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Resumo
Resumen
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Introdução
Mas, o que é a questão social? São muitos os pontos que se podem refletir
acerca da questão social e das formas nas quais se apresenta na história até
chegar à contemporaneidade; alguns deles serão tratados nesta elaboração com o
objetivo de reconhecer a gênese da questão social na contradição própria do
modo de produção capitalista e aproximar algumas ideias sobre sua relação com
um fenômeno específica: a população em situação de rua. Para isso, se
abordarão as características do espaço privilegiado onde tal relação acontece de
maneira aguda: a cidade, e o processo que, desde uma perspectiva marxista, é a
categoria fundante das relações humanas: o trabalho.
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sobre a questão social para atingir a relação dos moradores de rua com o trabalho
e seu lugar na cidade.
A cidade do trabalho:
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Engels (1845), em sua análise da situação da classe trabalhadora na Inglaterra,
retrata como o encontro de muitas pessoas em condições de isolamento e
indiferença
É inegável que as relações sociais são estruturantes das formas nas que se
constroem os espaciais físicos; estão reflexões são feitas por teóricos como Henri
Lefebvre, David Harvey e Manuel Castells, que ao trazer discussões sobre a
cidade moderna, fazem aclarações sobre a relação existente entre os processos
básicos para sua compreensão: industrialização e urbanização, reconhecendo
que embora estejam fortemente ligados, já que o primeiro teve como
consequência o segundo, não significam o mesmo. A industrialização refere-se ao
desenvolvimento de espaços funcionais para a economicidade das indústrias, com
as construções materiais e a intensificação e extensão do desenvolvimento
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tecnológico que isto implica; assim, desde uma perspectiva marxista, a lógica
industrial privilegia o valor de troca sobre o valor de uso do espaço. A urbanização,
por sua vez, é um processo de expansão da vida urbana e das diferentes
dinâmicas sociais que ela tem.
2 Estas condições são ilustradas e aprofundadas por Friedrich Engels em A situação de classe trabalhadora na
Inglaterra, quando faz uma descrição de Manchester como a cidade mais representativa dos primórdios do
processo da Revolução Industrial.
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trabalhador existe para garantir a produção de riquezas, mas as riquezas não
existem para garantir a satisfação das necessidades do trabalhador (Netto. 2003).
Até agora, a questão social tem sido um termo usado para referir-se às
condições de desigualdade, produto da divisão social do trabalho e da propriedade
privada, que constituem a gênese da cidade moderna. Mas, a questão social não
se restringe a isso, e sim, também, aos processos de resistência e luta que a
generalização da pobreza produz na classe trabalhadora. Ou seja, as situações de
pobreza que foi reduzida a maioria da população, tiveram como resposta
processos de mobilização que visibilizaram a mesma questão social.
Deste jeito, a cidade moderna desde seus inicios esta imersa numa
contradição, pois é um espaço de centralização do capital e das relações sociais
que ele produz, mas a sua vez, é um cenário de encontro da classe trabalhadora e
de seus esforços pela transformação social.
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Assim, o reconhecimento das condições paupérrimas (termino acunhado na
segunda metade do século XVIII para explicar a magnitude do fenômeno de
pobreza da época) de vida dos trabalhadores como expressão da questão social,
só foi possível pelos processos de mobilização da classe trabalhadora que fez
expressa sua condição de subordinação, ante uma classe dominante que mais
que por se solidarizar com a miséria do proletariado, teve que dar conta dos
efeitos do sistema de produção criado e mantido para seu benefício. Assim pois,
desde uma perspectiva marxista, a questão social representa as contradições
existentes na luta de classes que se visibiliza na cidade moderna, e que resulta
irredutível a sua manifestação imediata como pauperismo.
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Em consequência, embora as formas de exploração previas ao capitalismo
também produziam efeitos de pobreza e escassez na sociedade, segundo Netto
estes sistemas de produção não possibilitavam o melhoramento da qualidade de
vida das pessoas submetidas, com o capitalismo, por sua vez, a oportunidade de
suprimir essas condições de miséria se torna aparentemente plausível e, porém, o
que acontece é que se agudizam. É ali, no capitalismo, onde a escassez se torna
produzida socialmente na contradição capital-trabalho.
O velho e o novo
A urbe continua estendendo cada vez mais seus horizontes, amplia suas
ruas, enaltece seus edifícios, nos que progressiva, mas fortemente alberga mais y
mais pessoas que recorrem a ela com diversas expectativas, relacionadas em sua
maioria com melhorar suas condições de vida. O crescimento das cidades é causa
e efeito das mudanças acontecidas nas relações sócias de produção, as quais
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representam a necessidade do capitalismo de se-modificar na busca do se-
adaptar à história socialmente produzida.
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neoliberalismo, que representa a radicalização de seus princípios políticos e
econômicos. Neste contexto, as condições do trabalho são ainda mais
paupérrimas além de incertas, o afastamento que o sujeito faz do produto, dos
outros e de se mesmo no processo de produção é naturalizado; as formas de
exploração da mão de obra estão disfarçadas em novas modalidades de trabalho
apoiadas nos desenvolvimentos tecnológicos; as cidades estão ainda mais lotadas
de sujeitos insolados no individualismo.
3 Este pressuposto é resultado da colocação que Frederich Engels faz sobre o trabalho como centro da
humanização do “homem”, a qual é retomada por George Lukács que ao analisar a ontologia do ser social
reconhece que o trabalho é a possibilidade de transformação intencionada que o homem faz da natureza,
tendo como resultado, de um processo naturalmente dialético, uma autoprodução. Assim diz Lukács citando
a Karl Marx “o homem, ao operar sobre a natureza e transformá-la “muda ao mesmo tempo sua própria
natureza. Desenvolve as potências que nela estão adormecidas e sujeita o jogo das suas forças ao seu
próprio poder”” (1976-81. Pág. 22).
4 Em sua tentativa por explicar o caráter das crises do sistema de produção capitalista do século XX, John
Holloway afirma que “A crise capitalista não é outra coisa senão a ruptura de um padrão de dominação de
classe relativamente estável. (...) Para o capital, a crise somente pode encontrar sua resolução pela luta,
mediante o estabelecimento da autoridade e por meio de uma difícil busca de novos padrões de dominação”
(1987. Pág. 132)
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um grupo contingente de trabalhadores aptos, mas impedidos para trabalhar
reconhecidos como superpopulação relativa.
5 Este conceito é trabalhado por Rodrigo Castel para se referir aos sujeitos que ficam fora da estrutura social,
sendo “os desafiliados por excelência, aquele que, não tendo nenhum “estado”, não usufrui de nenhuma
proteção” (1995. Pág. 119).
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A população em situação de rua tem aumentado nas principais cidades de
diferentes países de América Latina, convertendo-se em foco de ações
filantrópicas e institucionais na busca de reduzir os efeitos sociais, económicos,
políticos y culturais que se supõe tem esta forma de vida no desenvolvimento
social. Segundo as projeções que realiza a CEPAL
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Mas, quem são os moradores de rua no modo de produção capitalista?
Qual é sua relação com o trabalho? Qual seu lugar nas cidades modernas?; estes
são questionamentos que podem ampliar ás reflexões sobre a precariedade desta
condição humana, para reconhece-la como uma manifestação contundente da
questão social.
Segundo Robert Castel, quem não faz parte das relações de produção vai
ser considerado inútil social. Assim, desde esta perspectiva, a questão social se
expressa em processos de desfiliação, onde, a precarização do trabalho impede o
desenvolvimento do ser social
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“vagabundos”, cujos critérios constitutivos conhecidos eram: a ausência do
trabalho que teria que ver com ociosidade associada à falta de recursos e o não
ter pertencimento comunitário (Castel. 1995).
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A cidade da modernidade esta caraterizada pela segregação social, ela
reproduz as formas nas que o modelo de produção capitalista organiza as
relações sociais, traça os limites, desenha os caminhos disfarçando a divisão
social do espaço, mantendo uma lógica centralizada da economia que na
atualidade vai mais além dos processos de produção industrial de antanho,
marcada pela dinâmica centro-periferia com alguns matizes. É importante lembrar
que neste hostil cenário o morador de rua gera fraturas nas fronteiras traçadas, ele
faz do espaço público o lugar para resolver suas necessidades privadas.
Considerações finais
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Assim, o trabalho por exemplo, segue sendo um referente para a
organização das relações sociais, só que agora empiora seus efeitos porque a
discussão não fica só em quem têm ou não sua força do trabalho, mostra de isso
é o lugar que ocupa o morador de rua na hierarquia social, já que ainda que eles
possuem sua força de trabalho, esta é reduzida, ignorada e despreciada.
Referências bibliográficas
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GARCEZ, Maria; RODRIGUEZ, Samira; DIAS, Denise e GALVANI, Devora. Vida na rua e
cooperativismo: transitando pela produção de valores. Revista Interfase. Comunic, Saúde,
Educ, V.9, Nº18, pp.601-10. São Paulo. 2005
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