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História pública, um tema que foi tão menosprezado e pouco debatido no país

que nem se tem ao certo conhecimentos acerca do que de fato há de ser a história
pública, e quem pode ser considerado historiador ou não.
Para o historiador Robert Kelley o termo “história pública” surgiu em meio a um
contexto de grande crise de empregos no século XX nos Estados Unidos, e com uma
proposta de usar a história fora do âmbito acadêmico para que a população
entendesse o fenômeno que ali ocorrera. Para alguns estudiosos, o termo difere de
acordo com o contexto em que está inserido, mas está presente em todos as regiões
do globo.
Para contextualizar esse termo, deve-se entender que a história está difusa
nas mais diversas interações e conteúdo midiático produzido na sociedade, não
necessariamente tendo como foco o evento em sim, mas abordando um contexto
como enredo para algo, tal conceito surge com uma ideia de divulgação da história
para a sociedade de modo mais simples e explicativo. Mediante os fatos supracitados,
emerge a indagação de quem estaria apto a ser historiador público, tendo em vista
que esse – que busca sempre aumentar o alcance de seu trabalho – poderia alterar
os eventos de modo que a história factual poderia ser perdida.
A inglesa Ludmilla Jordanova entende esses acontecimentos a partir de um
viés da “história como entretenimento”, na qual elites intelectuais e capitalistas
disseminam a história por meios midiáticos visando alcançar um público leigo.
Donald Ritchie, no começo desse século, refutou algumas ideias de Kelley ao
afirmar que todos os historiadores estão em busca de reconhecimento e fama,
independente do meio em que atuam. Outro problema que surge, na visão de Ritchie,
são as visões subjetivas do individuo que irá efetuar essas pesquisas históricas e
divulga-las, e tais visões podem possuir uma grande influência na pesquisa do
indivíduo, de modo que os resultados sejam moldados para que se chegue à uma
conclusão predeterminada.
No Brasil, há um grande debate atual acerca das divergências entre a
historiadores acadêmicos e os historiadores não acadêmicos, e tal discussão estaria
pautada principalmente em um movimento dos historiadores não acadêmicos
argumentarem que o modelo acadêmico da história não responde mais às demandas
sociais da atualidade.
Roy Rosenzweig alega que essa procura popular pela história é de suma
importância, o grande problema é a confiabilidade que se pode ter nessa história, uma
história muitas vezes dos vencedores e das grandes batalhas, que menospreza os
vencidos, ignorando à diversos fatores de suma importância na análise de um evento
histórico.
Os primeiros historiadores populares brasileiros eram jornalistas e pessoas
autodidatas, que ao fazerem matérias e textos que envolviam o contexto histórico,
começaram a perceber o desejo da população por uma explicação histórica que fosse
elaborada de modo simples para que os leigos conseguissem entender.
Mediante esse contexto de descobrimento de uma nova metodologia de
pesquisa e divulgação, o jornalista esportivo Eduardo Bueno – assim como muitos
outros – visualizou uma oportunidade – o quinto centenário de “descoberta do Brasil”-
de divulgar uma saga de livros acerca da história do Brasil, uma narrativa eurocêntrica
e que prendia o leitor com heróis e personagens caracterizados, e com isso ganhou
fama nacional por seu trabalho. Bueno também se põem contra a história acadêmica
e chama seus estudiosos de “facções mumificadas da classe acadêmica”.
Além de Bueno, há também outros historiadores leigos, como o jornalista
Laurentino Gomes, que escreveu livros também em formato de saga, que contava
não apenas a história dos vencedores, mas principalmente a história dos vencidos e
marginalizado. Gomes também expressa sempre que pode as suas críticas à história
acadêmica.
Em 2009 o historiador leigo Leandro Narloch escreveu o livro “Guia
politicamente incorreto da história do Brasil”, o qual se trata de uma visão iluminista
desse processo histórico, e que vê a escravização de negros e índios como um
avanço que esses povos tiveram ao entrar em contato com os povos europeus. O
autor se baseia em sua obra em preconceitos e visões ultrapassadas e deturpadas
dos fenômenos, para que o livro se tornasse um best-seller.
A problemática acerca desse tipo de história para best-sellers reside na perca
da historicidade nas análises, pois o autor se encontra mais preocupado em fazer
uma obra que prende o leitor e o intrigue a saber mais e que possui o início meio e
fim de tudo, do que de fato numa história factual.
Malerba chama atenção para as anedotas (ou episódios) – curtos textos
utilizados para descrever um incidente individual como algo de extrema relevância –
que visam a pregação de valores normais através de um sensacionalismo narrativo.
O autor evidencia ao decorrer do texto como há diversos tipos de conteúdo midiático
que tratam da história como um romance ou um evento fictício na sociedade moderna,
e mostra como é perigoso quando muitas pessoas utilizam desse tipo de conteúdo e
divulgam assim imagens distorcidas das personagens históricas, caricaturas que
muitas vezes não condizem com a verdade moral da personagem ou com a
veracidade do fenômeno histórico que ocorreu.
Outra questão ligada às anedotas é a sua brevidade, que visa conter em um
simples texto o seu início, meio e fim, mostrando assim a falta de fatos que podem
estar faltando nesses episódios. Além disso, eram textos recheados de subjetividade,
onde o autor colocava suas perspectivas de moralidade e ética muitas vezes sob os
fatos que se havia dos eventos, mostrando assim muitas vezes uma visão/opinião do
ocorrido, ao invés de simplesmente se prender à uma narrativa factual da história.
Jurandir Malerba, cita Claude Bowers como um grande orador de sua época,
um orador que conseguiu transmitir a história à sua sociedade, mostrando a partir de
uma história pública – divulgada de modo simples e eficaz para as “massas” – relatos
históricos. A importância de Bowers não está apenas na divulgação informacional
efetuada por ele, mas na importante função que teve de instigar em seus leitores um
senso crítico e político, pois ele mesmo era um militante no âmbito político.
Para concluir seu texto, Jurandir evidencia que “qualquer um pode escrever
história”, mas ainda assim deixa claro que a diferentes tipos de textos históricos e
como tais, possuem diferentes valores e qualidades, dependendo assim de quem faz
– um leigo ou um historiador – ou o âmbito que é produzido. Entretanto, deixa claro,
que a sociedade moderna necessita veementemente da história, e essa deve ser
divulgada de modo massivo e de fácil compreensão à todos, para que a história não
se perca.

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