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MICROBIOLOGIA 2016
Arlindo Ugulino Netto.
ESTAFILOCOCOS
MORFOLOGIA
Os estafilococos têm forma esférica (padrão dos cocos), com cerca de 1 μm de
diâmetro, e formam grupos com aspecto de cachos de uvas. Realizada a técnica de
coloração Gram, apresentam-se roxos ao microscópio óptico (sendo classificados então
como Gram-positivos), devido à sua membrana simples e parede celular de peptidoglicano
grossa constituida por mureína, ácido teicoico e polissacarídeos.
São micro-organismos imóveis (o que significa dizer que não apresentam flagelo ou
cílios, logo são incapazes de se mover por si só) e não formam esporos (forma de
resistência bacteriana), tendo pouca resistência ao calor (em temperaturas elevadas, como
70ºC, tem-se a destruição dos estafilococos).
Os estafilococos são anaeróbios facultativos, ou seja, podem viver em meios aeróbios, usando oxigênio, ou
anaeróbios através de fermentação, mas crescem muito mais rápido aerobicamente. A sua temperatura preferida é de
37ºC, que é a mesma do corpo humano. Crescem em uma concentração de NaCl a 9%, ratificando a preferência desses
micro-organismos pelo sal.
Quanto ao seu cultivo, os estafilococos não são exigentes: crescem em diversos tipos de meios de cultura (tanto
em condições aeróbias ou em microaerofilia), na temperatura ideal para a maioria das bactérias (37ºC) e crescem
formando colônias. O meio ideal para o seu crescimento é o ágar-sangue.
Dentro do gênero Staphylococcus, as espécies que apresentam a maior importância clínica são: S. aureus
(essencialmente patogênico), S. epidermidis (presente na microbiota das mucosas, de uma forma geral) e S.
saprophyticus (também presente na microflora, especialmente na região anal).
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Resistência relativa ao calor: os estafilococos apresentam como temperatura ideal aquela que o próprio corpo
humano apresenta: 37ºC. Não apresentam grande tolerância ao calor, entrando em desnaturação com
temperaturas acima de 70ºC, mostrando a importância de se ferver os alimentos.
ESTRUTURA ANTIGÊNICA
Os principais elementos antigênicos (moléculas de alto peso molecular, capazes de desencadear uma respostas
imunes) dos estafilococos são: polissacarídeos, proteínas antigênicas e o ácido teicoico, constituindo a estrutura
antigênica dos estafilococos presentes na parede ou na cápsula bacteriana. Apresentam como função a indução de
produção de anticorpos.
STAPHYLOCOCCUS AUREUS
O Staphylococcus aureus é uma bactéria encontrada com relativa frequência como membro da microbiota
normal do corpo humano (mucosas e fossas nasais), porém, é uma das bactérias mais importantes, uma vez que atua
como agente de uma ampla gama de infecções, variando desde aquelas localizadas, geralmente superficiais, até
algumas disseminadas, com elevada gravidade.
Uma das principais características das patogenias superficiais desse micro-organismo é a formação de
abcessos (furúnculos, terçol) justamente pelo fato do S. aureus produzir uma enzima chamada de coagulase, enzimas
responsável por coagular o plasma sanguíneo durante suas infecções. A coagulase, entre muitos outros fatores, é um
dos determinantes da patogenicidade do S. aureus, além de servir como método diferencial de diagnóstico laboratorial,
atestanto, por meio da utilização de sangue em tubos de ensaio, estafilococo-coagulase-positiva, diferenciando-se das
demais espécies de seu gênero.
O S. aureus, mesmo presente na microbiota normal, quando há uma queda nas defesas imunológicas, ele
comporta-se como um micro-organismo oportunista.
Na maioria dos meios de cultura, apresentam uma coloração amarelada, determinando sua denominação
(aureus = ouro).
FATORES DE VIRULÊNCIA
Os principais fatores de virulência do S. aureus são os componentes da superfície celular e toxinas. Algumas
evidências sugerem que determinadas enzimas também podem ser consideradas fatores de virulência.
Componentes da superfície celular:
o Cápsula: possui uma cápsula polissacarídica, cuja função principal como fator de virulência é proteger a
bactéria contra a fagocitose.
o Peptidoglicano e ácidos teicoicos: integram a parede celular da bactéria e contribuem para sua
patogenicidade, ativando a via alternativa do sistema complemento e estimulando a produção de
citocinas.
o Proteína A: é uma das proteínas do S. aureus encontrada na maioria das amostras. Se encontra na
parede bacteriana covalentemente ligada ao peptidoglicano. Ela é composta de uma única cadeia
polipeptídica com quatro resíduos de tirosina, que determinam sua atividade principal como fator de
virulência, que é ligar-se à porção Fc das IgG impedindo que estes anticorpos interajam com as células
fagocitárias.
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o Proteínas que se ligam à fibronectina, ao colágeno e ao fibrinogênio (MSCRAMM): estas três proteínas
estão ancoradas no peptidoglicano e funcionam como adesinas, que promovem a colonização dos
tecidos pelos S. aureus.
o Toxinas: o S. aureus produz várias toxinas que atuam através de diferentes mecanismos, como as
citotoxinas, superantígenos e um terceiro tipo que degrada moléculas de adesão das células epiteliais
cutâneas. Dentre as citotoxinas, as mais conhecidas são a alfa-toxina e a leucocidina: a primeira tem a
capacidade de formar poros na membrana celular, com a morte da célula; a segunda é assim chamada
devido à sua capacidade de matar leucócitos. As toxinas com atividade de superantígeno são as TSST-1
(responsável pela síndrome do choque tóxico estafilocócico – TSS) e as enterotoxinas
estafilocócicas (causa direta da intoxicação alimentar estafilocócica). As toxinas que degradam as
moléculas de adesão do epitélio cutâneo são conhecidas como toxinas esfoliativas, ou ainda
esfoliatina ou epidermolisina, e são responsáveis pela síndrome da pele escaldada, que consiste na
separação da epiderme da derme.
o Enzimas: a mais conhecida as enzimas produzidas pelo S. aureus é a coagulase, com efeito de
coagulação do plasma. A coagulação é decorrente da transformação da protrombina em trombina que,
por sua vez, ativa a formação de fibrina, a partir do fibrinogênio.
Aspectos genéticos da virulência: os genes de virulência do S. aureus podem ser cromossômicos ou
transportados por elementos móveis (transposons).
PATOGÊNESE
As infecções estafilocócicas podem ser classificadas em superficiais e profundas. As superficiais afetam a pele e
o tecido celular subcutâneo e, geralmente, são decorrentes da invasão direta dos tecidos por amostras de S. aureus
existentes na pele ou mucosas. Com excessão da pneumonia por aspiração, as infecções profundas são decorrentes de
bacteremias que se originam nos focos de infecção superficiais. As infecções associadas às bacteremias são do tipo
metastático (osteomielites e abscessos) ou consequências da colonização direta das válvulas cardíacas, gerando
endocardite. Para que ocorra uma infecção metastática, a bactéria presente no sangue deve primeiro atravessar a
parede vascular, para então alcançar o tecido a ser infectado. Uma complicação importante das bacteremias é a sepse
ou choque séptico.
Apesar da grande variedade de quadros clínicos causados pelo S. aureus, eles podem ser divididos em três
principais tipos: as infecções superficiais, tais como os abcessos cutâneos e as infecções de feridas; as infecções
sistêmicas, tais como osteomielite, miosite tropical, endocardite, pneumonia; e septicemia e os quadros tóxicos, tais
como síndrome do choque tóxico, síndrome da pele escaldada e a intoxicação alimentar.
Bacteremias: o S. aureus é uma das causas mais frequentes de bacteremias. A bacteremia é um processo
secundário a infecções cutâneas ou de outros locais e podem dar origem a diferentes tipos de infecções, tais
como endocardites, osteomielites e abcessos metastáticos em vários órgãos. Pode também evoluir para sepse,
com mortalidade elevada.
Endocardites: consiste na infecção do endocárdio, a membrana mais interna do coração, também podendo
afetar as valvas cardíacas e as cordas tendíneas. O S. aureus é a causa mais comum de endocardite aguda,
sendo a valva mitral a mais acometida (em usuários de drogas endovenosas, a mais acometida é a tricúspide). A
infecção se dá devido à disseminação a partir de uma infecção local ou de cateteres intravenosos colonizados.
Pneumonia e empiema: a pneumonia pode ser devido à aspiração da secreção oral ou disseminação
hematogênica a partir de um foco infeccioso distante. A pneumonia estafilocócica costuma ser de evolução
grave e pode ser acompanhada de empiema (coleção de material purulento no espaço pleural).
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Osteomielite: inflamação óssea geralmente decorrente de infecções bacterianas, que pode permanecer
localizada ou difundir-se, comprometendo medula, parte cortical, parte esponjosa e periósteo. A bactéria pode
alcançar os ossos por via hematogênica, em consequência de traumas (cirúrgicos ou não) e por extensão de
infecções em tecidos contíguos. O S. aureus é a principal causa de osteomielite hematogênica em todas as
faixas etárias (exceção: pacientes portadores de anemia falciforme são mais acometidos por Salmonella).
Síndrome de choque tóxico: acontece principalmente em mulheres no período menstrual. Verificou-se que a
síndrome é devido à colonização por amostras de S. aureus existentes na vagina, as quais produziam a toxina
TSST, um superantígeno que pode infectar, inclusive feridas cirúrgicas. Os sintomas são cólicas abdominais,
febre, vômitos, diarreia e uma baixa da pressão sanguínea.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico das infecções estafilocócicas é feito pelo exame bacterioscópio de esfregaços corados pelo
método de Gram, isolamento e identificação de micro-organismos. Os materiais mais comuns para o seu diagnóstico são
swab superficial de secreções dos mais variados tipos (pus, sangue, aspirado traqueal, etc).
Deve-se fazer a cultura com placas de ágar-sangue para realizar a sua identificação: teste da catalase (utilizando
água oxigenada), teste da coagulase (pode ser feita em lâmina ou tubo utilizando plasma de coelho) e o teste de
sensibilidade a antibióticos e quimioterápicos (antibiograma).
No exame bacterioscópico das secreções purulentas, as células bacterianas podem ser observadas formando
arranjos em cachos irregulares ou isoladamente. O isolamento é realizado nos meios de cultura comuns, como ágar
sangue, no qual a bactéria forma colônias relativamente grandes.
A diferenciação do S. aureus das outras espécies mais frequentes do gênero pode ser feita, de forma
simplificada, empregando-se os testes de detecção do fator clumping e os testes de coagulase livre.
TRATAMENTO
Embora o S. aureus possa ser suscetível à ação de várias drogas ativas contra bactérias Gram-positivas (tais
como penicilinas, cefalosporina, eritromicina, aminoglicosídicos, tetraciclina e cloranfenicol), é também conhecido pela
sua elevada capacidade de desenvolver resistência a todas, o que mostra a importância de se realizar o antibiograma.
A resistência aos antimicrobianos em S. aureus é determinada por mutações em seus genes e/ou pela aquisição
de genes de resistência de outras bactérias de mesma espécie, ou eventualmente, de outras espécies. Plasmídios e
transposons contribuem de maneira significativa para este mecanismo.
A Penicilina é a droga de escolha se a amostra for suscetível. No entanto, a ampla disseminação de amostras
resistentes a esse antimicrobiano reduziu drasticamente o seu valor. A resistência à penicilina é atribuída à produção de
enzimas (β-lactamases) capazes de inativar essa droga.
A resistência à Meticilina/Oxacilina é conferida por um gene que codifica uma proteína que se liga à penicilina
com baixa afinidade pelo antimicrobiano. As amostras que a apresentam são frequentemente referidas pela sigla MRSA
(S. aureus resistentes a meticilina/oxacilina), que são muitas vezes resistentes a outros antibióticos. A Vancomicina é
considerada a droga de escolha para o tratamento de infecções estafilocócicas graves, especialmente as causadas por
amotras de MRSA.
Em resumo, podemos utilizar a seguinte relação como guia:
S. aureus oxacilina/meticilina sensível adquirida na comunidade (CA-MSSA): Cefalexina.
S. aureus oxacilina/meticilina resistente adquirida na comunidade (CA-MRSA): SMZ-TMP, Clindamicina,
Doxiciclina.
S. aureus oxacilina/meticilina sensível nosocomial (MSSA): Oxacilina.
S. aureus oxacilina/meticilina resistente nosocomial (MRSA): Vancomicina (evitar em pneumonia) ou Linezolida.
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STAPHYLOCOCCUS EPIDERMIDIS
Staphylococcus epidermidis é uma espécie caracterizada por ser coagulase negativa e catalase positiva, mais
frequentemente encontrada na microbiota normal ou como causa de infecções em seres humanos. Em meios de cultura,
estes se apresentam com caráter puntiforme e coloração esbranquiçada.
De maneira semelhante ao que ocorre com outros membros da microbiota normal, o S. epidermidis tornou-se um
importante agente de infecção hospitalar (principalmente através de cateteres, sondas e próteses). Dentre os múltiplos
fatores que podem ter contribuído para isto está a sua reconhecida capacidade de formar biofilmes em superfícies de
polímeros.
OBS: As principais bactérias relacionadas com infecções hospitalares são: Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus
aureus, Pseudomonas aeruginosa e o Staphylococcus epidermidis. Por esta razão, são conhecidos como “germes
hospitalares”, e seu combate se reveste de extrema importância, uma vez que são germes resistentes a vários
antimicrobianos disponíveis no mercado farmacêutico.
FATORES DE VIRULÊNCIA
Ao contrário de S. aureus, o S. epidermidis não apresenta um grande arsenal de enzimas e toxinas e, por conta
disso, o curso das infecções tende a ser subagudo ou mesmo crônico.
Toxinas: podem produzir a δ-toxina, uma hemolisina codificada pelo gene hld, com a capacidade de formar
poros na membrana dos eritrócitos e outras células do hospedeiro, levando a lise celular.
Enzimas: apresentam a produção de cisteína protease (capacidade de degradar proteínas e componentes do
sistema imune do hospedeiro) e metaloprotease extracelular (papel importante na colonização da pele por se
ligarem ao colágeno).
Biofilme: pode ser considerado seu principal fator de virulência. Ele dificulta a penetração e difusão de
antimicrobianos e dos elementos de defesa do organismo onde a bactéria se instala e o produz. Os genes que
codificam as principais proteínas envolvidas na formação do biofilme fazem parte do operon cromossômico ica.
PATOGÊNESE
Como visto, a espécie não produz toxinas e uma vez que faz parte da microbiota endógena humana, as
infecções causadas por esta espécie são geralmente oportunistas e de origem hospitalar (nosocomiais). A identificação
da espécie pode ser feito após prova de Catalase e Coagulase com um antibiograma evidenciando a sua sensibilidade a
Novobiocina.
As principais patologias relacionadas com o S. epidermidis são:
Endocardite (é o agente mais comum da endocardite valvar protética de início precoce)
Furúnculo
Abscessos
Outras patologias associadas ao estado de imunossupressão.
STAPHYLOCOCCUS SAPROPHYTICUS
O S. saprophyticus é uma bactéria cocoide (esférica), Gram positiva, anaeróbia facultativa, imóvel, não
esporuladora, não encapsulada que possui atividade ureásica e carece de coagulase (o que permite diferenciá-la
do Staphylococcus aureus).
Em meios de cultura, assim como os S. epidermidis, apresentam-se brancos, sem pigmentação, de maneira
puntiforme.
O S. saprophyticus é, depois da Escherichia coli, o agente mais comum de infecção urinária em mulheres na
faixa de 20 a 40 anos de idade. Isso ocorre porque ele também faz parte da microbiota normal, habitando a região
perianal, e com a diminuição das defesas imunológicas, essa bactéria migra desta região para as vias urinárias. A
patogenicidade está relacionada com a sua capacidade de poder aderir às células do aparelho urinário devido a
presença de proteína com propriedade de adesina/hemaglutinina; E tido como agente patogênico oportunista,
principalmente em mulheres jovens, sexualmente ativas. É frequentemente agente de cistites e pielonefrites.