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INTRODUÇÃO
1
VICEDOM, Georg. A missão como obra de Deus: introdução à Teologia da Missão. São Leopoldo:
Outro ponto relevante diz respeito ao conteúdo da missio Dei, isto é, a
proclamação do Reino de Deus. Cristo tornou isso possível, pois cumpriu o propósito do
Pai, manifestando e instaurando esse governo. As bem-aventuranças, descritas nos
Evangelhos, contextualizam a justiça salvífica de Deus revelada em Cristo. É por isso que a
fé em Cristo se torna o elemento catalisador dessa justiça, pois ela revela a vontade do Pai.
Cristo continua revelando a história salvífica de Deus.
Obviamente que a igreja cristã, desde sua origem, entendeu a cidade como
um desafio a ser superado pela própria pregação do Evangelho. Apóstolos, pastores,
missionários, bispos, anciãos, diáconos e líderes leigos compreenderam a evangelização
urbana como missão de Deus. Todavia, dois processos dificultaram o dinamismo nesse
ministério: o primeiro foi a institucionalização da própria igreja cristã, que permitiu
enquadrar-se nos modelos de bases sociais; e o segundo foi a estruturação da igreja,
tornando-a autarquia do próprio império e depois oligarquia, do próprio sistema
eclesiástico. Não obstante a esses dois processos, a partir do século XX, os grandes
centros urbanos vêm sendo considerados a catástrofe social, mas que podem ser
transformados. A cidade não é estática, mas dinâmica; ela é um mundo em constante
transformação.3 Há, portanto, um novo dinamismo na evangelização da cidade e a igreja
precisa acompanhar essas fases de transformação.
Carl Schultz diz que „ir indica uma povoação permanente sem referência a
tamanho ou situação política.5 Unger, apud Champlin, fez uma pequena distinção quanto à
semântica de „ir. Para ele, se havia uma muralha, o povoado era considerado cidade, mas
se não havia, tratava-se apenas de uma aldeia.6 Ademais, há outros termos que merecem
destaque para a compreensão de cidade, tais como: Qereth, que identifica o território da
cidade (Jó 29:7; Pv 8:3; 11:11); Qirya que fazia referência às cidades conhecidas de todo o
povo (Nm 21:28; Dt 2:36; I Rs 1:41; Jó 39:7; Sl 48:2; Pv 10:15; 11:10; 18:11; Is 1:21,26;
22:2; Jr 49:25; Os 6:8; Hb 2:8,12; Ed 4:12-21); Saar, como sinônimo de portão e/ou portal
identificando também os territórios da cidade Dt 5:14; 12:14;e 14:27,28; e Chatser, que se
refere às vilas sem proteção (Ex 8:13; Js 13:23,28; 19:6-8, 15,16,22,30,31,38,48; I Cr
4:32,33; Ne 11:25,30; Sl 10:8). Pode-se entender que não há distinção entre grandes e
4
AUSTEL, Herman J. Et al. Mishpahâ. In HARRIS, R. L. et al. Dicionário Internacional de Teologia do
Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1998, p. 1601-02
5
SCHULTZ, Carl. „ir In: Idem, p. 1111.
6
CHAMPLIN, R.N. & BENTES, J.M. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. São Paulo: Candeia,
19997, p. 725-732.
pequenas cidades,7 pois a garantia de segurança e fortificação exigia que todas fossem
uma unidade sociológica formada primitivamente por famílias.
7
MONLOUBOU, l & DU BUIT, F.M. Dicionário Bíblico Universal. Petrópolis/Aparecida: Vozes/ Santuário,
1997, p. 129
8
KILPATRICK, G. D. The origins of The Gospel according to Saint Mathew. Oxford: Clarendon Press,
1950, p. 124.
9
SCHNEIDER, Nélio. “Exerçam a cidadania de modo digno do evangelho de Cristo”: o evangelho na cidade.
In: BOBSIN, Oneide (org.) Desafios urbanos à Igreja. São Leopoldo: Sinodal, 1995, p. 13.
10
SENFT, Chr. Cidade In: Vocabulário Bíblico. São Paulo: ASTE, 1972, p.68-69.
11
PIERSON, Paul E. Atos que contam: fatos que marcaram a Igreja de Cristo. Londrina: Descoberta,
2000, p. 13-16
Seus ensinos enfatizavam o espírito em detrimento ao corpo. Para eles, o corpo era mau, a
nesse contexto que o Evangelho ganhou um terreno fértil para a pregação cristã. As
cidades helênicas tornaram-se palcos de uma nova ordem religiosa. Sobretudo em o Novo
do Reino de Deus, eivado pela justiça e paz à humanidade, chegou como proposta de uma
romano. Achou-se que Roma, capital da idolatria, passaria a ser o centro de adoração a
Deus. Mas não foi assim que aconteceu. A história registra a inversão dos valores e
Evangelho foi sendo pregado e a cidade se tornou cristã. Constantino, século IV, motivado
pela pregação e pela maneira como o Evangelho poderia ser concebido ideologicamente,
resolveu mudar a capital romana. Essa estratégia ocasionou não somente o crescimento da
não pode se libertar”.12 Havia mister de uma comunicação libertadora na cidade. O mundo
urbano é uma realidade para os ministérios da igreja cristã. Surgiu, pois, a diversidade na
perdurou por cerca de nove séculos. O povo de Deus é sempre um povo peregrino em
busca do Reino de Deus. Sua peregrinação terá alcançado o supremo alvo quando todo o
feudalismo, correspondente ao início do século XI até meados do século XIV, esse conceito
vai perder sua hegemonia, pois a grande concentração populacional ficava na zona rural,
as cidades vão ficando vazias e desertas. A concentração rural entendia que Deus habitava
o campo, e lá os mosteiros abriam suas portas e distribuíam seus grãos. 15 Isso se deve ao
fato dos mosteiros exercerem influência na vida litúrgica. O modelo ore et labore vinculava
a vida de contemplação ao contato com a natureza, evitando assim a vida nos grandes
centros urbanos. O declínio da cidade como meio de produção pode ser visto nas palavras
de Laura Souza:
12
DUSSEL, Filosofia de la liberación, p.105 apud GOIZUETA, Roberto S. Metodologia para refletir a partir
do povo. São Paulo: Paulinas, 1993, p. 129.
13
VOLKMANN, Martin. Teologia Prática e o ministério da Igreja. In: SCHNEIDER-HARPPRECHT, Christoph.
Teologia Prática no contexto da América Latina. São Leopoldo: Sinodal, 1998, p. 93
14
HOFFMANN, Arzemiro. Desafios e impulsos para a missão urbana. In: : BOBSIN, Oneide (org.) op.cit., p.
32.
15
SOUZA, Laura de Mello e. Desclassificados do Ouro: a pobreza mineira no século XVIII. Rio de
Janeiro: Graal editora, 1986, p. 51-60.
Com suas grandes convulsões, com a urbanização e as transformações na
economia monetária e na estrutura da propriedade rural, o século XII acusa a
grande virada. Toda uma série de mudanças estruturais começava a solapar
irremediavelmente o sistema feudal, engendrando a pobreza e provocando
uma mudança radical na concepção que dela se tivera por todos aqueles
séculos: “A miséria é filha da estrada e da cidade”. Até então, não fora
reconhecida como problema social, pois a humanidade medieval não buscava
a igualdade; a pobreza era uma riqueza espiritual, e o pobre, um intermedi ário
entre o rico e Deus: daí a enorme preocupação com as esmolas, “economia
da salvação”.16
clausura. A cidade passa a ser vista como lugar de poder, luxúria e deturpação da proposta
trabalhador a não ser voltar para a cidade e ver nela uma aspiração diferente para o
16
Idem, p. 52
17
Ibdem, p. 53
século XVI quando o movimento da Reforma vai se tornando forte no continente europeu.
enquanto cidade condenada que jazia no maligno, lugar longe de Deus em que o diabo
reinava (comp. João 16:8-11). A igreja e o clero que se localizavam na cidade estavam
mundanizados.19 Destarte, a vida urbana era um dos desafios a ser superado primeiro pelo
próprio clero e, em seguida, pelos próprios habitantes da cidade. No século XVII, a partir de
18
MENDONÇA, A. G.; VELASQUES FILHO, Prócoro. Introdução ao Protestantismo no Brasil. São Paulo:
Loyola, 1990, p. 95. Os autores consideram três heranças que amalgamaram o metodismo e, indiretamente,
as demais linhas de pensamento reformado, a saber: o arminianismo, o puritanismo e o pietismo; para
nossa análise, este último se tornou mais relevante.
19
Idem.
demonstrar que o mundo leva à perdição da alma, à destruição da família e à
decadência social... Os acampamentos eram celeiros vocacionais para a
santificação... 20
pessoa que atingisse a cidade. Todavia, não deu certo. Mendonça e Velasques concluem
que as cidades e, obviamente, as igrejas eram pequenas demais para esse ideal.21 Embora
não atingiu a cidade, pois não conseguiu competir com o novo fenômeno: o processo de
brasileiro, traz uma análise do processo de urbanização que o povo cristão moderno
experiência religiosa, cuja expressão sofreu alterações no comportamento dos fiéis por
causa do impacto que o novo modelo urbano proporcionou às comunidades.22 O autor está
convencido que o processo urbano provocou na cristandade brasileira uma nova forma de
20
Ibdem, p. 95-97
21
Ibidem, p.98
22
CASTRO, Clóvis Pinto de. A cidade é minha poróquia. São Bernardo do Campo: Editeo, 1996, p. 19-43.
23
Idem, p. 41
Finalizando, a formulação do conceito bíblico de cidade é que nela se
uma nova missão. É nela que encontramos os desafios urbanos para a igreja (violência,
Cada pessoa que nasce de novo entra no Reino de Deus (João 3:5) e está
predestinada para ser conforme a imagem de Cristo (Rom. 8:29). Já não está mais em
Adão participando da velha criação (II Cor 5:17); mas está em Cristo participando de tudo
24
LINTHICUM, R. op. cit., p. 49ss.
25
GINGRICH, F. W., DANKER, F.W. Léxico do Novo Testamento grego-português. São Paulo: Vida Nova,
que Ele é, da sua ressurreição, vida e glória (Ef. 1:3; Col. 2:10). Aos olhos de Deus, a
nacionalidade de cada um é mudada. Já não existe diferença entre judeu e gentio, mas
Cristo é tudo em todos (Cl. 3:11). Os cristãos têm em Cristo uma nova nação. São
celestiais (Fp. 3:20; II Co. 5:17-18). Os cristãos são os santos descritos em todo o Novo
Um dos primeiros atributos que a Igreja recebeu foi o de ser santa. Isso se deu
por causa da realização dos sacramentos do batismo e da ceia. É bem provável que o
termo santa foi aplicado à Igreja com o mesmo sentido do Velho Testamento. Pois, assim
como o povo de Israel foi separado por Deus, a Igreja também tinha de cumprir essa
exigência. Em Isaías 6:3, percebemos que Deus é Santo. Dessa forma, os seus
mandamentos são santos (Sl 105:42; Jr. 23:9), a terra é santa (Gn 28:16s; Ex 3:5; 19:12; Lv
17:1), o templo é santo (Sl 5:8; 11:4; 28:2; 65:5; 79:1; 138:2; Dn 3:53; Jn 2:5-8; Ml 3:1),
Jerusalém26 é santa (Sl 2:6; 43:3; Is 56:7), os sacerdotes e os sumo-sacerdotes são santos
(Sl 132:9-16; Ex 28:36) porque são de Deus e para Deus, e em geral é também santo tudo
aquilo que está em contato com o culto (cf. Ex 30:29; Nm 18:9; Ex 16:23; Lv 23:4).
A Igreja não é somente santa da mesma forma que uma pessoa (Ef 5:26-27),
mas como a Igreja dos santos que habitam a cidade. Ela é santa porque foi separada para
executar uma missão, cujo palco de atuação é a cidade. Não se deve confundir a intenção
de santificar a urbes, patrocinada pelo movimento pietista, no século XVII, mas de
encontrar nela um espaço de atuação em que as estruturas urbanas também fossem
santificadas pela pregação do evangelho. Se o pecado habitava na cidade e nesta habitava
o pecador, então não só o pecador era santificado mas também a cidade. Nesse aspecto, a
igreja exerce a função de santificar a cidade. É, pois, nesse sentido que obras literárias vão
sendo escritas. Santo Agostinho destaca a Cidade de Deus enquanto paradigma da
comunidade santa presente no mundo.27
1984, p 67.
26
Na teologia do Antigo Testamento, percebe-se que Jerusalém era a cidade que também recebia da bênção
de Yahweh.
27
SANTO AGOSTINHO. A cidade de Deus. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 421 (vol. 2).
a comunidade dos pecadores, logo após a pregação apostólica, ela recebeu o atributo de
santa. De maneira alguma isso é uma contradição, pois na medida em que ela é de Deus, é
santa. E os que nela congregam são santos por causa do Espírito que neles habita. O
impasse é resolvido porque a igreja é a comunidade dos santos pecadores. Sendo assim, a
igreja é uma instituição profética que age na cidade promovendo a missão de Deus. Ela
não é edificada de outra forma senão pela congregação dos santos. Essa edificação é
mediante o permanecer em Cristo (João 15:7; Gal. 5:20). Além disso, temos o Espírito que
nos faz viver a vida de Cristo. O seu poder sobre nós é santificador e deve ser também
sobre a cidade.
28
LINTHICUM, R. op. cit., p. 33.
evangelizadora.
proclamar o juízo de Deus e a mensagem redentora para a cidade (Jr 33:10-11; Jn 3:1-10;
influência que determina a inclusão e exclusão das estruturas que fazem o indivíduo pecar
bem como aquelas que o libertam. A dialética dessa ação profética é que a mesma
pregação que condena é a que possibilita a redenção. O exemplo bíblico mais claro, nesse
29
Comblin, Teologia da cidade, p. 225
30
apud CASTRO, C. P., p. 12.
Com respeito à Igreja que se situa no âmbito da fé, trata-se de uma
comunidade que se reúne com a finalidade de expressar as características do grupo. É a
multidão que depositou toda a confiança em Cristo Jesus e o fez seu Senhor. A
comunidade dos fiéis se registra na história quando reconheceu em Cristo a esperança viva
da vinda do Messias. Mas a todos os que o receberam, deu-lhes poder de serem filhos de
Deus. a saber os que crêem em seu nome (João 1:12) e Quem nele crê, não é julgado;
quem não crê, já está julgado, porque não creu no nome do Filho unigênito de Deus (3:36;
comp. 5:24). No contexto urbano, a fé dos santos se torna poder quando assume a vida em
Cristo como a vida para a cidade. “Mas o cristão urbano não precisa afundar em desespero.
A igreja pode abordar a cidade com um testemunho de esperança, baseado num
conhecimento do poder de Deus e Seu amor por um mundo caído e todos os seus
habitantes (Is 25:8; Hb 13:14)”.32 Os fiéis formam a comunidade cristã na pretensão de
serem identificados como testemunhas de Cristo. Embora seja um trabalho muito difícil, a fé
é o elemento de motivação para a execução desse projeto. Toda a atitude cristã é
identificada como sendo de Cristo. A presença cristã na cidade é vital importância para que
a missão de Deus seja compreendida e apreendida. A comunidade dos fiéis dá testemunho
da vida de Cristo. Ela pretende atingir o mundo pregando as boas novas (Marcos 16:15). A
Palavra de Deus e a Igreja devem permanecer juntas na ação kerigmática de anunciar a
missão como obra de Deus.
31
BARRO, Jorge Henrique. Ações pastorais da igreja com a cidade. Londrina: Descoberta, 2000, p. 64-71.
32
LINTHICUM, R. op. cit., p. 34.
33
COMBLIN, José.Teologia da Cidade. São Paulo: Paulinas, 1991, p. 121.
3. A MISSIO DEI NO CONTEXTO DA URBANIZAÇÃO
A paróquia como tal não conhece a cidade e nem sequer imagina que tal
tarefa seria da sua incumbência. Por isso, a Igreja precisa de uma pastoral
da cidade, em que o ponto de partida é o conhecimento do sujeito que
pretende evangelizar: a cidade. 35
cada cidade é encarada a partir de uma perspectiva histórica, ou seja, as cidades são
34
WIRTH, Louis. O urbanismo como modo de vida. In: VVAA. O fenômeno urbano. Rio de Janeiro: Zahar
Editores, p. 90.
35
COMBLIN, José. Pastoral Urbana, p. 16
que cada igreja assuma sua cidade, reivindicando a manifestação da justiça divina,
serva. Mudar o panorama urbano para um estilo de vida cristã é fazer história que revela o
Reino de Deus. É o trabalho do pastor para a Igreja e é o trabalho da Igreja para a cidade. A
igreja coopera para que a missão de Deus se realize na vida urbana. A urbanização é,
então, a chave para uma evangelização dinâmica e eficaz proposta pela igreja.
identifica o estilo cristão da igreja. Conhecer a vida de uma cidade é conhecer as igrejas
que ela possui. A metodologia correta para estabelecer uma pastoral urbana é ter contato
direto com o estilo de vida da cidade. Efetivamente, é através de uma nova visão da cidade
que podemos dar início a um trabalho eficaz. Dessa forma, o ministério pastoral se torna
também urbano. A igreja local se une à vida urbana para que a cidade seja resgatada e
entende que seus membros estão dispostos a servir a Deus vivendo no mundo. Dessa
36
CASTRO, Clóvis Pinto de. A cidade é minha paróquia. São Bernardo do Campo: Exodus / Editeo, 1996.
37
BOBSIN, Oneide. op. cit.
forma, a violência sofrerá o impacto da pregação da paz, o crime será confrontado pela
mensagem da ética pela vida e a miséria será banida pela oportunidade do trabalho
humano. É claro que a igreja não se torna o centro administrativo desse empreendimento,
sensibilizados e práticos numa ação efetiva dentro do contexto urbano. Os cristãos vão
contextualizadas com os problemas da cidade vão treinar seus membros para o exercício
Criança é orgulho cristão mundial por preocupar-se com os recém-nascidos e com o alto
com o sofrimento humano e anunciá-lo enquanto culto cristão. A igreja possui o maior meio
tem a liturgia que anuncia temas da solidariedade humana e contextualiza a missio Dei na
cidade.
pastoral se constitui num raciocínio lógico e numa ação eficaz. É o pensar globalmente
38
LIMA, E. F. S. Reflexões sobre a corinhologia brasileira atual. In: REFORMANDA. São Paulo: Fundação
Eduardo Carlos Pereira, Número 2, p. 67-75, agosto/1990.
concomitante ao agir localmente.39 A pobreza, por exemplo, é entendida globalmente, pois
urbana de consumo e aquisição de bens materiais. O mesmo não ocorre com a pobreza
culturas; além disso, deve observar o papel que ela mesma exerceu na formulação desse
urbana. Como igreja que anuncia o juízo e a redenção, ela precisa questionar essa ação
pastoral e contextualizar sua nova ação para que a cidade tenha oportunidade de
chegar-se a Deus.
39
SANTOS, Milton. Tendências da urbanização brasileira no fim do século XX. In: A cidade e o urbano. São
Paulo: Edusp, 1994, p. 17-26.
40
Jorge Henrique Barro, op. cit., p.80. O autor considera a sensibilidade positivamente uma ponte para o
envolvimento da igreja com a cidade.
vida urbana; por último, concentrar esforços para uma sustentação e apoio à visão
Deus chegou àquele grupo. Acredita-se que através dessa metodologia as bases do
para a cidade.É interessante notar que a preposição para é locativa e diretiva, objetivando o
urbano; uma ação missionária para homens e mulheres integrantes de uma sociedade,
cujas estruturas e organizações são alcançadas pela graça de Deus promovendo a paz e a
justiça entre todos. O conteúdo da mensagem cristã para a cidade, igualmente em todas os
períodos históricos, não sofreu nenhuma alteração desde os tempos bíblicos. O significado
é função profética da igreja observar se, no processo de urbanização, não estão ocorrendo
ações injustas contra o próprio povo da cidade. A missio Dei para a cidade consiste na ação
opção política que a comunidade cristã fará frente à proposta de vida urbana. Embora a
função profética da igreja seja mais importante, a política não desmerece crédito, pois ela
prepara e executa projetos.41 É fazendo que a igreja demonstra sua práxis eclesiástica e
41
José Comblin, Teologia da Cidade, p. 236.
BIBLIOGRAFIA
BEOZZO, José Oscar (org.). Curso de Verão II. São Paulo: Paulinas, 1988.
BOBSIN, Oneide (org.) Desafios urbanos à Igreja. São Leopoldo: Sinodal, 1995.
CASTRO, Clóvis Pinto de. A cidade é minha paróquia. São Bernardo do Campo:
Exodus/Editeo, 1996.
GOIZUETA, Roberto S. Metodologia para refletir a partir do povo. São Paulo: Paulinas,
1993.
SENFT, Chr. Cidade In: Vocabulário Bíblico. São Paulo: ASTE, 1972, p.68-69.
WIRTH, Louis. O urbanismo como modo de vida. In: VVAA. O fenômeno urbano. Rio de
Janeiro: Zahar Editores, 1979.