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Educação a Distância - Centro Universitário Belas Artes de São Paulo

Economia Criativa e Cidades

Administração Belas Artes


Dr. Paulo Antonio Gomes Cardim
Reitor

Prof. Dr. Francisco Carlos Tadeu Starke Rodrigues


Pró-Reitor Administrativo

Prof. Dr. Sidney Ferreira Leite


Pró-Reitor Acadêmico

Josiane Maria de Freitas Tonelotto


Superintendente Acadêmica

Departamento de Educação a Distância


Profa. Ma. Jacqueline de Oliveira Lameza
Coordenação

Claudio Villa da Costa Filho


Lucas de Mattos Millan
Design Instrucional

Gustavo Nogueira Pereira


João Paulo Tenório da Silva
Web Design

Publicação Gabriel Kwak


Este e-book é uma publicação da
Marina de Mello Fontanelli
Revisão de Texto

Rua Dr. Álvaro Alvim, nº 90


Vila Mariana – SP
Fone: (11) 5576-7300

É proibida a venda e a
reprodução deste material sem
autorização prévia do Centro
Universitário Belas Artes de São
Paulo.

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2
Economia Criativa e Cidades

Sumário

Unidade 8: Introdução a cidades startup 4

Para fim de conversa 31

Referências 32

Educação a Distância – Centro Universitário Belas Artes de São Paulo


3
Unidade 8
Introdução a cidades
startup

Prof. Dr. Marcos Virgilio da Silva


Prof. Steven Pedigo
Unidade 8 – Introdução a cidades startup

Objetivos

Ao término dos estudos propostos nesta Unidade, você


deverá estar apto a:

 conceituar startup;
 estabelecer a relação entre inovação e startups;
 identificar o papel das startups para o desenvolvimento
econômico;
 compreender o processo de concentração de startups
nas cidades;
 identificar maneiras de as startups contribuírem para o
crescimento urbano.

Seções

1. O conceito de startup
2. Startups, inovação e desenvolvimento econômico
3. Por que as startups estão se concentrando nas
cidades?
4. Quem tem medo da “gentrificação”?
5. Como as cidades podem apoiar as startups?

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Unidade 8 – Introdução a cidades startup

Introdução

Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à oitava Unidade de nossa


disciplina Economia Criativa e Cidades.

Aqui vamos conhecer o conceito de startup e como esse mode-


lo de negócio emergiu de uma nova forma de organização econômi-
ca. Também iremos identificar seu papel no desenvolvimento econô-
mico e compreender o processo de concentração nas cidades. Vamos
entender como as startups contribuem para o crescimento urbano.
Finalmente, vamos conhecer um processo conhecido como “gentrifi-
cação” e suas principais características.

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Unidade 8 – Introdução a cidades startup

Seção 1

O conceito de “startup”

O termo startup é usado nos EUA há várias décadas, mas


somente durante a época chamada de “bolha da internet” (entre 1996
e 2001) que ele começou a ser usado no Brasil. Nos anos 1990, muitos
empreendedores com ideias inovadoras e promissoras encontraram
financiamento para os seus projetos, que se mostraram extremamen-
te lucrativos e sustentáveis, principalmente associadas à tecnologia.
Grande parte da explosão de empresas startup se deve à constitui-
ção de um cluster de inovação tecnológica no Vale do Silício (Silicon
Valley), na Califórnia (EUA): ali se formaram empresas como Google,
Apple, Facebook, Yahoo!, Microsoft, apenas para citar algumas.

..........................................................................................................................................

Originalmente, startup foi sinônimo de iniciar uma empresa e


colocá-la em funcionamento, mas uma compreensão mais abrangen-
te inclui também a ideia de um grupo de pessoas trabalhando com
uma ideia diferente e com um grande potencial para fazer dinheiro.

..........................................................................................................................................

Do ponto de vista do investimento, e a


partir desse entendimento geral, seria possível
dizer que qualquer pequena empresa em seu
período inicial pode ser considerada uma star-
tup. Há quem defenda que é basicamente uma
empresa com custos de manutenção muito
baixos, mas que consegue crescer rapidamente
e gerar lucros cada vez maiores. Mas há também uma definição mais
atual, que parece satisfazer a diversos especialistas e investidores, e
que entende como um grupo de pessoas à procura de um modelo de
negócios repetível e escalável, trabalhando em condições de extrema
incerteza – ou seja, não há como afirmar a priori que uma ideia ou
projeto de empresa realmente terá êxito.

Nessa definição, também está embutida a ideia de que o


modelo de negócios é fundamental para que a empresa defina como
gerar valor – isto é, transformar seu trabalho em dinheiro. A noção de
“repetível” significa a capacidade de entregar o mesmo produto em
escala, sem muitas customizações ou adaptações para cada cliente.
Por fim, ser escalável significa poder crescer cada vez, com aumen-
to significativo de receita em relação ao aumento de custos – o que
resulta em margem cada vez maior, acúmulo de lucros e geração de
riqueza.

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Unidade 8 – Introdução a cidades startup

O conceito de startups acabou associado às empresas de inter-


net, mas não se limita a elas. A vinculação que se estabeleceu entre
internet e ao conceito de “startup” se deve ao cenário atual da econo-
mia, integrada e interligada em escala global, e com relevância cada
vez maior dos recursos digitais/virtuais. Com acesso a todos os tipos
de informações, a internet tornou-se uma infraestrutura fundamen-
tal de suporte a todos os setores da economia. A necessidade de se
tornarem ágeis e continuamente preparadas para mudanças rápidas
na conjuntura econômica favorece empresas iniciantes que desenvol-
vem produtos e serviços baseados na internet como canal de distri-
buição. Nesse contexto, estreita-se também a vinculação entre as star-
tups e o conceito de inovação, na medida em que pode ser associada
a algum tipo de pesquisa, assim como com a imitação e adoção de
novos produtos, de novos processos de produção e de novas técnicas
organizacionais.

No processo de desenvolvimento dessas novas empresas,


alguns novos arranjos institucionais têm-se formado. Um desses
arranjos é o chamado investimento-anjo, isto é, um investimen-
to efetuado por pessoas físicas, com seu capital
próprio, em empresas nascentes com alto
potencial de crescimento. Esses investi-
mentos são realizados por profissionais
experientes (geralmente empresários,
executivos e profissionais liberais que já
tenham trilhado uma carreira de suces-
so), que conseguem arcar com a aplicação
de recursos (normalmente entre 5% a 10%
do seu patrimônio) como investimento em
novas empresas.

Além do investimento financeiro, entretanto, esses “anjos”


colaboram com seus conhecimentos e experiência, além de eventu-
almente darem acesso à sua própria rede de relacionamentos. Geral-
mente, esses investidores têm uma participação minoritária no negó-
cio, e não assumem posição executiva na empresa, atuando preferen-
cialmente como um mentor/conselheiro. O termo “anjo” é utilizado
para destacar o fato de que não se trata de um investidor exclusiva-
mente financeiro, mas, sim, um apoiador da startup, aplicando seus
conhecimentos, experiência e rede de relacionamento para aumen-
tar suas chances de sucesso. Assim, o investimento-anjo não deve ser
confundido com uma atividade filantrópica e/ou com fins puramente
sociais: o investidor tem o objetivo de aplicar em negócios com alto
potencial de retorno.

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Unidade 8 – Introdução a cidades startup

O desenvolvimento e a consolidação de startups geralmen-


te conta também com o apoio de incubadoras ou aceleradoras.
Incubadoras são entidades que visam promover empreendimentos
inovadores oferecendo suporte para o desenvolvimento de ideias
– tanto em termos de infraestrutura quanto gerencial, orientando
os empreendedores em questões ligadas à gestão dos negócios e à
competitividade, além de aconselhamento, assistências administrati-
va, financeira e mercadológica, e até espaço físico. Há evidências de
que empresas incubadas têm tido taxas de sucesso maiores do que as
que não passam por processos de incubação (aumento do número de
empregados, reduções de custos e incremento das vendas e do lucro).

As aceleradoras se diferenciam do modelo de incubação, pois


oferecem um processo de inscrição aberto e altamente competitivo
e investem recursos financeiros, em geral em troca de participação
em cotas ou acionária. As aceleradoras, além disso, tendem a dar mais
enfoque à equipe do que aos seus  fundadores individuais, têm dura-
ção limitada, dedicam intensas atividades de mentoria e networking,
além de operar com grupos de startups, em lugar de startups individu-
ais. Ambas têm em comum a busca por garantir um melhor desempe-
nho das empresas por elas apoiadas, e a atuação nos estágios iniciais
de seus negócios.

O sucesso das empresas star-


tups parece ser dependente de algu-
mas condições especiais, ou, ainda,
de certas habilidades específicas.
Algumas das principais habilidades
envolvem a de acessar o conhecimen-
to e a informação, e a habilidade para
integrar e compartilhar estas informações – para essas duas, o domí-
nio das ferramentas da tecnologia da informação é importante para
obter vantagem competitiva. Num cenário de incertezas e instabilida-
de, é também fundamental a criação dos processos de negócio que
priorizem a definição e redefinição constante das estratégias de valor.
A inovação deve também se aplicar à própria organização do traba-
lho, ao criar arquiteturas novas que redefinam não só a própria orga-
nização do trabalho, mas também das informações e das pessoas.

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Unidade 8 – Introdução a cidades startup

Mais
Internamente, as empresas devem promover também certas
habilidades de sua equipe: principalmente, desenvolver
competências para reagir à mudança. Para isso, equipes
multidisciplinares e autogerenciáveis se somam à tecnologia da
informação como fatores críticos de sucesso. Outros princípios
norteadores destas empresas são: a promoção da criatividade, a
colaboração, a capacitação contínua, as recompensas à solução
de problemas complexos e, finalmente, a articulação de todas as
ações sempre com uma visão de longo prazo.

O estabelecimento de uma cultura de


inovação enfrenta desafios em certas “tradi-
ções” empresariais: para a promoção da cria-
tividade em ambientes empresariais, certos
fatores que devem ser combatidos incluem
a predominância de relacionamentos verti-
cais (hierárquicos), a ausência de ações que
promovam a comunicação horizontal, as limi-
tações de ferramentas, recursos e veículos formais para a inovação,
e, ainda, o reforço de uma “cultura da inferioridade” (a reiteração da
crença de que inovações sempre ocorrem de fora para dentro).

A reinvenção permanente do fluxo de valor, com vistas ao


cliente interno e externo, requer que se avalie a todo instante qual
a melhor forma de se fazer o que já se faz, estando preparado para
mudar continuamente. Este processo é contínuo, mas evolutivo, e
está ligado ao desenvolvimento de novos produtos e serviços. Trata-
-se, em suma, de fomentar um “espírito empreendedor”, que tem
como característica a soma de sensibilidade ou perspicácia, a audácia
e a perseverança. O empreendedor de uma startup deve se ver como
um eterno aprendiz, sempre insatisfeito e em busca do novo. A missão
do empreendedor não é o lucro: não no sentido de que não é impor-
tante, mas de que é apenas uma faceta do sucesso mais amplo, que
frequentemente envolve algo intangível e coletivo – daí o empreen-
dedorismo ser tão importante para a nova classe criativa, conforme
já abordado. Essa missão muitas vezes inclui ajudar outros a serem
mais eficientes, a chegar mais longe, ou até a viver melhor, ou sofrer
menos. O empreendedorismo, também por isso, não é um trabalho
solitário: exige descobrir e agregar novos “sonhadores” que estejam
dispostos a alimentar e transformar aquela ideia em algo cada vez
mais real.

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Unidade 8 – Introdução a cidades startup

Agora é a sua vez!

Assinale as alternativas a seguir com Verdadeiro (V) ou


Falso (F).
1. ( ) Incubadoras se diferenciam do modelo de
aceleração, pois oferecem um processo de inscrição
aberto e altamente competitivo e investem recursos
financeiros, em geral em troca de participação em cotas
ou acionária.
2. ( ) O sucesso das empresas startups parece ser
dependente de algumas condições especiais, ou ainda
certas habilidades específicas.
3. ( ) O conceito de startups se limita a empresas de
internet.

1 –F/2 – V/3 – F/4– V


Resposta correta
4. ( ) O termo startup é usado nos EUA há várias
décadas, mas somente durante a época chamada de
“bolha da internet” (entre 1996 e 2001) que “startup”
começou a ser usado no Brasil.

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Unidade 8 – Introdução a cidades startup

Seção 2
Startups, inovação e desenvolvimento econômico

Até aqui, tem-se enfatizado bastante a relação entre a econo-


mia criativa, modelo de negócios que emergiu no contexto dessa
nova forma de organização econômica (as startups), e como essas star-
tups se valem da criatividade e da inovação para assumir a vanguarda
do desenvolvimento econômico na atualidade. Talvez seja necessário
reforçar alguns conceitos para prosseguir: em primeiro lugar, é preci-
so distinguir criatividade de inovação – e este tem sido um intenso
debate relacionado ao empreendedorismo.

Em uma analogia inicial, seria possível dizer que, dado um


problema qualquer, a criatividade estaria em buscar diversas manei-
ras de resolvê-lo – ao passo que a inovação seria escolher apenas
uma das possíveis soluções e tentar aperfeiçoá-la sob todos os aspec-
tos, buscando formas de tornar essas ideias mais comercializáveis e
eficientes. Ou seja: uma das ideias fundamentais para entender a dife-
rença entre os dois está na característica essencialmente aplicada da
inovação, em contraste com o caráter mais subjetivo da criatividade.

Em outras palavras, a criatividade está relacionada com o


potencial humano para gerar novas ideias, as quais podem se apre-
sentar de diversas formas (o mero pensamento, sua verbalização,
escrita, etc.).

A criatividade, como algo subjetivo, é difícil de ser mensura-


da – diferente da inovação, que é totalmente mensurável. Inovação,
pensada em termos de empreendedorismo, é a inovação que gera
valor. Assim, a inovação está relacionada também ao trabalho neces-
sário para tornar uma ideia viável: é o processo de transformar uma
ideia criativa em um produto, serviço ou método de operação útil.

A inovação acontece de várias formas. Pode ser um novo


produto ou uma nova embalagem, a simplificação de um proces-
so produtivo, uma forma de atendimento especial ou uma ação de
marketing inusitada. Em muitos casos, a inovação acontece através da
tecnologia.

Numa perspectiva abrangente, a criatividade pode ser defini-


da antes de tudo como um processo (mental), e, como tal, pode ser
estudado, compreendido e aperfeiçoado – e, inclusive, incentivado
e promovido pelas empresas em sua rotina. Essa ideia é importante
para tirar da criatividade certa áurea mágica ou transcendental, comu-
mente associada a ela. É possível ser criativo a partir de elementos
já existentes (nem toda a criatividade consiste em inventar o novo)

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Unidade 8 – Introdução a cidades startup

ou de fenômenos já observados anteriormente, porém não relaciona-


dos a problemas específicos que depois vieram a resolver. Contudo,
enquanto a criatividade consiste essencialmente em pensar coisas
novas, a inovação requer fazer coisas novas (e valiosas): o termo
implica em ação, só há inovação quando a nova ideia é julgada valiosa
e colocada em prática. Algumas importantes inovações consistem de
novos usos para objetos e tecnologias existentes. Um bom exemplo
é o uso da internet pelos bancos, permitindo aos clientes o acesso
direto aos serviços bancários.

A inovação, como já foi dito, é um processo mensurável. Entre-


tanto, essa mensuração não é uma tarefa simples: em primeiro lugar,
porque a definição de inovação exige que ela produza resultados
concretos – e isso só pode ser medi-
do após sua aplicação. O grau de
inovação, em segundo lugar,
também parece guardar certo
nível de subjetividade, ou ao
menos de contexto: uma pessoa que
conhece mercados e países bem dife-
rentes poderá afirmar com mais certeza
que a ideia de um empreendedor é ou
não inovadora. Perceber a inovação envolve
também uma baixa resistência a mudanças e novas
ideias. Por fim, é difícil ao próprio empreendedor avaliar de forma
realista o quanto sua ideia é inovadora: normalmente (e compreensi-
velmente), ele é o maior entusiasta de sua própria ideia, prejudicando
uma avaliação das verdadeiras fraquezas e potenciais melhorias.

Embora se reconheça que a inovação seja possível em diver-


sos âmbitos, é cada vez mais comum a associação entre inova-
ção e tecnologia – e a inovação tecnológica tem sido considera-
da pelas empresas como um fator fundamental para fomentar a
competitividade e o desenvolvimento. Nas últimas décadas, testemu-
nhou-se um impressionante desenvolvimento de novas tecnologias,
que se somou à realidade de um mercado competitivo, globalizado e
eficiente. Assim, a inovação tecnológica se tornou fundamental para
qualquer organização que deseja ganhar relevância no mercado em
que atua. A flexibilidade das empresas startups tem conferido a elas
uma capacidade maior em não apenas se adaptar a mudanças, mas
exatamente em buscar novos métodos e processos, ferramentas e
matérias – em resumo, inovar.

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Unidade 8 – Introdução a cidades startup

Se a aplicação de tecnologias e a busca de inovação são estra-


tégias fundamentais para o desenvolvimento das empresas (especial-
mente startups), deve-se considerar então a maneira de relacionar
essas estratégias particularizadas a um desenvolvimento econômico
mais amplo – não apenas as empresas, mas também as regiões onde
atuam. Isto porque, como já visto, um dos fatores fundamentais para o
desenvolvimento das empresas é o ambiente, o ecossistema, no qual
as empresas se inserem. Essa relação se dá em mão dupla: as políticas
de desenvolvimento regional poderiam ser orientadas para criar um
“ambiente de inovação” capaz de favorecer o florescimento de empre-
sas criativas e inovadoras; e essas mesmas empresas podem contribuir
para consolidar esse mesmo ambiente, facilitando a constituição de
cadeias ou arranjos produtivos que beneficiem a própria localidade.

A noção de tecnologia social, por exemplo, traz algumas


contribuições a essa articulação entre inovação e desenvolvimento,
ao chamar a atenção para novos agentes que produzem conhecimen-
to (não apenas os que pertencem ao circuito de ciência e tecnologia,
mas também pela valorização dos saberes populares). A noção ajuda
também a refletir o possível comprometimento das ações de inova-
ção com a transformação social (especialmente em regiões com nível
de vida ainda depreciado). As demandas sociais podem, portanto, ser
fonte privilegiada para investigações que levem à inovação.

O que se constata é que investimentos (estruturantes e opera-


cionais) alocados em pesquisa e desenvolvimento, sejam de origem
pública ou privada, têm impactos significativos no desenvolvimen-
to econômico e social. Assim, uma espécie de “sistema regional de
inovação” envolveria um conjunto de estruturas que impulsionam o
progresso científico e tecnológico de um país ou região: Universida-
des, Centros de Pesquisa e Escolas Técnicas, o setor produtivo, órgãos
de formulação de políticas de ciência e tecnologia (C&T), agências
governamentais de apoio e outras instituições.

Atualmente, o poder de inovação entre os países se encon-


tra distribuído de forma bastante desigual. É possível identificar, pelo
menos, três tipos de países no que tange à inovação:

• Liderança do processo tecnológico internacional (geração de


inovações): Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, Fran-
ça e Itália;

• Elevado dinamismo tecnológico (difusão/absorção de inovações):


países pequenos de renda alta (tais como Suíça, Finlândia, Suécia,
Holanda) e países asiáticos de desenvolvimento recente (Coréia,
Taiwan).

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Unidade 8 – Introdução a cidades startup

• Sistemas fragmentados: países cujos sistemas de inovação não se


completaram e cuja infraestrutura de C&T é pequena e pouco arti-
culada com o setor produtivo (Brasil, Argentina, Índia, México).

Os veículos possíveis para


viabilização desses ecossistemas
inovadores devem incluir acor-
dos entre firmas, especialmente
no caso de pequenas e médias
(PMEs), uma estratégia oportu-
na à superação das imperfeições
do mercado, da rigidez das gran-
des empresas e do isolacionismo
de muitas pequenas empresas, responsável em muitos casos pelo
seu pequeno dinamismo e alto grau de mortalidade. Os instrumen-
tos de inovação que podem ser mobilizados para o desenvolvimen-
to econômico regional, tanto pelas próprias empresas quanto pelos
órgãos governamentais, incluem: incubação de empresas e formação
de redes, já discutidos; constituição de condomínios e Parques Tecno-
lógicos (ou tecnopolos), a publicação de editais temáticos, além de
outros projetos cooperativos e ações de apoio ao empreendedorismo.

A efetivação dessas ações exige de todos os atores


envolvidos no processo o desenvolvimento de
um sentido de cooperação e integração, com
o objetivo de se criar uma estrutura repre-
sentativa voltada para o fortalecimento da
inovação e da competitividade, contribuin-
do para a geração de riqueza. Parte dessas
condições parece já ser reunida pelas
próprias facilidades disponíveis nas cidades,
o que aparenta estar relacionado ao fato de
que a economia criativa vem se desenvolvendo e
se aglomerando nas áreas urbanas – mais do que isso, em centros
urbanos, mais do que nos “subúrbios” (como entendido pela literatura
norte-americana) ou em “distritos empresariais” dispersos das gran-
des aglomerações urbanas. Inovações dependem de certas condições
que as cidades, mais do que qualquer outra forma de organização
espacial, reúnem de forma destacada.

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Unidade 8 – Introdução a cidades startup

Agora é a sua vez!

inovação / competitividade / desenvolvimento


Complete as lacunas.

Embora se reconheça que a ............................... seja


possível em diversos âmbitos, é cada vez mais comum
a associação entre inovação e tecnologia – e a inovação
Resposta correta

tecnológica tem sido considerada pelas empresas como


um fator fundamental para fomentar a ............................... e
o ............................... .

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Unidade 8 – Introdução a cidades startup

Seção 3

Por que as startups estão se


concentrando nas cidades?

Por muito tempo, os centros das cidades foram locais onde


ninguém queria estar. Hoje, as pessoas dependem deles para produ-
zir. Não se trata de grandes companhias de manufatura, com o traba-
lho físico baseado no uso de recursos naturais da indústria, mas da
geração de ideias. Esse novo fluxo produtivo acaba sendo organizado
pelas cidades – que estão se revitalizando, trazendo os negócios de
volta, fazendo as oportunidades crescerem. Pessoas criativas querem
estar próximas de pessoas criativas: as cidades são estações de traba-
lho onde as pessoas conectam umas com as outras.

Desde o nascimento quase simul-


tâneo, há aproximadamente cinquenta
anos, da indústria de alta tecnologia e
dos capitais de risco, eles se concentra-
ram em áreas exteriores – em “distritos”
dispersos, no processo de desconcen-
tração industrial que se verificou nas
cidades brasileiras principalmente a
partir da década de 1980 ou nos “subúr-
bios” (como no caso dos edifícios baixos
de escritórios do “Vale do Silício”, onde se instalaram Intel, Apple,
Google e Facebook; no corredor tecnológico da “Route 128” próximo
a Boston; em Redmond, Washington, na área exterior de Seattle, onde
está localizada a sede da Microsoft, entre outros exemplos norte-ame-
ricanos).

Mais recentemente, diversos autores americanos têm perce-


bido um movimento de “volta à cidade” de muitos empregos e talen-
tos. Nos últimos anos, a atividade de startups e capitais de risco têm
mostrado como centros importantes as áreas urbanas de San Fran-
cisco, New York, Londres e outras metrópoles. Bruce Katz, diretor do
Programa de Política Metropolitana do Brookings Institution, acredita
que a hegemonia do Vale do Silício está de fato diminuindo. Katz acre-
dita que os trabalhadores jovens estão dando preferência a residir em
lugares como Oakland ou San Francisco, onde possam se locomover
de bicicleta, fazer compras no comércio da vizinhança, ir caminhando
até seus bares e restaurantes favoritos, e viver em um ambiente urba-
no com comodidades próximas.

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Unidade 8 – Introdução a cidades startup

Mais
Embora ainda se verifique a concentração de investimentos dos
capitais de risco e de indústrias de alta tecnologia no Vale do
Silício e Bay Area, já se percebe uma maior distribuição pelos
EUA, com uma pronunciada tendência urbana. As cidades que
têm atraído investimentos são as que apresentam atributos
urbanos como densidade, trânsito e “andabilidade” (walkability).
Cidades universitárias emergem como pólos de convergência
para as novas startups, com suas universidades funcionando
como “nós” de inovação e novos talentos.

Cidades globais também estão emergindo como centros de


investimentos. Entre essas cidades se incluem: New York, Los Angeles,
Seattle, Chicago, mas também Londres, Toronto e Vancouver (Canadá),
Berlim, Paris, Amsterdam, Dublin, Madri e Barcelona (Europa); Banga-
lore, Nova Delhi, Mumbai, Singapora e Sydney (Ásia e Pacífico); Buenos
Aires, Rio e São Paulo (América Latina), cada uma das quais vêm se
tornando aglomerados importantes para a atividade de startups. Em
outras palavras, esta atividade está, em termos globais, se concen-
trando e aglomerando em torno dos maiores e economicamente mais
importantes centros urbanos e metropolitanos do mundo.

Esta mudança parece ser resultado de tendências como:

Acesso aos talentos

Cada vez mais os trabalhadores das áreas de alta tecnologia


estão escolhendo viver em localidades urbanas mais densas, vivas, e
menos dependentes dos carros, onde encontram mais comodidades.
Mesmo companhias gigantes que requerem grandes áreas de campo
(mais facilmente disponíveis fora dos centros urbanos) estão também
estabelecendo escritórios nos centros das cidades.

Edifícios antigos

Esses edifícios em localidades urbanas são mais acessíveis


financeiramente para as pequenas startups – uma das principais
razões para a explosão de startups , como o DUMBO (“Down Under
the Manhattan Bridge Overpass”), em vizinhanças como, por exem-
plo, o Brooklyn. Como disse Jane Jacobs, num trecho famoso de seu
Morte e vida das grandes cidades: “novas ideias precisam usar prédios
velhos”.

Mudança tecnológica

A própria mudança de natureza da tecnologia tem um papel


nessa virada urbana. No passado, a maior parte das startups mais bem
sucedidas – como a Apple, Intel e Dell, entre outras – eram focadas em

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Unidade 8 – Introdução a cidades startup

hardware. Já na atualidade, as startups de maior êxito tendem a ser


de áreas como mídia social, jogos multimídia, aplicativos de música
ou fotos. As cidades dispõem de uma oferta muito maior de desig-
ners, compositores, cenógrafos, músicos, publicitários e outros profis-
sionais, todos tão importantes para as indústrias criativas quanto os
engenheiros.

Startups estão se voltando às áreas urbanas por causa daqui-


lo que elas têm de melhor a oferecer: as vantagens econômicas da
concentração e da aglomeração, as interações, as combinações e
recombinações humanas. As cidades têm a diversidade de talentos
e atividades produtivas, a densidade e as interações dos espaços de
interação, e a abertura a novas ideias que permitem que a inovação
e os novos empreendimentos prosperem. As cidades urbanas disper-
sas, como o Vale do Silício e outras, têm que replicar ou imitar essas
funções que as cidades possuem intrinsecamente. Grandes cidades
são lugares muito abertos, preenchidos com atividade criativa e
empreendedora, e são caldeirões de livre expressão, descobertas e
inovação. Os resultados têm sido inúmeros livros, pinturas, músicas e
outras realizações artísticas, mas também de novas tecnologias, novos
produtos, novos negócios e indústrias inteiramente novas.

É evidente que ainda há muito que fazer. Com a ascensão das


atividades de alta tecnologia e as startups, as cidades passam a se
tornarem desejáveis como habitação não só para jovens ambiciosos
e talentosos, mas também para os super-ricos globais, o que as torna
menos acessíveis por gerar um aumento dos valores dos aluguéis.
Assim, os novos valores de locação ameaçam “canibalizar” os mesmos
atributos que inicialmente teriam tornado as localidades centros de
inovação, encarecendo os empreendimentos inovadores. Quanto
mais homogêneas as cidades ficam, menos criativas – e, no fim das
contas, menos produtivas – elas se tornam.

Uma proposta de política pública desenvolvida no distrito de


Manhattan (Nova Iorque) sugere ações para auxiliar as vizinhanças
urbanas a manter sua feição inovadora e tecnológica, e ao mesmo
tempo estender seus benefícios aos grupos menos favorecidos. As
propostas incluem uma simplificação administrativa, a criação de

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Unidade 8 – Introdução a cidades startup

espaços de co-working acessíveis, o aprimoramento da educação


científica e tecnológica nas escolas (especialmente para preparar os
jovens desfavorecidos para os empregos tecnológicos), a melhoria de
infraestrutura e de transporte para conectar essas pessoas e comuni-
dades carentes aos eixos de alta tecnologia, e estímulos aos desenvol-
vimentos tecnológicos em torno de nós viários em áreas desfavoreci-
das, fora dos aglomerados já existentes.

Essa virada urbana das startups e investimentos de risco


envolvendo alta tecnologia tem implicações que vão muito além
dos empregos e do desenvolvimento econômico. Por sua simples
presença, eles vão reforçar a já considerável capacidade das cidades
em resolver problemas, auxiliando-as a funcionar como laboratórios
para encontrar soluções para os mais prementes problemas sociais
e ambientais da atualidade – desde energia e poluição até moradia
acessível, melhor educação e redução da criminalidade. As cidades
não são apenas o local de empreendimentos inovadores, mas também
são verdadeiras máquinas de inovação por si mesmas, equipadas de
forma incomparável para gerar as próprias soluções para os proble-
mas que criam.

Agora é a sua vez!

Assinale as alternativas a seguir com Verdadeiro (V) ou


Falso (F).

1. ( ) Edifícios em localidades urbanas são menos


acessíveis financeiramente para as pequenas
startups.
2. ( ) Startups estão se voltando às áreas urbanas por
causa daquilo que elas têm de melhor a oferecer:
as vantagens econômicas da concentração
e aglomeração, as interações, combinações e
recombinações humanas.
3. ( ) A própria mudança de natureza da tecnologia tem
um papel nessa virada urbana. No passado, a maior
parte das startups mais bem sucedidas – como
a Apple, Intel e Dell, entre outras – eram focadas
em software.
1–F /2– V /3– F /4– V

4. ( ) O aumento de valores dos alugueis ameaçam


Resposta correta

“canibalizar” os mesmos atributos que inicialmente


teriam tornado as localidades centros de inovação,
encarecendo os empreendimentos inovadores.

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20
Unidade 8 – Introdução a cidades startup

Seção 4

Quem tem medo da "gentrificação"?

Para a definição de “gentrificação”, o urbanista e artista plástico


Emmanuel Costa dá o seguinte exemplo:
[...] imagine um bairro histórico em decadência, ou que apesar de estar
bem localizado, é reduto de populações de baixa renda, portanto,
desvalorizado. Lugares que não oferecem nada muito atrativo para
fazer… Enfim, lugares que você não recomendaria o passeio a um amigo.

Imagine, porém, que de um tempo para cá, a estrutura deste bairro


melhorou muito: aumentou a segurança pública e agora há parques,
iluminação, ciclovias, novas linhas de transporte, ruas reformadas,
variedade de comércio, restaurantes, bares, feiras de rua… Uma
verdadeira revolução que traria muitos benefícios para os moradores da
região, exceto que eles não podem mais morar ali.

É que, depois de todos esses melhoramentos, o valor do aluguel dobrou,


a conta de luz triplicou e as idas semanais ao mercadinho da esquina
ficaram cada vez mais caras, ou seja, junto com toda a melhora, o custo de
vida subiu tanto que não cabe mais no orçamento dos atuais moradores.
E o mais cruel de tudo é perceber que, enquanto o antigo morador
procura um novo bairro, pessoas de maior poder aquisitivo estão indo
morar no seu lugar. (Costa, 2016)

Em uma conceituação mais precisa, gentrificação é um neolo-


gismo traduzido do inglês gentrification – ou seja, a conversão de uma
área ao perfil gentry, termo inglês que designa pessoas “bem-nasci-
das”, isto é, ligadas à nobreza. Numa tradução literal, a palavra pode
ser entendida como enobrecimento ou elitização de uma área. Mas o
termo aportuguesado ganhou uso tão corrente que se torna necessá-
rio entendê-lo melhor: o que é e, principalmente, o que não é. Poderia
toda forma de valorização de áreas urbanas ser denominada gentrifi-
cação?

O termo surgiu em Londres nos anos 1960, cunhado pela


socióloga Ruth Glass, e serviu para descrever as mudanças no perfil
de bairros da zona norte da cidade, quando vários gentriers estabe-
leceram residência em uma região até então ocupada por morado-
res da classe trabalhadora. Como resultado,
o preço imobiliário do lugar teve
um aumento acentuado, que resul-
tou numa verdadeira “expulsão”
dos antigos moradores e estabele-
cimentos comerciais, substituídos
por ocupantes e estabelecimentos
de renda e preços mais altos. Com a
chegada de moradores de alta renda

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21
Unidade 8 – Introdução a cidades startup

e a atração de investimentos ao bairro que elevam os valores dos


aluguéis, os preços se tornam inviáveis para a população de menor
poder aquisitivo, que se vê obrigada a se mudar para locais mais afas-
tados.
Desde então, o neologismo é usado de forma pejorativa,
relacionando o processo imobiliário com uma “faxina social” mais
abrangente. De fato, um processo de gentrificação se assemelha a um
projeto de “revitalização” urbana. Entretanto, se esta pode ocorrer em
qualquer lugar da cidade e normalmente está ligada a uma demanda
social bastante específica e em benefício dos próprios moradores do
entorno, a gentrificação tende a ocorrer em bairros centrais, históricos,
ou com potencial turístico, e são motivadas mais pelo interesse
privado e à especulação imobiliária do que pelo interesse público.

O processo se baseia na rápida valorização de uma área.

Do ponto de vista imobiliário, ele tem início com a aquisição


de áreas a baixos custos, as quais se beneficiam de melhorias urbanas
(geralmente por investimentos públicos) ou outras iniciativas priva-
das, e rapidamente se valorizam de forma intensa. Na diferença entre
o valor potencial e real que investidores encontram a possibilidade
de lucrar muito investindo pouco. A gentrificação pode ser uma saída
(do ponto de vista do investimento imobiliário) para uma forma de
especulação imobiliária que se baseia na retenção de imóveis vagos
na expectativa de elevação do valor de venda destes – o que é um
caso particularmente comum em São Paulo.

Para evitar esse processo, em 2015, o governo regional de Paris


adotou medidas para inibir a especulação imobiliária, listando ende-
reços que teriam sua venda proibida e que seriam transformados em
moradias subsidiadas. Entretanto, muitos governantes enxergam a
gentrificação como uma oportunidade: justificar uma obra e promo-
ver propaganda política de boa gestão, apoiados em interesses priva-
dos da especulação imobiliária.

Há um grande debate em torno da noção de gentrifica-


ção, com autores que questionam a efetividade dos efeitos nocivos
normalmente associados ao processo. Em um artigo publicado em
2015, o escritor John Buntin chamou o termo de “mito”, argumentan-
do que a gentrificação é um processo “extremamente raro” e não tão
ruim para os pobres quanto parece. Buntin cita pesquisas acadêmicas
sobre cidades norte-americanas para defender a ideia de que o fenô-
meno é muitas vezes interpretado erroneamente: segundo Buntin, o
deslocamento de moradores pobres não necessariamente acontece
por causa de especulação imobiliária.

Em bairros norte-americanos, argumenta, uma minoria tende


a deixar um bairro quando outras minorias chegam ao local, sem que
isso se traduza em mudança no padrão de renda geral (como no caso

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22
Unidade 8 – Introdução a cidades startup

dos bairros habitados por negros que passaram a ser ocupados por
latinos e outros grupos de imigrantes). Portanto, em longo prazo o
perfil socioeconômico tende a se manter mais estável do que se supõe.
Buntin chega a dizer que “essa mudança entre grupos de imigrantes é
provavelmente mais benéfica do que prejudicial”. O autor afirma que
há poucos estudos que comprovem um deslocamento maior em bair-
ros considerados gentrificados do que em bair-
ros não-gentrificados.

Buntin entende que bairros gentrifi-


cados passam por um processo de melhorias
que são também benéficas aos moradores de
menor poder aquisitivo. Estudos citados por
ele apontam que moradores antigos de bairros
gentrificados conseguiram ampliar suas rendas.
Entretanto, muitos desses estudos se mostram
inconclusivos, pois tratam mais de proprietários
(que possuem renda sobre o imóvel) e menos
de inquilinos (que pagam a renda para o proprietário do imóvel).

Antes ainda de Buntin, em 2014, Justin David publicou um arti-


go na New York Magazine em que pergunta: “gentrificação é mesmo
de todo ruim?” (David, 2014). As comunidades geralmente lutam para
obter melhorias em seus ambientes que repercutem na qualidade de
vida dos seus habitantes, e ao obter tais melhorias, tornam suas cida-
des ou bairros mais atraentes para novos residentes (ou investidores).
Acontece que o caminho inverso também pode ocorrer: pessoas mais
ricas ou melhor qualificadas podem trazer melhorias para os espaços
e equipamentos públicos daquela localidade. O que é descrito de
forma genérica como “gentrificação” na verdade pode corresponder,
em certos casos, ao atendimento a certas aspirações partilhadas por
qualquer morador em relação ao seu lugar. Uma comunidade bem
provida de bens, serviços, comércio e outras facilidades deveria ser
um direito urbano, não um luxo distintivo de certas áreas privilegia-
das da cidade.

Mais
Outro argumento comumente usado em “defesa” da
gentrificação – na verdade, para questionar a abrangência
do uso deste conceito – é que não se deve confundir uma
transformação elitizante e excludente com qualquer forma
de transformação: acusar um processo gentrificador em uma
determinada área alegando que ela está se transformando
equivaleria a negar a própria dinâmica urbana. Os lugares estão
sempre, e constantemente, se transformando.

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23
Unidade 8 – Introdução a cidades startup

As ponderações de Buntin e David são importantes, pois


trazem outra perspectiva às análises sobre o processo de gentrificação,
que devem ser levadas em consideração ao se fazer políticas públicas
de habitação. No entanto, é necessário ressaltar que suas pesquisas
se restringem ao contexto norte-americano. A realidade brasileira, em
primeiro lugar, não conta com pesquisas que comprovem processos
similares, em que populações pobres sejam de qualquer forma bene-
ficiadas por gentrificação em seus bairros. Além disso, no Brasil há um
movimento de expulsão de moradores das áreas que interessam aos
investidores imobiliários, como se verificou nas obras para a constru-
ção das instalações dos Jogos Olímpicos, ou em áreas como o “Cais
Estelita”, em Recife (PE).

Apesar dos argumentos relativistas, a gentrificação (em sua


definição mais precisa e circunscrita) ainda parece um processo mais
nocivo do que saudável. Por constituir um processo típico de espe-
culação imobiliária, a gentrificação precisa de muito investimento e
respaldo do poder público para atender a uma demanda de interes-
se privado. O grande problema da gentrificação é que ela não pode
ser analisada considerando apenas a localidade que se “gentrificou”,
mas requer mapear também o que aconteceu com as pessoas que de
fato foram forçadas a migrarem para outros lugares: para qual bairro
elas foram? Este bairro recebe os mesmos investimentos públicos e
desperta a mesma atenção que o bairro gentrificado? Geralmente a
resposta a essas perguntas é negativa. Além disso, se para um bair-
ro a gentrificação representa um ganho de qualidade de vida que se
desejaria para qualquer outro bairro, não se pode perder de vista o
fato de que, de fato, isto não ocorre. Então, não há ainda uma cidade
verdadeiramente inclusiva e democrática, diversa e tolerante, como
uma verdadeira cidade criativa requer.

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Unidade 8 – Introdução a cidades startup

Agora é a sua vez!

Complete as lacunas.

O grande problema da gentrificação é que ela não pode


ser analisada considerando apenas a ............................... que
se “gentrificou”, mas requer............................... também o que
aconteceu com as pessoas que de fato foram forçadas

localidade / mapear / migrar


a ............................... para outros lugares: para qual bairro

Resposta correta
elas foram? Este bairro recebe os mesmos investimentos
públicos e desperta a mesma atenção que o bairro
gentrificado?

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25
Unidade 8 – Introdução a cidades startup

Seção 5
Como as cidades podem apoiar as startups?

Sendo conhecidas as condições e os fatores que tornam as


cidades atrativas para os talentos e empreendimentos criativos, não
é difícil concluir quais são as iniciativas que as cidades devem tomar
para atraí-los. Ações que promovam a fixação da classe criativa, como
discutido no Unidade 7, e que facilitem a aglomeração e a formação
de arranjos produtivos locais ou clusters criativos, como visto no
Unidade 6, são requisitos fundamentais para alcançar a condição de
uma cidade criativa e uma cidade que promova o surgimento e a
consolidação das startups criativas.

Como já foi visto, o Brasil (assim como a


América Latina em geral) tem uma classe criati-
va ainda reduzida em comparação com os Esta-
dos Unidos ou a Europa. Isso se deve, em parte,
ao fato de que nesses locais são raras as insti-
tuições educacionais reconhecidamente impor-
tantes e que contribuem para esse processo. A
educação é condição para a criatividade, e a partir
dela é possível gerar valor e atingir a prosperidade. Pela primeira vez
na história, tanto cidades quanto negócios dependem da aplicação
da tecnologia em seus espaços, e os profissionais respondem a isso.
Desde o início deste século, o que se vê é a importância crescente
da tecnologia em todos os setores e atividades profissionais. É quase
uma nova ciência. Por isso, as universidades desempenham papel
fundamental ao difundir o conceito e a relevância da inovação e da
tecnologia.

Onde se encontra certa intensidade de atividade econômica


criativa é provável que exista, por exemplo, uma universidade que
tenha fomentado e que continue a apoiar empresas criativas locais.
Essa economia depende da capacidade da força de trabalho para
pensar de forma criativa e flexível. O desafio para as instituições de
nível superior é a construção de redes e a criação de vínculos mais
próximos com a indústria – sem comprometer a sua independência
intelectual e acadêmica. Além disso, o sucesso da economia criativa
local depende da boa escolaridade no ensino fundamental e médio,
além do estímulo fornecido por museus, galerias de arte, espaços de
concertos e outras instituições culturais. Nos países em desenvol-
vimento, o acesso a instituições de ensino de qualidade é limitado.
Mas o crescimento dessa classe tem sido muito rápido nesta região.
Ainda assim, as cidades latino-americanas, e brasileiras, em particular,
podem assegurar outras condições para favorecer a criatividade e a
inovação, enquanto procura equacionar suas carências educacionais.
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26
Unidade 8 – Introdução a cidades startup

A criação de infraestrutura
é um dos principais condutores da
nova economia. Locais com pouca
infraestrutura podem tirar parti-
do da própria carência e oferecer
oportunidades nessas áreas como
forma de encontrarem um cami-
nho para o desenvolvimento. O
processo de regeneração de bair-
ros deteriorados e áreas economi-
camente deprimidas, baseado em
estratégias culturais onde se articu-
lam investimentos públicos e privados, vem sendo amplamente apli-
cado nas últimas décadas. Muitas destas estratégias têm-se baseado
no planejamento urbano a partir do fomento de empresas criativas e
clusters empresariais de escala mais local do que no âmbito da política
nacional. Essas ações, entretanto, são objeto de grande polêmica, na
medida em que algumas áreas acabam sofrendo o processo conheci-
do como “gentrificação”, conforme examinado na seção anterior.

Mais
Além dessas diretrizes gerais, algumas outras iniciativas
podem ser tomadas para fomentar o empreendedorismo
de perfil criativo. A experiência britânica tem sido lembrada
frequentemente, e, de acordo com o Conselho Britânico (British
Council), é necessário criar um bom ambiente tanto de políticas
públicas quanto de negócios, o que requer o estabelecimento
de certas condições fundamentais.

Do ponto de vista do ambiente de políticas públicas, o Conse-


lho ressalta a necessidade de um sistema efetivo de controle da
propriedade intelectual para defesa dos direitos dos donos e criado-
res; assegurar liberdade de informação e acesso aos meios eficazes
de expressão, como garantia do direito de aproveitar a cultura e a
informação, podendo compartilhá-las com os outros; a provisão de
infraestrutura digital, com capacidade de banda larga de alta veloci-
dade e abrangência universal, provavelmente o motor mais eficaz das
indústrias criativas modernas; políticas de financiamento e fomento,
especialmente no início, quando as startups precisam ainda criar as
condições para se estabelecer e adquirir autonomia e sustentabilida-
de financeira. Os governos também podem lançar mão de seu poder
de compra, para estabelecer critérios e exigências nas contratações
(licitações e concorrências em geral) que induzam os potenciais forne-
cedores a buscar a inovação.

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27
Unidade 8 – Introdução a cidades startup

Embora se costume rela-


cionar criatividade à tecnologia,
a qualidade do espaço urbano
também é um fator importante:
se as ruas não forem seguras e se
não há infraestrutura, a tecnolo-
gia fica comprometida. A impor-
tância de qualificar os espaços urbanos, criando, assim, um ambiente
propício e atrativo para os empreendimentos criativos, deve ser uma
linha de ação estratégica e prioritária, pois, como já se viu, “o lugar
importa”, e a qualidade do espaço urbano é uma das razões que levam
os membros da classe criativa a optarem por uma cidade ou outra.

As evidências colhidas em cida-


des por todo o mundo mostram que
um ambiente cultural rico e variado é
importante para gerar um ambiente
fértil para empresas criativas. Isso diz
respeito não apenas à presença das
artes formais, mas também da exis-
tência de espaços físicos para a socia-
lização e os intercâmbios: lugares como cafés, bares, clubes, espaços
livres, estabelecimentos de ensino e outros. Como visto anteriormen-
te, quanto mais diversa for a cultura de uma comunidade, mais atra-
ente esta será para as pessoas criativas. A diversidade é geralmente
reconhecida como um elemento chave de sucesso nestas situações;
não apenas a diversidade da comunidade, da cultura e do estilo de
vida, mas também a coexistência de diferentes tipos de conhecimen-
tos e criatividade num só espaço.

A atividade artística subsidiada pelo Estado (seja na


educação, no teatro, nas orquestras, emissoras de serviço público ou
outros), fornece recursos para inovação, além de habilidades, espa-
ços de pesquisa e outros espaços físicos que não seriam viáveis no
mercado comercial. Este tipo de atividade não só ajuda a estimular e
aumentar a demanda qualitativa e quantitativa dos bens e serviços
criativos, como também gera óbvios benefícios culturais e sociais.
Pessoas criativas e talentosas podem trabalhar tanto em atividades
subsidiadas quanto em atividades comerciais das artes. Da mesma
forma, o cidadão comum pode aproveitar os resultados, indepen-
dentemente de o evento ou local ser ou não resultado de subsídio
governamental. Esse entrelaçamento entre os dois setores é caracte-
rístico da atividade artística. A “instrumentalização da cultura”, como
descreve Elsa Vivant (2012), tem tornado cada vez mais imbricadas as
políticas culturais nas estratégias urbanas.

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28
Unidade 8 – Introdução a cidades startup

A estratégia geralmente passa pela


instalação de artistas não estabeleci-
dos, seguida pela fixação das classes
médias criativas, porém precárias,
e concluída pela instalação dos
grandes “executivos” das empresas
do setor criativo, completando o
processo de “gentrificação” (Vivant,
2012, p. 70). Nos casos mais emble-
máticos, como em Londres ou Bilbao,
as políticas públicas adotaram essa estra-
tégia de “instrumentalização da cultura”,
inicialmente, com o foco nos próprios cidadãos, com o oferecimento
de opções de relaxamento, distração, reflexão e prazer estético. Poste-
riormente, essas condições se tornaram um indicador da qualidade
de vida de uma localidade – e têm sido comuns em avaliações como
as das “melhores cidades para se viver” que frequentam muitas revis-
tas voltadas ao mundo dos negócios.

Assim, “melhorar o ambiente em que se vive (e divulgá-lo)


torna-se uma condição necessária para atrair empresas, em particular
aquelas de alto valor agregado, cujos executivos necessitam de servi-
ços culturais” (Vivant, 2012, p. 71). Neste contexto, a criação de novos
equipamentos culturais, articulados em um projeto urbano conjunto,
tem como objetivo dotar a cidade de uma infraestrutura cultural de
prestígio, o que leva as municipalidades a recorrer a uma arquitetura
espetacular, geralmente concebida por um arquiteto de renome (no
Brasil, o caso mais recente e exemplar é a reconversão da área portuá-
ria do Rio de Janeiro). Os museus têm se prestado a esse papel, por sua
excepcionalidade, por assumirem um papel icônico que representaria
o caráter moderno e criativo de uma cidade, tanto para os visitantes
quanto para os investidores – além de serem, eles mesmos, atrações
turísticas com potencial gerador de renda.
estratégia / classes médias / gentrificação

Agora é a sua vez!

Complete as lacunas.

A ............................... geralmente passa pela instalação de


artistas não estabelecidos, seguida pela fixação das
............................... criativas, porém precárias, e concluída
Resposta correta

pela instalação dos grandes “executivos” das empresas


do setor criativo, completando o processo de “......................
.........” (Vivant, 2012, p. 70).

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29
Unidade 8 – Introdução a cidades startup

Recapitulando

Nesta Unidade, conhecemos o conceito de startup e como


se configuram os novos arranjos institucionais que as caracterizam.
Vimos, também, como esse modelo de negócio tem enfatizado a rela-
ção entre economia criativa e desenvolvimento econômico. Entende-
mos, ainda, o processo de desconcentração industrial pelo que passa-
ram diferentes cidades brasileiras, principalmente a partir da década
de 1980. E, por fim, entendemos o processo conhecido como “gentri-
ficação” e os problemas causados por ele.

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30
Economia Criativa e Cidades

Para fim de conversa

Nesta disciplina, foi possível entender a relação entre o desen-


volvimento social, territorial e econômico: a economia não floresce se
as cidades são ruins, e cidades com alta qualidade de vida tendem
a reduzir conflitos, violência e infelicidade, o que acaba resultando
também em aumento da criatividade – condição para a inovação.

A partir de hoje, esperamos que você seja capaz de identifi-


car os principais fundamentos da economia criativa, discutir o que é
a criatividade e como transformá-la em negócio, utilizando os fato-
res que auxiliam para o êxito da economia criativa, isto é, marketing,
finanças e vendas, sempre se atendo à importância da propriedade
intelectual no universo do empreendedorismo e da criatividade.

Busque utilizar os conhecimentos adquiridos em seu dia a dia.

Muito obrigado!

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31
Economia Criativa e Cidades

Referências

Unidade 8
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Educação a Distância – Centro Universitário Belas Artes de São Paulo v2-2018-1

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