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Poesia grega

 Homero
A obra de Homero é o principal exemplo de poesia épica, a poesia
narrativa, de extensão monumental, preocupada em detalhar eventos e
personagens heroicos a partir de uma linguagem elevada e solene. Na Atenas
clássica (séc. V a.C.), os poemas de Homero eram usados para a
alfabetização dos alunos. Esses poemas, a Ilíada e a Odisseia, eram tão
presentes no dia-a-dia dos gregos, que era comum as pessoas saberem
centenas de versos de cor, apenas de tanto ouvi-los recitados.

A recitação de Homero, além de ser uma prática corrente no dia-a-dia, era


também feita de modo especializado e extensivo durante festivais. Nesses
eventos, cantores (chamados rapsodos) competiam entre si para ver quem
apresentava a mais bela versão desses poemas. É dito que foi durante um
festival desse gênero, no séc. VII a.C., que a Ilíada e a Odisseia foram fixadas
por escrito pela primeira vez, durante o reinado de Pisístrato, em Atenas.

 Ilíada
A Ilíada, até hoje, é celebrada como uma das mais impressionantes obras
literárias do mundo ocidental. Ela narra os eventos próximos ao final da guerra
de Troia. Aristóteles elogiava Homero por ter feito um recorte preciso para a
trama de seu poema: ele não conta a história inteira da guerra, desde sua
causa até a queda e o saque da cidade; em vez disso, relata apenas o que
aconteceu do início ao fim da cólera de Aquiles.

Nesse episódio específico, o herói se indispõe com o líder dos gregos,


Agamêmnon, por conta da divisão dos despojos de guerra. Sentindo-se
ultrajado, Aquiles se afasta do combate, o que, ao longo do poema, resulta em
uma série de revezes para os heróis gregos, que, um a um, vão se ferindo em
combate, apesar de executarem feitos extraordinários.

Quando não parece haver mais solução, Pátroclo, o companheiro de


Aquiles, aflito ao ver os troianos avançando próximo ao acampamento grego,
convence o herói a emprestar-lhe suas armas, para que ajudasse os gregos.
Ele consente e Pátroclo, depois de lutar bravamente, acaba sendo morto por
Heitor. Esse evento faz com que Aquiles, enfurecido, volte ao combate,
massacrando brutalmente os troianos, sem poupar nem mesmo os que se
entregam, vencidos, diante dele.

Mesmo depois de matar Heitor e profanar seu cadáver, arrastando-o em


volta de Troia e largando-o exposto ao tempo, sua cólera só se desfaz quando
o próprio Príamo, rei de Troia, entra disfarçado, à noite, no acampamento dos
gregos e implora que Aquiles devolva o corpo do filho. Lembrando-se de seu
próprio pai, Peleu, Aquiles se apieda e devolve o cadáver de Heitor ao rei,
selando o fim do poema.

 Odisseia
Enquanto a Ilíada estabelecia os parâmetros gregos para o heroísmo em
batalha, a Odisseia delineava o horizonte incerto das aventuras no mar,
cruzando os limites da experiência humana para esbarrar em um território
repleto de monstros, deuses e reinos mágicos.

O poema se inicia in medias res, no meio da história, com Odisseu,


náufrago, na ilha de Calipso. Há um duplo fio narrativo que se alterna entre as
aventuras de Odisseu, no mar, e a situação de seu filho e de sua esposa em
casa, em Ítaca, até que as duas tramas se encontram no retorno do herói.

Viajando já há quase dez anos desde o fim da guerra, Odisseu é o único


dos heróis gregos sobreviventes a não conseguir completar seu retorno.
Partindo da ilha de Calipso, ele chega a Esquéria, o reino paradisíaco dos
Feácios. Na corte do rei Alcínoo, depois de ocultar sua identidade inicialmente
até certificar-se de que está entre homens confiáveis, Odisseu revela-se e
conta suas aventuras: como passou por uma ilha de homens que comiam
apenas lótus, como cegou o ciclope Polifemo, como quase chegou em casa
com um presente de Éolo, o rei dos ventos, mas foi forçado de volta pela tolice
de seus companheiros, que comeram os bois do Sol, entre outros tantos
relatos fantásticos.

Em casa, Penélope e Telêmaco sofrem a ausência do rei de Ítaca e veem


seus bens sendo lentamente dilapidados por uma horda de pretendentes,
alocados no palácio em interminável banquete enquanto aguardam que a
rainha escolha um deles como seu novo marido. Penélope, tão astuciosa como
o próprio Odisseu, diz que apenas se casará quando terminar de tecer um
sudário para Laerte, o pai de seu esposo. Entretanto, a tarefa nunca acaba,
pois tudo que ela tece durante o dia é desfeito à noite quando ninguém está
vendo.

Com a ajuda dos Feácios, Odisseu consegue realizar seu retorno a Ítaca,
onde, junto de seu filho e de seu leal servo, planeja, disfarçado, sua vingança
contra os pretendentes. Determinando quais servos ainda lhe eram leais, o
herói fecha as portas do salão principal, onde aceita o desafio de Penélope e
consegue o que ninguém havia até então conseguido: encordoar o arco que
ele próprio deixara em casa ao partir para a guerra. Realizando a proeza e
revelando-se como Odisseu, ele e Telêmaco massacram os pretendentes, um
a um, para depois restabelecer a ordem em Ítaca e a si mesmo como rei.

Módulo 2 - Safo
 Safo
A poesia de Safo talvez seja o melhor exemplo possível para o gênero lírico
na Grécia – nem tanto por ser a mais representativa de todos os subgêneros
possíveis, mas porque é aquela que mais se assimila com a nossa noção do
que seja lírico.

Desde o romantismo pelo menos, compreendemos o gênero lírico como


aquele dedicado à mais pura expressão da subjetividade individual, em
oposição à objetividade narrativa do gênero épico e à tensão do gênero
dramático.

Ainda que, entre os gregos, essas não sejam distinções plenamente


cabíveis, muito da poesia de Safo se enquadra no que chamaríamos de poesia
amorosa, dedicada à expressão do desejo do eu-lírico.

Falando de modo estrito, entretanto, a poesia lírica grega é simplesmente


aquela cantada com o acompanhamento da lira. Nesse sentido, ela se
assemelha muito mais à noção ideia de canção do que propriamente de poesia
escrita.

 Safo Fr. 1
Este poema, conhecido também como Hino a Afrodite, é um dos poucos
textos completos que temos dos líricos gregos – talvez o único de Safo. Ele se
constrói como uma longa prece à deusa do amor, pedindo que Afrodite
intervenha e faça com que a moça amada retribua o afeto demonstrado pelo
eu-lírico.

O texto se abre com a enunciação das características tradicionais da deusa.


Essas características são descritas por meio dos adjetivos (epítetos) que a
qualificam: imortal, de trono furta-cor, filha de Zeus, tecelã de enganos. A
evocação desses epítetos faz parte de um roteiro ritual, no qual quem os
enuncia demonstra seu respeito ao reconhecer o poder e as zonas de
influência da divindade interpelada, ao mesmo tempo em que, ao fazê-lo,
garante o atendimento de seu pedido.

Em seguida, o eu-lírico lembra as vezes em que, no passado, a deusa já lhe


fora propícia. Do ponto de vista de quem ouve e de quem profere a prece, a
rememoração se configura como uma nova instância de aparição da deusa:
descrever sua vinda, sua epifania, é como manifestá-la.

A rememoração atinge um grau de sofisticação tão grande que a deusa


ganha voz dentro do poema, perguntando e respondendo ela própria o que
precisa ser feito: conquistar o favor da moça amada, dádiva que a deusa,
dentro da lembrança reconstituída em prece, garante que dará.

Por fim, termina com o pedido para que Afrodite repita o que já fez, do
modo já cuidadosamente feito. Note-se que o cuidado de elaboração ali se
manifesta como piedade religiosa e garantia da própria efetividade do pedido.
 Safo Fr. 31
Também chamado de Phaínetaí moi, por suas palavras iniciais, este poema
foi extensivamente traduzido por uma variedade de importantes poetas, desde
a própria antiguidade, por Catulo, até mais recentemente, por Byron, William
Carlos Williams, Almeida Garrett e muitos mais.

O texto descreve uma espécie de triângulo amoroso: há uma moça amada e


um homem que obtém seu favor, ao passo que o eu-lírico se apresenta como
uma terceira voz, excluída do terreno amoroso à exceção das sensações
vertiginosas e sinestésicas que sente ao ver e ouvir o objeto de seu afeto.

Ainda que haja uma sensação de término ao último verso apresentado, o


manuscrito, de onde o poema foi recuperado, contém indícios de que ele
continuaria com as palavras: “mas tudo é ousável e sofrível, visto que mesmo a
um pobre...”.

Um paralelo curioso pode ser criado entre o texto deste poema e aquele da
canção “Noite de verão”, de Chico Buarque e Edu Lobo. Nela, o próprio eu-
lírico assume ambos os papeis, o do amante quase divino por receber o favor
da mulher amada (ainda que por apenas uma noite) e o de homem resignado
com sua condição de espectador de um caso de amor que se encontra além
de seu alcance.

 Safo Fr. 102


Este fragmento, provavelmente de um poema maior, contém apenas dois
versos nos quais o eu-lírico se dirige a alguém, que chama de “doce mãe”,
dizendo que não consegue se concentrar em seu trabalho de tecer o pano, por
estar dominada, graças à “esbelta Afrodite”, pelo desejo por uma moça ou um
moço (a palavra grega παῖς é de dois gêneros).

Ainda que chame seu interlocutor de mãe, é possível que seu interlocutor
não fosse sua mãe biológica. Em Grego, os termos “pai” e “mãe” eram usados
também como uma espécie de pronome de tratamento para pessoas a quem
se queria distinguir. Uma hipótese plausível, considerando o paralelo com
outros poemas de Safo, é a de que a voz do poema fosse de uma garota que
se dirige à própria poetisa, a quem chamaria de mãe por seu papel como
preceptora e educadora de jovens garotas, preparando-as para o casamento.

 Safo Fr. 168B


Este pequeno poema descreve uma cena noturna na qual o eu-lírico se
apresenta completamente sozinho: não apenas lhe falta companhia humana,
mas encontra-se fora de cena também todo o mundo natural, representado
pela lua e pelas estrelas, contribuindo para a sensação de isolamento intimista.
É curioso notar que, em Grego, δύω, o verbo que descreve o ocaso dos
astros, significa também “mergulhar”. A noção implícita é a de que o sol, os
planetas e as estrelas mergulham no mar ao se pôr.

Módulo 3 - Simônides
 Simônides
Foi um dos maiores poetas líricos da Grécia antiga, celebrado por sua
poesia de caráter elevado e sapiencial. De sua vasta produção poética, temos
apenas fragmentos.

De acordo com Platão, o poeta teria vivido em Atenas na mesma época em


que Anacreonte, ambos por convite dos irmãos Hípias e Hiparco, tiranos
herdeiros de Pisístrato. Essa relação entre governantes e poetas não era
incomum. O próprio Platão viveu na corte de Dioniso de Siracusa próximo ao
fim de sua vida. Aristóteles, segundo os antigos nos contam, teria sido
preceptor de Alexandre, o Grande. Péricles, o estratego ateniense durante a
guerra do Peloponeso, mantinha o filósofo Anaxágoras entre seus
companheiros. Alcibíades, sobrinho de Péricles e estratego durante a
expedição contra a Sicília, estava entre os discípulos de Sócrates. A lista
continuaria por páginas e páginas.

Simônides, ao que tudo indica, foi o inventor de um gênero poético


intrinsicamente ligado à aristocracia: o epinício. Esse tipo de poema era
composto e cantado, sob encomenda, para vencedores de grandes
competições atléticas, como os jogos olímpicos. Dentre esses jogos, o mais
distinguido era a corrida com quadriga (o carro levado por quatro cavalos). Ao
contrário do que se pode esperar, o vencedor desse tipo de competição não
era o piloto, mas, sim, o dono dos cavalos. A glória maior não estava em correr
na pista, ainda que isso também fosse louvado, mas em ter dinheiro o bastante
para bancar os dispendiosos gastos envolvidos na manutenção de cavalos. O
próprio Alcibíades, para justificar que lhe dessem o posto de estratego, teria
usado como argumento suas vitórias nesse tipo de competição. A poesia,
nesse ponto, entra como parte da legitimação do poder, quase como uma
propaganda política.

 Simônides Fr. 520


Nietzsche, no Nascimento da Tragédia, dizia que os gregos antigos tinham
uma cultura tão vibrante e alegre por conhecerem também o quão terrível a
existência humana podia ser.

Este poema de Simônides se enquadra nessa descrição e é um exemplo


típico da mentalidade pessimista do homem grego no período arcaico (séculos
VIII a VI a.C.). Ao contrário das ideias posteriores de deuses bondosos e
perfeitos, os homens arcaicos enxergavam o mundo como um cenário confuso,
onde a dor e a desgraça são agentes constantes que visitam ora um ora outro,
sem motivo aparente, apenas por capricho da divindade.

 Simônides Fr. 521


Sabendo que a vida era repleta de inconstância, os gregos temiam o
excesso, pois acreditavam que quem ousava ser demasiadamente feliz ou
próspero acabava, invariavelmente, atraindo a inveja dos deuses, os únicos
entes realmente felizes. É sobre isso que fala este breve poema.

Como exemplo ilustrativo, podemos pensar no caso de Creso, rei da Lídia,


que, segundo o relato de Heródoto, foi visitado por Sólon durante suas
viagens. Apresentando ao hóspede ateniense a grandeza e opulência de seu
palácio, o rei perguntou a ele, que já havia tanto viajado, quem era o homem
mais feliz que ele encontrara em suas viagens. Esperando ouvir seu próprio
nome como resposta, Creso foi surpreendido quando Sólon elencou,
sucessivamente, três homens comuns que haviam tido boas vidas e morrido
boas mortes; o primeiro deles, em batalha, defendendo a cidade; os outros
dois, atletas irmãos, após carregar a carroça de sua mãe, uma sacerdotisa, até
o templo onde se deitaram para descansar e nunca mais acordaram. Irritado
com as respostas, o rei indagou se Sólon não o julgava feliz, sendo ele um
monarca tão rico e poderoso. A isso, o sábio respondeu que, enquanto alguém
vive, no máximo pode se dizer que ele tem sorte; só se pode julgar uma
pessoa feliz ao fim de sua vida, sabendo-se qual foi o fim que teve. De fato,
Creso, alguns anos depois, veio a entender a sabedoria de Sólon, quando foi
vencido e escravizado por Ciro, rei dos Persas.

 Simônides Fr. 651


Se os poemas anteriores versavam a respeito das dificuldades humanas,
esta pequena quadra, por sua vez, elenca as quatro melhores coisas da vida:
ter saúde, ter uma bela forma física, enriquecer de modo honesto, e ser jovem
junto de seus amigos. Além de ser atribuído a Simônides, o poema faz parte
também de uma coleção de canções simposiais. Eram cantadas após o jantar,
enquanto os convivas bebiam, alternando-se enquanto propunham brindes,
declamavam poemas e cantavam canções como esta.

Módulo 4 - Anacreonte, Íbico e Anacreônticas


 Anacreonte
Anacreonte de Teos foi um dos poetas mais influentes não só na Grécia
antiga, mas no imaginário do mundo ocidental desde então. É dito que teria
vivido até os oitenta anos e jamais abandonado o estilo de vida boêmio,
cantando os prazeres do vinho e do amor, tanto por rapazes como por moças.
Se é verdade que viveu tanto tempo dessa forma, não sabemos. O que
sabemos é que a lenda de sua vida se tornou o símbolo de algo maior, da
potência vital que existe nos prazeres mundanos, capaz de suprimir, ainda que
não para sempre, as dificuldades da vida.

Sua poesia era majoritariamente amorosa, mas também teria composto


outros gêneros, como a elegia e o jambo. Os fragmentos que temos de sua
obra revelam uma poesia com grande variedade de formas, atestando a
posição do poeta como um dos maiores nomes da lírica grega.

 Anacreonte Fr. 360


Esta singela quadra de versos expõe, assim como o Fr. 31 de Safo, um
caso de amor não correspondido. O eu-lírico se dirige a um jovem, a quem
parece admirar à distância. Apesar da intensidade de seu sentimento, o rapaz
não percebe que dirige a alma do eu-lírico como se fosse um piloto.

É importante notar que, na Grécia antiga, era comum que homens mais
velhos (os “amantes”) procurassem o favor de meninos adolescentes (os
“amados”), a quem ofereciam presentes e instrução em troca de sua atenção.
Essa instituição social era chamada de pederastia (“amor a meninos”), fazendo
parte da iniciação dos jovens na vida social. Ainda que pudessem se manter
amigos para o resto da vida, o relacionamento amoroso parecia se
circunscrever à adolescência do amado.

 Íbico Fr. 287


Íbico, assim como Anacreonte, cantava os prazeres do amor, em especial, o
amor a meninos. O fragmento em questão descreve como o eu-lírico é
arrebatado pela paixão ao olhar para os olhos de seu amado, que se confunde
com a própria figura de Eros, a divindade do amor. Assim como no poema de
Anacreonte, o fragmento termina com uma imagem criada a partir do
imaginário hípico: o poeta se compara a um cavalo que um dia já foi campeão,
mas que agora, já velho, se vê forçado de volta a uma competição para a qual
não está preparado.

 Anacreônticas 2
A coleção dos poemas anacreônticos, perdida em um tomo ignorado por
pelo menos cinco séculos, foi reintroduzida no mundo europeu a partir da
edição de 1554 de Henricus Stephanus (Henri Estienne), cuja fonte foi único
manuscrito, conservado como um apêndice à Antologia Palatina. À época, o
editor foi louvado por ter redescoberto os poemas perdidos de Anacreonte.
Entretanto, mediante estudos linguísticos e estilísticos, sabemos hoje que
esses poemas são em muitos séculos posteriores ao poeta de Teos.
Apesar de não terem sido compostos por Anacreonte, os poemas
das Anacreônticas têm um duplo valor: como poesia e como documentação da
imagem do poeta de Teos ao longo da antiguidade.

No poema em questão, o eu-lírico almeja a excelência de composição de


Homero, mas não a matéria de seus poemas, em detrimento da qual, em outra
recusa, ele elege a temática dionisíaca como motivo de seu canto. Apesar da
simplicidade do tema, o pedido do poeta é feito com certa mestria a partir da
imagem alegórica da lira de Homero, de cuja corda de assassínio, entretanto,
ele abdica.

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