“A trajetória histórica da Educação de Jovens e Adultos Trabalhadores”
Marcos Históricos da EJA
Profª. Drª Jaqueline Ventura A trajetória histórica das políticas para a EJA revela a predominância de políticas frágeis sob o ponto de vista institucional e aligeiradas sob o ponto de vista da qualidade do processo educacional. Assim, ao longo da sua história, as ações de âmbito nacional foram, na maioria das vezes, caracterizadas pela ausência de continuidade, materializada sob a forma de campanhas, programas ou projetos, em geral, marcados pela visão de uma ação provisória e de recurso instável. 1. As campanhas: ser brasileiro é ser alfabetizado
✓Anos de 1940: contexto das transformações
decorrentes da ruptura política, social e econômica com o Estado Oligárquico.
✓Período de criação da estrutura nacional do
ensino profissionalizante e da realização das grandes campanhas nacionais de alfabetização.
✓ 1947: Campanha Nacional de Educação de
Adolescentes e Adultos (CEAA) 2. Educação de Adultos e cultura popular: ser educado é ser conscientizado
✓tem como referencial os projetos e experiências que envolviam a
participação popular, em conexão com a intensificação do debate político na conjuntura anterior ao golpe civil-militar de 1964.
✓Momento marcado pelas experiências que visavam à promoção da
cultura e da educação popular, como as atividades de alfabetização de Paulo Freire, a atuação dos Centros Populares de Cultura (CPC), a Campanha “De pé no chão também se aprende a ler” e o Movimento de Educação de Base (MEB). 3. O Movimento Brasileiro de Alfabetização – Mobral: ser alfabetizado é saber ferrar o nome
✓Ações desenvolvidas durante a ditadura civil-militar.
✓Tem como marco os movimentos implementados a partir da
ditadura, como a Cruzada Ação Básica Cristã (Cruzada ABC) e o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral).
✓Ensino Supletivo, regulamentado pela Lei nº 5692/71
4. As experiências nos anos 80/90: EJA. Qual identidade?
✓Contexto da redemocratização brasileira e posterior hegemonia do
projeto neoliberal ✓Refere-se aos projetos e programas que marcaram a EJA nas décadas de 1990 e 2000. ✓Experiências empreendidas no processo de democratização, que sinaliza um momento de ausência de ações governamentais no âmbito da educação de jovens e adultos trabalhadores, seguida por um processo de redefinição, no qual o Plano Nacional de Formação Profissional (PLANFOR) foi amelhor expressão da identidade que se construiu nos anos 1990 para a Educação de Jovens e Adultos. 5. Os programas para EJA: ser educado é ser certificado
✓Na atual fase do padrão de acumulação (flexível), a educação do trabalhador
assume uma complexa configuração. Muito mais do que a negação do acesso à educação das décadas anteriores, hoje, verifica-se a oferta de formas variadas de educação a diferentes segmentos da classe trabalhadora. ✓embora tenha sido ampliada a possibilidade de certificação referente a alguma escolarização, muitas vezes é uma “certificação vazia”. ✓a política para a EJA priorizou programas de menor institucionalidade, vinculados à elevação de escolaridade e/ou à educação profissional. Os mais expressivos atualmente são: o Programa Brasil Alfabetizado, o Projovem Integrado e o Proeja. ✓PRONATEC/EJA ✓Avanços: FUNDEB e PNLD MARCAS DAS POLÍTICAS DE EJA ONTEM E HOJE A “Nova” identidade da EJA ou a EJA multifacetada Envolvem a oferta de cursos e exames de EJA no nível do ensino fundamental e médio nos sistemas de ensino e a oferta de programas do governo federal.
cursos de alfabetização: Programa Alfabetização Solidária e
Programa Brasil Alfabetizado; cursos de educação geral e formação profissional inicial, vinculada à concessão de renda mínima por período determinado: Agente Jovem e Projovem; cursos de ampliação da escolarização de profissionais de áreas específicas: Profae e Pronera; cursos que vinculam formação geral e formação profissional sem vínculo com renda mínima: Proeja; novos sistemas de exames com certificação de competências: Encceja e Rede Certific; Cursos que de uma maneira geral relacionam EP de nível básico e conteúdos da escolaridade básica: Planfor e PNQ
cursos não integrados ao ensino fundamental: Pronatec.
Há uma política educacional legitimadora da FRAGMENTAÇÃO! As Políticas Públicas de EJA
Marcada por iniciativas focais, com caráter
precário e aligeirado, anunciadas como inclusivas. Atuação emergencial para controlar disfunções de um sistema que, por sua origem estrutural, continuará a gerar medidas emergenciais. Ênfase nos processos de certificação. Metas modestas. Queda generalizada das matrículas Falta de uma política voltada à universalização. O RETROSPECTO DA HISTÓRIA RECENTE TEM INDICADO QUE:
“ESSE INTRINCADO LEQUE DE AÇÕES E SIGLAS,
PROJETOS E PROGRAMAS – NOVOS, REFORMADOS, DESATIVADOS –, BEM COMO OS RECURSOS NELES ALOCADOS, NÃO LOGRARAM, ATÉ HOJE, ALTERAR DE FORMA SUBSTANTIVA SEQUER OS ELEVADOS ÍNDICES DE BAIXA ESCOLARIDADE DA POPULAÇÃO” (Rummert, 2007: 7).