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“BLUE VALENTINE”: UM ROMANCE REAL

Andressa Aryelle Fontenele Araújo*

RESUMO

O artigo analisa o filme “Blue Valentine”, de Derek Cianfrance. A análise foi feita a
partir do filme e de sua repercussão e críticas, encontradas em sites eletrônicos.
Também foram analisadas entrevistas concedidas pelo diretor do filme. Tiramos da
análise desse filme, uma brilhante interpretação sobre o casamento nos dias de hoje.

Palavras-chave: relacionamento; filme; Blue Valentine; Derek Cianfrance.

*Graduanda em Licenciatura em História na Universidade Federal do Piauí (UFPI)


INTRODUÇÃO

Cru e próximo da realidade, assim é o drama romântico “Blue Valentine”,


segundo longa-metragem do diretor Derek Cianfrance (Brother Tied, 1998). O filme se
desdobra como um dueto cinematográfico, na constante busca pela resposta da seguinte
pergunta : “para onde foi o nosso amor?”

O roteiro foi escrito por Derek Cianfrance, Joey Curtis (Brother Tied, 1988) e
Cami Delavigne. Cianfrance revela em uma entrevista que há 12 anos já tinha o projeto
desse filme, que já passou por cerca de 67 rascunhos, cada um contendo muitas
variações, baseado em encontros inspiradores, improvisações no set de gravação.
Inclusive em um script encontrado em um site eletrônico, verifiquei que não condiz
exatamente com as cenas ocorridas no longa.

Cianfrance desejou um filme em que o espectador se identifique, um filme em


que os personagens, as situações, os problemas, se aproximem da realidade. Nada de
fantasias, de “felizes para sempre”, coisas que não existem no dia-a-dia de uma pessoa
comum.

O filme conta a estória de amor entre Cindy Heller (interpretada por Michelle
Williams) e Dean Pereira (Ryan Gosling). A estória é mostrada em duas linhas, passado
e presente. Por meio de flashbacks (seis anos antes) observamos como o casal se
conheceu e se apaixonou; e no tempo presente vemos a relação já desgastada pela
rotina. Em constantes lembranças do passado, o casal busca os motivos que os
mantiveram juntos até hoje. Há uma sensação de mistério no filme, sobre o que
aconteceu ao longo de seis anos, sobre como o tempo corrói o amor entre os dois
personagens.

Primeiramente, o artigo vai explicar como surgiu a idéia do filme. Para tanto,
foram analisadas quatro entrevistas concedidas pelo diretor Derek Cianfrance,
disponíveis em alguns sites eletrônicos. Depois, vem o núcleo do artigo, a estória de
Dean e Cindy de uma forma resumida, uma análise dos diálogos presentes na película,
das cenas, no geral, valores e idéias expressos no filme, questões levantadas. Para
finalizar vem a mostra da repercussão do filme, a maneira como foi recebido e criticado
pelo público, isso foi analisado partindo de comentários postados em sites eletrônicos.
Feitas essas considerações, passemos então à estória.

A INSPIRAÇÃO DO FILME

Recentemente, o diretor Derek Cianfrance forneceu várias entrevistas a respeito


de seu mais novo filme, “Blue Valentine”. A título de explanação, analisamos quatro
dessas entrevistas, as quais foram encontradas em sites eletrônicos

Em entrevista ao Time Out, no Festival de Cinema realizado em Toronto,


Cianfrance fala sobre a inspiração do filme. Ele diz que desde criança tinha um
pesadelo, um medo de seus pais se divorciarem, o que só acontece quando ele faz 20
anos. Essa época foi extremamente confusa e desconcertante, então ele decide
confrontá-la num filme, tanto para enfrentar seus próprios medos de criança como para
avançar em seus futuros relacionamentos. Assim surge a idéia do longa. O interessante
também é notar que o figurino e a feição (barbado e com calvície) do personagem Dean
(ator Ryan Gosling) foi feito de acordo com o estilo de Cianfrance, que já tem uma certa
semelhança física com Gosling. O diretor brinca dizendo que o ator é sua versão estrela
de cinema. Essa semelhança no filme foi feita por idéia de Gosling.

Cianfrance fez um filme que se aproximasse da realidade do espectador, sem


aquelas fantasias clichês. Em entrevista a Brian Gallagher, escritor de um site
eletrônico, o diretor diz que ficou chocado com a classificação da MPAA (Motion
Picture Association of América), entidade responsável por gerenciar o sistema de
classificação de filmes por faixa etária. Visto que a mesma classificou o filme como
proibido para menores de 17 anos, mais tarde revertido para 14 anos. Sobre isso,
Cianfrance diz que quis falar sobre o relacionamento com honestidade, por isso incluiu
as cenas de sexo. Mas as cenas não eram nada pornográficas ou sensacionalistas, são
cruas. O diretor disse que quis apenas mostrar o sexo, sem exageros.

Ainda na mesma entrevista fornecida ao Time Out, Cianfrance é interrogado se


concorda acerca de um diálogo entre Dean e Marshall (Marshall Johnson) no filme,
onde o primeiro afirma: “Eu acho que homens são mais românticos que mulheres.
Quando nos casamos, é com uma garota. Nós resistimos o tempo todo até conhecermos
uma garota e pensamos ‘eu seria idiota se não casasse com ela’. Mas as garotas só
escolhem a melhor opção. Conheço garotas que pensam: ‘ele tem um bom emprego’.
Esperam sempre pelo príncipe encantado, então casam com o cara que tem um bom
emprego.” O diretor ri e responde que seu filme não tenta passar uma mensagem, pelo
contrário, levanta a questão do que acontece com o amor ao longo do tempo e como as
pessoas se apaixonam. Ele diz que fez o filme não porque tenha as respostas, mas
porque tem as perguntas.

Sobre a demora de 12 anos para a realização do filme, em entrevista a Richard


Karpala, do “The Huffington Post”, o diretor diz que fez um filme completamente
diferente do que ele seria em 1998 (quando começou a escrever o roteiro). O filme
realizado em 1998, segundo Cianfrance, seria mais vistoso e com cenas mais clichê, um
filme menos real. E agora saiu cru, real, da maneira que ele deseja ver os outros filmes
de amor, e também devido à agora ele ter experiência própria de família, ser pai,
marido, estar casado. A demora na realização do filme se deu a falta de financiamento,
que só chegou em 2006, quando o roteiro do filme ganhou US $ 1 milhão no concurso
Chrysler Film Project. Enquanto isso Cianfrance dirigiu vários documentários.

A autenticidade do filme de Cianfrance é clara. Para se ter uma idéia da


originalidade da obra, saiba que os atores principais (Ryan e Michelle) gravaram
primeiro as cenas do passado do casal, em apenas três semanas, e depois passaram um
mês morando juntos e fazendo compras, comida, conversando, “aprendendo” a brigar,
na casa onde os personagens residem. Isso tudo antes de filmar as cenas de seis anos
após o início da relação, para os atores se familiarizarem. Que fique claro também que
Cianfrance deu carta branca para a improvisação dos atores, que acompanham o roteiro
do filme desde 2003 (Michelle) e 2005 (Gosling).

Quanto à filmagem das cenas principais do filme, Cianfrance conversou


separadamente com Williams e depois com Gosling, sem o outro saber, a fim de criar
mais tensão entre os personagens. Para Williams ele instruiu que tentasse sair do local,
romper a conversa. E para Gosling que ele tentasse persuadi-la, conseguir sua atenção.
Inclusive a cena em que Dean tenta pular do muro, que não estava no script, foi
improvisada por Gosling tentando fazer a personagem de Williams falar sobre o que lhe
afligia.

Sobre o título do filme, Cianfrance diz ao pessoal do site eletrônico “Guest of a


Guest” que foi uma homenagem a Tom Waits, um de seus músicos favoritos. Tom
Waits tem um álbum chamado “Blue Valentine”, e uma música com esse nome.
Cianfrance continua afirmando ser o título tão grandioso, que captura o espírito da
história de amor que ele queria contar.

PASSADO E PRESENTE: O DESENROLAR

Como já ressaltado, o longa é dividido em duas linhas temporais, que se


entrecruzam constantemente na medida que o casal vai relembrando a relação. A
respeito disso, uma curiosidade técnica a se destacar é que as cenas de flashback do
casal, que mostram como eles se conheceram e se apaixonaram, foram filmadas em
Super 16mm, com tons quentes e vivos, sugerindo leveza e vida; já as cenas atuais, do
casamento desgastado, foram filmadas com uma câmera digital de última geração, Red
One, com cores mais escuras, predominando o azul, mais frio, mostrando a densa
atmosfera que agora permeia a relação do casal.

O filme começa com a filha do casal, Frankie (Faith Wladika), procurando por
sua cachorra Megan. Sem sucesso, a garota vai acordar seu pai, Dean, que então a ajuda.
Novamente sem sucesso, os dois então resolvem acordar Cindy, que já meio chateada
reclama que quer dormir, enquanto Frankie e seu pai lhe fazem cócegas. Depois eles
tomam café e Cindy vai para o trabalho, mas antes deixa Frankie na escola, e Dean vai
trabalhar também.

Pouco depois, Cindy encontra sua cachorra morta em uma estrada. Para esconder
o fato, os dois decidem deixar Frankie com o avô, Jerry (John Doman), e vão para casa.
Lá, após enterrarem a cachorra, Dean sugere uma ida ao motel, numa tentativa de
reacender a chama entre o casal. As cenas realizadas no motel (precisamente no Quarto
Futurístico) são o ponto principal do filme, onde o casal discute abertamente.

O filme entrelaça sempre os diálogos, as cenas felizes (passado) com as cenas


tensas (presente), deixando o espectador se questionando e buscando (juntamente com
os personagens) os motivos para o atual estado da relação do casal. Diferentemente do
filme, irei tratar primeiramente o passado do casal e depois o presente.

Quando os dois se conheceram, Cindy era uma garota com um futuro promissor,
que sonhava em ser médica, e Dean trabalhava como entregador em mudanças. Eles se
conheceram por acaso em um asilo, onde Dean se apaixona e passa a procurá-la. Pouco
depois que começam a namorar, Cindy descobre que está grávida de seu ex-namorado,
Bobby Ontario (Mike Vogel). Ela decide fazer um aborto, mas não consegue ir até o
fim, Dean então diz que irá assumir a criança e que eles vão ser uma família,
construindo uma cena linda dentro de um ônibus.

Eis uma conversa entre Dean e Marshall (Marshall Johnson), seu colega de
trabalho, pouco depois de seu primeiro encontro com Cindy: “Sei lá, acho que eu devia
parar de pensar nisso. Mas não consigo. Acho que assisto muito filme, sabe? Amor à
primeira vista. Acredita em amor à primeira vista? Pode amar alguém só de olhar? Mas
parecia que eu a conhecia, cara. Já sentiu isso?” e continua: “Ela parecia diferente, sei
lá. Senti algo. Sabe quando toca uma música e você precisa dançar?” Nesse diálogo o
filme tenta passar a sensação que o início de uma paixão produz numa pessoa, por isso a
alusão à música. Lembrando a entrevista já citada, quando Cianfrance diz que quer
levantar a questão de como uma pessoa se apaixona.

Hoje, seis anos após a gravidez inesperada, Cindy é enfermeira numa clínica,
aparentando ser muito preocupada e organizada com o que acontece ao seu redor, é a
mãe durona de Frankie, enquanto Dean é o pai divertido, um pintor que vive de bicos,
sem ambições de crescimento pessoal, mas muito feliz com sua família. Mas para Cindy
isso não basta, não basta somente ela ter ambições. A relação deles agora está
desgastada, é um romance real, é a dura realidade da rotina, alguma das conseqüências
que a convivência, com o tempo, pode trazer.

Cindy acredita que Dean tem potencial para mais do que pintar casas, deixando
isso claro em um diálogo deles: “Por que não faz nada? Não tem nada que queira fazer?
Você é bom em tantas coisas, poderia fazer o que quisesse. É bom em tudo que faz, não
prefere fazer outra coisa?”, onde Dean retruca: “Do que o quê? Ser marido? O pai da
Frankie? O que quer que eu faça? Nos seus sonhos o que eu faço? Ouça, eu não queria
ser o marido de ninguém. E nem queria ser pai. Não era meu objetivo. Devia ser de
algum cara. Não era o meu. Mas de algum jeito era o que eu queria. Eu não sabia disso
e é só isso que quero. Não quero fazer mais nada. É o que eu quero. Eu trabalho para
fazer isso.” Percebemos então que Dean é muito ligado a sua família, que ele tem a vida
que quer, tem o que gosta, ficar com sua mulher e sua filha. Mas Cindy não se contenta:
“Você nunca fica desapontado? Tem potencial.” Dean: “Por quê? Por que me
desapontaria? Faço o que quero. Por que tem que tirar dinheiro do seu potencial? O que
é potencial? O que é potencial? O que isso significa? Potencial de quê? Para virar o
quê?” e Cindy finaliza a conversa: “Não estou dizendo isso. Raramente temos uma
conversa adulta, porque sempre que conversamos você pega o que falo e torna algo que
eu não disse. Você simplesmente deturpa. Começa a falar, falar...” Pode-se dizer que
essa é a cena principal do filme, onde os personagens principais esclarecem o que
pensam a respeito um do outro, principalmente Cindy, que revela sua insatisfação com
Dean, e como se sente quando conversa com ele, um diálogo que faz o espectador sentir
um vazio no estômago tamanho o mal-estar que sente.

Em um momento pouco depois desse acima citado, ainda no motel, há uma cena
de sexo que é bem real, sincera e pé no chão assim como a estória de amor. “Blue
Valentine” não apresenta uma cena afrodisíaca, nem apela para formas físicas. Nessa
cena, quando Cindy afasta Dean, fica claro como Dean se sente diante da indiferença de
Cindy: “O que está fazendo? Porque está fazendo isso? Isso machuca. O que você quer?
Quanta rejeição eu preciso aceitar? Mereço um pouco de amor, sou bom para você. Sou
bom com você, com a Frankie. Eu te amo, não mereço isso.” Para Dean, o amor e a
bondade bastam, o sentimento, o “estar junto”, é o que importa. Já para Cindy isso é
bem diferente. Para ela, o crescimento pessoal deve estar aliado ao relacionamento. Ela
descobre que só o amor não basta. Essa passagem lembra a tese de que vivemos numa
sociedade individualizada, onde cada um pensa nos próprios problemas e no que quer,
muitas vezes não levando em consideração que a opinião do outro seja diferente.

Uma cena de extrema tensão emocional é a briga que ocorre entre os dois na
clínica onde Cindy trabalha, após a estadia fracassada no motel. Diante de tanta pressão,
Cindy revela: “Você é um babaca. Não te amo mais. Não sinto mais nada por você.
Nada! Nada! Não tem nada aqui por você. Nada.” Dean prefere não acreditar: “Não fale
coisas que não pode retirar.”

Saindo de lá, vão para a casa do pai de Cindy, onde está Frankie. Os dois se
trancam na casa e começam a discutir. Paralelo a isso, são mostradas cenas do
casamento dos dois, deixando o espectador aflito. Desesperado, Dean fala: “Não sei o
que fazer. Diga-me o que fazer. Diga-me como devo ser. Apenas me diga. Eu
obedecerei.” Ao que Cindy responde: “Não sei o que dizer. Desculpe. Não sei o que te
falar. Não somos mais bons juntos.” Dean chora desesperadamente, Cindy o
acompanha. Essa sequência do filme é rápida e devastadora, provocando mal-estar no
espectador.

Novamente cenas do casamento são mostradas, no momento em que os dois


fazem o voto, na promessa de amor na alegria e na tristeza. Um profundo nó na
garganta se instala no espectador. Dean apela: “Amor, fez uma promessa. Na alegria e
na tristeza. Você falou isso! Você falou... Foi uma promessa. Esta é a minha tristeza. É
minha tristeza. Mas eu vou melhorar. Você só precisa me dar uma chance.” Cenas
felizes se entrecruzando com cenas tristes, provocando um grande desespero em quem
assiste. Os personagens se abraçam, chorando. Dean então sai da casa. Frankie corre ao
encontro do pai, chamando-o de volta, e Cindy aparece. Dean convence a filha a correr
ao encontro da mãe. Ele sai andando, enquanto isso explodem os foguetes da
comemoração do 4 de julho. A cena some e enquanto passam os créditos, fotografias
felizes do casal são mostradas.

Ressaltemos que os dois personagens vieram de uma família desestruturada:


enquanto Cindy cresceu com um pai violento e uma mãe submissa, Dean tinha 10 anos
quando sua mãe o abandonou com seu pai. Talvez por essas experiências fracassadas, e
se agarrando de tal modo pela nova família que iam constituir, os dois acabaram por
projetar seus desejos um no outro, acreditando que seria diferente. Logo, Cindy percebe
que precisa se realizar individualmente, talvez por ter convivido com a relação
desgastada dos pais e perceber que pode não dar certo. Mas Dean não, ele acredita que é
possível viver de amor, talvez por ter esperança de que isso teria acontecido se sua mãe
não o tivesse abandonado. Inclusive há uma tatuagem no braço esquerdo do
personagem, que é uma ilustração do livro “A árvore generosa”, de Shel Silverstein, um
livro sobre dar e sacrificar tudo pelo outro.

Um comentário um pouco freqüente é que Derek Cianfrance não “hollywoodise”


o filme, ou seja, nenhum grande evento explica tudo. Ele quis levantar a questão sobre o
mistério do que acontece na estória, que também não é fácil descobrir na realidade,
conseguindo com sucesso. E a resposta à pergunta “para onde foi o nosso amor?”,
continua dispersa no tempo e nos personagens.
O ATRAENTE “NAMORADOS PARA SEMPRE”

Não é de hoje que as distribuidoras brasileiras, ao escolherem títulos para


produções estrangeiras, fazem traduções que muitas vezes não correspondem ao
conteúdo do filme em questão. Mas no caso de “Blue Valentine”, não duvidando que
tenha ocorrido com outros, fica clara a estratégia comercial.

O título “Blue Valentine” faz uma referência ao Valentine’s Day (Dia dos
namorados), e o “blue” (azul), traz um sentimento de repouso e tranqüilidade, com um
certo toque até melancólico, expondo o significado de romance triste. Mas na hora de
traduzir o título do filme para o português brasileiro, não se levou o significado à risca:
“Namorados para sempre”, um título enganador considerando o conteúdo do roteiro, e
que teve sua estréia no Brasil no fim de semana do Dia dos Namorados.

A estratégia comercial vendeu esse filme como um dito romance água-com-


açúcar, como programa para o Dia dos Namorados. Juntando-se a tradução equivocada
do título do filme, a data de lançamento, o trailer e a sinopse romântica, tem-se um
verdadeiro ímã para casais.

Sendo atraídos ao cinema naquela data para ver o que pensavam ser mais um
romance clichê, diversos casais saíram do cinema com um profundo mal-estar. No outro
dia explodem críticas ao filme, principalmente pela internet. O mal-estar que aqueles
casais sentiram parece ter sido devastador, visto que num suposto dia de união, foram
levados a assistir a um filme sobre uma separação.

CONCLUSÃO

Nesse filme, o “felizes para sempre” dá licença e abre espaço para o esforço
genuíno de um casal em se manter unido. É uma reflexão sobre relacionamentos,
profundamente doloroso de assistir. Ele desmistifica toda aquela idéia do amor
romântico clichê, deixando claro, de uma forma poética, que definitivamente só o amor
não basta para que um casamento resista ao tempo.

Durante toda a exibição do filme são provocadas no espectador sensações de


mal-estar, incômodo, desilusão. Talvez porque desde cedo somos educados com estórias
de amor que possuem finais felizes. Assistir a esse filme traz uma estranha sensação de
desconforto, seja por já ter vivido isso ou seja por temer que um dia possa vir a viver
uma experiência do tipo.

Não obstante uma direção e roteiro admiráveis, grande parte do sucesso do filme
se deve a atuação incrível da dupla que interpreta os protagonistas, Ryan Gosling e
Michelle Willians. Os dois conseguem dar uma profundidade e densidade excelente ao
drama do casal, lembrando que muitas cenas do casal foram improvisadas. Tanto que os
dois foram indicados aos prêmios de melhor ator e atriz no Globo de Ouro, e ela
indicada ao Oscar de melhor atriz.

Esse não é o primeiro filme a tratar de relacionamento dessa forma, com a


presença da rotina, há outros como por exemplo: “Eu sei que vou te amar”, do Arnaldo
Jabor, um dueto cinematográfico que mostra a discussão de um casal após se separarem,
e mais antigamente temos “Quem tem medo de Virgínia Woolf” (Who’s Afraid of
Virgínia Woolf?, 1966), que faz uma alusão à pergunta: quem tem medo de uma vida
sem ilusões?, e mostra como o casal lidou com a rotina durante todos os anos que
passaram juntos, por meio de revelações que deixa o espectador confuso.

Esperanças e desilusões são contrastadas nesse filme, momentos de conquista e


de paixão confrontando-se com momentos de tédio e de brigas. Um filme que se revela
doce e amargo em suas seqüências. Que levanta vários questionamentos. Intrigante,
apaixonante e cruel ao mesmo tempo, “Blue Valentine” é daqueles filmes que deixa o
expectador repensando sua vida e atitudes, uma reflexão sobre si mesmo, sobre os
outros, a sociedade, e, principalmente, sobre os valores do amor. Ele retrata
relacionamentos reais, recheados de bons e maus momentos, onde a maioria acaba com
um final não muito feliz.
REFERÊNCIAS:

FICHA TÉCNICA

Título original: Blue Valentine

Título no Brasil: Namorados para sempre

Gênero: Drama e Romance

Duração: 112 min

Origem: Estados Unidos

Ano: 2010

Data de estréia no Brasil: 10 de junho de 2011

Diretor: Derek Cianfrance

Roteiro: Derek Cianfrance, Joey Curtis e Cami Delavigne

Estúdio: Hunting Lane Films; Silverwood Films

Distribuidora: The Weinstein Company (EUA); Paris Filmes (Brasil)

Produção: Lynette Howell, Alex Orlovsky, Jamie Patricof, Carrie Fix, Doug Dey e
Jack Lechner

Banda sonora: Grizzly Bear

Fotografia: Andrij Parekh

Direção de arte: Chris Potter

Figurino: Erin Benach

Edição: Jim Helton e Ron Patane

Elenco: Michelle Williams, Ryan Gosling, Faith Wladika, John Doman, Mike Vogel,
Marshall Johnson, Jen Jones, Maryann Plunkett, James Bennati, Barbara Troy, Carey
Westbrook, Ben Shenkman, Eileen Rosen, Enid Graham, Ashley Gurnari, Jack
Parshutich, Sami Ryan

ENTREVISTAS. Disponível em:

http://www.au.timeout.com/melbourne/film/features/39/derek-cianfrance-on-blue-
valentine Acesso em: 12/11/2011
http://www.movieweb.com/news/exclusive-derek-cianfrance-talks-blue-valentine-2 Acesso
em: 13/11/2011

http://cinematicpassions.wordpress.com/2011/01/29/an-interview-with-blue-valentine-
director-derek-cianfrance/ Acesso em: 13/11/2011

http://guestofaguest.com/movies/qa-with-blue-valentine-director-derek-cianfrance/ Acesso
em: 13/11/2011

COMENTÁRIOS sobre o filme. Disponível em:

http://cinemaeafins.com/2011/06/06/critica-namorados-para-sempre-blue-valentine/ Acesso
em: 12/11/2011

http://www.vertentesdocinema.com/2011/06/namorados-para-sempre.html Acesso em:


12/11/2011

http://tocadocinefilo.wordpress.com/2011/02/27/namorados-para-sempre/ Acesso em:


13/11/2011

http://www.cinemaum.com.br/filmes/estreias/705-blue-valentine-resenha Acesso em:


17/11/2011

http://filmow.com/namorados-para-sempre-t15562/ Acesso em 17/11/2011

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