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RESUMO
O artigo analisa o filme “Blue Valentine”, de Derek Cianfrance. A análise foi feita a
partir do filme e de sua repercussão e críticas, encontradas em sites eletrônicos.
Também foram analisadas entrevistas concedidas pelo diretor do filme. Tiramos da
análise desse filme, uma brilhante interpretação sobre o casamento nos dias de hoje.
O roteiro foi escrito por Derek Cianfrance, Joey Curtis (Brother Tied, 1988) e
Cami Delavigne. Cianfrance revela em uma entrevista que há 12 anos já tinha o projeto
desse filme, que já passou por cerca de 67 rascunhos, cada um contendo muitas
variações, baseado em encontros inspiradores, improvisações no set de gravação.
Inclusive em um script encontrado em um site eletrônico, verifiquei que não condiz
exatamente com as cenas ocorridas no longa.
O filme conta a estória de amor entre Cindy Heller (interpretada por Michelle
Williams) e Dean Pereira (Ryan Gosling). A estória é mostrada em duas linhas, passado
e presente. Por meio de flashbacks (seis anos antes) observamos como o casal se
conheceu e se apaixonou; e no tempo presente vemos a relação já desgastada pela
rotina. Em constantes lembranças do passado, o casal busca os motivos que os
mantiveram juntos até hoje. Há uma sensação de mistério no filme, sobre o que
aconteceu ao longo de seis anos, sobre como o tempo corrói o amor entre os dois
personagens.
Primeiramente, o artigo vai explicar como surgiu a idéia do filme. Para tanto,
foram analisadas quatro entrevistas concedidas pelo diretor Derek Cianfrance,
disponíveis em alguns sites eletrônicos. Depois, vem o núcleo do artigo, a estória de
Dean e Cindy de uma forma resumida, uma análise dos diálogos presentes na película,
das cenas, no geral, valores e idéias expressos no filme, questões levantadas. Para
finalizar vem a mostra da repercussão do filme, a maneira como foi recebido e criticado
pelo público, isso foi analisado partindo de comentários postados em sites eletrônicos.
Feitas essas considerações, passemos então à estória.
A INSPIRAÇÃO DO FILME
O filme começa com a filha do casal, Frankie (Faith Wladika), procurando por
sua cachorra Megan. Sem sucesso, a garota vai acordar seu pai, Dean, que então a ajuda.
Novamente sem sucesso, os dois então resolvem acordar Cindy, que já meio chateada
reclama que quer dormir, enquanto Frankie e seu pai lhe fazem cócegas. Depois eles
tomam café e Cindy vai para o trabalho, mas antes deixa Frankie na escola, e Dean vai
trabalhar também.
Pouco depois, Cindy encontra sua cachorra morta em uma estrada. Para esconder
o fato, os dois decidem deixar Frankie com o avô, Jerry (John Doman), e vão para casa.
Lá, após enterrarem a cachorra, Dean sugere uma ida ao motel, numa tentativa de
reacender a chama entre o casal. As cenas realizadas no motel (precisamente no Quarto
Futurístico) são o ponto principal do filme, onde o casal discute abertamente.
Quando os dois se conheceram, Cindy era uma garota com um futuro promissor,
que sonhava em ser médica, e Dean trabalhava como entregador em mudanças. Eles se
conheceram por acaso em um asilo, onde Dean se apaixona e passa a procurá-la. Pouco
depois que começam a namorar, Cindy descobre que está grávida de seu ex-namorado,
Bobby Ontario (Mike Vogel). Ela decide fazer um aborto, mas não consegue ir até o
fim, Dean então diz que irá assumir a criança e que eles vão ser uma família,
construindo uma cena linda dentro de um ônibus.
Eis uma conversa entre Dean e Marshall (Marshall Johnson), seu colega de
trabalho, pouco depois de seu primeiro encontro com Cindy: “Sei lá, acho que eu devia
parar de pensar nisso. Mas não consigo. Acho que assisto muito filme, sabe? Amor à
primeira vista. Acredita em amor à primeira vista? Pode amar alguém só de olhar? Mas
parecia que eu a conhecia, cara. Já sentiu isso?” e continua: “Ela parecia diferente, sei
lá. Senti algo. Sabe quando toca uma música e você precisa dançar?” Nesse diálogo o
filme tenta passar a sensação que o início de uma paixão produz numa pessoa, por isso a
alusão à música. Lembrando a entrevista já citada, quando Cianfrance diz que quer
levantar a questão de como uma pessoa se apaixona.
Hoje, seis anos após a gravidez inesperada, Cindy é enfermeira numa clínica,
aparentando ser muito preocupada e organizada com o que acontece ao seu redor, é a
mãe durona de Frankie, enquanto Dean é o pai divertido, um pintor que vive de bicos,
sem ambições de crescimento pessoal, mas muito feliz com sua família. Mas para Cindy
isso não basta, não basta somente ela ter ambições. A relação deles agora está
desgastada, é um romance real, é a dura realidade da rotina, alguma das conseqüências
que a convivência, com o tempo, pode trazer.
Cindy acredita que Dean tem potencial para mais do que pintar casas, deixando
isso claro em um diálogo deles: “Por que não faz nada? Não tem nada que queira fazer?
Você é bom em tantas coisas, poderia fazer o que quisesse. É bom em tudo que faz, não
prefere fazer outra coisa?”, onde Dean retruca: “Do que o quê? Ser marido? O pai da
Frankie? O que quer que eu faça? Nos seus sonhos o que eu faço? Ouça, eu não queria
ser o marido de ninguém. E nem queria ser pai. Não era meu objetivo. Devia ser de
algum cara. Não era o meu. Mas de algum jeito era o que eu queria. Eu não sabia disso
e é só isso que quero. Não quero fazer mais nada. É o que eu quero. Eu trabalho para
fazer isso.” Percebemos então que Dean é muito ligado a sua família, que ele tem a vida
que quer, tem o que gosta, ficar com sua mulher e sua filha. Mas Cindy não se contenta:
“Você nunca fica desapontado? Tem potencial.” Dean: “Por quê? Por que me
desapontaria? Faço o que quero. Por que tem que tirar dinheiro do seu potencial? O que
é potencial? O que é potencial? O que isso significa? Potencial de quê? Para virar o
quê?” e Cindy finaliza a conversa: “Não estou dizendo isso. Raramente temos uma
conversa adulta, porque sempre que conversamos você pega o que falo e torna algo que
eu não disse. Você simplesmente deturpa. Começa a falar, falar...” Pode-se dizer que
essa é a cena principal do filme, onde os personagens principais esclarecem o que
pensam a respeito um do outro, principalmente Cindy, que revela sua insatisfação com
Dean, e como se sente quando conversa com ele, um diálogo que faz o espectador sentir
um vazio no estômago tamanho o mal-estar que sente.
Em um momento pouco depois desse acima citado, ainda no motel, há uma cena
de sexo que é bem real, sincera e pé no chão assim como a estória de amor. “Blue
Valentine” não apresenta uma cena afrodisíaca, nem apela para formas físicas. Nessa
cena, quando Cindy afasta Dean, fica claro como Dean se sente diante da indiferença de
Cindy: “O que está fazendo? Porque está fazendo isso? Isso machuca. O que você quer?
Quanta rejeição eu preciso aceitar? Mereço um pouco de amor, sou bom para você. Sou
bom com você, com a Frankie. Eu te amo, não mereço isso.” Para Dean, o amor e a
bondade bastam, o sentimento, o “estar junto”, é o que importa. Já para Cindy isso é
bem diferente. Para ela, o crescimento pessoal deve estar aliado ao relacionamento. Ela
descobre que só o amor não basta. Essa passagem lembra a tese de que vivemos numa
sociedade individualizada, onde cada um pensa nos próprios problemas e no que quer,
muitas vezes não levando em consideração que a opinião do outro seja diferente.
Uma cena de extrema tensão emocional é a briga que ocorre entre os dois na
clínica onde Cindy trabalha, após a estadia fracassada no motel. Diante de tanta pressão,
Cindy revela: “Você é um babaca. Não te amo mais. Não sinto mais nada por você.
Nada! Nada! Não tem nada aqui por você. Nada.” Dean prefere não acreditar: “Não fale
coisas que não pode retirar.”
Saindo de lá, vão para a casa do pai de Cindy, onde está Frankie. Os dois se
trancam na casa e começam a discutir. Paralelo a isso, são mostradas cenas do
casamento dos dois, deixando o espectador aflito. Desesperado, Dean fala: “Não sei o
que fazer. Diga-me o que fazer. Diga-me como devo ser. Apenas me diga. Eu
obedecerei.” Ao que Cindy responde: “Não sei o que dizer. Desculpe. Não sei o que te
falar. Não somos mais bons juntos.” Dean chora desesperadamente, Cindy o
acompanha. Essa sequência do filme é rápida e devastadora, provocando mal-estar no
espectador.
O título “Blue Valentine” faz uma referência ao Valentine’s Day (Dia dos
namorados), e o “blue” (azul), traz um sentimento de repouso e tranqüilidade, com um
certo toque até melancólico, expondo o significado de romance triste. Mas na hora de
traduzir o título do filme para o português brasileiro, não se levou o significado à risca:
“Namorados para sempre”, um título enganador considerando o conteúdo do roteiro, e
que teve sua estréia no Brasil no fim de semana do Dia dos Namorados.
Sendo atraídos ao cinema naquela data para ver o que pensavam ser mais um
romance clichê, diversos casais saíram do cinema com um profundo mal-estar. No outro
dia explodem críticas ao filme, principalmente pela internet. O mal-estar que aqueles
casais sentiram parece ter sido devastador, visto que num suposto dia de união, foram
levados a assistir a um filme sobre uma separação.
CONCLUSÃO
Nesse filme, o “felizes para sempre” dá licença e abre espaço para o esforço
genuíno de um casal em se manter unido. É uma reflexão sobre relacionamentos,
profundamente doloroso de assistir. Ele desmistifica toda aquela idéia do amor
romântico clichê, deixando claro, de uma forma poética, que definitivamente só o amor
não basta para que um casamento resista ao tempo.
Não obstante uma direção e roteiro admiráveis, grande parte do sucesso do filme
se deve a atuação incrível da dupla que interpreta os protagonistas, Ryan Gosling e
Michelle Willians. Os dois conseguem dar uma profundidade e densidade excelente ao
drama do casal, lembrando que muitas cenas do casal foram improvisadas. Tanto que os
dois foram indicados aos prêmios de melhor ator e atriz no Globo de Ouro, e ela
indicada ao Oscar de melhor atriz.
FICHA TÉCNICA
Ano: 2010
Produção: Lynette Howell, Alex Orlovsky, Jamie Patricof, Carrie Fix, Doug Dey e
Jack Lechner
Elenco: Michelle Williams, Ryan Gosling, Faith Wladika, John Doman, Mike Vogel,
Marshall Johnson, Jen Jones, Maryann Plunkett, James Bennati, Barbara Troy, Carey
Westbrook, Ben Shenkman, Eileen Rosen, Enid Graham, Ashley Gurnari, Jack
Parshutich, Sami Ryan
http://www.au.timeout.com/melbourne/film/features/39/derek-cianfrance-on-blue-
valentine Acesso em: 12/11/2011
http://www.movieweb.com/news/exclusive-derek-cianfrance-talks-blue-valentine-2 Acesso
em: 13/11/2011
http://cinematicpassions.wordpress.com/2011/01/29/an-interview-with-blue-valentine-
director-derek-cianfrance/ Acesso em: 13/11/2011
http://guestofaguest.com/movies/qa-with-blue-valentine-director-derek-cianfrance/ Acesso
em: 13/11/2011
http://cinemaeafins.com/2011/06/06/critica-namorados-para-sempre-blue-valentine/ Acesso
em: 12/11/2011