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A criatividade na história

Para Lubart ( 2007) durante muito tempo , a criatividade foi apreendida pelo modo místico. Textos judaico-cristãos
antigos afirmavam que o espírito era constituído de duas câmaras: uma representando um receptáculo que uma
divindade preenchia com inspiração e a outras sendo dedicada a expressão dessa inspiração. Para o autor, Platão dizia
que um poeta não pode criar sem que a musa lhe inspire e deseje. A abordagem mística sugere que a inspiração é um
estado irracional de euforia, quase uma mania. Para Aristóteles a inspiração tem origem no interior do indivíduo. Num
momento histórico posterior em função da politica e influência da Igreja o conceito sofreu pouco desenvolvimento,
voltando a ter atenção no Renascimento. Neste período , de retorno aos valores da civilização grega, houve uma
renovação pelo interesse das expressões artísticas, literárias, filosóficas e científicas. No decorrer do século XIX , muitos
autores sustentam a idéia do gênio criativo descansando sobre um nível excepcional de originalidade que depende da
capacidade de associar idéias.

Freud no inicio da século XX, sugeriu que a criatividade resulta de uma tensão entre realidade consciente e pulsões
inconscientes, sugeriu que os artistas e escritores criam para conseguir expressar seus desejos inconscientes (amor,
poder, etc). Na segunda metade do século XX , muitos escritores e correntes de idéias trouxeram suas contribuições
ao estudo da criatividade. Desse modo, Para uma melhor compreensão do que é criatividade, analisamos a evolução
histórica deste conceito, que compreendeu inicialmente uma visão filosófica, em que criatividade era considerada uma
inspiração divina, na seqüência com a visão biológica e as contribuições de Darwin; tal conceito passou a ser visto como
uma força criadora inerente à vida, e a hereditariedade era considerada seu principal componente. Os enfoques
psicológicos trouxeram contribuições para a melhor compreensão da criatividade, as teorias associacionistas e
comportamentais por seus estudos sobre associações de idéias, a gestalt pela noção de pensamento produtivo, a
psicanálise que acredita que criatividade era uma forma inconsciente de solução de conflitos, as teorias humanistas e
seus conceitos de auto-- realização etc. Todavia, nenhuma destas teorias por si só conseguiu abarcar toda amplitude
do tema criatividade humana. Assim criatividade é produto do chamado pensamento divergente, o qual é encarregado
de procurar novas soluções e reconhecer problemas que outros passam por alto, sendo portanto uma atividade
cognitiva que resulta em novas soluções para os problemas.

Lubart (2007) afirma que existe uma definição consensual admitida pela maior parte dos investigadores que
criatividade é a capacidade de realizar uma produção que seja ao mesmo tempo nova e adaptada ao contexto na qual
ela se manifesta. Ela pode variar conforme a cultura e a época. Para ele quase todos os autores que definem
criatividade concordam quanto a um aspecto, que é o fato de este conceito estar ligado à possibilidade de gerar
respostas originais.

Segundo Krznaric (2013), a história sempre nos enviou mensagens conflitantes sobre a criatividade. O legado do
Renascimento nos diz que ser criativo é apanágio dos que têm talento inato, e requer a busca de originalidade em
campos rarefeitos como as belas-artes e as ciências. Essa abordagem permanece excessivamente intimidante para a
maioria de nós. Os movimentos da criatividade como técnica concebe-a como estratégia de negócio, uma habilidade
não muito diferente de dirigir um carro; ao mesmo tempo que sugere que, se quisermos nos elevar até o nível dos
experts nos campos criativos, precisamos de milhares de horas de prática. Nenhuma dessas abordagens deixa óbvio
como a criatividade pode se tornar um aspecto enriquecedor da vida cotidiana. Se quisermos recuperar a criatividade
para a arte de viver, temos de repensar seu significado e seu objetivo, arrancando-a das paredes das galerias e levando-
a de volta do céu azul das corporações para a terra. As três estratégias seguintes para fazê-lo não lhe valerão a
encomenda para pintar o teto de uma capela do Vaticano, nem o ajudarão a vender uma nova geração de telefones
celulares. A única coisa que posso prometer é que elas o farão se sentir mais criativamente vivo. A primeira requer
pouco mais que um estômago vazio. Autoexpressão: cozinho, logo existo

Um dos segredos da prática budista tradicional é dedicar uma consciência atenta a tarefas rotineiras como lavar a louça
ou andar de bicicleta, em vez de confinar esse tipo de consciência àquela hora que passamos sentados de pernas
cruzadas numa aula de meditação, na noite de terça-feira. O mesmo deveria ser feito com a criatividade. Precisamos
identificar os momentos de cada dia em que podemos cultivar nosso eu criativo, em vez de restringi-lo a um prazer a
ser desfrutado apenas num curso semanal de cerâmica. Talvez você já tenha encontrado maneiras de fazer isso, talvez
ao tocar piano após o jantar todas as noites, ou ao cuidar de seu jardim com mãos amorosas e olho artístico. Mas um
dos campos mais óbvios para uma dose regular de criação é a culinária.

Por isso, digo: presenteie-se com uma dose diária de autoexpressão, seja cozinhando, aprendendo a tocar violão ou
alguma outra atividade potencialmente criativa. Permita que ela se torne um hábito tão regular quanto levar o cachorro
para passear ou escovar os dentes. Vingue-se do legado de Michelangelo e resgate a criatividade do campo exclusivo
da arte elevada e do culto do gênio criativo. Homo faber: fazer coisas nos faz bem Em 1914, o psicólogo alemão
Wolfgang Köhler realizou um experimento nas ilhas Canárias com um chimpanzé chamado Sultão. Ele pôs uma banana
do lado de fora da jaula de Sultão, um pouco além do alcance de seu braço, e deixou lá dentro um arbusto coberto de
pequenos galhos. Em seguida introduziu Sultão na jaula. O chimpanzé olhou em volta e avistou a sedutora mas distante
banana. Em seguida, notando o arbusto, ele passou de imediato a mão num galho fino, quebrou-o com um brusco
puxão, correu de volta às barras, enfiou o galho através delas e o usou para puxar a banana; logo em seguida devorou
seu prêmio. Num segundo experimento, Sultão conseguiu – após muitos esforços baldados – encaixar duas varetas
ocas uma na outra para puxar mais uma banana para a jaula. Essa nova descoberta “deu-lhe tão imenso prazer”, relatou
Köhler, que Sultão ficou repetindo o truque e se esqueceu de comer a banana.

A habilidade de Sultão para fazer ferramentas e o evidente prazer que isso lhe proporcionava são profundas pistas
evolutivas para a solução de nossos dilemas sobre como viver. Fazer e usar ferramentas é um elemento fundamental
de quem e do que somos, mais ainda que para nosso parente próximo, o chimpanzé. Homo erectus, o ancestral do
Homo sapiens, já empregava ferramentas de pedra 2,5 milhões de anos atrás. Foi com nossas mãos, tanto quanto com
nossa mente, que transformamos o mundo, construindo, fiando, capinando, martelando e caçando. Por milhares de
anos moldamos potes, tecemos panos, cultivamos grãos, erguemos paredes, juntamos espiga e mecha. Quando as
crianças fazem uma torre de blocos cambaleantes ou correm para a mesa de trabalhos manuais para cortar estrelas
de massa de modelar, elas são Homo faber. Quando você experimenta as satisfações de tricotar um cachecol ou
ladrilhar o banheiro, você é Homo faber. Ser humano é ser um fazedor de coisas. Negar essa dimensão de nós mesmos
é – de maneira quase literal – como perder um membro.

Trazer mais Homo faber para nossas vidas é uma segunda maneira, fundamental, de expandir nosso ser criativo.
Historicamente, o principal meio que temos para isso é o artesanato, que envolve o desenvolvimento de uma
habilidade prática como a carpintaria ou a tecelagem, e a fabricação de objetos como colheres ou camisas, úteis no dia
a dia, ao contrário de uma pintura que fica pendurada na parede do corredor.

Para seguir os dois caminhos para a criatividade que debati – proporcionar-se uma dose diária de autoexpressão e nos
cultivarmos como Homo faber –, é necessário expandir a esfera da criatividade para além do domínio tradicional das
belas-artes e da ciência a fim de incluir atividades mais comuns como cozinhar um jantar ou construir estantes. A
terceira abordagem, mais radical, é abandonar a ideia de que a criatividade envolve qualquer atividade definida e tratá-
la como uma filosofia de vida. A ruptura de convenções.

“Para florescer”, disse Picasso, “uma obra de arte deve ignorar, ou melhor, esquecer todas as regras.” Se desejamos
que nossa vida floresça, deveríamos fazer o mesmo, e transformar a criatividade numa filosofia de independência
pessoal, que molda a maneira como abordamos nosso trabalho, nossos relacionamentos, nossas crenças e ambições.
A criatividade continua a ser um dos aspectos mais mitificados do esforço humano. A maioria das pessoas ainda
acredita que ela é apanágio de uma minoria que nasceu com um dom especial – o pintor talentoso, o poeta visionário,
o físico inventivo. No entanto, a história nos conta que a criatividade pode se tornar uma busca mais inclusiva, quer
por meio da autoexpressão na cozinha, ao experimentar as alegrias do Homo faber, quer ao romper convenções sociais.
Claro que ainda enfrentamos barreiras formidáveis.

Muitas pessoas estão de tal modo aprisionadas em trabalhos excessivamente especializados e entorpecedores da
mente que não veem muito campo para o pensamento criativo. Todos podemos ser facilmente seduzidos por formas
passivas de entretenimento como a televisão, que rouba de três a quatro horas por dia da média das pessoas – tempo
que poderíamos passar trabalhando com nossas mãos ou usando a imaginação. Mas pelo menos não precisamos nos
afligir por não sermos Michelangelo, abençoados com um talento inato por nossas divindades. A criatividade não
requer a dádiva ou a herança do gênio. Acima de tudo, ela exige a autoconfiança de acreditar que somos capazes de
encontrar maneiras de expressar nossa singularidade. a Um dos muitos autômatos construídos por Vaucanson foi assim
descrito no prospecto: “Um pato artificial de cobre dourado, que bebe, come, grasna, chafurda na água e faz a digestão
como um pato vivo.”

Definições de criatividade, criatividade organizacional e inovação

Compreendido como a interação de vários elementos, o conceito de criatividade está diretamente atrelado à criação
de algo novo, seja um produto, uma técnica, seja uma maneira de entender a realidade, de modo a impulsionar o
afastamento dos modos tradicionais e generalizados de pensar e atuar (García, Gómez, & Torrano, 2013). Eysenck
(1999) afirma que a criatividade não é uma variável isolada a ser estudada, e considera três conjuntos de variáveis para
definir criatividade: i) as variáveis cognitivas (inteligência, conhecimento, habilidades técnicas, talentos especiais); ii)
as variáveis ambientais (fatores político-religiosos, culturais, socioeconômicos e educacionais), e; iii) as variáveis de
personalidade (motivação interna, confiança, não-conformismo).

Nesse sentido, a criatividade é considerada um processo no qual os indivíduos identificam dificuldades, formulam
hipóteses, testam resultados e passam a perceber falhas (Torrance, 1966), definição adotada no presente estudo. Sua
importância ampara-se, sobretudo, na constatação de que a criatividade pode levar o indivíduo a um melhor
ajustamento em seu ambiente (Sakamoto,2000), assim como à realização pessoal e profissional (Wechsler, 2008),
sendo frequentemente tida como um diferencial de pessoas que apresentam capacidade intelectual superior (Lins &
Miyata, 2008).

A maioria dos pesquisadores concorda que o potencial criativo é um traço amplamente distribuído na população
(Beghetto, 2013), de maneira que a criatividade estaria presente em todas as pessoas, ao menos enquanto potencial,
podendo emergir de modo espontâneo desde que não fosse inibida ou bloqueada (Cropley, 1999).

Assim, sob condições favoráveis, o potencial criativo poderia ser desenvolvido, transformando-se em competência
criativa. Como consequência do seu reconhecimento como uma das habilidades do século XXI, tal construto tem sido
considerado, no modelo dos 4C’s proposto pelo Partnership for 21st Century Learning, conhecido como P21
(organização que une líderes empresariais, governamentais e de educação dos Estados Unidos e de outros países para
fazer avançar a política de educação baseada em evidências), uma característica relacionada à aprendizagem e à
inovação. Tal modelo vê a criatividade, o pensamento crítico, a colaboração e a comunicação como seus componentes
principais.

A criatividade é fruto de uma complexa interação de elementos (Bruno - Faria, 2007)

a criatividade envolve a produção de algo com algum grau de novidade e valor (Bruno-Faria, 2007)

A criatividade como fenômeno complexo é salientada por Fitzherbert e Leitão (1999, p.124) que consideram um
problema central “a forma extremamente pobre de apreender a complexidade do criar” e sendo reducionista a
concepção de “estruturação em fases, um velho hábito estruturalista da descrição de processos”. Consideram que o
processo é dinâmico e interativo e que não se trata de “um ato cognitivo puro, racional-objetivo”, mas caracterizase
“como um ato cognitivo e afetivo, como são todas as formas de manifestação humana, requerendo uma visão que
rompa epistemologicamente com a tradição objetivista do estrutural-funcionalismo” (FITZHERBERT; LEITÃO, 1999,
p.117).

Drazin, Glynn e Kazanjian (1999), por sua vez, propõem um modelo multinível de construção de sentido da criatividade
considerando-a como o processo de envolvimento em atos criativos, independentemente de os resultados serem
criativos, vista como um fenômeno complexo que compreende os níveis: intrasubjetivo; intersubjetivo e coletivo.

Csikszentmihalyi (1996, p.6) também ressalta o aspecto da complexidade no estudo da criatividade, que, segundo ele,
“resulta da interação de um sistema composto de três elementos: uma cultura que contém regras simbólicas; uma
pessoa que traz novidade no domínio simbólico e um campo de especialistas que reconhecem e validam a inovação”.
Define, então, criatividade como “qualquer ato, idéia ou produto que muda um domínio existente, ou que transforma
um domínio existente em um novo”. O autor ainda faz distinção entre diferentes tipos de ambientes, a saber: o
macroambiente, que compreende o ambiente social, o cultural e o institucional em que a pessoa vive; e o
microambiente, que se refere ao contexto imediato em que a pessoa trabalha. Para o autor, o microambiente é mais
fácil de ser modificado, a fim de se buscar condições que facilitem a criatividade, enquanto que poucas pessoas podem
atuar sobre o macroambiente.

A idéia de criatividade como algo “remarcável e novo” é compartilhada por outros autores, como no caso de Feldman
e Gardner, que juntamente, com Csikszentmihalyi, em 1994, propuseram uma estrutura que integrasse suas propostas,
em uma abordagem mais orientada para o indivíduo, com a finalidade de “mostrar que é possível se obter melhor
compreensão de como as idéias novas ocorrem, como elas emergem e como compreender as condições que tendem
favorecer tais eventos” (FELDMAN; CSIKSZENTMIHALYI; GARDNER, 1994, p. 16-19).

Stacey, com relação ao processo criativo, considera que se dá em uma fase de transição entre a estabilidade (defesas
rígidas e maneiras concretas de se engajar na realidade atual) e instabilidade (comportamento desintegrativo dirigido
por fantasias psicóticas). A lógica da irrupção da criatividade é a mesma em indivíduos, grupos e organização, na
proposta de Stacey (1996, p.189), que chega a denominar “ansiedade organizacional”, o estado gerado pela fase de
transição entre uma zona estável e outra instável. Essa ansiedade deve ser contida por uma “cultura de confiança e
padrões particulares de uso do poder” ou externamente, pela “sociedade à qual a organização pertence”. (Stacey,
1996, p.189)

Essa visão difere da apresentada por Feldman, Csikszentmihalyi e Gardner (1994) que consideram a criatividade como
algo que se manifesta apenas em grandes feitos ou realizações, em pessoas especiais.

Optou-se neste estudo pela idéia de criatividade como configuração, que Mitjáns Martinez (1997, p. 82) trata como “a
integração dinâmica dos elementos personológicos que intervêm na expressão criativa do sujeito”. A autora esclarece
que na “expressão criativa do sujeito não intervêm necessariamente todos os seus recursos personológicos”, mas
somente “aqueles elementos da personalidade que adquirem um valor dinâmico, motivacional e/ou instrumental para
a expressão criativa do sujeito” (MITJÁNS MARTINEZ, 1997, p.113).
Conclui-se, assim, que o processo criativo poderia ser realizado e não levar a uma inovação, de modo que a idéia
poderia ter sido gerada, desenvolvida e, até mesmo, considerada criativa por seus pares, mas a empresa não a
aprovando, o autor poderia desistir da idéia ou apresentá-la para outra Instituição e a inovação não ocorreria ou se
daria em outra realidade. Esse caso ilustra, claramente, a consideração da criatividade como um processo distinto da
inovação, conforme evidenciado por diferentes autores (ALENCAR, 1997; AMABILE, 1996a, 1996b, 1996c; AXTELL et
al., 2000; BRUNOFARIA, 2003; LEMOS; MAZZILLI, 2000; PEREIRA FILHO, 1996; dentre outros) e diferentemente de
Parmeter e Garber (1971) e Williams e Yang (1999) que não fazem distinção entre esses conceitos

Mitjáns Martinez (2000, p.64) sobre as características pessoais associadas à criatividade que “vão se constituindo no
transcurso da história individual da vida do sujeito, em função do complexo de interações que este estabelece nos
diferentes contextos nos quais está inserido”. Desse modo, acredita- se que o sentido subjetivo da experiência nesse
e noutros projetos inovadores não descritos aqui para os sujeitos contribuiu para o fortalecimento de recursos pessoais
necessários à expressão criativa desses profissionais que, por sua vez, podem vir a facilitar a superação dos fatores
organizacionais e extra-organizacionais que venham a enfrentar no futuro.

DEFINIÇÕES DE CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO

Nos limites do presente artigo, diferenciam-se criatividade e inovação: a primeira é geração de idéias (por meio de
conceitos, teorias e processos que se apresentam ao longo da história) e a segunda é prática, fazer, implementar as
idéias geradas pela criatividade. O estudo de ambas recebe contribuições de diversas áreas do saber, como a filosofia,
psicologia, sociologia e administração. Ao dividir cronologicamente as teorias sobre criatividade, tal qual proposto por
Wechsler (1998), tem-se, na tradição não-empírica, criatividade como inspiração divina, como forma de intuição (na
linha cartesiana) e como loucura. Na abordagem biológica, marcada pela teoria evolucionista de Darwin, é
manifestação da força criadora inerente à vida, é força vital, sempre gerando novas espécies, com inesgotável
variedade de formas peculiares, sem precedentes e sem repetições. Seu componente principal é a hereditariedade,
não sendo possível educar uma pessoa para a criatividade.

Na abordagem psicológica (SENS, 1998), o behaviorismo centra-se na predição e no controle do comportamento,


sendo o processo criativo decorrente de combinações mentais armazenadas por meio das experiências vivenciadas
pelas pessoas, ou seja, criatividade é o resultado de uma associação com algo concreto de sua vida. Na Gestalt (ver
WERTHEIMER, 1959) a criatividade é a procura de solução para uma gestalt, situação para a qual é necessário encontrar
soluções. Na psicanálise (ver KNELLER, 1978), a criatividade resulta do conflito no inconsciente (id) provocador de um
comportamento de criação ou de neurose. Na psicologia humanista (ver ALENCAR e FLEITH, 2003), três representantes
– Rogers, Maslow e Rollo May – apontam que a tendência humana em direção à auto-realização é a força motora da
criatividade, sendo indispensável um ambiente que propicie a liberdade de escolha, o livre-arbítrio para cada indivíduo,
levando-se em conta as motivações individuais intrínsecas e extrínsecas do meio no qual ele vive. Na abordagem
cognitiva, a criatividade se associa a inteligência e à solução de problemas – uma das abordagens mais famosas e
utilizadas no campo cognitivo foi criada por Howard Gardner (1994), que questionou a centralidade da inteligência nas
competências lógico-matemáticas e lingüísticas, o que resultou na teoria das inteligências múltiplas. As abordagens de
Gardner (1994) e da autodenominada psicologia humanista são muito utilizadas nas organizações. A primeira, por ter
direcionado seus estudos para a aplicação das múltiplas inteligências dentro dos parâmetros capitalistas, ou seja, a
capacidade para criar produtos e solucionar problemas, associando sua efetividade aos resultados financeiros: redução
de custos e despesas e aumento de receita. A segunda tanto alimenta o senso comum de que criatividade exige
liberdade como contribui para ocultar as relações entre controle e inovação.

A psicologia humanista não explicaria, por exemplo, a produção de Gramsci (1987) e Graciliano Ramos (1980), cujas
obras máximas foram produzidas no período do cárcere. Foucault (2005), ao contrário, mostra que ambientes
altamente inóspitos (como cárceres e manicômios) não eliminam a criatividade de suas vítimas. Interessa seguir essa
última abordagem, sustentando que não há contradições entre aumento de controle e da taxa de inovação nas
organizações capitalistas. As abordagens sobre inovação são baseadas, principalmente, no aspecto concreto de seu
resultado, como um novo produto ou serviço, bem como o meio utilizado para produzi-lo (tecnologia por exemplo).

A teoria da inovação foi formulada pelo economista austríaco Joseph Alois Schumpeter, ao observar que as longas
ondas dos ciclos do desenvolvimento no capitalismo resultam da combinação de inovações, que criam um setor líder
na economia ou um novo paradigma, passando a impulsionar o crescimento rápido dessa economia (SCHUMPETER,
1982).

Abordagem filosófica histórica: De acordo com Wechsler (1998) podemos dividir cronologicamente as teorias
filosóficas da criatividade :
Criatividade como inspiração divina. Wechsler (1998) menciona que uma das primeiras e mais antigas concepções
sobre criatividade origina-se da crença de que o processo ocorre por inspiração divina, noção que se deve ao pouco
conhecimento existente na época sobre o ser humano, em especial, o pensamento. Assim sendo, aquilo que não se
podia explicar era atribuído aos deuses. Este mesmo autor cita Platão (428 a.C.) para mostrar que a concepção vigente
era de uma visão diferente e superior, pois se podia sentir e compreender melhor o mundo quando havia criatividade.
Conforme declarou Platão “o artista, durante sua criação, é agente de um poder superior, perdendo o controle de si
mesmo” (KNELLER, 1978, p.32).

Criatividade como forma de intuição. Ao mencionar a criatividade no século XVI, Wechsler, citando Descartes, indica
que a criatividade também foi concebida como forma de intuição. Com a proposição do dualismo, sendo corpo e mente
nitidamente distintos, Descartes acreditava que as idéias verdadeiras teriam causas inatas, intrínsecas ao próprio
espírito humano. Assim sendo, o sujeito criativo teria uma capacidade incontrolável, ou uma capacidade de intuição
cujo dom lhe seria dado. O indivíduo criativo, segundo essa visão teórica, não é mais percebido como louco; ao
contrário, é uma pessoa saudável com uma capacidade de intuição altamente desenvolvida. Entretanto, a pessoa
criativa continuará ainda sendo vista como diferente por possuir um dom raro (WECHSLER, 1998).

Criatividade como loucura. A espontaneidade do artista, a irracionalidade, a originalidade de pensamento, a ruptura


com maneiras tradicionais de agir, levam a pessoa criativa a destoar das regras e dos comportamentos estabelecidos
e esperados pela sociedade, fazendo com que ele seja julgado anormal ou louco: “a criatividade seria como uma
espécie de purgativo emocional que mantinha mentalmente são os homens” (KNELLER, 1978, p.34). No século XX,
Wechsler (1998) aponta o filósofo francês Michel Foucault como o grande estudioso deste aspecto “insano” da
criatividade ao demonstrar e explicar que, apesar de diversos ambientes (como cárceres e manicômios) não
apresentarem as “condições adequadas para o exercício da criatividade e inovação”, ambas se faziam presentes.
Podemos citar como exemplos Graciliano Ramos e Antonio Gramsci que escreveram obras - primas reclusos na prisão.

Abordagem biológica: Esta abordagem é fortemente marcada pela teoria evolucionista de Darwin, segundo a qual a
criatividade humana é inerente à vida. A evolução orgânica é por si mesma criadora, pois está sempre gerando novas
espécies, sem repetições, precedentes, com inesgotáveis variedades de formas. É uma força vital (WECHSLER, 1998).
O componente principal da criatividade era a hereditariedade. Para diversos biólogos, não era possível educar uma
pessoa de modo a estimular a criatividade, pois era percebida como algo fora do controle social, transmitida
geneticamente.

Abordagem psicológica: Existem diversas teorias nesta abordagem, entre elas a teoria comportamental, a teoria
associativa e a teoria da Gestalt.

Teoria Comportamental. Como o próprio nome sugere, a teoria comportamental ou behaviorista está centrada na
predição e no controle do comportamento. Segundo Sens “a escola behaviorista de hoje, ainda conserva marcas de
seu antecessor. Para os behavioristas o processo criativo é decorrente de combinações mentais, isto é, para se
encontrar uma idéia nova a pessoa necessita estabelecer ligações com idéias já armazenadas pelas experiências
vivenciadas pela pessoa. As novas idéias surgem a partir dessas conexões por um processo de tentativa e erro. A
solução ou a idéia original é encontrada após várias tentativas” (SENS, 1998, p.56). Ou seja, criatividade é o resultado
de uma associação com algo concreto de sua vida.

Teoria Associativa. Segundo Wechsler (1998), as raízes do associacionismo remontam a John Locke, no século XIX,
baseada na visão empirista que percebia as idéias como derivadas da experiência. “Quanto mais freqüente, recente e
vividamente forem relacionadas duas idéias, mais provável se torna que, ao apresentar-se uma delas à mente, a outra
a acompanhe” (KNELLER, 1978, p.36), Para solucionar um problema, o sujeito pensante realiza uma combinação de
idéias, até encontrar um arranjo ou modelo que resolva a situação.

Teoria da Gestalt. Nesta abordagem a criatividade é encarada como a procura de uma solução para uma Gestalt, ou
seja, uma forma incompleta, uma situação problemática, de desequilíbrio onde é necessário encontrar soluções. De
acordo com o psicólogo tcheco Max Wertheimer (1959) o processo não consiste em associar informações, mas em
compreender a visão do todo. Esta teoria deu início às pesquisas sobre o insight, ou seja, aquele momento do processo
criativo em que surge, usualmente de maneira repentina, uma nova idéia ou solução para um problema. Conforme
Sens “(..) o impulso criativo é justamente essa procura, essa busca do indivíduo por sua resposta ao problema, que de
certo modo, seria inerente ao indivíduo. O impulso para a criação, para a solução de problemas inacabados, visa o
fechamento da gestalt. O criador seria alguém sensível à percepção de problemas.” (SENS, 1998, p.58).
Teoria Psicanalítica. Freud apud Kneller (1978) apresenta a criatividade como resultado de um conflito no inconsciente
(id) que resulta em um comportamento de criação ou de neurose. Outros autores colocam a criatividade ligada à
imaginação do indivíduo que, quando criança, produz um mundo imaginário com o qual interage. Quando adulto, o
“sujeito criativo” comporta-se de maneira semelhante, criando fantasias sobre uma realidade, a qual despreza, para
gerar um mundo imaginário.

Psicologia Humanista. Três representantes da Psicologia Humanista, Rogers, Maslow e Rollo May, também realizaram
incursões sobre a origem da criatividade e condições necessárias para a sua expressão. Para eles, a tendência humana
em direção à auto-realização é a força que move a criatividade. Além disto, consideram indispensável um ambiente
que propicie a liberdade de escolha, o livre arbítrio para cada indivíduo, não bastando somente o impulso interno para
se auto-realizar. Levam em consideração as motivações intrínsecas de cada indivíduo e as extrínsecas do meio em que
vivem.

Abordagem Cognitiva. Busca conhecer e compreender os processos cognitivos envolvidos no processo do


comportamento criativo. Diversos autores consideram que a criatividade se associa a inteligência e à solução de
problemas. Neste contexto, os hemisférios cerebrais atuam de forma diferente no processo criativo. Segundo Alencar
“o que tem sido proposto é que cada hemisfério cerebral teria sua especialidade: o esquerdo seria mais eficiente nos
processos de pensamento descrito como verbais, lógicos e analíticos, enquanto o hemisfério direito seria especializado
em padrões de pensamento que enfatizam a percepção, síntese e o rearranjo geral de idéias” (ALENCAR, 1993, p.53).

Uma das abordagens mais utilizadas no campo cognitivo foi criada pelo psicólogo norte americano Howard Gardner.
Ele conduziu um grupo de pesquisadores da Universidade de Harvard no acompanhamento do desempenho
profissional de um grupo de pessoas que, segundo as métricas vigentes, foram considerados alunos fracos.
Surpreendendo-se com os resultados, questionou a centralidade da inteligência nas competências lógico-matemáticas
e lingüísticas, resultando assim na Teoria das Inteligências Múltiplas. Esta teoria é uma explicação da cognição humana
através de uma maior abrangência da inteligência a qual definiu como “a capacidade de resolver problemas ou de
elaborar produtos que sejam valorizados em um ou mais ambientes culturais ou comunitários” (GARDNER, 1995, p.14).
Gardner sistematizou sete inteligências a princípio : lingüística ou verbal, lógicomatemática, espacial, musical, corporal-
cinestésica, interpessoal e intrapessoal, todas na mesma condição de importância.

A abordagem cognitiva de Gardner é uma das mais utilizadas nas organizações uma vez que este pesquisador
direcionou seus estudos para a aplicação das múltiplas inteligências dentro dos parâmetros capitalistas, para a
capacidade de criar produtos e solucionar problemas. Porém, sua efetividade depende dos resultados financeiros
obtidos, a saber : redução de custos/despesas e aumento de receita, pois ambos contribuem para o aumento da
lucratividade. Trata-se da capacidade de criar produtos “rentáveis” e solucionar problemas que tragam incremento do
lucro. Apesar dos estudos sobre a criatividade e as diferentes abordagens existentes, a empresa não se preocupa em
observar e estudar quais os fatores que contribuem para desencadear o processo criativo das pessoas. O ambiente
empresarial define quais os objetivos a serem perseguidos e direciona seus esforços para que todas as atividades
existentes na companhia possam colaborar direta ou indiretamente no cumprimento destes objetivos. Veremos mais
adiante que a criatividade nas organizações é apenas um meio para se alcançar determinados objetivos plenamente
mensuráveis, não importando a qual escola pertença o processo criativo.

No ambiente de trabalho ...

No ambiente de trabalho, a criatividade apresenta diferentes finalidades, como geração de novas ideias, diversificação
de produtos, atendimento de demandas, recrutamento e manutenção de bons funcionários, além de solução para
desafios (Moraes & Lima, 2009; Oliveira, 2010; Torres-Oliveira, 2011; Wechsler, 2008). A produção de novas ideias é
extremamente valorizada pelas organizações como forma de obter valor diferencial (Almeida, Nogueira, Jesus, &
Mimoso, 2013). Nota-se um momento histórico marcado por intensas mudanças, em um cenário que tem reconhecido
cada vez mais as expressões criativas (Oliveira, 2010), dada a sua importância enquanto recurso individual para lidar
com os desafios atuais (Gonçalves, Fleith, & Libório, 2011), assim como a sua utilização na compreensão de predição
da produtividade de pessoas no trabalho. No entanto, verifica-se nesse contexto a necessidade de investimento, visto
que poucas pesquisas são encontradas e desenvolvidas nesse viés (Bruno-Faria, Veiga, & Macêdo, 2008; Wechsler &
Nakano, 2002). Contraditoriamente a esse interesse crescente por pesquisas que visam à identificação do perfil de
profissionais criativos e a formas inovadoras de atuar no mercado de trabalho, observa-se, segundo Wechsler (2001),
um descompasso entre o desejo de possuir profissionais criativos nas empresas e as reais condições oferecidas para o
cultivo e a implementação de novas ideias.

Logo, constata- se a preferência por pessoas que apresentam estilo adaptador, e não inovador. De acordo com Kirton
(1976), o primeiro estilo, adaptador, é aquele que procura enfatizar a precisão, a eficiência, a disciplina e a atenção às
normas, características valorizadas por sua relação com o conformismo, a obediência e a subordinação. Por sua vez, o
estilo inovador define os indivíduos considerados questionadores de regras, que procuram maneiras novas e diferentes
de resolver problemas, sendo tais características pouco enaltecidas, por envolverem comportamentos vistos como
indisciplinados. No trabalho, os indivíduos inovadores buscam redefinir e resolver problemas, questionando as
estruturas existentes, sendo mais indisciplinados, tentando obter mudanças no seu ambiente, enquanto os
adaptadores se mostram detalhistas, precisos e disciplinados, preocupando-se mais em utilizar soluções já
comprovadas do que encontrar novas ideias (Wechsler, 2003).

Somam-se a esse quadro algumas dificuldades (Spadari & Nakano, 2015). Entre elas, podem ser citados a presença de
um ambiente hostil, o qual tende a reprimir o potencial criativo do indivíduo (Sternberg & Lubart, 1995), a resistência
à mudança (Alencar, 1996), a intransigência, o autoritarismo, o protecionismo, a falta de integração, de apoio e de
estímulo aos colaboradores (Alencar, 2005) e a carência de espaço para implantação de novas ideias (Petrini, 1998).
Especificamente no tocante à avaliação da criatividade, o problema situa-se no fato de que, ainda no momento do
recrutamento, na seleção de novos funcionários e no acompanhamento periódico, uma vez que as empresas acabam
selecionando tal habilidade como essencial, não são encontrados instrumentos específicos para uso nesse contexto.
Comumente, verifica-se também que os programas voltados ao seu desenvolvimento, quando existentes, são
elaborados de forma generalizada, não levando em conta as diferenças individuais de personalidade ou as
características próprias do grupo (Correia & Dellagnelo, 2004).

Inovação

A inovação, ao contrário da criatividade, não apresenta estudos históricos mais aprofundados, baseados em aspectos
subjetivos do ser humano e sua interação com a sociedade e o meio em que vivem. As abordagens sobre inovação são
baseadas, principalmente, no aspecto concreto de seu resultado, como um novo produto ou serviços bem como o
meio utilizado para produzi-lo (tecnologia, por exemplo). A chamada Teoria da Inovação foi formulada pelo economista
austríaco Joseph Alois Schumpeter, ao observar que as longas ondas dos ciclos do desenvolvimento no capitalismo
resultam da conjugação ou da combinação de inovações, que criam um setor líder na economia, ou um novo
paradigma, que passa a impulsionar o crescimento rápido dessa economia (KLEINKNECHT,1990, p.89). Segundo
Schumpeter “O impulso fundamental que inicia e mantém o movimento da máquina capitalista decorre de novos bens
de consumo, dos novos métodos de produção ou transporte, dos novos mercados, das novas formas de organização
industrial que a empresa capitalista cria (...) A abertura de novos mercados — estrangeiros ou domésticos — e o
desenvolvimento organizacional, da oficina artesanal aos conglomerados (...) ilustram o mesmo processo de mutação
industrial (...) que incessantemente revoluciona a estrutura econômica a partir de dentro, incessantemente
destruindo a velha, incessantemente criando uma nova. Esse processo de Destruição Criativa1 é o fato essencial do
capitalismo. É nisso que consiste o capitalismo e é aí que têm de viver todas as empresas capitalistas” (SCHUMPETER,
1984, p.112).

Por diversas vezes, os termos criatividade e inovação são utilizados como sinônimos, confundindo-se mutuamente no
universo empresarial capitalista e sua aplicação nas organizações é limitada pelo contexto corporativo,
propositalmente construído, para que se possa ter total controle sobre seus resultados e, desta forma, extrair o
máximo proveito dos esforços criativos e inovadores para que o principal objetivo empresarial seja atingido : o lucro.

Podemos dividir a literatura sobre criatividade e inovação nas empresas em três tipos básicos :

1) Baseada em casos reais. A partir de uma análise empírica de fatos que ocorreram em diversos casos, os autores
constroem modelos que se sustentam por meio dos resultados obtidos nas empresas, conceituando-os como certos e
errados. Verifica-se o contexto em que os resultados foram obtidos e busca-se extrair quais as razões que levaram ao
sucesso ou ao insucesso. Podemos citar os seguintes livros como parte deste grupo :

- CHESBROUGH, Henry W. Open Innovation. Boston:Harvard Business School Press, 2003;


- CHRISTENSEN, Clayton M. O Crescimento pela Inovação. Rio de Janeiro: Campus, 2003;
- KANTER, Rosabeth Moss; KAO, John; WIERSEMA,Fred. Inovação: pensamento inovador na 3M, DuPont,GE, Pfizer e
Rubbermaid. São Paulo: Negócio Editora,1998;
- KELLEY, Tom; LITTMAN, Jonathan. As 10 Faces da Inovação: Estratégias para Turbinar a Criatividade. Rio de Janeiro:
Campus, 2007;
- ROBINSON, Alan G.; STERN, Sam. Corporate Creativity: how innovation and improvement actually happen. San
Francisco: Berret-Koehler Publishers. 1997;
- TAFFINDER, Paul. Big Change : A Route-Map for Corporate Transformation. Londres: John Wiley & Sons, 1998.
2) Baseada em Teorias Médicas Neurológicas e da Psicologia. Uma vez que criatividade e inovação são fenômenos
inerentes ao ser humano, aplicam-se as diversas teorias da neurologia e da psicologia para melhor entender e
conceituar o tema. Alguns autores abordam primeiro a psicologia aplicada à organização para depois inserir a
criatividade e inovação no contexto. Como parte deste grupo, podemos citar :

- ALENCAR, Eunice M. L. Soriano. Criatividade. Brasília: EdUnB, 1993;


- GARDNER, Howard. A Nova Ciência da Mente. São Paulo: Edusp, 2003; 28
- GARDNER, Howard. Mentes que Criam. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
- LAND, George; JARMAN, Beth. Ponto de Ruptura e Transformação. São Paulo: Cultrix, 1992;
- MAY, Rollo. A Coragem de Criar. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.

3) Baseada em processos e procedimentos. Conceitua-se criatividade e inovação como algo tácito, possível de se
aprender e ensinar, sendo gerado uma série de processos os quais consistem de diversos passos para se obter os
resultados esperados. Criam-se fórmulas para sua aplicação prática. Como exemplo, temos :

- AYAN, Jordan. AHA! - 10 Maneiras de Libertar Seu Espírito Criativo e Encontrar Grandes Idéias. São Paulo: Negócio,
2001;
- CLEGG, Brian; BIRCH, Paul. Criatividade: modelos e técnicas para geração de idéias e inovação em mercados altamente
competitivos. São Paulo: MakronBooks, 2000;
- DRUCKER, Peter. Inovação e Espírito Empreendedor(entrepreneurship) : prática e princípios. São Paulo :Pioneira,
1987.
- PREDEBON, José. Criatividade Hoje. 3ª ed. São Paulo :Atlas, 2003;
- SENGE, Peter M. A quinta disciplina: arte e prática da organização que aprende. São Paulo: Best Seller, 2003.

Alencar (1996, p.15) associa os fenômenos criatividade e inovação ao definir esse último termo como "o processo de
introduzir, adotar e implementar uma nova idéia (processo, bem ou serviço) em uma organização em resposta a um
problema percebido, transformando uma nova idéia em algo concreto".

O conceito de criatividade nas organizações a que Bruno-Faria (2003, p. 117) chegou, a partir de sua análise, é
apresentado a seguir: Criatividade é a geração de idéias, processos, produtos e/ou serviços novos (para aquele
indivíduo/grupo ou naquele contexto) que possam produzir alguma contribuição valiosa para a organização e/ou para
o bem estar das pessoas que trabalham naquele contexto e que possuam elementos essenciais à sua implementação.
Esse conceito de criatividade traz implícita a idéia de um processo que tem a condição de possibilitar a inovação, isto
é, não basta que se tenha algum grau de novidade e valor no que se produz, mas que deve ser passível de
implementação. A inovação então, segundo Bruno-Faria (2003), guarda estreita relação com a criatividade, embora
possa ser originária de fontes diversas. Com base na revisão de literatura, a autora considera a inovação como a
implementação das idéias, processos, produtos ou serviços criativos originários de indivíduos ou grupos na
organização.

Dependendo do tipo e intensidade das inovações, Bruno-Faria (2003) destaca os impactos na mudança organizacional.
No entanto, ela observa que as mudanças podem ser provenientes de fontes diversas, até mesmo originárias de
contexto externo à organização. A partir da revisão de conceitos encontrados na literatura, Bruno-Faria (2003, p. 128)
considera que "mudança organizacional é qualquer alteração, planejada ou não, ocorrida na organização, decorrente
de fatores internos e (ou) externos à organização que traz algum impacto nos resultados e (ou) nas relações entre as
pessoas no trabalho". Além de buscar delimitar os conceitos de criatividade, inovação e mudança organizacional,
Bruno-Faria (2003) sugere um modelo teórico que apresenta relações entre esses conceitos, em uma forma cíclica de
ocorrência dos fenômenos. A inovação decorre da implementação de idéias criativas, segundo a autora, originárias de
indivíduos e grupos na organização, assim como pode ser proveniente da criatividade (idéias, produtos, serviços,
tecnologias) originária de fatores externos à organização, que quando implementados acarretam em inovação naquela
realidade.

Esse entendimento é corroborado por Petrini (1998, p. 21), quando menciona que o que “costuma faltar não é
criatividade no sentido de criação de idéias, mas a inovação no sentido de produção de ações.” O que pode caracterizar
a baixa inovação nas organizações (Petrini, 1998). Benedetti e Carvalho (2006), com a finalidade de identificar a
dinâmica da inovação nas organizações, constataram que o líder tanto pode estimular como inibir a criatividade das
pessoas, o que impacta no processo de inovação, evidenciando, portanto, a relação entre os fenômenos da inovação
e da criatividade.
A inovação, por sua vez, pode produzir diferentes tipos de mudanças na organização. A mudança pode ser paralela à
orientação existente - “mudança convergente, de primeira ordem ou incremental” ou “produzir uma quebra com o
passado, provocando transformações fundamentais na organização levará a uma mudança de segunda ordem ou
radical” (Bruno-Faria, 2003, p. 136). No que concerne à mudança organizacional, Bruno-Faria (2003) também observa
que suas origens são as mais diversas e a inovação pode ser apenas um dos elementos responsáveis por sua ocorrência.
Em síntese, Bruno-Faria (2003) teve como proposta principal discutir relações entre os conceitos e ressaltar a
"importância da criatividade de indivíduos e grupos nas organizações como fonte propulsora de inovação e mudança
organizacional", sendo essa conclusão apontada, também, por Pinheiro e Pinheiro (2006). Fitzherbert e Leitão (1999,
p.116) também revisaram os conceitos de criatividade no contexto organizacional, encontraram múltiplas definições
do termo e destacaram o caráter de utilidade envolvido nessas concepções, ao observarem que “a criatividade deve
servir para algo ou alguém e não envolve mudança de modelos mentais, devendo se ajustar a padrões ou pressupostos
preconcebidos. Não tem completa liberdade, é ato submisso ao sistema produtivo e só a ele serve”. Fitzherbert e Leitão
(1999) fazem uma crítica à consideração, da idéia predominante na literatura, do processo criativo estruturado em
fases. Trata-se de uma crítica bem fundamentada desse modo de abordar o processo criativo, mas sem a apresentação
de uma nova proposta.

Correia e Dellagnelo (2004) constataram que as estruturas flexíveis e inovadoras tendem a estimular o potencial
criativo das organizações. Contudo esse processo é impactado por variáveis como poder e dominação, as quais não
são facilmente mudadas em organizações formais. Conseqüentemente, a implementação de estruturas flexíveis e
inovadoras encontra-se mais afeta às estruturas com menor poder vigente. A criatividade é um combustível renovável
que se propaga conforme o uso, possibilitando ao indivíduo unir pontos desconexos, ou equacionar soluções para
novos e velhos problemas.

Referências Bibliográficas

Krznaric,Roman. Sobre a arte de viver- Lições da história para uma vida melhor. Tradução: Maria Luiza X. de A. Borges.
Ed. Zahar, 2013

Lubart, Todd. Psicologia da Criatividade. Porto Alegre, Artmed. 2007

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