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Texto - E. P.

Thompson no Brasil: recepções e usos, de Antonio Luigi Negro

A contribuição de E. P. Thompson para a historiografia brasileira foi enorme e gerou


muitos e variados usos em pesquisas e trabalhos acadêmicos. Iniciada na década de 1970, esse
reflexo se faz presente ainda nos dias atuais tendo o que Negro acreditar ser atual vigência de
uma segunda etapa a partir dos anos 1990. “Nessas duas fases [1970-1990 e após 1990] é
possível perceber a relevância da questão, para os pesquisadores brasileiros, sobre como na
classe trabalhadora a experiência não corresponde, muitas vezes, ao modelo de sua consciência
de classe” (p.161). Tal pressuposto nos faz refletir acerca das especificidades que são
apresentadas quando se tem contato com as complexas e multifacetadas realidades cotidianas
da História do Brasil, nem sempre encaixáveis pura e simples nas teorias historiográficas
desenvolvidas a partir de um olhar sobre a história da Europa.
A própria concepção sobre o que seria um marxista, para Thompson, é objeto de
discussão, uma vez que ele próprio não se declarava com tal. O historiador britânico declarava
que escrevia no interior da tradição marxista, o que significa dizer, segundo Morris, que sua
“crítica moral ao processo capitalista convergia para conclusões concordantes com a crítica de
Marx” (p.152), sem, necessariamente, fazer disso um ser dependente dos escritos de Marx e
Engels para produzir suas reflexões.
Thompson, segundo Batalha, vê “o marxismo como uma tradição, ou seja, um conjunto
de referências que são comungadas ao mesmo tempo em que são interpretadas de forma mutante
e heterogênea, em um dado contexto, de acordo com circunstâncias particulares (Batalha (2000,
p.194)”. (p.152). Desta forma, não é possível ver em Thompson um seguidor devoto de Marx,
mas um pensador original que, a partir de algumas contradições levantadas pelo ícone do
socialismo, pode elaborar questões de grande relevância para diversos campos das ciências
humanas.
Seu olhar para o povo comum, os homens de baixo foi de grande valia para aqueles
pesquisadores brasileiros durante os momentos mais intensos de repressão do Regime Militar:
“a espontaneidade popular, bem como sua história eram a chave para a democracia” (p.153).
Neste contexto, teses de doutorado foram os primeiros trabalhos a partir de tal perspectiva no
ano de 1969, na Unicamp, por meio das pesquisas de Michael Hall e Peter Eisenberg – os
pioneiros.
A disseminação da abordagem inspirada na metodologia de Thompson se fez presentes
em obras sobre a história da Escravidão no Brasil, do Trabalho Livre, bem como em diversos
outros tópicos da história nacional, regional, local, das mulheres, dos subalternos, cultural,
social e política, sendo um dos exemplos mais curiosos a releitura de Getúlio Vargas sobre as
necessidades do proletariado a partir de 1930. Lidando com os “mesmos elementos básicos
presentes no discurso operário desde o século XIX, [...mas] relidos e integrados em outros
contextos”, como aponta Ângela de Castro Gomes em A Invenção do Trabalhismo, de 1988,
na página 26, Vargas pode reelaborar o valor fundamental do trabalho e a dignidade do
trabalhador. Assim, segundo a pesquisadora, foi possível inventar o trabalhismo ligado à luta
por direitos que a precedeu.
Assim, é possível identificar os mais variados caminhos que a influência de Thompson
tomou no Brasil, sendo, para nós, a principal delas a valorização da experiência cotidiana.
Tomando emprestado um pouco o pensamento de J. Dawsey, o fazer-se da classe ocorre apenas
quando se luta e não preso a modelos que retiram o chão histórico que lhes deram origem e
produzem descrições vazias sobre o que dever ser ao invés do que realmente é.

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