Sei sulla pagina 1di 14

Filosofia Clíínica e Cinema

Filosofia Clínica e Cinema


Uma Compreensão Teórica e Prática Através de Filmes

Olga Hack

&

Márcio José Andrade da Silva


Filosofia Clíínica e Cinema

Aos nossos pais


Filosofia Clíínica e Cinema

AGRADECIMENTO
Ao Lúcio Packter que nos apresentou a Filosofia Clínica
Às árvores que se transformaram neste livro
Filosofia Clíínica e Cinema

SUMÁRIO

PREFÁCIO por José Alem


APRESENTAÇÃO
INTRODUÇÃO
 Imagens em reprodução em como o mundo me parece e os filósofos
 O ensino da Filosofia Clínica e as miscigenações entre teoria e prática com os
filmes
 O porque de indicar filmes em Filosofia Clínica
 Referências Bibliográficas
 Referências Virtuais

I – QUANTOS VOCÊ VÊ?


 Patch Adams – o amor é contagioso
 Questões a serem levantadas em relação à Filosofia Clínica e o filme Patch
Adams
 Onde acolhemos a Filosofia Clínica como uma terapêutica filosófica
 A Ética que nos sustenta como Filósofo Clínico está na Filosofia da Vida
 1ª Abordagem Teórico/Prática
 Indicativo de Filmes
 Referências Bibliográficas

II – VENHA, CAMINHAREMOS JUNTOS


 Encontrando Forrester
 Uma expressão vale mais do que mil palavras...
 Jamal e Forrester – uma interseção
 TEXTO COMPLEMENTAR 1 – A terapia em Filosofia Clínica é a arte da
Interseção
 TEXTO COMPLEMENTAR 2 – Suspendendo meus juízos vou me defrontar
com este outro que nem mesmo sei de onde surgiu, o que quer, quem é –
Relação e Levinás
 2ª Abordagem Teórico/Prática
 Indicativo de Filmes
 Referências Bibliográficas

III – UMA COLCHA EM FORMA DE HISTÓRIA É PARA SER LIDA


 Colcha de Retalhos
 As discrepâncias das escolas filosóficas como retalhos a compor uma colcha
 Quando falo, falo a partir de mim. Mesmo ao utilizar-me do outro, reflito minha
própria realidade e dela, minhas verdades
 Auto-expressão cura coração ferido
 Tudo pode ser mudado para dar conjunto ao projeto!
 Sophia, deixa a menina!
 3ª Abordagem Teórico/Prática
 Indicativo de Filmes
 Referências Bibliográficas
Filosofia Clíínica e Cinema

IV – ENTRE TEMPOS E LUGARES


 Baleias de Agosto
 O mundo que nos rodeia pode ser contextualizado por Categorias
 Análise dos Exames Categoriais no filme Baleias de Agosto pela ótica da
Filosofia Clínica
 A vida enganou, ela sempre engana.
 As baleias devem voltar. Sempre espero vê-las!
 Talvez me honre partilhando minha pesca comigo.
 O que importa o tempo?
 O tempo é o tempo.
 Ela começou a falar em morrer...
 4ª Abordagem Teórico/Prática
 Indicativo de Filmes
 Referências Bibliográficas
 TEXTO COMPLEMENTAR 3 – Kairós e Kronos: tempo subjetivo x tempo
cronológico.

CONCLUSÃO
Filosofia Clíínica e Cinema

PREFÁCIO

Filosofia Clínica e Cinema


Uma compreensão teórica e prática de filmes
A filosofia encontra no cinema uma nova linguagem. E o cinema contém na sua arte
filosofia. Embora para muitos a filosofia seja apenas uma questão racional e própria de
acadêmicos e sua linguagem específica seria o texto escrito segundo as normas da
racionalidade ocidental, é possível descobrir que a filosofia ultrapassa os limites do
racional e todas as linguagens são linguagens para a filosofia.

Nossa cultura, marcada por uma visão racionalista, é a referência para a relação do
homem consigo mesmo, com os outros e com o mundo em que este está inserido, no seu
Ethos, ou seja, a morada do homem no mundo. Assim, a nossa maneira de entender a
vida é centrada nos dois grandes eixos apresentados no livro República, escrito por
Platão. Há dois mundos: o sensível, que vê o homem através de seus sentidos, das coisas
empíricas, do corpo, que, portanto, são terrenas, passageiras, frágeis e imperfeitas. O
inteligível, que entende o homem a partir de sua razão, logo, o mundo do bem, da
dialética, da alma, do belo, da perfeição. Tais entendimentos podem ser observados no
texto da Alegoria da Caverna, presente no capítulo sétimo da República, em que o
mundo sensível é representado pelas sombras, pela escuridão e impedido de uma visão
clara da realidade. O mundo inteligível é representado pela luz, pela claridade das ideias
e da alma, ou seja, a razão tem as condições necessárias para que o homem conheça a
realidade e se realize no mundo em que está vivendo, é o chamado mundo do Bem.

Esses dois mundos, constituem duas linguagens, dois modos de compreensão que
priorizam o sensível e o racional. Um é verdadeiro, outro ilusório. Um é filosofia, outro
é poesia. O sensível ficou próprio para as artes, o racional para a filosofia e mesmo para
a ciência. E no decorrer de muitos séculos o mundo racional era tido como o único
capaz de entender o mundo com o seu mistério e a lógica racional a única linguagem
própria para se falar dos conceitos-ideias. A arte, embora presente e sempre apreciada
era vista como entretenimento, como uma expressão menor, sem razão e sem valor para
a compreensão da vida.

Platão influenciou a cultura ocidental e educação nas suas múltiplas expressões,


Filosofia Clíínica e Cinema

acadêmicas ou não. Sua visão configurou a separação entre filosofia e arte,


propriamente a linguagem poética, a poesia. Platão condena os poetas porque seus mitos
são mentiras, apresentando da divindade ou dos heróis uma imagem falaciosa, indigna
de sua perfeição. Sua arte repassada de ilusão, é perniciosa por ser contrária à verdade -
essa verdade a que toda pedagogia deve estar subordinada - por desviar o espírito de seu
fim, que é conquista da ciência racional. Essa ideia do rompimento da filosofia com a
poesia está evidente no livro X da República:

- Que doutrina?

- A de não aceitar a parte da poesia de caráter mimético. A necessidade de recusar em


absoluto é, agora, segundo nos parece, ainda mais claramente evidente, desde que,
afirmamos, em separado, cada uma das partes da alma (Platão, 1993, p. 451).

Mesmo hoje a Filosofia tem traços evidentes e característicos do pensamento de Platão


que contribuiu de maneira única para o desenvolvimento do pensamento ocidental.

As ideias de Platão foram sendo divulgadas por vários séculos, aceitas por uns e
combatidas por outros mas foram a base da construção do pensamento ocidental. Em
muitas das atividades de nossa época, é possível perceber a presença do pensamento de
Platão principalmente quando se trata da relação ou separação do mundo sensível e do
mundo inteligível. Tanto no campo da ciência, da filosofia e da religião, estamos sempre
lidando com essa dupla face, dos dois mundos.

A cultura ocidental contemporânea tem raízes profundas na filosofia racionalista Grega,


a razão é que determina a realização do homem no mundo. A Grécia influenciou na
formação do conceito de homem e de sociedade no período medieval, principalmente
com o pensamento racionalista. Por outro lado, a cultura moderna também foi
influenciada pelos pensadores gregos, de modo que a formação cultural do homem
ocidental está essencialmente ligada à Filosofia de Sócrates, Platão e Aristóteles.

A influência racionalista do pensamento de Platão subsiste na cultura contemporânea e o


surgimento do cinema foi um evento que por um lado reforçou e fortaleceu a separação
entre o mundo das ideias e o mundo da poesia e por outro lado abriu espaço para que a
razão encontrasse nova forma e novo meio de expressão.
Filosofia Clíínica e Cinema

A Filosofia que se propõe a tomar consciência da realidade, do sofrimento, das


angústias, dos limites, das necessidades, da morte aparecem representada agora em
mitos e personagens, em enredos e cenários atualizando a mais antiga forma de
expressar conteúdos e ideias, sentimentos e conhecimentos: a linguagem narrativa, o
saber contar histórias e com elas e nelas transmitir valores, provocar reações, incomodar
sentimentos e conhecimentos, propor novas atitudes.

O Cinema passa a ser canal de buscar entendimento da filosofia da existência não em


forma de discurso mas em forma de narrativa. Em cada obra o cinema propõe ideias e
sentimentos, questões vitais da existência, provocações sobre os modelos e o
pensamento. O cinema se transforma em linguagem que favorece de uma forma não
acadêmica e não convencional tratar de dramas e tragédias, convicções e propostas de
vida que a Filosofia, com sua linguagem específica procura sistematizar.

Para muitos a dificuldade é a linguagem. A Filosofia trata de modo racional os temas. O


Cinema usa a linguagem emocional com o recurso de vários elementos como
personagens, cenários, diálogos, narrativa, movimento, expressões, som, ruídos, música,
interpretações, movimento de câmeras, ângulos, enfim, aquilo que faz parte de sua
específica gramática e de sua linguagem.

Vencendo as barreiras existentes é possível ver que o cinema fornece elementos


fundamentais para a compreensão da racionalidade pensada por Platão. A filosofia pode
ser compreendida, se quisermos, com o cinema que usa de mecanismo próprio para o
entendimento e a elucidação de concepções complexas da vida.

Desde a sua invenção, o cinema tem sido o lugar privilegiado para as pessoas
encontrarem no lazer cultura e conhecimento. Devido à sua linguagem muito específica
que combina fotografia, movimento, ação teatral, dinâmicas de movimentos, textos
narrativos, descritivos, dissertativos expressos em ações, imagens, diálogos,
interpretações o cinema é uma arte auto-referente, cita a si própria o tempo todo.
Diretores, atores, produtores, compositores, redatores, criadores e toda a equipe que
compõe uma obra de cinema contribuem para que o cinema seja espaço para que fatos
cotidianos sejam representados de maneira que transcendam a racionalização e favoreça
que sentimentos, desejos, e toda inquietação humana frente a sua existência sejam
representadas fazendo entre o real e o imaginário um ponto de encontro em que é
Filosofia Clíínica e Cinema

possível uma leitura filosófica profunda.

Filmes de autor ou obras de maior profundidade revelam, via de regra, temas que
inquietam o ser humano desde sua origem e que são revisitados em cada época sob
novos ângulos mediantes desafios novos. O pensamento racionalista de Platão que viveu
no século V a.C. construiu um modelo de sociedade e de pensamento fundados numa
determinada visão de vida, de homem, de sociedade, de virtude, de filosofia. Essa visão
de que a realização de tudo se dá por meio da razão é a base sob a qual se construiu todo
o pensamento ocidental. O cinema, consegue, com nova linguagem, trazer o racional
para o campo do lazer, da arte de representação e se torna canal de educação para todos
os que dele usufruem como meio e linguagem. O cinema torna a filosofia algo inovador
e lança questões existenciais a um público numeroso que em busca de diversão encontra
também conhecimento. Mesmo os filmes mais discutíveis pelo seu valor artístico e
cultural contém como fundo uma questão, uma exposição, um grito de alerta, uma
pergunta que questiona sobre a vida e seu sentido e sobre modelos impostos ou que se
procura para que o homem entenda algo mais de sua própria existência.

O cinema consegue obter um impacto emocional – linguagem que prioriza – através do


conceito-imagem com suas particularidades técnicas como a pluriperspectiva –
capacidade de saltar da primeira para a terceira pessoa e atingir ao mesmo tempo a
subjetividade; a manipulação do tempo e do espaço – o avançar e o retroceder, o uso da
temporalidade e da espacialidade fora do controle existencial à maneira de sonho; - o
corte cinematográfico – a maneira de relacionar os fatos e acontecimentos entre si
fazendo uma composição a-lógica do ponto de vista racional e propondo uma nova
lógica a partir de um conceito desses elementos.

Possivelmente os filmes, em sua grande maioria, exceto alguns autores e diretores que
intencionalmente se propõe a fazer de sua obra um discurso filosófico, não sejam
filosóficos “em si mesmos”, mas propiciam uma leitura conceitual, filosófica deles
mesmos.

O cinema proporciona muitas leituras sobre um mesmo filme. Há a leitura sociológica, a


psicológica, a filosófica entre outras, pois um mesmo filme revela aspectos diversos da
existência humana e vários ângulos de compreensão desse mistério da vida.
Filosofia Clíínica e Cinema

O cinema impõe à filosofia um desafio que a própria filosofia impõe a si mesma. É a


questão da linguagem. A filosofia busca tornar inteligível sua própria função de
conhecimento. Para isso precisa descobrir novos modos de falar, nova linguagem,
reconhecer outros meios que os convencionais para se tornar compreensível e aceita
pela cultura de cada época.

Na história da comunicação podemos distinguir quatro fases. Cada uma delas provocou
descobertas, rupturas e desafios para que ideias e sentimentos pudessem continuar sendo
expressos e apresentados dentro da grande proposta da existência humana. Numa
primeira fase a oralidade com sua complexa expressão incluindo linguagens não verbais
marcou a cultura da humanidade. Depois a invenção da escrita provocou uma
reviravolta na forma de conhecer e expressar conhecimentos. A invenção da imprensa
favoreceu a divulgação massiva do conhecimento e condicionou ao mesmo tempo a
cultura ao conhecimento massivo por um lado e centrado sobre a linguagem escrita por
outro. E finalmente o surgimento dos meios elétricos e eletrônicos assumiu tudo o que a
humanidade acumulou de conhecimento e de linguagem em nova linguagem e com
novos meios. É nesse contexto que surgiu o cinema e a filosofia também se viu
provocada a atualizar meios e linguagens para falar ao mundo contemporâneo.

A utilização do cinema como mecanismo de entendimento da existência humana, faz


com que, por meio do impacto emocional – base dos modernos meios de comunicação
de massa, as pessoas sejam desafiadas, mesmo sem o saber, tanto da parte de quem
produz como de quem consome – a tocaram a consciência de sua existência com os
sempre presentes desafios e inquietações, perguntas em busca de respostas e respostas
que provocam sempre novas perguntas. Da presença e da relação do homem no mundo
surgem os conceitos que a filosofia tem sempre proposto. E a filosofia, longe se ser um
assunto de alguns é condição de todos, em suas variadas possibilidades e condições.

Segundo Platão, em sua obra a República a comunidade perfeita é aquela que é


governada pela justiça – expressão que supõe todos os temas especulativos. A
comunidade humana não subsiste sem a justiça e o único governante que é capaz de
realizar a justiça na Cidade Ideal é o filósofo. É o filósofo que ama o conhecimento na
sua totalidade e não somente em alguma parte singular. O filósofo é aquele que faz o
caminhar da opinião (doxa) até a ciência (episteme).
Filosofia Clíínica e Cinema

É nesse contexto que esta obra dá um novo contributo. Da Filosofia entendida como
razão ela propõe, a partir de uma nova visão da Filosofia Clínica faz despertar novos
aspectos da questão. Cinema é também “instrumento e meio clínico” para fazer uma
visita aos exames categoriais em que se destacam o assunto – do filme e da vida em
relação; as circunstâncias em que acontece a narrativa com sua complexidade assim
como a vida na sua realidade; o lugar como espaço e como situação existencial das
personagens assim como da nossa própria condição no mundo; o tempo como referência
à existência vivida no passado, no presente, no futuro ou mesmo na experiência
atemporal em que se manifestam as ações da narrativa no cinema e na vida real e as
relações – o jeito como cada qual vê o mundo, como se vê e se relaciona consigo
mesmo, com os outros, com a vida, com o tempo, com o espaço, com os princípios,
valores e elementos que constituem a estrutura de pensamento, base da razão, da
emoção, da relação de todo ser humano na sua vida real do dia a dia ou na sua
representação simbólica nas personagens do cinema e de outras expressões da arte de
representar.

Esta obra, inédita no gênero, no enfoque e na proposta poderá favorecer especialmente a


quem se interessa pela Filosofia Clínica a ver seus fundamentos presentes em cada agir
humano, seja na vida ou na ficção. Desperta um novo olhar sobre a arte do cinema como
uma experiência de partilha, atitude básica e fundamental da Filosofia Clínica.

Os professores Márcio José e Olga Hack dão um grande contributo à Filosofia Clínica
quanto ao Cinema ao apresentarem essa obra com o objetivo já proposto por eles:
“A divulgação destes nossos conhecimentos então, surgiram nestas condições de
possíveis correlações de poderem ser feitas entre os filmes e o princípio teórico
que nos formou, dando uma maior claridade à terapêutica em sua linguagem
constitutiva, abarcando tanto nossa face existencial entre a filosofia mater, que
nos trouxe os a priori de nossos conhecimentos, aliando-os e adaptado-os aos
moldes e conceitos da Filosofia Clínica (...) introduzir a Filosofia Clínica como
uma abordagem terapêutica existencial; conjecturar os conceitos da Filosofia
Clínica a uma prática representada pelas imagens, onde as pessoas inseridas em
seu cotidiano demonstraram suas vivências e sua atuação frente ao mundo e aos
problemas circunstanciados por este”.

José Alem
Filosofia Clíínica e Cinema

APRESENTAÇÃO

A proposta inicial que nos uniu há algum tempo, teve como objetivo primeiro elaborar
mecanismos para a divulgação da terapia que acreditamos seja trocas partilhadas
de bons princípios que partem de suas quebras epistemológicas geridas sob os
atos de comungarem vidas. Não haverá mais um saber único, mas algo que se dá
no ato da reflexão entre seres que buscam um bem comum. A transposição de
ideias e ideais entre as partes traz uma nova dimensão para o olhar em plena
abertura, para as formas de vida geradas nas condições criadas no momento de
uma historicidade narrada em primeira pessoa; a alegoria a ser considerada está
no singular e num movimento plástico de tal abrangência que se faz necessário o
partilhar com o outro para alcançar a dimensão de tal pensamento que se constrói
para ser mostrado.

Com os diálogos ocorridos ao longo do tempo, e a preferência pelas transposições de


imagens provocam em nos transparecer, ou seja, formas de vida representadas em
filmes, aguçaram nossa curiosidade de filósofo para dar forma a todo este campo
visual que aparecia e insistia em se mostrar a nós. Estas transposições de ideias
direcionaram-nos para comentários aprofundados e a gestação de um projeto. A
necessidade de utilização deste conhecimento trocado gerou a montagem de um
curso de extensão onde pudemos introduzir os conceitos fundamentais em
Filosofia Clínica e, assim, divulgar a terapia em seu âmbito geral, como uma
consonância partilhada na difusão multidisciplinar em que o próprio humano se
inseriu.

No instante da promoção e criação do curso, o que nos importava era a possibilidade de


divulgar algo que acreditamos ser um princípio de trocas múltiplas, constituído
em seu bojo pelo interessante suporte visual de sua formação terapêutica: a base
que nos fundamenta é ajudar interativamente as pessoas em suas questões
existenciais e aos terapeutas que formamos em nossas aulas, entender o seu papel
nestas trocas partilhadas, atentando principalmente, a ética do outro infinitamente
outro.
Filosofia Clíínica e Cinema

Sentimos que existe um contexto ligado ao tempo transposto, um espaço ocupado e a


ser desocupado por um sujeito livre em suas escolhas e determinações frente à vida. O
constante interagir no movimento criado nas cenas que se projetam a nós tem uma
sequência lógica a ser observada na extensão criativa de um indivíduo que construiu
uma história de vida, num dimensionar temporalizado em todas aquelas imagens
introjetadas e que agora se mostram para análise. As causas, consequências,
direcionamentos, estão todos ali, doando-se e esperando alguém para interpretá-las,
conduzindo-o para uma compreensão, uma expectativa de existência, e isso nos chama
para um partilhar, para uma recíproca.

A divulgação deste conhecimento surgiu nestas condições de possíveis correlações entre


os filmes e o princípio teórico que nos formou, dando uma maior clareza à
terapêutica em sua linguagem constitutiva, abarcando nossa face existencial. a
filosofia mater, que nos trouxe os a priori de nossos conhecimentos, aliando-os e
adaptado-os aos moldes e conceitos da Filosofia Clínica. Assim, tomamos como
objetivos os mesmos que surgiram na formação do curso de extensão, ou seja,
introduzir a Filosofia Clínica como uma abordagem terapêutica existencial,
conjecturar os conceitos da Filosofia Clínica a uma prática representada pelas
imagens, onde as pessoas inseridas em seu cotidiano demonstraram suas vivências
e sua atuação frente ao mundo e aos problemas circunstanciados por este.

Mesclamos conceitos que fundamentam as teorias da Historicidade: interpretação de


fatos, conceitos, eventos relatados nos filmes da vida dos personagens e suas possíveis
implicações atuais e futuras dentro do contexto exposto; Fenomenologia que se mostra
nas imagens em forma de atos e em ações nos gestos e representações dos personagens
que se dispõem nos cenários mostrados nos filmes, investigação do que aparece,
divisões sucessivas em busca de informação de intencionalidade; Empirismo
contextualizado na forma de levantamento das experiências do personagem entre um
contexto e outro que fora criado para elucidar os fatos narrados, numa propositura
historiciada; Analítica da Linguagem, ao pesquisar as relações entre termo e conceito
das falas dos personagens, para a construção do ato anterior e o subsequente;
Epistemologia como forma de permuta de um dentro e fora do que podemos perceber e
introjetar para um conhecer em trocas continuadas, como a pesquisa do conteúdo dos
termos transpostos. E, Lógica Formal, utilizada nos exames categoriais presentes na
Filosofia Clíínica e Cinema

construção de cada cena.

No transcorrer do livro, serão apresentadas sinopses de filmes visando ilustrar os termos


e conceitos que constituem significados na Filosofia Clínica em toda a sua analítica,
primando pela constituição e focagem na existência construída a luz de um fato que será
utilizado nas bases de um singular e que, em nenhum momento, se transformará em
princípio único e universal, negando o rigor junto à ética na alteridade em
reconhecimento de um sujeito em ser singular, subjetivo e plástico, gerador de fatores
próprios e inerentes em sua diferenciação a outros sujeitos. A intenção da proposta não é
criar uma fórmula mágica para todos os outros em sua correspondência, mas de aclarar
conceitos utilizados em Filosofia Clínica, criar um entendimento entre a teoria e a
prática que se propõe como terapêutica, alertando para os movimentos e atos
construídos e contextualizados à luz de um foco a ser utilizado no instante de sua
profanação e desenvolvimento representados nos filmes.

Potrebbero piacerti anche