Sei sulla pagina 1di 3

CABRAL, Clara Bertrand.

Património Imaterial – Convenção da UNESCO e seus


contextos. Lisboa: Edições 70, 2011 (Coleção Arte & Comunicação)

Por Andressa Aryelle Fontenele Araújo1

Partindo de certo questionamentos acerca da natureza e características da Convenção


da UNESCO, a autora Clara Bertrand (mestre em Ciências Antropológicas pela Universidade
Técnica de Lisboa e responsável pelo setor da Cultura da Comissão Nacional da UNESCO)
discorre sobre o conceito, importância e formas de salvaguarda do patrimônio cultural
imaterial. Para tanto, realizou ampla pesquisa bibliográfica e fez análises de conteúdos dos
documentos e instrumentos normativos relevantes da UNESCO e de Portugal, bem como
participou de várias reuniões dos órgãos da Convenção, trocando idéias com os participantes.

O livro divide-se em seis capítulos, onde a autora discorre sobre todos os pontos
abrangidos pela Convenção da UNESCO. No primeiro capítulo, estuda alguns conceitos a fim
de estabelecer o que é patrimônio imaterial. Em seguida, faz uma descrição detalhada dos
passos que levaram à criação da Convenção. No terceiro e quarto capítulos, Bertrand discorre
sobre a salvaguarda do patrimônio cultural imaterial, dando atenção especial aos processos de
inventariação, por ser uma exigência inédita e obrigatória nas convenções da UNESCO para
quem pretende inscrever elementos patrimoniais nas Listas da Convenção. O capítulo cinco
verifica as conseqüências da Convenção do Patrimônio Cultural Imaterial sobre os grupos e
comunidades detentores do patrimônio, recaindo principalmente sobre sua propriedade
intelectual. E no capítulo seis, a autora faz uma análise da aplicação da Convenção em
Portugal no que se refere aos instrumentos legais já adotados na legislação nacional.

Já na introdução, Clara Bertrand define o objetivo do livro: abordar um conjunto de


questões que lhe parecem relevantes no âmbito da Convenção da UNESCO. Com isso, a
autora espera contribuir para uma melhor salvaguarda do patrimônio cultural imaterial. As
questões que permeiam o livro são as seguintes: o que é patrimônio cultural imaterial? por que
é importante a sua salvaguarda? qual a vantagem de existir uma Convenção?

1
Graduanda do curso de Licenciatura Plena em História, 10º período. Campus Ministro Petrônio Portella,
Teresina – PI.
O primeiro capítulo, “Apontamentos sobre patrimônio e cultura”, procura responder
sobre o que é patrimônio, quando e onde surgiu, e sua real importância para a sociedade. A
autora desenvolve conceitos relacionando as noções de patrimônio, cultura, memória e
identidade ao longo da história, aspectos fundamentais para se compreender a Convenção.

No segundo capítulo, “Convenção do Patrimônio Cultural Imaterial”, Bertrand passa a


detalhar toda a história que levou à criação da Convenção, atendo-se principalmente a uma
comparação da Convenção da UNESCO de 2003, descrevendo as funções de se seus órgãos
decisórios e administrativos na atualidade.

A autora inicia o terceiro capítulo, “Salvaguarda como processo participativo”,


formulando o conceito de salvaguarda e descrevendo as formas de se proteger um patrimônio
de acordo com a Convenção. Aqui, Bertrand pretende abarcar todos os agentes envolvidos
nesse processo, priorizando os detentores do patrimônio cultural imaterial.

Ao destacar as formas de salvaguarda, há uma ênfase aos processos de inventariar,


levando em conta, como já mencionado acima, que é uma exigência inédita e obrigatória da
Convenção da UNESCO de 2003.

No quarto capítulo, “Listas da Convenção”, a salvaguarda é analisada a nível


internacional. Além de examinar os critérios para inscrição nas Listas e nos registros de boas
práticas à luz das mais recentes recomendações dos órgãos da Convenção, Bertrand tece uma
revisão crítica das principais ocorrências e tendências desde que os mesmos foram criados em
2008.

O quinto capítulo, “Impactos sobre grupos e comunidades”, trata das conseqüências da


Convenção do Patrimônio Cultural Imaterial sobre os grupos detentores de patrimônios.
Estudando acerca da propriedade intelectual das manifestações, a autora afirma que isto
constitui aspecto essencial na Convenção, uma vez que as manifestações devem ser
devidamente contextualizadas, reconhecendo-se o papel que desempenham num sistema
social mais amplo que ultrapassa largamente as questões patrimoniais.

O sexto e último capítulo, “Aplicação da Convenção em Portugal”, trata da


aplicabilidade das disposições da Convenção da UNESCO na pátria portuguesa, abordando
seu contexto normativo e entidades responsáveis. A autora afirma que mesmo a Convenção da
UNESCO tendo surgido em 2003, só foi ratificada em Portugal em 2009.
Clara Bertrand conclui o livro propondo a criação de um organismo específico para
coordenar as ações no âmbito da salvaguarda do patrimônio cultural imaterial. E apela à
participação de todos na salvaguarda deste patrimônio, pois acredita que somente dessa
maneira será possível cumprir todos os objetivos da Convenção de forma eficaz e duradoura.

Uma grande conquista das ciências sociais, esse livro deve ser considerado de leitura
obrigatória a quem tiver interesse sobre patrimônio cultural. Pode-se dizer que foi um estudo
excelentemente bem-sucedido, não apenas pela bela explanação que é feita acerca da
Convenção da UNESCO e de suas disposições sobre salvaguarda de bens imateriais, mas
também por abranger um público amplo, provavelmente por sua linguagem clara e objetiva.

“Patrimônio cultural imaterial” é um livro recomendável até mesmo a um leigo,


devido ao seu tema abrangente e esclarecedor. Quem tem interesse por memória e identidade,
encontrará aqui uma ótima referência.

Potrebbero piacerti anche