variabilidades do sistema climático do
oceano com atmosfera.
Os oceanos desempenharam a função de moderadores climáticos, por cobrirem
70% da superfície da terra e, em razão da grande capacidade térmica da água, os
oceanos armazenam uma porcentagem ainda maior de calor. Eles funcionam como
reservatórios, em que o calor armazenado durante o verão é liberado para a
atmosfera durante o inverno. No contexto climático, o papel dos oceanos é efetivo
na diminuição dos valores extremos da amplitude sazonal da temperatura e na
amenização dos efeitos das mudanças atmosféricas. Dessa forma, uma melhor
compreensão dos fluxos de calor nos oceanos é imprescindível no estudo das
interações ente o oceano e a atmosfera (SATO, 2005, p.148).
1. ESTUDOS OBSERVACIONAIS

Estudos observacionais do comportamento da circulação global da atmosfera


usando dados reais da superfície e da alta atmosfera permitiram a realização de cálculos
detalhados com relação à transferência de energia, aos fluxos de umidade e às
transferências de momento dentro da atmosfera real.
Um dos estudos mais detalhados feito sobre a circulação geral ocorreu durante o
Global Weather Experiment, que aconteceu de dezembro de 1978 a novembro de 1979
e envolveu todos os membros da OMM. Este período de intensa observação da
atmosfera global utilizou todas as fontes de dados possíveis: a rede de superfície, o
número de estações de tempo oceânicas e de altos níveis aumentou; foram usados dados
de navios, aviões, bóias à deriva e balões com medidas do perfil vertical, juntamente
com dados de cinco satélites geoestacionários (incluindo o Meteosat) e quatro satélites
de tempo de órbita polar, com o objetivo de coletar tanta informação quanto fosse
possível no período de um ano.
Primeiramente, toda a atmosfera da terra e seus oceanos foram observados em
detalhe e um vasto conjunto de dados foi produzido. Estes dados ainda estão sendo
analisados, entretanto, três conclusões emergiram do projeto: (1) pressões muito mais
baixas foram encontradas no hemisfério sul, no cinturão de baixas pressões entre 40o e
60o S, em relação ao que tinha sido estimado anteriormente, com ventos de oeste mais
fortes do que o normal na média e alta troposfera; (2) a variabilidade dos sistemas de
tempo de escala sinótica nos trópicos era muito maior do que o esperado; e (3) houve
indicações de que os trópicos podem influenciar as latitudes médias e altas muito mais
rápida e significativamente do que havia sido assumido previamente.

2. CIRCULAÇÃO GLOBAL IDEALIZADA

Uma das primeiras contribuições ao modelo clássico de circulação geral é de


George Hadley, em 1735. Hadley estava ciente de que a energia solar impulsiona os
ventos. Ele propôs que o grande contraste de temperatura entre os pólos e o equador cria
uma circulação térmica semelhante àquela da brisa marítima. O aquecimento desigual
da Terra faria o ar se mover para equilibrar as desigualdades. Hadley sugeriu que sobre
a Terra sem rotação o movimento do ar teria a forma de uma grande célula de
convecção em cada hemisfério, conforme a figura 1.
Fig. 1 - Circulação global numa Terra sem rotação (Hadley)

O ar equatorial mais aquecido subiria e se deslocaria para os pólos. Eventualmente esta


corrente em alto nível atingiria os pólos, onde ela desceria, se espalharia na superfície e
retornaria ao equador. Quando o ar polar se aproximasse do equador, se aqueceria e
subiria novamente. Portanto, a circulação proposta por Hadley para uma Terra sem
rotação tem ar superior indo para os pólos e ar na superfície indo para o equador.
Quando se inclui o efeito da rotação da Terra, a força de Coriolis faria com que os
ventos em superfície se tornassem mais ou menos de leste para oeste e os de ar superior
de oeste para leste. Isto significa que os ventos de superfície soprariam contra a rotação
da Terra, que é de oeste para leste. Esta é uma situação impossível, por que os ventos de
superfície teriam um efeito de freiamento sobre a rotação da Terra. A energia cinética
dos ventos se converteria em calor de atrito e os ventos se desacelerariam. Portanto,
corrente de leste em uma latitude precisa ser equilibrada por corrente de oeste em outra.
Além disso, o sistema convectivo simples de Hadley, não concorda com a distribuição
observada de pressões sobre a Terra.

Na década de 1920 foi proposto um sistema de três células de circulação em cada


hemisfério para a tarefa de manter o balanço de calor na Terra. Embora este modelo
tenha sido modificado para se ajustar às mais recentes observações em ar superior, ele é,
apesar de tudo, ainda útil. A figura 8.2 ilustra o modelo de três células e os ventos
resultantes na superfície. Note que estes ventos tem componente zonal maior que o
componente meridional.

Na zona entre o equador e aproximadamente 30° de latitude a circulação se dirige


para o equador na superfície e para os pólos em nível superior, formando a
chamada célula de Hadley. Acredita-se que o ar quente ascendente no equador, que
libera calor latente na formação de nuvens cumulus profundas, forneça a energia para
alimentar esta célula. Estas nuvens também fornecem a precipitação que mantém as
florestas tropicais. Quando a circulação em alto nível se dirige para os pólos, ela
começa a subsidir numa zona entre 20° e 35° de latitude. Dois fatores são considerados
na explicação dessa subsidência.

Primeiro, quando a corrente de ar se afasta da região equatorial, onde a liberação


de calor latente de condensação mantém o ar quente e em flutuação, o resfriamento
radiativo produziria um aumento da densidade em alto nível. Segundo, como a força de
Coriolis se torna mais forte para latitude crescente, os ventos são desviados para uma
direção quase zonal quando atingem 25° de latitude. Isto causa uma convergência de ar
em altitude, e consequentemente subsidência. O ar subsidente é relativamente seco, pois
perdeu sua umidade próximo ao equador. Além disso, o aquecimento adiabático durante
a descida reduz ainda mais a umidade relativa do ar. Conseqüentemente, esta zona de
subsidência é a zona em que se situam os desertos tropicais. Os ventos são geralmente
fracos e variáveis próximos das zonas de subsidência, que configuram zonas de alta
pressão subtropicais, no Hemisfério Norte e no Hemisfério Sul. Do centro dessas zonas
de alta pressão, a corrente na superfície se divide num ramo que segue em direção aos
pólos e num ramo que segue para o equador. O vento para o equador é desviado pela
força de Coriolis, adquirindo um componente para oeste, formando os ventos alísios.
No HN, os alísios vem de nordeste e no HS de sudeste. Eles se encontram próximo ao
equador, numa região de fraco gradiente de pressão, que constitui a zona de baixa
pressão equatorial.
Fig. 2 - Circulação global idealizada no modelo de circulação de três células.

A circulação em altas latitudes é pouco conhecida. Acredita-se que a subsidência nas


proximidades dos pólos produz uma corrente superficial em direção ao equador, que é
desviada, formando os ventos polares de leste, em ambos os hemisférios. Quando estes
frios ventos polares se movem para o equador, eles eventualmente encontram a corrente
de oeste de latitudes médias, que é mais quente. A região na qual estas duas correntes se
encontram é uma região de descontinuidade, chamada frente polar.

No modelo de três células a circulação entre 30° e 60° de latitude é oposta à da célula
de Hadley. A corrente na superfície é para os pólos e, devido à força de Coriolis, os
ventos tem um forte componente de oeste, formando os ventos de oeste em latitudes
médias, que são mais variáveis que os ventos alísios. Examinando o modelo de três
células na figura 8.2, podemos ver que a circulação em altitude em latitudes médias é
dirigida para o equador, e portanto, a força de Coriolis produziria um vento de leste.
Contudo, desde a 2ª Guerra Mundial, numerosas observações indicaram que há vento de
oeste em altitude, assim como na superfície, em latitudes médias. Portanto, a célula
central nesse modelo não se ajusta completamente às observações. Devido a esta
complicação e à importância da circulação em latitudes médias em manter o balanço de
calor na Terra, os ventos de oeste serão considerados com mais detalhe em uma seção
posterior.

O que é a circulação de Walker (ou célula de Walker)?

A circulação de Walker é um modelo conceitual do fluxo de ar na troposfera (parte mais


baixa da atmosfera, os primeiros 20km aproximadamente) da região tropical. De
acordo com este modelo, as parcelas de ar seguem uma circulação fechada nas direções
zonal e vertical.Esse modelo conceitual é aproximadamente consistente com as
observações e é causada por diferenças na distribuição de calor entre o oceano e a terra.
O termo “circulação Walker” foi cunhado em 1969 pelo meteorologista norueguês-
americano Jacob Bjerknes em homenagem ao seu descobridor, o matemático Gilbert
Walker.

A Figura 3 (a seguir) faz uma representação didática e sem escala da Célula de Walker.
Observe que há locais em que temos movimento ascendente (baixa pressão em
superfície, que favorece a formação de nuvens) e locais em que temos movimento
descendente (alta pressão em superfície) que dificulta a formação de nuvens). A parte
da Célula de Walker que corresponde aos ventos em superfície é o que chamamos de
ventos alíseos.

Figura 1: Circulação de Walker em condições neutras (sem El Niño). Fonte: climate.gov


Observe também que a Figura 1 tem como indicativo o termo “Neutral Conditions” e está
centrada no Oceano Pacífico. Essas informações serão mencionadas novamente ao longo do
texo, mas é que a Figura 1 está representando uma situação em que não temos nem El Niño e
nem La Niña.

A célula de Walker possibilita que algumas áreas sejam mais chuvosas que suas áreas
relativamente vizinhas. Por exemplo, temos um ramo ascendente da célula de Walker
em cima da Floresta Amazônica e temos uma região de movimento descendente (ou
subsidente) no interior da Região Nordeste do Brasil. Essas localizações tem a ver com
os locais em que temos ramo ascendente ou descendente da célula de Walker.

Como e quando Gilbert Walker descobriu a célula?

Gilbert Walker foi um pesquisador da área de Matemática Aplicada da Univeridade de


Cambridge. Na época, o Reino Unido da Grã Bretanha ainda controlava a Índia (e
tantos outros países e territórios). Em 1904 Walker tornou-se diretor-geral dos
observatórios na Índia, onde estudou as características da monção do Oceano Índico.
Walker teve interesse em estudar as monções depois que as intensas chuvas das
monções de 1899 trouxeram muita fome ao país. Trabalhando como diretor-geral dos
Observatórios, ele pode analisar uma grande quantidade de dados da Índia e de outros
terriotórios britânicos. Seus esforços científicos permitiram uma maior contribuição
sobre o fenômeno de monções e eu diria que ele foi um dos pioneiros a estudar de
maneira sistemática o tempo e o clima de regiões de fora da Europa.

Walker determinou que a escala de tempo de um ano (que era usada por muitos que
estudavam a atmosfera e ainda é, dependendo da aplicação) era imprópria porque as
relações poderiam ser inteiramente diferentes dependendo da estação. Dessa maneira,
ele quebrou sua análise temporal em dezembro-fevereiro, março-maio, junho-agosto e
setembro-novembro. Esse raciocínio é usado até hoje, quando por exemplo estudamos a
estação chuvosa em parte do Brasil (nos locais onde chove de setembro a março).

Analisando os dados da Índia e das regiões vizinhas que o Reino Unido controlava e
possuia estações meteorológicas, Walker então selecionou uma série de “centros de
ação”, que incluiu áreas como a própria Península Indiana. Os centros estavam no
coração de regiões com pressões altas e baixas sazonais ou permanentes. Ele examinou
as relações entre os valores de verão e inverno de pressão e precipitação, primeiro
focalizando os valores de verão e inverno e mais tarde estendendo sua análise para a
primavera e o outono.

Dessa maneira, Walker concluiu que as variações de temperatura são geralmente


governadas por variações na pressão ou na precipitação. Anteriormente, haviam
sugerido para Walker que manchas solares poderiam ser a causa das variações de
temperatura, mas Walker argumentou contra essa conclusão mostrando correlações
mensais de manchas solares com temperatura, ventos, cobertura de nuvens e chuva que
eram inconsistentes.

Walker fez questão de publicar todas as suas conclusões de correlação, tanto as


consideradas importantes quanto as consideradas não-importantes, com o objetivo de
dissuadir os pesquisadores de se concentrarem em correlações que não existiam. E esse
pensamento de Walker me leva a refletir sobre alguns pesquisadores que só publicam o
que é considerado “sucesso” (ou seja, aquilo que corrobora a hipótese inicial) e se
esquecem que o conhecimento também é construído a partir dos “erros” ou dos
resultados que não estão em concordância com a hipótese inicial. A decisão de Walker
foi muito importante, pois ajudou pesquisadores futuros a ‘mirarem’ na direção mais
certa (e claro, puderam também questionar as correlações consideradas mais fracas).
Os “centros de ação” definidos por Walker que estavam no coração de regiões com no
coração de regiões com pressões altas e baixas sazonais ou permanentes nada mais são
do que as regiões de alta e de baixa pressão discutidas quando falamos sobre a Figura 1.
Usando dados meteorológicos e muito trabalho estatístico, Walker conseguiu
determinar esses centros e dessa maneira, conseguiu sugerir que havia uma circulação
em altos níveis associada com o que era visto na superfície, como consequência da
famosa equação da continuidade.
Com o avanço da tecnologia nos métodos de observação (superfície, sobre o oceano,
e altos níveis), com o desenvolvimento dos satélites meteorológicos e com o
desenvolvimento dos modelos meteorológicos (i.e., desenvolvimento dos
supercomputadores), as predições de Walker e de outros cientistas da área sobre a
natureza dessa circulação mostraram-se verdadeiras.
A circulação de Walker não se trata de algo “fixo”, ou seja, ela sempre está parada no
mesmo local. Há uma variação sazonal, na verdade uma espécie de deslocamento da
célula de Walker. Vamos logo logo falar sobre El Niño e isso ficará mais claro.

Termo Célula de Walker x Circulação de Walker

Na literatura, aparecem os dois termos: Célula de Walker e Circulação de


Walker. Apesar de aparentemente serem termos usados como sinônimos, temos a
seguinte descrição: temos a Circulação de Walker sendo composta por várias células.
Observando a Figura 1, ela é composta por 5 células fechadas. Para ficar claro, veja a
reprodução da Figura 1 abaixo:
Figura 2:
Circulação de Walker em condições neutras (sem El Niño), com minhas anotações em
números, indicando a quantidade de células que compõe a circulação toda.
Fonte: climate.gov;

Observe na Figura 2 que temos 5 ‘células’ de Walker que compõe algo maior, a
Circulação de Walker. Vejam, essa é a meu jeito de se referir ao tema, não estou falando
que é o único. E eu quis deixar isso claro pois daqui para frente, no texto, eu vou
precisar dessa definição para conseguir explicar melhor.

A Circulação de Walker e os Oceanos: o El Niño e a La Niña

Na Figura 1 e na Figura 2 (que são iguais) podemos ver que temos 3 ramos
ascendentes (setas para cima) da Circulação de Walker: no Oceano Pacífico bem ao
norte da Austrália (entre os números 2 e 3 da Figura 2), no Oceano Pacífico
relativamente mais próximo da costa da América do Sul (entre os números 4 e 5 da
Figura 2) e na costa oriental do continente Africano (entre os números 1 e 5 da Figura
2). A ‘força’ desses ramos ascendentes é representado na Figura 1 pelo tamanho da
‘nuvem’ representada e sendo assim, o ramo ascendente mais forte da Circulação
Walker está localizado bem ao norte da Austrália (localizado entre os números 2 e 3 da
Figura 2).
A Circulação Walker é basicamente uma circulação termicamente direta, ou
seja, ela precisa das variações térmicas na superfície para funcionar. Onde estiver mais
quente, teremos mais convecção e portanto mais movimento ascendente. Portanto, a
grosso modo, quando a temperatura da superfície do oceano estiver maior, maior será o
movimento ascendente. Ou seja, os ramos ascendentes da Célula de Walker poderão
ficar mais fortes ou mais fracos dependendo da temperatura dos oceanos.
Durante episódios de El Niño (Figura 3), ocorrem modificações na Circulação
de Walker quando a gente compara com anos neutros (Figura 1 e Figura 2). Com a
elevação das temperaturas na costa oeste da América do Sul (observe na Figura 3 que o
Oceano Pacífico, na costa oeste, está com anomalias positivas de temperatura), o ramo
ascendente é deslocado e a convecção fica maior mais ou menos no meio caminho entre
a América do Sul e a Oceania (ou seja, vai chover mais nessa região). E isso altera toda
a configuração da Circulação de Walker, na medida que as outras células que compõe
essa circulação se deslocam. Percebam o forte movimento subsidente nas Regiões Norte
e Nordeste do Brasil: em anos de El Niño, em geral registra-se chuva abaixo da média
climatológica nessas regiões brasileiras

Figura 3: Circulação de Walker entre Dezembro-Fevereiro em anos que ocorrem El


Niño. As cores nos oceanos representam anomalias de temperatura na superfície dos
mesmos. A cor laranja representa anomalia quente (anomalia positiva) e a cor azul,
anomalia fria (anomalia negativa). Fonte: climate.gov

Ou seja, uma ‘simples’ mudança na temperatura do mar faz com que toda a
Circulação de Walker se modifique. A La Niña (Figura 3). Observe como o padrão de
anomalias na superfície dos oceanos se modifica. Na costa oeste da América do Sul,
temos águas mais frias do que a média e essa situação vai dificultar a convecção sobre
os oceanos nessa região. Um dos ramos ascendentes da circulação ficará sobre o norte
do continente sulamericano, teremos portanto chuva acima da média em parte da Região
Norte do Brasil. A chuva também será intensa na Indonésia e vizinhanças, pois a
convecção ficará bem forte por lá, uma vez que a anomalia de temperatura do oceano
será positivia naquela região.
Figura 3: Circulação de Walker entre Dezembro-Fevereiro em anos que ocorrem La
Niña. As cores nos oceanos representam anomalias de temperatura na superfície dos
mesmos. A cor laranja representa anomalia quente (anomalia positiva) e a cor azul,
anomalia fria (anomalia negativa). Fonte: climate.gov

3. A CIRCULAÇÃO DE HADLEY DOS TRÓPICOS

A circulação de Hadley dos trópicos, nomeada pelo inglês George Hadley (que
formulou uma teoria para explicar os ventos alísios, em um artigo clássico de 1735),
pode ser considerada atuante entre as áreas centrais dos anticiclones subtropicais de
ambos os hemisférios, que por sua vez tem sua posição média em aproximadamente
32˚N e 32˚S, como mostrado na Fig. 15.2. Abrange, portanto, mais da metade da
superfície terrestre e é de vital importância em termos da circulação geral da atmosfera
e das trocas de energia na atmosfera como um todo. Embora a circulação dos trópicos
esteja sendo tratada em um capítulo à parte devido, puramente, a uma conveniência
descritiva, deve ser enfatizado que a atmosfera não tem limites, é indivisível e existem
muitas interações entre as circulações tropicais e das médias latitudes, particularmente
nas zonas entre as grandes células dos anticiclones subtropicais. Há também variações
longitudinais na extensão e na atuação da circulação de Hadley, como descrito aqui,
particularmente sobre as regiões influenciadas pela monções asiáticas. A circulação de
Hadley consiste em quatro elementos básicos, como mostrado na Fig. 13.1: (1) Os
anticiclones subtropicais, fornecendo o ramo subsidente da circulação. (2) O cinturão
dos ventos alísios (de nordeste no Hemisfério Norte e de sudeste no Hemisfério Sul),
soprando em torno do flanco equatorial dos anticiclones subtropicais - são
especialmente dominantes sobre os oceanos tropicais. (3) A Zona de Convergência
Intertropical (ZCIT) na convergência dos dois sistemas de ventos alísios no cavado
equatorial de baixa pressão. (4) Ventos de leste superiores fracos no topo da troposfera,
acima da ZCIT, que decrescem na direção dos polos, tornando-se ventos de oeste que
aumentam em velocidade na direção do núcleo da corrente de jato subtropical de oeste -
o fluxo de retorno da circulação de Hadley.

4. CORRENTES OCEANICAS

4.1 Evolução Histórica do Estudo das Correntes Marinhas

Os marinheiros e navegadores desde há muito que conheciam o efeito das correntes


marinhas nas rotas dos navios, caracterizando-as como grandes rios dentro dos oceanos,
houve contudo, alguns investigadores que se interessaram pelo assunto, estudando-o por
conta própria, tal foi o caso de B. Franklin, ao qual se deve a primeira carta da corrente
do Golfo (Fig. 2). M. Maury, foi um dos primeiros investigadores a preocupar-se com o
estudo dessas correntes de uma forma mais aprofundada, pelo que em 1832, começou a
reunir e a classificar uma série de informações. No entanto, estes estudos não passavam
de descrições com pouco valor científico.

Foi W. Ekman em 1905, o primeiro a edificar uma teoria das correntes de deriva tendo
em conta a rotação da Terra e uma viscosidade turbulenta»vertical. Em 1936, C. G.
Rossby introduziu um coeficiente de turbulência lateral, depois foram feitos progressos
com os trabalhos de H. V. Sverdrup (1947) e R. O. Reid (1948) sobre a corrente
equatorial do oceano Pacifico, que mostram que o vento é o principal motor das
correntes marinhas. Por outro lado, M. Stommel, num estudo do modelo de oceano
fechado retangular, mostrou que a intensificação oeste das correntes é derivada à
variação da aceleração de Coriolis com a latitude.
Em 1950, W. H. Munk e K. Hidaka apresentaram uma teoria de conjunto, permitindo
representar o aspecto geral da circulação dum oceano fechado comparável ao oceano
Pacífico. Munk empregou coordenadas retangulares e apresentou uma equação dando a
função da corrente do transporte de massa, supondo-a constante; o gradiente seguinte, a
latitude da constituinte vertical, a velocidade angular da rotação terrestre e o coeficiente
lateral de turbulência. Hidaka operou com coordenadas esféricas, admitindo um
coeficiente inversamente proporcional ao cosseno da latitude, obteve de seguida a
função da corrente com a ajuda de um desenvolvimento em série e dum método de
multiplicadores com cálculos muito extensos.

4.2 Causas das Correntes Marinhas

A massa oceânica é constantemente deslocada e misturada por movimentos mais ou


menos rápidos, provocados pela interferência de dois mecanismos fundamentais: os
ventos e as diferenças de densidade, cuja origem se encontra na superfície de contato
entre a atmosfera e o mar.
Evidentemente, os antigos autores deixaram-nos opiniões bastante fantasistas. Muitos,
mesmo ainda atualmente, atribuem uma influência preponderante ao movimento de
rotação da Terra. É um erro grave, a força centrífuga complementar que representa a sua
ação, sendo nula para um corpo em repouso, não podendo produzir uma deslocação,
mas antes, tem um papel importante na perturbação do movimento devido a outras
causas. O vento foi durante muito tempo considerado como a única causa (correntes de
impulsão); sem negar a sua influência, acrescenta-se também a importância das
diferenças de densidade (correntes de descarga). Enfim, há a considerar todas as
numerosas influências perturbadoras, pois estão todas relacionadas umas com as outras.

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