Sei sulla pagina 1di 35

Prémio Leaders & Achievers-Flecha Diamante 2017 PMR Africa

0DSXWRGH$JRVWRGH‡$12;;,9‡1o‡3UHoR0W‡0RoDPELTXH

Banco Mundial aponta fragilidades nas EP’s e folha salarial do sector público

Pág. 2 e 3
Dívidas ocultas
Morreu PCA Kroll rectifica
da LAM Última relatório Pág. 4
,     
)) ')   (&',
"!$%%!# ,$! &#!
22-  0. ,0+///+///*//             
  
 ,0+060+116*46          
  
 ,1+432+453*35  
   !  !  

  0. ,160+70/*/0        
 -()&**,'-!-(+(,.(&,!-()&&((*
 "# #
!!#%!!$
TEMA DA SEMANA
2 Savana 04-08-2017

Moçambique precisa de reformas


para recuperar
– Shireen Mahdi, economista-chefe do Banco Mundial
Por Ricardo Mudaukane

A
economia moçambicana veis mais baixos. Há fundamentos que vado que opera numa economia não
tem potencial para reen- possam sustentar o optimismo em re- dependente de recursos naturais que
trar na trajectória do cres- lação a uma inflação mais baixa? possa exportar, temos um forte sector
cimento, mas, para isso, O pico da inflação no ano passado foi exportador nos recursos minerais, mas
precisa de reformas, considera, em principalmente causado pelos preços precisamos que as exportações sejam
entrevista ao SAVANA, a econo- dos produtos alimentares. Quando fortes em áreas que não estejam direc-
mista-chefe do Banco Mundial em tivemos uma inflação de 25% ou aci- tamente relacionadas com os recursos
Moçambique, Shireen Mahdi. ma, o preço dos produtos alimentares naturais, isto vai ajudar Moçambi-
Shireen Mahdi diz que as autorida- era de 40% ou acima, em termos de que a deixar de ser uma economia a
des moçambicanas devem apostar inflação. duas velocidades, vai ajudar o país a
em medidas fiscais, que ataquem, Este ano esperamos ver uma queda ter sectores dinâmicos impulsionados
nomeadamente, a problemática nessa tendência, primeiro, porque por recursos, o que é muito bom, mas
situação nas Empresas Públicas no ano passado tivemos o “El nino”, também irá permitir que o resto da
(EP,s), elevada folha salarial no sec- a moeda estava numa posição muito economia seja competitiva e forte.
tor público e as fragilidades do sec- mais fraca e a maioria dos produtos Referiu-se à necessidade de acesso a
tor privado nacional. alimentares é importada, esperamos um crédito em condições razoáveis.
uma queda nos preços da alimentação, Que impacto vê na introdução de
Quanto ao relatório que o Banco
a segunda razão pela qual pensamos um indexante único para as taxas de
Mundial lançou recentemente so-
que a inflação vai baixar é que temos câmbio?
bre a actual situação económica do
visto muitas reformas no subsídios a Esta é uma grande reforma e muitas
país, a economista-chefe daquela
acontecerem nos últimos meses, à me- das reformas introduzidas pelo Banco
instituição em Maputo assinala que
dida que estabilizarem, vão ajudar a de Moçambique foram desenhadas
o documento aponta para a emer-
estabilizar o aumento nos preços. para fortalecer a política monetária
gência de sinais positivos, apesar do O relatório salienta a existência de e a transmissão do que foi definido
longo caminho que ainda terá de ser fragilidades no sector privado, so- na política monetária para os bancos
percorrido. bretudo, nas pequenas e médias em- comerciais, que se relacionam com as
presas. O que é que o Banco Mun- empresas.
Quais são as principais notas do rela- “Temos visto muitos desenvolvimentos positivos, logo desde o início de 2017, que dial acha que tem de ser feito para Esta é uma reforma que vai ajudar,
tório sobre a actualidade económica mostram que o país está a revelar sinais positivos em termos de crescimento que as pequenas e médias empresas esperamos que até ao final deste, do
de Moçambique, que pontos se po- económico” desenvolvam o seu papel de motor próximo ou dos próximos dois anos, as
dem ressaltar? taram o Orçamento do Estado. Isto o dinheiro que se gasta por elas. de crescimento da economia e essa taxas de juro comecem a baixar, este
O relatório é uma análise económica, colocou Moçambique numa situação A outra área de reforma fiscal a que função não esteja ancorada apenas é um dos ajustamentos-chave que vão
cobre a situação macro-económica de em que teve de encontrar poupanças, gostaríamos que o governo prestasse nas grandes empresas e na indústria ajudar no acesso ao crédito para o sec-
Moçambique. É publicado duas vezes para consolidar o Orçamento. É o ter- mais atenção é a gestão do risco fiscal extractiva? tor privado.
por ano, é uma oportunidade para o representado pelas empresas públicas. A primeira coisa, e mais importante, Mas não é o único ajustamento, por-
mo que usamos, mas, essencialmente,
Banco Mundial partilhar a sua visão Esta é uma área que é importante para a qual chamamos a atenção, e é que mesmo quando as taxas de juro
é encontrar poupanças e reorientar o
sobre acontecimentos actuais na eco- para o país, estamos a trabalhar com muito importante mesmo para as pe- eram baixas, muitos segmentos do
programa de despesas, para ser mais
nomia. o Governo no sentido de ajudar as quenas empresas, não apenas para os sector privado não tinham acesso ao
eficiente, enquanto se protegem áreas
A principal mensagem deste relatório grandes investidores, é um contexto crédito, porque a maioria é informal, a
de despesas-chave, que são importan- empresas públicas a terem um melhor
é, realmente, dizer que Moçambique macro-económico estável, as empresas sua estrutura de colaterais não é forte
tes para o crescimento e bem-estar dos mecanismo de supervisão, para asse-
pode recuperar, se empreender refor- não podem investir, as empresas não para lhes permitir o acesso ao crédi-
moçambicanos. gurar que sejam empresas saudáveis, e
mas. Temos visto muitos desenvolvi- podem crescer, quando a situação ma- to, o sector bancário não tem todos
Vimos alguns progressos na agenda empresas saudáveis não são as que vão
mentos positivos, logo desde o início cro-económica é flutuante ou instável, os produtos de gestão de risco para
de reformas em relação à política fis- à falência e criam custos à economia.
de 2017, que mostram que o país está por isso, esta é a reforma mais urgente alcançar pequenas empresas em sec-
cal e o governo fez algumas das mais Em relação à questão da carteira de
a revelar sinais positivos em termos de no curto prazo. tores como agricultura; ajudar as taxas
difíceis reformas; a reforma no subsí- participações do Estado no sector
crescimento económico, estabilização Há muitos outros problemas estrutu- de juro a baixar é importante, mas há
dio dos combustíveis é uma reforma empresarial, qual é a abordagem que
da moeda, a inflação ainda continua rais que têm sido discutidos há muitos constrangimentos estruturais com que
o Banco Mundial defende?
alta, mas começa a baixar e esperamos muito difícil de fazer em qualquer anos, para os quais é preciso reorientar se têm de lidar.
Primeiro, é uma agenda mais geral,
mais redução à medida que caminhar- país, mas o governo tem atacado esta o foco e o relatório se refere a eles. Por O metical está com um comporta-
a primeira área que penso que é a
mos para o final do ano; os preços das questão nos últimos meses. exemplo, há que garantir que o custo mento errático, voltou a perder para
mais urgente é gerir as empresas que
matérias-primas estão a recuperar. Temos visto bons progressos, mas há de fazer negócios seja razoável e baixo, o euro e voltou a perder para o dólar.
O governo iniciou a sua agenda de re- estão numa situação financeira difí-
muito mais por fazer. A folha de sa- tão baixo quanto possível, o acesso ao Qual é a expectativa do BM em rela-
forma e temos visto muitos progressos cil, não estamos nos anos 80 em que
lários no sector público cresceu mui- crédito, a capacidade de as empresas se ção a este indicador?
na política monetária e alguns pro- falávamos de privatizações no seu
to quando a economia era forte, num licenciarem e transitarem da situação É uma questão difícil de responder,
gressos na política fiscal. todo. Cada empresa exige uma solu-
momento em que todo o Orçamento ção específica, por exemplo, a EDM informal para formal, tornar essa tran- no sentido em que não previmos a
Mas o apelo que o relatório faz é no do Estado estava a crescer, mas a fo- sição tão simples quanto possível. trajectória do metical no relatório, o
sentido de mais acção do lado da po- não pode ser privatizada, mas pode se
lha salarial estava a crescer mais for- É também muito importante para que temos visto é que o metical
lítica fiscal e pede uma atenção cau- trabalhar com a empresa para ter uma
temente e a dificuldade é que quando Moçambique investir num sector pri- estabilizou em 2017. O que é mui-
telosa para o sector privado, que foi posição financeira mais forte, a longo
tem de poupar no orçamento, é muito prazo.
profundamente afectado pela queda
difícil controlar o crescimento na fo- Recomendados e trabalhamos com

Compra-se
da economia que assistimos no ano
lha de salário. o Governo para ter uma abordagem
passado. A concepção do programa
Recomendamos que o Governo en- caso a caso, começando com as em-
de reforma da economia tem de estar
consciente da necessidade do desen- contre formas de gerir o aumento da presas que estão numa situação mais
volvimento do sector privado, esta é a folha salarial, reconhecemos que o difícil, isto em termos de gestão de
mensagem geral da edição deste ano
dos dados da actualização da econo-
incremento aconteceu em áreas essen-
ciais, como professores e enfermeiros,
curto prazo; no longo prazo, reco-
mendados que o Governo considere
Um (espaço) terreno, vivenda ou
mia, que estão no relatório. e gostaríamos de ver isso protegido, toda a sua carteira de participações e,

Questão das EP,s é urgente


não estamos a recomendar que se re-
tire pessoal-chave necessário no terre-
realmente, reoriente a sua participação
nas áreas que são críticas, importantes
geminada nas zonas da coop, central,
Em relação às medidas fiscais, o que é no, mas há outras reformas estruturais para a economia, para a prestação de
que o Banco Mundial gostava de ver a
acontecer. Pode elaborar mais?
na folha de salário que podem ajudar
a gerir o ritmo do crescimento e vai
serviços; que olhe para as empresas
que não são estratégicas e não estão
Polana, Museu, Malhangalene Alto-
Como sabe, no ano passado assistimos criar muito espaço fiscal. a ter um bom desempenho para per-
a um grande choque da posição fiscal,
porque quando as dívidas escondidas
A outra reforma estrutural que gosta-
ríamos de ver a acontecer é uma maior
mitir que, a longo prazo, tenha par-
ticipações em empresas públicas em
Mae e sommerschield. Pagamento
foram reveladas, isto gerou um grande eficiência noutras categorias de des- situação saudável.
choque na economia, no crescimento, pesas. Como em qualquer agregado Referiu-se ao nível de inflação, que no
ano passado foi extremamente alto, e
imediato. Contacto 847256171.
nos fundos dos doadores e em muitos familiar, em qualquer família, há que
outros e diferentes factores que afec- assegurar que todas as despesas valem que há expectativas de voltar para ní-
TEMADA
TEMA DASEMANA
SEMANA
Savana 04-08-2017 3

to importante, na minha visão, não é o timento, por isso, são partes-chave Isso remete à discussão que tivemos mercado a que Moçambique se pode dial para a agricultura são no sentido
nível do metical, mas que seja estável, da economia, gostaríamos de vê-las a antes em relação à poupança nas des- ligar. de que temos de ser capazes de apoiar
é muito difícil para o sector privado amadurecer e tornar-se produtivas. pesas correntes, na folha salarial, a Em relação aos projectos da Bacia o sector privado que opera nesta área,
operar, quando tem o metical a flutuar, Como é que olha para o actual nível nossa mensagem essencial não é cor- do Rovuma, estes projectos são es- ajudar os pequenos agricultores a tra-
é mais fácil trabalhar com uma moeda das Reservas Internacionais Líqui- tar tudo, é reequilibrar o programa de truturados em função de contratos balharem juntos, ligá-los ao mercado,
estável, mesmo quando está em 60 ou das de Moçambique? despesas, reduzir o aumento da folha de venda de longo prazo. Quando a ligar os pequenos agricultores às em-
61 [o dólar], o que temos visto é que o É um indicador que seguimos muito salarial, procurar mais eficiência nas ENI anunciou a sua decisão final de presas produtivas e dinâmicas; ter es-
metical estabilizou. de perto. Houve uma melhoria assi- despesas correntes; é onde se cria pou- investimento já tinha compradores, de tas duas componentes do sector a tra-
Pensamos que a tendência nos próxi- nável no nível das reservas, recomen- panças que, gradualmente, vão finan- longo prazo, para o seu gás, é por isso balharem juntas, a crescerem juntas. É
mos anos é a continuação da estabili- damos o Banco Central a continuar a ciar o programa da rede de protecção que estamos optimistas que quando por isso que aos agricultores têm sido
dade do metical, especialmente, o que consolidar as reservas, é uma econo- social, mas também é necessário sus- estes projectos começarem a produzir dados incentivos para produzirem
vai ajudar a moeda é a tendência nas mia que está muito exposta a choques, tentar o programa de investimentos gás vão sustentar o crescimento eco- mais, serem mais produtivos.
exportações no sector dos recursos, o e quando se está exposto a choques ex- públicos. nómico de Moçambique. Haverá altos Também pensamos que há investi-
aumento das exportações no carvão, o ternos, é necessário ter um nível muito O que vimos no ano passado foi um e baixos, essa é a natureza do jogo, mas mentos importantes que devem ser
incremento de preços no alumínio e saudável de reservas. Há mais trabalho corte no investimento público e o serão um forte pilar da economia do feitos em infra-estruturas de irriga-
noutras matérias-primas, significa que para acumular as reservas, penso que a relatório destaca isso, diz que o ajus- país. ção, estradas rurais, é um país muito
haverá um fluxo de moeda para ajudar perspectiva é para que isso continue ao tamento no ano passado cortou o in- Prestações em atraso agravam dívida grande e um ambiente com custos
o metical a ficar mais estável. longo do ano. vestimento e foi ainda mais longe na A sustentabilidade da dívida pública elevados para os agricultores. Temos
O que é que tem de ser feito para que despesa corrente, isto não é bom para de Moçambique está inevitavelmen- de investir nas capacidades e habilida-
a indústria extractiva esteja ao serviço É preciso expandir a o crescimento, a longo prazo, nem te dependente de uma restruturação? des dos agricultores, para serem maios
da diversificação da economia de Mo- protecção social para o sector privado, quando se tem Nós, como Banco Mundial, o nosso produtivos, é o tipo de actividade que
çambique? Qual é o equilíbrio que tem de ser en- estradas que não são objecto de ma- conselho é que o governo trabalhe estamos a fazer, temos programas de
O relatório tem uma secção muito contrado para que a retirada dos sub- nutenção, por exemplo. no sentido de levar a dívida para uma irrigação e acesso ao mercado.
interessante que fala do impacto da sídios não penalize os pobres. A mensagem é reequilibrar o progra- posição sustentável, para chegar a isso, O que é que encoraja o Banco Mun-
indústria extractiva na economia, es- Uma das áreas fiscais-chave que temos ma da despesa, poupar onde se pode como se chega lá, é uma prerrogati- dial a canalizar ajuda financeira num
pecialmente o Investimento Directo no diálogo com o Governo é a rede de poupar e colocar mais recursos nas va do governo. O governo já iniciou contexto em que outros parceiros in-
Estrangeiro (IDE). O relatório des- protecção social, estamos a trabalhar partes da economia que mais precisam a restruturação da dívida, está a falar ternacionais congelaram a sua ajuda
taca o impacto do sector dos recursos com o governo para o estabelecimento de ajuda, na rede de segurança social e com os credores, o sucesso na restru- na sequência das dívidas ocultas?
na diversificação de postos de trabalho do sistema de uma rede de protecção no investimento público. turação, especialmente a redução dos De momento, o Banco Mundial não
em Moçambique e cita um estudo que social nacional, uma rede que alcance O Banco Mundial está optimista em pagamentos anuais, vai trazer grande está a dar apoio directo ao Orçamento
refere que cada novo IDE cria 434 as pessoas pobres, nas áreas rurais e relação aos projectos no gás, numa alívio à posição fiscal. do Estado, mas temos o resto do nos-
empregos no sector não extractivo, a urbanas e as ajude a resistir aos cho- altura em que há notícias que apon- De momento, o governo não está a so portfólio, que não é apoio directo
mensagem é que o sector é muito im- ques económicos. tam para a possibilidade de o merca- pagar e as prestações em atraso acu- ao Orçamento do Estado. Muito do
portante para a economia, é o motor Esse trabalho precisa de prosseguir e do mundial ficar inundando de gás mulam-se, são parte da razão de a dí- nosso programa actual são projectos
da economia, cria oportunidades para ser acelerado, especialmente no actual natural? vida ser insustentável, a restruturação iniciados no passado, mas também há
ligações com outras partes da econo- contexto, expandir o sistema da rede Na minha opinião, em qualquer mer- da dívida vai libertar a pressão sobre o novos projectos em carteira, sentimos
mia e recursos para o Orçamento do de protecção social, registar mais pes- cado de matérias-primas teremos al- orçamento, será uma parte importante que o Banco Mundial é um parceiro
Estado. Temos de assegurar que haja soas no sistema, melhorar o mecanis- tos e baixos, haverá um país a produzir do programa de recuperação fiscal. de longo prazo de Moçambique, mui-
bons progressos com as grandes deci- mo de identificação de beneficiários e mais ou o preço a cair, isto é normal A modernização da agricultura é to do nosso programa visa promover
sões de investimento para o sector do desembolsos para as famílias que pre- no mercado. O mercado de gás, a lon- uma narrativa já antiga e parece um investimento para crescimento de
gás, porque é uma área crítica. Ontem cisam desse apoio. go prazo, tem uma forte previsão em salto adiado. O que é que tem de ser longo prazo, investimento na protec-
[segunda-feira] houve um anúncio da Como se consegue melhorar a pro- termos de procura e de transição para feito para que o sector tenha o im- ção social, investimento que beneficia
Anadarko de que deram um grande tecção social dos mais pobres num outro tipo de recursos e o uso cres- pulso necessário? pobres em todo o país, é por isso que
passo, há alguns meses, vimos a ENI contexto em que o país enfrenta difi- cente de gás no mercado asiático será No geral, penso que algumas das men- sentimos que é importante manter
a anunciar a Decisão Final de Inves- culdades financeiras? também uma oportunidade, este é um sagens importantes do Banco Mun- grande parcela do nosso programa.
TEMA DA SEMANA
4 Savana 04-08-2017

Após reclamações das empresas

.UROOUHFWLÀFDUHODWyULRGDDXGLWRULD
às dívidas ocultas
A
Kroll corrigiu aspectos documentação relevante da Palo-
do relatório da audito- mar, com base na relação contratual
ria às chamadas dívidas entre as partes”. Depreende-se as-
ocultas de Moçambique, sim que a ProIndicus não contac-
em resposta a reclamações da Pri- tou a consultora, como foi pedido
vinvest do libanês Iskandar Safa, pela Kroll, e por isso a Palomar não
fornecedora das empresas envol- forneceu informações adicionais.
vidas na contracção dos encargos, No novo documento, a Kroll justi-
e a Palomar, uma subsidiária da fica que “enviou insistentes pedidos
primeira e responsável pela con- para a obtenção de documenta-
sultoria financeira dos negócios. O ção sobre o papel da Palomar nos
documento corrigido foi tornado projectos da ProIndicus, MAM
público nesta segunda-feira pela e EMATUM e no Ministério da
Procuradoria Geral da República Economia e Finanças”.
(PGR), uma acção que está a ser Quando entregou o relatório, em
aplaudida em alguns sectores do Junho, a consultora Kroll queixou-
partido governamental que acu- -se de falta de informação para
sam a Kroll de incompetente, por averiguar o destino de dois mil mi-
ter produzido um relatório com lhões de dólares em dívidas ocultas
lacunas e de não ter feito o contra- contraídas por três empresas públi-
ditório. cas de Moçambique, havendo dis-
Ponte-cais de Pemba da Spectre Marine. No seu website tem uma secção dedicada a Moçambique, com fotos de lanchas
crepâncias de centenas de milhões
Entre as alterações introduzidas, rápidas fornecidas pela Privinvest. de dólares em aberto.
está uma menção ao facto de ter “O principal desafio que teve de
sido a Palomar e o banco russo Tem sido habitual, desde que re- mar para receber as transacções em acções de formação, aparentemen- ser enfrentado no que se refere à
VTB a ajudar a angariar 535 mi- bentou o escândalo das dívidas causa”, sublinharam. te, são feitas na baía de Pemba e no conclusão da auditoria indepen-
lhões de dólares de dívida contra- ocultas, advogados e empresas de lago Niassa. dente foi a falta de documentação
ída pela MAM e não a Privinvest, relações públicas contratados pela Empresa sueca no barulho Para além de Moçambique, a Spec- disponibilizada pelas empresas de
sedeada em Abu Dhabi e perten- Privinvest ameaçarem jornalistas e Na correcção, é igualmente retirada tre diz ter outras duas bases, na ilha Moçambique”, queixou-se então a
cente ao franco-libanês Iskandar publicações com acções judiciais, a referência a uma empresa sub- de Tjorn, na costa oeste da Suécia e consultora internacional.
Safa, um empresário na esfera das por aquilo que consideram “impre- -contratada pela Privinvest, a Spec- em Java, na Indonésia. A PGR citou o sumário da Kroll
relações da família Guebuza. cisões” nas matérias noticiosas. Em tre Marine, da Suécia que teria sido para anunciar que, mesmo após o
A Privinvest é a empresa-mãe da Moçambique os visados têm sido directamente paga pela ProIndicus. Kroll pediu informação via trabalho de auditoria, “lacunas per-
família Safa, que opera nas áreas articulistas escrevendo habitual- Um porta-voz da Spectre Marine ProIndicus manecem no entendimento sobre
da construção naval, transportes mente em inglês e susceptíveis de declarou à agência Zitamar, a 3 de A terceira modificação no relató- como exactamente os USD2.000
marítimos, imobiliária e exploração influenciar a opinião pública inter- Julho, que a companhia nunca rece- rio de auditoria retira uma frase milhões foram gastos” depois de
de petróleo e gás e a Palomar uma nacional. beu nenhuma verba da ProIndicus, inicialmente posta de que a Privin- emprestados pelo Credit Suisse
empresa afiliada ao grupo. Segundo o relatório executivo da tendo apenas feito negócio com a vest terá ficado em silêncio quando à Ematum (USD850 milhões) e
É importante lembrar que a Palo- Kroll, em Dezembro de 2014, o Privinvest, a quem era enviada a questionada pela Kroll sobre uma ProIndicus (USD622 milhões) e
mar Capital Advisors foi criada por contrato de empréstimo da ProIn- facturação. alegada transferência dos direi- pelo banco VTB à MAM (USD535
Andrew Pearse, um antigo executi- dicus foi reestruturado para au- A Spectre Marine tem no seu we- tos da Palomar para as receitas da milhões), de 2013 a 2014.
vo do Credit Suisse, que interveio mentar o valor autorizado do em- bsite uma secção dedicada a Mo- ProIndicus, quando a Palomar foi Por outro lado, “a auditoria consta-
em algumas das operações com préstimo de 622 milhões USD para çambique, com uma foto da ponte dissolvida. tou que o processo para a emissão
Moçambique a favor das empresas 900 milhões USD (um aumento de de cais de Pemba e as lanchas rá- A Palomar, que se queixou de nun- de garantias pelo Estado parece ser
montadas pelos serviços de segu- 278 milhões USD). pidas fornecidas pela Privinvest. Na ca ter sido contactada pela Kroll na inadequado, sobretudo no que res-
rança. A reestruturação do emprésti- sua apresentação, a Spectre diz que preparação do relatório, a auditoria peita aos estudos de avaliação que
Pearse geriu a unidade do Credit mo introduziu um novo plano de providencia treino e manutenção explicita agora que “a Kroll também devem ser conduzidos, antes da sua
Suisse responsável por emprésti- amortização, mas a lógica para o de equipamentos marítimos. As pediu que a ProIndicus solicitasse emissão”, acrescenta-se.
mos na Europa, Médio Oriente e aumento do valor do empréstimo

Aproveitamentos políticos
África até Junho de 2013, quando não está confirmada (num pedido
deixou essa função para criar a nova de garantia do Governo para o au-
firma a Palomar, que contou com mento era referido que os fundos
um capital inicial da Privinvest. adicionais permitiriam a amortiza-

N
“A Palomar desempenhou o seu ção da dívida do contrato original
papel; na intermediação do con- de empréstimo). ão obstante ser explícito quem foram as de contratos de serviços de segurança para as multi-
trato de empréstimo da MAM em O montante do empréstimo adi- instituições responsáveis pelas “lacunas nacionais envolvidas nas operações do gás natural e
conjunto com ao VTB; na contra- cional, de 278 milhões USD, não do relatório”, constatação que é corrobo- através da actividade da pesca de atum.
tação com as Empresas de Moçam- foi levantado e o Credit Suisse con- rada pela própria PGR, depois da reunião As multinacionais petrolíferas congelaram a maioria
bique e o Ministério das Finanças firmou à Kroll que o empréstimo já do Comité Central (CC) da Frelimo, na última das suas operações, devido ao baixo preço de gás e
da reestruturação dos contratos expirou. A reestruturação envolveu semana, há militantes influentes deste partido que a frota de navios de atum continua a ser um fias-
de empréstimo da ProIndicus e um acordo para o pagamento à Pa- têm vindo a público sugerir que a responsabilida- co e os barcos da Ematum continuam atracados no
da EMATUM (e recebendo taxas lomar de “taxas correntes” num to- de das lacunas é da Kroll. A questão das “lacunas” Porto de Maputo. Segundo o sumário executivo do
para o fazer); e, (no caso da ProIn- tal mínimo de 30,6 milhões USD, é importante pois, nos seus mais recentes pronun- relatório Kroll, as embarcações de pescas não podem
dicus), assumindo a responsabilida- ao longo do prazo do empréstimo. ciamentos, FMI, Banco Mundial e por via de um operar porque não foram renovadas as licenças e o
de pela geração de receitas e pela Recorde-se, que horas após a pu- rascunho (draft) de um documento de concertação pacote de satélites contratado para os primeiros três
contratação para receber uma parte blicação da primeira versão do su- dos doadores divulgado pelo SAVANA, é afirma- anos do projecto expirou.
mário executivo do relatório Kroll, do que é ao Governo a quem compete esclarecer as “Não existe qualquer comprovativo de que tenham
de quaisquer receitas futuras”, su-
a Palomar reagiu, afirmando que o áreas nebulosas do relatório, nomeadamente a so- sido iniciadas negociações para a contratação de um
blinha o documento revisto.
relatório estava incompleto e conti- brefacturação de equipamentos e serviços avaliada novo pacote. Como resultado, os sistemas de radares
Acomodação das críticas nha uma série de afirmações enga- em USD1.200 milhões e a alegada utilização de incorporados em cada unidade não podem comuni-
da Privinvest e Palomar nadoras e erros materiais. USD500 milhões para fins militares. car com os centros de comando centrais e, assim, os
No documento revisto é também “Apesar da oferta da Palomar para Lembre-se que a operação da EMATUM, MAM e bens não podem ser operacionalizados”, sublinha o
indicado que a Palomar recebeu di- reunir com a Kroll, em nenhuma ProIndicus começa a desintegrar-se em 2016, para documento. Ao que o SAVANA apurou, há inicia-
nheiro por ter ajudado a Ematum altura até à divulgação do relatório Moçambique e para os investidores. As três empre- tivas em curso para que os barcos da Ematum sejam
e a ProIndicus a restruturarem as a Kroll pediu qualquer informação sas participadas planeavam pagar as dívidas através vendidos a privados.
suas dívidas. ou procurou colaboração da Palo-
PUBLICIDADE
TEMA DA SEMANA
Savana 04-08-2017 5
SOCIEDADE
6 Savana 04-08-2017

Numa aparente resposta à impaciência de Nyusi

Anadarko promete pisar no acelerador


A
Anadarko anunciou esta semana, Mitch Ingram afirmou consórcio que vai explorar a con-
semana que vai intensifi- que a Anadarko está a registar pro- cessão da Área 1. O consórcio in-
car a criação de condições gressos em relação aos acordos de tegra ainda a Mitsui, com 20% e a
para a tomada da Deci- compra e venda de gás e vai inten- ONGC Videsh, da Índia, detém
são Final de Investimento (DFI) sificar o trabalho necessário para a 16%. O Estado moçambicano con-
numa aparente resposta à impaci- criação de condições de financia- trola 15%, através da ENH, a Bha-
ência do Presidente moçambicano, mento do projecto. rat PetroResources, detém 10%, a
Filipe Nyusi, em relação aos traba- “Esperamos tomar a DFI logo que PTT, 8,5% e a Oil India, 4%.
lhos na bacia do Rovuma liderados os contratos de compra e venda e Na Área 4, a companhia italiana
pela firma norte-americana. o financiamento estejam assegu- ENI anunciou a 01 de Junho do
rados”, prosseguiu Mitch Ingram. ano em curso a sua DFI no valor
Em notícia claramente “reaque- Porém, o SAVANA sabe que este de oito mil milhões de dólares para
cida”, o responsável pela Área do processo avança lentamente e tal a produção de 3,4 milhões de to-
Gás Natural Liquefeito (GNL) da como referido anteriormente, a neladas de gás natural por ano no
Anadarko, Mitch Ingram, conside- DFI é esperada para os próximos seu projecto de GNL de Coral Sul
rou como um marco histórico no 12 meses, ou seja, no segundo se- em plataforma flutuante. A ENI
Presidente da República, Filipe Nyusi e Wilbur Ross, secretário do Comércio dos
mestre de 2018. Estados Unidos da América, aquando da 11ª Cimeira Bienal de Negócios EUA- prevê iniciar a produção de LNG
rumo para a DFI o acordo de con-
A Anadarko, com 26,5%, lidera o África, em Washington, organizada pelo Conselho Corporativo para África-CCA. em 2022.
cessão marítima que a companhia
assinou com o Governo moçam-
bicano. As duas concessões para a
bacia do Rovuma foram aprovadas 7UiÀFRGHPDUÀP

Comandante distrital da PRM em Manjacaze detida


em Conselho de Ministros a 20 de
Junho deste ano.
Nesse sentido, prosseguiu Mi-

A
tch Ingram, a Anadarko vai agora
comandante distrital da pontas de marfim e por motivos de nhã da passada sexta-feira. das do comando distrital e transpor-
empenhar-se no plano de reas- segurança, optou por armazenar os Em conexão com este caso, sete
Polícia da República de tadas numa viatura pertencente ao
sentamento das famílias que serão troféus no comando distrital da PRM agentes da PRM a nível do distrito
Moçambique (PRM) em Presidente da Assembleia Provincial
atingidas pelo desenvolvimento do Manjacaze, província de em Manjacaze. de Manjacaze, incluindo a coman- de Gaza, João Matusse. Fracassaram
projecto de gás da empresa na pro- Gaza, Isaura Munguambe, e mais Segundo o chefe do departamento dante distrital, Isaura Munguambe, esforços para ouvir Matusse. Ao que
víncia de Cabo Delgado, norte de seis agentes, estão detidos desde das Relações Públicas da PRM em estão detidos nas celas desde a passa- apurámos, Matusse está na África do
Moçambique. Gaza, Carlos Macuácua, num pri- da sexta-feira. Sul.
a passada sexta-feira, acusados de
Na carta enviada a 26 de Julho ao meiro momento os polícias a nível Macuácua disse que o comprador já Esta não é a primeira vez em que
tráfico de duas pontas de marfim.
secretário do Comércio dos EUA, do comando distrital da PRM recu- foi identificado, contudo se recusou a
agentes da PRM são acusados de
Wilburg Ross, em que revela im- saram receber as pontas, mas depois revelar o nome, a nacionalidade e os
O caso, que culminou com a deten- envolvimento em esquemas de roubo
mudaram do plano e receberam a en- valores envolvidos na venda das duas
paciência com o arrastamento do ção dos agentes policiais, deu-se no de pontas de marfim ou de cornos de
comenda. Sucede, acrescentou Ma- pontas, alegando que as investigações
projecto da Anadarko, o Presidente passado dia 27 de Julho, do corrente rinocerontes naquela província. Um
cuácua, que durante a noite um dos continuam em curso para a neutrali-
moçambicano refere que a assina- ano, quando uma brigada da força agentes da PRM em parceira com um zar outros envolvidos. dos casos mais reportados data de
tura dos acordos de concessão ma- conjunta composta por uma equipa amigo, trataram de retirar as pontas Questionado sobre o papel de cada 2015, quando dois agentes depois de
rítima é prova de que o Governo já dos Serviços Provinciais da Agri- que foram entregues a um comprador. agente no furto das pontas, Macuá- surpreenderem um furtivo na posse
fez tudo o que estava ao seu alcan- cultura e da PRM escalou o Posto Explica Macuácua que foi neste con- cua referiu que foram detidos aqueles de cornos de rinoceronte aliaram-se a
ce em relação ao projecto. Administrativo de Macuácua para texto que foi feita a denúncia e, ime- que tinham a missão de proteger as ele, venderam o produto e depois re-
Para Filipe Nyusi, seria desejável registar a ocorrência do abate de um diatamente, seguiram as diligências pontas e negligenciaram. Porém, uma partiram o dinheiro. Mas insatisfeito
que a Anadarko fosse mais dinâ- elefante por caçadores furtivos. com vista à neutralização do grupo, fonte próxima da operação afiançou com a quantia recebida um dos agen-
mica na assumpção das suas res- No terreno, a equipa retirou as duas facto que se veio a consumar na ma- ao jornal que as pontas foram retira- tes denunciou o caso.
ponsabilidades.
“Relativamente à Anadarko, efec-
tivamente, o Governo de Moçam-
bique aprovou o Decreto sobre os
Termos e Condições do contrato
de Concessão do Terminal Marí-
timo de Gás Natural Liquefeito.
Neste contexto, e como afirmamos
na nossa reunião em Washington,
da nossa parte, todos os compro-
missos assumidos foram cumpri-
dos, sendo desejável que a Anada-
rko imprima maior dinâmica no
cumprimento das suas responsa-
bilidades”, sublinha Nyusi na carta
– resposta enviada ao secretário do
comércio dos Estados Unidos da
América.
Mitch Ingram disse que a Anada-
rko ainda aguarda que o Governo
moçambicano assine contratos re-
lacionados com as concessões ma-
rítimas e conceda todas as licenças
necessárias para o processo de reas-
sentamento.
“Esperámos que logo que o quadro
legal e contratual seja acordado e o
reassentamento inicie formalmen-
te, estaremos em boa posição para
avançar com acordos de compra e
venda, que são uma componente
essencial para a nossa Decisão Fi-
nal de Investimento”, afirmou Mi-
tch Ingram.
Num comunicado que emitiu esta
PUBLICIDADE
SOCIEDADE
Savana 04-08-2017 7
SOCIEDADE
8 Savana 04-08-2017

Comunidades aborrecidas com Açucareira de Xinavane

Barulho no canavial
Por Armando Nhantumbo (texto) e Júlia Manhiça (fotos)

É
mais um braço de ferro entre cultivo da cana-de-açúcar por parte da os jovens de Chichachanduco jamais
nativos e uma multinacional a firma sul-africana. iriam à África do Sul, enfrentado cães
operar em Moçambique. No Na altura, foram apresentadas diversas e homens armados e todos os riscos
caso é a sul-africana Tongaat promessas para a melhoria das suas à busca de emprego no país vizinho
Hulett, ou simplesmente, Açucareira condições de vida, desde emprego, porque seriam empregados pela Açu-
de Xinavane, acusada pelas comuni- educação, saúde, água, entre outros careira.
dades de Chichachanduco [localidade benefícios. Mas diz que todos ficaram surpreen-
de Chicuco], 17 km a sul da vila sede Mas nove anos depois, esse “futuro didos quando, no dia seguinte, viram
do distrito de Magude, de ter usur- risonho” não chegou em Chichachan- máquinas pesadas a destruírem suas
pado terras para o fomento da cana- duco e as comunidades vêem-se enga- machambas com culturas diversas.
-de-açúcar, atirando à miséria aqueles nadas não só pela multinacional sul- Nove anos depois, diz que nada disso
que tinham na agricultura a sua base -africana, mas também pelo próprio aconteceu. Refere que só quem teve
de sobrevivência. Governo distrital, acusado de protec- sorte é que recebeu 200 Meticais a 5
cionismo a favor da empresa, tal como mil como compensação. “Eu só traba-
O diferendo arrasta-se desde 2008 o partido Frelimo ao nível do distrito. lhei na empresa durante três meses e
quando a Tongaat Hulett anexou cer- Ao que os entrevistados disseram à depois disseram que não querem ve-
ca de 950 hectares de terra que era nossa reportagem, perante o diferendo, Revoltados serem usadas para o plantio de cana. lhos”, conta, acrescentando que, mes-
explorada pelas comunidades locais, a Açucareira de Xinavane cooptou um Laurinda Maholela não conhece a sua Às nossas reclamações, Cavele disse mo os jovens foram mais tarde afas-
no quadro do plano da empresa para grupo minoritário, cerca de 63 pessoas idade, mas um velho cartão de eleitor que nada podia fazer porque também tados da empresa e só são contratados
o aumento da sua capacidade de pro- que, em nome de toda a comunidade, diz que ela nasceu em 1950. Guarda estava a cumprir ordens de Maputo”, sazonalmente.
dução de açúcar para mais de 208 mil cerca de 400, terá recebido 10 milhões lembra Laurinda Maholela. “Já não produzimos nada. É só sofri-
frustrações de promessas não cum-
toneladas em uma estação de esmaga- de Meticais em compensações. Segundo ela, na ocasião, a empresa mento aqui. Quem está a viver bem
pridas. “Chamaram-nos em 2008 e o
mento de 32 semanas. Conhecido como o “grupo dos esper-
administrador Zeferino Cavele disse prometeu compensar as comunidades, são os espertos que foram a Magu-
A Tongaat Hulett é uma empresa sul- tos”, a Associação dos “cooptados” in-
que as nossas machambas eram para ao mesmo tempo que garantia que de e tiveram benefícios em nosso
-africana que, para além dos 88% que tegra Jossefa João Timba, o secretário
detém na Açucareira de Xinavane, é do círculo, como são designados os
também o accionista maioritário da representantes da Frelimo ao nível da
Açucareira de Mafambisse, em Don- base.
do, Sofala, com uma participação de Trata-se de um grupo que se consti-
85%. As restantes participações em tuiu numa Associação que serve de in-
ambas empresas são detidas pelo Go- terlocutor válido da empresa e lhe foi
verno de Moçambique. indicada ainda uma área de 57 hecta-
Em 2002, a Tongaat Hulett Açúcar, a res onde desenvolvem suas actividades
subsidiária moçambicana da sul-afri- agrícolas.
cana Tongaat Hulett, adquiriu o cana- O acordo, que os queixosos conside-
vial de Xinavane, situado nas margens ram de “fictício”, data de 10 de Julho
do rio Incomati, 152 km a noroeste de de 2012 e tem visto da então adminis-
Maputo. tradora de Magude, Cristina de Jesus,
que dirigiu o distrito mais a norte da
E é, justamente, nessas terras férteis do
província de Maputo, de 2010 a 2015.
Incomati que, no âmbito do aumento
Documentos a que o SAVANA teve
da sua capacidade de produção, a em-
acesso comprovam que o caso é do
presa tomou áreas onde as comunida-
conhecimento de vários órgãos do
des produziam diversas culturas, desde
Estado, desde o Governo distrital de
milho, batata até feijões.
Magude, o Governo provincial de Ma-
São cerca de 400 pessoas que, sem
puto e, particularmente, na pessoa do
mais acesso às terras férteis ao largo do
próprio Governador, o Ministério da
Incomati, hoje desenrascam na zona
Terra, Ambiente e Desenvolvimento
alta, de terra pantanosa e inadequada
Rural e, particularmente, na pessoa
para a agricultura.
do ministro e da Inspecção Geral, até
O que antes era zona de pasto, num à Procuradora-chefe de Maputo e a
distrito onde há mais bois, cerca de 80 Procuradora-geral da República, mas
mil cabeças, que pessoas, cerca de 65 as comunidades continuam sem res-
mil habitantes, é hoje a única alterna- posta. Nem o Comité Central da Fre-
tiva onde as comunidades devem ga- limo, muito menos o secretário-geral
rantir a vida. do partido, satisfizeram a queixa das
Mas nem as cabeças escapam à “maldi- comunidades que agora estão de costas
ção” do açúcar. Os criadores queixam- voltadas contra tudo e todos. As co-
-se de muitas perdas de bovinos, sem- munidades falam de ordens superiores
pre que despistam e consomem o verde e suspeitam o envolvimento de altos
pulverizado com produtos químicos interesses como um dos bloqueios às
bem como águas envenenadas. suas reivindicações.
Como consequência do que chamam E agora equaciona-se o bloqueio das
de usurpação de suas machambas, as vias de acesso usadas pela Açucareira,
comunidades relatam bolsas de fome numa reivindicação pacífica, embora
que os obrigam a consumir produtos a experiência passada seja amarga. Foi
silvestres como forma de enganar o em 2010 que as comunidades tenta-
estômago. ram paralisar a área em contenda no
São depoimentos feitos, esta semana, canavial, mas a resposta foi um contin-
ao SAVANA, que esteve em Chi- gente de forças de armas, incluindo a
chachanduco, mais precisamente em unidade anti-motin (Unidade de In-
Maholela, como é chamada a pacata tervenção Rápida), despachados para
povoação, tradicionalmente, habitada dispersar os manifestantes.
pelos “Moholelas”, nas proximidades
de uma antiga estacão ferroviária da
era colonial, hoje aos escombros.
Revoltadas, as comunidades dizem-se
vítimas de aldrabice por parte da Açu-
careira de Xinavane.
Em primeira mão, contam que tudo
começa em 2008, quando o então
administrador de Magude, Zeferino
Cavele, que dirigiu os destinos do dis-
trito entre 2005 e 2010, acompanhado
por representantes da Tongaat Hulett,
convocou as comunidades para anun-
ciar o plano de expansão da área de Laurinda Maholela
SOCIEDADE
Savana 04-08-2017 9

nome”, depõe Laurinda Maholela. 1940 que nasceu. “Quando a empresa


Ferreira Salvador, 67 anos, também chegou prometeu trabalho, mas depois
nativo de Maholela, é um outro re- varreram nossas machambas, através
positório de angústias. “A nossa recla- de máquinas. Não vimos nenhum be-
mação aqui é em relação a Tongaat. nefício, mas sim sofrimento. Não te-
Quando chegaram nos aldrabaram, di- mos nada e estamos a morrer a fome”,
zendo que íamos viver bem, mas nunca diz, lembrando que nessa operação
vimos essa vida melhor. Levaram-nos perdeu batata-doce, papaieiras, entre
machambas e plantaram cana e nós outras culturas.
não temos fonte de sobrevivência. Es- “Não conheço minha idade, só sei
tamos a sofrer”, testemunha Salvador, viver” diz Catarina Cossa que, logo a
que exige inclusão na cadeia de produ- seguir, acrescenta: “estamos a morrer a
ção da Açucareira de Xinavane. fome. A terra fértil levaram e relega-
Júlio João também não conhece a sua ram-nos para esta zona improdutiva”.
idade, mas seu documento de identi- Para Francisco Munhlovo, “se há pes-
ficação esclarece: nasceu em 1940. Se soas que falsificaram documentos e
a memória não gravou o ano do seu estão aqui, então porquê o Governo
nascimento, não pôde tampouco se não nos reúne para se encontrar uma
esquecer do ano de 2008, que mudou solução definitiva?” Ironicamente, diz
a sua vida. que muitas pessoas que saíram da co-
“Chegaram com o administrador e munidade para ir reivindicar junto da
disseram que querem acabar com a empresa “voltaram coxeando por causa
nossa pobreza, mas o que nos espan- de corrupção”, em referência ao alicia-
tou é que no dia seguinte estavam a mento feito pela Açucareira.
destruir as nossas machambas, com Um outro nativo vai ironizar: “nem
presença policial para proibir qualquer açúcar temos”, na terra onde se produz
reacção popular. Prometeram a criação aquele derivado de cana.
de uma associação comunitária, mas a
associação que há é só essa fictícia de “Bem ou mal, mas foram
63 membros. Só ouvimos que há pa- indemnizados”
péis que assinaram e estamos a receber, O SAVANA foi até à sede da Tongaat
mas na verdade não estamos receber a Hulett, em Xinavane, mas a direcção
nada. A população está a sofrer”, nar- da empresa recusou-se a receber o nos-
rou João. so Jornal. Depois de cerca de 10 minu-
Por sua vez, António Chirindza, 52 tos de concertação interna, a direcção
recomendou-nos a contactarmos as
autoridades locais, na pessoa da chefe
do Posto Administrativo de Magude-
-sede.
Respondemos à empresa que acabáva-
mos de entrevistar a chefe do Posto e,
sem nenhuma outra manobra sofistica-
da, lá veio o pretexto mais barato: que
a empresa não pode falar à imprensa
porque está à espera da comunicação
oficial das reclamações das comunida-
des, por parte da chefe do Posto Ad-
ministrativo de Magude-sede.
Mas, curiosamente, a chefe do Posto
tinha reconhecido o caso a este sema-
nário.
Luísa Maria Carlos Luísa Maria Carlos informou que,
anos, acusa o Governo distrital e a logo quando chegou ao cargo, em
Frelimo ao nível de Magude de serem 2011, encontrou uma população revol-
coniventes com a Açucareira. tada contra a empresa.
“Há muitos desmandos aqui. Estamos Luísa Maria Carlos reconhece que não
a votar na Frelimo, mas não somos ou- houve consultas comunitárias, muito
vidos. As pessoas que nos traem vivem menos algum documento formali-
connosco. Aqui quem está a reinar é o zando o entendimento da empresa e
secretário do círculo. Ele é que está a as comunidades, mas diz que houve
gerir tudo sem mesmo a presença de compensações.
régulo. O primeiro secretário distrital “Bem ou mal, mas a empresa fez a in-
[da Frelimo] é o chefe dos usurpadores demnização”, disse. Referiu ainda que
das nossas terras. Há muita impuni- a Tongaat Hulett satisfez o pedido da
dade e a empresa até diz que nada vai população para a criação de uma Asso-
acontecer”, atesta Chirindza. ciação, mas só conseguiu associar parte
“Prometeram um desenvolvimento da população, por falta de espaço para
fora de sério, aqui, porque não era bom abranger a todos.
que nossos filhos violassem a fronteira Afirma que os outros que não foram
para África do Sul à procura de em- abrangidos terão de aguardar porque a
prego. Mas não há desenvolvimento multinacional sul-africana ainda está à
procura de novos espaços para atribuí-
nenhum, pelo contrário, trouxeram
-los.
desgraça. Nos seus relatórios dizem
Mas a chefe do Posto Administrativo
que construíram fonte de água, mas é
de Magude-sede tem um porém. Diz
um poço com água salubre, portanto,
que há um grupo que se está a apro-
estamos a beber água imprópria para
veitar do desespero das comunidades,
o consumo humano. Dizem que cons-
protagonizando extorsões, alegada-
truíram escola, mas só foi conclusão de
mente, para custear o processo de bus-
salas de professores numa escola que ca de solução.
já existia” desabafa, lembrando que, “Quando entendem, eles fecham es-
quem conclui a 7ª classe, deve percor- tradas e queimam machambas”, con-
rer 17 km para a vila de Magude para tra-atacou Luísa Carlos, acusando o
prosseguir com os estudos no ensino que chamou de “grupo de senhor Gu-
secundário. lamo” de instrumentalizar a população
Por sua vez, Carlos André, 57 anos, e instigar a violência.
afirma que não há ganhos e lembra a O administrador de Magude, Láza-
reivindicação de 2010 que foi reprimi- ro Mbambamba, disse desconhecer o
da por força policial e militar. assunto. Aliás, foi Lázaro Mbambam-
“Trouxeram armas e tivemos de fugir e ba que nos remeteu à chefe do Posto
entrar no rio. Muitos foram chambo- Administrativo de Magude-sede. Mas
queados e outros levados à cadeia”, diz. Mbambamba anotou que é estranho
“Não ganhamos nada com a chegada que as comunidades tenham recorrido
desta empresa. Só nos veio castigar”, à imprensa e não ao Governo distrital.
alinha Sebastião Chemo, 63 anos. Mas documentos em nosso poder in-
Carolina Maholela também não sabe dicam que o caso foi remetido ao Go-
dizer quantos anos tem, mas o seu verno distrital de Magude, muito antes
Bilhete de Identidade diz que foi em da chegada de Mbambamba, em 2016.
SOCIEDADE
10 Savana 04-08-2017

Ecos da reunião preparatória do Congresso da Frelimo

Fuzis reservados para Setembro


Por Armando Nhantumbo e Raul Senda

À
semelhança de todos os gularidades capazes de indiciar crime,
encontros da cúpula da pelo que é tempo de se deixar a justiça
Frelimo, dirigidos por Fi- trabalhar no espírito de separação de
lipe Nyusi, a VI Sessão poderes.
Ordinária do Comité Central (CC) Numa altura em que o país vive a
do partido no poder não atacou de maior crise financeira de sempre, mui-
frente os pontos mais fracturantes da to por conta das chamadas “dívidas
organização. Filipe Nyusi saiu bem, ocultas”, Filipe Nyusi disse que a agen-
mas sem futuro claramente definido, da do país não se resume ao assunto da
nomeadamente, se será ou não candi- dívida externa.
dato natural da Frelimo para as presi- A crítica às instituições externas foi
denciais de 2019. feita por Tomaz Salomão, o elemento
do Comité Central que em público es-
Moções de saudação e cânticos enfa- teve em mais evidência que o próprio
donhos voltaram a estar na ordem do porta-voz da reunião. Tomaz Salo-
dia durante a sessão que, desta vez, teve mão, que é PCA local em duas mul-
lugar no Centro de Conferências Fili- tinacionais de raiz sul-africana, lançou
pe Jacinto Nyusi, na Avenida Lurdes recados à comunidade internacional,
Mutola, no bairro do Zimpeto, nos ar- sobretudo, ao Fundo Monetário Inter-
redores da capital moçambicana. nacional (FMI).
Com as confrontações decisivas, outra Sem esconder a sua frustração com a
vez adiadas para o conclave da Matola, punição dos parceiros de cooperação,
a ter lugar de 26 de Setembro a 1 de que em 2016 suspenderam em bloco
Outubro próximos, a VI Sessão Ordi- seus apoios financeiros ao Orçamento
nária do CC, inicialmente, agendada do Estado moçambicano, Tomaz Sa-
para três dias, de 5ª feira até sábado, Dos três programados, os camaradas só precisaram de dois dias para fechar a agenda da VI Sessão Ordinária do CC lomão precisou que o país não pode
foi reduzida a dois dias e, às 17:30h ficar preso aos apetites dos parceiros
de sexta-feira, o presidente do partido, aprovação dos documentos orienta- cimento da coesão interna, preservan- “Temos consciência de que o país está de cooperação. Disse que o país está
Filipe Nyusi, tomava a palavra para dores para a mega reunião de daqui a do valores éticos e os princípios que a enfrentar problemas de vária ordem. nas mãos dos moçambicanos, que tudo
o discurso de encerramento. Se nas cerca de mês e meio. marcaram a Frelimo desde o início. O nosso povo debate-se com proble- devem fazer para que o país não pare,
sessões mais polémicas os camaradas “O Comité Central está pronto a re- A OMM concentrou a sua mensagem mas de custo de vida, falta de investi- engajando-se, sobretudo, no aumento
batem-se até altas horas da noite, desta portar ao Congresso”, precisou Filipe no apelo ao diálogo para a busca de mentos, alta de preços de produtos bá- da produção e da produtividade. Bom-
vez tiveram tempo de sobra. Nyusi, na hora de encerramento da uma paz definitiva. No seu discurso, sicos, transporte público inadequado, bástico, Salomão disse que se os doa-
Esta reunião preparatória do concla- reunião. a secretária-geral daquela organização mas pedimos aos camaradas para não dores quiseram continuar com o país,
ve foi pacífica para Filipe Nyusi, mas No ponto sobre os estatutos, os ca- feminina da Frelimo, Teresinha Ni- nos desviar da agenda do programa da que continuem, mas caso não queiram,
segundo membros do órgão ouvidos maradas discutiram, no Zimpeto, a quice, contornou o ex-presidente da reunião, devemos concentrar nossas Moçambique não pode parar. Chegou
pelo jornal, não está completamente proposta para a atribuição de estatuto República, Armando Guebuza, e des- atenções na agenda do nosso encon- mesmo a dizer que “já vimos até onde
garantido o seu futuro para 2019 (ano especial aos fundadores da Frelimo, tacou o papel de Joaquim Chissano e tro”, disse. vai o FMI”, pelo que, Moçambique vai
eleitoral). Resta-lhe o Congresso para bem como o ajustamento das estatís- Filipe Nyusi na busca da paz. Aos críticos da sua governação, Nyusi ter de encontrar formas de caminhar
se impor como candidato natural da ticas sobre os membros do partido, que “Encorajamos o presidente Nyusi a com seus próprios pés, incluindo o in-
atirou: “quem entra numa coutada para
Frelimo às eleições presidenciais. Eis o falam de mais de 4 milhões, o que não manter o espírito de diálogo para a cremento da cobrança de receitas. “Vai
caçar legalmente, apenas se preocupa
ponto mais fracturante do Congresso se reflecte nas eleições, o que sugere a busca de uma paz definitiva para o doer, vai custar, mas este é o caminho.
com o animal que está autorizado a
do próximo mês, numa altura de con- existência de membros fantasmas. país. Por causa do seu engajamento na Devemos usar a crise para fazer coisas
flitos latentes entre a ala do actual pre- abater, não atira pedras aos pássaros.
Enquanto isso, na 5ª feira, dia de aber- busca da paz, as mulheres da Frelimo Por isso nós estamos concentrados no correctas. O país está aqui há 50 anos
sidente e do seu antecessor, Armando tura, antes do discurso do presidente vão oferecer dois quadros, um para o e tem de estar nos próximos 50 anos.
Guebuza. nosso rumo”.
da Frelimo, as organizações sociais do presidente Chissano e o outro para o Um país não é uma coisa que desapa-
Para além da sucessão de Filipe Nyusi,
partido desfilaram pelo pódio apresen- presidente Nyusi. É a forma que en- Dívidas ocultas rece de um dia para o outro”, desaba-
assunto sensível é também a reestrutu- Num tom que surpreendeu muitos fou o economista. Na linha que parece
tando mensagens de exaltação da figu- contrámos para manifestar a nossa
ração dos órgãos mais importantes do participantes na reunião, na hora de ter emergido depois desta reunião do
ra de Filipe Nyusi. satisfação pelo esforço que fizeram e
partido, nomeadamente, a Comissão
A Associação dos Antigos Comba- fazem para a paz. Ao presidente Gue- encerramento, o timoneiro do partido CC, a Kroll, e não as instituições mo-
Política (CP) e o Comité Central. Na
tentes da Luta de Libertação Nacional buza, também vai um quadro em agra- no poder falou das “dívidas ocultas” e çambicanas é responsabilizada pelas
Escola Central do partido, na Matola,
(ACLLN), liderada pelo espalhafatoso decimento ao seu espírito construtor”, do dossier Kroll. Disse que o relatório lacunas patentes no relatório de audi-
Nyusi quererá montar uma Frelimo ao
Faustino Francisco, desta feita, pautou frisou Niquice. divulgado pela Procuradoria-geral da toria às empresas Ematum ProIndicus
seu gosto, colocando os seus fiéis em
posições estratégicas, o que pode ser o por um discurso mais reconciliatório Como é característico, a organização República (PGR) aponta haver irre- e MAM.
fim da linha para os seguidores de Ar- em relação à questão da paz e apelou mais seguidista da Frelimo, a OJM,
ao diálogo para a resolução do diferen- destacou-se pela elevação de elogios

O Estado vermelho
mando Guebuza, que continuam a ter
espaço no partido e no Estado. do entre o governo e a Renamo. ao presídio da reunião. Sob liderança
É também líquido que os dossiers da Faustino concentrou o seu discurso de Mety Gondola, a OJM entoou cân-
ticos como: “Nyusi é quem comanda…

T
paz e o relacionamento com a comuni- dentro da própria Frelimo, enaltecen-
dade internacional doadora só conhe- do a necessidade do partido no poder Nyusi é o líder”.
al como já é hábito, a reu- Pelos bairros foram também mo-
cerão maior vigor depois do Congres- desde a independência nacional, resga- Sem mencionar o nome de Armando
nião do CC da Frelimo bilizadas senhoras da Organização
so, se Nyusi sair de “mãos mais livres” tar os princípios que nortearam a sua Guebuza, que estava mesmo ao lado
que decorreu na cidade da Mulher Moçambicana (OMM)
para impor o seu próprio ritmo nestes criação e definir-se como uma organi- do pódio onde discursava, Gondola
de Maputo, mais uma vez e transportados em autocarros das
dois assuntos fulcrais para o país. zação puritana. saudou Filipe Nyusi e disse que em
mexeu com o funcionamento de empresas municipais dos transpor-
Foi assim a antecâmara do Congresso Para o secretário-geral da ACLLN, o nome dos jovens da Frelimo mani-
Estado moçambicano. tes públicos.
que serviu, fundamentalmente, para a partido deve se concentrar no fortale- festava o orgulho da juventude pela
governação sábia e brilhante do presi- Foram centenas de meios públicos Depois de terminarem a maratona
dente Nyusi. mobilizados dentre autocarros das das saudações, na sessão de aber-
Sem indicar os problemas que a juven- empresas municipais de transporte tura, na 5ª feira, foram distribuído
tude está a passar no país, mormente, o públicos, ambulâncias, viaturas de a cada um dos integrantes desses
desemprego, a falta de habitação, fraca polícia e agentes de todas espe- grupos, refrescos e sandes.
qualidade de educação e dos efeitos cialidades, serviços nacionais de Os membros do Governo, ao ní-
colaterais das dívidas ocultas, o “cin- bombeiros, para além de serviços vel central, os governadores pro-
zento” Gondola destacou as realiza- especiais da empresa Eletricidade vinciais, reitores das universidades
ções do Governo e referiu que o actual de Moçambique. públicas, executivos das empresas,
estadista tem conseguido contornar as Os recursos humanos também fo- institutos e fundos públicos entre
adversidades que o país atravessa. ram movimentados em massa. outras figuras ligadas à adminis-
“A liderança clarividente de Nyusi está Por exemplo, para as moções de tração pública, marcaram presença
a melhorar a vida dos moçambicanos. saudações aos membros do CC em peso na reunião.
Hoje é notável a baixa de produtos bá- foram mobilizadas, em diferentes Cada uma destas figuras levava
sicos no mercado, o metical está a esta- bairros da periferia de Maputo, consigo viatura institucional, mo-
bilizar-se. Isso é prova duma direcção crianças, em nome da Organização toristas e ajudantes de campo.
sábia do presidente Nyusi”, elogiou. dos Continuadores Moçambica- Também foi notável a presença de
Na abertura, Filipe Nyusi apelou aos nos (OCM) e milhares de jovens alguns analistas pró-governamen-
colegas para não arrastar o encontro em representação a Organiza- tais, entre novos recrutas e a velha
para questões fora de agenda e man- ção da Juventude Moçambicana guarda vinda do agora moribundo
dou recados aos críticos da sua gover- (OJM). G40.
Filipe Nyusi ainda não é candidato natural da Frelimo às presidências de 2019 nação.
PUBLICIDADE
SOCIEDADE
Savana 04-08-2017 11

Pague 2 Meses
do seu Pacote preferido
e ganhe 2 semanas grátis

NOVO 165 MT SMART 440 MT


BÁSICO 330 MT SUPER 880 MT
CLÁSSICO 660 MT CHINÊS 1500 MT
ÚNICO 880 MT

*Promoção válida de 1 Julho a 31 de Agosto de 2017

www.startimestv.com
Todos os direitos são reservados pela StarTimes
INTERNACIONAL
12 Savana 04-08-2017

Congresso protege Michel Temer


U
ma prova de como o Con- estimava a bancada do Partido dos delidade (e da maioria dos parlamen- nenhum movimento para prejudicar o novas denúncias contra o Presidente,
gresso do Brasil vive numa Trabalhadores (PT), ou nas palavras tares) ao actual Governo. Os jornais Presidente”, prometeu à GloboNews. por organização criminosa e obstru-
realidade alternativa à do do deputado José Guimarães, “espera- brasileiros têm dado conta do avolu- Além de mudanças súbitas na táctica ção da justiça. O Procurador-geral,
comum dos brasileiros: mos um Inverno longo e tenebroso”. mar da tensão entre os dois líderes, e no humor dos aliados, a presidência Rodrigo Janot, que Temer considera
segundo as sondagens, 81% da po- “Ainda não temos os 342 votos, mas provocando algum nervosismo. Maia de Michel Temer continua “refém” do um inimigo, termina o mandato em
pulação concorda que o processo cada vez mais deputados dizem que pôs fim aos cochichos com uma entre- avanço da Lava Jato e das decisões meados de Setembro e já avisou: “En-
aberto contra o Presidente da Repú- vão votar contra a corrupção”, com- vista em que reproduziu um ralhete da do Ministério Público em função das quanto houver bambu, vai ter flecha.
blica, Michel Temer, indiciado pela pletava Alexandre Molon, eleito pela sua mãe, que lhe lembrou o valor da “bombas” das delações. Segundo a im-
Procuradoria-geral por suspeitas de Rede Sustentabilidade, o movimento lealdade. “Não haverá da minha parte prensa brasileira, são esperadas duas (Publico.pt)
corrupção, deve seguir o seu rumo na criado pela ecologista Marina Silva.
Justiça até às últimas consequências. Esse era o número do dia: só com a
No entanto, mais de metade da Câ- presença de 342 dos 513 parlamenta-
mara dos Deputados entende que o res é que a votação do relatório podia
chefe de Estado deve ser preservado ser iniciada; só 342 votos contra (o
de uma investigação que, a chegar ao arquivamento da denúncia) levariam à
fim, obrigaria o país a empossar um abertura de uma acção penal contra o
terceiro Presidente em menos de dois Presidente. Para “salvar” Temer, a base
anos. aliada do Governo precisava de ga-
rantir que pelo menos 172 deputados
Acusado de corrupção passiva depois endossassem o relatório saído da Co-
de ter sido gravado pelo empresário missão de Constituição e Justiça, con-
Joesley Batista – dono de um dos trário à admissibilidade da denúncia
maiores conglomerados do Brasil e e prosseguimento das investigações.
um dos delatores da Operação Lava “Vamos conseguir mais de 257 votos.
Jato – a negociar favorecimentos e o Temos um número bastante consoli-
pagamento de subornos através de dado”, antecipava o deputado do PP
intermediários, Michel Temer seria Júlio Lopes, vice-líder do Governo, no
afastado do cargo se a denúncia do arranque da sessão.
Ministério Público contra si recebes- A probabilidade de um golpe de tea-
se luz verde do Supremo Tribunal tro ou uma revolta de última hora era
Federal, a instância que sanciona to- baixa, mas ainda assim houve algumas
dos os processos contra eleitos. Se o surpresas. Da liderança do PSDB,
Presidente for chamado a responder partido que integra o Governo Te-

na Justiça por um crime comum, não mer com quatro ministérios, saiu uma
escapará de um processo de impeach- orientação de voto a favor da denúncia
ment, como o que enfrentou a sua an- contra o Presidente, acompanhada da
tecessora Dilma Rousseff – julgada e garantia de tolerância para os depu-
destituída pelo Congresso sem nunca tados que desrespeitarem a disciplina
ter sido arguida numa acção penal. de voto. A posição ambígua reflecte
Tal como há 14 meses, 60% dos de- a divisão no interior do partido sobre
putados que se vão pronunciar sobre a permanência ou o desembarque do
a idoneidade do Presidente já foram Governo – de tal maneira, que a deci-
condenados ou são igualmente argui- são sobre a presidência da sigla, dispu-
dos ou suspeitos de crimes e ilícitos. tada pelos senadores Tasso Jereissati e
Também hoje, como nessa altura, o Aécio Neves foi adiada para depois da
ocupante do palácio do Planalto é o votação. Tasso é apologista da saída do
político mais impopular do Brasil (ali- Governo; Aécio aliou-se a Temer.
ás, nesse quesito Michel Temer, com
apenas 5% de aprovação, bate Dilma Refém da Lava-Jato
Rousseff aos pontos). No entanto, O número final de votos era impor-
o contexto social e as circunstâncias tante para aferir o “tamanho” da crise
económicas e políticas, ao contrário política e perceber até que ponto o
de 2016, não favorecem uma mudan- apoio parlamentar do Presidente se
ça drástica no Governo: nenhum de- desgastou com o escândalo: isto é, se
putado teve de lidar com piquetes de terá condições de recuperar a inicia-
manifestantes à entrada do hemiciclo. tiva e garantir a aprovação das refor-
Apesar da rejeição ao Presidente, não mas – fiscal, da segurança social ou
há, nem para a oposição, nem para a do sistema político – prometidas aos
base aliada do Governo no Congresso, brasileiros. Geraldo Alckmin, o go-
um incentivo óbvio para derrubá-lo. vernador do estado de São Paulo que
Austeridade fica para depois nunca escondeu as suas ambições pre-
Experiente e astuto, Michel Temer es- sidenciais, defende que o seu PSDB
queceu a ordem de austeridade do seu deixe cair o Governo se Temer não for
Governo e abriu a torneira do Orça- capaz de aprovar o chamado pacote da
mento para financiar projectos e dis- Previdência nos próximos dias e a re-
tribuir cargos pelas bancadas mais in- forma política não avançar dentro de
fluentes do Congresso, os ruralistas e o um mês.
centrão. Para garantir a sobrevivência, A agenda reformista também é o ar-
o Presidente exonerou 11 dos 12 mi- gumento invocado pelo presidente
nistros que foram eleitos deputados, da Câmara dos Deputados, Rodrigo
e que regressarão ao Governo depois Maia, o primeiro na linha de sucessão
da votação. “O dia vai ser comprido”, da Presidência, para manter a sua fi-
PUBLICIDADE
SOCIEDADE
Savana 04-08-2017 13

OBSERVATÓRIO DO
MEIO RURAL
ASSEMBLEIA GERAL
São convocados os Membros
do Observatório do Meio Ru-
ral (OMR) para Assembleia
Geral a realizar-se no dia 05
de Setembro de 2017, às 16:30
horas, na Universidade Poli-
técnica, edifício da ESAEN
Nr879, na cidade de Maputo.
A ordem de trabalhos será a
seguinte:
1. Análise e Aprovação do Re-
latório anual de 2016.
2. Apresentação e Aprovação
do Relatório de 2017 e ba-
lanço do primeiro semestre.
3. Diversos.
Maputo, 01 de Agosto de 2017
NO CENTRO DO FURACÃO
14 Savana 04-08-2017 Savana 04 -08-2017 15

,QYHVWLJDomRGHWHFWDYLRODo}HVGHOLEHUGDGHGHLPSUHQVDQDV]RQDVGHFRQÁLWRDUPDGR

Ordem para o silêncio*


O
ambiente vivido pelos jor- abstivessem de passar informação de 2016, quando a casa do jornalista e rádio divulgava as realizações do gover- Obrigado a revelar as suas Morrumbala-Zero, Morrumbala-Sabe e Por seu turno, o delegado político
nalistas das rádios comu- sobre o conflito armado, mesmo ha- então coordenador da Rádio Catandi- no do dia. Os da Renamo nos convida- fontes no meio de três ho- outros troços. Nós não chegámos a repor- distrital da Renamo em Morrumba-
nitárias localizadas nas vendo, diariamente, nos seus distritos, ca, John Chekwa, foi atacado por oito vam para os seus comícios e nunca par- mens armados tar isso nem um dia”, contou um jor- la, Carlos Cordeiro Tomo, denunciou
regiões de conflito armado, postos administrativos e localidades, homens armados que se supõe serem ticipamos para fazer a cobertura porque Um dos jornalistas conta o terror que nalista da rádio comunitária de Mor- que ele e os demais membros do seu
particularmente no centro do país, onde eles operam e residem, matéria elementos das Forças Armadas de tínhamos medo de ser dado nomes pelo viveu, quando foi solicitado ao coman- rumbala. partido foram banidos da rádio, não
é descrito como de terror. Uma in- sobre o conflito. Moçambique. Os homens agrediram partido no poder. Estávamos sempre li- do da Polícia para onde foi colocado Durante 2016, em Morrumbala hou- podendo ser entrevistados para emi-
vestigação do MISA Moçambique, Por uma questão de segurança, seja e ameaçaram de morte o filho do jor- vres, não tínhamos medo porque não es- no meio de três homens armados e ve confrontos militares entre as tropas tirem as suas opiniões e até mesmo
realizada em 10 rádios comunitá- física assim como laboral, omitimos, nalista e o seu amigo, que se encontra- távamos cobrir eventos de outro lado mas obrigado a revelar as suas fontes. do Governo e da Renamo, causando para fazerem uma publicidade paga
rias das províncias de Manica, Tete nesta investigação, os nomes das nos- vam no interior da residência, exigin- não por desejo.” “Nos finais de 2015, ocorreram al- milhares de deslocados. Escolas fo- não eram admitidos.
e Zambézia, abrangendo o período sas fontes. do que lhes indicassem o paradeiro do Curiosamente, quer a rádio comuni- gumas mortes selectivas de cidadãos ram encerradas, hospitais atacados e
entre 2014 e 2016, revela que diversos pai. Esta situação assustou os jornalis- tária de Espungabeira assim como a indefesos no posto administrativo de saqueados.
jornalistas das rádios comunitárias Contexto favorável tas da rádio: de Sussundenga, pertencem ao ICS, Sena (Sofala). Quando fomos ao en- “Quero-lhe ser honesto! Nós nunca íamos Expostos e sem protecção
foram silenciados, ameaçados, inti- As crises político-militar, caracteri- um organismo do Estado, controlado atrás da informação nas zonas de conflito Durante o período do conflito arma-
“Esta acção ameaçou a nossa liberda- contro da polícia para reagir, esta de-
zado pelos confrontos armados; eco- armado. Durante o conflito não estáva- do, foi, porém, notável a ausência de
midados e censurados. Tais acções de de imprensa, todos os jornalistas fi- pelo Governo, através do GABINFO. clinou prestar quaisquer declarações
nómicas que resultam de descobertas mos livres de publicar a informação sobre uma acção urgente, seja individual ou
foram directamente encabeçadas pe- caram com medo de publicar qualquer Aliás, os delegados provinciais do ICS sobre os casos. Publicámos a repor-
de dívidas ocultas e a consequente re- este conflito, mesmo havendo vontade de coordenada, da sociedade civil para
los dirigentes públicos, membros do notícias sobre guerra. Ameaçavam-nos são simultaneamente representantes tagem. Depois da publicação de algu-
tiradas dos doadores; e as sociais que exercer a nossa missão de informar”, dis- proteger o exercício da liberdade de
partido no poder e, em alguns casos, nas ruas dizendo que se a rádio conti- do GABINFO nas suas províncias. mas entrevistas na comunidade sobre
assolaram o país em 2016, o que re- Imprensa. Nenhuma organização in-
por agentes do estado disfarçados de nua publicar estas notícias de guerra, Estranho ou não, foram as rádios do a ocorrência dos casos, eu pessoalmen- se o mesmo jornalista.
sultou em secas e fome, das piores dos terveio publicamente para defender o
desconhecidos mas que agem em de- os jornalistas vão sofrer. Durante este ICS que sofreram as maiores priva- te fui solicitado pela polícia e cerca- Em Morrumbala, foi decretado um
últimos 30 anos; foram factores quer direito dos jornalistas de exercer livre-
fesa dos interesses da elite política. período, cada um já tinha medo de ções, ameaças e censuras nas zonas do do por três homens armados até aos recolher obrigatório durante a escala-
propiciaram um ambiente favorável mente o seu trabalho.
qualquer pessoa. E nós todos tínhamos conflito. dentes para prestar declarações sobre da do conflito. Não se podia sair à rua
A Liga dos Direitos Humanos, das
As formas de silenciamento tomaram para que os actores políticos amorda- medo das forças governamentais e dos O cenário traçado pelo jornalista da a notícia veiculada. Daí em diante, eu depois das 22 horas.
mais antigas e interventivas organiza-
várias formas. Nas rádios comunitárias çassem a imprensa. militantes do partido no poder. Não Rádio de Sussundenga é corroborado e meus colegas passamos a trabalhar ções de defesa dos direitos humanos
sob tutela do Instituto de Comunica- estávamos livres. As pessoas morriam pela sociedade civil e pela oposição. A com medo, visto que somos indefesos “Postura responsável e
em Moçambique, envolveu-se bastan-
ção Social (ICS), recorreu-se ao soft Ver e não reportar de qualquer maneira. Havia raptos, oposição, representada pela Renamo, e lutamos pela nossa protecção e das cautelosa”
te no trabalho de defesa dos direitos
O cenário descrito em Manica é de nossas famílias. Depois desse inciden- A coordenação da Rádio Comunitária
power, silenciando as rádios comuni- destruição dos bens de todos aqueles descreveu: dos deslocados e refugiados de Tete
medo vivido pelos voluntários das rá- te, os repórteres não queriam mais es- de Morrumbala qualificou o silêncio
tárias por ordens dadas hierarquica- que eram considerados membros dos “A rádio comunitária negava sempre mas este trabalho não teve como foco
dios comunitárias. Um dos repórteres crever”, descreveu o jornalista. como “postura responsável e caute-
mente. Isto resultou em que as Rádios partidos da oposição e não havia livre publicar os nossos trabalhos tais como a liberdade de Imprensa.
da Rádio Comunitária de Catandica Os jornalistas da rádio comunitá- losa”. Esta postura de se alhear aos
Comunitárias eliminassem da sua circulação das pessoas nem liberdade anúncios, nem queria cobrir os nossos O FORCOM, organização que serve
descreveu o ambiente nos seguintes ria de Mutarara confidenciaram-nos acontecimentos relacionados com o de umbrela das rádios comunitárias,
programação toda a informação que da parte dos jornalistas e da população. comícios, só queria apenas trabalhos do
termos: esta rádio dava um espaço de antena recebido ameaças, não se sentiam se- Renamo. Tudo isto em pleno dia. Tam- que, por várias ocasiões, receberam conflito agradou o Governo local e o durante o período de conflito, não
não fosse do agrado do Governo e do Passámos a evitar fazer programas de partido Frelimo. Sussundenga era zona
“Foi muito turbulento, o momento de aos partidos da oposição. A Rádio guros devido ao ambiente de guerra. bém foram achados muitos corpos sem ameaças dos membros da Frelimo e partido Frelimo. O administrador do conseguiu dar resposta às violações da
partido no poder, particularmente so- governação e notícias sobre o confli- de depósito dos corpos humanos, durante
crime, muito agitado sem segurança por Comunitária de Catandica foi acusa- “…O pessoal trabalhava com medo re- vida, vítimas de conflito armado mas do comandante da Polícia local, que Distrito de Morrumbala, Pedro Sa- liberdade das rádios comunitárias.
bre o conflito armado. to. Apenas fazíamos programas sobre aquele período. Foram achados mais de
parte da população e de nós próprios pro- da de ter sido responsável pela derrota ceando que, se calhar no regresso à casa ninguém divulgou.” os obrigavam a parar de publicar as- pange, e o partido Frelimo afirmaram Naldo Chivite, do FORCOM, afir-
Nas rádios comunitárias independen- a malária e musicais. Tínhamos medo 60 corpos vítimas de conflito armado e
fissionais da rádio local. Porque vivía- da Frelimo naquela região, dado que e/ou em pleno serviço, pudesse sofrer al- Esta posição também foi defendida suntos ligados ao conflito porque, se- que, durante o período em referência, mou que a organização incentiva que
tes do Governo, filiadas ao Fórum das de sermos raptados e mortos.” ninguém reportou.”
mos na incerteza se poderíamos conseguir tinha denunciado o administrador lo- guma agressão. Este medo que reinou no pelos partidos da oposição. Por exem- gundo eles, as notícias colocavam em não sentiram uma alteração da pro- os jornalistas e as famílias destes te-
Rádios Comunitárias (FORCOM), O que metia medo nos jornalistas era A Frelimo e o governo local traçaram
amanhecer para o novo dia ou se podería- cal de ter desviado fundos para apoiar seio dos fazedores da rádio local obrigou- plo, o delegado político da Renamo pânico a população. gramação da Rádio. E o administra- nham a cultura de denunciar as vio-
recorreu-se a ameaças e, em acasos ex- o facto de, nos seus bairros, receberem um quadro referencial contrário ao
mos chegar à noite. Já não sabíamos o que a campanha eleitoral da Frelimo, além -nos a não cumprir a nossa agenda, que disse: dor congratula-se com a situação. lações que sofrem para que o FOR-
tremos, à violência contra as rádios, os frequentemente informações de que apresentado pelos repórteres, pela so-
seria de nós durante este percurso”. de ter promovido debates onde a opo- era para realizarmos algumas sessões de “A rádio comunitária local serviu apenas “ [A rádio comunitária] sempre desem- COM possa accionar mecanismos
seus coordenadores e repórteres, para os seus vizinhos foram raptados e en-
sição era também convidada. Após as rádio ao vivo nos postos Administrativos como um instrumento de propaganda do
ciedade civil e pela oposição. A versão Silenciamento e intimida- penhou o seu papel, até alguns dias pro- legais para apoiar os jornalistas que
silenciá-los. Houve registo de casos O repórter refere que eles foram, por contrados mortos, sem que essa infor- da Frelimo e do Governo local é a de ções na Zambézia
eleições, o director provincial efectuou que compõem este distrito”, contou o jor- governo do dia; não foi por medo mas sim moviam debates radiofónicos envolvendo sofrem ameaças ou intimidações no
graves de jornalistas ou seus familiares diversas vezes, ameaçados pelo “go- mação fosse publicada pelas próprias que “A rádio fez o seu papel como rádio. Na província da Zambézia, o epicen-
uma comunicação ao coordenador da nalista da rádio comunitária local. por vontade como sabe que esta rádio é líderes comunitários, onde a mensagem exercício das suas funções.
directos que foram agredidos por des- verno do dia através das forças gover- rádios. Estava sempre a publicar as notícias, os tro do conflito foi o distrito de Mor-
rádio na qual queria perceber o posi- Esse medo afectava duplamente os do governo do dia e pertence ao ICS; às fundamental era encorajamento para um Esta situação demonstra que o con-
conhecidos, mas que se supõem estar namentais. Os políticos do partido no Um outro incidente deu-se em Feve- programas educativos e a apelar às pesso- rumbala, situado a cerca de 200 qui-
cionamento político da rádio. Eis o familiares dos jornalistas. Primeiro, o vezes, a rádio anunciava apenas os ata- futuro melhor e para a solução deste con- flito armado encontrou uma socieda-
ligados às Forças Armadas. poder não queriam ouvir a verdade ou reiro de 2016, quando dois homens as para não fazerem guerra. Estávamos lómetros a sul de capital Quelimane.
extracto da sua preocupação: medo de ver o seu familiar correr o ques iniciados pela Renamo; aqui houve flito, destacavam também as negociações de civil não preparada para assegurar
A capacidade institucional das rádios as notícias sobre conflitos nem de violação desconhecidos chegaram às instala- a apelar à população através da TVM, Com uma base militar da Renamo
“Eu não sei se a rádio passa conteú- risco de morte. Segundo, o risco de ele roubo de mais de 1600 cabeças de gado da que o presidente da República conduzia a protecção do exercício da liberdade
é de grande vulnerabilidade, caracte- dos direitos humanos pelas forças gover- ções da rádio e obrigaram os repórte- RM e Rádio Comunitária Local para instalada neste distrito, Morrumbala
dos políticos ou não, favorecendo um mesmo, como familiar do jornalista, população suposta membros da Renamo com o líder da Renamo”, afirmou o ad- imprensa e que, durante o conflito,
rizada por falta de recursos humanos namentais. Eles comentavam na rua que res a fechar as emissões mais cedo, às não participar na guerra. E sensibilizar foi teatro das operações de confron-
ou outro partido político. Era disso fazer parte da lista dos que devem ser pelas forças governamentais; mais de 774 ministrador. não conseguiu se organizar para agir
e materiais para o trabalho. A vul- a rádio não devia, em nenhum momento, 20 horas, menos três horas do habitual. a população para continuar a produzir tos entre as forças de Defesa e poli-
que queria ter o esclarecimento. Acho raptados e mortos. Um dos familiares casas da população foram destruídas; 17 O administrador local afirma que o em defesa da imprensa.
nerabilidade torna as lideranças e os publicar informações sobre a guerra.” Noutro incidente, no início de 2016, muita comida para o consumo familiar e ciais do Governo e os guerrilheiros da
que oportunamente estaremos juntos. de um dos jornalistas da Rádio Catan- carros queimados e foram achados cerca papel do seu executivo foi de “divulgar
jornalistas das rádios expostos ao ali- a Direcção Provincial da Ciência e Tec- Estamos a marcar uma visita para Bá- para exportar e não para importar.” Renamo. O conflito teve um impacto mensagens de apelo à calma e sossego * Investigação feita pelo MISA Mo-
dica disse: de 86 corpos humanos neste distrito viti-
ciamento pelo poder político, que está Jornalista “visitado” por oito nologia, Ensino Superior e Técnico ruè (…). Era oportuno que a gente se “Aqui em casa tínhamos medo de qual- mas deste conflito armado e a rádio nun-
Conforme a descrição acima, as rádios directo no exercício da liberdade de no seio da população, no sentido de se çambique em parceria com a Fundação
empenhando em capturar e controlar homens armados e outros Profissional de Manica, através do seu encontrasse para podermos alinhar ca reportou, só tocava música.” comunitárias em Manica dançaram imprensa na província. A rádio co- evitar situações de desespero”. MASC
a actividade jornalística das rádios. ameaçados respectivo director, ameaçou enviar quer ataque porque aqui na Vila de Ca- ao ritmo definido pelas autoridades munitária local foi silenciada pelo
algumas coisas. Para nós se existem tandica havia raptos e estava a morrer Contrariamente, o governo local e
Estes factores criaram condições para O caso mais sonante deste período uma brigada para a Rádio Comunitá- esses problemas fica parecer que nós o partido Frelimo consideram que a locais. governo local, impedida de reportar
que algumas rádios comunitárias se de conflito registou-se em Dezembro ria de Catandica para perceber porquê muita gente. De facto, era guerra de qualquer informação sobre o conflito
(direcção provincial ou ministério) so- ódio, as forças governamentais atacavam rádio teve um desempenho “positivo
mos coniventes ou não temos controlo qualquer cidadão muito mais membros porque promoveu a cidadania e esta- Razões para a tranquilidade político que decorria no distrito. O si-
sobre o que está a acontecer com os lenciamento manifestou-se em forma
do partido da oposição e inimigo dos che- va sempre a apelar às pessoas para não
nossos Centros Multimédia Comuni- fazerem guerra.” em tete de autocensura.
fes do partido no poder. Também os agen- À semelhança de muitos distritos,
tários (CMC). Um caso de um CMC À semelhança da Espungabeira, a Embora a maioria das rádios de Tete
tes económicos eram alvos para abater.” Morrumbala não tem acesso a meios
em Báruè pode ser interpretado, a ní- Rádio Comunitária de Sussundenga tenha reportado tranquidade, o mes-
vel nacional, como CMCs inimigos da mo já não se pode dizer da rádio de de comunicação impressos, rádios e
também se absteve de reportar even-
governação. Nós vamos mandar uma O silêncio imposto tos do conflito armado e raptos que Mutarara em que os jornalistas repor- televisões privadas. As únicas fontes
brigada para aí, imediatamente, para Em Espungabeira, no distrito de taram um ambiente de terror. Alguns de informação são a rádio Moçambi-
ocorriam localmente. Os jornalistas
vir sentar consigo para poder perceber Mossurize, ainda em Manica, a coor- jornalistas da rádio comunitária local que e a Televisão de Moçambique e a
referiram que não o faziam por vonta-
algumas coisas antes de podermos to- denação da rádio comunitária referiu chegaram a equacionar a possibilidade Rádio Comunitária de Morrumbala,
de própria mas por ordens da direcção
mar outro tipo de decisões. E havia de que o conflito não se fez sentir e que de abandonar a profissão devido aos sob tutela do Instituto de Comunica-
da rádio, o que configura censura.
pedir a sua colaboração nesse sentido, jornalistas circulavam sem qualquer sequestros e às ameaças de que eram ção Social.
Durante o conflito militar, a rádio foi
que pudesse apoiar a nossa equipa a receio. Esta informação foi desmen- Ordem para divulgar reali- alvos de membros do partido no po-
fazer esse trabalho”. tida pelos jornalistas da mesma rádio. zações do Governo e banir a der. Devido a ameaças, a rádio viu-se capturada. Pelas ordens do Governo, a
No mesmo ano, a brigada viria a visi- Além dos jornalistas, representantes oposição obrigada a abster-se de veicular infor- rádio nada podia reportar que estives-
tar a Rádio e, durante a visita, solicitou das organizações da sociedade civil Um dos jornalistas da Rádio Comuni- mação sobre o conflito armado. Os se ligado ao conflito. Dada a depen-
uma série de documentos da rádio dos criticam o silêncio da rádio quando tária de Sussundenga traçou o seguin- jornalistas da rádio local contaram- dência da Rádio ao Governo, através
quais os estatutos, o que foi pronta- eram raptados e mortos cidadãos su- te cenário vivido na rádio durante o -nos que o ambiente foi de “muito do ICS, as ordens foram acatadas e o
mente rejeitado pela coordenação da postamente com ligações à Renamo. conflito armado: terror e de medo” que “estava patente conflito terminou sem que algo tivesse
mesma rádio. “Aqui, durante o conflito armado, a rádio “A Rádio Comunitária de Sussundenga no nosso seio e, às vezes, achávamos sido reportado.
O cenário de medo era geral em todas local não fez o seu papel como devia fa- estava apenas a reportar as sessões do melhor abandonar a carreira do jorna- “Havia um forte contingente das Forças
as rádios. Em Guro, onde o conflito zer. Não desempenhou o seu papel visto partido Frelimo e os seus apelos, como lismo por vermos a morte mais próxi- de Defesa e Segurança estacionado na
não foi intenso, os jornalistas também que aqui na Vila de Espungabeira havia ‘não queremos divisão de Moçambique. ma de nós. Éramos ameaçados pelos vila Sede Distrital e outros contingentes
afirmaram que, embora não tenham raptos dos cidadãos supostos membros da Moçambique é indivisível’. Também a membros do partido Frelimo.” ao longo da estrada Morrumbala-Pinda,
PUBLICIDADE
SOCIEDADE
16 Savana 04-08-2017
PUBLICIDADE
SOCIEDADE
Savana 04-08-2017 17
OPINIÃO
18 Savana 04-08-2017

EDITORIAL Cartoon
OPINIÃO DE MADURO PARA VENEZUELANOS
5HGHÀQLQGRD
agenda do país
F
oi a primeira vez, pelo menos em público, que o Presidente Filipe
Nyusi reconheceu a possibilidade de haver “indícios criminais” no
relatório de auditoria sobre as dívidas ocultas.
O Presidente falava no fim da semana passada, durante o encerra-
mento da última sessão do Comité Central da Frelimo, onde se pressu-
põe que o assunto tenha sido abordado pelos militantes do partido com
alguma profundidade.
Mas ao mesmo tempo que o Presidente manifestava esse reconheci-
mento, procurava igualmente persuadir os moçambicanos a ocuparem-
-se de outras coisas, sublinhando que as dívidas ocultas não devem ser a
“única agenda” do país.
É possível compreender a pressão que se exerce de vários quadrantes so-
bre o Presidente e o seu governo, no que toca à necessidade de um rápi-
do desfecho quanto ao assunto das dívidas ocultas. É como uma música
que se repete várias vezes; cansa, e deixa de ser agradável para o ouvido.
Mas este é um assunto que continua a marcar directa e individualmente
a vida de muitos moçambicanos. Não se trata, por isso, de uma questão
trivial, que só os teimosos e mal intencionados insistem em manter na

Dos Santos foge da campanha eleitoral


agenda pública.
Estas são dívidas que em termos do seu peso sobre a economia do nos-
so país representam cerca de 15 por cento do Produto Interno Bruto
(PIB). Provocaram deslizes nas finanças públicas que pouco se sabe ain-
da até que ponto irão afectar a agenda de desenvolvimento do país. Mo- Por Rafael Marques*

O
çambique não está irradiado da cooperação com o resto do mundo, mas
como tem sido várias vezes reiterado pelos nossos parceiros, há assuntos presidente do MPLA, José dente deveria no mínimo ter usado a ta lembrar as palavras recentes de um
que não poderão andar para a frente enquanto não houver um desfecho Eduardo dos Santos, está au- oportunidade das eleições para viajar grande quadro e membro do Comité
satisfatório sobre este dossier. sente da campanha eleitoral pelo país, numa jornada de agradeci- Central do MPLA, o “Dr.” António
Como consequência da forma como elas foram contraídas, o país per- do seu partido. Com as várias mento aos militantes do MPLA que o Luvualu de Carvalho, que nos garan-
deu a confiança dos seus principais parceiros e credores internacionais. cortinas de fumo que a propaganda mantiveram no poder durante 38 anos. te que o oxigénio que respiramos “é
Isto, por sua vez, provocou uma grande derrapagem na economia do eleitoral vai criando, alguns aspectos JES poderia até ignorar o povo ango- um ganho intangível da paz” que o
país, afectando significativamente a condição económica de cada um essenciais do momento político actual lano, a quem tem causado indiscritível camarada presidente nos ofereceu tão
dos seus cidadãos. vão sendo ignorados, quando deveriam sofrimento e tem rebaixado à condição generosamente em 2002. Que quadros
A maior indignação dos moçambicanos nem sequer resulta do facto ser centrais ao debate eleitoral. Um sub-humana, com as suas políticas de são esses que garantem regularmente
das dívidas terem sido contraídas, mesmo que tal tenha sido à margem desses aspectos essenciais é justamente exclusão – mas não os militantes do a demolição de casas de cidadãos na
do parlamento. Neste momento nem importa para que fins elas foram o papel do presidente Dos Santos. seu partido. busca arbitrária de terrenos para os
contraídas. Muitos moçambicanos se sentiriam confortáveis com o fac- Para já, a ausência de Dos Santos sus- Parece haver uma grande contradi- poderosos, sem compensação?
to dos fundos terem sido aplicados para questões de interesse nacional, cita três leituras. ção no facto de o MPLA estar a exi- O MPLA tem quadros tão bons, que
seja tal o que for. Em primeiro lugar, reforça a teoria de gir mais uma vez o sacrifício dos seus foge como o diabo da cruz ao debate
que a doença cancerígena de JES está militantes mais pobres. Nem mesmo público com os “fracos” da oposição.
O que é deveras preocupante é o facto das dívidas terem sido contra-
num estado avançado, restando-lhe José Eduardo dos Santos, o principal Sabemos todos que João Lourenço
ídas sem se saber muito bem para que fim se destinavam. Como não
apenas energia para as viagens fre- beneficiário do poder do partido, das não tem capacidade nem verbo para
constitui novidade para ninguém, nenhuma das três empresas que se
quentes a Barcelona, para ser subme- riquezas de Angola e da divisão dos debater com Isaías Samakuva ou com
pretendia financiar com os empréstimos está a funcionar.
tido a tratamento. O vaivém constante, angolanos, se quer expor. Abel Chivukuvuku; contudo, enquan-
Para além dos indícios criminais agora à vista, há sinais preocupantes de
com escalas em Luanda, parece servir Milhares de militantes do MPLA e to quadro do MPLA, ganha com a
grande incompetência e amadorismo na forma como tudo foi feito. Terá somente para assinar decretos que ga- funcionários públicos têm estado a ser propaganda que o agiganta, ou seja,
sido incompetência com intenção criminosa? Quem, afinal, é que no seu rantam o poder futuro da sua família transportados – sob coacção – em ca- com ar quente. Então, se assim é, que
melhor juízo poderia acreditar que três empresas, sem qualquer estudo e de alguns dos seus poderosos cola- miões, como se fossem gado, de uma se proponham debates temáticos sobre
de viabilidade económica para se informar das condições do mercado, boradores, como os generais Kopelipa, província para outra, para encherem a economia, a política e outros assun-
sem contratos prévios com potenciais utilizadores de seus serviços, po- Leopoldino Fragoso do Nascimento e os comícios. E neste aspecto vê-se tos relevantes entre quadros escolhidos
deriam, num espaço de três anos, colectivamente gerar receitas totali- Carlos Feijó, o artífice das suas mani- logo qual é a estirpe de João Louren- pelo MPLA e os partidos da oposição.
zando 2,4 biliões de dólares? pulações político-jurídicas. ço: também só quer gado no lugar do O povo deve poder estar na plateia,
E se estas empresas eram capazes de gerar este nível de receitas, ficam Em segundo lugar, a ausência deixa povo. e deve ter direito a fazer perguntas.
por descodificar as razões porque outras empresas públicas nacionais, transparecer o desprezo pessoal de Este é o mesmo MPLA que se gaba Sabemos no entanto que os quadros
melhor estabelecidas e em alguns casos operando em regime de mono- José Eduardo dos Santos ao sucessor sempre de ser o único partido com do MPLA não aceitariam o desafio.
pólio, continuam deficitárias. que foi escolhido, João Lourenço. A quadros para governar Angola. Que Basta-lhes os títulos e a arrogância do
É esta abordagem de laissez faire com que foram tratadas questões sérias verdade é que JES não lhe reconhece tipo de quadros são esses, tão compe- poder.
do Estado, que é motivo da indignação geral que se está a tornar um peso ou importância suficientes para tentes no empobrecimento da maioria Parece então que do que precisamos
incómodo. E enquanto não for afastada a hipótese de esforços delibera- merecer uma inequívoca mensagem dos angolanos? Há dias, a minha mãe não é dos quadros do MPLA, mas sim
dos para dificultar o trabalho dos auditores, enquanto não houver uma sua, num comício, de apoio ao candi- acompanhou o funeral de um vizinho de angolanos com sentimentos hu-
informação concisa sobre os valores supostamente em falta, e enquanto dato do MPLA. a quem o hospital administrou o soro manizantes, com humildade, conhe-
não se puder provar que não houve sobrefacturação a granel, o assunto Finalmente, aos olhos da sociedade, errado, dada a sua condição de dia- cimentos e patriotismo para servirem
das dívidas ocultas continuará no topo da agenda de muitos moçam- JES está muito sujo, pela forma preda- bético. O hospital tirou a vida de um o povo. Só mesmo o MPLA precisa
bicanos, por mais que se pretenda que o mesmo encontre a sua morte tória como tem saqueado o país para o jovem por pura negligência, como se dos seus quadros, para continuarem a
natural. E não haverá protestos do mais alto sentido de patriotismo que seu próprio enriquecimento desmesu- nada fosse. Até um bom kimbanda, enganar e a colonizar o povo angolano.
irão tranquilizar seja quem for. rado e ilícito, e para o enriquecimento sem instrução académica, teria feito Camarada Dos Santos, apareça pelo
As dívidas não são a única agenda do país, isso é verdade, mas o impacto da sua família e dos seus colaborado- primeiro o diagnóstico do paciente menos num só comício e agradeça ao
das suas consequências em cada um dos cidadãos destes país torna-as res. Devido à imagem pública de Dos antes de lhe ter administrado qualquer povo por tê-lo deixado, e à sua família
num assunto que não se pode simplesmente desejar que desapareça, por Santos, nem João Lourenço nem o mixórdia. Que quadros são esses que e amigos, roubarem e maltratarem os
MPLA o desejam na sua campanha. nos dão esse tipo de saúde mortífera? angolanos à vontade. Pelo menos isso.
alguma magia, da esfera pública.
Em circunstâncias normais, o presi- Nem vale a pena falar das escolas. Bas- *makaangola.org

KOk NAM Editor Executivo: Ivone Soares, Luis Guevane, João Distribuição:
Francisco Carmona Mosca, Paulo Mubalo (Desporto). Miguel Bila
Director Emérito Colaboradores: (824576190 / 840135281)
Conselho de Administração: (francisco.carmona@mediacoop.co.mz)
André Catueira (Manica) (miguel.bila@mediacoop.co.mz)
Fernando B. de Lima (presidente) Aunício Silva (Nampula) (incluindo via e-mail e PDF)
Redacção:
e Naita Ussene Eugénio Arão (Inhambane) Fax: +258 21302402 (Redacção)
Raúl Senda, Abdul Sulemane, Argunaldo António Munaíta (Zambézia)
Direcção, Redacção e Administração: 82 3051790 (Publicidade/Directo)
Nhampossa, Armando Nhantumbo e Maquetização:
AV. Amílcar Cabral nr.1049 cp 73 Delegação da Beira
Abílio Maolela Auscêncio Machavane e Prédio Aruanga, nº 32 – 1º andar, A
Telefones: )RWRJUDÀD Hermenegildo Timana. Telefone: (+258) 825 847050821
(+258)21301737,823171100, Naita Ussene (editor) Revisão savana@mediacoop.co.mz
Registado sob número 007/RRA/DNI/93 Propriedade da 843171100 e Ilec Vilanculos Gervásio Nhalicale Redacção
NUIT: 400109001 Editor: Colaboradores Permanentes: Publicidade admc@mediacoop.co.mz
Fernando Gonçalves Fernando Manuel, Fernando Lima, Benvinda Tamele (82 3171100) Administração
Maputo-República de Moçambique editorsav@mediacoop.co.mz António Cabrita, Carlos Serra, (benvinda.tamele@mediacoop.co.mz) www.savana.co.mz
OPINIÃO
Savana 04-08-2017 19

Em defesa da Venezuela
Por Boaventura Sousa Santos*

E
stou chocado com a parcialida- pida pela tentativa de golpe de Estado confrontação institucional agravou-se sequências incalculáveis. geoestratégico global.
de da comunicação social euro- em 2002 protagonizada pela oposição e foi progressivamente alastrando para A história recente diz-nos que as O que está em causa são as maiores
peia na crise da Venezuela. com o apoio activo dos EUA. a rua, alimentada também pela grave sanções económicas afectam mais os reservas de petróleo do mundo exis-
A Venezuela vive um dos mo- A morte prematura de Hugo Chávez crise económica e de abastecimentos cidadãos inocentes que os governos. tentes na Venezuela. Para os EUA,
mentos mais críticos da sua história. em 2013 e a queda do preço do pe- que entretanto explodiu. Mais de cem Basta recordar as mais de 500.000 é crucial para o seu domínio global
Acompanho crítica e solidariamente tróleo em 2014 causou um abalo pro- mortos, uma situação caótica. Entre- crianças que, segundo o relatório da manter o controlo das reservas de pe-
a revolução bolivariana desde o iní- fundo nos processos de transformação tanto, o Presidente Maduro tomou a ONU de 1995, morreram no Iraque tróleo do mundo. Qualquer país, por
cio. As conquistas sociais das últimas social então em curso. A liderança ca- iniciativa de convocar uma Assem- em resultado das sanções impostas mais democrático, que tenha este re-
duas décadas são indiscutíveis. Para o rismática de Chávez não tinha suces- bleia Constituinte (AC) para o dia depois da guerra do Golfo Pérsico. curso estratégico e não o torne aces-
provar basta consultar o relatório da sor, a vitória de Nicolás Maduro nas 30 de Julho e os EUA ameaçam com A história recente também nos diz sível às multinacionais petrolíferas, na
ONU de 2016 sobre a evolução do eleições que se seguiram foi por es- mais sanções se as eleições ocorrerem. que nenhuma democracia sai fortale- maioria, norte-americanas, põe-se na
índice de desenvolvimento humano. cassa margem, o novo Presidente não É sabido que esta iniciativa visa ultra- cida de uma intervenção estrangeira. mira de uma intervenção imperial.
Diz o relatório: “O índice de desen- estava preparado para tão complexas passar a obstrução da Assembleia Na- Os desacertos de um governo demo-
volvimento humano (IDH) da Vene- tarefas de governo e a oposição (inter- cional dominada pela oposição. A ameaça à segurança nacional, de
crático resolvem-se por via democrá-
zuela em 2015 foi de 0.767 — o que namente muito dividida) sentiu que o Em 26 de Maio passado assinei um que fala o Presidente dos EUA, não
tica, e ela será tanto mais consistente
colocou o país na categoria de elevado seu momento tinha chegado, no que manifesto elaborado por intelectuais e está sequer apenas no acesso ao pe-
quanto menos interferência externa
desenvolvimento humano —, posicio- foi, mais uma vez, apoiada pelos EUA, políticos venezuelanos de várias ten- tróleo, está sobretudo no facto de o
sofrer. O governo da revolução boli-
nando-o em 71.º de entre 188 países e sobretudo quando em 2015 e de novo dências políticas, apelando aos par- comércio mundial do petróleo ser
variana é democraticamente legítimo
territórios. Tal classificação épartilha- em 2017 o Presidente Obama consi- tidos e grupos sociais em confronto e ao longo de muitas eleições nos últi- denominado em dólares, o verdadeiro
da com a Turquia.” De 1990 a 2015, derou a Venezuela como uma “ameaça para parar a violência nas ruas e iniciar mos 20 anos nunca deu sinais de não núcleo do poder dos EUA, já que ne-
o IDH da à segurança nacional dos EUA”, uma um debate que permitisse uma saída respeitar os resultados destas. Perdeu nhum outro país tem o privilégio de
Venezuela aumentou de 0.634 para declaração que muita gente conside- não violenta, democrática e sem inge- várias e pode perder a próxima, e só imprimir as notas que bem entender
0.767, um aumento de 20.9%. Entre rou exagerada, se não mesmo ridícula, rência dos EUA. será de criticar se não respeitar os re- sem isso afectar significativamente o
1990 e 2015, a esperança de vida ao mas que, como explico adiante, tinha Decidi então não voltar a pronunciar- sultados. seu valor monetário.
nascer subiu 4,6 anos, o período mé- toda a lógica (do ponto de vista dos -me sobre a crise venezuelana. Por que Mas não se pode negar que o Presi- Foi por esta razão que o Iraque foi
dio de escolaridade aumentou 4,8 EUA, claro). o faço hoje? Porque estou chocado dente Maduro tem legitimidade cons- invadido e o Médio Oriente e a Lí-
anos e os anos de escolaridade média A situação foi-se deteriorando até com a parcialidade da comunicação titucional para convocar a Assembleia bia arrasados (neste último caso, com
geral aumentaram 3,8 anos. O ren- que, em Dezembro de 2015, a oposi- social europeia sobre a crise da Vene- Constituinte. a cumplicidade activa da França de
dimento nacional bruto (RNB) per ção conquistou a maioria na Assem- zuela, um enviesamento que recorre Mas nada disso justifica o clima in- Sarkozy). Pela mesma razão, houve
capita aumentou cerca de 5,4% entre bleia Nacional. O Tribunal Supremo a todos os meios para demonizar um
surreccional que a oposição radica- ingerência, hoje documentada, na cri-
1990 e 2015. De notar que estes pro- suspendeu quatro deputados por ale- governo legitimamente eleito, atiçar o
lizou nas últimas semanas e que tem se brasileira, pois a exploração do pe-
gressos foram obtidos em democracia, gada fraude eleitoral, a Assembleia incêndio social e político e legitimar
por objectivo, não corrigir os erros da tróleo do pré-sal estava nas mãos dos
apenas momentaneamente interrom- Nacional desobedeceu, e a partir daí a uma intervenção estrangeira de con-
revolução bolivariana, mas sim pôr- brasileiros. Pela mesma razão, o Irão
-lhe fim e impor as receitas neolibe- voltou a estar em perigo.

O impacto do Relatório Kroll


rais (como está a acontecer no Brasil Pela mesma razão, a revolução bo-
e na Argentina), com tudo o que isso livariana tem de cair sem ter tido a
significará para as maiorias pobres da oportunidade de corrigir democrati-
Por Luca Bussotti * Venezuela. camente os graves erros que os seus

F
O que deve preocupar os democratas, dirigentes cometeram nos últimos
az pouco mais de um ano que tamente com a República Democrática consequência da entrega do relatório embora tal não preocupe os media anos. Sem ingerência externa, estou
os moçambicanos (juntamente do Congo, a cair num default financeiro por parte da Kroll, dando a impressão globais que já tomaram partido pela seguro de que a Venezuela saberia
com os parceiros internacionais) em 2016. de que esta estivesse à espera que uma oposição, é o modo como estão a ser
encontrar uma solução não violenta e
descobriram que o Estado tinha decisão política ao mais alto nível lhe seleccionados os candidatos. Se, como
democrática.
dado garantias financeiras para cobrir O impacto do relatório Kroll dissesse o que fazer. se suspeita, os aparelhos burocráticos
Infelizmente, o que está no terreno é
as actividades (ler: dívidas) de três em- Em Moçambique, a publicação do re- do partido do governo sequestrarem o
presas destinadas a garantir a segurança usar todos os meios para virar os po-
latório da Kroll despertou um debate Agravamento de tensões impulso participativo das classes po-
marítima de Moçambique - Ematum, bres contra o chavismo, a base social
ProIndicus e MAM. A Kroll - empresa
muito acesso e até violento, como era sociais pulares, o objectivo da AC de ampliar
da revolução bolivariana e os que mais
de imaginar. Quer em termos políticos, Poderá ser um caso, mas, em poucos democraticamente a força política da
de auditoria financeira paga pela em- base social de apoio à revolução terá beneficiaram com ela. E, concomitan-
com as oposições (mais o MDM do que dias, dois episódios deram a sensação
baixada da Suécia, que trabalhou em a Renamo, preocupada com o fecho das sido frustrado. temente com isso, provocar uma rup-
de que os níveis de suportação dos mo-
paralelo com a Procuradoria-Geral da negociações de paz com o Governo), Para compreendermos por que pro- tura nas Forças Armadas e um con-
çambicanos estão praticamente esgota-
República - foi escolhida para levar a quer ao nível da comunicação social, a vavelmente não haverá saída não vio- sequente golpe militar que deponha
dos: na Macia, uma vila na província de
cabo a investigação sobre os mecanis- palavra de ordem é de culpabilizar os lenta para a crise da Venezuela temos Maduro.
Gaza atravessada pela principal artéria
mos e os indivíduos que determinaram responsáveis deste desastre financeiro. de saber o que está em causa no plano *professor universitário.
rodoviária do país, a EN1, vendedores
o acumular-se de uma dívida que ultra- O CIP (Centro de Integridade Pú-
passa os 2 mil milhões de dólares, e que ambulantes protagonizaram motins
blica), com uma postura definível de no meio da rua, queimando pneus e
o Parlamento moçambicano tem, em justicialista, tem publicado em alguns
larga medida, votado à posteriori como manifestando-se contra a local câmara
semanários privados as fotos de perso- municipal, devido ao facto de esta ter
sendo dívida pública, com recurso junto nagens de destaque do cenário político
do Conselho Constitucional por parte mandado remover as suas modestas
frelimista com uma barra vermelha em infra-estruturas comerciais das bermas
de vários sujeitos, entre os quais o Mo- cima das respectivas caras e, por baixo,
vimento Democrático de Moçambique da EN1, alegando motivos de seguran-
a palavra “Cúmplice!” repercorrendo o Email: carlosserra_maputo@yahoo.com
(MDM). ça. Dois dias depois, o corpo técnico da
estilo americano do “Wanted!” usado Portal: http://oficinadesociologia.blogspot.com
UEM, a maior universidade do país,
O relatório, assim como anteriormente para os criminosos e bandidos no Far- 539
encenou uma manifestação no campus

O poder é pertença
anunciado, não traz nomes (salvo raras -West.
excepções), mas destaca de uma forma principal desta instituição, reclaman-
Este bombardeamento mediático pode
clara os mecanismos que deram origem do o bónus anual que a UEM devia
parecer restrito à elite política local ou,
a esta avultada dívida pública, contraí- pagar até fim de 2016, mas que foi
no máximo, interessar os parceiros in-
constantemente adiado, devido à falta

de um indivíduo?
da entre 2013 e 2014, de que nenhuma ternacionais que deverão decidir se re-
instituição, nem interna, nem externa, tomarão o apoio ao Orçamento de Es- de fundos para o efeito. Nas conversas
tinha conhecimento. Existem ainda tado moçambicano, incapaz de fechar de rua não existe um cidadão que não
várias lacunas, como a própria Kroll as contas através de recursos internos. tenha conhecimento daquilo que está a

O
admitiu, no que diz respeito ao destino Na verdade, aquilo que parece emer- acontecer ao nível político, com gran-
final de uma parte desses valores, no- de decepção para o comportamento de poder é individual, é É bem mais difícil conceber o
gir desta campanha, acompanhada por
meadamente 500 milhões de dólares, outros episódios francamente incon- uma elite cada vez mais distanciada das pertença de um indiví- poder não como uma coisa à
supostamente usados para a compra de venientes nesta fase (como a aquisição, sensibilidades reais do país. duo, é algo que habita mão de semear mas como uma
armamentos, mas de que foi impossível por parte do Parlamento, de 17 Mer- Estes motivos todos fazem com que a determinados seres pri- relação ou, melhor, como pro-
ter confirmação. cedes luxo para uso dos deputados, que situação social, antes das condições po- vilegiados? duto de uma relação, de uma
Apesar dessas limitações, o relatório custaram cerca de 4 milhões de dóla- líticas ou financeiras de Moçambique, Na verdade, o poder é uma pala- relação onde estão em jogo mú-
entregue à Procuradoria-Geral da Re- res), é a grande distância entre gover- seja neste momento preocupante, tan- vrinha mágica que, no seu senti- tiplas coisas ao mesmo tempo.
pública evidencia mecanismos perver- nados e governantes, entre o país real to mais que a própria elite política não
do mais imediato, põe-nos logo Na verdade, o poder  é produto
sos que deixam entender quão grande e o país “dourado” da política moçam- tem plena consciência disso. Se fica di-
fícil, se não impossível, fazer previsões,
a alma em sentido ou ajoelhada de uma relação complexa, física
tenha sido a influência de um punha- bicana. A opinião pública, geralmente
do de homens do SISE (os serviços de não será tão ousado dizer que há m em santa reverência. Por isso é e psíquica. Não é uma substân-
silenciosa e passiva, começa a dar sinais
segurança moçambicanos) ao longo de grande intolerância para com es- incertezas e que qualquer coisa poderá corrente dizermos e escrever- cia fisicamente tangível e não é
da presidência de Armando Guebuza tes comportamentos da elite dirigente acontecer, se a “batata quente” do es- mos, por exemplo, coisas como pertença individual. O poder é,
(2004-2014), que contribuíram larga- local, tanto mais que a Procuradoria- cândalo financeiro não for gerida com “ele tem poder”, “ele não tem intrinsecamente, produto de um
mente para fazer com que Moçambi- -Geral da República não tem levado responsabilidade e com imparcialidade. poder” ou “chegou ao poder”. grupo.
que fosse o único estado africano, jun- a cabo nenhuma acção concreta como *académico
OPINIÃO
20 Savana 04-08-2017

Um novo rumo para o liberalismo económico


Por Sebastian Buckup*

D
esde a Revolução Agrária, o pro- se intensificou, como na Noruega, a desi- - as chamadas “Aldeias Taobao” - mais de cas pesadas. No entanto, as economias não
gresso tecnológico sempre ali- gualdade aumentou. 10% da população ganha agora a vida a ven- devem depender apenas dos mercados para
mentou forças opostas de difusão Uma tendência semelhante pode ser vista der produtos na Taobao. Mas, à medida que provocar o “impulso” que o capitalismo re-
e concentração. A difusão ocorre à ao nível organizacional. Um estudo recente a Alibaba ajuda a construir uma economia almente precisa. De facto, mesmo com os
medida que os poderes e os privilégios an- de Erling Bath, Alex Bryson, James Davis inclusiva que compreende milhões de mini- responsáveis políticos a defenderem e a elo-
tigos são corroídos; a concentração ocorre e Richard Freeman mostrou que a difusão -multinacionais, também está a expandir o giarem o empreendedorismo, o número de
à medida que o poder e o alcance daque- do salário individual desde a década de seu próprio poder de mercado. start-ups tem diminuído em muitas econo-
les que controlam as novas capacidades se 1970 está associada a diferenças salariais Os responsáveis políticos precisam agora de mias avançadas.
expandem. A chamada Quarta Revolução entre empresas, e não dentro delas. Os eco- uma nova abordagem que resista à concen- Por fim, os responsáveis políticos devem
Industrial não será uma excepção a este res- nomistas de Stanford, Nicholas Bloom e tração excessiva, o que pode gerar ganhos ultrapassar a presunção neoliberal de que
peito. David Price, confirmaram essa descoberta e de eficiência, mas também permite que as aqueles que trabalham arduamente e se-
A tensão entre difusão e concentração já argumentam que praticamente todo o au- empresas acumulem lucros e invistam me- guem as regras são os que crescerão. Afinal,
se está a intensificar em todos os níveis da mento da desigualdade de rendimentos nos nos. Claro, Joseph Schumpeter argumentou o ponto oposto a essa perspectiva, que se ba-
economia. Ao longo da década de 1990 e Estados Unidos tem origem na crescente que não seria necessário preocuparmo-nos seia na crença fundamental no efeito equa-
início dos anos 2000, o comércio cresceu diferença dos salários médios pagos pelas muito com as rendas de monopólio, porque lizador do mercado, é o que Michael Sandel
duas vezes mais rápido que o PIB, retirando empresas. a concorrência eliminaria rapidamente a chama da nossa “arrogância meritocrática”:
centenas de milhões de pessoas da pobreza. Tais resultados não são apenas fruto de mu- vantagem. Mas o desempenho das empre- a ideia equivocada de que o sucesso (e o fra-
Graças à globalização do capital e do co- danças estruturais inevitáveis, mas também sas nas últimas décadas pinta um quadro casso) depende só de nós.
nhecimento, os países conseguiram trans- de decisões para lidar com essas mudanças. diferente: 80% das empresas que obtiveram Isto implica que os investimentos em edu-
ferir recursos para sectores mais produtivos No final da década de 1970, quando o ne- um retorno de 25% ou mais em 2003 ainda cação e formação não serão suficientes para
e mais bem remunerados. Tudo isto contri- oliberalismo se estabeleceu, os responsáveis tinham o mesmo resultado dez anos depois.
reduzir a desigualdade. Também são neces-
buiu para a difusão do poder de mercado. políticos ficaram menos preocupados com (Na década de 1990, essa percentagem era
sárias políticas que abordem de frente os
Mas esta difusão ocorreu em paralelo com as grandes empresas que convertiam os lu- aproximadamente 50%).
desvios estruturais - de salários mínimos a,
uma concentração igualmente acentuada. A cros em influência política e mais preocu- Para combater essa concentração, os res-
potencialmente, regimes universais de ren-
nível sectorial, um par de indústrias-chave pados com o facto de os governos estarem a ponsáveis políticos devem, em primeiro lu-
dimento básico.
– principalmente as finanças e as tecnolo- proteger as empresas não competitivas. gar, implementar leis de concorrência mais
A economia neoliberal atingiu um ponto de
gias da informação - garantiu uma crescente Com isto em mente, os responsáveis polí- inteligentes que se concentrem não apenas
ruptura, fazendo com que a tradicional di-
participação nos lucros. Nos Estados Uni- ticos começaram a desmantelar as regras e na quota de mercado ou no poder de fixação
visão política esquerda-direita seja substitu-
dos, por exemplo, o sector financeiro gera regulamentos económicos que haviam sido de preços, mas também nas muitas formas
apenas 4% do emprego, mas representa mais implementados depois da Grande Depres- de extracção de rendas, desde direitos auto- ída por uma divisão diferente: entre aqueles
de 25% dos lucros das empresas. E metade são e incentivaram fusões verticais e hori- rais a regras de patentes que permitem que que procuram formas de crescimento me-
das empresas dos EUA que geram lucros de zontais. Essas decisões ajudaram a possi- os operadores estabelecidos tirem partido nos inclinadas para a extrema concentração
25% ou mais são empresas de tecnologia. bilitar uma nova onda de globalização, que de velhas descobertas e façam mau uso da e aqueles que querem acabar com a con-
O mesmo aconteceu ao nível organizacio- difundiu cada vez mais o crescimento e a centralidade na rede. A questão não é “quão centração fechando mercados e sociedades
nal. Os 10% de empresas mais lucrativas dos riqueza entre os países, mas também esta- grande é demasiado grande”, mas como di- abertas. Ambos os lados desafiam as anti-
Estados Unidos são oito vezes mais rentá- beleceu as bases para a concentração de ren- ferenciar entre “boa” e “má” grandeza. A res- gas ortodoxias; mas enquanto um procura
veis do que a empresa média. Na década de dimentos e riqueza dentro dos países. posta depende do equilíbrio que as empre- remover o “neo” do neoliberalismo, o outro
1990, o múltiplo era apenas três. A crescente “economia de plataformas” é sas atingem entre captura e criação de valor. procura desmantelar completamente o libe-
Esses efeitos de concentração ajudam a ex- um exemplo disso. Na China, a gigante do Além disso, os responsáveis políticos preci- ralismo.
plicar a crescente desigualdade económica. comércio electrónico Alibaba está a liderar sam de facilitar o crescimento das start-ups. A era neoliberal teve o seu tempo. É hora de
Uma pesquisa de Cesar Hidalgo e os seus um enorme esforço para conectar as áreas Um ecossistema empreendedor vibrante definir o que vem depois.
colegas do MIT revela que, nos países onde rurais aos mercados nacional e global, no- continua a ser o antídoto mais eficaz para  
a concentração sectorial diminuiu nas úl- meadamente através da sua plataforma Ta- a extracção de rendas. As tecnologias digi- *Sebastian Buckup é director de programa-
timas décadas, como na Coreia do Sul, a obao de consumidor para consumidor. Esse tais, por exemplo, têm o potencial de reduzir ção do Fórum Económico Mundial.  
desigualdade de rendimentos diminuiu. esforço envolve uma difusão substancial: em o poder dos grandes oligopólios de forma
Naqueles em que a concentração sectorial mais de 1.000 comunidades chinesas rurais mais eficaz do que as intervenções políti-

SACO AZUL
Por Luís Guevane

Um País chamado Liberdade


O
provérbio latino que diz que pensamento, entre outras. Os que aprovam o berdade de quê e na óptica de quem? Mais a sentença popular dita desconfiança
“se quer paz, prepare-se para a orçamento (geral do Estado), invariavelmen- cidadania, mais patriotismo, podem signifi- derivada do hábito criado pela viciação
guerra” pode ser interpretado te, sempre escolheram a força político-mili- car, entre outros aspectos, o processo de luta da balança da justiça, tão normal como
na perspectiva do desenvolvi- tar como caminho para a paz. A brutalidade para que de facto o nome de Moçambique a de muitas outras. Mas, claro, no meio
mento. O provérbio encaixa-se perfei- psicológica desta força é imensamente mo- seja Liberdade. Ou seja, liberdade de a Pro-
de tanta balança viciada surge, por vezes,
tamente na história contemporânea de numental que não lhes permite outra opção curadoria-Geral da República reconfirmar
uma rigorosamente no ponto, inques-
Moçambique. Ou seja, desde que se ini- de escolha para o alcance da paz. Excelen- que ninguém está acima da lei, liberdade de
ciou o processo de construção da inde- te seria se esta escolha tivesse o mérito de a mesma agir de forma célere e profissional tionável. Quando isso acontece, esta, a
pendência política, tendo como marco o produzir inclusão, produzir carteiras para os sem intenção de adormecer a “responsabili- “inquestionável”, é que está fora do pro-
ano de 1975, que Moçambique procura pequenos não se sentarem no chão, ao relen- zação” e muito menos embarcar no jogo do cesso! Isto é algo que caracteriza os pa-
a paz através da força. Até ao presente to, produzir mais centros de alfabetização medo como prova de lealdade ao “dedo in- íses pobres entre os quais Moçambique,
momento, passadas quatro décadas, a e educação de adultos, mais conhecimento, dicador”. ou seja, “Liberdade”. Liberdade viciada.
principal força usada no alcance dessa mais liberdade de pensamento, mais capaci- Liberdade tem uma forma abstrata que vale Inclusão determinada pelo grupismo.
paz tem sido a político-militar. A pers- dade produtiva, mais cidadania, mais patrio- pela sua complexidade. Cada um encaixa Democracia que clama por um Estado
pectiva do desenvolvimento, como dizia tismo. Produz a perpetuação da pobreza. nela o conteúdo que achar melhor. O pon- que se pretende que seja normal e que
acima, remete-nos a outras forças que A procura de paz através da força não é ex- to está na qualidade desse mesmo conteúdo.
procura a paz através de um conjunto
também existem e podem (e devem) ser clusiva de Moçambique. É verdade. Entre- Daqui derivam os liames entre o profissio-
de forças equilibradas. É preciso que
usadas no alcance dessa paz. São mui- tanto, a aposta nessa força e não em outra nalismo e a ética. Quando estes vínculos, por
tas: a força intelectual, a força cultural, a continua preocupante. Que fundo de patrio- regra, se tornam pouco consistentes criam o canto nos liberte; quanto mais vezes
força das políticas públicas de desenvol- tismo é revelado quando cantamos o hino um crescente descrédito nessas instituições cantarmos “Moçambique, o teu nome
vimento, a força da ética, da inclusão, da nacional? Como nos sentimos ao cantar vocacionadas para cumprir com integrida- é liberdade”, mais coragem teremos de
compreensão do outro, da liberdade de “Moçambique, o teu nome é liberdade”? Li- de a sua vocação. Mais do que descrédito tornar isso verdadeiro.
PUBLICIDADE
Savana 04-08-2017 21

POSTO DE TRABALHO
O projecto HP+, com financiamento da USAID, está a re- institucional da DPC. Em particular, e em colaboração com
crutar um Assessor de Monitoria Financeira para exercer o pessoal do MISAU, o(a) Assessor(a) deverá contribuir para
funções integrado na Direcção de Planificação e Cooperação a realização das acções que visam o alinhamento da execução
(DPC) do Ministério da Saúde (MISAU), em Maputo. financeira – do Orçamento do Estado e dos Fundos Exter-
Os candidatos deverão ter formação adequada e experiência nos – com as actividades definidas no Plano Económico So-
relevante de trabalho. cial (PES) do Sector da Saúde, estabelecendo a ligação entre
Os candidatos interessados deverão por favor enviar o seu CV a planificação e a execução orçamental. No âmbito das suas
e carta de apresentação para: lflowersmiller@thinkwell.glo- funções, o(a) Assessor(a) de Monitoria Financeira trabalhará
bal. O espaço reservado no correio electrónico para o assunto nesta área com a DPC, a DAF (Direcção de Administração
deverá ser preenchido com Assessor de Monitoria Finan- e Finanças) e os Centros de Custo do MISAU.
ceira da DPC, seguido do nome do candidato. Por exemplo: Principais qualificações e requisitos
Assessor de Monitoria Financeira da DPC – Suraia Cossa. R5),'éã)5-/*,#),5'5)()'#65#((é-65-.ã)55'-
O prazo de apresentação de candidaturas é até ao dia 14 de presas, ou equivalente
Agosto de 2017, às 17.00 horas. R5§5)(#éã)55*, ,ð(#5.,5'-.,)5'5)()'#55
Se estiver interessado em obter a descrição completa do car- Saúde, Saúde Pública ou equivalente
go, queira por favor solicitar por correio electrónico. R52*,#ð(#5,)("#5'5 /(éċ-5-#'#&,-55*&(#ŀ-
Descrição do posto: Assessor de Monitoria Financeira da ção e/ou financiamento no sector saúde ou noutro sector
Direcção de Planificação e Cooperação (DPC) do Ministé- da Administração Pública
rio da Saúde (MISAU) R52*,#ð(#5,)("#5'5----),#65 #&#.éã)55-(-
volvimento de capacidades
O posto de Assessor(a) de Monitoria Financeira visa prestar R5)("#'(.)-50(é)-55#( ),'á.#65'5*,.#/&,55
assistência técnica à Direcção de Planificação e Cooperação MS Excel e de MS Office
(DPC) do Ministério da Saúde (MISAU) nas áreas de pla- R5*#5*,5.,&",55').#0,5+/#*-5#0,-#ŀ-
nificação e monitoria da execução orçamental, com vista a R5 )("#'(.)5 2&(.5 5 ),./!/ð-5 5 (!&ð-65 -,#.)5 5
acautelar o uso eficiente e transparente dos recursos do sector falado
e a promover a responsabilidade na sua utilização. Este pos-
to pretende também contribuir para o reforço da capacidade Maputo, 26 de Julho de 2017
DESPORTO
22 Savana 04-08-2017

)XWXURGDHTXLSDWpFQLFD´ORFRPRWLYDµHPMRJRQHVWHÀPGHVHPDQD

Barrarijo joga última cartada!


Por Abílio Maolela

P
ode estar a chegar ao fim rijo regista os piores resultados do Moçambola estarão centradas Campeão em busca do tempo
o casamento entre Lucas daquele clube, desde 2013, ano nos campos do Costa do Sol e da perdido
Barrarijo e a direcção do em que o Ferroviário de Maputo União Desportiva de Songo. Se na Matchiki-Tchiki, o Cos-
Clube Ferroviário de Ma- chegou a lutar pela manutenção. No dia 27 de Novembro, em Son- ta do Sol tenta manter o sonho,
puto. O fim da união, firmada e Sublinhar que Sancho Júnior dis- go, o líder União Desportiva local em Nacala, o Ferroviário da Beira
anunciada no princípio da época, se que o futuro de Barrarijo estava recebe o Desportivo de Nacala, tenta recuperar o tempo perdido.
está dependente do resultado da em aberto, mas que a decisão não equipa que na última jornada rou- Os “locomotivas” da Beira encon-
23ª jornada do Moçambola, na seria tomada em função das exi- bou dois pontos ao segundo clas- tram-se a dois lugares da descida
qual os “locomotivas” da capi- gências dos adeptos. sificado, Costa do Sol. de divisão, somando 23 pontos,
tal visitam a Liga Desportiva de Pela frente, o Ferroviário de Ma- Na frente do campeonato com 46 no 12º lugar, enquanto o Ferro-
Maputo, jogo a ter lugar amanhã, puto terá a Liga Desportiva de pontos (mais cinco que o Costa viário de Nacala ocupa o quatro
no campo da segunda equipa. Maputo, equipa que também não do Sol), a equipa de Chiquinho lugar, com 33 pontos.
atravessa o seu melhor momento. Conde vai ao jogo com a ambi- Com quatro jogos em atraso, de-
A primeira semana de Agosto de Ocupando a sétima posição com ção de consolidar ainda mais o seu vido a sua participação na Liga
2017 foi das mais complicadas na Lucas Barrarijo joga sua última carta- 31 pontos, a equipa de Akil Mar- estatuto de favorito à conquista dos Campeões Africanos (está
da frente a Liga Desportiva de Maputo celino soma oito vitórias, sete do canecão nacional, enquanto a nos quartos-de-final), o campeão
vida do técnico “locomotiva” que
viu, no último fim-de-semana, empates e mesmo número de equipa de Antero Cambaco luta nacional visita o seu homónimo
pate diante do 1º de Maio de
sua competência ser posta em derrotas, tendo marcado 29 golos por consolidar a sua manutenção de Nacala que, mais uma vez, in-
Quelimane, os adeptos do Ferro- na prova mais importante do país.
causa pela massa associativa da- viário de Maputo fizeram-se ou- e sofrido 25. Telinho é o melhor filtrou-se na linha da frente.
marcador da equipa com 11 go- Enquanto isso, na Matchiki- Em Chimoio, o Textáfrica bate-se
quele clube, devido aos maus re- vir, pedindo a demissão da equipa
los. -Tchiki, o Costa do Sol defronta a com o Ferroviário de Nampula
sultados. técnica, assim como da direcção
Embora não seja contestado, de- Universidade Pedagógica (UP) de que também se mostra, mais uma
Oito derrotas, cinco empates e do clube, alegando que ambas não
vido ao curto tempo de trabalho, Lichinga que, depois de um 11º
nove vitórias é o saldo apresen- estavam em condições de dirigir vez, incapaz de devolver a alegria
o substituto de Daude Razak lugar na primeira volta (18 pon-
tado pelo Ferroviário de Maputo, os destinos daquela colectividade. à capital do norte. Para Arnaldo
também está longe de convencer tos), desacelerou, ocupando a pe-
em 22 jornadas, desempenho que Enfurecidos, os adeptos vanda- Salvado, o mau desempenho da
os adeptos da Lida Desportiva. núltima posição com 21 pontos,
o coloca na sexta posição, com 32 lizaram a tribuna de honra do equipa deve-se a “desorganização”
Sendo assim, neste sábado, esta- tendo somado três pontos, em seis
pontos. A equipa apontou ainda Estádio da Machava, enquanto da Liga Moçambicana de Fute-
rão em campo dois conjuntos que jogos na segunda volta.
21 golos e sofreu 19, tendo Tim- alguns dirigentes do clube impe- O “canário” está proibido de errar, bol. Tudo se deve aos atrasos que
be e Chijioke como os melhores diram os jornalistas de fazer o seu ambicionam mostrar serviços as se verifica nos voos, assim como
suas direcções, assim como as res- de modo a manter as suas ambi-
marcadores, que somam quatro trabalho, arrancando seus instru- ções acesas. No último fim-de-se- na emissão das passagens.
golos cada. mentos de trabalho. pectivas massas associativas. Na vila de Chibuto, na província
Os dois técnicos partem para a mana, a equipa de Nelson Santos
Barrarijo, que chegou no clu- Embora o presidente do clube, deixou escapar os três pontos, ao de Gaza, o Clube de Chibuto re-
be verde e branco da capital do Sancho Júnior, tenha garantido partida com o objectivo de ga- cebe a Associação Desportiva de
nhar, apesar de reconhecerem o permitir um empate, nos minutos
país, em Janeiro, depois de dei- que o técnico irá continuar no co- finais, diante do Desportivo de Macuácua, que luta pela manu-
mando técnico da equipa, o facto poderio do adversário. tenção na fina flor do nosso fu-
xar o Clube de Chibuto, era visto Nacala.
como “o homem certo” para levar é que o homem que “revolucio- Sinal laranja na Matchiki Aliás, a oscilação dos resultados tebol.
a equipa sénior de futebol ao 11º nou” o Ferroviário da Beira tem, 7FKLNL do Costa do Sol faz com que os Realçar que a jornada 23 do Mo-
título nacional, porém, os resul- na partida de sábado, a sua última Para além do derby entre a Liga seus adeptos não acreditem na çambola reserva ainda os jogos
tados estão aquém das expectati- chance para garantir a sua conti- Desportiva de Maputo e o Fer- conquista do título, visto que a entre ENH de Vilanculo e Ma-
vas. nuidade. roviário também da capital do equipa peca nos momentos con- xaquene; e 1º de Maio-Chingale
No último domingo, após o em- A equipa comandada por Barra- país, as atenções da 23ª jornada siderados capitais. de Tete.

Ferroviário da Beira é o novo


campeão nacional
O
Ferroviário da último jogo. O Ferroviário da que no valor de 200 mil
Beira sagrou-se Beira foi a equipa eficaz. meticais, contra 100 mil
campeão nacio- O Ferroviário da Beira recebeu meticais do seu homónimo
nal de basquete- uma taça, medalhas e um che- de Maputo.
bol seniores masculinos
ao derrotar, na noite desta
terça-feira, o seu homóni-
mo de Maputo por 69-58.

Num renovado pavilhão


e completamente lotado,
os locomotivas da Beira
levaram de vencida os de
Maputo, no jogo número
5, o último dos play-offs
da Liga Nacional de Bas-
quetebol - Mozal.
As duas equipas estavam
empatadas com duas vi-
tórias e pressionadas para
a conquista do título no
PUBLICIDADE
DESPORTO
Savana 04-08-2017 23

UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE


FACULDADE DE ENGENHARIA

EDITAL
MESTRADO DE HIDRÁULICA E RECURSOS HÍDRICOS (MHRHM) 3a EDIÇÃO

A Faculdade de Engenharia da Universidade Eduardo ‡&DUWDGHPRWLYDomR


Mondlane-FEUEM, torna público que vai iniciar a par-
tir da primeira quinzena de Setembro de 2017, a terceira Instrução dos processos de candidatura
edição do curso de MESTRADO EM HIDRÁULICA E
RECURSOS HÍDRICOS. O Mestrado é uma pós-gra- Os candidatos deverão submeter os processos de
duação, que corresponde a uma especialização a partir candidatura junto a secretaria do curso de Mestra-
duma base de Licenciatura em Engenharia Civil, En- do da Faculdade de Engenharia da UEM até ao dia
genharia Química e Engenharia Agronómica ou outras $)DFXOGDGHGH(QJHQKDULDQRWLÀFDUiRV
iUHDVDÀQVFRPRD*HRORJLDHR3ODQHDPHQWR)tVLFR resultados de admissão a partir de 01/9/2017. O pe-
ríodo de matrículas será na primeira semana de Se-
São assim convidados todos os interessados a submeter tembro de 2017.
as suas candidaturas até ao dia 20 de Agosto de 2017
na secretaria dos Mestrados sita nas instalações da Fa- Selecção de candidatos
culdade de Engenharia, Estrada Nacional Nr 1, Km 1,5.
A selecção dos candidatos será feita por uma co-
Estrutura e duração do curso missão de pós-graduação em conformidade com
O curso tem a duração de 2 anos (4 semestres) com os regulamento para os cursos de Mestrados da UEM,
dois últimos semestres dedicados exclusivamente ao apoiando-se em componentes de relevo tais como: i)
trabalho de dissertação. O curso oferece duas orienta- DFODVVLÀFDomRÀQDOGRFXUVRGHOLFHQFLDWXUDRXHTXL-
ções principais, uma direcionada para o Abastecimento YDOHQWHLL R&XUULFXOXP9LWDHLLL DPRWLYDomRSDUD
de Água e Saneamento Urbano (Ramo A) e outra para a LQJUHVVDUQRFXUVR LY DH[SHULrQFLDSURÀVVLRQDOGR
*HVWmRGDÉJXDH2EUDV+LGUiXOLFDV(Ramo B). A parte candidato.
curricular do curso compreende 11 disciplinas ofere-
cidas em regime modular e presencial. Cada módulo Local e horário de funcionamento
ocupa 4 semanas de aulas e uma semana de preparação
e realização de exames. O Mestrado será leccionado na Faculdade de Enge-
nharia da Universidade Eduardo Mondlane no perí-
Vagas e Propinas odo pós-laboral (15.00h- 20.00h) de 2a a 6a feira.

3DUDDSUHVHQWHHGLomRGR0HVWUDGRHVWmRGLVSRQtYHLV Contacto para apresentação de candidaturas:


25 (vinte e cinco) vagas. A taxa de ingresso anual é de Unversidade Eduardo Mondlane
15000.00 MZM, o custo por módulo é de 12500.00 MZM Faculdade de Engenharias
e a taxa de inscrição para a dissertação de Mestrado de 'HSDUWDPHQWRGH(QJHQKDULD&LYLO
25000.00 MZM. São admitidos para a dissertação todos (VWUDGD1DFLRQDOQRNP&3
mestrandos com média da parte curricular igual ou su- 7HO)D[3$%;
perior a 14 valores. Maputo

Documentos de Candidatura Esclarecimentos adicionais.

‡)LFKDGHFDQGLGDWXUDGHYLGDPHQWHSUHHQFKLGD Esclarecimentos adicionais poderão ser consultados


‡'XDVFySLDVDXWHQWLFDGDVGRVFHUWLÀFDGRVGHOLFHQFLD- no portal da Faculdade de Engenharias
tura ou equivalente (www.engenharias.uem.mz) ou por correio electró-
‡&ySLDVDXWHQWLFDGDVGRVFHUWLÀFDGRVGDVGLVFLSOLQDV nico através do seguinte endereço:
feitas e respectivas cargas horárias matsinhe@zebra.uem.mz.
‡'XDVFDUWDVGHUHFRPHQGDomR 1
As fichas de candidatura poderão ser obtidas na Facul-
‡&XUULFXOXP9LWDHHP3RUWXJXrVRXLQJOrV
dade de Engenharia, Departamento de Engenharia Civil,
‡)RWRFySLDDXWHQWLFDGDGR%,RX3DVVDSRUWH
Estrada Nacional #, Km 1,5, Maputo ou baixadas a partir
‡ &HUWLÀFDGR GH SURÀFLrQFLD GD OtQJXD LQJOHVD UHFR-
do portal da Faculdade de engenharias www.engenharias.
mendado mas não obrigatório) uem.mz
CULTURA
24 Savana 04-08-2017

Filhos de artistas reclamam a não devolução de obras


Z
eca Craveirinha, filho de sódios da vida na clandestinidade na num museu que a Fundação projecta. de conservação”, há a necessidade de moçambicano radicado na Noruega,
José Craveirinha, e Mu- época anterior e durante a guerra de Assumiu, por outro lado, que embora se ter apoio de profissionais da área. Paulo Macamo, que conduzia um trio
txine Malangatana, filho libertação nacional. “Tenho algumas “nós por termos crescido em meio a No final, a música ficou sob a res- constituído por Samito Tembe na ba-
de Malangatana Valente dessas cartas que escreveu quando es- este material temos algumas noções ponsabilidade do músico e intérprete teria e Nené no baixo. A.S
Ngwenya, ambos gestores do espólio tava preso, em 1965, durante os três
dos seus pais, queixaram-se numa meses em que esteve numa solitária”
oficina criativa havida recentemente disse.
no Centro Cultural Moçambicano- Acrescentou, porém, “apenas são as
-Alemão. cópias porque as versões originais, es-
critas em papéis higiénicos, na prisão,
Sob moderação de Matilde Muocha, não foram devolvidas por quem as
detém”, lamenta.
curadora da Fortaleza de Maputo, o
Quando chamado a tomar a palavra,
tema em debate era a Gestão do Es- Mutxine Malangatana assumiu que a
pólio de Craveirinha e Malangatana, sua família e a Fundação Malanga-
num evento organizado pela plata- tana estão a sofrer os mesmos cons-
forma Mbenga: Artes e Reflexões, trangimentos para além da questão
que é um grupo de jovens jornalistas da conservação das obras de artes
culturais. “Quando comecei a reco- plásticas. “A obra de Malangatana
lher os textos que o meu pai foi espa- está dividida entre a colecção fami-
lhando em vida tive dificuldades por- liar e a pública que envolve o material
que as pessoas não querem devolver à que está sob pertença do Estado, de
empresas e singulares”, disse.
família”, contou Zeca que considerou
Uma das preocupações do momen-
tal atitude injusta. to, assumiu, é com a estátua de ferro
A família, prosseguiu, é que deve, an- que se encontra na antiga fabrica de
tes de qualquer outra entidade, pre- pneus Mabor, no bairro do Zimpeto,
servar e defender a herança deixada em Maputo.
por estas figuras. Zeca revelou que O objectivo, continuou, é juntar este
partes desses escritos dispersos, al- material, inclusive o que está no es-
guns deles em Portugal, retratam epi- trangeiro para depois conservá-lo
Painel que debateu sobre o espólio dos artistas em causa

O Deus Restante de Patraquim


“Punhos no Ar” no CCFM
O O
Centro Cultural Brasil- A abordagem literária de Patra- veio a África” e “Música extensa”,
-Moçambique em Ma- quim, uma linguagem poética de foram apresentados publicamente, Centro Cultural Franco-Moçambicano (CCFM) acolhe no sá-
puto acolheu, no passado fusão, complexidade e profundida- no passado dia 12 do corrente mês, bado, dia 5 de Agosto, a partir das 15:00h, a segunda edição do
dia 27 de Julho, o lança- de, leva-o a ser por muitos conside- Festival de Hip-Hop denominado “Punhos no Ar”.
no Camões, em Maputo. “Quatro
mento do mais recente livro de po- rado como sucessor do poeta mo- Nascido no ano passado (2016), através de uma parceria entre
décadas a andar nisto de aprender a o Centro Cultural Franco-Moçambicano, o Café Bar Gil Vicente e a
esia intitulado O Deus Restante, çambicano José Craveirinha. escrever, desconseguindo a mais das Nexta Vida Entertainment, o Festival de Hip-Hop “Punhos no Ar” é
de Luís Carlos Patraquim. Poeta, dramaturgo, guionista e jor- vezes, acertando quando os deuses um evento centrado na valorização do Hip-Hop moçambicano, além de
nalista, Luís Carlos Patraquim nas- generosamente concedem a avara promover um encontro de várias províncias, permitindo assim um im-
O livro foi apresentado pelo aca- ceu em Maputo, Moçambique, em portante intercâmbio entre os amantes e praticantes da área e o aprofun-
benesse de um sentido, que é o que
démico Gilberto Matusse, numa 1953. Integrou o grupo fundador damento dos laços que unem os fazedores da cultura Hip-Hop no país.
se pergunta sempre. Há o parado-
sessão que contou ainda com uma da Agência de Informação de Esta segunda edição, para além de exaltar e promover os principais ele-
xo de se comemorar a interrogação.
leitura de textos e participação de Moçambique (AIM). De 1977 a mentos da cultura Hip-Hop: MC, DJ, Breakdance e Graffiti, conta com
Mas isso é da ordem do livro, da
Sangare Okapi. Esta é a sexta obra 1986 trabalhou no Instituto Na- várias novidades, nomeadamente Feira de Hip-Hop, Freestyle Battle
publicada pela Cavalo do Mar, na edição, dos meandros e segredos da (Maputo vs Beira), Beat Battle (Maputo vs Chimoio) e um dado não
cional de Cinema de Moçambique
colecção filhos do vento e é a déci- (INAC) e na Televisão Moçambi- recepção, do leitor que reescreve o menos importante serão desta vez sete cidades, representando o Sul,
ma oitava obra do autor. cana, como autor de roteiros e de que lhe propomos. Estes assim di- Centro e Norte.
Escreve o poeta e académico bra- argumentos e como redactor do tos quarenta anos são uma espécie De Maputo, e com Hélder Leonel a fazer as honras da casa, participarão,
sileiro Marco Lucchesi que “Luís jornal cinematográfico Kuxa Kane- de selo, uma fulguração breve para Azagaia, Sick Brain, Trkz, Gee-Fly, Kloro, Flow Man, Duas Caras, Hot
Carlos Patraquim vive no delta da celebrar um percurso. Porque árdu- Skillz, Filady, 2/4+1, SIX74 (Mastha Bad), Micro 2, Nexta Vida Crew
ma. Patraquim tem uma vasta obra
os continuam os caminhos por des- e DJ Clax, a partilhar o palco com artistas oriundos de outras cidades
língua portuguesa. Entre Pasárgada publicada, em prosa, poesia e teatro.
de Moçambique, tais como, da Beira: 4 Ases, Aivo K, La Vida Louca
e Inhambane. Como um dos seus Está traduzido em diversas línguas. cobrir, para ir chegando, em viagem
e Batalhão de Inteligência, de Chimoio: Inspector Desusado, Tuz MC,
poetas mais completos e mais ins- Dois novos livros do escritor, in- e movimento perpétuo”, descreve Função Inversa e AZ-Pro, de Tete: KDS, de Quelimane: Stupa Serious,
pirados”. titulados “O senhor Freud nunca Luís Carlos Patraquim. A.S de Nampula: Xelter, MD Akas e um convidado surpresa.
No palco do CCFM, estes artistas terão a oportunidade de mostrar as
suas potencialidades e trocar ideias com figuras de proa, para juntos con-
tribuírem para elevar o Hip-Hop moçambicano ao mais alto nível.
A.S

TDM premeia vencedores

A
empresa Telecomunica- premiando os autores no intuito de
ções de Moçambique- promover o surgimento de novos
-TDM realiza, no próximo talentos no domínio da literatura
dia 18 de Agosto, a ceri- em Moçambique.
mónia de premiação dos vencedo- Para além de atribuir um prémio
res da VIII Edição do Concurso no valor de 150 mil meticais por
Literário TDM, referente ao ano categoria, a TDM responsabiliza-
2016. -se pela edição especial das obras
dos vencedores com vista a garantir
Trata-se de um concurso que, a par que cheguem aos leitores de todos
da Bienal das Artes TDM, é pro- os cantos do país e não só.
movido com regularidade desde Desde a sua introdução, já se can-
2001 por esta empresa, na área cul- didataram ao Concurso Literário
tural, abrangendo as categorias de TDM mais de mil autores, parte
Conto, Romance e Poesia. dos quais, incluindo os premiados,
O concurso tem por objectivo in- já preenchem com afirmação o uni-
centivar a produção literária e esti- verso dos escritores da literatura
Luís Carlos Patraquim lançou três obras num curto espaço de tempo mular o gosto pela leitura no país, nacional.
Dobra por aqui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1230 ‡ DE AGOSTO DE 2017
2 Savana 04-08-2017 SUPLEMENTO Savana 04-08-2017 3
OPINIÃO
Savana 04-08-2017 27

Abdul Sulemane (Texto)


Naita Ussene (Fotos)

O que os preocupa?
C
om a situação que o país atravessa tendo em conta as próximas eleições
autárquicas, os membros do partido Frelimo estão preocupados com o
que vai acontecer.

A sociedade civil acompanha os vários assuntos que envolveram altos


quadros do partido dos camaradas. Como dizíamos acima, o próximo pleito vem aí
e os partidos estão a finar as suas máquinas para vencer a todo o custo.
Sabemos que os meios de comunicação públicos têm-se batido em apoiar as cam-
panhas do partido no poder. Por isso os altos responsáveis desses meios de comuni-
cação têm de fazer o seu trabalho. Nesta primeira imagem, deduzimos que o actual
PCA da TVM, Jaime Cuambe, teve de se aproximar ao antigo PCA da TVM,
Armindo Chavana, para ter algumas dicas sobre como proceder quando chegar o
momento.
O ambiente de preocupação é total. Os camaradas não escondem a inquietação.
Recentemente, soubemos que o Comité Central da Frelimo esteve reunido. Entre-
tanto, o que foi discutido deixou muitos membros desolados. Reparem que o Min-
istro da Juventude e Desportos, Alberto Nkutumula, teve de consolar a Ministra
dos Recursos Minerais e Energia, Letícia, klemens, que não escondeu o seu descon-
tentamento face ao que foi tratado na sala de reunião que reuniu a cúpula da freli.
Não é em vão o desassossego no seio dos camaradas. Vão precisar de muito jogo de
cintura para vencer os próximos pleitos que se avizinham. Nesta terceira imagem,
onde se encontram a Ministra da Administração Estatal, Carmelita Namashulua e
a Presidente da Assembleia da República, Verónica Macamo. Os rostos de apreen-
são são bem visíveis.
Os olhares também transmitem mensagens de cisma. Mesmo com diferença de
alturas, o primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, teve de inclinar-se para
trocar algumas considerações com o homem do primeiro tiro, Alberto Chipande.
Um verdadeiro confronto de olhares.
Outros membros aproveitaram a caminhada para tecer os seus sentimentos sobre
o que foi discutido no encontro dos frelimistas. Mesmo com o atacador de um dos
sapatos de Carvalho Muária, com risco de pisá-lo e cair, é ignorado por ele devido
ao que ele comenta para a líder da bancada da Frelimo na escolinha do barulho,
Margarida Talapa , que concentra o seu olhar para o chão onde pisa. Isso é sinal de
que terrenos movediços estão por vir. Parece que os ecos do encontro não demon-
stram um futuro risonho. O tempo dirá.
À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz EF"HPTUPEFt"/099*7t/o 1230

iz- se
D
IMAGEM DA SEMANA D i z - se.. .

t/BTVBHSBOEFSFBQBSJÎÍPQÞCMJDBEFQPJTEFTBJSEBTDPCSBOÎBT
EFJNQPTUPTPOPWPCPTTEBT&TUBUÓTUJDBTFTUÈBTFSNVJUPDPO
UFTUBEPQFMPTKPWFOTEPSFDFOTFBNFOUPWFSEBEFJSPTNFSDFOÈ
SJPTËQSPDVSBEFNPMBOVNTFDUPSFUÈSJPPOEFFNQSFHPTOÍP
BCVOEBN4FSÈRVFPCPTTQFSEFVBGPSNB BOPWBNÈRVJOB
OÍPBKVEBPVBNPMBEPTEPBEPSFTDIFHPVNVJUPUBSEF
t$PNPOJOHVÏNEÈBDBSB TFSÈRVFÏEFMFBQFSHVOUBOPJORVÏ
SJUP EF SFDFOTFBNFOUP TPCSF B SBÎB EPT IPNFOT F NVMIFSFT
RVFWJWFNFN.PÎBNCJRVF 4FSÈRVF DPNPEJ[BQVCMJDJEB
EF FTUFÏVNEBEPSFMFWBOUFQBSBBTQPMÓUJDBTQÞCMJDBTEPQBÓT 
t4PCSFQFSGPSNBODF RVFNUBNCÏNBQBSFDFVFNCBJYBEFGPS
NB GPJBBOUJHBCPTTEPQPEFSPTPHBCJOFUFEBQSFTJEFOUBEB
BOUFSJPS MFHJTMBUJWB &N GSFOUF EP FTDSVUÓOJP QSFTJEFODJBM  JB
QFSEFOEPBTFTUSJCFJSBTQBSBKVTUJmDBSBTBDUJWJEBEFTFBTEJT
QVUBT EF FTQBÎP OP PCTDVSP QBSRVF RVF Ï TVQPTUP HVBSEBS B
OPTTBJOGSBFTUSVUVSBJOGPSNÈUJDB1PSQPVDPPUJNPOFJSP RVF
UBNCÏNUFNIBCJUVBMNFOUFCPNIVNPS FTUFWFQBSBQFEJS
iQPSGBWPSNFOJOBT DPNQPSUFNTFw
t&NCBJYBEFGPSNBQBSFDFBOEBSPDPNCPJPRVFUFWFPQSJWJ
MÏHJPEFSFJOBVHVSBÎÍPQSFTJEFODJBMMÈQBSBPTMBEPTEP/JBTTB
0 HPWFSOBEPS  IBCJUVBEP BPT TVCTÓEJPT RVF QFEJODIBWB QBSB
QJOUBSBTQBSFEFTEBFTDPMBEPTFVQBSUJEP NFTNPDPNTVC
TÓEJPT QBSB BT UBSJGBT EF DBSHB  UFN EF FOGSFOUBS B WFSHPOIB
EFVNDPNCPJPËTNPTDBTOPRVFUPDBËTNFSDBEPSJBT/PEF
QBTTBHFJSPT PTQSFÎPTTÍPUÍPQBUFSOBMJTUBTRVFBUÏEÍPMVHBS

Adeus António Pinto de Abreu BDBOEPOHBEFCJMIFUFT VNUFSNPRVFUJOIBBTTBEPBPEFTVTP


DPNPBEWFOUPEBFDPOPNJBEFNFSDBEPOPQBÓT4FSÈRVFIÈ
OPWPFMFGBOUFCSBODP

C
t"PDPOUSÈSJP BOEBFNGPSNBVNTVQFSNJMJUBOUFEPQBSUJEÍP
alou-se, esta FUFBUSP-VNF'MPSJOEPOB RVFEÈDPOGFSÐODJBTEFJNQSFOTBBUPSUPFBEJSFJUP TPCSFPT
quarta-feira, 'MPSKBF'MPSFTEF"CSJM NBJTWBSJBEPTUFNBTEBBDUVBMJEBEFOBDJPOBM/PTFOUSFUBOUP 
2 de Agosto, a %FSFHSFTTPBPQBÓT mYPV BJOEB UFN UFNQP QBSB BSSFNBUBS DBNJTFUBT DPN P OPNF EP
voz do escritor e TF FN .BQVUP  POEF SF BNBEPMÓEFSQFMBRVBOUJBJSSJTØSJBEFVNNJMIÍPEFNFUJDBJT
poeta moçambicano, An- DSJPVP-VNF'MPSJOEPOB &TUÈEFWPMUBPFTQÓSJUPEBRVFMFNJMJUBOUFEBCBJYBEBDBQJUBM 
tónio Pinto de Abreu. À 'PSKB  BOUFT EF TF KVOUBS FOUSFUBOUPDBÓEPFNEFTHSBÎB RVFFSBCBSSBFNBSSFNBUBSDB
data presidente do Con- B VN HSVQP EF UFBUSP EB OFUBTQBSBPMÓEFS
selho de Administração DBQJUBM  POEF DPNFÎPV B t'PSBEBTMJEFTQBSUJEÈSJBT EFQPJTEFEVBTDPODPSSJEBTDPOWFO
(PCA) das Linhas Aéreas QVCMJDBSQPFTJBFQSPTBEF ÎÜFTBFYJHJSFNSFTQPOTBCJMJEBEFTOBTDIBNBEBTEÓWJEBTPDVM
de Moçambique (LAM), GPSNB EJTQFSTB OB SFWJT UBTFVNEJÈMPHPNBJTBNQMPOBTRVFTUÜFTEB1B[ IÈRVFN
António Pinto de Abreu UB i5FNQPw  FN "CSJM EF RVFJSBDBMBSBWP[EPTBHVFSSJEPTKPWFOTEP1+/VNDMBSPBDUP
não resistiu a uma batalha   OP i%JÈSJP EF .P EFJOUJNJEBÎÍP PTKPWFOT RVFOPQBTTBEPEF+VMIP WJSBN
que vinha travando contra ÎBNCJRVFw  FN %F[FNCSP PTFVNBUFSJBMBQSFFOEJEPQFMBQPMÓDJBNVOJDJQBMEVSBOUFVNB
uma teimosa doença que EP NÐT BOP F OP +PSOBM BDÎÍPEFNPCJMJ[BÎÍPWPMVOUÈSJBOPEJTUSJUP,B.BYBLFOF GP
havia decidido tirá-lo a i%PNJOHPw  FN .BSÎP SBN DIBNBEPT FTUB RVJOUBGFJSB Ë 1*$ QBSB SFTQPOEFSFN B
vida. EF  .BT UFWF USBCB VNQSPDFTTPDSJNJOBM2VFNUFNNFEPEFEFCBUFBNQMPEF
MIPT OPVUSBT QVCMJDBÎÜFT  JEFJBT 
0 UBNCÏN FDPOPNJTUB F QBSBBMÏNEB"OUPMPHJBEB t0OEFOÍPTFBOEBBPTCFJKJOIPTÏOPNJOJTUÏSJPEBEF+V
BOUJHPWJDFHPWFSOBEPSEP /PWB 1PFTJB .PÎBNCJDB MIP RVFUFNTPCBTVBUVUFMBVNGVOEPEFQFOTÜFTRVFWPMUB
#BODP EF .PÎBNCJRVF OBFEB(B[FUB FNFJBÏBMWPEFBQFUJUFTEFBMHVOTTFDUPSFTEBOPNFOLMBUVSB
#.
 DPMPDPV OBT QSBUF 0 NBMPHSBEP UFTUFNV $PNPDPOHSFTTPËQPSUB BDIFGFFPKPWFNDPNOPNFEFVNB
MFJSBT  FN +VOIP ÞMUJNP  P OIPV  BJOEB  P OBTDJNFO DJEBEF SVTTB WÍP NPTUSBOEP  QFMP NFOPT JOUFSOBNFOUF  RVF
TFV ÞMUJNP MJWSPi "MHVNBT UP EB "&.0  FN   F OÍPGPSBNGFJUPTQBSBDPOWJWFSFNOBNFTNBDBQPFJSB²DBTP
UBNCÏNEJTQFSTBTFNPVUSPTØSHÍPT
EBT
.FNØSJBTRVF FVBJOEB
3F EBT SFWJTUBT i$IBSSVBw  FN  F QBSBQFSHVOUBS RVFNSFDFCFSÈHVJBEFNBSDIBOBFTQFSBEBSF
EFDPNVOJDBÎÍPTPDJBM
UFOIPw  VNB PCSB RVF OBSSB BT WJ i&$0w FN NPEFMBÎÍPHPWFSOBNFOUBMEFQPJTEF4FUFNCSP
"OUØOJP1JOUPEF"CSFVOBTDFVOB
WÐODJBTEPBVUPS "OUØOJP1JOUPEF"CSFVMJDFODJPV t$PNPVTFNCFJKPT PNFUJDBMFTUÈMFOUBNFOUFBQFSEFSHÈTGBDF
FOUÍP 7JMB 1FSZ  BDUVBM $IJNPJP 
TFFN&DPOPNJBQFMB6OJWFSTJEB ËTWFSEJOIBT NFTNPDPNBTDPNQSBTNBDJÎBTEBTEJUBTDVKBT
$PN  QÈHJOBT  B PCSB TBJV TPC NBTWJWFVBNBJPSQBSUFEBTVBJO
EF&EVBSEP.POEMBOF FOUSF OBCBODBDPNFSDJBMBQSFÎPTCFNHFOFSPTPTQFMPTIPNFOTEP
DIBODFMB EB "TTPDJBÎÍP EF &TDSJ GÉODJB OB #FJSB  DBQJUBM QSPWJODJBM
F  F PCUFWF DPN EJTUJOÎÍP P YFSJGF2VBMTFSÈBNBOPCSBEFTUBWF[ 
UPSFT .PÎBNCJDBOPT "&.0
 F EF 4PGBMB  POEF GF[ P &OTJOP 1SJ NFTUSBEPFN&DPOPNJB'JOBODFJSB t&N$BCP%FMHBEP DPNPPBTTVOUPQBSFDFEFNBTJBEPRVFOUF 
ÏB‹EBi$PMFDÎÍP.FNØSJBTwFB NÈSJPFJOUFHSPVP(SVQP$VMUVSBM EB &TDPMB EF &TUVEPT 0SJFOUBJT F
‹EF1JOUPEF"CSFV0BVUPSUFN
BQPMÓDJBGPJNBOEBEBEJ[FSRVFOÍPIÈ"M4IBCBBCQFMB[POB
1SPWJODJBM 1PMJWBMFOUF FOUSF  "GSJDBOPT 40"4
EB6OJWFSTJEBEF .FTNPRVFFYJTUBNBVUPTEFGÏDPOUSBBTCFCJEBTBMDPØMJDBT
QVCMJDBEPT i.VSNÞSJP EF "DÈDJBw F   EFEJDBOEPTF Ë EBOÎB USB EF-POESFT FN OBTCBSSBDBT DPOUSBBGSFRVÐODJBEBFTDPMBQÞCMJDBFBJOEV

 -VBS EF /XBO[Jw 
 EJDJPOBM NPÎBNCJDBOB F Ë BSUF EF %FQPJT EF NVJUPT BOPT DPNP P NFOUÈSJBEBTNVMIFSFT
i$BTDBUB EF 4JOPTw 
 i#SJ EFDMBNBS OÞNFSPEPJTEP#. EF"CSFVGPJ
TB EF -V[w 
 F i 1PFNBTw 'PJOB#FJSBPOEFTFJOJDJPVOPUF FYPOFSBEP  BOP QBTTBEP  QFMP QSF

 Em voz baixa
BUSPFOPCBJMBEP BOUFTEFFNmOBJT TJEFOUF 'JMJQF /ZVTJ F  QPTUFSJPS
.BTPNBMPHSBEPMBOÎBTFQBSBBT t$PNPUJNPOFJSPQPSQFSUP TFSÈRVFWBJGVODJPOBSBQBSUJSEB
EFQBSUJSQBSB$VCB POEFGF[ NFOUF  FTDPMIJEP  FN "TTFNCMFJB
MJEFTMJUFSÈSJBTCFNBOUFTEBQVCMJ (PSPOHPTB BSFEFWJFUOBNJUBDPNCJOBEBDPNVNDÏMFCSFNP
PTTFVTFTUVEPTTFDVOEÈSJPTOB*MIB (FSBMEB-". QBSBEJSJHJSPTEFT
DBÎÍP EPT TFVT MJWSPT  RVBOEP  OPT UPSPMMB QBSB RVF B QB[ UFOIB OPWPT FQJTØEJPT  /B EÞWJEB  P
EB+VWFOUVEFBUÏ/PQBÓTEF UJOPT EB DPNQBOIJB BÏSFB EF CBO
BOPT   KÈ DPMBCPSBWB DPN B QBQÈFN$IJCBCBWBWBJMBOÎBSVOTQPNCJOIPTCSBODPTy
'JEFM$BTUSP PFTDSJUPSFQPFUBGVO EFJSB TVDFEFOEP4JMWFTUSF4FDIFOF
SFWJTUB i5FNQPw  DPN QVCMJDBÎÜFT EPV F EJSJHJV PT HSVQPT EF QPFTJB OPDBSHPEF1$"
Savana 04-08-2016 1
EVENTOS

EVENTOS
0DSXWRGH$JRVWRGH‡$12;;,9‡1o 1230

Comunidade Ismaili celebra


Jubileu de Aga Khan

A
comunidade imamanti de civil. pessoas, em todo o mundo, inde- Nas áreas da saúde, educação, re- lhorar as condições de vida e as
ismaili, em Moçambi- “Ao longo dos 60 anos, a Rede pendentemente da sua origem, vitalização cultural e capacitação oportunidades, também em algu-
que, celebrou na última Aga khan para o Desenvolvimen- raça e religião”, disse o Repre- económica, as organizações da
mas das regiões mais remotas e
segunda-feira o Jubi- to (AKDN) tem transformado a sentante Diplomático da AKDN, AKDN têm estado a trabalhar
leu de Diamante do príncipe qualidade de vida de milhões de Nazim Ahmad. para inspirar a excelência e me- problemáticas do mundo.
Aga Khan como líder espiritual
(Imam) dos muçulmanos ismai-
lis. O evento, que teve lugar na
cidade de Maputo e contou com
participação de diversas indivi-
Produção agrícola ganha impacto com
investigação científica
dualidades da nata moçambi-
cana, reforça o compromisso de
Aga Khan em prol das parcerias

O
que se baseiam na ética da acção,
da paz e do pluralismo. Fundo Nacional de -estar das populações. Para além da semente melhorada nomia e recursos naturais
Investigação (FNI) in- A directora do FNI fez estas de- atribuída aos camponeses, foram do IIAM, Anabela Zacarias,
Recorde-se que, no dia de 11 de centiva os agricultores clarações depois de visitar, esta partilhadas técnicas económicas trata-se de um testemunho
Julho de 1957, sua Alteza Aga nacionais a tomarem segunda-feira, machambas, de agri- que permitem produzir mais em de que é possível ter uma
Khan assumiu o mandato de líder os ensaios científicos de modo cultores nos distritos de Boane e pouco tempo e poupar recursos. semente viável com altos ín-
espiritual da comunidade Ismai- a aumentarem os níveis de pro- Namaacha, que são assistidos pelos Testemunhados os resultados, Vi- dices de produtividade me-
li, o 49º Iman que segue uma li- dução e produtividade no país. cientistas do Instituto de Investiga- tória Langa diz que ficam assim diante a realidade de cada
nhagem directa e hereditária com Segundo Vitória Langa, Direc- ção Agronómica de Moçambique esclarecidas as dúvidas dos que área. No entanto, aponta que
tora do FNI, colocando a ciên- (IIAM). questionavam o desenvolvimento para que Moçambique seja
mais de 1400 anos.
cia e a investigação ao serviço A visita tinha como principal ob- da agricultura baseada na ciência e auto suficiente em matéria
No âmbito desta histórica efemé-
da agricultura, Moçambique jectivo aferir como é que os en- na investigação tal como acontece de produção é preciso disse-
ridade, Sua Alteza enfatizou as
estará em condições de produ- saios tecnológicos produzidos pelos noutros países. Sublinhou que o minar a mensagem nos cam-
prioridades do jubileu, incluindo zir para o seu auto sustento, o cientistas do IIAM reagem nas motivo de satisfação neste tipo de poneses, mas também incutir
o alívio da pobreza, a promoção que pode contribuir para a bai- machambas e o resultado no terre- projectos é que os resultados se re- a necessidade de uma produ-
da educação pré-escolar e primá- xa de preços dos produtos e a no não deixou margens para dúvi- flectem no prato. ção em escalas para que haja
ria, o fortalecimento das institui- consequente melhoria do bem- das do sucesso na iniciativa. Para a directora-técnica para agro- produtos em todos os ciclos.
ções e revigoramento da socieda-
2 Savana 04-08-2017
EVENTOS

Projectos da Odebrecht ANAC pressionada


distinguidos em Nova Iorque pelas construtoras

D O
mangal da zona Norte do timos dois anos, existe uma grande
ois projectos da construtora Instituto Ling. Anteriormente, estes Iorque, um clube privado em Ma- país, sob alçada da Ad- pressão sobre o mangal, prática
brasileira, Odebrecht, ramo projectos venceram o Prémio Ode- nhattan, com a presença de Albert ministração Nacional das que tem sido mais notória na épo-
de Desenvolvimento, aca- brecht, no Brasil. Fishlow, professor emérito da Uni- Áreas de Conservação ca em que houve monitoria mais
bam de ser distinguidos, em Agora reconhecidos internacio- versidade de Columbia (NY) e es- (ANAC), sofre pressão de grandes efectiva. Houve captação de dados
Nova Iorque, nos Estados Unidos nalmente, os projectos “Selectora pecialistas em economia brasileira, construções que usam este recurso que permitem avaliar melhor, em-
da América (EUA), pela Câmara de de Mudas de Cana-de-açúcar” e Paulo Vieira da Cunha, economista marinho para as suas obras, espe- bora a prática já vinha há bastante
Comércio Brasil-EUA e o Person of “Energia Renovável e Sistema de e ex-diretor do Banco Central bra- cialmente nos últimos dois anos. tempo.
the Year (POY) Fellowship Com- Purificação de Água – Sistema de sileiro (BC) e dirigentes da Câmara A preocupação foi partilhada no Segundo ele, a pressão sobre os
mittee. Os projectos foram premia- Purificação Manual” exploram o uso de Comércio Brasil-EUA e da Ode- workshop sobre prioridades de recursos aumenta de forma acen-
investigação, monitoria, gestão e tuada. Há uma taxa de extracção
dos pelo seu impacto na sociedade das novas tecnologias e iniciativas brecht.
conservação nas áreas de conserva- do mangal pelas comunidades e se
e a contribuição das pesquisas para inovadoras para o desenvolvimento Na ocasião, Albert Fishlow destacou
ção marinhas, reunião que vai per- calhar transcendem os níveis acei-
os académicos e ganharam o pré- sustentável. a contribuição do prémio como um
mitir avaliar as iniciativas em curso táveis, que é utilizado para grandes
mio POY Fellowship, iniciativa a O respectivo prémio foi entregue estímulo à educação e a contribuição e os progressos alcançados, parti- obras nas cidades, e isto se reflecte
que concorrem também estudantes numa cerimónia recentemente da Odebrecht com esta iniciativa é o lhar lições aprendidas, num fórum na redução de várias espécies ma-
apoiados pela Fundação Lemann e o ocorrida no Harvard Club de Nova foco no futuro. que se pretende que trabalhe cada rinhas, de peixe e camarão, que se
vez mais de forma conjunta. reproduzem no mangal.
Durante este seminário foram “Existem zonas em que não há

TTA recebe sete nomeações no


apresentados os resultados das ac- muita pressão. No caso das Qui-
ções de seguimento do workshop rimbas, eventualmente porque há
realizado em 2015, apresentar as uma grande necessidade de desen-
actividades de investigação, moni- volvimento. Isto cria mais pressão

African Legal Awards 2017


toria e conservação em curso, re- do que o uso pelas comunidades
ver e actualizar as prioridades com para a construção de casas e habi-
base na situação actual de cada tações que precisam deste recurso.
área de conservação. A utilização do mangal mais da-

F
Agostinho de Nazaré, Director nosa é quando é para resolver inte-
oi, recentemente, publicada a seguintes categorias: “African Law O evento de publicação de vencedo- de Serviços e Conservação e De- resses de tamanho muito maior do
lista dos finalistas para a quin- Firm of the Year (Small Practice)’, res terá lugar no próximo dia 08 de senvolvimento Comunitário na que uma extracção sustentável ao
ta edição dos African Legal ‘CSR, Diversity, Transformation and Setembro em Joanesburgo, na vizi- ANAC, disse que a ANAC tem nível local”, disse Nazaré.
Awards 2017, uma iniciativa Economic Empowerment Award’, nha África de Sul. vindo a desenvolver acções de Nazaré contou também que, em-
promovida pela Legal Week em as- ‘Employment Law Team of The monitoria dos recursos marinhos, bora essas áreas estejam na nossa
“Com o reconhecimento vem a res-
sociação com a Corporate Counsel Year’, ‘Litigation and Dispute Re- por reconhecer a sua importância, gestão da ANAC, o trabalho tem
ponsabilidade de continuarmos a como meio de vida das comunida- sido realizado em conjunto com
Association of South Africa. solution Team of the Year’, ‘M&A
lutar por um lugar na esteira estra- des. Trata-se de uma base estabele- outras vários parceiros, aliás, que
Entre as sociedades de advogados Team of the Year’, ‘Property and
distinguidas, destaque vai para a Construction of the Year’ e ‘Trans- tégica das instituições e dos empre- cida em 2015 para permitir avaliar tem um nível de especialização
Tomás Timbane – Sociedade de portation and Infrastructure Team sários em Moçambique”, referiu o a performance do trabalho. muito lato, das quais o Centro
Advogados, com sete nomeações nas of the Year”. advogado Tomás Timbane. O governante explicou que, nos úl- Terra Viva, WWF e outras.
Savana 04-08-2016 3
PUBLICIDADE
EVENTOS

CONJUNTURA ECONÓMICA DA CRISE DAS DIVIDAS OCULTAS Nº2

CONJUNTURA ECONÓMICA DA
CRISE DAS DIVIDAS OCULTAS
Maputo | Julho | 2017 Por João Mosca e Rabia Aiuba1

O presente texto procura analisar os efeitos de curto prazo sobre os indicadores de factores convergiu para o efeito, nomeadamente a queda dos preços
nominais da economia e sobre a economia real provocados pela chamada internacionais de alguns produtos exportados por Moçambique, o conflito e as
crise das dívidas ocultas. Apresenta uma síntese das medidas adoptadas e calamidades naturais. Sem ser menos importante, existiram erros fundamentais
não adoptadas face ao choque na economia e na sociedade. Seguidamente, e sistemáticos de política económica, debilitação do Estado e das instituições,
sugerem-se medidas económicas e não económicas necessárias para que se corrupção, aumento do número de pobres e das desigualdades sociais e
inicie um ciclo de crescimento com maiores garantias de estabilidade política e espaciais, um padrão de crescimento socialmente não inclusivo nem sustentável
social a médio e longo prazo, evitando-se os ciclos frequentes de crescimento e em termos ambientais e de preservação dos recursos naturais.
de crise, de curta duração e de grande amplitude. Embora seja uma análise de
conjuntura, estabelecem-se algumas relações com a evolução da economia nos Observa-se na Figura 1 que a dívida, agravada pelas ocultas, teve um impacto
últimos anos e sugerem-se medidas de saída da crise. importante porque estas provocaram a suspensão do financiamento das
instituições internacionais ao Estado, particularmente do FMI. Sabe-se dos níveis
Os autores chamam à atenção para que os efeitos económicos com reflexos de dependência de Moçambique por recursos externos, sobretudo em relação
sobre a sociedade sejam aprofundadamente estudados, de modo a que os ao financiamento ao Orçamento do Estado, à Balança de Pagamento (sobretudo
cidadãos tenham uma melhor percepção das consequências das dívidas e o que por via dos influxos de capitais - IDE, cooperação, donativos e financiamento
elas significam. As reclamações contra o pagamento das dívidas, as iniciativas do défice). Estes impactos foram traduzidos na redução repentina e de grande
de tornar a orçamentação das dívidas como inconstitucionais, a demanda de volume dos influxos de capitais que se reflectiram de imediato na depreciação
responsabilização e devolução dos recursos desviados (se for o caso), entre acelerada da taxa de câmbio. Esta fez subir a inflação dos bens importados,
outros aspectos, constituem reivindicações legítimas, mas que correm o risco de que constituem uma elevada percentagem dos bens consumidos no país,
abrandamento no tempo. principalmente nos centros urbanos.
O conhecimento dos efeitos económicos e sociais de forma fundamentada
e com evidências permitirá um maior poder reivindicativo e de advocacia Figura 1: Efeitos previsíveis - esquema teórico
junto dos centros de decisão. O estudo, que deverá incluir cenários de longo
prazo, facilitará a fundamentação do diálogo e a apresentação de propostas à
governação, no sentido de se assegurar um desenvolvimento estável a longo
prazo, social e ambientalmente sustentável, inclusivo, com instituições eficientes
e transparentes em prol do bem-estar dos cidadãos.

1. Breve quadro geral macroeconómico da


crise
Qualquer variação de uma variável da economia provoca efeitos múltiplos
sobre toda a economia. No caso em apreço, isolam-se os efeitos da dívida
pública somente sobre as variáveis agregadas que compõem a equação básica
da economia: Y (rendimento) = C (consumo) + S (poupança que se considera
em equilíbrio com I, investimento) + G (gastos públicos) + XN (sector externo,
importações e exportações).

A figura abaixo resume os efeitos de curto prazo de uma variação repentina da


dívida pública, aplicados ao caso de Moçambique. Deve-se frisar que as causas
da crise não são somente da dívida externa ou das dívidas ocultas. Um conjunto

1. João Mosca, Professor Catedrático. Director Executivo e


Investigador do OMR. Rabia Aiuba, finalista da licenciatura em
Economia e Monitora de Investigação no OMR. Maputo. Julho de 2017 1 de 4
4 Savana 04-08-2017
EVENTOS
PUBLICIDADE

CONJUNTURA ECONÓMICA DA CRISE DAS DIVIDAS OCULTAS

tO crédito à economia em 2016 manteve-se sensivelmente nos níveis


2. Comportamento da economia após o de 2015, o que pode ser justificado pelo efeito de inércia e de contratos
já efectuados antes de estalar a crise. Informações existentes indicam
choque inicial da crise a subida rápida e em grandes proporções do crédito malparado, bem
como o encerramento de muitos pequenos negócios (não existem dados
Os quadros que se seguem procuram sintetizar os efeitos da dívida (conjugados estatísticos deste indicador).
com os outros factores da crise). Deve-se considerar que a crise despoletou em
Abril de 2016, pelo que os valores desse ano devem ser ponderados por dois tA dívida pública, entre 2014 e 2015, subiu um pouco mais que três mil
períodos: o fim do ciclo de crescimento e aparente estabilidade, e o início da milhões de USD, cerca de 26%, o que pode ser considerado muito elevado.
desaceleração e dos outros efeitos na economia. São apresentadas as variáveis Este aumento faz parte da dinâmica do crescimento da dívida, sobretudo
geralmente mais usadas para este tipo de análise. depois de 2010.

Quadro 1: Evolução de algumas variáveis nominais da economia tO serviço da dívida aumentou apenas em um ano, em perto de 1,95
vezes. Este incremento vertiginoso deve-se a pagamentos efectuados por
Unidade de dívidas contraídas anteriormente (que não as ocultas) e pela subida das
Indicador Fonte 2015 2016
medida taxas de juro (estas sim, uma consequência da crise das dívidas ocultas).
Recorda-se que em 2016 Moçambique passou a integrar o grupo de países
Acumulada até
Inflação (IPC) % INE 10,55 23,67 não cumpridores dos seus compromissos financeiros internacionais. Em
31/12
linguagem corrente, o país passou ser catalogado como “lixo” segundo as
Acumulada até agências internacionais de rating.
IPC alimentos % INE 17,55 34,85
31/12
tObserva-se uma queda importante do investimento entre 2016 e 2015
Taxa de câmbio MZM/USD Vigente a 31/12 BdM 45,07 71,39 (cerca de 30%).
Taxa de juro % 1 ano BdM 18,78 22,37
tAs exportações decresceram em cerca de 12,8%, o que revela a baixa
Cedência de elasticidade da oferta (capacidade de reacção produtiva, por razões
Taxa de juro de referência % BdM 7,79 15,15 diversas) do tecido económico virado para a exportação.
liquidez

tAs importações diminuíram em cerca 4,7%, o que constitui um


Do quadro acima, pode-se constatar uma rápida deterioração dos indicadores comportamento atípico. Realça-se, no entanto, que foram tomadas medidas
inflação (medida pelo Índice de Preços ao Consumidor - IPC), taxa de câmbio e de redução das taxas de fronteira para as importações de bens essenciais de
das taxas de juro. Tem importância a inflação dos preços de alimentos nos dois consumo, o que pode ter atenuado os preços internos devido ao efeito da
anos. Esta inflação permite constatar que os preços dos alimentos subiram, em depreciação da taxa de câmbio.
dois anos, mais de 50%, o que não foi acompanhado pela subida paralela dos
salários, nem da produção de riqueza. A subida dos preços de alimentos afec- tNão existem informações actualizadas mas pode-se deduzir ter ocorrido
ta principalmente os mais pobres devido ao peso destes gastos no orçamento perda de emprego na economia. Sabe-se da perda de emprego na
destas famílias. As taxas de juros também subiram de forma significativa, o que construção civil, no turismo e restauração, entre outros sectores.
se reflecte no nível do investimento e do consumo (considerando-se que cerca
de um terço do crédito à economia se destina ao consumo). O comportamento Segundo as instituições de avaliação especializadas, são conhecidas as perdas
destas variáveis confirma o esquema teórico da Figura 1. de posições de Moçambique em 2016 em alguns dos principais indicadores
internacionais, como por exemplo no Índice de Competitividade Global, no
Como reflexo das reacções das variáveis nominais, a economia real (aquela que Ambiente de Negócios e no Índice de Liberdade Económica. Em relação ao IDH,
afecta directamente os cidadãos) reagiu do seguinte modo: a última informação é referente a 2015, tendo havido uma ligeira melhoria no
índice (de 0,416 para 0,418, entre 2014 e 2015), tendo piorado um ponto no
Quadro 2: Evolução de algumas variáveis da economia real ranking entre países.

Unidade de Em resumo, as consequências são graves se forem quantificadas as perdas do


Indicador Fonte 2015 2016 poder de compra e os correspondentes sacrifícios no consumo, a descida do
medida
Crescimento % valores investimento e os possíveis efeitos sobre a produção nos próximo anos e sobre
P Corrente FMI -12,2 -23,8 o emprego, e na imagem internacional de Moçambique e suas consequências
do PIB em USD
junto dos credores, cooperação internacional e instituições financeiras.
Crescimento % valores
PC 2009 volume INE 6,6 3,9
do PIB em MZM
Crédito à
economia
106 MZM
6
PC 2015 BdM 232.128 233.608
3. Principais medidas de anticrise
Dívida pública 10 USD 2014 e 2015 MEF 11.498 14.535
Um conjunto de medidas iniciais anticrise foram tomadas pelo Banco de
Serviço da 6 Moçambique (BdM) e podem ser sintetizados nos seguintes aspectos: subida
10 MZM PC 2015 OGE 6.922.800 13.526.912
dívida das taxas de juro de referência; aumento das reservas dos bancos comerciais
FCBF
106 MZM PC 2009 INE 148.588 104.116 junto do banco central; aumento do rácio de solvabilidade mínimo para 12%; e,
(Investimento) intervenção em dois bancos com dificuldades de solvabilidade e incapacidade
3.916,40 3.413,30 de capitalização. O objectivo principal do BdM é o de controlar e fazer baixar a
Exportações 106 USD P Cor 2014 e 2015 BdM inflação. As críticas que surgiram foram essencialmente: o aumento do custo do
7.951,70 7.576,60
capital, contraindo o investimento e todo um conjunto de indicadores nominais
Importações 106 USD P Cor 2014 e 2015 BdM e reais da economia, sobretudo o crescimento e o emprego. A desaceleração do
crescimento reduz os impostos e as receitas fiscais (cujo ajustamento do défice
Nota: P Cor (preços correntes); PC (preço constante). seria por via da redução dos gastos públicos em maior valor que a perda de
Fonte: INE para inflação, para cálculo dos valores a preços constantes de 2015. receitas dos impostos). Pode-se prever a redução do consumo das famílias.
Sem esquecer que o “choque” da crise teve início em meados de 2016, pode-se Referiu-se que o Governo devia complementar o BdM com outras medidas, o
constatar: que não aconteceu. Referiram-se medidas de incentivo à produção, algum
direccionamento do crédito com taxas de juro bonificadas, reformas no Estado e
tO crescimento da economia, calculado em dólares americanos, decaiu nas empresas públicas, melhoria no ambiente de negócios, entre outras.
em cerca de 24% em 2016, tendo-se já verificado, no ano anterior, um
crescimento negativo de cerca de 12%. Este dado é importante pois os Os gastos totais em 2016, segundo o orçamento rectificativo, reduziram-se em
relatórios internacionais baseiam-se nesta informação. Pode-se assim cerca de 13% em relação a 2015. A agricultura e a educação foram bastante
considerar que a riqueza nacional decresceu em cerca de um terço, em dois penalizadas, em cerca de 35% e 24%, respectivamente. Os gastos em saúde
anos. aumentaram em cerca de 6% e os gastos militares mantiveram-se similares a
2015. De notar que os gastos militares indicados, não incluem os investimentos
tEm termo de meticais, o crescimento de 2016 foi de cerca de 4%. Uma (pagamento de prestações e serviço da dívida) das três empresas envolvidas nas
apreciação por trimestre, segundo os dados do Instituto Nacional de dívidas ocultas.
Estatística (INE), indica a desaceleração do crescimento no 2º semestre,
tendo alcançado, no último trimestre, um crescimento de 1,1%.

2 de 4 Maputo. Julho de 2017


Savana 04-08-2016 5
PUBLICIDADE
EVENTOS

CONJUNTURA ECONÓMICA DA CRISE DAS DIVIDAS OCULTAS

O Estado é actualmente um grande devedor às empresas que lhe prestam É sabido acerca da evolução da economia através de ciclos de crescimento e de
serviços e realizam obras de infra-estruturas, isto é, é um agente que acrescenta desaceleração ou crise, conforme revela a figura abaixo. Os ciclos de períodos
mais instabilidade no tecido económico. mais longos possuem, em geral, as seguintes vantagens: (1) maiores períodos
de crescimento e menores tempos de crise; (2) menores amplitudes entre os
Quadro 3: OGE - Gastos totais, agricultura educação, saúde e militares, a preços constantes cumes dos períodos de crescimento e os pontos mais baixos das fases de crise;
de 2015. (3) variações menos rápidas nas taxas de crescimento e de desaceleração da
economia. Em síntese, maior estabilidade da economia e confiança dos cidadãos,
Em 103 MZM dos investidores e do tecido económico.

Indicador 2015 2016 (rectificativo) No caso de Moçambique, e reportando à crise das dívidas ocultas, pode-se
Gastos públicos totais 226.425.059,34 196.276.839,98 constatar que se verificou uma crise de mudança repentina da tendência da
economia, grande amplitude na variação das taxas de crescimento e de outras
Agricultura 7.290.258,04 4.704.535,69 variáveis da economia. Não é possível referir a duração da presente crise. Sair da
Educação 16.326.196,31 12.411.711,95 crise de forma durável significa crescer pelo menos acima da taxa de crescimento
Saúde 17.369.030,12 18.329.784,83 demográfico, criar emprego líquido, reduzir os défices externos e públicos e as
respectivas dívidas, reduzir a inflação para menos de 3%, diversificar a economia,
Militares 7.399.286,07 7.387.557,31 iniciar um dinâmica de redução da pobreza e das desigualdades sociais e
Fonte: OGE. INE para inflação (para cálculo dos valores a preços constantes de 2015). territoriais, diminuir a dependência externa e dos factores de vulnerabilidade da
economia, incluindo em relação às mudanças climáticas.
As principais empresas públicas com dívidas elevadas (por exemplo EDM, LAM,
Aeroportos de Moçambique, etc.) que estão em falência técnica, são ineficientes Figura 2: Ciclos económicos
e prestam serviços de baixa qualidade e caros aos cidadãos, mantiveram-se,
como anteriormente. São empresas politizadas, praticando preços de monopólio
(LAM) ou preços políticos, isto é subsidiados (electricidade, águas, transportes
públicos urbanos, caminhos-de-ferro), cujo objectivo é a manutenção do custo
de vida dos grupos sociais mais pobres, sobretudo nas cidades. Existem vários
casos comprovados de corrupção, conflito de interesses, promiscuidade política,
falta de transparência e má gestão, sem que existam medidas por parte do Estado
enquanto único ou principal accionista. Há uma clara política de protecção ao
consumidor urbano devido ao temor por manifestações de rua.

Para “recaptar” os recursos externos suspensos com o anúncio das dívidas ocultas,
realizaram-se diversas visitas, presidenciais e de outros níveis, ao exterior para
convencer os países cooperantes, os investidores e os credores que Moçambique
continuava sendo um país de grandes riquezas naturais, de oportunidades e que
oferecia facilidades ao investidor.

A partir de princípios de 2017, começam a verificar-se algumas reacções


positivas, mesmo que parciais, sobretudo a apreciação do metical e a descida Considerando a complexidade deste ponto, apenas se apresentam, de forma
dos preços dos bens importados e por uma maior oferta da produção nacional genérica, aquelas que podem ser as medidas que contribuam para a estabilidade
(início da colheita da campanha agrícola 2016/2017). Consequentemente, a a longo prazo. Referem-se alguns aspectos não económicos, mas com grande
inflação será inferior em 2017, porém muito acima da subida dos salários e dos influência sobre a economia.
rendimentos da maioria da população, isto é, o sacrifício no consumo continuará.
A apreciação do Metical deveu-se a razões de mercado (entrada de mais valias Primeiro, a paz assente na confiança dentro do sistema do poder e deste com
de transacções entre investidores de gás, aumento dos preços e reactivação os cidadãos é a condição sem a qual não é possível haver desenvolvimento. A
das exportações de carvão e de alumínio, influxos de capital relacionados com paz deveria ser a primeira grande responsabilidade da governação (Frelimo) e
projectos da cooperação e redução da procura de divisas pelos importadores). da Renamo.
As exportações estão a aumentar (dados do 1º trimestre de 2017), não como
consequência das medidas internas, mas por uma conjuntura favorável de Segundo, as reformas do sistema político com vista a uma mudança efectiva de
subida dos preços do carvão e do alumínio e a manutenção dos preços baixos regime é outra medida sem a qual não se poderá esperar crescimento estável a
do petróleo. Consequentemente, as reservas em divisas aumentarão. longo prazo. Isso significa principalmente:
Estas reacções podem dar a percepção de recuperação da economia. Porém, tRedefinir o papel do Estado no actual e futuro contexto histórico, regional
podem constituir uma ilusão de curto prazo. Mudanças de conjuntura podem e internacional, isto é, quais são as funções económicas e sociais para a
alterar, em qualquer momento, essas evoluções positivas. Enquanto não forem promoção do desenvolvimento competitivo e o bem-estar dos cidadãos.
tomadas medidas que possibilitem um crescimento estável de longo prazo, o
ciclo da crise não está ultrapassado. tDescentralizar poderes de decisão para o nível provincial e capacitar
tecnicamente as instituições executivas a nível distrital.
Em resumo, pode-se afirmar que as medidas governativas tinham como
objectivo não alterar a “ordem” estabelecida por via do orçamento, a defesa do tDemocratizar as instituições públicas e maior abertura para alargamento
poder (através dos subsídios e do reforço securitário e policial) e a diplomacia dos espaços de liberdades e garantias dos cidadãos.
para atenuar a redução dos influxos de capital como o principal meio de não-
agravamento das crise económica e social. Nada de novo na economia política tConstruir o Estado de direito, com transparência, separação dos poderes e
e na política económica do Estado, com três pilares fundamentas: (1) defesa do delimitação entre os interesses públicos e privados e entre a política e os
poder; (2) obtenção de rendas e capital externo e, (3) manutenção de um Estado negócios.
ineficiente e sustentador de benefícios e de negócios para as elites. tModernizar o aparelho de Estado tornando-o mais “leve”, eficiente e eficaz,
com reforço das funções de regulação e fiscalização.
Se as estatísticas oficiais referem a queda do investimento, dos gastos públicos,
das exportações, das importações e do consumo (dados do consumo não tMelhorar e reforçar o sistema judiciário despolitizando-o, para que seja mais
apresentados nos quadros acima), não se pode compreender que o governo, o célere, com actualização da legislação aos novos desafios da sociedade
BdM e as instituições financeiras internacionais, apresentem um crescimento de (tráficos, novos tipos de crimes, etc.) e da economia.
3,9% do PIB em 2016, comparativamente com o PIB de 2015. Algo não está certo.
tAumentar as medidas de anticorrupção, aplicar a lei de acesso à informação
e estabelecer mecanismos de controlo democrático das instituições.
4. Medidas necessárias para um tReformar o sector público empresarial, para o tornar competitivo, com
crescimento estável a longo prazo gestão transparente e sem conflitos de interesses, nem politização das
empresas para assegurar a prestação de melhores e mais baratos serviços
aos cidadãos.
O comportamento da economia a médio e longo prazo depende, principalmente,
de reformas estruturais da economia, no sistema político, nas instituições e nos Terceiro, são imprescindíveis mudanças fundamentais de política económica,
contextos internacionais. A estabilidade política e a paz social são absolutamente principalmente:
necessárias. Deve-se contar sempre, e cada vez mais, com as mudanças climáticas
que serão mais frequentes e de maior intensidade.

Maputo. Julho de 2017 3 de 4


6 Savana 04-08-2017
EVENTOS
PUBLICIDADE

CONJUNTURA ECONÓMICA DA CRISE DAS DIVIDAS OCULTAS

tDiversificar a economia priorizando a agricultura assente no sector familiar


e na produção alimentar e de outros bens para o mercado interno, sempre
que possível com transformação dos produtos primários (agro-indústria) e
5. Resumo
a indústria a montante da produção primária. As dívidas ocultas foram a razão próxima da actual crise da economia
moçambicana, que possui muitos outros factores. O choque desta crise, a ser
tIncentivar o investimento para os sectores acima mencionados e estabelecer medido pelos principais indicadores macroeconómicos entre 2015 e 2016, foi
contratos que assegurem, necessariamente, valores acrescentados locais, muito elevado e com efeitos gravosos para a grande maioria da população,
responsabilidade social corporativa, aplicação de fiscalidade semelhante à sobretudo dos mais pobres. As dívidas ocultas introduzem elementos extra
prática de outros países considerando a importância da competitividade económicos de legalidade, legitimidade, de funcionamento das instituições e de
fiscal. prestígio do actual sistema político e do próprio país.
As primeiras medidas anticrise foram principalmente de política monetária.
tConcentrar o investimento público nas infra-estruturas que articulem o
O Governo não assumiu opções de política orçamental/fiscal, de reformas
território entre as zonas produtoras e os principais centros consumidores,
institucionais e sobre a economia real, que criassem sinergias, potenciando os
em centros de saúde, em escolas, em regadios e na cabotagem marítima.
efeitos das medidas do Banco de Moçambique. A paz é condição sem a qual
tMelhorar o ambiente de negócios e aumentar os incentivos e apoios para as será difícil a recuperação sustentável da crise. É importante que a sociedade e
pequenas e médias empresas e a criação de emprego. os sectores mais moderados da governação estejam atentos à intensificação das
actividades e acções do aparelho ideológico e repressivo do poder. A governação
tIncentivar a poupança interna e regular o crédito para que seja absorvido deve demonstrar humildade democrática e reconhecer o que de errado
maioritariamente pelos sectores prioritários (agricultura, comercialização, aconteceu em política económica, na gestão e na transparência da governação,
agro-indústria e de bebidas, têxteis e confecções e indústria de materiais de na gestão das expectativas e no comprometimento por um desenvolvimento
construção civil). que beneficie os cidadãos.

tRedefinir a política alfandegária e de protecção aos sectores referidos nos A actual crise possui complexas articulações e alianças internas e externas. A
bullets anteriores. recuperação da confiança dos cidadãos, da cooperação e das instituições e
organizações internacionais, é fundamental para que exista a retoma dos
tLegislar os limites de endividamento público. influxos de capitais externos, absolutamente indispensáveis à recuperação da
Os contextos internacionais podem provocar crises nas economias vulneráveis crise e para que exista um clima de paz política e social.
aos choques externos. O grau de vulnerabilidade depende de vários factores,
principalmente: dependência de capital externo; dívida externa e pública; défice As primeiras reacções às decisões anticrise começam a produzir efeitos positivos
externo e cobertura da Balança de Pagamentos (em que medida as exportações sobre a economia, mesmo que parciais, particularmente a apreciação do Metical
cobrem as importações); nível de abertura da economia; e, diversificação da e a redução dos preços dos bens importados, com particular importância dos
economia e do comércio externo. Para todos os indicadores mencionados preços ao consumidor. Deve-se ter consciência que ainda não existiram medidas
Moçambique possui um elevado nível vulnerabilidade. sobre a maioria e mais importantes causas da crise. Se isso não acontecer, é
previsível que a saída da crise seja mais lenta e parcial e que as dinâmicas que
As reacções da economia a medidas de política económica derivam de múltiplos justificam a actual crise se aprofundem, gerando, mais cedo ou mais tarde, uma
factores. Por essa razão, é importante a monitorização sistemática e actualizada nova crise. Entretanto, como anteriormente, corre-se o risco de existir uma ilusão
da evolução conjuntural da economia. de recuperação da crise.

A implementação de algumas destas medidas implica, necessariamente, A sociedade civil reivindica a inconstitucionalidade da inclusão das dívidas na
mudanças fundamentais na política económica, no modo de fazer política e lei orçamental, reclama por informação sobre o destino do dinheiro e exige a
nas instituições. Essas medidas afectariam os interesses económicos da elite responsabilização dos actores (executores e mandantes). Seria importante
política e das actuais dinâmicas de acumulação e de configuração de grupos conhecer, de forma aprofundada, os efeitos sobre a economia e a sociedade,
de interesses económicos. Estes aspectos levantam a hipótese de se reforçarem tanto no prazo imediato (período do choque), como a longo prazo. Só assim
os obstáculos institucionais e dos poderes com o objectivo de inviabilizar o a sociedade civil terá conhecimento pleno das consequências das medidas
modelo de desenvolvimento desejado já referido anteriormente. Isto porque, as ilegais/inconstitucionais, da falta de transparência e da eventual corrupção
reformas preconizadas afectariam os interesses económicos e os (des)equilíbrios multimilionária de alto nível. Esse conhecimento será necessário para que a
dos poderes instituídos. sociedade civil conheça a evolução da economia de forma actualizada, o que
reforçará as suas acções de diálogo, advocacia e de natureza reivindicativa.

4 de 4 Maputo. Julho de 2017


Savana 04-08-2016 7
PUBLICIDADE
EVENTOS
78 Savana 04-08-2017
EVENTOS

Acabar com desigualdade de género para alcance de todos ODS

A
Secretária-geral adjunta da pública, Verónica Macamo, e diz dução,” acrescentou. lheres falou também da necessidade tivos.”
Organização das Nações terem entrado em acordo de coope- Em relação aos jovens, considera que de se manter a paz no país e reco- Nguka diz que seu desejo é que 2030
Unidas (ONU) e Directora ração no sentido de elaborarem uma o investimento nesta classe não é nheceu o facto deste não ser o maior seja um ano em que já não haja desi-
Executiva da ONU Mu- legislação contra a discriminação proporcional às suas necessidades e, desafio no momento. Exortou ainda gualdade nem casamentos prematu-
lheres, Phumzile Mlambo Nguka, da mulher, sobretudo da zona ru- para ultrapassar essa questão, o país a todos para se sentirem responsá- ros e que se tenha acabado com to-
disse numa palestra realizada essa ral. “Gostaria de ver a mulher a ter deve trocar experiências com outras veis pela efectivação da mesma. das as legislações que descriminam
terça-feira, no Instituto Superior benefícios do seu esforço no sector nações com as quais pode aprender, “É preciso aproveitar a ausência de a mulher.
de Relações Internacionais (ISRI), agrícola porque as mulheres figuram, porque os jovens têm grande papel guerra na África Austral para im- Para além da palestra proferida no
que para que todos os Objectivos nesse sector, entre as pessoas mais na erradicação da descriminação e plementar com sucesso os ODS e os ISRI, Nguka também manteve um
do Desenvolvimento Sustentável negligenciadas, sendo que são as que violência contra mulher. países devem adaptar as suas políti- encontro com Organizações da So-
(ODS) sejam alcançados com su- mais participam no processo de pro- A directora-executiva da ONU Mu- cas locais para alcançar esses objec- ciedade Civil.
cesso, é necessária a erradicação da
desigualdade de género.

Nguka defende que a principal estra-


tégia para acabar com a desigualdade
de género é colocando mulheres em
posições de tomada de decisão sobre
as nações.
Actualmente, cerca de 20 mulheres,
no mundo inteiro, são chefes de Es-
tado. Para Nguka, esse número não
é representativo, considerando que
esta camada ainda não está a ser no-
meada nos níveis desejáveis e, para
que tal aconteça, os dirigentes dos
países devem colocar essa questão
nas suas agendas.
“Os deputados e Presidentes das
Assembleias da República devem
esgrimir a questão da igualdade de
género e garantir que as leis criadas
em favor da mulher e contra a de-
sigualdade sejam implementadas”,
disse.
Nguka exortou também os gover-
nos a melhorarem a qualidade da
educação das mulheres para que elas
ocupem posições importantes no
país não apenas para preencher um
número, mas por mérito.
Uma outra estratégia apontada para
a luta contra a desigualdade género é
o envolvimento do homem de forma
activa no assunto para que este per-
ceba que a questão da desigualdade
de género não deve ser apenas preo-
cupação das mulheres, pois é um mal
que prejudica a todos.
É nesse sentido que a ONU criou a
iniciativa Ele Por Ela, um projecto
que existe há três anos e que será
implementada no país em Setembro.
Sobre acções contra a desigualdade
de género no país, em particular,
Nguka manteve um encontro com
a Presidente da Assembleia da Re-

Arrenda-se
Dois armazéns lado a
lado com 600m2 cada na
Machava Sede e o outro
com 900m2 em Mahlamp-
swene, próximo ao Trica-
mo. Todos com escritores
climatizados a 120 mil/
mês.
Contacto 840135627.

Potrebbero piacerti anche