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C2_3oA_Biol_Teoria_Conv_Tony 22/10/10 09:05 Página 245

FRENTE 1 Citologia, Vírus e Biologia Vegetal

MÓDULO 11 A Gametogênese

1. GAMETOGÊNESE resultam em um total de quatro células denominadas espermátides. Os esper-


matócitos II e as espermátides são haploides.
Gametogênese é o processo de
formação dos gametas. ❑ Período de Espermiogênese
Os gametas são produzidos nas É o processo de transformação da espermátide em espermatozoide. As
gônadas, estruturas pertencentes ao espermátides são haploides, mas não funcionam como gametas. Elas sofrem
sistema genital. um processo de diferenciação, transformando-se em espermatozoides. Tal
As gônadas masculinas são cha- processo de diferenciação é a espermiogênese.
madas de testículos, e as femininas,
ovários. Os gametas são originados
de células germinativas ou gônias,
localizadas nas gônadas. O conjunto
das células germinativas constitui o
germe ou linhagem germinativa.
A formação de espermatozoides é
denominada espermatogênese, e a
produção dos óvulos, ovogênese ou
oogênese (Fig. 1).

2. A ESPERMATOGÊNESE

O processo de formação de es-


permatozoides é dividido em quatro
períodos: germinativo, de crescimento,
de maturação e de espermiogênese.

❑ Período Germinativo
As células germinativas mascu-
linas, denominadas espermatogônias,
dividem-se ativamente por mitose.
Nos machos de mamíferos, a multipli-
cação mitótica das espermatogônias
acontece durante toda a vida do indi-
víduo. É importante lembrar que as
gônias são células diploides.

❑ Período de Crescimento
É o período em que a esperma-
togônia para de se dividir e passa por
um período de crescimento, antes de
iniciar a meiose. Com o crescimento, a
espermatogônia transforma-se em es-
permatócito I.

❑ Período de Maturação
Cada espermatócito I – dito esper-
matócito primário ou de primeira or-
dem – sofre divisão meiótica. Cada
espermatócito I, pela divisão I da
meiose, produz dois espermatócitos II,
os quais, pela divisão II da meiose, Fig. 1 – A espermatogênese e a ovogênese.
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3. A OVOGÊNESE espermatogênese. ciam a divisão I da meiose, formando


– O período de crescimento é os ovócitos II.
No processo de formação do óvu- mais lento e mais pronunciado na A segunda divisão da meiose só
lo, distinguem-se três períodos: ger- ovogênese. acontece quando o ovócito II é
minativo, de crescimento e de – No período de maturação, ca- fecundado.
maturação.
da ovócito I produz um óvulo, en-
quanto cada espermatócito I origina
quatro espermatozoides. 6. OS GAMETAS HUMANOS
❑ Período Germinativo
– Na ovogênese, não existe um
As células germinativas, chama-
período correspondente ao da esper- ❑ Os Espermatozoides
das de ovogônias, dividem-se por mi-
miogênese. e o Óvulo
tose. Nas fêmeas de mamíferos, tal
processo termina logo após o nasci-
• Espermatozoide
mento.
5. PARTICULARIDADES DA Em cada ejaculação, um homem
GAMETOGÊNESE HUMANA elimina de 200 a 300 milhões de
esper matozoides, que permanecem
❑ Período de Crescimento
A produção de espermatozoides vivos durante 4 a 5 dias no interior
As ovogônias não mais se divi-
começa na puberdade, ao redor dos do aparelho reprodutor feminino
dem e crescem, transformando-se em
12 anos, continuando durante toda a (Fig. 2).
ovócitos I, também chamados
vida e decrescendo com a idade.
ovócitos primários ou de primeira
Na mulher, a fase de multiplicação • Óvulos
ordem.
inicia-se no período fetal e termina na O óvulo é uma célula esférica
15a. semana da vida fetal. com 1 mm de diâmetro. Contém um
A fase de crescimento, que forma núcleo com 23 cromossomos e abun-
❑ Período de Maturação
os ovócitos I, perdura até o sétimo dante citoplasma, onde aparece o
É o período em que ocorre a
mês da embriogênese. vitelo, substância nutritiva que será
meiose. O ovócito I, pela divisão I da
No sétimo mês, os ovócitos I ini- usada pelo futuro embrião (Fig. 2).
meiose, origina duas células-filhas de
tamanhos diferentes: uma grande,
que ficou praticamente com todo o
citoplasma do ovócito I, e outra muito
pequena, contendo núcleo envolvido
por delgada película do citoplasma.
A célula grande é o ovócito II (secun-
dário ou de segunda ordem) e a
célula pequena, o primeiro glóbulo ou
corpúsculo polar. Na divisão II da
meiose, o ovócito II origina uma célula
grande, o óvulo, e outra pequena, o
segundo glóbulo ou corpúsculo polar.
O primeiro corpúsculo polar pode-se
dividir, originando dois corpúsculos
polares.

4. PRINCIPAIS DIFERENÇAS
ENTRE ESPERMATOGÊNESE
E OVOGÊNESE

– O período germinativo é bem


mais curto na ovogênese do que na Fig. 2 – Os gametas.

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MÓDULO 12 Aberrações Cromossômicas Numéricas

1. ABERRAÇÕES quência de anomalia da meiose ou da


CROMOSSÔMICAS mitose.
Veja como acontece a poliploidia
Aberrações cromossômicas são em drosófilas (Fig. 1).
alterações no número ou na estrutura
dos cromossomos.
Também chamadas de mutações
cromossômicas, produzem modifica-
ções fenotípicas nos portadores.

2. MODIFICAÇÕES DE
NÚMERO OU
HETEROPLOIDIAS

Cada espécie tem um número


característico de cromossomos. Ge-
ralmente os organismos são diploi-
des, com dois grupos de cromos-
somos homólogos: um dos grupos ou Fig. 2 – A formação de um alopoliploide.
genoma é doado pelo pai, sendo o
outro genoma proveniente da mãe.
As mutações cromossômicas numéri- 3. ANEUPLOIDIA
cas envolvem modificações no nú-
mero cromossômico da espécie e Consiste na variação numérica
podem ser divididas em euploidias Fig. 1 – A poliploidia em drosófilas. não de grupos inteiros de cromos-
e aneuploidias. somos, mas somente de parte do gru-
Os alopoliploides originam-se da po. A origem dos aneuploides é devida
❑ Euploidia duplicação dos genomas de um híbri- à desigual distribuição de cromos–
Consiste na variação numérica do do diploide resultante de cruzamento somos na meiose. Tal fenômeno é
conjunto (genoma básico de cromos- interespecífico (Fig. 2). conhecido por não disjunção.
somos designados por n), compreen-
dendo a haploidia e a poliploidia. O quadro abaixo resume as principais aberrações cromossômicas.

❑ Haploidia ou monoploidia
Ocorre quando os organismos
possuem apenas um genoma, sendo
designados por n. São haploides os
machos de abelhas e vespas, origina-
dos de processos partenogenéticos.
Naturalmente não há dominância e re-
cessividade nos haploides, enquanto
a gametogênese é desprovida de
meiose.

❑ Poliploidia
É a existência de três ou mais
conjuntos cromossômicos básicos
nas células. Tais organismos são de-
signados por triploides (3n), tetra-
ploides (4n), pentaploides (5n) etc.
Os poliploides podem ser autopo-
liploides e alopoliploides.
Os autopoliploides apresentam
três ou mais genomas de uma mesma
espécie. Podem surgir em conse-

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Assim, se dois cromossomos ho- 2n – 1. Na espécie humana, ocorre a


noma. Assim, temos a trissomia (2n + 1),
mólogos não pareiam na divisão I da Síndrome de Turner, em que as mu- tetrassomia (2n + 2), pentassomia
meiose, podem se deslocar para o lheres afetadas perdem um cromos- (2n + 3) etc.
mesmo polo celular. A divisão II for- somo X. Tais mulheres são 45, X em Na espécie humana, menciona-
mará, então, células, uma com um vez de 46, XX. mos o mongolismo ou Síndrome de
cromossomo a mais e outra com um a A Síndrome de Turner apresenta
Down, em que o indivíduo apresenta
menos. A união dessas células com os seguintes sintomas clássicos: mu-
um gameta normal produz, respec- um autossomo a mais, o de número
lheres quase sempre com ovários resi-
tivamente, um trissômico ou um mo- duais, baixa estatura, amenorreia,21. As fórmulas cromossômicas são
nossômico (Fig. 3). 47, XX, + 21 (mulher) e 47, XY, + 21
infantilismo genital, subdesenvolvi-
A aneuploidia pode ser dividida mento dos caracteres sexuais se- (homem).
em monossomia, polissomia e nulisso- cundários, frequentemente pescoço Essa síndrome se manifesta por
mia. alado, coartação da aorta e anomalia
um grande número de sintomas que
dos dedos.
variam bastante de indivíduo para
4. MONOSSOMIA 5. POLISSOMIA indivíduo. Entre os principais, citamos:
QI de 15 a 29, prega palpebral pre-
Consiste na perda de um único Consiste no acréscimo de um, sente, inflamação das pálpebras, pre-
cromossomo, sendo representada por dois ou mais cromossomos a um ge- ga transversal contínua na palma das
mãos, uma única prega no dedo mí-
nimo. O autossomo extra é o 21.
Outra trissomia, que só ocorre no
homem, é a Síndrome de Klinefelter,
em que o indivíduo é 47, XXY, apre-
sentando um cromossomo X extra.
Na Síndrome de Klinefelter, o ho-
mem apresenta testículos pequenos e
atrofiados, caracteres sexuais mascu-
linos pouco desenvolvidos, corpo
eunucoide e retardamento mental.

6. NULISSOMIA

É a perda de um par de cromos-


somos homólogos, sendo represen-
tada por 2n – 2.
O resultado, geralmente, é letal
para os diploides (2n – 2). Porém, al-
guns poliploides podem perder dois
homólogos de um grupo e ainda
sobreviver.
No trigo, são conhecidos diversos
nulissômicos de hexaploides (6n – 2).

Fig. 3 – Aneuploidias.

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MÓDULO 13 Aberrações Cromossômicas Estruturais

MUTAÇÕES te fica sem a informação genética


CROMOSSÔMICAS contida no fragmento perdido.
ESTRUTURAIS O exemplo clássico da deleção
na espécie humana é a síndrome do
As mutações ou aberrações es-
miado de gato (cri du chat), na qual se
truturais envolvem alterações no nú-
perde uma parte do cromossomo
mero ou no arranjo dos genes no
número 5.
cromossomo e podem ser divididas
A síndrome é assim chamada pelo
em deficiência, inversão, duplicação
fato de o choro dos afetados lembrar
e translocação.
um gato miando. O afetado apresenta
❑ Deficiência ou deleção retardamento mental e neuromotor
Trata-se da perda de uma parte grave, bem como hipotrofia muscular.
do cromossomo, podendo ser terminal Ainda na espécie humana, existe a
ou intercalar. O fragmento sem centrô- leucemia mieloide crônica, provocada
mero (acêntrico) não se prende ao por uma deficiência no cromossomo
fuso, perdendo-se na divisão celular 22, também chamado de cromos-
subsequente. O cromossomo deficien- somo Philadelphia (Fig. 1).

Fig. 3 – Duplicação e deficiência.

Um exemplo clássico de duplica-


ção acontece no cromossomo X de
drosófila, no qual um segmento é res-
ponsável pela forma normal do olho.
Quando tal segmento é duplicado,
forma-se um olho reduzido, conhecido
por “bar”.
Fig. 1 – A deficiência.

Inversão ❑ Translocação
Consiste em duas fraturas cromos- É a transferência de parte de um
sômicas seguidas da reconstituição cromossomo para um cromossomo
com o pedaço entre elas invertido. Se não homólogo. Pode ser paracêntrica
ocorre em um único braço do cromos- e pericêntrica (Fig. 4).
somo, é chamada de paracêntrica;
se envolve o centrômero, ela é peri-
cêntrica.
Geralmente, a inversão não leva a
um fenótipo anormal. Interferindo com
o pareamento de homólogos, a inver-
são pode suprimir o crossing-over,
pois as inversões têm um significado
evolutivo (Fig. 2).

❑ Duplicação
É a presença de um segmento
extra de cromossomo, de maneira que
uma sequência gênica aparece em
duplicata. Resulta de um crossing-over
com uma troca de pedaços desiguais
entre cromossomos homólogos (Fig. 3). Fig. 2 – A inversão. Fig. 4 – A translocação.
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A quebra de um cromossomo pro- No homem, uma translocação


duz um fragmento sem centrômero 21/22 em 14/21 provoca a Síndrome
(acêntrico) e outro com centrômero de Down.
(cêntrico). Na translocação para-
cêntrica, o fragmento acêntrico sol- ❑ lsocromossomo
da-se a um fragmento cêntrico, re- Os isocromossomos são cromos-
compondo dois cromossomos que somos aberrantes que mostram,
têm centrômero. Na translocação simultaneamente, um braço com defi-
pericêntrica, os fragmentos cên- ciência total e outro com duplicação
tricos soldam-se um ao outro e os
completa. Tais cromossomos resultam
acêntricos também se juntam: um dos
da divisão transversal e não longi-
cromossomos translocados fica di-
tudinal do centrômero (Fig. 6). Fig. 6 – Formação de isocromossomos.
cêntrico (com dois centrômeros) e
outro acêntrico (Fig. 5). ❑ Pareamento na meiose
Na figura a seguir, observa-se o pareamento de cromossomos normais e
aberrantes na meiose (Fig. 7).

Fig. 5 – Tipos de translocação.

O cromossomo acêntrico tende a


perder-se e o dicêntrico tende a rom-
per-se, pois na anáfase os dois cen-
trômeros podem migrar para os polos
opostos. Por isso, é raro encontrar nas
células os produtos das translocações
pericêntricas, enquanto os resultados
das translocações paracêntricas po-
dem persistir em todas as células do
organismo, como já se encontram na
espécie humana. Fig. 7 – O pareamento na meiose.

MÓDULO 14 As Células Procariotas

1. CARACTERÍSTICAS ❑ Formas ❑ Flagelos


As bactérias assumem três for- Existem bactérias que se locomo-
As células procariotas têm como mas básicas: coco (esférica), baci- vem pelos apêndices filiformes, os fla-
principal característica a ausência de lo (bastonete) e espirilo (helicoidal). gelos, nunca encontrados nos cocos.
um núcleo diferenciado. Essas células Quando os cocos se associam, for- Em relação ao número e à dispo-
aparecem nos organismos procarion- mam os diplococos (um par de co- sição dos flagelos, as bactérias po-
tes – as bactérias e as cianofíceas – cos), estreptococos (fileira de dem ser classificadas em:
pertencentes ao reino Monera. Estu- cocos) e estafilococos (cacho de monotríquias (um flagelo polar),
daremos as bactérias, os procariontes cocos). Várias outras formas podem lofotríquias (um tufo de flagelos),
mais conhecidos. existir, como, por exemplo, o vibrião, anfitríquias (um flagelo ou um tufo
bastante recurvado, em forma de em cada polo) e peritríquias (flage-
vírgula (Fig. 1). los em toda a superfície) (Fig. 2).
250 –
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Fig. 1 – Formas de bactérias. Fig. 2 – Classificação


de acordo com os flagelos.

❑ Tamanho ❑ Parede celular bactérias patogênicas, protegendo-as


As células procariotas apresen- Externamente a célula bacteriana contra a fagocitose.
tam pequena dimensão. Assim, as for- é envolvida por uma parede celular,
mas esféricas possuem um diâmetro constituída por um complexo muco-
que varia de 0,2 a 5 micrômetros, ao peptídico, formando um envoltório ex- ❑ Membrana
passo que os bastonetes alcançam plasmática
tracelular rígido responsável pela
de 2 a 5 micrômetros de comprimento. Revestindo o citoplasma, aparece
forma das bactérias (Fig. 4).
a membrana plasmática, com a mes-
❑ Fímbrias
As fímbrias ou pili são apêndices ma estrutura e função encontradas
filamentosos, de natureza proteica, nas células eucarióticas.
mais finos e curtos do que os flagelos.
Nas bactérias que sofrem conju-
gação, as fímbrias funcionam como ❑ Citoplasma
pontes citoplasmáticas, permitindo a O citoplasma bacteriano é consti-
tuído por hialoplasma e ribossomos,

BIOLOGIA A
passagem do material genético.
estando ausente qualquer outro orga-
2. ESTRUTURA CELULAR noide celular. Os ribossomos apare-
cem isolados ou associados em
Na estrutura de uma bactéria, dis-
cadeias chamadas polissomos. Apa-
tinguimos: parede celular, cápsula,
membrana plasmática, citoplasma e recem inclusões formadas pelo acú-
nucleoide (Fig. 3). mulo de alimento.

❑ Nucleoide
Fig. 4 – Os envoltórios celulares da Chamamos de nucleoide ao equi-
bactéria. valente nuclear das bactérias, consti-
tuído por uma única molécula de DNA.
❑ Cápsula Muitas bactérias apresentam os e-
Existem bactérias que secretam a pissomos ou plasmídeos, molé-
cápsula, uma camada de consistência culas de DNA, geralmente circulares,
mucosa, formada por polissacarídeos. capazes de replicação independente
Fig. 3 – A estrutura celular da bactéria. É encontrada principalmente nas do nucleoide.
– 251
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3. ESPOROS 4. DIVISÃO CELULAR do de fator sexual (F). A bactéria que


envia F é chamada de macho ou F+.
Em condições ambientais desfa- O principal método reprodutivo A fêmea F– é a bactéria receptora,
voráveis, as bactérias dos gêneros das bactérias é a divisão celular. Tal que, assim, se transforma em F+ e
Clostridium, Bacilus e Sporosarcina divisão envolve replicação do DNA, pode transferir o plasmídeo.
originam os esporos, que são estru- apoiado no mesossomo, crescimento
turas de resistência. Formados inter- e separação das células, através de
namente (endosporos), contêm, no um septo transversal. Em condições 6. MICOPLASMAS
interior de uma espessa membrana, ideais, ocorre uma divisão a cada
o DNA e enzimas. Altamente resisten- vinte minutos. Os micoplasmas são os menores
tes à dessecação, os esporos germi- (0,2 a 0,4 μm) e os mais simples pro-
nam em condições favoráveis (Fig. 5). cariontes que podem ter vida livre e
5. TRANSMISSÃO GENÉTICA crescer em meios de cultura. Diferem
das bactérias por não apresentarem
Nas bactérias, a transmissão ge- parede celular. Produzem doenças
nética ocorre no processo de con- respiratórias como a pneumonia; por
jugação. Esse processo consiste na essa razão, antigamente, eram co-
passagem de plasmídeos de uma cé- nhecidos como organismos pleurop-
lula para outra através das fímbrias. neumonídeos ou PPLO (pleuro-
O epissoma ou plasmídeo é chama- pneumoniae like organisms).
Fig. 5 – Bactéria com esporo.

MÓDULO 15 Os Vírus

1. ESTRUTURA 2. TAMANHO 4. REPLICAÇÃO

Os vírus são micro-organismos Os vírus são micro-organismos Os vírus podem replicar-se so-
constituídos por um ácido nucleico menores do que as bactérias. Seu mente no interior das células de um
circundado por uma cápsula proteica. tamanho varia de 15 a 350 nm. organismo hospedeiro, por meio de
O ácido nucleico pode ser o DNA um processo dividido em quatro eta-
ou o RNA, mas nunca os dois. A cáp- pas: adsorção, penetração, eclipse e
sula proteica é chamada de capsídeo. 3. MORFOLOGIA liberação. Acompanharemos o pro-
Em vírus mais complexos, a cápsula cesso no bacteriófago, vírus que pa-
apresenta outros compostos, como Os menores vírus são geralmente rasita e desintegra bactérias.
lipídios e hidratos de carbono. (Fig. 1) esféricos ou octaédricos, sendo os
maiores habitualmente icosaédricos
(20 faces triangulares). Existem vírus, ❑ Adsorção
como os bacteriófagos (vírus bacte- Consiste na fixação do vírus na
rianos), com morfologia mais com- superfície da célula hospedeira.
plexa, dotados de cabeça e cauda.
(Fig. 2)
❑ Penetração
É a fase em que o ácido nucleico
do vírus (DNA) penetra no interior da
célula hospedeira, ficando a cápsula
no exterior.

❑ Eclipse
É a fase em que, no interior da
Fig. 1 – A estrutura de um vírus. Fig. 2– A estrutura do bacteriófago. célula hospedeira, acontece a replica-

252 –
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ção do DNA e a montagem da cáp-


sula. Na replicação sucessiva, são
formadas novas moléculas de DNA.
Nesse processo são utilizados os
nucleotídeos resultantes da hidrólise
do DNA da célula hospedeira. Usando
ribossomos, enzimas e aminoácidos
da célula parasitada, os vírus
produzem as proteínas da cápsula.
Após a síntese dos diversos compo-
nentes, começa a montagem dos no-
vos vírus, processo automático que
independe da ação enzimática e do
gasto de energia.

❑ Liberação
Com a destruição enzimática da
célula hospedeira ocorre a liberação
dos vírus, potencialmente capazes de
nova infecção. (Fig. 3)

❑ Particularidades
da replicação
A penetração do vírus completo
ocorre principalmente em células ani-
mais, no interior das quais desintegra-
se a cápsula viral. Nos vírus em que o
material genético é o RNA, imedia-
tamente após a penetração dos vírus,
aparece nas células a transcrip-
tase reversa, enzima que produz o
DNA a partir do RNA. Após a replica-
ção, o DNA volta a produzir o RNA Fig. 3 – Um bacteriófago T2 prende-se pela “cauda” a uma bactéria; o DNA do vírus
viral. passa para a bactéria, duplica-se e forma novas capas proteicas. Finalmente, a bactéria
explode, liberando novos vírus; cada um deles pode infectar nova bactéria.

MÓDULO 16 Reino Protista: Diatomáceas, Pirrofíceas e Euglenofíceas

1. OS SERES VIVOS 3. Reino Fungi: mixomicetos e – Vegetais intermediários:


eumicetos. briófitas (musgos e hepáticas) e pteri-
Os seres vivos estão divididos em dófitas (samambaias e avencas);
cinco reinos: 4. Reino Plantae ou Reino Ve-
getalia: – Vegetais superiores: gim-
1. Reino Monera: bactérias e cia- nospermas (pinheiros) e angiospermas
nofíceas (algas azuis). – Vegetais inferiores: clo- (milho, feijão).
rofíceas (algas verdes), rodofíceas
2. Reino Protista: protozoários, (algas vermelhas) e feofíceas (algas 5. Reino Animalia ou Reino
pirrofíceas e crisofíceas. pardas); Metazoa: animais.
– 253
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2. REINO PROTISTA vatório na base do qual sai o flagelo.


O estigma (mancha ocelar) também
São seres unicelulares, primitivos, localiza-se na parte anterior da célula,
mas caracterizam-se por ser euca- onde também se localiza um grande
riontes. vacúolo contrátil que se esvazia no
São protistas os protozoários, as reservatório. Apresenta cloroplastos e
crisofíceas e as pirrofíceas. Alguns a reserva é representada por um car-
autores têm incluído neste reino as boidrato chamado paramilo. A repro-
clorofíceas, feofíceas e rodofíceas, re- dução é por cissiparidade e vivem em
tirando esses grupos do reino vegetal. água doce.

Euglena virides.
❑ Crisofíceas ou
algas douradas

A maioria é representada pelas


diatomáceas. As suas células são
protegidas por uma carapaça cons-
tituída pela sílica (SiO2). Possuem
cloroplastos com clorofilas e um pig-
mento amarelo chamado fucoxantina.
Vivem no plâncton marinho. Formam
os diatomitos (rochas de onde se ex-
trai a sílica).

❑ Pirrofíceas ou
dinoflagelados

São unicelulares e biflagelados,


clorofilados, com células protegidas Algumas formas de pirrofíceas (dinoflagelados).
por uma carapaça. Vivem no plânc-
ton, tanto do mar quanto da água
doce. Algumas espécies são biolumi-
nescentes, como ocorre com a
Noctiluca. Outras, como a Gonyaulax
catanella, produzem substâncias tó-
xicas, capazes de provocar a morte
de peixes e outros animais. São os
principais responsáveis pelas chama-
das “marés vermelhas.”

❑ Euglenofíceas

Os euglenoides são unicelulares,


flagelados, apresentam fibras con-
trácteis chamadas Mionemas. O polo
anterior das euglenas contém uma
invaginação que termina no reser-
Algumas formas de diatomáceas.
254 –
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MÓDULO 17 Reino Protista: Rizópodos e Flagelados

1. CARACTERÍSTICAS
GERAIS
Os protistas são animais unicelu-
lares, microscópicos, isolados ou
coloniais e os representantes mais
primitivos do reino animal.
Apresentam uma forma muito va-
riada e alguns podem ser observados
a olho nu (ex.: Ciliado Spirostomum,
com 5 mm de comprimento).
De acordo com o tipo de orga-
noide locomotor, podem ser divididos
em rizópodos, flagelados, ciliados e
esporozoários.

2. RIZÓPODOS OU
SARCODÍNEOS
São protozoários que se deslo-
cam por meio de pseudópodes.
Há várias espécies de ameba,
cujo tamanho varia de alguns centési-
mos de milímetro até meio milímetro.
Vivem no lodo, sobre folhas mor-
tas e outros objetos que cobrem o
fundo submerso de lagos e rios.
O citoplasma da ameba apresen- Ciclo biológico do Trypanosoma cruzi.
ta uma porção externa, transparente
(hialina), sem granulações, denomi- interior dos cistos cuja abertura é pro- Parasita Patogenia
nada ectoplasma; e uma porção in- vocada por condições externas: re-
terna, com muitas granulações, deno- torno da água, volta de temperatura Leishmaniose
Leishmania
favorável etc. Nos cistos de parasitas, cutâneo-mucosa
minada endoplasma. brasiliensis
a membrana cística é digerida pelos “Úlcera de Bauru”
O núcleo das amebas, geralmen-
te, é central. Ela apresenta o vacúolo sucos digestórios do hospedeiro, que Leishmaniose
Leishmania
pulsátil ou contrátil que, periodica- ingere os cistos. cutânea (Botão
A Entamoeba histolytica produz tropica
mente, elimina água para o exterior. do oriente)
uma infecção denominada amebíase. Leishmania Leishmaniose
• Encistamento Pode ocasionar disenteria, processos donovani visceral
Quando as condições ambientais inflamatórios e necróticos.
se tornam desfavoráveis para a es- Esses parasitas são transmitidos
pécie, o protozoário realiza egestão e 3. FLAGELADOS OU pelo Phlebotomus ou pela Lutzomya.
excreção; o citoplasma se desidrata, MASTIGÓFOROS
diminui de volume e secreta uma São protozoários que se locomo- • Gênero Trypanosoma
membrana resistente (membrana cís- vem por apêndices em forma de chi- São protozoários fusiformes, apre-
tica) que o isola do meio externo. cote, denominados flagelos. sentam um flagelo e duas espécies
Nessas condições, o protozoário principais: Trypanosoma cruzi e
• Família Trypanosoma gambiensis.
transforma-se num cisto. O encista- Trypanosomidae
mento é determinado pela desseca- É constituída por parasitas que
ção, variação de temperatura, subs- podem apresentar várias formas de
tância química e produção de anti- evolução.
corpos pelo hospedeiro, no caso de No gênero Leishmania, há várias
o protozoário ser um parasita. Sendo espécies que parasitam o homem:
transportados pelo vento, os cistos Leishmania brasiliensis, Leishmania
servem para disseminação da espé- tropica, Leishmania donovani, Leish-
cie. Em muitas espécies (amebas, mania chagasi (agente etiológico do
por exemplo), a reprodução ocorre no calazar). Trypanosoma cruzi.
– 255
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O Trypanosoma cruzi é o agente A fase crônica é caracterizada A Giardia lamblia é parasita do


etiológico da moléstia de Chagas. A pelas perturbações cardíacas. Os intestino delgado. O indivíduo conta-
transmissão é realizada pelas fezes tripanossomas invadem o miocárdio, mina-se com a ingestão de água ou
infectadas do "barbeiro", existindo produzindo a cardiopatia chagásica, verduras mal lavadas que contêm
várias espécies (Panstrongylus megistus com taquicardia, hipotensão e car- cistos.
e Triatoma infestans). diomegalia (aumento do tamanho do
O barbeiro é um inseto hematófa- coração). Os indivíduos afetados ge-
go de hábito noturno, picando o rosto ralmente não vivem além dos 50 anos,
(daí o nome barbeiro) de pessoas morrendo lenta ou subitamente.
O tripanossomo vive em numero-
adormecidas. A picada do inseto não
sos animais silvestres: tatu, morcego,
transmite a moléstia, pois as formas
macaco, cotia, gambá, porco, cão e
infectantes não aparecem nas glându-
cobaia, que constituem os reservató-
las salivares. O barbeiro elimina fezes,
rios naturais, nos quais se infecta o
no momento ou pouco depois que pi- barbeiro.
ca e suga o hospedeiro, depositando O Trypanosoma gambiensis pro-
as dejeções infectadas sobre o rosto duz a doença do sono ou tripanos-
deste. As próprias mãos do hos- somose africana. A transmissão é
pedeiro podem introduzir os excre- efetuada pela mosca hematófaga tsé-
mentos nas mucosas. Além disso, o tsé (Glossina palpalis).
hospedeiro, coçando-se, pode produ- A Trichomonas vaginalis causa
zir uma escoriação, facilitando a pe- uma leucorreia, ou seja, um corrimen-
netração dos tripanossomas. to vaginal, além de prurido (coceira). Trichomonas vaginalis.

MÓDULO 18 Reino Protista: Ciliados e Esporozoários

1. CILIADOS
São protozoários que se locomo-
vem por meio de apêndices (cílios).
O gênero Paramecium apresenta
várias espécies que ocorrem em locais
de água estagnada ou de correnteza
lenta.
Os maiores possuem 250 mμ.
Lembram um chinelo.

2. ESPOROZOÁRIOS
São protozoários que, geralmen-
te, não apresentam organoides loco-
motores e reproduzem-se por meio
de estruturas denominadas “esporos”.

❑ Estudo do gênero
Plasmodium
São parasitas que provocam a
malária, maleita, impaludismo, febre
palustre ou febre intermitente.
A malária caracteriza-se por aces-
sos de febre, com intervalos de 24, 48
ou 72 horas.
A transmissão é realizada por mos-
quitos do gênero Anopheles (mosqui-
to-prego).
O ciclo realiza-se no homem (hos-
pedeiro intermediário) e no mosquito
(hospedeiro definitivo). Ciclo biológico do Plasmodium sp, agente etiológico da malária.

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Ao picar um indivíduo, antes de


sugar-lhe o sangue, o mosquito injeta
um pouco de saliva, que contém uma
substância anticoagulante, o que evita
a coagulação do sangue dentro de
sua tromba.
O parasita penetra na circulação
sanguínea juntamente com a saliva.
Segue-se um período de incubação
de 12 dias, durante o qual o Plasmo-
dium permanece nas células hepáti-
cas (do fígado). Posteriormente, o
parasita retorna à circulação e pene-
tra nas hemácias (glóbulos verme-
lhos).
Divide-se assexuadamente, ori-
ginando esporos.
A hemácia rompe-se, liberando
Diagrama ilustrando as principais organelas do Paramecium caudatum, protista ciliado
os esporos, que penetram em outras de água doce. Notar a presença do micronúcleo, estrutura relacionada à reprodução
hemácias, repetindo o processo an- sexuada por conjugação.
terior.
O indivíduo doente torna-se anê-
mico. A erradicação da malária pode protegidas por telas nas janelas e
Toda vez que uma geração de es- ser realizada de três maneiras: portas e as camas por mosquiteiros.
poros ataca novas hemácias, o orga- – combatendo o parasita, no or- Uso de repelentes de insetos.
nismo é acometido de febre muito alta ganismo humano; Toxoplasma gondii: esporozoário
(às vezes, superior a 40°C), que apa- – destruindo o mosquito; (coccídeo) parasita intracelular, res-
rece de dois em dois dias, ou de três – evitando-se a picada do mos- ponsável pela toxoplasmose. O ho-
quito. mem e outros animais entre eles aves,
em três dias, dependendo da espécie
cães, bovinos, suínos, ratos, etc. são
de Plasmodium que o indivíduo apre-
❑ Principais espécies hospedeiros intermediários do para-
senta. Essa febre, provavelmente, é
de plasmódios sita. Os felídeos, especialmente os
causada por toxinas que são elimina-
Plasmodium vivax – o ciclo eritro- gatos são os hospedeiros definitivos
das no sangue durante o rompimento
cítico dura 48 horas. Causa a febre porque só neles ocorre a reprodução
das hemácias. Após algumas gera-
terçã benigna, cujos acessos febris sexuada do toxoplasma. A contami-
ções de esporos, parte destes se
ocorrem a cada três dias. nação do homem é feita pelos cistos
destaca como elementos reproduti-
Plasmodium falciparum – com encontrados nas fezes dos gatos. A
vos que irão se transformar em ga-
ciclo irregular de 36 a 48 horas, forma ativa do protozoário chama-se
metas no estômago do Anopheles.
taquizoito que invade as células de
Quando o mosquito suga um in- produzindo a febre terçã maligna.
defesa (macrófagos), musculares e do
divíduo doente, recebe as formas re- Plasmodium malariae – com um
cérebro onde se multiplicam.
produtivas que completam seu ciclo de 72 horas, responsável pela fe-
Nos indivíduos com sistema imu-
desenvolvimento e se transformam bre quartã, com acesso a cada quatro nitário saudável a doença é assinto-
em células sexuais. dias. mática, mas nos imunidepressivos
Os gametas masculinos (micro- Plasmodium ovale – com ciclo de 48 como aqueles com AIDS e câncer a
gametas) unem-se aos femininos horas, ainda não identificado no Brasil. doença pode ser grave.
(macrogametas), originando o ovo Profilaxia: eliminação dos focos A contaminação de gestantes é
que se implanta na parede do intes- do mosquito anofelino com inseticidas preocupante porque pode afetar o
tino ou do estômago do mosquito. ou com controle biológico. O mosquito feto provocando má formação do
Cada ovo origina muitos plasmó- deposita os seus ovos em águas sistema nervoso central.
dios que se alojam nas glândulas sa- paradas e limpas. A introdução de Os gatos adquirem a doença
livares e podem ser transmitidos a certos peixes do gênero Gambusia quando comem carne de aves e ratos
outros indivíduos, através do (guaru-guaru), que se alimentam das contaminados.
Anopheles. larvas do mosquito, pode levar à re- A doença pode ser detectada no
O ciclo consta de uma fase as- dução da população desses insetos. homem pelo exame de sangue que
sexuada (no homem) e outra sexua- Nas áreas onde a malária é permite identificar a presença de anti-
da, que ocorre no mosquito. endêmica, as habitações devem ser corpos.
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FRENTE 2 Genética

MÓDULO 11 Poli-hibridismo

1. O POLI-HIBRIDISMO 5. DETERMINAÇÃO DA FREQUÊNCIA


DE QUALQUER CLASSE FENOTÍPICA
Falamos em poli-hibridismo quan-
do analisamos, simultaneamente, a Procede-se de maneira idêntica, analisando-se os caracteres independentes e
herança de três ou mais caracteres. multiplicando-se as frequências para os aspectos desejados.
Como veremos, não há necessidade
C = ABC C = aBC
de se realizar o cruzamento completo
para a obtenção dos resultados.
B B

2. DETERMINAÇÃO c = ABc c = aBc


DO NÚMERO DE
TIPOS DE GAMETAS A a

Quando se deseja saber o núme- C = AbC C = abC


ro de gametas que um indivíduo pro-
duz, conhecendo-se o seu genótipo, b b
usa-se a seguinte expressão:
c = Abc c = abc
Número de gametas = 2n
sendo n o número de hibridismos exis- Vejamos um exemplo prático: dado o cruzamento AaBbCCtt x AabbccTt, qual
tentes no genótipo. será a frequência (ou probabilidade) de nascer um indivíduo de genótipo
Exemplos: aaBbCctt?
No. de Tipos
Genótipos Cruzamentos Geração Frequência desejada
de gametas
AA bb cc dd EE 20 = 1 AA x Aa AA, Aa, Aa e aa P(aa) = 1/4
AA Bb cc DD ee 21 = 2 Bb x bb Bb e bb P(Bb) = 1/2
AA BB Cc DD Ee 22 = 4 CC x cc Cc P(Cc) = 1
Aa BB Cc Dd ee 23 = 8 tt x Tt Tt e tt P(tt) = 1/2
Aa bb Cc Dd Ee 24 = 16
P(aa Bb Cc tt) = 1/4 x 1/2 x 1/2 = 1/16
Aa Bb Cc Dd Ee 25 = 32
Para exemplificar, considere, em R – semente lisa
ervilhas, os seguintes genes: r – semente rugosa
3. DETERMINAÇÃO V – semente amarela B – flor vermelha
DOS TIPOS DE GAMETAS
v – semente verde b – flor branca
Para facilitarmos a determinação
No cruzamento VvRRBb x Vvrrbb, qual será a probabilidade de se obter uma
de todas as combinações gênicas planta de semente verde-lisa e flor branca?
existentes nos gametas, podemos
aplicar o sistema de ramificação di- Cruzamento Geração Frequência desejada
cotômica. Assim, determinaremos os
tipos de gametas produzidos por um Vv Vv Vv vv P (verde) = 1/4
Vv x Vv
indivíduo tetraeterozigoto: AaBbCcDd. 3/4 amarela 1/4 verde

4. DETERMINAÇÃO DA Rr
RR x rr P (lisa) = 1
FREQUÊNCIA DE QUALQUER 1 lisa
CLASSE GENOTÍPICA
Bb bb
Poderá ser feita facilmente, se ana-
Bb x bb P(branca) = 1/2
1/2 vermelha 1/2 vermelha
lisarmos os caracteres independentes e
multiplicarmos as frequências para os
P (verde, lisa e branca) = 1/4 x 1 x 1/2 = 1/8
aspectos desejados.
258 –
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MÓDULO 12 Alelos Múltiplos

1. CONCEITO P F1 F2
Os casos de herança até agora
Selvagem x 3 Selvagem:
estudados envolviam sempre carac- Chinchila
Selvagem
1 Chinchila
teres determinados por dois alelos,
um dominante e outro recessivo. Exis- Selvagem x 3 Selvagem:
Selvagem
Himalaia 1 Himalaia
tem, entretanto, casos de herança em
que um caráter é determinado por Selvagem x 3 Selvagem:
Selvagem
Albino 1 Albino
mais de dois alelos, constituindo uma
série de alelos múltiplos. Tais alelos Chinchila x 3 Chinchila:
Chinchila
são produzidos por mutação de um Himalaia 1 Himalaia
gene inicial e ocupam o mesmo lócus Chinchila x 3 Chinchila:
Chinchila
em cromossomos homólogos. As re- Albino 1 Albino
lações entre os diversos alelos da Himalaia x
Himalaia
3 Himalaia:
série são variáveis, podendo existir Albino 1 Albino
dominância completa e incompleta. As relações genotípicas e fenotí-
Resumindo: alelos múltiplos são picas são:
séries de três ou mais formas alterna- Possíveis genótipos
Fenótipo
tivas de um mesmo gene, localizados
no mesmo lócus em cromossomos Selvagem CC – Ccch – Cch – Cca
homólogos e interagindo dois a dois Fig. 1 Chinchila cchcch – cchch – cchca
na determinação de um caráter. Himalaia chch – chca
3. A COR DA Albino caca
2. EXEMPLOS PELAGEM EM COELHOS
Suponha um gene A sofrendo Em coelhos domésticos, a cor da 4. O SISTEMA ABO
mutações e produzindo uma série de pelagem é determinada por uma sé- Um exemplo clássico de alelos
4 alelos: A, a1, a2 e a3. rie de alelos múltiplos, possibilitando múltiplos aparece no sistema sanguí-
4 fenótipos: neo ABO no homem. Nele atuam 3
1) Selvagem ou aguti, com pela- alelos IA = IB > i. Veja agora os ge-
gem cinza-escura. nótipos e correspondentes fenótipos.
2) Chinchila, com pelagem cinza- Genótipos Fenótipos
clara. IAIA ou IAi Grupo A
3) Himalaia, com pelagem branca IBIB ou IBi Grupo B
e extremidades (patas, rabos, orelhas IAIB Grupo AB
e focinho) pretas.
ii Grupo O
4) Albino, sem pigmento. Damos,
a seguir, os resultados dos cruzamen- 5. O NÚMERO
BIOLOGIA A

tos de parentais (P) homozigotos e o DE GENÓTIPOS


endocruzamento de F1. Como verificamos, existem 3 ale-
Como tais genes são alelos, ocu- Os cruzamentos mostram a exis- los e 6 genótipos no sistema ABO e 4
pam o mesmo lócus em cromosso- tência de 4 alelos com a seguinte re- alelos e 10 genótipos na pelagem de
mos homólogos e cada indivíduo só lação de dominância: coelhos. Note que, à medida que o
poderá ter um par de genes, determi- C (selvagem) > cch (chinchila) > número de alelos aumenta, cresce
nando dez genótipos (Fig. 1). > ch (himalaia) > ca (albino) rapidamente o número de genótipos.
Número de Genótipos
Número de alelos Total Homozigotos Heterozigotos
3 (A, a1 e a2) 6 3 (AA, a1a1 e a2a2) 3 (Aa1, Aa2 e a1a2)

4 (A, a1, a2 e a3) 10 4 (AA, a1a1, a2a2 e a3a3) 6 (Aa1, Aa2, Aa3, a1a2, a1a3 e a2a3)
10 (Aa1, Aa2, Aa3, Aa4, a1a2, a1a3,
5 (A, a1, a2, a3 e a4) 15 5 (AA, a1a1, a2a2, a3a3 e a4a4) a1a4, a2a3, a2a4, a3a4)

n n (n + 1) n (n – 1)
————— n —————
2 2

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MÓDULO 13 Noções de Imunização


1. IMUNIZAÇÃO de anticorpos é um tipo de leucócito
Os seres vivos possuem uma pro- conhecido como linfócito.
priedade chamada imunização, por Existem dois tipos de linfócitos: T
meio da qual podem: e B. Os linfócitos T devem passar pelo
1 – destruir células de agentes infec- timo a fim de sofrer um processo de
ciosos, como os micro-organis- maturação. O timo é um orgão linfoi-
mos; de esponjoso e bilobado situado aci-
2 – destruir ou eliminar moléculas, ma do coração, logo atrás do esterno.
como as toxinas produzidas
Os linfócitos T não produzem anticor-
pelas bactérias;
pos e atuam na imunidade celular,
3 – eliminar tecidos estranhos ao
organismo, como a rejeição de
como é o caso da rejeição de órgãos
transplantes. transplantados, além de influenciarem
Tais processos envolvem reações a atividade dos linfócitos B. Estes não
do tipo antígeno-anticorpo. necessitam de passagem pelo timo e Fig. 2 – Respostas imunológicas.
são responsáveis pela produção de
2. ANTÍGENOS E ANTICORPOS anticorpos circulantes, realizando a
Antígenos são substâncias que chamada imunidade humoral e atuan- A resposta secundária envolve a
podem estimular a produção de um do principalmente na lise de micro- ação das células de memória; por isso,
anticorpo e reagir especificamente com organismos e na neutralização de é chamada de anamnésica.
o próprio. venenos de animais peçonhentos e
Um antígeno típico é uma proteí- toxinas bacterianas. Ao ser formado,
na ou um polissacarídeo, ou um com- o linfócito, ainda imaturo, apresenta na 5. TIPOS DE IMUNIZAÇÃO
plexo contendo ambas as substân- superfície uma série de anticorpos ❑ Imunização Ativa
cias. O anticorpo é sempre uma específicos. Quando esse linfócito en- Trata-se da produção de anticor-
proteína denominada imunoglobu- contra um antígeno específico para os pos pelo próprio indivíduo que rece-
lina. Com a formação do complexo seus anticorpos, acontece a união beu antígenos. A imunização ativa
antígeno-anticorpo, inicia-se uma sé- entre antígenos e anticorpos. O linfó- pode ser natural ou artificial.
rie de reações que visam à remoção cito é, então, ativado e sofre divisão a) Natural: ocorre quando o
do antígeno estranho ao organismo. de diferenciação, produzindo dois ti- antígeno penetra naturalmente no or-
Esses processos constituem a res- pos de células: os plasmócitos e as
ganismo nos processos infecciosos
posta imune. células de memória. As primeiras
provocados por vírus, bactérias etc.
produzem os anticorpos circulantes e
as de memória persistem na circu- b) Artificial: é determinada pela
3. A PRODUÇÃO
DOS ANTICORPOS lação, secretando anticorpos após inoculação proposital de antígenos. A
A célula-mestra no reconheci- reagirem com os antígenos específi- vacina é constituída pelo agente in-
mento de um antígeno e na formação cos (Fig. 1). feccioso enfraquecido ou por toxinas
por ele produzidas. A vacina contém
4. RESPOSTA antígenos específicos, sendo utilizada
PRIMÁRIA E
como um agente profilático.
SECUNDÁRIA
Quando um micro-organismo pe-
Quando ocorre a
primeira injeção de netra em pessoas vacinadas, já en-
um antígeno, após contra os anticorpos que inativam os
uma semana começa antígenos por ele produzidos.
a produção de anti-
corpos em um nível ❑ Imunização Passiva
pouco elevado, dimi- Consiste na inoculação, no orga-
nuindo a seguir: é a nismo, de anticorpos produzidos por
resposta primária. outro organismo contra o correspon-
Se houver uma
dente agente infeccioso. Constitui um
segunda injeção do
processo de soros terapêuticos. A
antígeno, ocorre a
resposta secundária, soroterapia é utilizada durante a fase
em que a produção aguda de uma infecção. Salienta-se
de anticorpos é mais que o anticorpo inoculado só protege
rápida e atinge níveis por tempo relativamente curto, sendo
Fig. 1 – A produção de anticorpos. mais elevados (Fig. 2). logo destruído e eliminado.
260 –
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MÓDULO 14 O Sistema ABO

1. OS GRUPOS SANGUÍNEOS e anti-B. É evidente que, se os glóbu- 1o.) Coloca-se num lado de uma
los de um indivíduo possuírem um ou lâmina de microscopia uma gota de
Quando se injeta sangue de um outro dos antígenos, o soro do mes- soro anti-A e, no outro, uma gota de
indivíduo em outro, realizando-se a mo indivíduo não poderá conter o
soro anti-B.
chamada transfusão, podem sobrevir correspondente anticorpo, pois, se
acidentes mais graves e até a morte. houvesse a coexistência, ocorreria a 2o.) Sobre cada gota de soro, co-
Isso se dá porque há certa incompa- aglutinação das hemácias. Assim, o loca-se uma gota de sangue a ser
tibilidade entre as hemácias de deter- tipo sanguíneo das pessoas pode ser identificado e observa-se o resultado:
minados indivíduos e o plasma de classificado em quatro grupos, de • se não houver aglutinação em
outros, que se caracteriza por uma acordo com o quadro a seguir.
nenhum dos lados, o sangue em exa-
aglutinação, ou seja, reunião de he-
me é do grupo O;
mácias em massas mais ou menos Grupo Aglutino-
Aglutinina
compactas, de tamanho variável, que Sanguíneo gênio
(soro)
• se aglutinar dos dois lados, o
(fenótipo) (hemácias)
podem obstruir capilares provocando sangue é AB;
embolias. Há também hemólise, isto A A anti-B • se aglutinar somente com o
é, desintegração de hemácias com soro anti-A, é do grupo A;
liberação de hemoglobina, da qual B B anti-A • se aglutinar somente com o
uma parte será excretada e outra soro anti-B, é do grupo B.
produzirá bilirrubina. AB AeB —
❑ A Herança do Grupo ABO
anti-A
2. O SISTEMA ABO O — Os grupos sanguíneos ABO são
anti-B
determinados por uma série de três
Foi o austríaco Landsteiner que, alelos múltiplos: IA, IB e i.
em 1900, descobriu os grupos san- ❑ A Determinação do Grupo O gene IA determina a formação
guíneos do sistema ABO, ao misturar
do aglutinogênio A.
o sangue de algumas pessoas com o
O gene IB determina a formação
soro sanguíneo de outra. Verificava
do aglutinogênio B.
que, em alguns casos, ocorria aglu-
tinação dos glóbulos vermelhos, O gene i não forma aglutinogênio.
isto é, reunião deles em grumos, se- Entre os alelos IA e IB, não há
guida de destruição. Com essa des- dominância. Quando juntos, ambos
coberta, tornou-se possível explicar manifestam seu efeito e a pessoa é do
por que as transfusões de sangue às tipo AB.
vezes matavam (quando ocorria Por outro lado, tanto IA como IB
aglutinação nos vasos capilares de são dominantes em relação a i e, so-
pessoas transfundidas) e às vezes mente quando os alelos IA e IB não es-
nada acontecia. Assim é que Lands- tiverem presentes, o indivíduo será do
teiner mostrou que a aglutinação era tipo O.
a manifestação de uma reação do
tipo antígeno-anticorpo, encon- O quadro abaixo resume a heran-
trando-se o antígeno nas hemácias ça ABO.
e o anticorpo no soro, mas com a par-
ticularidade de o anticorpo ser na-
Grupo
tural, ou seja, não necessitar da pre- Sanguíneo
Genótipos
sença do antígeno para ser produ-
zido. O antígeno foi chamado aglu- Tipo A IAIA ou IAi
tinogênio, e o anticorpo, agluti- Fig. 1 – Determinação dos grupos
nina. sanguíneos ABO por aglutinação em lâmina.
Tipo B IBIB ou IBi

❑ Classificação O processo de determinação do


Tipo AB IAIB
do Sistema ABO grupo sanguíneo tem base na agluti-
Landsteiner encontrou dois aglu- nação ou não das hemácias, quando
tinógenos: A e B, e duas aglutininas misturadas com os soros anti-A e Tipo O ii
correspondentes, designadas anti-A anti-B.

– 261
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MÓDULO 15 Sistema ABO: As Transfusões

1. O USO DAS versal. Já um receptor do AB não Observação importante


TRANSFUSÕES possui aglutininas no plasma, sendo O sangue do tipo O possui aglu-
incapaz de aglutinar qualquer tipo de tininas anti-A e anti-B. Com transfu-
Frequentemente, em casos de hemácia que venha a receber, e é sões de pequeno volume, essas
acidentes, cirurgias e doenças, um chamado de receptor universal. aglutininas ficam muito diluídas no
paciente necessita de uma transfusão sangue do receptor, o que não acar-
de sangue. Sempre é possível realizar 4. AS POSSIBILIDADES reta problemas. Contudo, se o vo-
uma transfusão entre doadores e re- DE TRANSFUSÃO lume de sangue O doado for grande,
ceptores pertencentes a um mesmo essas aglutininas atingem concen-
grupo sanguíneo, mas em certos ca- As possibilidades de transfusão trações que provocam a aglutinação
sos é possível a ocorrência do pro- são evidenciadas no quadro abaixo das hemácias do receptor, causando
cesso entre indivíduos pertencentes em que + e – indicam, respectiva- os problemas decorrentes das trans-
a grupos diferentes. mente, aglutinação e não aglutinação. fusões incompatíveis. Portanto, o tipo
O esquema a seguir resume as O só é doador universal para peque-
possibilidades de transfusão. nas transfusões.
2. O EFEITO A CONSIDERAR

Para saber se uma transfusão é


possível, deve-se considerar dois
PLASMA DO RECEPTOR HEMÁCIAS DO DOADOR
fatores: aglutinogênios, existentes nas
hemácias do receptor, e aglutininas
GRUPO AGLUTININAS A A B B AB AB O —
presentes no plasma do receptor.
Para verificarmos a possibilidade ou
A ANTI-B — + + —
não de transfusão, devemos analisar
se há ou não incompatibilidade entre B ANTI-A + — + —
as aglutininas do receptor e os aglu-
tinogênios do doador, uma vez que, AB — — — — —
na prática, observamos que as agluti-
ninas do receptor aglutinam as hemá- O
ANTI-A e
+ + + —
ANTI-B
cias do doador. O efeito oposto, ou
seja, aglutininas do doador sobre as
hemácias do receptor, não é consi-
derado, porque as aglutininas são
diluídas no corpo do doador. Assim,
por exemplo, a quantidade de aglu-
tininas existentes em 500cc de san-
gue de um doador é diluída na quan-
tidade de sangue (5 a 6 litros) exis-
tente no adulto. Enfim, a reação, teo-
ricamente possível, não ocorre devido
a um fator: diluição.

Plasma do aglutina Hemácias


receptor ⎯⎯⎯→ do doador

3. OS GRUPOS UNIVERSAIS

Uma pessoa do grupo O não


apresenta aglutinogênios nas hemá-
cias, que podem ser introduzidas em
qualquer organismo sem nunca se-
rem aglutinadas. Por essa razão o
grupo O é chamado de doador uni-

262 –
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MÓDULO 16 O Fator Rh

1. O FATOR RHESUS 5. ERITROBLASTOSE FETAL a mãe, devido a pequenas hemor-


Em 1940, Landsteiner e Wiener A eritroblastose fetal ou doença ragias espontâneas da placenta, é in-
publicaram a descoberta de um antí- hemolítica do recém-nascido pode suficiente para sensibilizar a mãe e
geno chamado fator Rhesus (fator acontecer a uma criança Rh+, filha de provocar a eritroblastose fetal. A pas-
Rh). Tais autores verificaram que o uma mulher Rh–. sagem do sangue do feto para a cir-
sangue do macaco Rhesus, quando Normalmente a circulação mater- culação materna, em dose suficiente
injetado em coelhos, induz a forma- na e a fetal estão completamente para provocar a sensibilização, ocor-
ção de anticorpos (anti-Rh), capazes separadas pela barreira placentária, re no parto, quando a placenta se
de aglutinar não só o sangue desses mas, quando ocorrem rupturas nesta descola.
macacos como também os de uma fina membrana, pequenas quantida- Como se forma um bebê com
certa porcentagem de pessoas. des de sangue fetal Rh+ atingem a a “doença Rh”
circulação materna Rh–. Com a destruição de hemácias, o
2. CLASSIFICAÇÃO As hemácias do feto Rh+ pos- feto torna-se anêmico e liberta grande
O anti-Rh é capaz de aglutinar as suem o fator Rh (antígeno), o que de- número de eritroblastos (hemácias
hemácias humanas portadoras do termina a formação de anti-Rh no cor- imaturas nucleadas) na circulação.
antígeno correspondente, o chamado po da mãe. Esses anticorpos, uma A hidropsia (edema causado por
fator Rh. Os indivíduos cujas hemá- vez formados, podem circular através falha cardíaca devido a severa ane-
cias são aglutinadas possuem o fator da placenta e destruir hemácias do mia) pode causar a morte intra-uterina.
Rh positivo (Rh+) e correspondem a feto, causando a doença hemolítica. Após o nascimento, a hemólise
85% da raça branca. Os chamados Como na primeira gestação a taxa de (destruição de hemácias) produz uma
Rh negativos (Rh–) não possuem o fa- anticorpos é baixa, geralmente não grande quantidade de bilirrubina, o
tor Rh e, consequentemente, suas he- ocorre a doença, a não ser que a mãe que causa icterícia durante as primei-
mácias não são aglutinadas pelo Rh. tenha, anteriormente, recebido uma ras 24 horas de vida. A presença de
transfusão de sangue Rh+. bilirrubina pode provocar lesões cere-
A quantidade de sangue que, du- brais (Síndrome de Kernicterus), de-
rante a gestação, passa do feto para terminando surdez e retardo mental.

3. HERANÇA
O fator Rh é herdado como um
caráter mendeliano dominante, con-
dicionado por um gene designado
Rh ou D. Assim, temos:
Fenótipos Genótipos

Rh+ RhRh ou DD
Rhrh ou Dd
Rh– rhrh ou dd

4. TRANSFUSÕES
Se uma pessoa possui o sangue
do tipo Rh– e receber várias trans-
fusões de sangue Rh+, ela poderá,
eventualmente, formar anticorpos que
vão reagir com essas células em futu-
ras transfusões em que seja usado
sangue Rh+.

– 263
C2_3oA_Biol_Teoria_Conv_Tony 22/10/10 09:06 Página 264

6. PROFILAXIA tem um filho Rh+, dentro das primei- durante o parto, por ocasião do
ras 72 horas após o parto, aplica-se descolamento da placenta. Desse
Atualmente, a eritroblastose fetal uma única dose de aglutinina anti-D modo, a mãe não produzirá os anti-
pode ser evitada com uma espécie ou anti-Rh, substância que provoca a corpos que poderiam afetar o pró-
de vacina chamada Rhogam ou destruição das hemácias Rh+ do feto ximo filho Rh+.
Parthogam. Quando uma mulher Rh– que passaram para o corpo da mãe,

MÓDULO 17 O Fator MN
Entre os vários antígenos exis- mento dos antígenos M e N é feito O sangue humano não apresenta
tentes no sangue humano, estão o M com a reação do sangue humano aos anticorpos (anti-M e anti-N), de ma-
e N. Algumas pessoas possuem só o anticorpos anti-M e anti-N, produzi- neira que não existem problemas de
antígeno M, outras só o N e um tercei- dos no coelho que recebeu sangue transfusão. A herança é determinada
ro grupo, os dois tipos. O reconheci- humano contendo antígenos M e N. por dois genes codominantes: LM ou
M e LN ou N.
No quadro abaixo aparecem os tipos de casamentos e
seus respectivos descendentes: Reação com
Pais Filhos Possíveis Filhos não Possíveis
Antígenos
MxM M N e MN nas Anti-M Anti-N
Grupo Genótipos
Hemácias
MxN MN MeN
M LMLM ou MM M + –
M x MN M e MN N

NxN N M e MN
N LNLN ou NN N – +
N x MN N e MN M
MN LMLN ou MN MeN + +
MN x MN M, N e MN —

MÓDULO 18 Interação Gênica

1. CONCEITO
Fala-se em interação gênica quan-
do um caráter é condicionado pela
ação conjunta de dois ou mais pares
de genes com segregação indepen-
dente.

2. HERANÇA DO TIPO DE
CRISTA EM GALINHAS
Nas galinhas há quatro tipos de
crista: simples, noz, rosa e ervilha. Na Ervilha Rosa
determinação desses tipos de crista
atuam dois pares de genes: Rr e Pp.
Assim, temos:
Genótipos Fenótipos
RRee
rosa
Rree
rrEE
ervilha
rrEe
RREE
RREe noz
RrEE
RrEe
Simples Noz
264 –
C2_3oA_Biol_Teoria_Conv_Tony 22/10/10 09:06 Página 265

A seguir, analisaremos o cruzamento-padrão, no qual a F2 apresenta a proporção seguinte: 9/16 noz, 3/16 rosa,
3/16 ervilha e 1/6 simples. A proporção 9:3:3:1 confirma a segregação de dois pares de genes.

3. GENES de um ou outro desses genes, ou 4. EPISTASIA


COMPLEMENTARES ambos, a flor será branca. Num cruzamento envolvendo dois
(RAZÃO 9 : 7) Genótipos Fenótipos genes independentes que agem so-
Fala-se em interação de genes bre o mesmo caráter, um dos genes
CCPP
complementares quando um deter- pode impedir a manifestação do outro
CCPp Flor
minado fenótipo depende da ação gene, e é por isso chamado de gene
CcPP púrpura
complementar de dois alelos domi-
CcPp epistático. O gene cuja expressão é
nantes que isoladamente produzem
um outro fenótipo. É o caso da co- impedida denomina-se hipostático. O
CCpp
loração da flor da ervilha-de-cheiro Ccpp efeito da epistasia é semelhante àque-
Flor
que pode ser púrpura ou branca. A ccPP le da dominância, somente que a última
branca
ccPp
coloração da flor depende da pre- se verifica entre dois alelos, en quanto a
ccpp
sença de dois genes P e C; na falta epistasia ocorre entre não alelos.

– 265
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A epistasia pode ser exercida por tático), e determina a plumagem


um gene dominante ou recessivo, daí branca. As galinhas Wyandotte bran- Genótipos Fenótipos
a sua divisão em epistasia dominante cas não têm o gene I, mas não apre-
e recessiva. sentam cor, por não possuírem o gene
C; tais galinhas são iicc. CCAA
Uma galinha Leghorn branca de CCAa aguti
genótipo IICC, quando cruzada com CcAA ou cinzento
CcAa
um galo da raça Wyandotte branca,
de genótipo iicc, produz F1 toda
branca de (IiCc), e uma F2 composta
13/16 branca (9/16 I - C - + 3/16 I - cc CCaa
preto
+ 1/16 iicc) : 3/16 colorida (iiC-). Ccaa

❑ Epistasia recessiva
(Razão 9:3:4) ccAA
ccAa albino
Vejamos agora um caso de epis- ccaa
tasia em que um gene recessivo
impede a manifestação de um domi-
nante. Em ratos, a coloração pode ser
aguti, preta e albina. A presença de Quando um rato preto puro CCaa
pigmento preto é condicionada por é cruzado com um rato albino ccAA, a
gene C, enquanto o alelo recessivo c F1 é totalmente aguti devido à inte-
produz albino. Um gene A interage ração dos genes C e A. Quando dois
com C e produz o rato aguti, cujos irmãos da F1 são cruzados, a fim de
❑ Epistasia dominante
pelos são pretos e possuem uma faixa se obter F2, verifica-se ser esta
(Razão 13:3)
amarela na extremidade. O gene c é constituída por 9/16 cinzento; 3/16
Nas galinhas de raça Leghorn
epistático em relação ao gene A, preto; 4/16 albino, como mostra o
existe um gene (epistático) que
enquanto o gene a não produz a faixa cruzamento abaixo.
impede a manifestação de cor, que é
amarela.
condicionada por um gene C (hipos-

266 –
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FRENTE 3 Biologia Animal

MÓDULO 11 O Sistema Excretor

1. CONCEITO DE EXCREÇÃO
Excreção é o processo de elimi-
nação de substâncias que são produ-
zidas em excesso no organismo.
Essas substâncias resultam da ativi-
dade (metabolismo) celular.
As células estão sempre em ativi-
dade; mesmo que não estejam em
crescimento ou em movimento, estão
constantemente sintetizando e decom-
pondo substâncias. Essas atividades
dão origem a subprodutos que não po-
dem ser utilizados e que, se acumula-
dos em grandes quantidades, seriam
prejudiciais ao organismo. Ameba (protozoário dulcaquícola).

❑ Principais excretas Alguns protozoários de água do- Os asquelmintos apresentam dois


As principais excretas são: ce apresentam outro mecanismo ex- tipos de sistema excretor: o simples e
– CO2 (dióxido de carbono); cre tor. Neles há estruturas chamadas o duplo. O simples aparece nos as-
vacúolos contráteis ou pulsá- quelmintos de vida livre e é constituí-
– H2O (água);
teis, cuja principal função é remover do por uma grande célula ventral e
– sais;
o excesso de água que entra na cé- anterior, com um ducto que se abre
– bile; posteriormente na linha mediana. No
– NH3 (amônia); lula por osmose. Esse excesso é cole-
tado nesses vacúolos que se con- sistema duplo, também conhecido por
– CO (NH2)2 (ureia); “tubos em H”, existem dois canais que
traem periodicamente e expulsam seu
– C5H4N4O3 (ácido úrico); correm ao longo das linhas laterais. Na
– creatinina. conteúdo para o meio. Neles foram
parte anterior, os dois tubos unem-se
A amônia, a ureia e o ácido úrico encontradas pequenas quantidades e formam um único, que se abre na li-
são provenientes do metabolismo dos de amônia, o que indica a função real- nha mediana ventral. Cada tubo é cons-
aminoácidos. mente excretora de tais vacúolos. tituído por uma única célula cana-
Denomina-se homeostase a ca- Os vermes achatados (platielmin- liculada. As paredes dos tubos absor-
pacidade que tem o organismo de tos) enfrentam o mesmo problema dos vem por osmose os catabólitos, que
manter seu meio interno em estado de protozoários de água doce, ou seja, é são enviados para o poro excretor.
equilíbrio dinâmico. o excesso de água que se difunde Os crustáceos apresentam um
A homeostase é essencial para a para o interior das células e que deve par de glândulas verdes situado
ser eliminado. Na planária, o CO2 e a ventralmente na cabeça, anterior em
vida, e a manutenção de um meio in-
maior par te da amônia (NH relação ao esôfago.
terno equilibrado depende tanto do 3) são
excre ta dos por difusão. Em cada glândula verde, distin-
sistema excretor quanto dos sistemas guem-se o saco terminal, o labirinto, o
digestório e circulatório. Nos animais Para remover o excesso de água,
a planária tem um sistema constituído tubo branco, a bexiga e o poro excretor.
que têm sistema circulatório, as subs- O saco terminal é uma cavidade
tâncias que devem ser removidas são por um conjunto de tubos ramificados,
de natureza celomática, em contato
transportadas pelo sangue. Podemos terminando as ramifica ções menores
com o labirinto, uma estrutura de cor
dizer, portanto, que o sistema excre- em uma célula es pecia lizada, a célu-
verde, também chamada córtex, cons-
tor funciona de modo que mantém la-flama. Cada célula-flama abre-se tituída por numerosos canículos anas-
praticamente constante a composição em uma cavidade onde se pro jetam tomosados, ficando o conjunto com
do sangue. di versos flagelos, cujo movi mento uma consistência esponjosa. Do labi-
leva a água para os canais excre- rinto sai o tubo branco, de contorno
2. EXCREÇÃO tores. O nome “célula-flama” deve-se sinuoso, dilatando-se na extremidade
NOS INVERTEBRADOS ao movimento dos flagelos internos e formando a bexiga com um curto
Nos protozoários em geral e nos que possui. ducto terminado em poro excretor,
pluricelulares mais simples (poríferos A célula-flama também é denomi- situado na base da antena. As glân-
e celenterados), a excreção ocorre por nada solenócito e ocorre nos cefa- dulas verdes absorvem catabólitos do
simples difusão. locordados (ex.: anfioxo). sangue e dos líquidos intersticiais.
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Os anelídeos (vermes metameri- lacunas do sistema sanguíneo. Reti- A principal excreta nitrogenada
zados), como a minhoca, utilizam o ram do sangue os produtos de ex- dos insetos é o ácido úrico. O fato de
sistema circulatório como principal creção e os transferem para o tubo ser praticamente insolúvel em água é
meio de remoção do CO2 e também digestório, de onde os catabólitos são a propriedade mais importante dessa
apresentam tubos excretores que se eliminados, pelo ânus, com as fezes. substância, pois não requer água para
dispõem em pares em quase todos os conservar os cristais de ácido úrico no
segmentos do corpo (não ocorrem nos interior dos seus tubos excretores.
dois primeiros e no último); são deno- Esses cristais passam para o tubo di-
minados nefrídios. gestório e daí são eliminados, pelo
Fluidos contendo as excretas ânus, com as fezes.
(água e amônia) entram na abertura
em funil de cada tubo e são levados à
porção terminal deste, que é circun-
dada por numerosos vasos sanguí-
neos. A abertura configura-se na ca- Nematoide – sistema excretor em H.
vidade do corpo, de onde as excretas
são coletadas. A parte final do tubo
abre-se em um poro na parede do cor- Nefrídio de um anelídeo.
po, por onde as excretas são elimi-
nadas.
Os moluscos também apresentam
nefrídios.
Os insetos utilizam-se de diferen-
tes mecanismos de excreção: o dióxi-
do de carbono é eliminado pelas
traqueias; as excretas nitrogenadas
são eliminadas através de estruturas
especializadas, os túbulos de Mal-
pighi. Uma das extremidades desem-
boca no intestino e a outra se aloja nas Glândula verde de crustáceo.
Tubo de Malpighi na barata.
Os miriápodos e os aracnídeos
também apresentam túbulos de
Malpighi.
Os aracnídeos, além dos túbulos
de Malpighi, apresentam um ou dois
pares de glândulas coxais excretoras,
situadas no assoalho do cefalotórax.
Essas glândulas são consideradas
homólogas às glândulas verdes dos
crustáceos.

3. CLASSIFICAÇÃO
DOS ANIMAIS QUANTO
À PRINCIPAL EXCRETA
NITROGENADA
A amônia é muito tóxica para as
células, a ureia é menos tóxica do que
a amônia e o ácido úrico praticamen-
te não é tóxico.
O fato de os insetos excretarem o
ácido úrico, e não amônia ou ureia, é
uma adaptação para a vida no meio
ambiente terrestre, onde a economia
hídrica é vital para a sobrevivência.
A amônia é a excreta nitrogenada
de animais de pequeno porte que dis-
põem de muita água. A ureia, como a
Excreção na planária. amônia, também necessita de água pa-
268 –
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ra sua eliminação; portanto, sua excre- embrião do mamífero desenvolve-se O girino, que é aquático, excreta
ção ocorre em animais que dispõem em estreito contato com o sistema principalmente amônia. Entretanto, ao
de água em quantidades suficientes. circulatório materno. Assim, a ureia, sofrer o processo de metamorfose, tor-
O homem excreta ureia dissolvida que é bastante solúvel, pode ser na-se um verdadeiro anfíbio e passa
em água em quantidade tal que a sua removida do embrião pela circulação muito tempo fora d’água. Durante a
concentração é bastante baixa. materna e, a seguir, excretada. metamorfose, o animal começa a pro-
Os peixes ósseos eliminam amô- Os embriões de ave e de réptil duzir ureia em lugar de amônia e,
nia, e os peixes cartilaginosos excre- desenvolvem-se em um ovo de casca quando a metamorfose se completa, a
tam ureia. rígida e no meio externo (ovíparos). Os ureia passa a ser produto de excreção
Os répteis e as aves, da mesma ovos são postos com água suficiente predominante.
maneira que os insetos, também eli- para mantê-los durante a incubação. A Os peixes dipnoicos constituem
minam o ácido úrico como principal produção de amônia ou mesmo ureia, outro exemplo interessante. Enquanto
excreta nitrogenada. Nesses animais, em tal sistema fechado, poderia ser na água, excretam principalmente
a excreção se dá com uma perda de fatal porque tais excretas são tóxicas. amônia; quando o rio ou o lago se-
água muito pequena. Sob esse aspec- Esses embriões produzem ácido úrico cam, permanecem na lama e come-
to, insetos, aves e répteis ajustam-se que, por ser insolúvel, precipita e per- çam a estivar e acumular ureia como
da mesma maneira à vida terrestre, na manece acumulado no alantoide produto final nitrogenado. Quando as
qual, frequentemente, o suprimento de (anexo embrionário). Tais caracterís- chuvas voltam, esses peixes ex-
água é limitado. ticas, tão necessárias ao desenvolvi- cretam uma grande quantidade de
Classificam-se os animais, quanto mento embrionário, são levadas poste- ureia e iniciam novamente a excreção
à principal excreta nitrogenada, em riormente ao indivíduo adulto. de amônia.
três grupos: amonotélicos, ureotélicos
e uricotélicos.
Animais Ocorrência Observação
Animais que vivem em ambiente
terrestre não têm um suprimento ilimi-
tado de água em contato tão próximo Maioria dos invertebrados aquáti-
com seus tecidos, como é o caso dos Amonotélicos
cos, teleósteos (peixes ósseos), Solúvel (muito tóxica).
aquáticos. Por ser bastante tóxica, a NH3
protocordados.
amônia produzida no metabolismo
não pode ser acumulada. Assim, mui-
tos animais terrestres desenvolveram Ureotélicos Peixes condrictes (cartilaginosos), Solúvel (menos tóxica
processos para converter a amônia CO(NH2)2 anfíbios, mamíferos. do que a amônia).
em ureia ou ácido úrico.
De acordo com Needham, bioquí- Uricotélicos
mico inglês, a excreção de ureia ou Insetos, répteis, aves. Insolúvel (não tóxica).
C5H4N4O3
ácido úrico é determinada pelas con-
dições em que o embrião se forma. O Classificação dos animais quanto à principal excreta nitrogenada.

MÓDULO 12 A Excreção Humana

1. EXCREÇÃO O néfron é constituído pela arteríola ❑ Filtração glomerular


NOS MAMÍFEROS aferente, glomérulo de Malpighi, arte- Ocorre na cápsula de Bowman: o
Nos animais mais evoluídos, a ex- ríola eferente, cápsula de Bowman, tú- sangue que chega aos capilares san-
creção ocorre por meio de diversos bulo contornado proximal, alça de guíneos do glomérulo pela arteríola
órgãos. No homem, por exemplo, os Henle e túbulo contornado distal. Os aferente é forçado pela pressão san-
rins formam a urina, que é uma so- túbulos distais de vários néfrons de- guínea contra as paredes do capilar
lução de excretas nitrogenadas em sembocam em ductos coletores. Os e da cápsula (paredes semipermeá-
água; a pele excreta o suor, que é vários coletores desembocam na pel- veis); desse modo, uma parte do plas-
também um produto de excreção; o ve do rim. Da pelve partem para o ma sanguíneo extravasa, ou seja, é
fígado elimina a bile, fluido que con- ureter, que se dirige para a bexiga filtrada para o interior da cápsula.
tém excretas, os pigmentos biliares; O líquido filtrado tem composição
urinária. A urina é formada continua-
os pulmões excretam água e dióxido química semelhante à do plasma san-
mente no rim e acumulada na bexiga
de carbono. guíneo, diferindo deste pela ausência
urinária.
de proteínas.
❑ O rim A formação da urina, que ocorre
A pressão de filtração pode ser
A unidade morfológica e funcional nos néfrons, deve-se aos processos:
obtida da seguinte maneira:
do rim é chamada néfron. Cada rim filtração glomerular, reabsor-
apresenta cerca de 1 milhão de néfrons. ção e secreção tubular. PF = PS – (PO + PC)
– 269
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em que: mais de 99% do filtrado é reabsor- tâncias indesejáveis podem ser elimi-
PF = pressão de filtração. vido à medida que percorre os túbulos nadas pelo sangue, diretamente no
PS = pressão hidrostática do san- renais e os ductos coletores. fluido do túbulo renal. É o que ocorre,
gue nos capilares. Muitas substâncias componentes por exemplo, com o antibiótico que o
PO = pressão osmótica das pro- do filtrado capsular são necessárias indivíduo doente recebeu. Ele é secre-
teínas do plasma (pressão oncótica). ao organismo e não podem ser per- tado ativamente na urina em formação.
PC = pressão hidrostática da cáp- didas com a urina (como água, sais,
sula de Bowman. substâncias alimentares etc.). Essas 2. O FATOR NATRIURÉTICO
substâncias são transportadas do in- ATRIAL (FNA)
❑ Reabsorção renal terior do túbulo para o interior dos ca- Adolpho de Bold descobriu um
O filtrado capsular formado na pilares peritubulares e contra um gra- hormônio denominado FNA. Trata-se
cápsula de Bowman flui ao longo do diente de concentração, isto é, de de um composto químico produzido
túbulo renal (túbulo contornado pro- uma região de menor concentração pelo átrio cardíaco. O FNA promove
ximal, alça de Henle e túbulo contor- (interior do túbulo) para uma de maior uma vasodilatação da arteríola afe-
nado distal) e atinge o ducto coletor. concentração (interior do capilar san- rente e uma vasoconstrição simultâ-
Nesse trajeto, a maior parte da água guíneo). Esse transporte, através das nea da arteríola eferente, aumentando
e das substâncias nela dissolvidas é células dos túbulos renais (reabsor- a pressão glomerular e o volume de
reabsorvida pelos capilares sanguí- ção), é feito por meio do mecanismo urina produzida e contribuindo para a
neos; o restante do filtrado irá cons- de transporte ativo. diminuição da pressão sanguínea.
tituir a urina. A reabsorção ativa dos solutos ci-
tados pelos túbulos proximais é acom- 3. CICLO DA ORNITINA
Nos dois rins do homem, são pro-
Os aminoácidos que não são uti-
duzidos por minuto cerca de 130 cm3 panhada de uma reabsorção pas-
siva do seu solvente – a água. Esse lizados na síntese proteica são trans-
de filtrado capsular; porém, esse fluido
mecanismo, denominado reabsor- formados, para fornecer parte da
modifica-se bastante à medida que flui
ção obrigatória, é decorrente da energia utilizada pelo organismo. Esse
ao longo dos túbulos renais até atingir o
necessidade de manter-se o equilíbrio processo envolve a perda do grupo
ureter. Já a produção de urina é de
NH2. Os grupos NH2 reagem formando
cerca de 1 cm3 por minuto; portanto, osmótico nessa região do néfron.
amônia. No fígado, a maior parte da
O mecanismo de reabsor-
amônia dá origem a um composto
ção ao longo da alça de Henle
menos tóxico, a ureia; desse modo, nos
acontece da seguinte maneira:
animais ureotélicos, a ureia é produzida
o ramo ascendente é imper-
principalmente no fígado, a partir dos
meável à água, porém reabsor-
resíduos metabólicos de amônia e de
ve sódio; dessa maneira, o fluido
carbono, de acordo com a seguinte
tubular torna-se menos concen-
reação:
trado ao chegar ao túbulo con-
tornado distal e ao ducto coletor. 2NH3 + CO2 → H2N — C — NH2 + H2O
A permeabilidade à água ||
O
das paredes do túbulo distal e
do ducto coletor é variável. As- A ureogênese dá-se da seguinte
sim, nessas porções, a reabsor- maneira: uma molécula de amônia e
ção da água é controlada pelo uma de CO2 combinam-se com a
O néfron (unidade funcional do rim). hormônio antidiurético (ADH). ornitina, originando outro aminoácido,
O ADH faz aumentar a per- a citrulina. Este aminoácido se com-
meabilidade da membrana, le- bina com uma molécula de ácido
vando a uma maior reabsorção aspártico (uma segunda molécula de
de água. Na ausência do ADH, amônia é consumida na produção do
a membrana torna-se imper- ácido aspártico), formando a arginina,
meável à água, que, então, é eli- que reage com água, dando ureia e
minada na urina. Essa absorção ornitina. Note que temos aqui um
de água controlada pelo ADH é mecanismo cíclico, que se denomina
denominada reabsorção fa- ciclo da ornitina.
cultativa, porque depende so-
mente das necessidades hídri-
cas do organismo e não tem
relação com a concentração
dos solutos do fluido tubular.

❑ Secreção tubular
Rim completo. Ao longo do néfron, subs-
270 –
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MÓDULO 13 O Sistema Muscular

1. GENERALIDADES mam, diminuindo a faixa H. Observan-


Os músculos apresentam as se- do a figura que se segue, notamos
guintes funções: que a banda A não altera suas dimen-
– sustentação; sões durante a contração e o rela-
xamento, enquanto a banda I diminui
– locomoção (movimentação);
de comprimento na contração e au-
– fornecimento de calor (homeo-
menta no relaxamento.
termos);
Como os únicos contatos observá-
– manutenção da forma;
veis entre os miofilamentos são as pon-
– pressão sanguínea (coração).
tes laterais, que partem dos miofila-
Na minhoca, a sustentação é
mentos de miosina, admite-se que tais
exercida especialmente pelos múscu-
pontes sejam as responsáveis pelo
los, pois ela não apresenta esqueleto. deslizamento, deslocando-se os fila-
A função de movimento deve mentos de actina em relação aos de
compreender não somente os movi- Estrutura do músculo
estriado cardíaco de mamífero. miosina.
mentos macroscópicos (visíveis facil-
mente), como também o movimento As miofibrilas, vistas ao microscó-
dos órgãos internos. pio eletrônico, aparecem constituídas
Podemos classificar os músculos por miofilamentos, com espessura
em três tipos: liso ou visceral, cardía- de 50 Å a 100 Å. Esses miofilamentos
co e estriado esquelético. interdigitam-se de tal modo que seu
O músculo é constituído de um arranjo determina as faixas A e I.
grande número de fibras ou células A banda A é composta de fila-
que possuem cerca de 100 μm de mentos grossos de uma proteína – a
diâmetro. A célula (esquema 2) apre- miosina, que se imbrica com fila-
mentos finos de outra proteína – a ac- A contração muscular.
senta-se com estriação transversal.
Observando-se uma célula isolada tina. A banda I contém somente fila-
mentos finos de actina. Os filamentos ❑ Dependência
(em 3), nota-se que há inúmeras fi- do Sistema Nervoso
brilas dispostas longitudinalmente no grossos de miosina mostram pontes
Os músculos estriados são esti-
seu interior – são denominadas miofi- laterais que se dirigem para os fila-
mulados para a contração por impulsos
brilas, com cerca de 1 μm de espes- mentos finos de actina.
nervosos. Dependem de impulsos
sura. Nos esquemas 4, 5 e 6, apare- 2. MECANISMO DA provenientes dos nervos medulares e
cem, em aumento crescente, porções CONTRAÇÃO MUSCULAR cerebrais para iniciar sua atividade.
de uma miofibrila. A miofibrila apre- Essa dependência é tão grande que,
senta estriações transversais e tais Segundo Huxley (Prêmio Nobel em quando há uma separação entre nervo
estrias seguem um padrão definido: o 1963), a contração muscular obedece e músculo, não há mais contração e os
trecho compreendido entre duas es- à teoria dos filamentos deslizantes. músculos se atrofiam.
trias Z denomina-se sarcômero De acordo com essa teoria, quan- O músculo estriado nunca está
(unidade estrutural e fisiológica da do ocorre a contração, os miofilamen- em repouso completo, mas levemente
contração); estria Z é uma região de tos de actina e miosina não se contraído, porque recebe constante-
condensação de proteína; a faixa mais encurtam nem se esticam; eles desli- mente impulsos nervosos da medula
clara, situada entre duas bandas A, zam uns sobre os outros, de maneira e do cérebro. Esse estado de contra-
chama-se banda I. que os filamentos de actina se aproxi- ção chama-se tônus.

Tipos de No. de núcleos Estrias Velocidade Comando


músculos por célula transversais (da contração) nervoso
Liso ou S. N. Autônomo
1 ausentes lenta
viceral (involuntário)

Estriado S. N. Autônomo
cardíaco 1 ou 2 presentes rápida (involuntário)

Estriado Cerebral
vários presentes rápida
esquelético (voluntário)

– 271
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Quando o impulso nervoso atinge obter a resposta deste chama-se es- Uma fibra muscular isolada, quan-
a junção neuromuscular, ocorre aí uma tímulo. do estimulada, obedece à “Lei do
série de fenômenos bioquímicos. Nem Em preparações neuromuscula- Tudo ou Nada”.
todas essas reações são completa- res, pode-se produzir a contração Se o estímulo for subliminar, a
mente conhecidas. O resultado final aplicando-se diversas classes dos fibra não responde, mas, se for limiar
do impulso nervoso é a contração das estímulos (mecânicos, químicos, elé- ou supraliminar, responde com intensi-
fibras musculares. A contração total tricos) ao músculo ou ao nervo (es- dade máxima.
do músculo esquelético é o resultado timulação direta ou indireta, respec- O músculo, bem como o nervo,
da contração maciça das fibrilas das tivamente). obedece à “Lei do Tudo ou Nada”.
células musculares.

3. EXCITABILIDADE
MUSCULAR
A contração pode ser provocada
artificialmente nos músculos in situ ou
recém-separados do organismo. O Observação da contração de
agente aplicado ao músculo para se um músculo na tela de um osciloscópio. Lei do Tudo ou Nada.
BIOLOGIA A

A figura acima mostra a estrutura da célula (fibra) muscular estriada esquelética,


desde o músculo visível a olho nu em 1 até o nível ultramicroscópico em 6.

272 –
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MÓDULO 14 O Neurônio

1. O NEURÔNIO 2. SINAPSE sa entrada de íons sódio com inver-


são do potencial: o interior do axônio
O sistema nervoso é constituído As células nervosas e seus pro- passa a ser positivo e o exterior nega-
por uma rede de unidades celulares longamentos fazem contatos umas tivo [potencial de ação (PA)].
denominadas neurônios (células ner- com as outras através de pontos de- Logo após a passagem da onda
vosas). Os neurônios mostram uma va- nominados sinapses. Na sinapse, o de despolarização (inversão de esta-
riedade de forma e tamanho, porém axônio terminal não está em contato do elétrico), o equilíbrio iônico se es-
possuem elementos comuns. Uma direto (continuidade) com a membra- tabelece e a fibra estará em condi-
célula nervosa típica tem três partes na das ramificações do neurônio se- ções de desenvolver um novo poten-
principais: dendritos, axônio (cilindro- guinte, mas existe aí uma fenda da cial de ação (influxo). Isto ocorre por
eixo ou fibra nervosa) e corpo celular. ordem de 200 Å de largura. A trans- mecanismo de transporte ativo de
Os dendritos e o axônio (este sem- ferência de um influxo nervoso atra- íons com consumo de energia (ATP).
pre único em cada célula) são prolon- vés dessa sinapse é feita por meios
gamentos do neurônio. Os dendritos químicos. Uma característica impor-
conduzem o influxo nervoso em dire- tante é que a transmissão do impulso
ção ao corpo celular. No axônio, pode na sinapse se processa somente no
haver, além de membrana celular, duas sentido axônio-dendrito e nunca no
outras bainhas: bainha de mielina (in- sentido inverso. Desse modo, a sinap-
terna) e bainha de Schwann (externa, se atua como uma válvula de sentido
celular). Essas bainhas são interrom- único.
pidas em intervalos regulares por es-
trangulamentos chamados nódulos de
Ranvier, que têm papel importante na
velocidade da condução nervosa.
Nervo é um grande número de
axônios, cada um originário de um neu-
rônio diferente. O nervo não contém
corpos celulares, pois estes estão lo-
calizados no encéfalo, na medula e
nos gânglios nervosos. A sinapse.

3. CONDUÇÃO DO IMPULSO

No neurônio, em razão da per-


meabilidade seletiva, há uma dife-
rente distribuição de íons através da
membrana, gerando um maior acú-
mulo de íons positivos fora da mem-
brana (do axônio) em relação a seu
interior. Essa distribuição diferencial
de íons cria uma diferença de po-
tencial que oscila ao redor de – 70 mV,
que é o potencial de repouso (PR).
Quando um impulso nervoso se
propaga pelo axônio, o que se obser-
va é uma onda de aumento de per- Condução do impulso
Esquema de um neurônio. meabilidade, provocando uma inten- nervoso ao longo do axônio.

– 273
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MÓDULO 15 O Ato Reflexo


1. ATO REFLEXO na medula em sua parte ventral (ante- que se propagará pelos neurônios
rior) e seus axônios partem pela raiz motores. Nos reflexos complexos po-
Os movimentos coordenados mais ante- rior e vão excitar os músculos da dem ocorrer vários neurônios de asso-
simples que você pode executar (pes- coxa, provocando o movimento da ciação.
tanejar, espirrar ou retirar bruscamen- perna; de- senvolve-se assim o reflexo – Via motora – neurônios mo-
te a mão de uma chapa aquecida) patelar. Os axônios dos neurônios as- tores, que conduzem a ordem de
parecem reações involuntárias auto- socia- tivos do arco reflexo também ação para a contração dos músculos
máticas que surgem rapidamente entram em sinapse com neurônios e saem da medula pela raiz ventral;
quando ocorrem certas modificações que transmitem o impulso nervoso ao chegam até o efetor.
no ambiente. Você retira a mão da encéfalo e, assim, tem-se consciência – Efetor – realiza a resposta fi-
chapa aquecida mesmo antes de do golpe sofrido no joelho. nal ao estímulo; esse reflexo patelar
perceber que se queimou. Um arco reflexo simples, como o está representado pelos músculos da
Essas reações involuntárias que descrito, envolve as seguintes estru- coxa.
envolvem impulsos nervosos são de- turas: Os reflexos podem ser medulares
nominadas de reflexos. Nos reflexos, – Receptor do estímulo – re- e encefálicos. Nos reflexos medulares,
a transferência de informações per- presentado por corpúsculos sensori- como o patelar, a integração da infor-
corre um caminho conhecido pelo no- ais do tendão e inervados por den- mação ocorre na medula e é sempre
me de arco reflexo. dritos dos neurônios sensitivos. automática e involuntária. Reflexos
Os fenômenos que se desenvol- – Via sensitiva – representada encefálicos são complexos, e a in-
vem nas vias nervosas desde o recep- pelos neurônios sensitivos que se diri- tegração ocorre em neurônios as-
tor, ao receber o estímulo, até o efetor, gem para a medula pela raiz dorsal. sociativos do encéfalo.
que dá a resposta final, denominam- – Neurônio associativo – si- Os efetores podem ser represen-
se atos reflexos. tuado na medula, transforma a infor- tados pelos músculos e por glându-
Quando é pequeno o número de mação sensorial em ordem de ação las.
neurônios envolvidos, tem-se um ato
reflexo simples e, ao contrário,
quando há um grande número de neu-
rônios envolvidos, chama-se ato re-
flexo complexo. Todas as estru-
turas envolvidas no ato reflexo rece-
bem, em conjunto, a denominação ar-
co reflexo.
Um arco reflexo simples, como o
reflexo patelar, ocorre da seguinte
maneira:
– O órgão receptor do estímulo é o
tendão do joelho. Um golpe desferido
excita as extremidades nervosas
(dendritos) dos neurônios, cujos
corpos celulares estão localizados no
gânglio raquidiano. Os axônios des-
ses neurônios penetram na parte dor-
sal da medula e fazem sinapse com
os dendritos dos neurônios asso-
ciativos, cujos axônios transmitem o
impulso nervoso para o terceiro grupo
de neurônios – os neurônios mo-
tores.
– Os corpos celulares desses
neurônios motores estão localizados
Ato reflexo patelar.
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2. DIVISÃO ANATÔMICA ❑ Sistema Nervoso Central A porção externa é constituída


E FISIOLÓGICA DO É constituído pelo encéfalo e pela por fibras mielinizadas que corres-
SISTEMA NERVOSO medula, que são protegidos por três pondem aos axônios dos neurônios
O sistema nervoso central com- camadas de tecido conjuntivo (me- da substância cinzenta, fibras amielí-
preende o encéfalo e a medula espi- ninges) e por ossos (crânio e coluna nicas e células de sustentação. A
nhal ou nervosa. vertebral). A meninge mais interna, grande quantidade de fibras com mi-
O sistema nervoso periférico com- que está em contato direto com o en- elina confere uma cor clara a esta
preende nervos cranianos (do encéfa- céfalo e a medula, é a pia-máter, a parte da medula, que, por isso, é cha-
lo), nervos raquidianos ou espinhais meninge média é a aracnoide e a mada substância branca.
(da medula), gânglios sensoriais e sim- mais externa é a dura-máter. A substância cinzenta, vista em
páticos. O espaço entre a pia-máter e a corte transversal da medula, toma a
Os neurônios (ou fibras) que con- aracnoide está preenchido pelo líqui- forma de letra H dentro da substância
duzem impulso ao sistema nervoso do cefalorraquidiano, ou liquor, cuja
branca.
central (encéfalo e/ou medula) são função é oferecer proteção ao tecido
denominados neurônios aferentes nervoso, atuando como amortecedor
ou sensitivos; aqueles que condu- ❑ Sistema
hidráulico contra choques e os movi-
zem do sistema nervoso central aos Nervoso Autônomo
mentos a que está sujeito. O líquido
efetores (músculos e glândulas) são É a parte do sistema nervoso res-
cefalorraquidiano preenche, também,
chamados neurônios eferentes ou os ventrículos cerebrais e o canal do ponsável pelas funções viscerais do
motores. epêndima. organismo. Trata-se de um sistema
Geralmente existem neurônios A medula é um órgão com forma essencialmente efetor, que regula e
associativos no sistema nervoso, co- cilíndrica e estende-se do bulbo até coordena, total ou parcialmente, a
nectando esses neurônios (aferentes as vértebras lombares. O tecido ner- pressão arterial, a temperatura do
e eferentes). voso da medula diferencia-se numa corpo, a contração da musculatura
Os corpos celulares dos neurô- porção interna, denominada substân- lisa das vísceras, os batimentos
nios eferentes estão localizados den- cia cinzenta, constituída por neurô- cardíacos e outras atividades invo-
tro da medula na sua porção ventral nios e fibras amielínicas e por células luntárias. De modo geral, o sistema
(ou anterior) e suas fibras constituem de sustentação (a neuróglia). autônomo garante o equilíbrio do
a raiz ventral ou anterior. Os neurônios meio interno, ou seja, a homeostase.
aferentes que penetram no encéfalo
A atividade autônoma (sistema
têm seus corpos celulares nos gân-
autônomo) é em maior parte controla-
glios, localizados próximos ao en-
da pelo sistema nervoso central, prin-
céfalo.
A atividade motora da musculatu- cipalmente pelo hipotálamo.
ra esquelética é controlada por fibras O sistema nervoso autônomo é
do sistema nervoso periférico por meio dividido em sistema simpático e sis-
de diferentes níveis do sistema nervo- tema parassimpático, que, de um mo-
so central, cerebral ou medular. A mus- do geral, têm ação antagônica sobre
culatura lisa e a cardíaca, assim como os órgãos que inervam, controlando-
as glândulas, recebem inervação do Microfotografia de um corte transversal de os, respectivamente, por meio de
sistema nervoso autônomo. medula nervosa. adrenalina e acetilcolina.

Sistema Nervoso Autônomo

Simpático Parassimpático

Fibra Pré-ganglionar Fibra Pós-ganglionar Fibra Pré-ganglionar Fibra Pós-ganglionar


Tamanho
curta longa longa curta

medula torácica gânglios laterais mesencéfalo, bulbo gânglios junto aos


Origem
e lombar e colaterais e medula sacral órgãos que inervam
Mediador acetilcolina *adrenalina acetilcolina acetilcolina
químico (colinérgicas) (adrenérgicas) (colinérgicas) (colinérgicas)
* As fibras que inervam os vasos sanguíneos dos músculos e as glândulas sudoríparas são colinérgicas.
Características gerais das fibras do sistema nervoso autônomo.
– 275
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MÓDULO 16 O Sistema Endócrino

1. FEEDBACK OU da tireoide. O aumento do nível da ❑ Localização


RETROALIMENTAÇÃO tiroxina inibe a adenoipófise na produ- A hipófise ou pituitária localiza-se
Os hormônios são secreções pro- ção da tirotrofina que, por sua vez, numa pequena cavidade do osso es-
duzidas pelas glândulas de secreção inibe a tireoide. fenoide (sela turca), na parte central
interna ou endócrina, que são lança- da base do crânio. Está ligada ao hi-
das na corrente sanguínea e influen- potálamo através de um pedúnculo
ciam especificamente na atividade de fino denominado trato hipofisário, ime-
determinadas células, órgãos ou sis- diatamente atrás do quiasma óptico.
temas.
A regulação endócrina se faz por
meio de um mecanismo denominado
retroalimentação ou feedback,
pelo qual o nível de um hormônio no
sangue determina a estimulação ou a
inibição da atividade de determinada
glândula. A adenoipófise, por exem-
plo, estimula o desenvolvimento e
funcionamento da tireoide, das glân-
dulas sexuais, do córtex da suprar- Feedback ou retroalimentação.
renal e, por sua vez, é regulada por
2. HIPÓFISE OU PITUITÁRIA
essas glândulas. Quando o nível do
hormônio da tireoide (tiroxina) está É uma glândula que no homem Representação esquemática das regiões
baixo, a adenoipófise secreta a tiro- tem forma ovoide. Apresenta diâme- da hipófise e de sua relação com o hipo-
trofina, que estimula o funcionamento tro aproximado de 1 cm. tálamo (tecido nervoso).

Ciclo menstrual – O esquema mostra as alterações sofridas na parede uterina durante um ciclo menstrual de 28 dias. Tais alterações
são devidas à influência hormonal: a partir do 4º dia do ciclo, estendendo-se até o 14°. dia, tem-se o crescimento do endométrio
(fase proliferativa), devido à ação, principalmente, dos estrógenos. No 14°. dia ocorre a ovulação, sob a influência do hormônio
luteinizante. Do 14°. ao 28°. dia, sob a ação de estrógeno e principalmente de progesterona, tem-se maior proliferação do endométrio,
com expulsão de restos celulares e sangue (menstruação), devido à queda da taxa de progesterona.
276 –
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❑ Hormônios da Neuroipófise células mioepiteliais responsáveis pe- • Hormônio Somatotrófico


São produzidos por neurônios de la ejeção do leite. O hormônio de crescimento ou so-
núcleos hipotalâmicos, descem com matotrófico é importante na indução e
fibras nervosas, através do trato hi- na regulação do crescimento dos
pofisário, para a neuroipófise, que é vertebrados.
apenas um reservatório de hormônios. A deficiência desse hormônio (hi-
possomatotrofismo) desde a infância
Esses hormônios são:
leva ao aparecimento do nanismo.
• Vasopressina
O excesso do hormônio de cres-
ou Hormônio
cimento induz ao gigantismo no ani-
Antidiurético (ADH)
mal em desenvolvimento ou à acro-
Aumenta a permeabilidade dos
megalia no adulto, com crescimen-
túbulos renais, fazendo com que ocor-
to exagerado dos ossos dos membros
ra maior reabsorção de água e, con-
e da face e aumento dos órgãos e
sequentemente, eliminação de menor
músculos.
volume de urina. Um aumento da con-
• Hormônio
centração dos fluidos corpóreos pro-
Tireotrófico (TSH)
voca a excitação de núcleos hipo- Localização das
glândulas endócrinas na mulher. A tireotrofina atua estimulando a ti-
talâmicos, que enviarão impulsos para
reoide na captação do iodo do plas-
a neuroipófise que, então, libera o hor-
❑ Hormônio da ma e na produção de seus hormônios
mônio antidiurético. Lesões no hipotá-
Hipófise Intermédia (tiroxina e tri-iodotironina), bem como
lamo ou destruição das fibras nervo-
Alguns peixes, anfíbios e répteis na sua liberação ao sangue.
sas que vão à neuroipófise levam ao
• Hormônio
aparecimento da diabetes insípi- apresentam o hormônio intermedina,
Adrenocorticotrófico
da, doença que surge em conse- que provoca a dispersão dos grânu-
(ACTH)
quência da falta do ADH e se carac- los de pigmento dos cromatóforos, O ACTH atua como estimulante
teriza por sede excessiva e intensa contribuindo para a proteção do ani- da secreção e liberação de glicocorti-
poliúria. mal contra predadores (mimetismo). coides pelo córtex da glândula su-
• Ocitocina prarrenal ou adrenal.
Tem dois efeitos fisiológicos: a ❑ Hormônios da Esse hormônio apresenta também
contração da parede do útero, espe- Hipófise Anterior efeitos diretos sobre a pigmentação
cialmente por ocasião do parto, e a A adenoipófise produz hormônio da pele e sobre tecidos periféricos
ejeção do leite pelas glândulas mamá- de crescimento, tireotrófico (TSH), com lipólise (digestão de gorduras).
rias. Ela age na contração dos mús- adrenocorticotrófico (ACTH) e gona- • Hormônios
culos lisos da parede do útero e dotróficos. Gonadotróficos
A hipófise produz três hormônios
que controlam a atividade das gôna-
das e órgãos sexuais. No caso da fê-
mea, intervém no ciclo, na menstrua-
ção, na ovulação, na gravidez e na
lactação. A hipofisectomia resulta na
atrofia desses órgãos, interrupção do
ciclo menstrual e impotência.

São os seguintes hormônios:


O aparelho reprodutor feminino. Folículo estimulante (FSH),
atua estimulando o desenvolvimento
do folículo, na mulher, e na esperma-
togênese, no homem.
Hormônio luteinizante (LH),
ou hormônio estimulante das células
intersticiais (ICSH), é responsável pe-
la formação do corpo lúteo na mulher.
O ICSH estimula a atividade das cé-
lulas de Leydig que produzem a tes-
tosterona no homem.
Luteotrofina ou prolactina
(LTH), mantém o corpo amarelo e es-
Estágios diferentes de desenvolvimento do folículo de Graaf no ovário. timula a contínua produção de seus
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hormônios; tem ação no desenvolvi- As gonadotrofinas coriônicas têm ção do embrião). Esse hormônio dimi-
mento das mamas e interfere na pro- função semelhante ao ICSH (hormô- nui as contrações uterinas, impedin-
dução do leite. nio estimulante das células interstici- do a expulsão do embrião, e aumenta
ais, produzido pela adenoipófise). a secreção das tubas uterinas na pro-
3. GLÂNDULAS SEXUAIS A partir da puberdade, a hipófise dução de material nutritivo para o em-
O testículo e o ovário são, respec- anterior (adenoipófise) passa a produ- brião.
tivamente, glândulas sexuais mascu- zir maiores quantidades de hormônios Além disso, a progesterona esti-
lina e feminina. As glândulas sexuais gonadotróficos, como o FSH (hormô- mula o desenvolvimento das glându-
produzem gametas (espermatozoides nio folículo estimulante), que estimula las mamárias e inibe a produção do
e óvulos) e hormônios sexuais. a espermatogênese e o desenvolvi- FSH pela adenoipófise, que impede o
mento dos tubos seminíferos, e tam- desenvolvimento do novo folículo du-
bém o ICSH (hormônio estimulante rante a gestação.
das células intersticiais), que promove
a maturação dos caracteres sexuais ❑ Andrógenos
masculinos. Os andrógenos são esteroides.
Esses andrógenos (especialmen- Têm ação masculinizante e são pro-
te a testosterona) influenciam a matu- duzidos, normalmente, em pequenas
ração dos espermatozoides. quantidades pelo ovário e pela su-
prarrenal.
4. HORMÔNIOS
SEXUAIS FEMININOS ❑ Gonadotrofinas Coriônicas
Destacaremos estrógenos, pro- A gonadotrofina coriônica, produ-
gesterona, andrógenos e gonadotro- zida pela placenta, é uma glicopro-
finas coriônicas. teína (proteína associada a açúcar).
A gonadotrofina coriônica impede
❑ Estrógenos a involução normal do corpo amarelo
Representação esquemática do Os estrógenos são hormônios es- (lúteo) que, portanto, permanece se-
aparelho reprodutor masculino. teroides. São secretados constante- cretando seus hormônios durante a
mente, e seu nível apresenta variação gravidez.
O testículo apresenta células in-
tersticiais de Leydig (tecido localiza- nas diferentes fases da vida.
Durante a fase embrionária, têm 5. DESENVOLVIMENTO DO
do entre os tubos seminíferos) que já FOLÍCULO DE GRAAF
iniciam a secreção de testosterona ação principalmente no desenvolvi-
mento do útero e da vagina; do nasci- Após a puberdade, os ovários de
(hormônio) durante a vida embrioná- uma mulher apresentam diversos folí-
ria, sob a estimulação de gonadotrofi- mento até a puberdade, a sua secre-
ção é pequena; porém, a partir da pu- culos de Graaf em diferentes estágios
nas coriônicas (produzidas pela de desenvolvimento.
placenta). berdade, nota-se um acentuado au-
mento na sua secreção devido à es- Sob a estimulação do hormônio
timulação por hormônios da hipófise. folículo estimulante (FSH), inicia-se o
Agem, principalmente, no desen- crescimento dos ovários e principal-
volvimento dos órgãos sexuais e tam- mente dos folículos. Em cada ciclo
bém dos caracteres sexuais secun- menstrual apenas um folículo amadu-
dários. rece, processo que se inicia pelo de-
Estimulam o desenvolvimento das senvolvimento do óvulo imaturo (ovó-
tubas uterinas, útero, vagina, genitá- cito).
lia externa e mamas. Na fase pré-ovu- O folículo produz estrógenos, que
latória do ciclo menstrual, os estró- inibem a produção de FSH (hormônio
genos produzidos pelas células foli- folículo estimulante) e estimulam a se-
culares estimulam a proliferação do creção do LH (hormônio luteinizante),
endométrio e das glândulas que aí se o qual, por sua vez, acelera a matura-
localizam, cuja função é colaborar na ção final do folículo e o seu rompimen-
nutrição do futuro embrião. to com a expulsão do óvulo para a
cavidade abdominal (ovulação). As
❑ Progesterona células que restaram dos folículos
A progesterona é um esteroide passam a apresentar uma granulação
que prepara o organismo feminino de luteína (lípide de cor amarela),
para a gestação. Forma o endométrio constituindo a partir de então o corpo
Representação esquemática (mucosa uterina) para a fixação do lúteo ou corpo amarelo.
do testículo e do epidídimo do embrião, participando da origem da A transformação de folículo em cor-
aparelho reprodutor masculino. placenta (que é importante na nutri- po amarelo deve-se à ação do hormô-
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nio luteinizante (LH). O corpo amarelo A primeira fase do ciclo menstrual rede uterina são determinadas pelo es-
tem função endócrina, secretando prin- é a proliferativa (maturação do folí- trógeno e, principalmente, pela proges-
cipalmente progesterona e estrógeno, culo) e antecede à ovulação. terona, secretados em grande quanti-
hormônios que tornam o organismo fe- A segunda fase é secretora (for- dade pelo corpo amarelo.
minino apto para a gestação e cola- mação do corpo lúteo) e é posterior à Se não houver fecundação, ocor-
boram na manutenção e nutrição do ovulação. rerá involução do corpo amarelo e,
embrião. A manutenção do corpo ama- Ao mesmo tempo em que as mo- consequentemente, haverá uma que-
relo e a estimulação para produção dificações cíclicas ocorrem no ovário, da no nível de estrógeno e progeste-
dos seus hormônios são controladas o endométrio uterino também sofre al- rona. A queda na taxa desses hor-
pelo hormônio luteotrófico (LTH), pro- terações cíclicas, cujo fato culminan- mônios provoca a descamação da
duzido pela adenoipófise. te é a menstruação (descamação do mucosa uterina, sendo os restos de
Se não ocorrer fecundação do óvu- endométrio). A fase proliferativa vai do tecido e o sangue resultante dos va-
lo, o corpo amarelo regride e desapa- fim da menstruação até a ovulação. sos rompidos eliminados para a luz
rece antes da ovulação seguinte, dei- As células da parede uterina prolife- do útero, vagina e daí para o meio ex-
xando apenas uma cicatriz esbranqui- ram intensamente, ocorrendo um cres- terior; é a menstruação. A mucosa
çada no ovário, denominada corpo cimento progressivo das glânduIas e uterina torna-se então fina e pouco
amarelo atrésico ou corpo albicante. vasos sanguíneos, determinando um vascularizada e repetirá o seu desen-
No caso de o óvulo ser fecundado, o crescimento final, em espessura, do volvimento na fase proliferativa do ci-
corpo amarelo persiste durante cerca endométrio. Esse processo se dá pela clo seguinte.
de cinco meses e depois regride. estimulação do estrógeno produzido O período de vida (viabilidade) do
pelo folículo em desenvolvimento. óvulo, após a ovulação, é de 24 a 48
❑ A Menstruação A fase secretória estende-se des- horas, enquanto o espermatozoide
O ciclo menstrual apresenta uma de a ovulação até a menstruação se- pode permanecer vivo no organismo
duração média de 28 dias. A ovula- guinte. Continua ocorrendo a prolife- feminino até 72 horas.
ção ocorre no meio do ciclo (14°. dia), ração do endométrio e sua espessura O período fértil da mulher ocorre,
dividindo-o em duas partes. duplica. As alterações ocorridas na pa- portanto, no meio do ciclo menstrual.

MÓDULO 17 Os Métodos Anticoncepcionais

1. ANTICONCEPCIONAIS

São métodos, permanentes ou


temporários, utilizados para impedir
ou intervir no processo da concepção.
Para que a gravidez se concre-
tize, é necessário que se completem
as seguintes fases:
– Ovulação, processo que ocor-re
em torno do 14º dia após o início da
menstruação. Durante essa fase, há
uma pequena alteração na tempe-
ratura do corpo da mulher.
– Fecundação, processo da união
do óvulo com o espermatozoide.
– Nidação, processo de implanta-
ção do blastocisto na parede do útero.
Os anticoncepcionais interrom-
pem a ocorrência dessas fases, evi-
tando a concepção.
Há métodos temporários, co-
mo: pílula, espermicida, diafragma e Há também os métodos naturais, como: curva térmica, tabelinha, ca-
DIU. misa-de-vênus ou camisinha, Método de Billings e coito interrompido.
A vasectomia no homem e a liga-
dura tubária ou laqueadura na mulher ❑ A pílula combinada
são métodos cirúrgicos e per ma- É uma associação de hormônios sintéticos (ex.: etinilestradiol e norgestrel)
nentes. semelhantes aos naturais (estrógenos e progesterona).

– 279
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❑ Dispositivo intrauterino também, uma ação espermaticida e


É um pequeno objeto, em forma diminui a mobilidade dos gametas
de Y, T ou 7, e confeccionado em masculinos.
cobre, que o médico introduz no
interior da cavidade uterina, durante ❑ A vasectomia
o período menstrual (o colo uterino É um método anticoncepcional
encontra-se entreaberto). O DIU cirúrgico, permanente, de fácil reali-
A pílula anticoncepcional inibe o provoca uma modificação química no zação, em que o médico faz uma pe-
hormônio GnRH secretado pelo hipo- endométrio, dificultando a nidação quena incisão em ambos os lados do
tálamo. Esse hormônio hipotalâmico (implantação do embrião). saco escrotal, seccionando os canais
promove a liberação das gonadotro- deferentes. Isso impede que os es-
finas hipofisárias (FSH e LH). permatozoides produzidos nos testí-
A pílula atua, portanto, por meio culos juntem-se ao material ejaculado.
de feedback negativo (retroalimen- Não havendo espermatozoides, não
tação negativa), impedindo o ama- ocorrerá fecundação. O indivíduo eja-
durecimento e a eliminação do óvulo. cula esperma (líquido nutritivo), sem
Ela é anovulatória. espermatozoides.
Há também a minipílula, em car-
telas de 28 comprimidos e de uso
contínuo. Ela é constituída, basica-
mente, de progesterona sintética e Para os cientistas, o DIU também
estimula o aumento de secreção do estimula o aumento da secreção do
muco cervical, servindo de barreira à muco cervical, dificultando a ascen-
passagem dos espermatozoides. são do espermatozoide. O cobre tem,

❑ Espermicidas Gestações em 100


Riscos de Gravidez
São produtos em forma de creme, mulheres em 1 ano
espumas, esponjas ou geleias que a
0,1% a 0,3%
mulher introduz no fundo da vagina, Pílula
antes do ato sexual. Eles destroem os
espermatozoides antes que atinjam
os óvulos, impedindo a fecundação. Espermicidas 6% a 15%

Diafragma 2,4% a 13%

DIU 0,5% a 5%

Vasectomia 0,15%

Ligadura tubária 0,01%

❑ O diafragma 25% a 40%


É um dispositivo em forma de Tabelinha, curva térmica, método de Billings
capuz, fabricado em látex (borracha)
flexível. Deve ser colocado no fundo
da vagina. Ele veda a passagem dos Camisinha 4% a 15%
espermatozoides para o útero, evi-
tando a fecundação.
Coito interrompido
15% a 23%

Minipílula 2,5%

Nenhum cuidado 80%

280 –
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❑ Ligadura tubária O período fértil, em mulheres de – Deixe um espa-


ou laqueadura ciclos regulares de 28 dias, pode ser ço vazio na pon-
É também um método anticon- detectado com o auxílio de uma ta da camisinha
cepcional cirúrgico, realizado pela tabela. Ela se baseia na ovulação, para servir co-
oclusão das trompas. A esterilização que ocorre 14 dias após o início da mo depósito do
é concretizada porque o óvulo libera- menstruação. esperma.
do é absorvido pelo próprio organis- Esse período vai de cinco dias – Aperte o bico da
mo, ficando impedido de migrar pelas antes da ovulação até cinco dias após camisinha até
trompas para ser fecundado pelos essa data. sair todo o ar,
espermatozoides. Constitui uma bar- tomando cuida-
reira mecânica para a passagem do do para não a
óvulo. romper.
– Encaixe a cami-
sinha na ponta
do pênis e vá
desenrolando-a.

– Se a camisinha se romper durante


o ato sexual, retire o pênis imedia-
❑ Camisa-de-vênus
tamente e coloque uma nova.
❑ Curva térmica ou condom
– Após a ejaculação, retire o pênis
É baseada no aumento da tempe- É considerado um método de com cuidado, para evitar que o
ratura corpórea que ocorre durante o barreira. Ela é fabricada em látex e esperma escape, comprimindo a
período de ovulação. O casal deve colocada à disposição no mercado, camisinha na sua base.
praticar abstinência sexual desde o em texturas e até mesmo cores dife- – Retirada a camisinha, embrulhe-a
momento em que é observada a rentes, contendo ou não substâncias em papel higiênico e jogue no
elevação da temperatura corpórea da lubrificantes para facilitar a pene- lixo.
mulher até que esta volte ao normal, tração. É “vestida” no pênis após a
❑ Método de Billings
em alguns dias. ereção e impede que os espermato-
Baseia-se na observação do au-
zoides atinjam a vagina, pois, com a
mento do muco cervical que ocorre
ejaculação, eles ficam presos dentro durante o período de ovulação. O
da camisinha. casal pratica a abstinência sexual
desde o momento em que a mulher
apresenta aumento da umidade va-
ginal até alguns dias após essa fase.
Quando o muco fica transparente
(lembrando a clara de um ovo cru), lu-
brificante e muito elástico, é indício de
que a mulher está no período fértil.
❑ A tabelinha Um dia ou dois após esse ápice do
Consiste na abstinência sexual muco, ocorrerá a ovulação (dia mais
Também é muito usada para a
durante o provável período fértil. Tam- fértil).
prevenção de doenças sexualmente
bém é denominado “método do ❑ Coito interrompido
transmissíveis, já que não há contato
ritmo”. É uma prática anticoncepcional
direto entre o pênis e a vagina. Sua
utilização deve ser seguida à risca, de muito usada pela população. Consis-
acordo com as instruções: te na retirada do
pênis da vagina
– Coloque sempre antes de o homem
a camisinha an- ejacular, ou seja,
tes do início do antes que solte o líquido seminal. É
ato sexual, com um método pouco seguro, pois,
o pênis ereto. mesmo antes da ejaculação, pode
haver a saída de espermatozoides.

– 281
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2. OBSERVAÇÕES GERAIS

– Injeções de hormônios em doses elevadas também podem ser utilizadas como anticoncepcionais.
– A pílula do dia seguinte (contracepção de emergência) é uma medicação à base de progestogênio le-
vonorgestrel. Ela provoca um retardo ou pausa na ovulação e bloqueia a migração espermática, devido a alterações
do muco cervical.
– A pílula RU-486 é um medicamento, à base de mifepristona, de efeito abortivo.
– O Cytotec, remédio utilizado contra úlceras gastroduodenais, tem também um efeito abortivo, podendo até colocar
em risco a vida da gestante.
Todo método anticoncepcional pode ocasionar efeitos indesejáveis à saúde do indivíduo e, portanto, só deve ser
utilizado com acompanhamento médico.

MÓDULO 18 Tireoide, Paratireoides, Pâncreas e Adrenais

1. TIREOIDE afetado apresenta pequena estatura nas mãos, nervosismo e outras pertur-
(devido a um desenvolvimento defi- bações psíquicas. Na maioria dos
É uma glândula endócrina que ciente do esqueleto), cabeça grande hipertireóidicos ocorre a protusão dos
pesa aproximadamente 30 gramas. A e pernas curtas, a dentição é irregular, globos oculares (exoftalmia).
tireoide localiza-se sobre os primeiros o desenvolvimento sexual é atrasado O bócio (papo) é um aumento de
anéis da traqueia. Apresenta dois lo- e há debilidade mental. volume da tireoide em decorrência de
bos (um de cada lado da laringe) cons- O hipotireoidismo no adulto hipo ou hiperfuncionamento da
tituídos por tecido glandular endócrino traz como efeitos fisiológicos mais evi- glândula. O bócio pode ser endêmico,
e ligados por um istmo. dentes: queda da frequência cardía- como resultado da falta de iodo em
A tireoide produz tiroxina (tetraio- ca, apatia, aumento de peso, engros- determinadas áreas geográficas. A
dotironina) e triiodotironina. samento e tumefação da pele (mixe- falta de iodo no organismo impede a
A tiroxina e a triiodotironina são dema). transformação da tiroglobulina em
liberadas na corrente sanguínea sob tiroxina. O baixo teor de tiroxina no
a estimulação de tirotrofina (TSH), hor- ❑ Hipertireoidismo sangue vai provocar a liberação cons-
mônio produzido pela adenoi-pófise e O indivíduo hipertireóidico apre- tante de tirotrofina pela hipófise
estimulante da tireoide. Esse hormônio senta: intolerância ao calor, metabo- (feedback). Essa estimulação prolon-
estimula a captação do iodo pelas lismo basal alto, aumento da frequên- gada da tireoide, por sua vez, leva à
células dos folículos (da tireoide) e cia cardíaca, perda de peso, tremor hiperplasia da glândula (bócio).
aumenta o tamanho e a atividade das
células secretoras.
Os hormônios da tireoide estimu-
lam as reações químicas (meta-
bolismo) da maioria dos tecidos do
organismo, pois aumentam a quanti-
dade de enzimas oxidativas.
A tireoide acelera o metabolismo
dos carboidratos, dos lípides e das
proteínas; tem função importante no
crescimento e desenvolvimento, in-
fluindo, inclusive, no ciclo menstrual e
na fertilidade.

❑ Hipotireoidismo
As suas manifestações variam
conforme a idade em que se inicia a
insuficiência da tireoide.
O hipotireoidismo congênito
traz o aparecimento de um quadro
clínico denominado cretinismo. O Tireoide e glândulas paratireoides. (Note a relação entre elas e a traqueia.)

282 –
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2. PARATIREOIDES tecidos nervoso e muscular, causada 3. PÂNCREAS


As paratireoides apresentam-se pela insuficiência dos íons de cálcio O pâncreas é uma glândula an-
no homem como dois pares de glân- no sangue. fícrina, ou seja, apresenta uma parte
dulas ovoides que pesam cerca de endócrina (Ilhotas de Langerhans)
que produz insulina e glucagon e uma
140 mg. Estão localizadas na face ❑ Hiperparatireoidismo
posterior da tireoide. parte exócrina que produz o suco
Nos pacientes com uma hiperfunção
A função dessas glândulas está pancreático.
da paratireoide ocorre uma alteração
intimamente relacionada com o meta- na relação cálcio/fósforo do sangue; o ❑ Insulina
bolismo do cálcio e do fósforo. De- nível do cálcio eleva-se muito e o nível É um hormônio que interfere no
sempenham um papel importante na do fósforo diminui. O excesso do hor- metabolismo dos açúcares (carboi-
manutenção do nível normal desses mônio determina uma grande mobili- dratos), controlando o nível de glico-
íons no plasma e no líquido intercelular. zação de cálcio dos ossos, levando se no sangue. Controla a produção de
O hormônio das paratireoides, o ao aparecimento de deformações ós- glicogênio pelo fígado e estimula o
paratormônio, mantém constante a seas e fraturas frequentes. Há elimi- consumo de glicose pelos tecidos,
relação entre cálcio e fósforo no plas- nação de cálcio e de fósforo pela urina, aumentando a permeabilidade, atra-
ma, aumenta a eliminação de cálcio e podendo haver formação de cálculos vés das membranas celulares, a esta
fósforo pela urina e mobiliza o cálcio renais devido a um depósito de cálcio. substância.
dos ossos; favorece também a ab- O hipoinsulinismo provoca uma
sorção de cálcio pelo intestino, porém, doença denominada Diabetes mellitus.
nesse caso, é indispensável a pre- Os sintomas mais característicos
sença da vitamina D. do quadro clínico são a hiperglicemia
e a hiperglicosúria (eliminação de ex-
❑ Hipoparatireoidismo cesso de glicose pela urina). A quan-
A falta ou insuficiência do parator- tidade de glicose sanguínea supera o
mônio reduz o cálcio sanguíneo de nível normal, quantidade essa que ul-
seu nível normal e determina um au- trapassa os limites da reabsorção re-
mento no nível do fósforo, enquanto a nal, portanto, o excesso é eliminado
excreção renal do cálcio e do fósforo na urina.
diminui. A queda acentuada no nível Gráfico mostrando o efeito da A deficiência na produção de in-
do cálcio sanguíneo leva ao apare- administração de paratormônio su lina pode depender de vários fato-
cimento da tetania muscular, devido sobre as concentrações de res, porém, geralmente, é causada
a uma hiperexcitabilidade dos cálcio e fosfato no plasma sanguíneo. por fatores genéticos.
O hiperinsulinismo é uma doença
rara causada pela produção excessi-
va de insulina, geralmente resultante
de tumor nas Ilhotas de Langerhans.
Como consequência, advém a hipo-
glicemia. O excesso de insulina deter-
mina, pela hipoglicemia, o choque in-
sulínico que se caracteriza por grande
excitabilidade do sistema nervoso
central, podendo resultar em tremo-
res, intenso nervosismo e até alucina-
ções. Em casos mais extremos, pode
Adrenal ou glândula suprarrenal. (Observar a glândula em corte transversal à direita.) levar a convulsões, perda de cons-
ciência e mesmo ao estado de coma.
A insulina é secretada pelas célu-
las β das Ilhotas de Langerhans do
pâncreas.

❑ Glucagon
Tem uma ação antagônica à in-
sulina, fazendo aumentar a glicemia.
Estimula a glicogenólise no fígado e a
liberação de glicose no sangue. A sua
secreção é controlada pelo nível de
glicose sanguínea. A queda do nível
de glicose determina a liberação de
glucagon que, por sua atividade, res-
Corte do pâncreas destacando as células produtoras de hor mônios. tabelece a glicemia normal.
– 283
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O glucagon é secretado pelas trógenos e a progesterona. Os efeitos ral dos membros, hipertensão arterial,
células α das Ilhotas de Langerhans fisiológicos desses hormônios são diminuição da tolerância à glicose,
do pâncreas. mínimos, embora atuem juntamente debilidade e alterações cutâneas.
com os hormônios das gônadas no
4. ADRENAIS OU desenvolvimento dos caracteres se- • Síndrome androgenital
SUPRARRENAIS xuais secundários. A hiperatividade cortical com a
produção excessiva de hormônios
São glândulas que se localizam ❑ Anomalias do androgênicos leva a essa síndrome.
sobre o polo superior de cada rim. córtex da adrenal Se o hipercorticalismo surge na vida
A adrenal apresenta duas regiões • Hipoadrenalismo fetal, pode causar o pseudo-herma-
que diferem na origem, estrutura e Uma das manifestações do hipoa- froditismo feminino (meninas com cli-
fisiologia: o córtex e a medula. drenalismo é a Doença de Addi- tóris superdesenvolvido e vários sin-
A medula da suprarrenal apre- son, que se caracteriza por astenia, tomas de virilização). No menino pré-
senta os seguintes hormônios: perda de peso, vômitos, diarreias e púbere, ocorre desenvolvimento se-
– adrenalina; pigmentação excessiva da pele. xual precoce. Na mulher adulta, leva
– noradrenalina. ao aparecimento de pelos no rosto e
• Hiperadrenalismo no tronco, atrofia das mamas e mens-
❑ Córtex da adrenal A consequência é o aparecimento truação escassa ou ausente; a voz tor-
É a parte externa da glândula que da Doença de Cushing, que se na-se grossa e o aspecto corporal,
envolve a medula. Tem origem em- caracteriza pela obesidade do rosto e masculino. Esse quadro denomina-se
brionária mesodérmica. Os principais do tronco sem comprometimento ge- virilismo.
hormônios são: a aldosterona e o
cortisol. Merecem ser citados, ainda,
a corticosterona, os hormônios andro-
gênicos e estrogênicos.

• Aldosterona
É também denominada minera-
locorticoide. É responsável pela regu-
lação do metabolismo salino, cau-
sando aumento na reabsorção do só-
dio e excreção renal do potássio. Como
consequência secundária da reab-
sorção do sódio, a aldosterona deter-
mina uma reabsorção maior de cloro.
A corticosterona, em menor grau
que a aldosterona, aumenta a reab-
sorção de sódio pelos túbulos renais. Pâncreas e duodeno seccionados.
(d = duodeno; dpa = duto pancreático acessório; dpp = duto pancreático principal; cp
• Cortisol = cabeça do pâncreas; cop = corpo do pâncreas; cap = cauda do pâncreas).
É também chamado glicocor-
ticoide, por determinar aumento da
concentração de glicose no sangue.
Desempenha papel importante no me-
tabolismo das proteínas e das gor-
duras, levando à síntese de glicose a
partir dessas substâncias, o que se
denomina neoglicogênese. A corti-
costerona também tem pequena fun-
ção glicocorticoide.
O cortisol causa também menos
consumo de glicose pelos tecidos e
aumenta a resistência à insulina.
• Hormônios
corticossexuais
Normalmente, há uma contínua Curva de glicemia após a ingestão de 50 gramas de glicose. No indivíduo normal, o
secreção de hormônios corticosse- nível de glicose no sangue sofre um aumento e, após 3 horas, volta ao normal; no
xuais pelo córtex da suprarrenal nos diabético, no qual não ocorre aumento da secreção de insulina após ingestão de glico-
indivíduos de ambos os sexos, os es- se, a glicemia abaixa muito vagarosamente após 3 ou 4 horas da ingestão de glicose.
284 –
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FRENTE 4 Biologia Vegetal

MÓDULO 11 A Química da Fotossíntese

1. DEFINIÇÃO O ATP é uma substância de alto no (CO2).


conteúdo em energia. A energia fica c) Fixação do CO2.
É o processo de conversão de acumulada nas ligações fosfatos (P). d) Redução do CO2 e a conse-
energia luminosa em energia química, Este composto é formado por uma quente formação do carboidra-
no qual o vegetal sintetiza substân- base nitrogenada chamada adenina, to ou açúcar que pode ser
cias orgânicas a partir de água, um açúcar chamado ribose (pentose) representado pela fórmula mí-
dióxido de carbono e luz. nima (CH2O).
e três grupos fosfatos (PO4)–3.
A redução do CO2 pode-se ex-
Quando o ATP, por hidrólise,
pressar pela seguinte reação:
2. EQUAÇÃO transforma-se em ADP e fosfato,
libera muita energia, utilizada pelo CO2 + 2NADPH2 ⎯→ (CH2O) + H2O + 2NADP
O fenômeno da fotossíntese pode cloroplasto na síntese dos compostos ATP ⎯⎯→ ADP + P
ser expresso pela seguinte equação: orgânicos. Nesta fase o desdobramento do
luz Assim, na fotossíntese, ocorre a ATP em ADP + P fornece a energia
12H2O + 6CO2 –––––– C6H12O6 + 6H2O + 6O2
clorofila síntese de ATP a partir de ADP e fos- utilizada para a síntese do açúcar.
fato. Este processo absorve a energia
Melvin Calvin e seus colaborado-
3. FASES DA FOTOSSÍNTESE luminosa captada pelas moléculas de
res forneceram CO2 com carbono 14
clorofila.
(carbono radioativo) a uma suspensão
O órgão da planta adaptado para O processo chama-se fotofos-
de algas verdes do gênero chlorella e
a fotossíntese é a folha. As células forilação e a reação pode ser assim
representada: conseguiram determinar o caminho do
dos parênquimas clorofilianos são ri-
luz carbono do CO2 na fotossíntese.
cas em cloroplastos e, no interior des- ADP + P ⎯⎯⎯⎯⎯→ ATP
tas estruturas, ocorre a transformação clorofila 4. EQUAÇÕES DA
de energia luminosa em energia Reações da fase luminosa FOTOSSÍNTESE
química. luz
ADP + P ⎯⎯⎯⎯⎯→ ATP
Atualmente, a fotossíntese é divi- ❑ Fase luminosa
clorofila
dida em duas etapas:
luz
– luminosa ou fotoquímica 4H2O + 2NADP ⎯⎯→ 2NADPH2 + 2H2O + O2 luz
4H2O + 2NADP ⎯⎯→ 2NADPH2 + 2H2O + O2
(ocorre nos grana do cloroplasto). clorofila
clorofila
– química, escura ou enzi-
mática (ocorre na matriz ou estroma Produtos da fase luminosa luz
do cloroplasto). ATP = Substância energética. ADP + P ⎯⎯⎯→ ATP
clorofila
A etapa luminosa ou fotoquí- NADPH2 = Substância energé-
mica caracteriza-se por tica e agente redutor. ❑ Fase escura
a) Absorção de luz pelos pigmen- O2 = liberado para a atmosfera.
CO2 + 2NADPH2 ⎯→ (CH2O) + H2O + 2NADP
tos do cloroplasto, especial- Utilizando-se de água na qual
o oxigênio é O18 em lugar de O16, foi ATP ⎯⎯⎯→ ADP + P
mente as clorofilas.
possível demonstrar que o oxigênio li-
b) Transformação de energia lu- Somando-se as reações apresen-
berado na fotossíntese provém da
minosa em energia química, tadas e fazendo-se as devidas simpli-
água e não do CO2.
que leva à formação de dois ficações, chega-se a uma equação
A etapa escura, química ou
compostos energéticos: simplificada da fotossíntese:
enzimática caracteriza-se por
ATP (Adenosina Trifosfato) e a) Utilização dos produtos da fa-
NADPH2 (Nicotinamida Ade- luz
se luminosa (ATP e NADPH2). 2H2O + CO2 ⎯⎯⎯→ (CH2O) + H2O + O2
nina Dinucleotídeo Fosfato re- b) Absorção do dióxido de carbo- clorofila
duzido)
– 285
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MÓDULO 12 Fatores que Influem na Fotossíntese: CO2 e Temperatura


1. FATOR LIMITANTE 2. DIÓXIDO DE A utilização de combustíveis fós-
A fotossíntese é influenciada por CARBONO (CO2) seis (petróleo e carvão) e as quei-
fatores internos (grau de abertura dos A atmosfera normalmente possui madas de matas tendem a provocar
estômatos, quantidade de clorofila 0,03% de CO2 (300 partes por milhão). um aumento na taxa de CO2 na
etc.) e por fatores externos, como luz, Parte deste CO2 penetra na folha atmosfera, acarretando o chamado
concentração de CO2, temperatura. É através dos estômatos e entra em con- “efeito estufa”.
claro que a eficiência desse processo tato com a parede que está hidratada.
vai depender de todos esses fatores, A entrada do CO2 pelos estômatos 3. A TEMPERATURA
que agem separadamente um do outro. ocorre por simples difusão, obede- E A FOTOSSÍNTESE
cendo ao gradiente de concentração. Nas reações fotoquímicas, prati-
Se vamos analisar um dos fatores
(De alta para baixa concentração.) Os camente a temperatura não tem
que agem no processo, por exemplo a
cloroplastos utilizando o CO2 na fotos- nenhum efeito. Mas, como já vimos, a
intensidade luminosa, variamos esse
síntese, criam uma baixa concen- fotossíntese tem uma etapa química
fator e mantemos os demais constan-
tração de CO2 no interior da folha, que é catalisada por enzimas. Aí, a
tes. Mas não podemos esquecer que
facilitando a entrada deste gás. temperatura tem grande influência. De
também estes estão atuando no pro-
Ao entrar em contato com a pa- um modo geral, de O°C até cerca de
cesso. Com base neste pressuposto, 40°C, as reações enzimáticas dobram
rede celular hidratada o CO2 dissolve-
Blackmann, em 1905, emitiu o princí- – de velocidade a cada aumento de
se na água e forma íons HCO 3 (CO2 +
pio do fator limitante, segundo o qual: → H CO → H+ + HCO– ). Os 10°C na temperatura.
+ H 2O ← 2 3← 3
“Quando um processo é in- íons HCO–3 chegam ao cloroplasto por
fluenciado por diversos fato- Observe o gráfico abaixo:
gradiente de concentração.
res que agem isoladamente, a
velocidade do processo fica Isto significa que a velocidade
limitada pelo fator que está com que o CO2 se difunde para o in-
em menor intensidade.” terior da folha depende fundamen-
talmente da concentração de CO2 no
Tal princípio está ilustrado no grá- ar. Um aumento na taxa de CO2 no ar
fico a seguir, que mostra o efeito da provoca um aumento na velocidade
concentração de CO2 na fotossíntese de difusão do gás. Assim, uma das
de uma planta, em três diferentes lu- técnicas para aumentar a produtivi-
minosidades. dade das plantas é o enriquecimento
do ar de estufas com CO2 durante o
dia. O processo é chamado adubação
por CO2.
O cultivo de tomates, pepinos,
verduras e tabaco, em ar contendo Influência da temperatura na fotossíntese.
0,1% de CO2 provocou uma duplica- O gráfico mostra que, com baixa
ção na velocidade de crescimento intensidade luminosa, a temperatura
daqueles vegetais. praticamente não influi no processo,
O gráfico seguinte mostra a in- pois a luz é fator limitante. Já com alta
fluência da concentração de CO2 na intensidade luminosa, o aumento da
Neste gráfico pode-se observar velocidade de fotossíntese de uma temperatura intensifica o processo de
que em A (concentração zero de CO2) planta terrestre. fotossíntese, como em qualquer rea-
não há fotossíntese. À medida que se ção enzimática.
aumenta a concentração de CO2, a Em plantas aquáticas e subtro-
velocidade de fotossíntese também picais, a fotossíntese cessa à tem-
aumenta até 5cc de CO2 por hora. peratura de alguns graus acima de
Nesta porção AB da curva, a con- zero. Já nas zonas temperadas, só
centração de CO2 é fator limitante. En- paralisa quando a temperatura cai a,
tretanto, na porção BC, a luz passa a 0°C, ou a temperaturas abaixo de
ser o fator limitante. Agora, para um zero.
aumento de concentração de CO2 De um modo geral, a temperatura
(BD), deve-se aumentar a intensidade ótima está entre 30 e 38°C.
luminosa, a qual passa a ser limitante Em tempetaturas elevadas (57°C),
na porção DE e assim sucessiva- a fotossíntese cessa (destruição das
mente. enzimas).
286 –
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MÓDULO 13 Fatores que Influem na Fotossíntese: Luz e Ponto de Compensação Luminoso (PCL)

A luz é uma pequena parte da ta, devemos estabelecer uma compa- e todo o CO2 produzido na respiração
energia radiante que chega à Terra. É ração entre a fotossíntese e sua res- será utilizado na fotossíntese.
a parte visível do espectro eletromag- piração em função da variação de Conclui-se que os dois fenô-
nético, que vai desde as ondas de intensidade luminosa. menos se neutralizam no cha-
rádio até os raios X e raios gama. A mado ponto de compensação
luminoso.
faixa de luz visível (espectro lumino- ❑ Definição
No entanto, quando a planta rece-
so) é de interesse especial para a fo- Ponto de compensação é uma in-
be luz acima do ponto de compensa-
tossíntese. Compreende luz de dife- tensidade luminosa, na qual a razão
ção fótico, a taxa de fotossíntese é
rentes cores: violeta, azul, verde, ama- de fotossíntese é igual à razão de
maior que a taxa de respiração, sendo
relo, alaranjado e vermelho. respiração.
Verificando-se o espectro de ab- a produção de glicose e oxigênio
Observe as reações de fotossín-
sorção da clorofila em álcool metílico, maior do que o seu consumo e, em
tese e de respiração, e note que são
observou-se que o máximo de absor- consequência, ocorre o crescimento
fenômenos opostos.
ção ocorre nas radiações azul e ver- da planta.
fotossíntese
melha e que a mínima absorção ⎯⎯→ C H O + 6H O + 6O
12H2O + 6CO2 ←⎯⎯ O ponto de compensação varia
6 12 6 2 2
ocorre nas radiações verde e amarela respiração de espécie para espécie, mas, de um
(Fig. 1). modo geral, as plantas são classifica-
Quando uma planta recebe luz no
seu ponto de compensação fótico, das em plantas de sombra (umbró-
❑ Ponto de compensação toda a glicose produzida na fotossín- fitas), quando possuem ponto de
luminoso (fótico) tese será consumida na respiração; compensação baixo, e de sol (helió-
Na determinação do ponto de assim como todo o O2 produzido na fitas), quando possuem ponto de
compensação luminoso de uma plan- fotossíntese será gasto na respiração compensação alto.

Fig. 1 – Espectro de absorção das clorofilas a e b.

– 287
C2_3oA_Biol_Teoria_Conv_Tony 22/10/10 09:06 Página 288

MÓDULO 14 Mitocôndria e Respiração Aeróbia

1. INTRODUÇÃO Esta organela é constituída por série de degradações que leva à for-
uma membrana externa e outra mação de duas moléculas de ácido
Por meio da fotossíntese, que ocor- interna, ambas de constituição lipo- pirúvico. Durante a glicólise, ocorre
re no cloroplasto, as plantas sinte- proteica. A membrana interna cresce descarboxilação (saída de CO2) e de-
tizam compostos orgânicos, os para o interior da mitocôndria, for- sidrogenação (saída de hidrogênio).
quais armazenam energia. Esta ener- mando as cristas mitocondriais. Ainda nessa fase, há liberação de
gia pode ser liberada para a célula O interior da mitocôndria é ocu- energia. Grande parte dessa energia
utilizá-la em suas atividades bioló- pado por um coloide chamado ma-
gicas. O processo pelo qual as cé- é utilizada na síntese de ATP a partir
triz (estroma) mitocondrial.
lulas retiram a energia acumulada nos de ADP e fosfato (P ou Pi), fenômeno
A matriz é formada principal-
compostos orgânicos é a respira- denominado fosforilação oxida-
mente de proteínas e lipídios, e nela
ção celular. tiva.
estão os mitorribossomos. Na ma-
Os compostos energéticos utiliza- triz, encontram-se os finos cordões de
dos pela célula podem ser proteínas, Reações da Glicólise
DNA, o DNA mitocondrial.
lipídios e carboidratos. De todos os desidrogenase
A presença de DNA e ribos-
compostos, a substância mais utiliza- somos permite às mitocôndrias a C6H12O6 ⎯⎯⎯⎯→ 2CH3 – CO – COOH +
da pela célula é a glicose. Quando síntese de RNA e de proteínas.
existe uma quantidade suficiente de As mitocôndrias originam-se por + 4H+ + 4e– + Energia
glicose, muito raramente a célula utili- divisão de outras preexistentes.
za outra substância para a respiração.
A respiração celular é dividida em 3. FASES DA Fosforilação oxidativa
dois tipos: RESPIRAÇÃO AERÓBIA
• aeróbia; ADP + P + Energia → ATP
• anaeróbia (fermentação). A degradação dos compostos
orgânicos para a liberação de energia
2. RESPIRAÇÃO AERÓBIA ocorre em três fases: O ATP é uma substância que ar-
• Glicólise: acontece na matriz mazena grandes quantidades de
A respiração aeróbia depende energia.
citoplasmática (hialoplasma).
fundamentalmente de um organoide A glicólise é um fenômeno que
• Ciclo de Krebs: ocorre na
citoplasmático denominado mito-
matriz da mitocôndria. ocorre tanto na respiração aeróbia
côndria.
• Cadeia respiratória: reali- quanto na anaeróbia.
O número de mitocôndrias numa
za-se na crista mitocondrial. O ácido pirúvico formado sofre
célula é muito variável, entre algumas
dezenas e várias centenas. De um descarboxilacão e transforma-se no
modo geral, as células mais ativas, ❑ Glicólise ou ácido acético (H3C – COOH), com-
como a nervosa e a muscular, apre- formação de piruvato posto orgânico de dois carbonos.
sentam maior número de mitocôndrias. Nesta fase, a glicose sofre uma
descarboxilase
Ácido ⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯→ Ácido + CO2
pirúvico acético
3-C 2-C

O ácido acético é transpor-


tado, por ação da coenzima A, para
o interior da mitocôndria, dando ori-
gem à acetilcoenzima A.
No interior da mitocôndria, o ra-
dical acetil (2-C) combina-se com
o ácido oxalacético (4-C), for-
mando o ácido cítrico (6-C). Inicia-
se o Ciclo de Krebs. A coenzima A
retorna ao hialoplasma para reagir
Estrutura de uma mitocôndria. com outro ácido acético.
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❑ Ciclo de Krebs
O ácido cítrico, formado na rea-
ção do radical acetil com o ácido
oxalacético, sofre desidrogenação e
descarboxilação, originando vários
compostos intermediários, e termina
por produzir um novo ácido oxalacé-
tico. Conclui-se que o acetil que pe- P
netrou na mitocôndria é totalmente
quebrado em CO2, íons H+ e elé-
trons, havendo liberação de energia
e síntese de ATP.
Os íons H+ reagem com um
composto chamado nicotinamida-
adenina-dinucleotídeo (NAD),
formando NAD . 2H+.
Os elétrons que resultam dos
íons H+, ricos em energia, serão
transportados ao longo de uma ca-
deia de substâncias localizadas nas
cristas da mitocôndria. É a cadeia tempo, os dois prótons do NAD . 2H+, formando-se assim uma molécula de
respiratória, onde serão sinteti- água (H2O). O NAD . 2H+ volta a ser NAD e novamente se torna capaz de
zados 32 ATPs. captar novos íons H+. Na passagem de elétrons, há liberação de energia que
será utilizada na síntese de ATP (fosforilação oxidativa).
❑ Cadeia respiratória
Nas cristas mitocondriais, existem 4. RENDIMENTO ENERGÉTICO DA RESPIRAÇÃO
substâncias aceptoras de elétrons, Glicólise ⎯⎯⎯→ 2 ATP
entre elas o FAD (flavina – adenina – Ciclo de Krebs ⎯⎯⎯→ 2 ATP
dinucleotídeo) e os citocromos b, c, Cadeia Respiratória ⎯→ 32 ATP
–––––––
a, a3, proteínas que contêm ferro. Total 36 ATP
Todas essas substâncias transportam
elétrons, levando-os ao aceptor final,
5. EQUAÇÃO GERAL DA RESPIRAÇÃO AERÓBIA
que é o oxigênio. Cada oxigênio
C6H12O6 + 6H2O + 6O2 → 6 CO2 + 12H2O + 36 ATP
recebe dois elétrons e, ao mesmo

2H+

NADH2 → FAD → Citoc. b → Citoc. c → Citoc. a → Citoc. a3 → 2H+


2e– 2e– 2e– 2e– 2e– 2e–
H2+ 1/2 O2

ATP ATP ATP H 2O

Cadeia respiratória.

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MÓDULO 15 Fermentação: Alcoólica e Lática

1. INTRODUÇÃO A reação abaixo mostra o que ocorre na fermentação alcoólica (etílica)

A respiração anaeróbia, também O OH


|| |
denominada fermentação, é o fenô- C — OH CH2
meno de obtenção de energia a partir C6H12O6 Glicólise 2 | + 4H+ + 4e– → | + 2 CO2
C= O CH3
dos compostos orgânicos, na ausên- |
C — H3 Álcool
cia de oxigênio. A fermentação é rea- etílico
Ácido pirúvico (Etanol)
lizada principalmente por fungos e bac-
térias, mas pode ocorrer até no homem.
A reação abaixo mostra como se dá a fermentação lática.
2. FERMENTAÇÃO
ALCOÓLICA O O
|| ||
C — OH C — OH
Glicólise
A fermentação é muito semelhan- C6H12O6 2 | + 4H+ + 4e– 2 |
C= O H — C — OH
te à glicólise, ocorrendo também a | |
C H3 CH3
desidrogenação e a descarboxilação,
Ácido pirúvico Ácido lático
mas nela os hidrogênios produzidos
não são fornecidos ao oxigênio, já que
nesse processo não há participação fabricação de pães e bolos. O cresci- compõem a glicose em ácido pirúvico
do O2. Os hidrogênios são captados mento da massa é consequência da e este é transformado em ácido lático.
pelos compostos orgânicos provenien- formação de bolhas de CO2 que se Essa forma de fermentação é tam-
tes da própria degradação da glicose. desprendem durante a fermentação. bém realizada pelo Lactobacillus
A fermentação etílica é realizada Durante a fermentação são pro- acidophylus encontrado no nosso
por fungos microscópicos do gênero duzidos 4 ATPs e consumidos 2 intestino.
Saccharomyces, as chamadas leve- ATPs, resultando em um saldo posi- Nos nossos músculos, em caso
duras, lêvedos ou fermentos biológicos. tivo de 2 ATPs. de atividade intensa, pode faltar O2
O Saccharomyces cerevisae é para a respiração aeróbia. As células
uma espécie de levedura utilizada na 3. FERMENTAÇÃO LÁTICA musculares realizam, então, a fermen-
fabricação da cerveja. tação lática, obtendo energia para as
Os fermentos biológicos, também Muitas bactérias, como aquelas suas contrações.
Saccharomyces, são utilizados na que fazem a coagulação do leite, de-

MÓDULO 16 Osmose na Célula Vegetal

1. INTRODUÇÃO cidade da solução de menor concen- célula, existem grandes vacúolos que
❑ Difusão tração (hipotônica) para outra de contêm o suco vacuolar. Este repre-
A difusão é um fenômeno em que maior concentração (hipertônica), até senta uma solução de várias substân-
moléculas ou íons se movimentam de atingir o equilíbrio, quando as duas cias em água. Toda solução desen-
uma região para outra, seguindo o soluções passam a apresentar a mes- volve uma pressão osmótica (P.O.).
gradiente de concentração. Nos ve- ma concentração (isotônicas). Esta pressão depende diretamente
getais, todas as trocas gasosas ocor- da concentração da solução e re-
2. OSMOSE NA presenta a pressão favorável à entra-
rem por difusão.
CÉLULA VEGETAL da de água na célula.
❑ Osmose A célula vegetal apresenta, ex- Quando a célula vegetal é mergu-
A difusão da água (solvente) ternamente, a parede celular ou lhada em água destilada, a tendência
através de uma membrana semiper- membrana celulósica — mem- da água é movimentar-se para o inte-
meável chama-se osmose. brana permeável, resistente e dotada rior da célula, atraída pela pressão
A membrana semipermeável é de certa elasticidade. Internamente a osmótica do vacúolo (P.O. ou Si).
aquela que é permeável ao solvente ela, encontra-se a membrana plas- A água que penetra na célula passa a
(água) e impermeável aos solutos mática (plasmalema) — membrana exercer uma pressão hidrostática
(substâncias que se dissolvem na permeável seletiva, às vezes conside- sobre a parede celular, denominada
água). A água passa com maior velo- rada semipermeável. No interior da pressão de turgescência ou
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pressão de turgor (P.T.). Sujeita a essa pressão, a pa-


rede distende-se, mas reage contra a distensão, exer-
cendo uma pressão contrária, chamada pressão de
membrana ou resistência da membrana ce-
lulósica (M).
A entrada de água depende da diferença entre a P.O.
(Si) e a P.T. (M), isto é, depende de um déficit de pressão
de difusão (DPD) ou da sucção celular (SC).
Assim, o movimento de água na célula pode ser
expresso pela fórmula:
DPD = PO – PT ou SC= Si – M
Existe uma tendência de a água entrar na célula
enquanto:
PO > PT ou DPD > 0

A célula absorve água até ficar túr gida


(turgescente). Nesse caso, PO = PT ou DPD = 0. A
célula ficará murcha quando: PT = 0 ou DPD = PO.

❑ Plasmólise
Ocorre quando a célula vegetal é mergulhada em
meio hipertônico. A célula perde água e o citoplasma
descola-se da parede celular. Quando a célula plasmoli-
sada é mergulhada em água destilada ou meio hipo-
tônico, absorve água e restabelece o seu turgor. O
fenômeno é conhecido por deplasmólise.

MÓDULO 17 Raiz: Absorção de Água

INTRODUÇÃO para ocorrer a absorção de água é: gatoriamente deve penetrar no pro-


Nas traqueófitas, o órgão encar- solo – solução hipotônica toplasma, uma vez que as paredes
regado da fixação e absorção é a raiz – solução hipertônica celulares do endoderma possuem
raiz. Neste órgão a região de absor- A água pode seguir dois cami- reforços impermeáveis que impedem
ção é a pilífera, por onde a água pe- nhos através das células da raiz: a passagem da água.
netra principalmente através dos 1 – Através dos poros das pare-
pelos absorventes. Mas as células des celulares.
epidérmicas que não formam pelos 2 – Através dos protoplasmas Caminho da água na raiz
também absorvem água, embora com celulares. pelo absorvente ⇒ parênquima cortical
menor velocidade, uma vez que a ab- O primeiro caminho é o mais efici-
⇒ endoderma ⇒ periciclo ⇒ xilema
sorção depende diretamente do ta- ente, mas, quando a água chega à
manho de superfície. A condição ideal região do endoderma da raiz, obri-

Corte transversal de uma raiz de angiosperma monocotile-


dônea com o endoderma provido de reforços em U impermeá-
Morfologia de uma raiz de angiosperma dicotiledônea. veis, e as células de passagem desprovidas de reforços.

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MÓDULO 18 Absorção de Nutrientes e Gutação

1. ABSORÇÃO DE 4. GUTAÇÃO OU SUDAÇÃO sais e também com o aumento de


SAIS (ÍONS OU É a eliminação de água no estado sais no interior do xilema.
NUTRIENTES MINERAIS) líquido, através dos hidatódios. Nas A absorção contínua e ativa de
Os íons minerais, indispensáveis plantas ocorrem dois tipos de hida- sais cria no interior do xilema concen-
ao crescimento das plantas, costu- tódios: trações elevadas e, consequente-
mam ser divididos em dois grandes mente, a água tende sempre a ser
grupos: ❑ Hidatódio epidermal absorvida por processos osmóticos.
• Macronutrientes ou ma- Consta de uma única célula Isso cria no interior da raiz uma pres-
croelementos – são aqueles que
epidérmica, que excreta água. são, conhecida por pressão de raiz.
as plantas requerem em grandes
Ora, sabendo-se que a transpiração
quantidades, tais como N, P, K, Ca,
Mg e S. ❑ Hidatódio epitemal ou está prejudicada pelo alto teor de
• Micronutrientes ou micro- estômato aquífero umidade do ar, o excesso de água
elementos – são aqueles que as São os mais frequentes. Constam absorvido é agora eliminado através
plantas necessitam em pequenas de duas células estomáticas rígidas dos hidatódios sob forma líquida.
quantidades, como Fe, Mn, Cu, B, Co, que delimitam um poro sempre aber- Aparece deste modo a gutação.
Cl, Zn etc. to. A câmara subestomática é preen- Nestas condições, o caule corta-
Os íons minerais podem ser ab- chida por um tecido parenquimático do próximo ao solo elimina água ati-
sorvidos por mecanismos de simples aquífero, chamado epitema, no qual vamente, processo conhecido por
difusão, fenômeno desprezível, e por se encontram as terminações de va- exsudação.
transporte ativo. Atualmente, admite-se sos lenhosos. A exsudação pode ser mostrada
que este processo seja o mais impor- O fenômeno da gutação pode ser facilmente, cortando-se um caule de
tante. observado em plantas de tomate bem tomateiro, nas condições menciona-
regadas (solo saturado com água) das para obtenção da gutação, e
2. DIFUSÃO colocadas debaixo de uma campâ- adaptando-se a ele um tubo de vidro
Os sais podem ser absorvidos nula. Quando a atmosfera da campâ- ligado a um manômetro. Essa expe-
por difusão, seguindo o gradiente de nula fica saturada com vapor de riência permite a determinação da
concentração, isto é, deslocando-se água, cessa a transpiração e obser- pressão da raiz.
de onde existe maior concentração
va-se a formação lenta de gotículas
para onde existe menor concentração
de água nos bordos das folhas. Estas
do mesmo íon. Um fato importante a
assinalar é que os diferentes solutos gotículas de sudação não represen-
se difundem independentemente um tam água pura, mas uma solução di-
do outro e também da água. luída de sais.
O esquema abaixo ilustra o pro-
cesso: Experiências feitas com plantas
SOLO RAIZ de cevada mostram que
maior concen- difusão menor concen- • a sudação cessa ou é muito len-
– → –
tração do íon NO 3 tração do íon NO 3 ta quando as raízes da planta são
mergulhadas em água destilada com
3. ABSORÇÃO ATIVA ou sem aeração;
(TRANSPORTE ATIVO) • a sudação é lenta quando as
É o movimento de íons contra o raízes são mergulhadas em solução
gradiente de concentração, isto é, de aquosa de sais sem aeração;
uma região de menor concentração • a sudação é ativa quando as
do íon para outra de maior concentra- raízes são mergulhadas em solução
ção do mesmo íon. Nesse processo,
aquosa de sais com aeração e, nesta
as células gastam energia metabólica
situação, a gutação pode-se prolon-
e acumulam íons no seu interior.
gar por muito tempo se a atmosfera
SOLO transporte RAIZ
ativo for carregada de vapor de água.
menor concen- maior concentração
→ Tudo isso mostra que a sudação
tração do íon K+ do íon K+
está relacionada com absorção de

292 –

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