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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO


TRABALHO

ERGONOMIA

Prof. Dr. ANTONIO AUGUSTO DE PAULA XAVIER


Capítulo 1 - CONCEITOS E DEFINIÇÕES:

Ao iniciarmos esse curso, convém estabelecermos algumas definições e


conceitos referentes aos tópicos básicos a serem aqui tratados, como:
Ergonomia, Trabalho e Produtividade. Cabe destacar, que os conceitos aqui
apresentados são de autoria de vários autores, os quais encontram-se
relacionados na bibliografia, sendo ao nosso entender de fundamental
importância a leitura mais aprofundada de suas obras, por aqueles que se
interessarem em entender mais a fundo esse novo ramo da ciência, que
adquire dia a dia maior importância e significado no entendimento da relação
entre o homem e seu trabalho.

1.1 - ERGONOMIA:

A fim de procurarmos definir e conceituar Ergonomia, estabeleceremos alguns


conceitos concisos e outros de caráter mais geral:

DEFINIÇÕES ESPECÍFICAS:

“Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e o seu trabalho,


equipamento e ambiente, e particularmente a aplicação dos conhecimentos de
anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos desse
relacionamento”. (Ergonomics Research Society - U.K.)

“Conjunto dos conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários


para conceber ferramentas, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados
com o máximo de conforto, segurança e eficácia”. (Wisner-1972)

DEFINIÇÕES GERAIS:

Etimologicamente, a Ergonomia deriva das palavras gregas:


ERGON TRABALHO
NOMOS LEIS, REGRAS.
Dessa forma a Ergonomia poderia assim ser definida:
“Ergonomia é o estudo das leis do trabalho”.

Outra definição de cárater geral e hoje em dia a mais aceita para Ergonomia é:

“Ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem”.

Para atingir os objetivos das definições apresentadadas, a Ergonomia estuda:

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O HOMEM:
Características físicas, fisiológicas e sociais dos trabalhadores, influências do
sexo, idade, treinamento e motivação.

A MÁQUINA:
Todas as ajudas materiais que o homem utiliza no seu trabalho, como
equipamentos, ferramentas, mobiliário e instalações.

O AMBIENTE:
Características físicas do ambiente que envolve o homem durante o trabalho,
como: temperatura, ruídos, vibrações, luz, cores, gases e outros.

A INFORMAÇÃO:
As comunicações entre os elementos de um sistema, a transmissão das
informações, o seu processamento e a tomada de decisões.

A ORGANIZAÇÃO:
Representa a conjugação dos elementos citados no sistema produtivo,
analisando aspectos como horários, turnos de trabalho, formação de equipes,
políticas de recursos humanos, etc.

CONSEQÜÊNCIAS DO TRABALHO:
Questões de controle, como tarefas de inspeção, estudo de erros e acidentes,
estudos sobre gastos energéticos, saúde, fadiga e stress.

Objetivos Práticos da Ergonomia:

SAÚDE, SEGURANÇA, SATISFAÇÃO E O BEM ESTAR DOS


TRABALHADORES.

*A eficiência do sistema virá como resultado*

Não se coloca a eficiência como o objetivo principal da Ergonomia, pois ao se


analisar o aspecto eficiência isoladamente, o mesmo poderia representar
sacrifício e sofrimento aos trabalhadores, o que é inaceitável para a
Ergonomia, por ter ela uma visão ANTROPOCÊNTRICA.

As correntes da atual ergonomia:

Existem atualmente, 2 grandes correntes da Ergonomia, que não são


contraditórias entre sí, mas complementares.

A mais antiga, de linha americana, também conhecida como Ergonomia Física,


considera a ergonomia como “a utilização da ciência para melhorar as
condições do trabalho humano”. Neste caso, o ergonomista encontra-se
orientado para a concepção de dispositivos técnicos: máquinas, ferramentas,
postos de trabalho, softwares, etc., mais adaptados ao organismo humano.
Apoia-se essa corrente, em estudos aprofundados de anatomia, fisiologia e
antropometria.

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Podemos citar uma frase da Mercedes-Benz, que bem ilustra as posições
dessa linha da ergonomia:
“Se você não entender nossos conceitos de ergonomia, tudo bem, seu corpo
entenderá”.

A segunda corrente, mais recente e mais européia, considera a ergonomia


como o “estudo específico do trabalho humano”. Trata-se nesse caso mais de
uma tecnologia do que de uma ciência. Entende-se, nessa linha, que a fadiga
e os erros oriundos de uma situação de trabalho, não podem ser explicados
com objetividade, nem mesmo podem ser minimizados se a tarefa em
particular e a maneira pela qual ela é executada (atividade), não forem
pormenorizadamente analisadas no local. Como exemplo podemos citar o
caso de que uma cadeira pode ser incômoda não só por seu design, mas
também devido às informações que aparecem no vídeo impedirem o operador
de desviar os olhos do mesmo durante longos períodos de tempo, o que
implica em uma postura rígida.
Neste caso, o ergonomista é orientado para a organização do trabalho: quem
faz o quê ? e (principalmente) como é que o faz ? e ainda poderá fazê-lo de
melhor maneira ?

Em princípio, o mesmo ergonomista poderá vir a ser chamado para atuar sobre
qualquer uma das duas linhas, porém com a especialização, a bibliografia
apenas excepcionalmente trata das duas abordagens.

Exemplos de temas abordados pela Ergonomia contemporânea:


(Congresso Internacional de Ergonomia - Paris)

a) Métodos de análises do trabalho:


Também conhecido como “AET”, o qual analisa e situa a demanda, isto é, o
problema originador da intervenção, analisa a tarefa e atividade, e sugere
medidas a respeito.

b) Ergonomia do produto:
Concepção e “design” de produtos de consumo elevado, individual ou coletivo.
Métodos de análises das expectativas e necessidades do grande público.
Como conciliar os obstáculos comerciais e as exigências ergonômicas.

c) Transferência de tecnologia:
Metodologia e análises visando a superação das grandes diferenças sócio-
técnicas entre os países industrializados e os em via de industrialização, ou
entre regiões mais ou menos industrializadas dentro de um mesmo país.
d) Diálogo entre homem e computador:
Concepção de interfaces e apoios informáticos. Apresentação de resultados.

e) Controle dos ambientes dinâmicos:


Processos contínuos ou seqüenciais, controle de tráfego aéreo, pilotagem e
condução de máquinas.

f) Conseqüências da informatização para os deficientes:


Possibilidades de inserção ou acréscimos das limitações.

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g) Trabalho em condições extremas:
Trabalho em isolamento, ambientes muito restritivos, comportamento dos
operadores em situação de catástrofe.

h) Riscos no trabalho:
Incidências das transformações tecnológicas sobre a saúde e segurança.
Patologias e doenças profissionais, posições desconfortáveis, LER, efeitos a
longo prazo.

i) Trabalho e tempo:
Trabalho em turnos, trabalho de fim de semana, distribuição do tempo.
Feriados e repousos.

j) Administração e Organização do trabalho:(Macroergonomia)


Fatores culturais e sociais, qualidade de vida no trabalho, concepção de
escritórios e postos, análise do sistema de gestão.

k) Gestão das populações no trabalho:


Nível de qualificação das populações, mudanças demográficas, deficiências,
envelhecimento e prograssão na carreira.

Algumas áreas de conhecimento vizinhas à Ergonomia:

MEDICINA DO TRABALHO:
A ergonomia francesa e a britânica nasceram da medicina do trabalho. Existe
uma pequena linha de fronteira entre ambas

MEDICINA SAÚDE
DO DO
TRABALHO TRABALHADOR

ERGONOMIA

SAÚDE PRODUTIVIDADE
DO
TRABALHADOR

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FISIOLOGIA:

FISIOLOGISTA PROFISSIONAL DE LABORATÓRIO

ERGONOMISTA PROFISSIONAL DE CAMPO

Muitas vezes o ergonomista está entre os melhores clientes do fisiologista.

PSICOLOGIA EXPERIMENTAL:
A psicologia experimental pode ser considerada a mãe da ergonomia. Atua
como valiosa fornecedora de dados com relação a teorias, modelos, métodos e
resultados.

LÓGICA E DIDÁTICA:
Lógica Refere-se a como as pessoas raciocinam e não como
deveriam raciocinar.
Didática Refere-se a como os alunos aprendem, para assim então
poder ensinar.
Permitem à ergonomia um melhor entendimento das compreensões e
incompreensões dos trabalhadores.

PSICOLOGIA DO TRABALHO:
Pode ser subdividida em três categorias:

PSICOLOGIA DE PESSOAL: Não tem nada relacionado com a ergonomia.

PSICOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES


(Efeito do trabalho s/o homem)
(Conteúdo do trabalho)

ERGONOMIA

PSICOLOGIA ERGONÔMICA
(Métodos de análise do trabalho)

SOCIOLOGIA DO TRABALHO:
*Não objetiva a modificação das situações de trabalho
*Generalizações macro s/a evolução, relações profissionais, habilitações,
empregos e ideologias de trabalho.

1.2 - PRODUTIVIDADE:

O que é produtividade ? O que a envolve ?

Para sabermos a resposta dessa pergunta, temos antes de quem a está


respondendo.

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Dentro da visão de um gerente de produção Taylorista:

QUANTIDADE PRODUZIDA
PRODUTIVIDADE =
TEMPO GASTO PARA PRODUZIR

Na visão de um empresário:

LUCRO BRUTO
PRODUTIVIDADE =
INVESTIMENTO REALIZADO

Para um engenheiro de produção:

TOTAL PRODUZIDO
PRODUTIVIDADE =
RECURSOS GASTOS NA PRODUÇÃO

Esses conceitos diferenciados são conseqüência da diversidade de objetos


dos vários agentes sociais. A produtividade só se define a partir do
estabelecimento de um objetivo.
Seguindo essa linha, Afonso Fleury apresenta os conceitos básicos,
diferenciando produtividade e eficiência:
“Produtividade é o grau em que um sistema atinge um objetivo de produção”.
“Eficiência é o grau em que um sistema qualquer atinge um dos objetivos que
lhe foram atribuidos”.

Dessa maneira, dizemos que o objetivo é um estado de determinado sistema


que algum indivíduo, grupo ou classe tem interesse em que seja atingido ou
nele permaneça.

QUANTIDADE PRODUZIDA
Pela OIT: PRODUTIVIDADE =
QUANTIDADE DE RECURSOS

Os recursos mencionados na fórmula proposta pela Organização Internacional


do Trabalho, podem ser: terra, materiais, instalações, ferramentas e serviço
humano. Os mesmos podem ser considerados como mecanismos
responsáveis pela dinâmica da produtividade.
Como as organizações buscam um aumento de produtividade, para que sejam
competitivas e aufiram lucros, é necessário um monitoramento constante sobre
os mecanismos.

Segundo André Grove, a produtividade gira em cima das seguintes idéias


básicas:
“O trabalho de uma empresa e da maioria das formas da atividade humana, é
algo feito não por um indivíduo, mas por equipes”.

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“Uma equipe trabalhará bem apenas se o mais alto desempenho for obtido dos
indivíduos que a compõe”.
Seguindo essa linha de raciocínio, é fácil perceber que os processos
participativos, por proporcionarem resultados que melhor representam o
coletivo, tem sido cada vez mais freqüentemente seguido pelas organizações,
a fim de atingirem níveis de produtividade que permitam ser competitivas.

Como iniciativas de processos participativos, encontram-se os “círculos de


controle de qualidade”-CCQ’s, “gestão de qualidade total” e “reengenharia”,
onde a participação de grupos de representantes questionariam as ações
praticadas e redefiniriam funções, cargos e procedimentos.

As análises dentro do enfoque da qualidade total mostram que a produtividade


de uma organização é aderente ao coletivo dos trabalhadores. Assim sendo, a
qualidade total(***) só se concretiza com a efetiva participação dos
trabalhadores.

***PROPORCIONALIDADE DIRETA***

QUALIDADE
DE
VIDA

TRABALHADORES
NA
DECISÃO

No início da década de 50, iniciaram-se estudos de um modelo que pudesse


agrupar INDIVÍDUO/TRABALHO/ORGANIZAÇÃO. Esses estudos receberam o
nome de “Qualidade de vida no trabalho”.

Qualidade de vida no trabalho, significa o quanto as pessoas na organização


estão aptas a satisfazer suas necessidades pessoais importantes, através de
suas experiências de trabalho e vida na organização.

Um ambiente com alta qualidade de vida no trabalho, é aquele onde as


pessoas são membros essenciais de uma organização que desafia o espírito
humano, inspira o crescimento e o desenvolvimento pessoal.

Esses ambientes devem possuir:

* INPUT DOS EMPREGADOS NAS DECISÕES


* PARTICIPAÇÃO DO EMPREGADO NA SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS
* COMPARTILHAMENTO DA INFORMAÇÃO
* FEEDBACK CONSTRUTIVO

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* TRABALHO EM EQUIPE E COLABORAÇÃO
* TRABALHO DESAFIADOR E SIGNIFICATIVO
* SEGURANÇA E SAÚDE PARA O TRABALHADOR
* SEGURANÇA NO EMPREGO

Dessa forma, estabelece-se outra proporcionalidade:

***PROPORCIONALIDADE DIRETA***

PRODUTIVIDADE

QUALIDADE
DE
VIDA

Aumentando-se a produtividade final para a produção da mesma quantidade,


significa que houve maior produtividade para os mecanismos mencionados
anteriormente, ou seja, para a terra e prédios, para os materiais e
equipamentos, e sobretudo para o trabalho desempenhado, e essa contatação
deixa claro que a questão da produtividade tem seu início na sociedade.

Ao relacionarmos a produtividade com a ergonomia e a sociedade,


constatamos que a análise deve ter um caráter global, isto é, não podemos
pensar apenas em uma empresa produtiva, mas sim em um povo produtivo.
Por povo e sociedade produtiva podemos entender um povo saudável,
fraterno, capaz de desempenhar suas atividades com capacidade plena, sem
angústias, receios e desconfianças, ou seja um povo feliz e completo. A
premissa ergonômica de adaptação do trabalho ao homem, busca justamente
o caminho no qual o homem trabalhará sem sofrimento, seja físico ou mental,
e auxiliará esse mesmo homem a atingir sua máxima produtividade como
trabalhador e como cidadão, para assim esse mesmo cidadão poder afirmar
sem receio, que “o trabalho enobrece e dignifica o homem”.

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SITUAÇÃO NORMALMENTE ENCONTRADA:

Hb

Hb
empresa
Hb

Hb

sociedade

Estará havendo um aumento de produtividade global, quando ao invés de


“homens-bagaço” as empresas devolverem à sociedade homens inteiros com
todas as suas capacidades físicas e psicológicas em pleno funcionamento.

1.3 - TRABALHO:

Do ponto de vista etimológico, a palavra “trabalho” encerra todo um sentimento


de sofrimento e constrangimento.

DO LATIM POPULAR:
Trabalho vem de “TRIPALIUM”, que era um instrumento de tortura e
constrangimento.
Trabalhar vem de “TRIPALIARE”, que significa torturar com o “tripalium”.

Na Bíblia, o trabalho é apresentado como uma necessidade que leva a uma


fadiga e que resulta de uma maldição:
“Ganharás o pão com o suor de teu rosto” (Gen. 3,19)

Os gregos utilizavam duas palavras para designar o trabalho:


“PONOS” que faz referência ao esforço e a penalidade.
“ERGON” designa a criação, a obra de arte.
Alguém que queira analisar o trabalho, deve se preocupar primeiramente na
diferenciação entre trabalhar no sentido de penar (“ponein”) e trabalhar no
sentido de criar (“ergozomai”).

CONTRADIÇÃO SECULAR:

TRABALHO PONOS TRABALHO ERGON

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Segundo OMBREDANCE e FAVERGÉ (1955):

“Todo o trabalho é um comportamento adquirido por uma aprendizagem e


tendo que se adaptar às exigências de uma tarefa”.
Comportamento
Nota-se nessa definição:
Constrangimento

Segundo MARX:
“O trabalho é primeiramente um ato que se passa entre o homem e a natureza.
O homem desenvolve em relação à natureza o papel de uma potência natural.
As forças cujo seu corpo é dotado, braços e pernas, cabeças e mãos, ele as
coloca em movimento a fim de se apropriar das matérias, lhes dando uma
forma útil à sua vida”.

LEPLAT, observa que “o trabalho situa-se no nível da interação entre os


homens e os objetos de sua atividade. Ele constitui o aspecto dinâmico do
sistema homem-máquina. Essa interação é importante porque ela mostra que
se o homem age sobre o meio ambiente de trabalho, este por sua vez o
transforma e modifica”.

Para LEONTIEV, “o trabalho humano é uma atividade originalmente social,


fundada sobre a cooperação de indivíduos, a qual supõe uma divisão técnica
das funções de trabalho”.

1.4 - EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO RELACIONAMENTO HOMEM-


TRABALHO E DA ERGONOMIA:

a) Relacionamento Homem-Trabalho:

A relação homem-trabalho, e as conseqüências que o trabalho causa no


homem têm sido objetos de estudos, por parte de médicos, sociólogos,
psicólogos e mais recentemente por parte de ergonomistas e psicopatologistas
do trabalho.

Essas conseqüências, com danos muitas vezes irreversíveis no ser humano,


são hoje em dia perfeitamente diagnosticáveis, porém ainda muito pouca coisa
prática tem sido feita visando a reversão deste quadro. Os movimentos e lutas
operárias são os grandes responsáveis pelo desencadeamento de medidas
que asseguram uma melhor qualidade de vida aos trabalhadores e
conseqüentemente à sua saúde. As preocupações dos operários e as
conseqüentes conquistas, podem ser divididas claramente em épocas
cronológicas, quais sejam:

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Século XIX: O operariado luta por sua sobrevivência. Sobreviver significa ao
operário, não morrer. Esta época é marcada na relação homem-trabalho, por
pesadíssimias jornadas de trabalho, de até 16 horas/dia, inserção no mercado
de trabalho de crianças de até 7 anos, salários irrisórios que não suprem as
necessidades básicas dos trabalhadores; gerando a subalimentação, a
moradia em pardieiros, a promiscuidade e a longevidade reduzida. A ameaça
do desemprego põe em risco toda a família. A luta pela saúde confunde-se
com a luta pela própria sobrevivência. O movimento operário torna-se muito
atuante, pois uma carga de trabalho elevada leva a uma incapacidade precoce
para o trabalho, condenando desta maneira o operário e sua família a morte. A
palavra de ordem nesta época é a “redução da jornada de trabalho”.

Do início do século até 1968: Esta fase é marcada por duas guerras
mundiais e pela implantação, no início do século, da “Organização Científica do
Trabalho”, concebida pelo engenheiro Frederick W. Taylor. A Organização
Científica do Trabalho, prega a sub-divisão do trabalho, o rígido controle para a
execução das tarefas, a separação do trabalho em sí; em quem planeja
(direção) e quem executa (operário), extraindo desta forma o saber do
trabalhador. A conseqüência mais nefasta do Taylorismo, entre tantas, pode
ser apontada como a neutralidade da atividade mental dos trabalhadores,
devido a “imbecilização” das tarefas e a grande repetição das mesmas,
transformando os operários em autômatos desprovidos de vontade, anseios e
necessidades. Com isto, o corpo do operário aparece como receptor do
primeiro dos prejuízos do trabalho.

Devido às guerras, e ao conseqüente desfalque de mão de obra necessários


ao front, o movimento operário cristaliza progressos na medicina do trabalho,
na jornada de trabalho, na segurança do trabalho; enfim a saúde física do
trabalhador deveria ser conservada, para se conservar a força de trabalho, e, a
partir da década de 30, as “condições de trabalho” passam a ser bandeira das
lutas dos trabalhadores. A partir de 1944 a história da saúde do trabalhador
caracteriza-se pela revelação do corpo como ponto de impacto da exploração.
Durante essa época ainda não se fala em prejuízos psíquicos e mentais
impostos ao trabalhador, devido ao trabalho.

Após 1968: inicia-se uma nova etapa, marcada em 1968 pelas lutas sociais
contra a alienação, contra a organização de trabalho neurotizante, sendo o
trabalho considerado como causa principal da alienação. Esta época também é
marcada pelo desmascaramento do Taylorismo no terreno econômico, através
de greves, operações-padrão, absenteísmo, “alergia ao trabalho”; e também no
terreno ideológico, tendo sido considerado desumanizante e fator principal da
alienação da classe operária. Surge nessa época a análise da organização do
trabalho, e a relação global de saúde-trabalho inclui a variável saúde mental.
Surge também a psicopatologia do trabalho, estudando as conseqüências
psíquicas e mentais advindas da organização do trabalho.

Podemos resumir assim as três etapas de lutas operárias em sua relação com
o trabalho:

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LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA - JORNADA DE TRABALHO

LUTA PELA SAÚDE DO CORPO - CONDIÇÕES DE TRABALHO

LUTA CONTRA O SOFRIMENTO MENTAL-ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

A partir daí, a psicopatologia do trabalho se consolida como ciência específica,


e intensificam-se os estudos sobre as conseqüências negativas da
organização do trabalho sobre a atividade psíquica e mental do trabalhador.
Constatam-se que estruturas organizacionais rígidas, de modelo Taylorista,
que extraem a capacidade mental e intelectual dos trabalhadores, geram
distúrbios caracteriais na psique do trabalhador muito maiores que aqueles
observados em organizações nas quais o trabalhador tenha livre arbítrio de
suas decisões, sobre o modo de trabalho, enfim tenha autonomia e liberdade
acerca de sua capacidade criativa no que diz respeito à tarefa realizada.

Os distúrbios psíquicos gerados pela organização do trabalho, normalmente se


manifestam através de angústias, sofrimentos e em casos extremos, porém
não raros, em medos relacionados ao desempenho das atividades rotineiras
profissionais. Podemos apontar como causas principais dessas
“descompensações” psíquicas, o desconhecimento acerca de suas atividades,
o despreparo, a monotonia e repetição de tarefas, a não participação nos
processos de concepção e planejamento das atividades; enfim a alienação
sobre o conteúdo de seu trabalho.

Em casos de profissões perigosas ou de risco, como é o caso da construção


civil, indústrias químicas, usinas nucleares, aviação de caça, etc..., o nível de
angústia, sofrimento mental e medo que assola os trabalhadores é tamanho,
que, os próprios trabalhadores, enquanto conjunto social produtivo, criam
mecanismos de defesa, estratégias defensivas ou ideologias defensivas
coletivas, as quais assumem um aspecto importante e primordial para a classe
específica, a tal ponto que, os trabalhadores que a eles não se enquadram,
correm o risco de serem excluídos dessa categoria funcional, pelo próprio
grupo funcional.

Na Construção Civil, por exemplo, face aos constantes perigos a que estão
expostos freqüentemente os trabalhadores, e às precárias condições e
equipamentos de segurança do trabalho, a categoria criou uma ideologia
defensiva coletiva, que é a de se ignorar e menosprezar os perigos da
profissão, assumindo uma postura de operários “sem medo”, os quais não
necessitam de quaisquer equipamentos de segurança para executar seu
trabalho. Essa ocultação voluntária e coletiva da angústia e do medo, faz com
que o indivíduo se supere pelo desafio, porém traz conseqüências marcantes
ao desgaste psicológico do trabalhador, sem contar o elevado número de
acidentes, com graves conseqüências, que essa “inconsciência voluntária”
acarreta.

Na aviação de caça, onde as condições de trabalho estão intimamente ligadas


à morte, a carga psíquica é tão grande que os pilotos só conseguem superar a
barreira do medo extremo através da auto-sublimação, do narcisismo

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exagerado, da sensação de serem seres superiores com relação ao restante
dos homens. Essa ideologia defensiva porém, transforma os “operários da
aviação de caça” em seres anti-sociais, egocêntricos, narcisistas, manifestando
neles inclusive o homossexualismo latente.

No caso de organizações de trabalho onde não haja o desempenho coletivo do


trabalho, como no caso das organizações do setor terciário, os mecanismos ou
ideologias defensivas se manifestam individualmente, como absenteísmo,
indolência sistemática, “alergia ao trabalho”, porém toda essa carga psíquica
originada pelo trabalho, altera o ritmo de vida da pessoa, tornando-a agressiva,
anti-social, depressiva e isolada. Por mais incrível que pareça, quando a
ideologia defensiva não é suficiente para anular os efeitos da carga psíquica
do trabalho, em alguns casos o resultado é uma aumento de produtividade do
operário, como por exemplo a agressividade e impaciência gerados em
funcionários do serviço público, como as telefonistas, gerando não só para eles
como para a sociedade como um todo, um grande clima de insatisfação. Este
é um exemplo claro da exploração do sofrimento operário pela organização do
trabalho.

Concluindo, podemos dizer que comprovados são os casos de doenças


psicossomáticas causadas pelo trabalho sobre o operário. O trabalho
repetitivo, autômato, sem sentido e sem liberdade, cria a insatisfação que se
transforma em uma porta aberta para inúmeras doenças. As tarefas perigosas
dão origem a um medo específico. A vida psíquica é um patamar de integração
dos diferentes órgãos, e sua desestruturação repercute sobre a saúde física e
mental. O prazer pelo trabalho é a melhor defesa contra o sofrimento psíquico
do trabalhador, como por exemplo o artista, o pesquisador e o professor, onde
seria falso imaginar que seus sofrimentos e sacrifícios materiais sejam fáceis, e
os mesmos só são vencidos pela sua satisfação com o trabalho. Podemos
então inverter a máxima romana e dizer que: “CORPORE SANO IN MENS
SANA”.

b) Ergonomia:

A ergonomia, ao contrário de outras ciências, tem uma data “oficial” de


nascimento: 12 de julho de 1.949.
Muito embora exista essa data “oficial”, de seu nascimento, pode-se constatar
que estudos e preocupações com o relacionamento Homem-Trabalho, são
bem mais antigos:

A ergonomia nasce da constatação de que o Homem não é uma máquina


como as outras, diferentemente do que propôs Descartes e La Mettrie no
século XVII pois:
_ ele não é um dispositivo mecânico;
_ ele não transforma energia como uma máquina a vapor;
_ seu olho não funciona como uma célula fotoelétrica;
_ seu ouvido não é sensível aos sons apenas como um microfone e um
amplificador;

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_ sua memória não funciona como a de um computador;
_ os riscos a que está submetido no trabalho não são análogos aos de um
dispositivo técnico, apesar de termos análogos aplicados ao Homem e à
máquina: fadiga, desgaste, envelhecimento, polias, válvulas, juntas, bombas,
tubos.

E quando é que se começou a pensar que o homem era uma máquina


como as outras? Até o século XV o homem, na tradição cristã, ocupava o
centro do universo. Tinha sido criado à imagem e semelhança de Deus e seu
corpo sempre foi objeto de respeito. A dissecação de cadáveres era
rigorosamente proibida pela Igreja Católica. Todo o restante do universo tinha
sido criado especificamente para seu uso e gozo.

Com a demonstração, por Galileu (Galileu Galilei – 1564/1642), de que a terra


não era mais o centro do universo, a verdade revelada perde sua importância. Um
intenso ceticismo toma conta de todos os pensadores pois tinha ficado patente que os
nossos sentidos podem nos enganar. Afinal, nossos sentidos sempre nos indicaram
de que era o sol que se movia ao redor da terra. E nem mesmo a nossa razão foi
capaz de corrigir este erro. Logo, lança-se uma dúvida sobre os sentidos e a razão.
Descartes (René Descartes – 1596/1650), leva esta dúvida a extremos: doravante
tudo tem que ser submetido a uma verificação já que estava perdida a fé na tradição.
Se por um lado o homem sofre um intenso golpe no seu narcisismo, por outro,
permite que seu corpo seja estudado como um objeto qualquer como os vários outros
que compõem a natureza só que animado por uma alma.
Com o desenvolvimento de engenhos mecânicos que se propõem a ajudar os
homens no seu trabalho, é quase inevitável que o funcionamento do corpo humano
seja estudado do ponto de vista mecânico e mais tarde o modelo da máquina a vapor
torna-se o paradigma predominante. O homem é concebido como um engenho
mecânico transformador de energia.
Se Descartes propunha explicar o homem como uma máquina animada por
uma alma, mais tarde La Mettrie (Julien Offray de La Mettrie – 1709/1751), um ateu
convicto, faz um esforço grandioso e se propõe a explicá-lo mesmo sem o recurso a
uma alma. Lança em 1748 o livro “Man a Machine”.
Até o fim do século XVIII, privilegiava-se os estudos e pesquisas de campo. Depois
passou-se aos estudos de laboratório pois havia a pretensão de maior rigor nas
mensurações pois a ciência nascente adotava o modelo matemático como sendo o
mais correto. O universo havia sido geometrizado e matematizado.

O estudo dos médicos higienistas

Na Antigüidade (Império Romano) já eram conhecidos os problemas na coluna


nos carregadores de pedra, as cólicas pelo chumbo nos mineiros e a
intoxicação pelo mercúrio.

A Idade Média conheceu um grande interesse pelos fatores ambientais.


Fatores como o calor, a umidade, as poeiras e os agentes tóxicos eram
correlacionados com o estado de saúde. Os males do sedentarismo entre os
tabeliães também eram comentados.

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No Renascimento, Ramazzini, 1777, estuda as doenças venéreas nas
parteiras, as úlceras de pernas e os desmaios nos mineiros provocados pelo
calor, a ruptura de vasos na garganta de cantores e os distúrbios visuais nos
ourives.

Já no século XIX, Patissier se volta para o saturnismo e a silicose e insiste na


proteção individual. Preconiza o uso de bexigas animais para proteção
respiratória e de óculos para proteção contra corpos estranhos. Ele recomenda
aos ourives levantar a cabeça de vez em quando e olhar para o infinito como
modo de evitar a fadiga visual. Também preconiza proteção nos moinhos e
concebe máquinas para diminuir o esforço físico, como as máquinas de lavar.
A marca deste período é a de fraco desenvolvimento dos meios de
mensuração mas, em contrapartida, havia uma observação fina do trabalho e
interrogatório sobre doenças e atividade laboral. Ramazzini pede aos colegas
para perguntar: “Qual é o trabalho do paciente?”

Em 1832, Villermé (Louis René Villermé – 1782/1863), é encarregado de


elaborar um relatório sobre as condições de vida da classe operária. Ele vai a
campo e estuda os postos de trabalho. Interessa-se pelos horários, salários
por produção, alojamento e alimentação. Estuda a mortalidade segundo as
classes sociais e profissões.
Villermé age, no plano técnico, recomendando dispositivo de proteção de
correias de transmissão. Já no plano regulamentador e legislativo sua atuação
vai se estende à proteção do trabalho infantil, limitando a idade para começar a
trabalhar. Primeiro a 8 anos, mais tarde a 12. A jornada de trabalho também
fica reduzida a dez horas ao dia.
Ele também institui a reparação dos danos causados pelos acidentes de
trabalho ao fazer promulgar a lei que garante a gratuidade do tratamento dos
acidentados e também que obriga os empregadores a indenizar
monetariamente os que sofreram danos à sua integridade física.
De suma importância, é a criação por Villermé da inspeção do trabalho entre
1874 e 1892.
Até Villermé, o interesse era restrito à insalubridade. Ele vai além. Verifica que
o trabalho forçado, as condições dos alojamentos, a qualidade da alimentação
e o “salário abaixo das necessidades reais” exerciam grande influência sobre o
mau estado de saúde. Ou seja, em alguns casos a falta de alimentação e as
más condições de vida extraprofissional eram mais responsáveis pelo estado
de saúde que a nocividade derivada das condições de trabalho propriamente
ditas.
Assim, Villermé alarga o campo da patologia profissional e inclui nesta o
conceito de fadiga e envelhecimento precoce.

Os Engenheiros, os Físicos e os Fisiologistas

Até o fim do século XIX, só se reconhece o trabalho físico. O homem é visto


como um sistema de transformação de energia e nenhuma importância é dada
aos aspectos cognitivos.

16
Vaucanson (Jacques de Vaucanson – 1709/1782), na metade do século XVIII
projeta autômatos que encanta, inclusive, os reis. Os autômatos na época,
eram chamados de “patos mecânicos”.

Jacquard (Joseph Jacquard – 1752/1834), aprimora os autômatos de


Vaucanson, principalmente na indústria têxtil onde trabalhou quando menino.
Seu objetivo era suprimir os postos mais penosos.

Lavoisier (Antoine Laurente Lavoisier – 1743/1794), no fim do século XVIII faz


estudos calorimétricos e metabólicos, estabelecendo relações entre a
alimentação ingerida e a quantidade de calor despendida.

Marey (Etiene-Jules Marey – 1830/1904), é o primeiro a fazer registros


sistemáticos dos movimentos humanos e descobre que a freqüência do pulso
cardíaco aumenta quando se exerce um esforço físico.

Portanto, até o início do século XX, o trabalhador é visto como um sistema


transformador de energia. Os riscos do trabalho são conhecidos mas as ações
para limitá-los são modestas.
Um exemplo disto é o saturnismo. Esta patologia é conhecida há 25 séculos,
mas só em 1904 a proibição do carbonato de chumbo é debatida no
parlamento francês. Os proprietários de empresas de pintura dizem que os
empregados se intoxicam por falta de uso de EPI.
Clemenceau (Georges Clemenceaus – 1841/1929), que era médico, defende a
proibição argumentando que é impossível trabalhar evitando o contato com o
chumbo. O decreto só proibia o contato da mão na massa de pintura. Ora,
analisando a atividade, Clemenceau constatou que os pintores tinham tinta até
abaixo dos punhos, região não protegida pelas luvas. Logo, as luvas de cano
curto não protegiam eficazmente. O decreto proibia também o lixamento e o
polimento a seco de superfícies pintadas. Ora, lixamento e polimento por via
úmida é sete vezes mais caro que pelo método a seco. Daí, como obrigar os
empresários a utilizar o meio mais caro?
Além disso, os inspetores do trabalho só podiam punir os empresários se
constatassem a operação no momento em que era realizada. Testemunhos
retrospectivos não valiam para lavrar a infração. Logo, havia necessidade de
um batalhão de fiscais inspecionando toda obra em fase de pintura.

A ergonomia

O termo ergonomia havia sido cunhado em 1857 pelo polonês Jastrzebowski


(Wictor Jastrzebowski), mas tinha caído em esquecimento. É retomado em
1949 pelo Engenheiro inglês Murrel (Hywel Murrel), para reunir os
conhecimentos (psicológicos e fisiológicos) úteis à concepção dos meios de
trabalho.
Em julho de 1.949, reuniram-se na Inglaterra, um grupo de pesquisadores e
cientistas interessados em discutir e formalizar a existência desse novo ramo
de aplicação interdisciplinar da ciência.

17
Na Europa:
1949 Ergonomics Research Society (U.K)
1961 Associação Internacional de Ergonomia

Nos Estados Unidos:


1957 Human Factors Society

A história da ergonomia, embora ainda sem o nome oficial até a 1ª metade do


século XX, confunde-se com a evolução da relação entre o homem e o
trabalho, porém devido a ocorrência das duas guerras mundiais nesse período,
os estudos sofreram um rápido processo de aceleração.

Na Inglaterra, durante a 1ª Guerra Mundial (1914-1917), fisiologistas e


psicólogos foram chamados para colaborarem no esforço de aumentar a
produção de armamentos, com a criação da Comissão de Saúde dos
Trabalhadores na Indústria de Munições, em 1915. Depois da guerra, a mesma
foi transformada no Instituto de Pesquisa de Fadiga Industrial.

Com o início da 2ª Guerra Mundial (1939-1945), foram utilizados


conhecimentos científicos e tecnológicos disponíveis, para construir
instrumentos bélicos relativamente complexos como submarinos, tanques,
radares, sistemas contra incêndios e aviões. Estes instrumentos exigiam
muitas habilidades do operador, em condições ambientais bastante
desfavoráveis e tensas, no campo de batalha. Os erros e acidentes, com
conseqüências fatais, eram freqüentes. Tudo isso fez aumentar o esforço de
pesquisa para adaptar esses instrumentos bélicos ao operador, melhorando o
desempenho e reduzindo a fadiga e os acidentes.
A partir da segunda metade do século, a ergonomia evoluiu principalmente na
Europa, visando melhorar a produtividade e as condições de vida da população
em geral, e dos trabalhadores em particular.

Nos Estados Unidos houve muito ceticismo, porém esse panorama mudou
quando o Departamento de Defesa Americano começou a apoiar e incentivar
pesquisas na área, as quais se deram principalmente no aperfeiçoamento de
aeronaves, submarinos e pesquisa espacial. Só recentemente a “human
factors” começou a ser aplicada, em maior grau, na indústria não bélica.

1.5 - O TAYLORISMO E A ERGONOMIA:

O engenheiro norte-americano Frederick Winslow Taylor (1865 - 1915), deixou


seu nome gravado na história mundial como o promotor das mais drásticas
mudanças ocorridas dentro do processo da produção industrial. De linha
teórico-prática, Taylor, considerado o “pai da Organização Científica do
Trabalho”, estava convicto, devido à sua obstinação que a produção industrial
poderia ser substancialmente aumentada através de medidas de

18
racionalização do processo produtivo, isto é, através da implantação de um
“método científico” de administração e direção das indústrias.

A premissa inicial de sua teoria se baseava em que os operários das fábricas


produziam muito menos do que eram capazes, devido a um mecanismo
voluntário destes, a que Taylor denominou de “indolência sistemática”,
mecanismo este que poderia ser considerado como um ato de defesa e
solidariedade operária, visando a garantir uma certa segurança no emprego,
bem como uma maior oferta de empregos, tendo em vista o grande número de
imigrantes que chegavam aos E.U.A. a fim de se inserir no mercado de
trabalho. Este mecanismo de defesa dos operários poderia ser anulado a partir
do momento em que se tivessem cientificamente tabulados os dados
referentes a quanto tempo seria necessário para a execução de determinada
tarefa, pois a partir daí os mecanismos de controle e fiscalização dos tempos
gastos seriam mais eficazes. Afirmava também que com uma grande
fragmentação das tarefas, as mesmas se tornariam mais simples de serem
executadas, exigiriam menor capacidade intelectual dos operários e também
seriam mais fáceis de serem padronizadas. Com isto praticamente
desapareceria a figura do operário altamente qualificado, o artesão, pois as
tarefas seriam realizadas mecanicamente e rigidamente supervisionadas, sem
necessitar a capacidade cognitiva do trabalhador, podendo serem executadas
por qualquer operário que dispusesse basicamente de força física para sua
realização, surgindo assim a figura do “operário bovino”, forte, dócil e imbecil,
com pouca ou nenhuma capacidade intelectual. Essas idéias rapidamente
contagiaram os industriais e a burguesia detentora do capital, pois além dos
mesmos apropriarem-se do saber dos trabalhadores, os operários qualificados,
que representavam o forte da resistência operária na luta de classes tornavam-
se bastante enfraquecidos. Representava a dominação total do capital sobre o
trabalho.

A partir dessas idéias centrais, Taylor publicou em 1911, seu principal livro,
“Principles of Scientific Management”, detalhando toda sua teoria, enfatizando
claramente a separação entre quem planeja e quem executa as tarefas, a
dominação da classe dominante sobre a operária, e todos os parâmetros
envolvidos na organização do trabalho.

Convém citar que a teoria de Taylor rapidamente se enraizou em todo o


mundo, mesmo levando-se em conta todas as diferenças sociais, políticas e
econômicas, desde os E.U.A., França e Inglaterra, à Itália fascista de
Mussolini, à Alemanha nazista de Hitler e à Rússia comunista de Lênin.

A teoria de Taylor, está baseada em quatro princípios fundamentais a saber:

Primeiro princípio:

Desenvolver uma ciência para cada elemento do trabalho individual, em


substituição aos métodos adotados pelos próprios trabalhadores para sua
execução.

19
Desta forma, se extrai a capacidade criativa (cognitiva), do trabalhador,
fazendo-o executar mecanicamente as tarefas estipuladas e padronizadas,
sendo possível com isto, se calcular o tempo necessário para a execução de
cada tarefa e tornar este tempo totalmente controlável pelos superiores
hierárquicos (cronometragem). Assim, quem define o método de trabalho mais
conveniente e mais rentável da execução do trabalho é a direção da empresa,
confirmando assim a apropriação do saber operário pelo capital.

Segundo princípio:

Selecionar cientificamente, treinar e aperfeiçoar o trabalhador


para a execução da tarefa, a qual é planejada e estipulada pela equipe de
planejamento, eliminando a possibilidade de escolha e estudo das tarefas por
parte do operário, estabelecendo claramente a separação entre quem planeja
(pensa) e quem executa (só obedece).

Terceiro princípio:

Cooperar cordialmente com os trabalhadores na aplicação da “ciência do


trabalho”,
através de um relacionamento íntimo e cordial entre o operário e seus
superiores, o controle da aplicação da teoria de Taylor em todos os seus
aspectos é mais eficaz, sendo que as opiniões dos operários só serão ouvidas
se acrescentarem algo novo ao método e que seja de interesse total dos
controladores do capital. Também devido à essa cordialidade e intimidade, se
tornam inexistentes as lutas de classe no interior das fábricas.

Quarto princípio:

Efetivar e manter a divisão do trabalho e das responsabilidades entre a direção


e o operário,
as tarefas destinadas ao planejamento e coordenação ficam totalmente a
cargo da direção enquanto ao operário só cabe a execução propriamente dita,
retirando assim as responsabilidades que cabiam aos operários nas
organizações de trabalho anteriores.

Sustentado por estes quatro princípios, a teoria de Taylor foi aplicada no


mundo todo, centralizando cada vez mais o poder nas mãos das classes
dominantes detentoras do capital, se tornando mais que uma técnica produtiva,
sendo uma técnica de dominação social.

Taylor era consciente de que haveria muita resistência e reação com relação a
aplicação de sua teoria, e foi muito hábil na implantação de elementos que
tornariam o ambiente da fábrica favorável a suas idéias. Para isso, uma das
medidas implantadas foi a adoção de salários por peças e prêmios por
produtividade, instaurando nas fábricas a competitividade e acabando com a
“indolência” que havia anteriormente como mecanismo de defesa e
solidariedade. Outra medida foi a caracterização de sua teoria como “ciência”,
e assim sendo, não passível de contestação e refutação, sendo que isto

20
forneceu grande legitimidade ao método Taylor. A criação da figura
estereotipada do “operário padrão” como modelo a ser seguido por todos para
se atingir o sucesso. A implantação de medidas compensatórias e
paternalistas por parte das direções, como locais de lazer para os operários,
moradias operárias e alimentação nas fábricas, também contribuíram para que
o operário se sentisse muito “grato” para com a empresa, e assim sendo, a
extração da “mais valia” por parte do capital e também o controle maior sobre o
operário, inclusive sobre sua vida privada, se tornaram muito facilitados.
Convém citar que estas medidas compensatórias alternativas foram muito
férteis na Itália fascista (Dopolavoro) e na Alemanha nazista (Departamento de
Beleza do Trabalho), tornando-se desde meados dos anos 20 em elementos
de extensão das fábricas que até hoje permanecem, sendo inclusive pontos
defendidos pelos Sindicatos e pela ergonomia contemporânea.

Apesar de continuar sendo aplicada até hoje no mundo inteiro, a teoria de


Taylor não pode ser mais considerada como absoluta, nem mesmo ser
apontada como a melhor ferramenta no relacionamento homem-trabalho. O
fato principal deste desmascaramento é justamente o homem, o operário, pois
ao fazê-lo se tornar uma extensão da máquina, Taylor e seus seguidores não
levaram em conta suas características, sua saúde, suas angústias, sua
dignidade, induzindo assim à própria imbecilização e degradação do homem e
da sociedade como um todo.

Alguns autores afirmam que Taylor foi o primeiro “ergonomista” deste século,
pois embora esta afirmação pareça, a primeira vista, uma verdadeira
aberração, notamos que quando se implanta algo novo, algo que altere
significativamente o relacionamento e comportamento humano em qualquer
área, os mecanismos de defesa se aprimoram, a solidariedade aumenta, os
estudos a respeito se incrementam, e as conquistas sociais acontecem.
Podemos comparar o ocorrido no Brasil durante o regime da ditadura militar
(1964-1985), onde foi a época em que a resistência em busca da liberdade
perdida deu ao país as pessoas mais preparadas, intelectualizadas e
politizadas que temos hoje em nosso meio.

Com o advento do Taylorismo e o conseqüente massacre imposto ao


operariado, nasceram e floresceram as correntes de pensamento
antropocêntrico, preocupadas com a vida e a saúde dos trabalhadores, com
suas necessidades e desejos (Maslow), com as conseqüências psicológicas e
fisiológicas que o trabalho impõe ao operário (psicopatologia do trabalho),
enfim iniciaram-se os estudos e a implementação da ergonomia propriamente
dita.

Convém citar que o objetivo de Taylor não é muito diferente de um dos


objetivos buscados pelos ergonomistas de hoje, que é o aumento de
produtividade no trabalho, porém os métodos de obtenção são extremamente
distintos, pois enquanto Taylor pregava a adaptação do homem ao trabalho, a
ergonomia prega a adaptação do trabalho ao homem.

21
Podemos ilustrar algumas diferenças entre o Taylorismo e a ergonomia, pela
relação esquemática a seguir:

produtividade

TAYLORISMO ERGONOMIA

*Divisão do trabalho *Trabalho


participativo.

*Adaptação do homem ao trabalho *Adaptação do


trabalho ao homem.

*Teoria do homem-máquina *Preocupação com a


saúde física e
mental do
trabalhador.

*Isolamento do homem no trabalho *Trabalho em grupo,


cooperativo e
crítico.

*Motivação financeira individual *Motivação através


da valorização
humana.

*Resultado imediatista *Resultado


duradouro.

*Preocupação só com o ambiente *Preocupação também


com ambiente.

*Imbecilização do trabalho *Trabalho com


conteúdo.

*Operário bovino *Operário humano.

22
Capítulo 2 - FISIOLOGIA E MECÂNICA DO TRABALHO:

2.1 - FISIOLOGIA DO TRABALHO:

FUNÇÃO NEUROMUSCULAR
COLUNA VERTEBRAL
METABOLISMO
FUNÇÕES FISIOLÓGICAS QUE VISÃO
INFLUEM NO TRABALHO: AUDIÇÃO
SENSO CINESTÉSICO

FUNÇÃO NEUROMUSCULAR:

Sistema Nervoso (Células nervosas ou neurônios):

O sistema nervoso central, é equipado para receber, interpretar e processar as


informações recebidas, transformando-as em movimentos musculares, como
gestos, fala, movimento do olhos e outros.
A transformação dos estímulos do mundo exterior ou do próprio corpo em
reações do organismo, ou movimentos musculares, se dá por descargas
eletricas.

NEURÔNIO SINAPSE NEURÔNIO

Músculos:

Responsáveis por todos os movimentos do corpo, trasnformando a energia


armazenada no corpo em contrações:

ESTRIADOS / ESQUELÉTICOS

MÚSCULOS DO CORPO LISOS

DO CORAÇÃO

23
Os músculos estriados são os responsáveis pela execução dos movimentos e
de trabalhos realizados conscientemente pelo homem.
CONTRAÇÃO CONCÊNTRICA

MOVIMENTOS MUSCULARES

CONTRAÇÃO EXCÊNTRICA
(DISTENSÃO)

Os músculos agem como um sistema de alavancas, pois para cada movimento


do corpo, encontram-se dois músculos envolvidos, quando um se contrai outro
se distende:

24
COLUNA VERTEBRAL:

Funciona como o sistema de pilares de um edifício, sustentando carga. Tem


ainda a função de proteger a medula espinhal, que faz parte do sistema
nervoso central.

Sendo a coluna vertebral uma peça muito delicada, ela está sujeita a diversas
deformações, que podem ser congênitas ou adquiridas.
Deformações adquiridas durante a vida: São devido a esforços físicos, má
postura no trabalho, deficiência da musculatura de sustentação e processos
infecciosos, e as principais são: Escoliose, Cifose e Lordose.

METABOLISMO:

O metabolismo aborda os aspectos energéticos do corpo humano.


A energia provém da alimentação.
O corpo humano pode ser comparado a uma máquina térmica:

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(transf. Calor
química) (oxidação)
ALIMENTAÇÃO COMBUSTÍVEL ENERGIA CO2

H2O

METABOLISMO

Essa energia produzida pelo organismo deve ser suficiente para fazer com que
a pessoa esteja apta a: Manter-se viva e
executar atividades.
SOBREVIVÊNCIA (Basal)
ENERGIA (ALIMENTAÇÃO)
ATIVIDADES (Trabalho)

VISÃO:

O mecanismo da visão se dá pelos olhos e segundo diversos autores é o orgão


dos sentidos mais importante que possuímos, tanto para o trabalho como para
a vida diária.
A estrutura do olho funciona de maneira análoga a uma câmara fotográfica:

CÂMARA OLHO

Filme / Lente / Diafragma LUZ Pupila / Cristalino / Retina

Características da visão:
A visão apresenta algumas características particulares que são muito
importantes para o desempenho do trabalho humano,quais sejam: Acuidade
Visual, Acomodação e convergência e Percepção das cores.

Acuidade Visual:
É a capacidade para bem distinguir pequenos detalhes.
Depende principalmente da iluminação e do tempo de exposição.

Acomodação e convergência:
Acomodação: É a capacidade do olho em focalizar objetos à várias distâncias.
(Miopía e hipermetropia).
Convergência: É a capacidade dos olhos de se movimentarem
coordenadamente para focalizarem o objeto. (Strabismo). Dependem
principalmente da musculatura dos olhos.

Percepção de cores:
É a capacidade da visão em conseguir distinguir as cores, isto é, em enxergar
radiação de diferentes comprimentos de onda. (Daltônicos).
O olho humano é sensível à radiações que variam de 0,4 a 0,75 .

26
Spectro eletromagnético para a luz visível:

0,4 0,45 0,5 0,55 0,6 0,65 ( )


Violeta Azul Verde Amarelo Laranja Vermelho

AUDIÇÃO:

Se dá através do ouvido e sua função básica é captar e converter ondas de


pressão em sinais elétricos que são transmitidos ao cérebro para produzir as
sensações sonoras.
Se os olhos se assemelham à uma câmara fotográfica, o ouvido se assemelha
a um microfone.

Características do som:
O som é caracterizado e identificado, por três variáveis: Freqüência,
Intensidade e Duração.

Freqüência:
É o número de oscilações ou vibrações por segundo (Hz), e subjetivamente
pode ser percebida como altura do som.
20 Hz
(sensível)
Ouvido Humano Voz = 1000 a 3000

20.000 Hz

Sons abaixo de 1.000 Hz GRAVES


Sons acima de 3.000 Hz AGUDOS

Intensidade:
É a potência do som por unidade de área. Como a gama de intensidades
audíveis é muito grande, usa-se uma escala logarítmica (dB) para medir essa
intensidade.
Dessa forma é importante salientar que um aumento de 10 dB significa um
aumento de 10 vezes a pressão sonora sobre o ouvido, e cada vez que a
intensidade do som sobe 3 dB, a pressão no ouvido dobra, aumentando
100%.
20 dB
(sensível)
Ouvido Humano sons normais:50 a 80dB

120 dB

Acima de 120 dB Desconforto

27
Acima de 140 dB Dor.

SENSO CINESTÉSICO:

O senso cinestésico fornece informações sobre movimentos de partes do


corpo, sem exigir um acompanhamento visual.
No trabalho, esse senso é muito importante, pois muitos dos movimentos dos
pés e das mãos são executados sem olhar, enquanto a visão se concentra em
outras atividades simultâneas.
Também é muito importante para o desenvolvimento de habilidades
musculares, pois funciona como um realimentador de informações ao cérebro,
para que o mesmo avalie se um movimento muscular foi realizado de acordo
com seu comando.
Como exemplo, podemos citar que um digitador experiente e hábil, é capaz de
perceber que errou apenas pelo movimento de seus dedos, antes mesmo de
conferir pela visão, o resultado da digitação.

2.2 - BIOMECÂNICA DO TRABALHO:

Analisa as interações e as conseqüências da relação homem-trabalho, do


ponto de vista dos movimentos músculo-esqueletais.
Posturas Corporais

BIOMECÂNICA

Aplicações de forças

O combustível necessário às movimentações dos músculos é o sangue, que é


levado até ele pelos vasos capilares. Quando o músculo se contrai, o mesmo
estrangula os capilares, diminuindo a quantidade de sangue irrigada e
conseqüentemente produzindo a fadiga muscular.
Essa situação pode ser revertida com o contrair e distender do músculo, o qual
passaria a funcionar como uma bomba sangüínea.
Logo:

MÚSCULO CONTRAÍDO IRRIGAÇÃO DE SANGUE FADIGA

ESTÁTICO LONGO TEMPO CONTRAÇÃO FADIGA

TRABALHO

DINÂMICO CONTRAÇÃO/DISTENSÃO EQUILÍBRIO

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Com relação às posturas corporais, podemos classificá-las em três posturas
básicas:Deitada, Sentada e Em pé.

Postura deitada: Não apresenta concentração de tensões, permite o


relaxamento muscular. É a posição indicada para repouso e recuperação da
fadiga.

Postura sentada: Atividade muscular do dorso e do ventre. Praticamente todo o


peso é suportado pela pele das nádegas. Corpo levemente inclinado para a
frente é uma posição mais natural e menos fatigante que a ereta.

Postura em pé: É altamente fatigante por exigir muito trabalho estático da


musculatura para se manter nessa posição.
Nessa posição, sempre deve-se dar preferência ao trabalho dinâmico.

Certas máquinas, assentos ou bancadas, obrigam o trabalhador a permanecer


em uma postura inadequada, aparecendo nesse caso dores localizadas sendo
que as mais comuns são:

POSTURA DORES
*Em pé *Pernas e pés (varizes)
*Sentado sem encosto *Músculos extensores do dorso
*Assento muito alto *Parte inferior das pernas, joelhos e
pés
*Assento muito baixo *Dorso e pescoço
*Braços esticados *Ombros e braços
*Pega inadequada em ferramen. *Antebraços

Um exemplo de inadequação muito comum em situação de trabalho, é a


inclinação da cabeça para a frente, que pode ser motivada por: assento muito
alto, mesa muito baixa, cadeira muito longe da visualização do objeto de
trabalho, ou mesmo em trabalhos específicos como microscópio. Essa postura
é típica para o aparecimento de dores no pescoço, pois provoca uma fadiga
muito rápida em seus músculos.

29
Para se tentar minimizar os efeitos ou dores causadas por problemas de
postura, é interessante inicialmente executar o registro da postura comum
adotada pelos trabalhadores para a atividade, bem como localizar os pontos
dolorosos no corpo dos mesmos, ouvindo suas queixas. Das análises desses
dados, se propõe medidas corretivas. Esses dados podem ser obtidos
utilizando-se o sistema OWAS, proposto por Karkun, Kansi e Kuorinka em
1977 e pelo diagrama de regiões doloridas proposto por Corlett e Manenica em
1980.

30
APLICAÇÃO DE FORÇAS

As forças humanas são resultados de contrações musculares que podem ser


de apenas alguns músculos ou de diversos músculos.

Características dos Movimentos:

De acordo com a combinação dos músculos que participam dos movimentos,


estes podem ter características e gastos energéticos diferentes. Um operador
experiente se fadiga menos que um novato, por saber usar uma combinação
mais eficiente para seus movimentos.
Grandes esforços devem ser executados preferencialmente utilizando-se a
musculatura das pernas, por serem mais resistentes. Além disso, sempre
deve-se utilizar a gravidade a seu favor.

Precisão:
Geralmente os movimentos de precisão são executados com as pontas dos
dedos. Se for necessária a aplicação de maior força para o movimento,
utilizando o punho, cotovelo e ombros, haverá prejuízo da precisão. Isso
geralmente ocorre em atividades altamente repetitivas, onde há maior chance
de fadiga nos dedos.

Ritmo:
Os movimentos devem ser suaves, harmônicos e rítmicos. Mudança brusca de
ritmo aumenta a fadiga porque exige maior contração muscular.

Transmissão de movimentos e forças:

No posto de trabalho, as exigências de forças e torques devem ser adaptadas


às capacidades do operador em situação de trabalho. No caso de uma
alavanca, por exemplo, a força deve ser medida na posição exata que essa
alavanca estiver situada. A resistência dessa alavanca, ou seja, a força
necessária para movimentá-la, deve apresentar um valor máximo de tal
maneira que possa ser manejada por um operador mais fraco, e um valor
mínimo a fim de que se evitem acidentes por acionamento voluntário.

Forças para empurrar ou puxar:


A capacidade para empurrar ou puxar, depende de vários fatores, como tipo
físico (antropométrico), sexo, postura, atrito entre o sapato e o piso, e outros.
Os valores médios, entretanto, oscilam entre 200 e 300 N para homens e cerca
de 40 a 60% disso para mulheres. Testes para a verificação do ponto de
aplicação dessa força podem ser feitos utilizando equipamento similar ao
dinamômetro apresentado abaixo, proposto por Chaffrin, Andres e Carg em
1983.

31
Força para alcance vertical:
Quando o braço é mantido na posição elevada, acima dos ombros, os
músculos dos ombros e bíceps se fadigam rapidamente, podendo aparecer
dores.

Alcance horizontal:
Tendo-se um peso às mãos, é utilizado como referência a linha vertical que
passa pelos ombros, para se determinar o tempo máximo que se pode
agüentar o peso, em função da distância que esse peso se encontrar dessa
linha imaginária. Acima dos limites mostrados abaixo, começam a surgir dores
nos braços e nos ombros. Se for utilizado um apoio para o cotovelo, esses
tempos podem ser triplicados.

32
LEVANTAMENTO E TRANSPORTE DE CARGAS:

O manuseio de cargas pesadas, tem sido uma das mais freqüentes causas de
traumas dos trabalhadores. Torna-se necessário conhecer a capacidade
humana máxima para levantar e transportar cargas.

Levantamento de cargas:

Resistência da coluna:
A musculatura das costas é a que mais sofre com o levantamento de peso.
Como a coluna vertebral é frágil, é importante sempre que possível que a
carga sobre a coluna seja feita no sentido vertical, evitando-se as cargas com
as costas curvadas.

Capacidade de carga máxima:


Primeiramente deve-se determinar a capacidade isométrica das costas, que é
a carga máxima que uma pessoa pode levantar, flexionando as pernas e
mantendo o dorso reto na vertical. Essa capacidade varia principalmente
conforme se usem as musculaturas das pernas, braços ou dorso, e também
pela sua localização em relação ao corpo.

Forças(kgf) para Mulheres Homens


movimentos não
repetitivos 95% 50% 5% 95% 50% 5%
Força das pernas 15 39 78 39 95 150
Força dos braços 7 20 36 20 38 60
Força do dorso 10 24 58 21 50 105

33
Distância (m) a partir do Capacidade de levantamento
CORPO PISO MULHERES HOMENS
(Horizontal) (Vertical) 50% 95% 50% 95%
0,3 23 7 51 45
0,3 0,9 19 11 44 39
1,5 11 5 47 29
0,3 9 0 24 9
0,6 0,9 6 1 28 15
1,5 5 0 21 11
0,3 0 0 5 0
0,9 0,9 1 0 10 1
1,5 0 0 7 0

Recomendações para o levantamento de cargas:


* Mantenha a coluna reta e use a musculatura das pernas, como fazem os
halterofilistas.
* Mantenha a carga o mais próximo possível do corpo, para reduzir o momento
provocado pela carga.
* Procure manter cargas simétricas, usando as duas mãos para evitar
momentos em torno do corpo.
* A carga deve estar a 40 cm acima do piso, senão execute o levantamento em
duas etapas.
* Antes de levantar peso, remover os obstáculos que possam atrapalhar os
movimentos.

TRANSPORTE MANUAL DE CARGAS:

Do mesmo modo que no levantamento de cargas, o transporte manual de


cargas deve ser executado sempre que possível com a coluna em posição
ereta.

Recomendações para o transporte:


* Manter a carga na vertical ou o mais próxima possível do corpo.
* Usar cargas simétricas.
* Usar meios auxiliares.
* Trabalhar em equipe.

34
Capítulo 3 - CARACTERÍSTICAS E LIMITAÇÕES HUMANAS

O organismo humano, posssui um caráter totalmente dinâmico, e assim sendo,


todas as suas características pessoais bem como as transformações que
ocorrem a cada situação, influem diretamente no desempenho no trabalho.

3.1 - MECANISMOS ADAPTATIVOS:

Muito embora a ergonomia seja definida como o “estudo da adaptação do


trabalho ao homem”, é interessante analisar alguns aspectos relacionados ao
estudo da adaptação orgânica do homem ao desempenho de atividades, isto
é, quando e sob que condições a execução do trabalho é melhor desenvolvida
pelo homem.

RITMO CIRCADIANO:

Engloba o conjunto de oscilações que quase todas as funções fisiológicas


executam num ciclo aproximado de 24 horas. Vem do latim “circa die”, cerca
de um dia.
De todas as funções orgânicas a oscilação mais significativa e de fácil medida
é a variação da temperatura interna do corpo. Ela sofre variações de 1,1 a 1,2
ºC durante o dia, variando em média de 36,2 a 37,4 ºC. Normalmente ela
começa a subir por volta das 8 horas da manhã, mantendo-se elevada até às
22 horas, começando a cair a partir daí, atingindo um mínimo entre 2 e 4 horas
da madrugada, voltando a subir para completar o ciclo. Existem fortes
indicadores da influência da luz solar sobre o ritmo circadiano.

35
PESSOAS MATUTINAS

DE ACORDO COM O RITMO CIRCADIANO

PESSOAS VESPERTINAS

Indivíduos Matutinos:
São mais ativos na parte da manhã do dia, acordam com mais facilidade e
costumam dormir cedo. Sua temperatura interna atinge um máximo por volta
das 12 horas. São mais eficientes para identificar falhas e problemas no
período da manhã.

Indivíduos Vespertinos:
São mais ativos no período da tarde. Tem menor disposição no período da
manhã, porém se adaptam melhor ao trabalho noturno. São mais eficientes
para identificar falhas e problemas à tarde e à noite.

36
Ao se estudar a influência do ritmo circadiano sobre o trabalho, notou-se sua
clara correlação com o nível de alerta e desempenho. A maior freqüência de
acidentes, coincidentemente também ocorre entre 2 e 4 horas da manhã.

É importante não confundir o ritmo circadiano com a teoria dos biorritmos.

Teoria dos biorritmos: 3 tipos de ciclos (a partir do dia do nascimento):

FÍSICO: 23 dias de duração


EMOCIONAL: 28 dias de duração
INTELECTUAL: 33 dias de duração

Exemplo do ciclo físico:

desempenho
Fase Positiva

23
1/4 ciclo 3/4 ciclo dias

Fase Negativa

* Foram realizados testes com 62.000 erros de leitura ocorridos de hora em


hora em uma indústria e constatou-se maior freqüência de erros às 3 horas da
madrugada, quando o nível de alerta é menor. (Comprovação científica da
influência do ritmo circadiano).

* Foram realizados teste a respeito de 4.008 acidentes aéreos que tiveram


causas humanas, e as análises a partir da data de nascimento dos pilotos não
apresentaram qualquer correlação entre a teoria do biorritmo e os acidentes.

37
INÍCIO DA ATIVIDADE:

Como qualquer máquina térmica, o corpo humano deveria ser pré-aquecido


para entrar em funcionamento normal, pois o mesmo passa por diversas
transformações fisiológicas no início da atividade, especialmente naquelas que
exigem esforço físico pesado.

Início da atividade:
No início da atividade, os músculos encontram-se em desvantagem orgânica,
trabalhando com um débito de oxigênio.
O desequilíbrio entre a demanda e o suprimento de oxigênio, é restabelecido
após decorrido de 2 a 3 minutos do início.
Terminando a atividade, o retorno aos níveis fisiológicos normais leva
aproximadamente 6 minutos.

ADAPTAÇÃO PELO TREINAMENTO:

A primeira vez que se realiza uma tarefa, geralmente é a mais difícil, e nesse
caso o trabalhador estará mais propenso a cometer erros, executar
movimentos bruscos e deselegantes, e se sentir mais fatigado. Com o passar
do tempo de prática, melhora sua coordenação muscular e seus movimentos
ficam mais harmoniosos. Desse maior costume, ou treinamento, provém um
menor gasto energético e um aumento da produtividade.
Durante o aprendizado da execução da tarefa, treinamento, ocorrem
alterações no organismo do trabalhador que o tornam cada vez mais hábil na
execução da tarefa, quais sejam:

Aprendizagem da seqüência das atividades:


Quanto maior for a experiência na execução, mais rápida será a própria
execução de uma seqüência longa de tarefas, sem a necessidade de separá-
las em subtarefas mais simples.

Ajuste dos canais sensoriais:


A medida que o trabalhador for se tornando mais hábil na execução de uma
tarefa, os canais sensoriais utilizados vão se alterando. Um aprendiz de
motorista que para trocar a marcha do veículo em movimento olha para o

38
câmbio, executa essa mesma seqüência de maneira automática, praticamente
“às cegas” quanto mais experiência for obtendo. Neste caso temos o senso
cinestésico substituindo a visão.

Ajuste dos padrões motores:


Seleção mais adequada dos movimentos para a execução das atividades.
Sincronia mais apropriada entre os órgãos sensoriais utilizados,
proporcionando uma melhoria na velocidade, ritmo e trajetória dos
movimentos.

Redução da atenção consciente:


Se dá quando o trabalhador executa a atividade automaticamente, com
necessidade de poucas informações, dispensando o uso dos canais
sensoriais. O trabalhador desenvolve uma capacidade de fazer controle por
exceção. Nesse caso, ao receber uma informação que não corresponde à sua
expectativa, o trabalhador reativa seus canais sensoriais que haviam sido
dispensados anteriormente.

USO DE ESTIMULANTES:

Dentre os casos mais comuns de substâncias estimulantes utilizadas pelos


trabalhadores estão: Cafeína, fumo e álcool.

Cafeína:
Estimulante até certos níveis, variando de 0,3 a 0,5g, conforme a tolerância
individual. Psicologicamente aumenta a vigilância, reduz a inibição, alivia a
fadiga e provoca queda do apetite. Fisiologicamente eleva a temperatura
corporal, acelera o ritmo cardíaco e aumenta o consumo de oxigênio.

Fumo:
Contém monóxido de carbono à razão de 4% de seu volume. Esse gás
apresenta um poder de 200 a 300 vezes maior que o oxigênio para se
combinar com a hemoglobina do sangue, que serve como transporte de
oxigênio dos pulmões para os músculos.
1 carteira de cigarros por dia, representa uma perda de 5 a 10% da capacidade
física.

Álcool:
Benéfico se consumido em doses moderadas. Provoca um aumento do ritmo
cardíaco e uma aceleração da transmissão das informações, reduzindo o
tempo de resposta. A pessoa fica também mais desinibida e consegue exercer
maiores forças.
* Pequenas doses, até 25g tendem a aumentar a produtividade apenas
durante os primeiros 30 minutos, caindo aos níveis iniciais após 2 ou 3 horas.
* Experimento mostrou que doses superiores a 0,25g de álcool por kg de peso,
(para uma pessoa de 70 kg, 17,5g de álcool), começa a piorar o desempenho,
aumentando o tempo de reação e os erros.

39
3.2 - MONOTONIA:

Monotonia é a reação do organismo a um ambiente uniforme, com execução


de tarefas repetitivas, desprovidos de estímulos e sem variações de excitações
e expectativas.

SINTOMAS:
SENSAÇÃO DE FADIGA
SONOLÊNCIA MONOTONIA
MOROSIDADE
FALTA DE ATENÇÃO

CAUSAS:

* Atividades prolongadas e repetitivas;


* Atividades de atenção continuada, sem variações.

AGRAVANTES:

* Curta duração do ciclo de trabalho;


* Curto período de aprendizagem;
* Restrição dos movimentos corporais;
* Condições ambientais desfavoráveis;
* Isolamento social.

CONSEQÜÊNCIAS:

* Diminuição da atenção;
* Aumento do tempo de reação.

Outras pesquisas comprovam que principalmente em serviços de vigilância,


existem um decréscimo acentuado na mesma após 30 minutos de trabalho
contínuo.

40
A figura acima mostra também que após o intervalo do almoço (12 às 13 h) a
vigilância aumenta, porém não ocorre a redução no tempo de resposta.
(Estado letárgico)

O desempenho na percepção de sinais pode ser aumentado, melhorando-se a


visibilidade do sinal (contraste e forma), a sua intensidade (som) e
aumentando-se até certo ponto, sua freqüência de ocorrência. Recomenda-se
uma faixa de trabalho de 3 a 10 sinais por minuto.

FATORES FISIOLÓGICOS DA MONOTONIA:

A falta de variações de excitação não estimulam as estruturas de ativação do


cérebro, os quais não enviam sinais aos órgãos. Para o sistema sensorial,
essa falta de variação é praticamente como se não houvesse excitações,
porque o organismo já se “habituou” a elas, e esse “desligamento” cerebral
leva a uma diminuição geral das reações do organismo.
O hormônio responsável por manter o nível de atividade humana é a
adrenalina, e sua produção está ligada a fatores físicos e psíquicos.

tarefa monótona

POUCA PRODUÇÃO REDUÇÃO CAPACIDADE


FALTA DE DESAFIOS DE ADRENALINA FÍSICA E
MENTAL

41
FATORES PSICOLÓGICOS DA MONOTONIA:

* Complexidade da tarefa;
* Objetivo de vida;
* Habilidade do trabalhador;
* Característica psicológica do trabalhador;
* Satisfação com o trabalho (organização do trabalho)

O sexo e a inteligência não têm correlação científica com a monotonia.

3.3 - FADIGA:

Fadiga é o efeito de um trabalho continuado (duração do trabalho), que


provoca uma redução reversível da capacidade do organismo e uma
degradação qualitativa do trabalho.

CAUSAS:
* Intensidade e duração do trabalho físico e mental;
* Monotonia sentida na execução do trabalho;
* Falta de motivação;
* Condições ambientais;
* Condições sociais no trabalho

CONSEQÜÊNCIAS:
* Menor aceitação de padrões de precisão e segurança;
* Aumento dos índices de erro;
* Maior desorganização das estratégias para atingir um objetivo.

42
FATORES FISIOLÓGICOS DA FADIGA:

* A fadiga resulta do acúmulo de ácido lático nos músculos.

Atividade Maior Incapacidade


Intensa Produção do Sistema ACÚMULO
de ácido Circulatório
lático na total remoção FADIGA

* A fadiga também ocorre quando do esgotamento das reservas de energia, ou


seja, baixo teor de açucar no sangue.

A fadiga fisiológica é reversível, porém existe a fadiga crônica que alia a


situação de trabalho com fatores pessoais, como conflitos e frustrações.

FATORES PSICOLÓGICOS DA FADIGA:

* Relacionamento pessoal, monotonia, motivação e problemas de saúde;


* Predomínio de trabalho mental, com poucas solicitações de esforços
musculares.

3.4 - MOTIVAÇÃO:

A motivação é o “estado pessoal” (ou determinação, “garra” ou impulso ou


motivo), que faz com que uma pessoa persiga determinado objetivo, durante
um certo tempo, que pode ser longo ou curto, e este “estado” não pode ser
explicado apenas pelos conhecimentos, experiências e habilidades da pessoa.

DECISÃO PESSOAL
MOTIVAÇÃO COM DE BEM REALIZAR
O TRABALHO ESSE TRABALHO

JUSTIFICATIVAS PSICOLÓGICAS PARA A MOTIVAÇÃO:

Dentro das linhas psicológicas, existem dois grupos de teorias que tentam
explicar o processo da motivação:
Teoria de processo e Teoria de conteúdos:

Teoria de processo: (expectância-valência)

Expectância: Avaliação das chances ou probabilidade de sucesso antes de


iniciar uma tarefa.
Valência: Significado do resultado, ganho ou outra conseqüência pela qual a
pessoa acha que vale a pena realizar essa tarefa.

Dentro dessa teoria, para ser tarefa motivadora, é preciso:

43
* Estabelecimento claro das metas a serem alcançadas;
* Existência de um certo desafio na tarefa;
* Realimentação das informações relacionadas com as metas a serem
alcançadas;
* Certa dose de competitividade, através do conhecimento dos resultados
obtidos por outros.

Teorias de Conteúdo:

Procuram determinar as necessidades que motivam uma pessoa, ou a classe


de motivos que elas procuram atingir:

TEORIA DE MASLOW:

Segundo essa teoria, as pessoas são motivadas a alcançar ou manter certas


necessidades básicas, relacionadas com o bem estar físico e intelectual.
NÍVEL 1: Necessidades fisiológicas
NÍVEL 2: Necessidade de segurança
NÍVEL 3: Necessidade de amor
NÍVEL 4: Necessidade de ego
NÍVEL 5: Necessidade de auto-estima

TEORIA DE ALDERFER:

Simplificação da teoria de Maslow, com apenas 3 níveis:


NÍVEL 1: Necessidade de existência
NÍVEL 2: Necessidade de relacionamento
NÍVEL 3: Necessidade de crescimento

As necessidades contidas nessas duas teorias, são de difícil identificação em


um ambiente de trabalho.

ESTUDO DE HERZBERG:

Realizado em um ambiente de trabalho, levantou as causas de maior


satisfação e de menor aborrecimento.

Maior satisfação: realização, reconhecimento, o


trabalho em sí, responsabilidade,
avanço, crescimento.

Maior aborrecimento: política e administração da


empresa, supervisão, condições de
trabalho, salário, relacionamento
com colegas, vida pessoal,
relacionamento com subordinados,
status, segurança.

44
IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO:

A motivação é muito importante, devido às proporcionalidades apresentadas


abaixo:

Proporcionalidade Direta:

MOTIVAÇÃO PRODUTIVIDADE

Proporcionalidade inversa:

MOTIVAÇÃO MONOTONIA E FADIGA

Dois pontos são básicos para a motivação no trabalho:

* Salário;
* Relacionamento de franqueza entre trabalhadores e administração da
empresa.

Capítulo 4 - ANTROPOMETRIA E POSTOS DE TRABALHO:

A antropometria trata das medidas físicas do corpo humano. O interesse e a


necessidade de estudos antropométricos basearam-se nas exigências da
produção em massa. Até a década de 40, as medidas visavam apenas as
grandezas médias, como pesos e estaturas. Após isso, surgiu a preocupação
com as variações e os alcances dos movimentos, e hoje os estudos
concentram-se em analisar as variáveis inerentes à antropometria, como
etnias, desenvolvimento, regiões e cultura. Devido à globalização da economia,
procura-se a determinação de padrões mundiais de medidas.

4.1 - DIFERENÇAS INDIVIDUAIS:

De acordo com pesquisas de Sheldon em 1940, sobre 4.000 estudantes, foram


caracterizados três tipos básicos de corpos humanos, de acordo com suas
características físicas.

ENDOMORFO, MESOMORFO e ECTOMORFO.

45
Naturalmente a maioria das pessoas não se enquadram rigorosamente em
nenhum desses tipos básico, misturando-se.

INFLUÊNCIA DO SEXO:
Os homens costumam ser mais altos, mas as mulheres de mesma estatura
costumam ser mais gordas.

INFLUÊNCIA DA IDADE:
Durante as fases da vida, o corpo das pessoas sofre alterações e
principalmente nas proporções corporais. Essas alterações resultam de:
velocidade de crescimento diferenciada das partes do corpo e diferenças
individuais nas taxas de crescimento anual.
Da mesma maneira que ocorre com o crescimento, também há uma grande
diferença no processo de envelhecimento, o qual inicia-se de forma
pronunciada a partir dos 30 anos.

VARIAÇÕES EXTREMAS:
Verificadas dentro da mesma população entre: os mais altos e mais baixos,
mais gordos e mais magros, e devido a fatores biológicos como gravidez,
gigantismo, nanismo, subnutrição, etc.

46
4.2 - ETNIAS E EVOLUÇÃO:

As mais significativas variações extremas de estatura encontram-se na África:


PIGMEUS 1,40 m
SUL DO SUDÃO 1,83 m.

INFLUÊNCIA DA ETNIA NAS PROPORÇÕES:


Com o crescente movimento migratório, constatou-se através de
estudos, forte correlação entre etnia e proporções corporais. Os filhos de
imigrantes japoneses nos E.U.A., apresentaram um crescimento médio de 11
cm a mais que a geração de seus pais, porém suas proporções corporais não
variaram significativamente. Esse problema é principalmente sentido pelas
indústrias de confecções. Os árabes, por exemplo, tem braços e pernas mais
compridos que os europeus, enquanto os orientais tem os membros mais
curtos.

47
INFLUÊNCIA DA ÉPOCA E DA EVOLUÇÃO:
Dentro de uma mesma população, nota-se variações nas medidas
antropométricas, devido à época, pois de acordo com a alimentação, saúde e
prática de esportes, as pessoas podem aumentar o seu crescimento e suas
medidas corporais.
Esse fato é muito sentido em povos sub-alimentados, que passam a ter maior
desenvolvimento e qualidade de vida.

ESTABELECIMENTO DE PADRÕES INTERNACIONAIS:


Existem duas grandes justificativas para essa preocupação:
* Crescente internacionalização da economia;
* Alianças militares como OTAN, Pacto de Varsóvia, etc.

4.3 - REALIZAÇÃO DE MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS:

As medidas antropométricas devem ser medidas, sempre que possível, de


maneira direta, com as amostras significativas. Essa pesquisa compreende:
Definição de objetivos; Definição de medidas; Escolha de métodos de
medidas; Seleção da amostra; Mediçòes e análises estatísticas.

Definição de objetivos:
Deve-se sempre ter em mente: “Medir o quê?”,”onde”?,”para quê?”
Dessa definição, decorre a idéia de antropometria estática e antropometria
dinâmica ou funcional.
Estática: Medidas se referem ao corpo parado.
Dinâmica: Se referem aos alcances dos movimentos

Definição das medidas:


Envolve a descrição, entre quais pontos serão feitas as medidas. Deve
especificar claramente a sua localização, direção e postura.
Exemplo: Comprimento ombro-cotovelo: Medir a distância vertical entre o
ombro, acima da articulação do úmero com a escápula, até a parte inferior do
cotovelo, com a pessoa sentada e o ante-braço estendendo-se
horizontalmente.

Escolha dos métodos:


Os métodos de medição antropométrica, se classificam em diretos e indiretos.
Os métodos diretos implicam em utilização de equipamentos de medição que
entram em contato direto com o corpo, como réguas, trenas, paquímetros, etc.
Métodos indiretos envolvem fotos do corpo ou parte dele, contra malha
quadriculada.

48
Seleção da amostra:
A amostra deve ser a mais representativa possível, evidenciando-se suas
características como: sexo, idade, biótipo e deficiências físicas, profissão,
esportes, nível de renda, etc.
O tamanho da amostra varia de acordo com a precisão que se deseja e com a
variabilidade da medida. As forças armadas americanas, por exemplo, adotam
suas medidas antropométricas baseadas em pesquisas realizadas sobre
amostras de 3 a 5 mil indivíduos. Na maioria das aplicações em ergonomia, é
suficiente de 30 a 50 pessoas.

Medições e análises estatísticas:


As medidas antropométricas geralmente seguem “distribuição normal” ou de
“Gauss”, onde elas normalmente são representadas pela média e desvio
padrão, a fim de se calcularem os intervalos de confiança.
Int. Confiança = Média Desvio Padrão x Coef. Dist.Normal

Um artifício muito usado é a elaboração de fórmulas matemáticas que


determinam uma medida desconhecida, a partir de outra medida conhecida.
Esse artifício só deve ser utilizado se a correlação entre as medidas seja
superior a 80%.

49
4.4 - ANTROPOMETRIA ESTÁTICA:

Conforme já dito anteriormente, sempre que possível utilizar medidas


antropométricas obtidas através de medições diretas de uma amostra dos
próprios usuários do sistema. Quando essa posição não se justificar ou for
impossível de se realizar, podem ser utilizadas tabelas antropométricas
existentes.

TABELAS ESTRANGEIRAS:
As tabelas antropométricas estrangeiras mais utilizadas, são as alemãs e
americanas.
Alemanha: DIN 33402/1981 Mais completa
E.U.A. US Public Health Publication nº1000/1965

RESUMO DA TABELA DA DIN:

MEDIDAS DE MULHERES HOMENS


ANTROPOMETRIA
ESTÁTICA (cm) 5% 50% 95% 5% 50% 95%
1. CORPO EM PÉ
1.1 Estatura, com corpo ereto 151,0 161,9 172,5 162,9 173,3 184,1
1.2 Altura dos olhos, em pé,
ereto 140,2 150,2 159,6 150,9 161,3 172,1
1.3 Altura dos ombros, em pé,
ereto 123,4 133,9 143,6 134,9 144,5 154,2

50
2. CORPO SENTADO
2.1 Altura da cabeça, a partir
assento, ereto 80,5 85,7 91,4 84,9 90,7 96,2
2.2 Altura dos olhos, a partir
assento, ereto 68,0 73,5 78,5 73,9 79,0 84,4
2.3 Altura dos ombros, a partir
assento, ereto 53,8 58,5 63,1 56,1 61,0 65,5

3. CABEÇA
3.1 Comprimento vertical da
cabeça 19,5 21,9 24,0 21,3 22,8 24,4
3.2 Largura da cabeça, de
frente 13,8 14,9 15,9 14,6 15,6 16,7
3.3 Largura da cabeça de
perfil 16,5 18,0 19,4 18,7 19,3 20,5

RESUMO DA TABELA AMERICANA:

MEDIDAS DE MULHERES HOMENS


ANTROPOMETRIA
ESTÁTICA (cm) 5% 50% 95% 5% 50% 95%
1.0 Peso (kg) 47 62 90 57 75 98
1.1 Estatura, corpo ereto 149,9 159,8 170,4 161,5 173,5 184,9
2.1 Altura da cabeça, sentado,
a partir assento 78,5 84,8 90,7 84,3 90,7 96,5
2.6 Altura poplítea (parte
inferior da coxa) 35,6 39,9 44,5 39,4 43,9 49,0
2.12 Largura entre cotovelos 31,2 38,4 49,0 34,8 41,9 50,5

* As numerações das tabelas acima, referem-se as medidas constantes na


figura abaixo.

51
TABELAS BRASILEIRAS:

No Brasil, ainda não existem tabelas antropométricas da população,


normalizadas pela ABNT.

52
Segundo nota informatizada publicado pela ABNT, em 2002:

Comissão vai estudar normas para as medidas do corpo humano

A crescente demanda por normas brasileiras para o uso da ergonomia, inclusive, modelagem de vestuário,
calçados, luvas, chapéus, adequação dos bancos dos carros, móveis, próteses etc, originou a criação de um
grupo de trabalho para estudar o assunto.

No próximo dia 23 de agosto, A ABNT e o Comitê Técnico do Censo Antropométrico Brasileiro se reunem na
Abravest (Associação Brasileira do Vestuário) para a instalação da ABNT/CEET- 00:001.46 - Comissão de
Estudo Especial Temporária de Medições do Corpo Humano.

Constam da pauta a indicação do coordenador da Comissão, apresentação do projeto Cendo Antropométrico,


elaboração de programa de trabalho e calendário de reuniões.

“Até agora nada...”

Foram realizados 3 levantamentos parciais nesse sentido:

* pelo FIBGE em 1977, para duas regiões: Rio de Janeiro e Estados do Sul do
Brasil. Foram medidos pesos, estaturas e perímetro do pulso esquerdo.

RESUMO DA TABELA DA FIBGE:

MEDIDAS DE ANTROPOMETRIA MULHERES HOMENS


ESTÁTICA (cm) 3% 50% 97% 3% 50% 97%
RIO DE JANEIRO
1.0 Peso (kg) 41,3 51,4 67,5 48,7 59,8 75,9
1.1 Estatura (cm) 149,3 157,6 169,9 158,6 169,5 181,9
ESTADOS DO SUL DO BRASIL
1.0 Peso (kg) 44,6 54,1 68,1 51,6 62,7 75,8
1.1 Estatura (cm) 149,0 158,3 168,4 159,6 170,2 182,5

* Estudo de Iida e Wierzbicki em 1973, na Phillips do Brasil, em Guarulhos SP,


com 257 homens e 320 mulheres:

RESUMO DA TABELA NA PHILIPS

MEDIDAS DE ANTROPOMETRIA MULHERES HOMENS


ESTÁTICA (cm) 5% 50% 95% 5% 50% 95%
1.1 Estatura, ereto, com sapatos 147,8 157,3 166,8 157,4 169,7 182,0
2.1 Altura da cabeça, sentado 74,8 83,0 91,2 72,0 87,3 102,6
2.9 Comprimento nádega-joelho 49,9 58,1 66,3 54,3 60,2 66,1

53
* Estudos de Ferreira em 1968, com 3.100 trabalhadores homens de 26
empresas do Rio de Janeiro:

RESUMO DA TABELA DE FERREIRA:

MEDIDAS DE ANTROPOMETRIA HOMENS


ESTÁTICA (cm) 5% 50% 95%
1 CORPO EM PÉ

1.1 Estatura, corpo ereto 159,5 170,0 181,0


1.2 Altura dos olhos, em pé, ereto 149,0 159,5 170,0

2 CORPO SENTADO

2.1 Altura da cabeça, a partir do 82,5 88,0 94,0


assento, ereto 72,0 77,5 83,0
2.2 Altura dos olhos, a partir do
assento, ereto

5 PÉS 23,9 25,9 28,0


9,3 10,2 11,2
5.1 Comprimento do pé
5.2 Largura do pé

COMPARAÇÕES ENTRE MEDIDAS NACIONAIS E ESTRANGEIRAS:

A comparação nem sempre é fácil ou possível, devido à limitação das medidas


nacionais.
Ao compararmos os estudos nacionais com os estrangeiros, pelas tabelas
acima, verificamos que as diferenças máximas encontradas são da ordem de
3,5%.Assim sendo, podemos concluir que, como os projetos de antropometria
consideram toleráveis os erros de até 5%, as tabelas estrangeiras podem ser
aplicáveis como indicador estimativo do caso brasileiro.

4.5 - ANTROPOMETRIA DINÂMICA E FUNCIONAL:

Quando os movimentos humanos inerentes às atividades de um determinado


posto de trabalho são previamente definidos, usam-se os dados da
antropometria dinâmica.

REGISTRO DE MOVIMENTOS:

Pode ser feito utilizando-se várias técnicas, como fotografias ou filmagens, ou


utilizando técnica mais simples e direta, fixando-se uma folha de papel sobre
um plano e fazendo riscos sobre a mesma. O registro dos movimentos
geralmente é realizado sobre um sistema de planos tri-ortogonais.

54
55
56
4.6 - CRITÉRIOS PARA A APLICAÇÃO DOS DADOS ANTROPOMÉTRICOS

Como já foi visto, os dados antropométricos geralmente são caracterizados por


sua média e seu desvio padrão. Assim sendo, podemos enumerar 4 princípios
básicos para a utilização desses dados:

1º PRINCÍPIO: PROJETOS PARA O TIPO MÉDIO.


Como é de conhecimento geral, l homem médio ou padrão é uma pura ilusão,
não existe. Porém certos projetos podem ser concebidos levando-se em conta
a existência de um homem médio. Como exemplo de aplicação, cita-se o
projetos de um banco de jardim, que ao ser projetado para um indivíduo médio,
causa menos transtorno que se fosse projetado para um anão ou um gigante.

2º PRINCÍPIO: PROJETOS PARA INDIVÍDUOS EXTREMOS.

Casos em que o projeto é melhor satisfeito se for concebido para os extremos


dos tipos físicos. Exemplo: Porta de saída de emergência, distância até o
painel de controle de um equipamento. Para a aplicação desse princípio, deve-
se levar em conta o maior número de pessoas que possa utilizar o produto,
com as dimensões concebidas.

3º PRINCÍPIO: PROJETOS PARA FAIXAS DE POPULAÇÃO.

Produtos projetados com dimensões variáveis ou com mecanismos de ajustes


de dimensões. Exemplo: Vestuário, assentos de automóveis, cadeiras de
secretárias, cintos.

4º PRINCÍPIO: PROJETO PARA O INDIVÍDUO.

Casos raros no meio industrial, devido aos custos, onde o produto é projetado
especificamente para um indivíduo. Exemplo: Roupas sob medida, calçados
com numeração superior ao tamanho 44, aparelhos ortopédicos, roupas de
astronautas e carros de fórmula 1.

No ambiente de trabalho, é bastante comum a preocupação com as medidas


máximas e mínimas. Medida máxima é aquela representada pelo percentil 95%
dos homens e medida mínima pelo percentil 5% das mulheres.
Em geral, as aberturas e passagens no local de trabalho são dimensionadas
pelo máximo, ou seja, para 95% dos homens, enquanto que os alcances dos
locais de trabalho, onde devam trabalhar tanto homens como mulheres,
geralmente são dimensionados pelo mínimo, ou seja 5% das mulheres.

57
Medidas de antropometria Critério Mulheres Homens Med.
estática (cm) Min Máx 5% 95% 5% 95% Adot.
A. Estatura X 151, 172, 162, 184, 184,
B. Altura da cabeça, sentado X 0 5 9 1 1
C. Altura dos olhos, sentado X 80,5 91,4 84,9 96,2 96,2
D. Altura dos ombros, sentado X 68,0 78,5 73,9 84,4 68,0
E. Altura do cotovelo, sentado X 53,8 63,1 56,1 65,5 53,8
F. Largura das pernas X 19,1 27,8 19,3 28,0 28,0
G. Altura do assento (poplítea) X 11,8 17,3 11,7 15,7 17,3
H. Profundidade do tórax X 35,1 43,4 39,9 48,0 48,0
I Comprimento do antebraço X 23,8 35,7 23,3 31,8 35,7
J. Comprimento do braço X 29,2 36,4 32,7 38,9 29,2
61,6 76,2 66,2 78,7 61,6

4.7 - O ESPAÇO DE TRABALHO:

O posto de trabalho supõe um espaço necessário para o organismo realizar os


movimentos requeridos pelas atividades. Os seguintes fatores devem ser
levados em consideração no dimensionamento do espaço de trabalho.

POSTURA:

É o fator que mais influi no dimensionamento do espaço, portanto é


fundamental seu conhecimento.

58
TIPO DE ATIVIDADE MANUAL:

A natureza da atividade influi no dimensionamento do espaço, pois a distância


de alavancas ou objetos que devam ser apanhados com a palma da mão deve
estar de 5 a 6 cm mais próxima do operador, do que as tarefas que exijam
trabalho apenas das pontas dos dedos, como apertar botões.

VESTUÁRIO:

O tipo de roupa tanto pode modificar o volume e a estatura das pessoas, como
limitar seus movimentos. Exemplo: mulheres com calçado de salto alto, podem
ficar até 7 cm mais altas.

4.8 - SUPERFÍCIES HORIZONTAIS:

O estudo dessas superfícies apresenta muito interesse para a ergonomia, pois


são nelas que se realizam grande parte das atividades. Cuidados especiais
devem ser tomados com relação ao alcance ótimo e áreas de alcance máximo.

59
Além das áreas de alcance ótimo e máximo, também deve ser atentado para o
detalhe da altura da mesa ou bancada, que tanto para o trabalho sentado
como o executado em pé, depende da altura do cotovelo, considerada em
cada uma dessas posições.

60
4.9 - O ASSENTO:

Cabe um enfoque especial a esse item, pois atualmente muitas pessoas


passam mais da metade de seus dias na posição sentada. Diz-se até que a
espécie humana, “homo-sapiens”, já deixou de ser um animal ereto, “homo-
erectus”, para se tornar um animal sentado, “homo-sedens”.
Recomenda-se, hoje em dia, a utilização de assentos com leve camada de
estofamento, nem muito duros, nem principalmente muito macios, a fim de
reduzir a pressão máxima sobre as tuberosidades ósseas (isquiáticas),
aumentar a área de contato, não distribuir a pressão para outras posições das
nádegas e pernas, e não prejudicar a postura.

Os assentos devem ser adotados e selecionados, segundo os seguintes


critérios:

* Existe um assento mais adequado a cada tipo de atividade;

* As dimensões do assento devem ser adequadas à antropometria de seus


usuários;

* O assento deve permitir variações de postura;

* O encosto deve ajudar no relaxamento;

* Assento e mesa formam um conjunto integrado.

61
Os assentos devem ser dimensionados, levando-se em consideração os dois
tipos básicos de postura na posição sentada, quais sejam:

Postura ereta Mais fatigante, mas facilita a


movimentação dos braços e a
visualização para a frente
Postura relaxada Menos fatigante, normalmente encontrada
nos assentos de automóveis e de
poltronas e sofás.

62
Capítulo 5 - ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO

A Análise Ergonômica do Trabalho, A.E.T., ou também chamado de Estudo


Ergonômico do Trabalho, é um conjunto de procedimentos metodológicos com
o intuito de se avaliar a relação entre o homem e seu trabalho, objetivando,
com isto, através de proposições de melhorias nesta relação, o aumento da
satisfação e bem estar humano bem como o aumento da produtividade.

A fim de que se proceda uma correta Análise, sempre tem-se que ter em
mente que 3 perguntas fundamentais devem ser respondidas:

1º) O que é essa Análise?

2º) Qual a finalidade da mesma?

3º) Como proceder para realiza-la?

Em uma primeira abordagem de uma situação de trabalho, do ponto de vista


ergonômico, o cenário é quase sempre o mesmo:

a)Em princípio temos uma idéia bastante vaga do que queremos analisar.

b)Nesta fase, geralmente não temos idéia de como abordar os problemas que,
normalmente nos são colocados de forma explícita, mas que trazem com eles
demandas implícitas, não diretamente formuladas.

ENTÃO:
O estudo ergonômico do trabalho é a atuação por parte de um profissional
(analista), junto ao uma situação ou ambiente de trabalho, que tem por objetivo
observar e sistematizar a interação do homem com o seu trabalho, levantando
os problemas e propondo soluções.
Para tal, este estudo, consiste, de maneira genérica, de duas partes
fundamentais: Análises e Síntese.
Através da Análise, é possível delimitar o objeto de estudo a um único aspecto,
partindo de uma realidade e ordenando os dados.
A Síntese consiste em uma abordagem global, inter-relacionando os aspectos
levantados na análise e recompondo a situação.

A questão do estudo ergonômico do trabalho é então, de natureza


metodológica, ou seja, de como abordar um problema se cometer os
equívocos de desenvolver um trabalho sem que um objetivo bem determinado
seja definido preliminarmente.
Para se evitar um trabalho exaustivo e pouco produtivo cientificamente, o
estudo ergonômico do trabalho segue uma metodologia capaz de definir
procedimentos de pesquisa em cada uma das diferentes etapas da análise
ergonômico de uma situação de trabalho.
Em ergonomia, uma situação de trabalho é, ao mesmo tempo, um local onde
ocorrem fenômenos socialmente determinados, assim como fenômenos
tecnologicamente determinados.
Deve então a ergonomia englobar, ciências sociais, biológicas e exatas.

63
Procedimento científico de
ESTUDO ERGONÔMICO DO pesquisa, que considere as
TRABALHO três etapas do conhecimento,
relacionando-o a uma situação
de trabalho.

PROCEDIMENTOS DE PESQUISA ETAPAS DO ESTUDO ERGONÔMICO DO


EM ERGONOMIA TRABALHO
QUADRO TEÓRICO DE REFERÊNCIA 1.Formulação da demanda;
2.Análise da bibliografia do homem em
situação de trabalho
3.Questão de pesquisa
ANÁLISE ERGONÔMICA DA 4.Análise ergonômica da demanda: definição
SITUAÇÃO DE TRABALHO do problema (entrevistas...);
5.Análise ergonômica da tarefa: análise das
condições de trabalho;
6.Análise ergonômica da atividade: análise
do comportamento humano.

SÍNTESE ERGONÔMICA DA 7.Diagnósticoem ergonomia;


SITUAÇÃO DE TRABALHO 8.Conclusões da pesquisa;
9.Avaliação dos resultados

A Auditoria Fiscal da Delegacia Regional do Trabalho (Lívia Santos Arueira),


propõe o seguinte fluxo para um Estudo Ergonômico do Trabalho:

INSTRUÇÃO ANÁLISE ESPECIFICAÇÕES IMPLANTAÇÃO


DA ERGONÔMICA DE E
DEMANDA DO MUDANÇA ACOMPANHAMENTO
TRABALHO

CADERNO
CONTRATO DE PROJETO
ENCARGOS

64
DEMANDA, é a origem da necessidade reconhecida pela empresa de se
realizar uma intervenção ergonômica para a correção de uma disfunção ou na
implantação de novas tecnologias.
A demando pode ser classificada, a partir de quem solicitou a ajuda, em seis
categorias:
Alta direção;
Demandas do interior da empresa Média gerência;
Trabalhadores diretos.

Entidades sindicais ou representativas


Demandas externas à empresa Organismos públicos diversos;
Estudantes universitários.

Exemplos de requisitos que podem indicar uma demanda e a necessidade de


elaboração de um estudo ergonômico:
* Trabalho que exija grande esforço físico;
* Trabalho que exija posturas rígidas ou fixas (só sentado ou só em pé);
* Introdução de novas tecnologias no processo de produção;
* Alta taxa de absenteísmo;
* Alto índice de rotatividade da mão de obra (GRPS, Rais...);
* Freqüência e gravidade de acidentes de trabalho (CAT);
* Presença maciça de jovens;
* Queixas de dores musculares (PCMSO, atendimento médico...);
* Pagamentos de prêmios de produtividade (Contra-cheques);
* Conflitos freqüentes com empregados;
* Trabalho exigindo movimentos repetitivos;
* Trabalhos em turnos;
* Situações outras detectadas pelo Mapa de Riscos (PPRA).

De maneira geral, pode-se representar graficamente as três grandes etapas do


estudo, conforme se segue:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
(Sobre o homem em atividade)

ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO

DEMANDA TAREFA ATIVIDADE


DEF. PROBLEMA COND. TRABALHO COMPORTAMENTO

DADOS DADOS DADOS


HIPÓTESES HIPÓTESES HIPÓTESES

SÍNTESE ERGONÔMICA DO TRABALHO


CADERNO DE ENCARGOS DIAGNÓSTICO
E RECOMENDAÇÕES MODELO OPERATIVO

65
A Primeira etapa exige do analista, um razoável conhecimento sobre o
homem em atividade de trabalho.
Para tanto, o analista deve recorrer a uma revisão bibliográfica, consultando
livros e revistas especializadas. Esse conhecimento é fundamental para a
abordagem e entendimento de qualquer situação de trabalho.

A Segunda etapa consiste na Análise Ergonômica do Trabalho propriamente


dita. Engloba três fases fundamentais:
1.Análise da demanda;
2.Análise da tarefa;
3.Análise da atividade.

A Terceira etapa consiste na Síntese Ergonômica do Trabalho, a qual é


subdividida em duas fases:
1.Estabelecimento do diagnóstico da situação de trabalho;
2.Elaboração do caderno de encargos e recomendações ergonômicas.

A análise ergonômica do trabalho (2ª etapa), com suas três fases


fundamentais, é levada a efeito, seguindo-se os respectivos passos:

a.Levantamento de dados;
b.Pesquisa de soluções;
c.Levantamento e análise das hipóteses;
d.Identificação dos sintomas ergonômicos;
e.Dimensionamento da intervenção;
f.Proposição da intervenção.

a) LEVANTAMENTO DE DADOS:

Formular hipóteses;
Consiste em uma pesquisa sistemática
Testar hipóteses.

Este levantamento, é baseado em três pontos chave:

•Baseia-se em técnicas comparativas que permitem uma amostragem bastante


aproximada da situação de trabalho. Sempre que possível, deve-se comparar
trabalhadores com diferenças significativas (qualificação, idade, sexo, tempo
de serviço) e variar os momentos de observação;

•As técnicas de levantamento de dados, como entrevistas, enquetes e


medidas, devem evidenciar variáveis pertinentes ao trabalho do indivíduo, que
normalmente não são observadas diretamente;

•Os dados levantados ao final de cada fase da A.E.T., deve permitir formular
hipótese de trabalho que delinearão os rumos a serem seguidos.

66
A primeira fase da A.E.T., é a Análise da Demanda, cujo objetivo é definir o
problema a ser estudado, a partir de uma negociação com os diversos
indivíduos envolvidos.

São levantados nessa fase, os primeiros dados da situação de trabalho, como:


Principais aspectos sócio-econômicos da empresa; Tipo de tecnologia
utilizada; Organização do trabalho implantada; Principais características da
mão de obra disponível, entre outros. Estes dados devem permitir a
formulação de hipóteses de 1º nível ou hipóteses preliminares.

A segunda fase da A.e.T., é a Análise da Tarefa, que consiste basicamente


nas análise das condições de trabalho da empresa.

Nesta fase, a partir das hipóteses previamente estabelecidas pela demanda, é


definida a situação de trabalho a ser estudada, delimitando o sistema “homem-
tarefa” a ser adotado.
Deve-se realizar uma descrição mais detalhada possível dos diversos
componentes desse sistema, como, condições ambientais, higiênicas, horários
e ritmos de trabalho, trabalho em série ou não, equipes, bem como avaliação
da exigências do trabalho com relação às características humanas, como
posturas e aplicação de forças, tendo possibilidade, com esses dados, de
confirmar ou recusar as hipóteses previamente formuladas pela demanda, ou
ainda formular novas hipóteses a partir dessas condicionantes de trabalho.

A terceira fase da A.E.T., é a Análise das Atividades, que consiste em analisar


o comportamento desenvolvido pelos trabalhadores face aos meios e
condições que lhe estão disponíveis.

Analisam-se assim os comportamentos dos mesmos para a execução das


atividades. Levantam-se dados referentes às ações, gestos, posturas,
comunicações, direção do olhar, verbalizações, raciocínios, estratégias,
resolução de problemas, modos operativos, enfim, tudo o que pode ser
observado ou extraído nas condutas dos indivíduos.
Esses dados poderão ser confrontados com os das fases precedentes,
comprovando ou refutando as hipóteses formuladas, ou permitindo a
formulação de novas hipóteses.
Os levantamentos de dados referentes às três fases apresentadas, podem, em
algumas ocasiões, acontecer simultaneamente, porém é preferível para uma
melhor compreensão da situação, que seja respeitada a cronologia das fases.

b) PESQUISAS DE SOLUÇÕES

Dentro da metodologia da Análise Ergonômica do Trabalho, orienta-se a


pesquisa de soluções particularmente sobre a fase de Análise das Atividades,
à qual, relacionada com as outras, conduz à uma proposição de um “modelo
operativo” da situação de trabalho, permitindo assim um conjunto de
orientações concretas e realistas.
Esta abordagem, que retorna à origem do problema formulado pela demanda,
permite a cada fase, recolher dados, formular hipóteses para aprofundar o

67
conhecimento completo da situação, sendo que cada fase conduz à posterior e
completa a anterior.
Convém lembrar que embora o analista faça recomendações ergonômicas e
proponha soluções, as decisões finais não são de sua exclusiva competência,
dependendo também de outras pessoas envolvidas e de outros fatores. Assim
sendo, visando uma maior eficiência da análise, deve-se:

•Fazer apresentação da metodologia, dos objetivos e resultados esperados, a


quem apresentou a demanda;
•Fazer a mesma apresentação aos trabalhadores, cuja atividade vai ser
analisada;
•Os meios de análise, o tipo de dados que serão recolhidos e suas
interpretações, devem ser apresentados aos trabalhadores em particular;
•Fazer a apresentação dos resultados obtidos, durante e após as análises, a
todas as pessoas envolvidas e, principalmente aos trabalhadores.

c) LEVANTAMENTO E ANÁLISES DAS HIPÓTESES

As hipóteses são constituídas pelas perspectivas nas quais o analista espera
realizar seu trabalho. A partir da análise dos dados da demanda, é possível
formular hipóteses de trabalho, que permitem se aprofundar em vários
aspectos.
As hipóteses de trabalho permitem definir o campo de estudo, de acordo com
o objeto da demanda. Esta limitação do campo, define a especificidade da
ergonomia e os limites do estudo a ser realizado, indica os métodos de
trabalho, e prevê um cronograma da intervenção.

d) IDENTIFICAÇÃO DE SINTOMAS ERGONÔMICOS

A partir da análise dos dados do trabalho, em suas três fases, um grande


grupo de sintomas deve ser identificado, visando o diagnóstico em ergonomia.
As principais categorias dos sintomas a serem identificados, podem ser:

Os erros humanos;


Os incidentes críticos;
Os acidentes de trabalho;
As panes do sistema;
Os defeitos de produção;
A queda da produtividade;
A insatisfação;
O absenteísmo.

68
e) DIMENSIONAMENTO DA INTERVENÇÃO

Um dos pontos fundamentais, a partir da análise da demanda, é a delimitação


do campo de estudo.
Essa delimitação está relacionada ao tempo disponível para a realização do
estudo, o qual normalmente é fixado na fase de negociações entre as partes, e
normalmente é sub-estimado, quer seja por motivos relacionados à
complexidade dos problemas e, principalmente por exigências da empresa
com relação a resultados imediatos.
Assim sendo, de acordo com as exigências colocadas pela demanda, o
analista deve dimensionar da maneira mais precisa possível os limites da
intervenção.

f) PROPOSIÇÃO DA INTERVENÇÃO

A partir de uma correta análise da demanda, o analista possuirá uma


quantidade suficiente de dados que permita ao mesmo encaminhar uma
proposta de intervenção ergonômica.
Para o encaminhamento desta proposta, dois aspectos devem merecer a
atenção dos analistas:

As condições de sucesso da intervenção, as quais normalmente estão


relacionadas com os prazos e as condições do estudo, cujos pontos principais
são:

1.Tempo hábil para o estudo;


2.Acesso às diversas áreas da empresa;
3.Acesso a documentos e informações pertinentes;
4.Possibilidade de realizar entrevistas;
5.Acompanhamento dos envolvidos, ou grupos similares;
6.Discussão das fases do estudo e entrega de relatórios parciais
7.Divulgação dos resultados, dentro e fora da empresa.

O conteúdo do contrato da intervenção ergonômica, o qual deve prever:

1.As hipóteses preliminares, que condicionam o estudo;


2.O objeto do estudo e os resultados esperados;
3.Os limites do estudo, em termos financeiros, locais a serem analisados e
prazos de análises;
4.As responsabilidades do analista e do proponente da demanda;
5.Um cronograma preliminar do estudo;
6.A possibilidade da utilização dos resultados do estudo.

69
A síntese ergonômica do trabalho (3ª etapa), consiste basicamente na
obtenção do diagnóstico em ergonomia e da elaboração de um caderno de
encargos.

DIAGNÓSTICO EM ERGONOMIA

•Os dados e hipóteses extraídos da A.E.T., devem ser interpretados do ponto


de vista fisiológico e psicológico;
•O diagnóstico é feito a partir dos sintomas ergonômicos detectados e, ele
revela o “modelo operativo” da situação de trabalho.

Erros Humanos
Levam a um desvio com relação à norma pré-estabelecida, devido a um
comportamento de trabalho.

Erro de manipulação
De acionamento
PODEM SER: De dosagem
De leitura
De montagem

Incidente Crítico

•Todo evento observável que apresenta um caráter anômalo ao habitual;


•Um incidente crítico pode levar a um erro humano e a um acidente.

Material
PODEM SER DEVIDO A: Ambiente
Tarefa
Pessoal

Acidente de Trabalho
•É caracterizado por apresentar uma situação privilegiada para a detecção de
disfunções no sistema homem-tarefa.

Panes no sistema
•Incidentes que afetam a componente material do sistema;
•Causam interrupções e paralisações no funcionamento do sistema.

Defeitos de produção

Baixa produtividade

70
CADERNOS DE ENCARGOS E RECOMENDAÇÕES

•Baseia-se em normas e especificações;


•A partir do diagnóstico, ou “modelo operativo” de uma situação de trabalho
analisada, é possível estabelecer um conjunto de especificações ergonômicas
relativas à:
•Decisões de base
•Implantação geográfica dos postos
•Implantação geográfica dos operadores
•Mobiliário, equipamentos e ferramentas
•Meio ambiente

Capítulo 6 - NORMA REGULAMENTADORA 17 – NR 17

6.1 - INTEGRA DA NORMA

NR 17 – Ergonomia

17.1. Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâmetros que permitam a


adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos
trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e
desempenho eficiente.

17.1.1. As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao


levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos
equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à
própria organização do trabalho.

17.1.2. Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às


características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao
empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a
mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho conforme
estabelecido nesta Norma Regulamentadora.
17.2. Levantamento, transporte e descarga individual de materiais.
17.2.1. Para efeito desta Norma Regulamentadora
17.2.1.1. Transporte manual de cargas designa todo
transporte no qual o peso da carga é suportado
inteiramente por um só trabalhador, compreendendo o
levantamento e a deposição da carga.

17.2.1.2. Transporte manual regular de cargas designa


toda atividade realizada de maneira contínua ou que
inclua, mesmo de forma descontínua, o transporte
manual de cargas.

17.2.1.3. Trabalhador jovem designa todo trabalhador


com idade inferior a 18 (dezoito) anos e maior de 14
(quatorze) anos.

71
17.2.2. Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de
cargas, por um trabalhador cujo peso seja suscetível de comprometer
sua saúde ou sua segurança. (117.001-5 / I1)
17.2.3. Todo trabalhador designado para o transporte manual regular
de cargas, que não as leves, deve receber treinamento ou instruções
satisfatórias quanto aos métodos de trabalho que deverá utilizar com
vistas a salvaguardar sua saúde e prevenir acidentes. (117.002-3 /
I2)
17.2.4. Com vistas a limitar ou facilitar o transporte manual de
cargas, deverão ser usados meios técnicos apropriados.
17.2.5. Quando mulheres e trabalhadores jovens foram designados
para o transporte manual de cargas, o peso máximo destas cargas
deverá ser nitidamente inferior àquele admitido para os homens, para
não comprometer a sua saúde ou sua segurança. (117.003-1 / I1)
17.2.6. O transporte e a descarga de materiais feitos por impulsão ou
tração de vagonetes sobre trilhos, carros de mão ou qualquer outro
aparelho mecânico deverão ser executados de forma que o esforço
físico realizado pelo trabalhador seja compatível com sua capacidade
de força e não comprometa a sua saúde ou sua segurança. (117.004-
0 / I1)
17.2.7. O trabalho de levantamento de material feito com
equipamento mecânico de ação manual deverá ser executado de
forma que o esforço físico realizado pelo trabalhador seja compatível
com sua capacidade de força e não comprometa a sua saúde ou sua
segurança. (117.005-8 / I1)
17.3. Mobiliário dos postos de trabalho.
17.3.1. Sempre que o trabalho puder ser executado na posição
sentada, o posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado para
esta posição. (117.006-6 / I1)

17.3.2. Para trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito em


pé, as bancadas, mesas, escrivaninhas e os painéis devem
proporcionar ao trabalhador condições de boa postura, visualização e
operação e devem atender aos seguintes requisitos mínimos:

a) ter altura e características da superfície de trabalho


compatíveis com o tipo de atividade, com a distância
requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a
altura do assento; (117.007-4 / I2)

b) ter área de trabalho de fácil alcance e visualização


pelo trabalhador; (117.008-2 / I2)

c) ter características dimensionais que possibilitem


posicionamento e movimentação adequados dos
segmentos corporais. (117.009-0 / I2)

17.3.2.1. Para trabalho que necessite também da


utilização dos pés, além dos requisitos estabelecidos no
subitem 17.3.2 os pedais e demais comandos para
acionamento pelos pés devem ter posicionamento e
dimensões que possibilitem fácil alcance, bem como
ângulos adequados entre as diversas partes do corpo
do trabalhador em função das características e
peculiaridades do trabalho a ser executado. (117.010-4
/ I2)

72
17.3.3. Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender
aos seguintes requisitos mínimos de conforto:

a) altura ajustável à estatura do trabalhador e à


natureza da função exercida; (117.011-2 / I1)

b) características de pouca ou nenhuma conformação


na base do assento; (117.012-0 / I1)

c) borda frontal arredondada; (117.013-9 / I1)

d) encosto com forma levemente adaptada ao corpo


para proteção da região lombar. (117.014-7 / I1)
17.3.4. Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados
sentados, a partir da análise ergonômica do trabalho, poderá ser
exigido suporte para os pés que se adapte ao comprimento da perna
do trabalhador. (117.015-5 / I1)
17.3.5. Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados
de pé, devem ser colocados assentos para descanso em locais em
que possam ser utilizados por todos os trabalhadores durante as
pausas. (117.016-3 / I2)
17.4. Equipamentos dos postos de trabalho.

17.4.1. Todos os equipamentos que compõem um posto de trabalho


devem estar adequados às características psicofisiológicas dos
trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado.

17.4.2. Nas atividades que envolvam leitura de documentos para


digitação, datilografia ou mecanografia deve:

a) ser fornecido suporte adequado para documentos


que possa ser ajustado proporcionando boa postura,
visualização e operação, evitando movimentação
freqüente do pescoço e fadiga visual; (117.017-1 / I1)

b) ser utilizado documento de fácil legibilidade sempre


que possível, sendo vedada a utilização do papel
brilhante, ou de qualquer outro tipo que provoque
ofuscamento. (117.018-0 / I1)

17.4.3. Os equipamentos utilizados no processamento eletrônico de


dados com terminais de vídeo devem observar o seguinte:

a) condições de mobilidade suficientes para permitir o


ajuste da tela do equipamento à iluminação do
ambiente, protegendo-a contra reflexos, e proporcionar
corretos ângulos de visibilidade ao trabalhador;
(117.019-8 / I2)

b) o teclado deve ser independente e ter mobilidade,


permitindo ao trabalhador ajustá-lo de acordo com as
tarefas a serem executadas; (117.020-1 / I2)

c) a tela, o teclado e o suporte para documentos


devem ser colocados de maneira que as distâncias
olho-tela, olho-teclado e olho-documento sejam
aproximadamente iguais; (117.021-0 / I2)

73
d) serem posicionados em superfícies de trabalho com
altura ajustável. (117.022-8 / I2)

17.4.3.1. Quando os equipamentos de processamento


eletrônico de dados com terminais de vídeo forem
utilizados eventualmente poderão ser dispensadas as
exigências previstas no subitem 17.4.3 observada a
natureza das tarefas executadas e levando-se em conta
a análise ergonômica do trabalho.

17.5. Condições ambientais de trabalho.

17.5.1. As condições ambientais de trabalho devem estar adequadas


às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do
trabalho a ser executado.

17.5.2. Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que


exijam solicitação intelectual e atenção constantes, tais como: salas
de controle, laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou
análise de projetos, dentre outros, são recomendadas as seguintes
condições de conforto:

a) níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR


10152, norma brasileira registrada no INMETRO;
(117.023-6 / I2)

b) índice de temperatura efetiva entre 20ºC (vinte) e


23ºC (vinte e três graus centígrados); (117.024-4 / I2)

c) velocidade do ar não-superior a 0,75m/s; (117.025-


2 / I2)

d) umidade relativa do ar não-inferior a 40 (quarenta)


por cento. (117.026-0 / I2)

17.5.2.1. Para as atividades que possuam as


características definidas no subitem 17.5.2, mas não
apresentam equivalência ou correlação com aquelas
relacio-nadas na NBR 10152, o nível de ruído aceitável
para efeito de conforto será de até 65 dB (A) e a curva
de avaliação de ruído (NC) de valor não-superior a 60
dB.

17.5.2.2. Os parâmetros previstos no subitem 17.5.2


devem ser medidos nos postos de trabalho, sendo os
níveis de ruído determinados próximos à zona auditiva
e as demais variáveis na altura do tórax do
trabalhador.
17.5.3. Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação
adequada, natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à
natureza da atividade.
17.5.3.1. A iluminação geral deve ser uniformemente
distribuída e difusa.

17.5.3.2. A iluminação geral ou suplementar deve ser


projetada e instalada de forma a evitar ofuscamento,
reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos.

74
17.5.3.3. Os níveis mínimos de iluminamento a serem
observados nos locais de trabalho são os valores de
iluminâncias estabelecidos na NBR 5413, norma
brasileira registrada no INMETRO. (117.027-9 / I2)

17.5.3.4. A medição dos níveis de iluminamento


previstos no subitem 17.5.3.3 deve ser feita no campo
de trabalho onde se realiza a tarefa visual, utilizando-
se de luxímetro com fotocélula corrigida para a
sensibilidade do olho humano e em função do ângulo
de incidência. (117.028-7 / I2)

17.5.3.5. Quando não puder ser definido o campo de


trabalho previsto no subitem 17.5.3.4, este será um
plano horizontal a 0,75m (setenta e cinco centímetros)
do piso.
17.6. Organização do trabalho.
17.6.1. A organização do trabalho deve ser adequada às
características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do
trabalho a ser executado.

17.6.2. A organização do trabalho, para efeito desta NR, deve levar


em consideração, no mínimo:

a) as normas de produção;

b) o modo operatório;

c) a exigência de tempo;

d) a determinação do conteúdo de tempo;

e) o ritmo de trabalho;

f) o conteúdo das tarefas.

17.6.3. Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou


dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e
inferiores, e a partir da análise ergonômica do trabalho, deve ser
observado o seguinte:

a) todo e qualquer sistema de avaliação de


desempenho para efeito de remuneração e vantagens
de qualquer espécie deve levar em consideração as
repercussões sobre a saúde dos trabalhadores;
(117.029-5 / I3)

b) devem ser incluídas pausas para descanso;


(117.030-9 / I3)

c) quando do retorno do trabalho, após qualquer tipo


de afastamento igual ou superior a 15 (quinze) dias, a
exigência de produção deverá permitir um retorno
gradativo aos níveis de produção vigente na época
anterior ao afastamento. (117.031-7 / I3)

17.6.4. Nas atividades de processamento eletrônico de dados, deve-


se, salvo o disposto em convenções e acordos coletivos de trabalho,
observar o seguinte:

75
a) o empregador não deve promover qualquer sistema
de avaliação dos trabalhadores envolvidos nas
atividades de digitação, baseado no número individual
de toques sobre o teclado, inclusive o automatizado,
para efeito de remuneração e vantagens de qualquer
espécie; (117.032-5 / I3)

b) o número máximo de toques reais exigidos pelo


empregador não deve ser superior a 8 (oito) mil por
hora trabalhada, sendo considerado toque real, para
efeito desta NR, cada movimento de pressão sobre o
teclado; (117.033-3 / I3)

c) o tempo efetivo de trabalho de entrada de dados não


deve exceder o limite máximo de 5 (cinco) horas,
sendo que, no período de tempo restante da jornada, o
trabalhador poderá exercer outras atividades,
observado o disposto no art. 468 da Consolidação das
Leis do Trabalho, desde que não exijam movimentos
repetitivos, nem esforço visual; (117.034-1 / I3)

d) nas atividades de entrada de dados deve haver, no


mínimo, uma pausa de 10 (dez) minutos para cada 50
(cinqüenta) minutos trabalhados, não deduzidos da
jornada normal de trabalho; (117.035-0 / I3)

e) quando do retorno ao trabalho, após qualquer tipo


de afastamento igual ou superior a 15 (quinze) dias, a
exigência de produção em relação ao número de toques
deverá ser iniciado em níveis inferiores do máximo
estabelecido na alínea "b" e ser ampliada
progressivamente. (117.036-8 / I3)

6.2 – COMENTÁRIOS SOBRE A NORMA NR 17

(Carlos Alberto Diniz Silva – MTE)

17.1. - Esta Norma Regulamentadora visa estabelecer parâmetros que permitam a


adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos
trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e
desempenho eficiente.
A palavra parâmetros criou uma falsa expectativa de que seriam fornecidos valores
precisos normalizando toda e qualquer situação de trabalho. Apenas para entrada
eletrônica de dados é que há referência a números precisos. Vale, no entanto, a
máxima de que os Agentes Fiscais do Trabalho possam reunir dados dos estudos
realizados no Brasil e no exterior e que se sirvam deles para proporcionar um máximo
de conforto, segurança e desempenho eficiente.

17.1.1. - As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento,


transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições
ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho.
A inclusão da organização do trabalho dentro do que se entende por condições de
trabalho e passível de atuação é o avanço mais significativo da nova redação. Até
então, a organização do trabalho era considerada intocável e passível de ser
modificada apenas por iniciativa da empresa, muito embora os estudos

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comprovassem o papel decisivo desempenhado por ela na gênese de numerosos
comprometimentos à saúde do trabalhador que não se limitam às L.E.R.

17.1.2. - Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características


psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise
ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de
trabalho conforme estabelecido nesta Norma Regulamentadora.
Este é o subitem que mais tem sido mal interpretado. Ele foi colocado para ser usado
quando o Analista tivesse dificuldade para entender situações complexas em que
fosse necessária a presença de um ergonomista. Evidentemente, nesse caso os
gastos com análise devem ser cobertos pelo empregador. Tem-se pedido análise
ergonômicas de uma forma rotineira e protocolar. Nem mesmo há clareza por parte
dos Agentes Fiscais de qual é a demanda para a análise. Pede-se análise ergonômica
de toda a empresa. Não se enfoca nenhum problema específico. Isto só tem dado
margem a que se façam análises grosseiras e superficiais que em nada contribuem
para a melhoria das condições de trabalho. Notificar uma empresa para que “realize
análise ergonômica” sem mencionar o(s) setor(es) nem o porquê do pedido, apenas
denota incompetência e ignorância. Sempre que o Agente solicitar uma análise ele
deve colocar bem claramente qual é o problema que ele quer resolver e pelo qual está
pedindo ajuda a um ergonomista. Não há muitos profissionais ergonomistas
competentes no Brasil. Evidentemente, pedir análise ergonômica sem estar ciente da
viabilidade da presença de um ergonomista sério não resolve os problemas dos
trabalhadores. Serve apenas para que o Agente fique com a sensação de dever
cumprido. Infelizmente, têm-se pedido análises ergonômicas como se pedem laudos
de insalubridade.
A maioria das situações de trabalho coloca problemas ergonômicos facilmente
detectados pelo Agente que não demandam a opinião de ergonomistas. Por exemplo,
o trabalho contínuo na posição em pé pode ser mudado sem se recorrer ao
ergonomista.
Para não permanecer apenas no superficial, o Agente pode eleger uma situação mais
complexa para ser objeto de estudo mais acurado. Na DRT/SP ao lado do trabalho
rotineiro de fiscalização e importante para a obtenção da produção mensal exigida,
sempre foram constituídas equipes que estudavam problemas mais abrangentes, cuja
solução poderia beneficiar grande número de trabalhadores. Só assim conseguíamos
dar sentido ao nosso trabalho. Estudos bem feitos podem e devem ser divulgados
para que o saber seja compartilhado por outros colegas.

17.2. - Levantamento, transporte e descarga individual de materiais.


A proposta encaminhada à SSST incluía um quadro estabelecendo a carga máxima
para levantamento levando-se em conta a idade (trabalhador adulto jovem e
adolescente aprendiz), o sexo e a freqüência do trabalho (raramente ou
freqüentemente). Como os valores desse quadro contrariavam o disposto na C.L.T.
ele foi eliminado. Lembramos que uma Norma Regulamentadora não pode contrariar
a Lei maior que é a C.L.T. Toda proposta de melhoria no que se refere a esse subitem
deve passar pela mudança da C.L.T. mediante aprovação no Congresso.
A Consolidação das Leis do Trabalho, no seu Capítulo V, Seção XIV, artigo 198,
estabelece como sendo de 60 Kg o peso máximo que um empregado pode remover
individualmente.
Na sua redação anterior, a NR 17 admitia o transporte e descarga individual de peso
máximo de 60 kg. Para o levantamento individual estabelecia 40 kg.
Foi proposta a alteração destes limites na nova redação. O quadro sugerido chegou a
figurar na minuta NR 17, mas como contrariava a CLT, foi retirado antes da sua
publicação. Por isso, na nova redação não há nenhuma referência a pesos máximos.
Reproduzimos abaixo o quadro proposto que poderá ser usado como referência.

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Cargas para levantamento
Adultos jovens Adolescentes aprendizes
Homem Mulher Homem Mulher
Raramente 50 20 20 15
Freqüentemente 18 12 11-16 7-11
Fonte: Grandjean (1980)

Na prática essa dificuldade pode ser contornada através do subitem 17.2.2. Se o


Agente constatar acometimentos à saúde e à segurança (por exemplo, lombalgias)
em determinado local onde há levantamento de cargas, mesmo quando respeitados
os limites preconizados pela C.L.T., ele poderá exigir modificações. O subitem é bem
claro:
17.2.2. - Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas, por um
trabalhador, cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde ou sua segurança.
É questão apenas de se dar ao trabalho de compilar os dados referentes à morbidade
dos trabalhadores que comprovem o acometimento a sua saúde: lombalgias, hérnias
de disco, qualquer comprometimento da coluna vertebral causado por superesforço. A
norma francesa NF X 35-106 (AFNOR) trata, em detalhes, dos limites de esforços
recomendados no trabalho. Não só de levantamento e carregamento de cargas, mas
também o recomendado para os membros superiores: empurrar, puxar etc. Do
mesmo modo, o esforço máximo a ser exercido sobre pedais em várias posturas
:sentada, em pé etc.

17.3. - Mobiliário dos postos de trabalho


O mobiliário deve ser concebido com regulagens que permitam ao trabalhador adapta-
lo às suas características antropométricas (altura, peso, comprimento das pernas
etc.). Deve permitir também a alternância de posturas (sentado, em pé etc.), pois não
existe nenhuma postura fixa que seja confortável.
Entre a população trabalhadora há indivíduos muito pequenos e muito grandes. É
difícil conceber um mobiliário que satisfaça a esses extremos. O recomendável é que
o mobiliário permita uma regulagem que atenda a, pelo menos, 90% da população em
geral. Para dados antropométricos da população brasileira ver FERREIRA (1988).
Não é recomendável para as dimensões dos postos de trabalho sejam adaptadas
somente á população que esteja empregada, pois quando se pretende modificar os
postos de trabalho visando uma melhor adaptação, não se deve basear apenas nas
medidas antropométricas da população que já esteja ocupando os postos, mas sim
basear-se em dados de toda a população brasileira. Isto porque os trabalhadores
atuais podem já ter sofrido uma seleção, formal ou informal, e terem permanecido
apenas aqueles que melhor se adaptaram e, portanto, não serem representativos de
todos que poderão, no futuro, ocupar estes postos.
As regulagens dos planos de trabalho permitem também uma adaptação à tarefa. Por
exemplo: onde há necessidade de grande necessidade pelos membros superiores, um
plano mais baixo permite que a força seja exercida com o antebraço em extensão que
é a posição onde se consegue maior força. Por outro lado, se há grande necessidade
de controle visual da tarefa (por exemplo, costurar) um plano mais elevado aproxima
dos olhos o detalhe a ser visualizado.
Concluindo, o mobiliário deve ser adaptado às características antropométricas da
população e também à natureza da tarefa.

17.3.1. - Sempre que o trabalho puder ser executado na posição sentada, o posto de
trabalho deve ser planejado ou adaptado para esta posição.
Este subitem foi mal redigido. Na verdade, os postos de trabalho devem ser
projetados de modo a permitir aos trabalhadores a alternância de postura. Toda
postura fixa ao ser mantida por longo período é desconfortável, mesmo a sentada.

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17.3.2 - Para trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito de pé, as bancadas,
mesas, escrivaninhas e os painéis devem proporcionar ao trabalhador condições de
boa postura, visualização e operação e devem atender aos seguintes requisitos
mínimos:
a) ter altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o tipo de
atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a altura
do assento;
b) ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo trabalhador;
c) ter características dimensionais que possibilitem posicionamento e movimentação
adequados dos segmentos corporais.
Este subitem com suas alíneas permite que o Agente possa exigir qualquer tipo de
mobiliário. A única dificuldade é ter que fazer um estudo antropométrico dos
trabalhadores e uma análise das exigências da tarefa para que o mobiliário seja o
mais confortável possível. Seria impossível detalhar as características de todo o
mobiliário encontrado nos setores produtivos. A consulta a manuais especializados em
mobiliário ou a consultoria a uma ergonomista podem ser de grande valia mas o
Agente tem grandes possibilidades de melhorar o conforto dos trabalhadores desde
que disponha a perder um pouco mais de tempo para estudar a situação.

17.4. - Equipamentos dos postos de trabalho


Os seres humanos sempre procuraram adaptar suas ferramentas às suas
necessidades. Nas situações industriais modernas, com a divisão entre planejamento
e execução, o trabalhador quase não tem oportunidade de influir nas decisões de
compra de equipamentos. Fatores como o preço podem decidir as escolhas. Isso leva
a inadaptações, aumenta a carga de trabalho. Uma má escolha pode penalizar os
trabalhadores durante anos. Alguns conseguem modificar seus equipamentos
adaptando-os às tarefas. Mas esta capacidade é limitada.
A opinião dos trabalhadores antes da compra tem mostrado um bom resultado em
nossa prática de trabalho. Algumas empresas colocam algumas opções para teste.
Pode-se notar que, quando o usuário tem influência na escolha, os fabricantes dos
equipamentos investem mais em pesquisas para aperfeiçoá-los. Citamos, como
exemplo, as cadeiras de odontólogos e os veículos automotores.
A norma francesa X 35-105 (AFNOR) dá uma boa indicação de características a
serem respeitadas nos comandos de máquinas.

17.4.1. - Todos os equipamentos que compõem um posto de trabalho devem ser


adequados às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do
trabalho a ser executado.
“Adequados à natureza do trabalho” significa que os equipamentos devem facilitar a
execução da tarefa específica. O martelo é o equipamento mais adequado à natureza
do trabalho de pregar. Uma cadeira pode ser confortável para assistir televisão, mas
ser bastante inconveniente a uma secretária que deve ter acesso alternadamente ao
arquivo, ao microcomputador e ao telefone para realizar sua tarefa. Logo, a cadeira
deve ser adequada à natureza do trabalho da secretária: ter rodízios, encosto, ser
estofada, permitir regulagens, ter apoio para os braços etc. Não há uma cadeira
“ergonômica” para todo e qualquer tipo de tarefa.
A mesma observação do subitem anterior se aplica a este subitem. Ele permite
qualquer mudança nos equipamentos desde que o A.F.T. fundamente seu pedido
após uma observação da natureza do trabalho (exigências da tarefa) e as
características dos trabalhadores. Por exemplo, se um painel de controle é colocado
em posição excessivamente alta para a altura do trabalhador, pode-se exigir que o
painel seja colocado na altura dos olhos, facilitando a leitura dos dados. Um comando
que exija excessiva abdução do membro superior e elevação do ombro pode ser

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mudado de modo a permitir ao membro superior que volte à posição neutra entre um
acionamento e outro.

17.5. - Condições Ambientais


Apesar da redundância, insistimos que não se trata de caracterizar insalubridade.
17.5.2.a. - Condição Acústica - Os níveis de ruído devem ser entendidos aqui não
como aqueles passíveis de provocar lesões ao aparelho auditivo, mas como a
perturbação que podem causar ao bom desempenho da tarefa. Muitas vezes,
equipamentos ruidosos são colocados em ambientes onde são necessariamente
obrigatórios. Apenas isolando as impressoras em locais outros que não as salas de
digitação, temos conseguido melhorar as condições acústicas destes ambientes.
17.5.2 b, c, e d. - Condição Térmica - A NR 17 faz uma menção especial aos locais de
trabalho onde são executadas atividades que exijam solicitação intelectual e atenção
constantes. Isto porque nestes ambientes preponderavam baixas temperaturas,
correntes de ar e baixa umidade relativa, condições exigidas para o bom
funcionamento de computadores. Ora, a NR 15, no seu Anexo n° 3, faz referência a
limites de tolerância para exposição ao calor, não sendo um bom guia quando o que
se procura é conforto.
17.5.3. - Condições de iluminação - A NR 17 remete à Norma Brasileira (NBR 5413),
que trata apenas das iluminâncias recomendadas nos ambientes de trabalho. O
iluminamento adequado não depende só da quantidade de lux que incide no plano de
trabalho. Depende também da refletância dos materiais, das dimensões do detalhe a
ser observado ou detectado, do contraste com o fundo etc. Ater-se apenas aos
valores preconizados nas tabelas sem levar em conta as exigências da tarefa pode
levar a projetos de iluminamento totalmente ineficazes.
A situação mais desejada seria aquela em que, além do iluminamento geral, o
trabalhador dispusesse de fontes luminosas individuais nas quais pudesse regular a
intensidade.

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