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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ


CENTRO DE HUMANIDADES
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ARTES
COM ÊNFASE EM MÚSICA

EMANUEL ACIOLE DA SILVA

A MÚSICA NO PROJETO SOCIAL CANTO DA CASA


EM FORTALEZA-CE

FORTELEZA– CEARÁ
2018
2

EMANUEL ACIOLE DA SILVA

A MÚSICA NO PROJETO SOCIAL CANTO DA CASA


EM FORTALEZA-CE

Trabalho de conclusão de curso - TCC,


apresentado ao Curso de Especialização
em Artes com Ênfase em Música da
Universidade do Estado do Ceará –
UECE, como requisito final para a
obtenção do título de Especialista em
Artes com Ênfase em Música.

Orientadora: Profa. Ms. Hebe de


Medeiros Lima

Fortaleza - Ceará
2018
3

EMANUEL ACIOLE DA SILVA

A MÚSICA NO PROJETO SOCIAL CANTO DA CASA


EM FORTALEZA-CE

Trabalho de conclusão de curso - TCC,


apresentado ao Curso de Especialização
em Artes com Ênfase em Música da
Universidade do Estado do Ceará –
UECE, como requisito final para a
obtenção do título de Especialista em
Artes com Ênfase em Música.

Aprovada em ____/_____/_____

Banca Examinadora

_________________________________________
Profa. Ms. Hebe de Medeiros Lima (Orientadora)
Universidade Estadual do Ceará – UECE

___________________________________________
Profa. Ms. Ana Patrícia Maciel Holanda
Centro Universitário Estácio do Ceará – Estácio

___________________________________________
Profa. Dra. Lucila Pereira da Silva Basile
Universidade Estadual do Ceará - UECE
4

Dedico este trabalho a toda a minha


família, em especial à minha esposa
Fabiana Martins da Silva e meus pais,
Antônia Aciole da Silva e José Missias
da Silva por me apoiarem sempre,
mesmo não concordando com certas
loucuras de minha parte!
5

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a minha amiga Marcia Caroline Nogueira de Amorim por me


incentivar a fazer a inscrição para participar da seleção para essa especialização.

Agradeço de coração, à paciência e compreensão de todo o corpo de professores,


coordenadores e tutores deste curso, em especial ao Ernani Barbosa, Nelma Dahas e a
minha orientadora Hebe de Medeiros Lima.
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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................7
2. REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................10
2.1 Canto da Casa, o Projeto...................................................................................12
3. METODOLOGIA................................................................................................18
3.1 Seleção dos sujeitos da pesquisa........................................................................19
3.2 Das técnicas à coleta dos dados.........................................................................20
3.3 Entrevistas e diário de campo...........................................................................20
3.4 Analise dos dados..............................................................................................20
4. RESULTADOS DOS DA PESQUISA...................................................................21
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS......................................................................28
APÊNDICES................................................................................................................29
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1. INTRODUÇÃO

Desde os primórdios da história da humanidade a música se fez presente


fortemente ligada às questões sociais. Seja em forma de comunicação, rituais de
passagens, comemorações ou cultos religiosos a música é muito utilizada para
sensibilizar, socializar e humanizar. Baseado nesse poder que a música tem, os projetos
sociais cada vez mais seguem inserindo-a no cotidiano das crianças e adolescentes
visando desenvolver as potencialidades musicais e humanas destes.
Buscando entender melhor os resultados deste processo de desenvolvimento
musical e humano, o presente trabalho tem o objetivo de pesquisar o projeto social Casa
do Canto, descrevendo e analisando não só como a música é vivenciada neste espaço,
mas também, suas formas de ensino e os resultados alcançados.
Devido à necessidade de entender como se dá este processo de desenvolvimento
musical e sociocultural dos participantes do projeto social Casa do Canto, essa pesquisa
se justifica através da análise das contribuições musicais e socioculturais adquiridas neste
projeto e como essas contribuições podem influenciar a vida destes participantes mesmo
depois de atingirem a idade limite para permanecerem no mesmo, inclusive, contribuindo
para sua inserção no mercado de trabalho.
Como já foi mencionado acima, desde o princípio da história da humanidade a
música esteve presente como ferramenta de sensibilização e socialização em praticamente
todas as civilizações. Na Grécia antiga a mitologia associava à música origem divina e
designava como seus inventores e primeiros intérpretes deuses e semideuses, como
Apolo, Anfião e Orfeu. Por esse motivo a música foi um elemento indissociável das
cerimônias religiosas (Palisca, 1988).
De Roma, embora não se tenha vestígios autênticos de sua música, sabemos por
relatos verbais, mosaicos frescos, baixos relevos e esculturas, que a música
desempenhava um papel importante na vida militar, no teatro, na religião e em seus rituais
(Palisca, 1988).
Sobre os primórdios da história da música também no Oriente, o site especializado
neste assunto (musicanotempo.comunidades.net) aborda que entre os vestígios
remanescentes das grandes civilizações da antiguidade, foram encontrados testemunhos
escritos em registros pictóricos e escultóricos de instrumentos musicais e de danças
acompanhadas por música e que na Ásia, onde a influência de filosofias e correntes
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religiosas como o budísmo, o xintoísmo, o islamismo e etc, foi determinante em todos os


aspectos da cultura dos principais focos de cultura musical das civilizações chinesas, do
terceiro milênio antes da era cristã e indiana.
No Brasil como se sabe, somos formados basicamente a partir de três matrizes
étnicas: índios, europeus e africanos e a partir dessa miscigenação nos tornamos o povo
talvez mais multiculturalizado do mundo e isto se reflete na musicalidade de nossa gente,
porém essa musicalidade não surge nos primeiros momentos do período colonial onde a
música se fez presente através dos jesuítas que a utilizavam para catequizar os índios e
que somente mais tarde a influência musical europeia e africana se somou para dá início
à história da música brasileira como discorre Tinhorão (1986, p. 07):
Durante esses dois primeiros séculos de colonização, portanto, os únicos tipos
de música ouvidos no Brasil seriam os cantos das danças rituais dos indígenas,
acompanhados por instrumentos de sopro (flautas de várias espécies,
trombetas, apitos) e por maracás e bate-pés; os batuques dos africanos (na
maioria das vezes também rituais, e a base de percussão de tambores,
atabaques e marimbas, e ainda de palmas, xequerés e ganzás) e, finalmente, as
canções dos europeus colonizadores.

Como se pode notar, a música teve e tem uma função importante dentro da criação
e formação cultural de todos os povos de que se tem notícia, do Oriente ao Ocidente,
influenciando a cultura musical local e mundial até os dias atuais.
Aristóteles explica, através da doutrina da imitação, o modo como a música age
sobre a vontade: “a música imita diretamente as paixões ou estados da alma, brandura,
ira, coragem, temperança, bem como os seus opostos e outras qualidades; daí que,
quando ouvimos um trecho musical que imita uma determinada paixão, fiquemos
imbuídos dessa mesma paixão”.
Apoiando-se na citação acima podemos tentar compreender a importância da
presença do ensino aprendizagem de música nos projetos sociais como instrumento de
sócio musicalização. Poucos não são os trabalhos que tratam deste tema ressaltando
ótimos resultados e principalmente funcionando como uma boa opção de formação
musical à crianças e adolescentes que não teriam condições financeiras para custear um
curso de música particular ou conservatorial.
Situados estrategicamente, em sua grande maioria, nas periferias de grandes
cidades, os projetos sociais surgem como pontos de difusão de cultura e preparação
técnica profissional para aqueles que tem oportunidade de frequentá-los. De acordo com
Nunes e Weichselbaum (2016, apud Fonterrada, 2008):
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No Brasil, muitos músicos aprendem canto ou instrumento em contextos de


projetos sócio-educativos e tal contexto ainda ocupa lugar de importância na
vida de crianças e jovens, pois nem todos têm condições financeiras de estudar
em escola especializada.

Ao tratar a presença do ensino de música nos projetos sociais faz-se necessário a


observação crítica desta presença, pois sua utilização como ferramenta sócio
musicalizadora não pode ser feita de qualquer forma, é preciso muita cautela para
desenvolver um trabalho com resultados satisfatórios onde a música não seja imposta
ignorando as experiências culturais cotidianas dos participantes e muito menos utilizando
a base musical tradicional europeia como vivência única de musicalização.
Em relação a este assunto, Souza e Medeiros (2012) discorrem sobre uma parceria
com um distinto projeto social onde, segundo estes, o ensino de música só poderia
acontecer de forma plena quando contemplava seus alunos com experiências musicais
onde os conteúdos estéticos não eram ausentes nas atividades:
Esta parceria permitiu que os alunos do distinto projeto vivenciassem
experiências estéticas, sem a imposição de conceitos e práticas prontos, vindos
de fora; e com a devida consideração e respeito as suas condições
socioeconômicas e culturais”. (SOUZA e MEDEIROS, 2012, p. 173)

Sobre o desenvolvimento musical de crianças e adolescentes participantes de


projetos sociais, Reis e Coolpat (2012, p. 57 apud Gainza, 1988) discorre que todo
processo musical educativo, deveria tender para um amadurecimento, para expressões
mais profundas e de melhor qualidade.
Ainda sobre a valorização das experiências musicais que os participantes de
projetos sociais trazem do seu cotidiano para a realidade prática utilizadas como ponte de
partida em seus desenvolvimentos humanos musicais Nunes e Uriart (2012, p. 93)
afirmam:
A música, tal como a língua, também é um fato social, motivo pelo qual está
tão presente nas diferentes culturas, contextualizando cada época através da
produção sócio cultural. Para que essa premissa se confirme, o processo inicial
dos trabalhos extensionistas envolvendo a música deve focar em conhecer as
relações musicais já estabelecidas e sua presença junto à comunidade,
procurando compreender o que ela representa, principalmente aos
adolescentes, que na maior parte das vezes já demonstram suas referências
musicais, desta forma priorizando experiências que estejam na sua vivência
conceitual, com foco para ampliação da mesma.

Dessa forma se confirma a importância de se utilizar a música como ferramenta


de sensibilização, socialização e musicalização, respeitando sempre e porque não dizer,
utilizar as experiências musicais dos participantes, como ponte de acolhimento e interação
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com os mesmos afim de se criar um vínculo com estes tornando o trabalho mais viável e
com resultados satisfatórios.
Portanto, objetivo geral dessa pesquisa e entender como a música, através do
canto, transforma a vida de crianças e adolescentes que participam do projeto social Canto
da Casa, situado no bairro da Grande Messejana na cidade de Fortaleza, Ceará. Buscando
compreender tambem a música como ferramenta de musicalização, socialização e
sensibilização. Descobrir se o convívio no projeto contribui ou não na transformação
social e cultural dos participantes e que mudanças a música causou no cotidiano dos
mesmos? Qual a expectativa musical dos alunos que fazem parte desses projetos musicais
e quantos continuam estudando ou trabalhando com música depois de saírem?

2. REFERENCIAL TEÓRICO

A música apresenta diversas funções: disciplinar, entretenimento, formação


cultural, desenvolvimento da sensibilidade artística, integração social, entre outros. No
entanto, compreendemos que o ensino da música está além destas perspectivas.
Portanto, torna-se relevante compreendemos algumas concepções de Kraemer e
seus questionamentos sobre o ensino da música, o qual apresenta importantes
instrumentos de reflexão sobre educação musical na contemporaneidade. Ele aponta duas
concepções do que viria a ser educar musicalmente: “1) a prática músico-educacional
encontra-se em vários lugares, isto é, os espaços onde se aprende e ensina música são
múltiplos e vão além das instituições escolares, 2) o conhecimento pedagógico musical é
complexo e por isso sua compreensão depende de outras disciplinas, principalmente as
ciências humanas” (KRAEMER, 2000, p. 50). Na primeira concepção podemos perceber
que as relações musicais são construídas culturalmente em determinadas circunstâncias,
sejam elas intencionais ou não. Já na segunda observamos o argumento de que o ensino
da música é complexo, pois trata das relações entre o indivíduo e a música, sendo
necessário que o educador musical possua conhecimentos mais amplos da área de ciências
humanas, visando desempenhar bem o seu papel de educador.
Vê-se que as relações musicais na contemporaneidade estão cada vez mais
atreladas à complexidade das relações sociais e culturais dos indivíduos. Isto nos remete
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a perguntas difíceis de responder, porem inevitáveis como esta: como atender as


demandas escolares com o multiculturalismo presente no contexto escolar, incorporando
toda a complexidade cultural e os desafios sociais?
Por esse raciocínio, Souza (1996, p. 29) aponta elementos relacionados às práticas
pedagógicas em sala de aula como ações pedagógicas mais significativas com “objetivos,
justificativas, experiências e condições de ensino-aprendizagem resultantes de uma
reflexão profunda, num diálogo permanente com a realidade sociocultural”,
proporcionando o conhecer-na-ação e a reflexão-na-ação. As ações pedagógicas do
professor planejadas e bem estruturadas podem refletir em resultados satisfatórios no
processo de aprendizagens dos educandos.
Nessa perspectiva, as concepções apontadas por Kraemer são pertinentes a
reflexões e indagações de como definir o que seria “educação musical” nessa
complexidade. Pesquisadores brasileiros vêm enfatizando reflexões sobre o tema e
publicando artigos em periódicos e revistas, impressas e eletrônicas no Brasil, bem como
criando grupos de discussões em congressos de educação musical.
Visando contemplar as diversidades de culturas existentes na escola brasileira, o
governo federal publicou os Parâmetros Curriculares em Artes (PCN-Arte, 1997),
direcionando objetivos gerais para o ensino da música na educação básica, apontando
conteúdos musicais que podem vir a ser desenvolvidos na escola, iniciando com a
educação infantil até o ensino médio. Essa proposta curricular deve proporcionar ao
educando maiores possibilidades de vivenciar a o ensino aprendizagem de música de uma
forma plena e proveitosa internalizando a arte em sua formação cultural musical.
No referido documento, observa-se o tripé norteador quanto ao ensino de música
na escola: criação, interpretação e fruição, aproximando-se de algumas concepções de
Swanwick, o qual apresenta alguns princípios básicos na educação musical. No primeiro,
considera a música como discurso, em que o professor deve estar aberto e receptivo as
músicas a serem escutadas. “O professor musical está receptivo e alerta, está realmente
ouvindo e espera que seus alunos façam o mesmo” (SWANWICK, 2003, p. 57). [grifos
do autor]. O segundo princípio “considera o discurso musical dos alunos”, já que os
mesmos possuem informações musicais diversas construídas no cotidiano. Por último,
valoriza a “fluência no início e no final”, onde o objetivo final, para o autor, a educação
musical não é a capacidade de ler e escrever. O aluno pode estimular a percepção auditiva
e tocar de ouvido, ou seja, sem, necessariamente, saber ler uma partitura.
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2.1 CANTO DA CASA, O PROJETO

O Coral Canto da Casa é um projeto da Casa da Voz da Universidade Federal do


Ceará que, através da Associação de Amigos do Coral da UFC (ACUFC) e das parcerias
firmadas entre Enel Distribuição Ceará e EIM Instalações industriais, objetiva a formação
musical de estudantes adolescentes da cidade de Fortaleza- CE pelo Canto Coral. Este
projeto foi contemplado pelo VIII Edital Mecenas do Ceará, da Secretaria de Cultura do
Estado do Ceará e integra os projetos da Plataforma Sinfonia do Amanhã, mantida pela
Enel em parceria com o Governo do Estado do Ceará.
Concebido a partir da estética desenvolvida pelo Coral da UFC e do suporte
pedagógico da Casa da Voz, o Coral Canto da Casa é o primeiro núcleo de vivência coral
desta instituição, que almeja desenvolver o potencial humano através da arte e estimular
a solidariedade pela criação e expressão musical. Assim, o Canto da Casa cumpre os
verdadeiros objetivos da extensão universitária, na configuração de um coro jovem que
congrega a comunidade e que conta com o apoio e o compromisso social de agentes dos
setores acadêmico, artístico e empresarial.
Impactar para cantar transformando vidas. O projeto Coral Canto da Casa, inscrito
no Edital Mecenas do Ceará, através da Associação de Amigos do Coral da UFC
(ACUFC) tem como característica a educação multicultural com foco na música de
excelência, desenvolvendo habilidades de impacto global com ações de impacto local.
Sobre o multiculturalismo em ambientes educacionais, Bog Canem, Arbache e Franco
(2001, p. 04) discorrem:
O campo do multiculturalismo, com suas múltiplas formas de expressão
(questões de gênero, sexualidade, etnia, identidade etc.) vem, pouco a pouco,
ocupando lugar privilegiado nas discussões educacionais. O espaço que vem
se abrindo, em diversas sociedades, para as discussões vinculadas à
diversidade cultural/linguística/identitária é, em última instância, resposta aos
diferentes movimentos sociais que representam vozes em busca de direitos e
legitimidade, bem como o reconhecimento, por parte dos governos, da
necessidade de conter os inúmeros conflitos provenientes dessas questões.
Assim, temos observado, recentemente, políticas públicas que implementam
diretrizes legais e parâmetros curriculares que incorporam a diversidade
cultural e/ou lingüística e que trazem, para o interior da escola, questões antes
envoltas por uma névoa de silêncio ou dissimulação. No Brasil, o campo da
educação vem abarcando essas questões de forma progressiva, e somente a
partir da última década é que expressa, com maior definição, as preocupações
multiculturais.
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Ainda sobre o multiculturalismo, Bog Canem, Arbache e Franco (2001, p. 05 apud


McLaren, 2000; Canen, 1997; Canen & Moreira, 1999) apontam:
Multiculturalismo é um termo polissêmico, que pode abarcar desde posturas
de reconhecimento da diversidade cultural sob lentes de exotismo e folclore,
passando por visões de assimilação cultural, até perspectivas mais críticas de
desafio a estereótipos e a processos de construção das diferenças - estas
últimas, conhecidas como perspectivas interculturais críticas ou
multiculturalismo crítico.

O Canto da Casa completou em julho deste ano, dois anos de atividades, tendo
impactado a vida de mais de mil alunos e visitado mais de 20 bairros, com shows em
praças, escolas públicas e espaços públicos de uso do povo cearense, tendo entrado
recentemente para o cronograma da cidade no que diz respeito às apresentações em datas
festivas, festivais e intervenções escolares. A respeito disso, Weichselbaum e Nunes
(2016, p. 02) discorrem:

Nesse sentido, assume-se que a música torna-se um instrumento facilitador de


inclusão social e de prática musical, que oportuniza a realização de desafios
que contribuem para a realização das habilidades sociais, cognitivas, afetivas
e de execução instrumental/vocal dos participantes.

Integram, atualmente, o projeto 40 (quarenta) jovens, entre 14 e 21 anos,


regularmente matriculados em escolas públicas da regional VI e entre outras regionais de
Fortaleza. Atualmente, somam-se a esse grupo 15 crianças que realizam um ensaio
semanal com toda a estrutura compartilhada pedagogicamente. Dessa forma, o projeto
Coral Canto da Casa, passou a atender um total de 55 participantes.
No Projeto Coral Canto da Casa, os alunos se encontram três vezes por semana
(segunda, quarta e sexta), no horário de 14h às 17h, no qual têm acesso a aulas gratuitas
de canto-coral, teoria musical, técnica vocal, preparação e expressão corporal, curso
básico inglês (com foco em programas, como o Jovens Embaixadores da Embaixada dos
Estados Unidos no Brasil), liderança social (balizadas nos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável da ONU) e lanche reforçado nos intervalos das aulas. Acreditam na
importância da nutrição para a educação, conforme toda a principiologia adotada pela Lei
de Diretrizes e Bases da Educação e seu decorrente sistema normativo. O público – alvo
do projeto são crianças e jovens em situação de risco social e benefício do lanche mantém
a eficácia do plano pedagógico do projeto, uma vez que as aulas ocorrem no contra turno
e os participantes almoçam no projeto após saírem da escola.
A expectativa do coral é gerar perspectiva de vida e vivências artísticas
significativas para crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social; recuperando
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a autoestima e o protagonismo social; intensificando as atividades culturais na cidade de


Fortaleza; estimulando criações musicais e sua divulgação como manifestação do
potencial artístico do povo cearense; reduzindo a quantidade de crianças em condição de
abandono em contato com a violência e as drogas, ajudando a melhorar o desempenho
das crianças nas matérias curriculares pelo desenvolvimento da concentração
contribuindo para o desenvolvimento educacional, humano e artístico dos alunos. Sobre
a contribuição que o ensino de música em projetos sociais proporciona aos participantes,
Weichselbaum e Nunes (2016, p. 03) apontam:
A partir da formação musical, a contribuição do ensino destes projetos na vida
dos jovens pode ser variada: alguns seguem carreira em música, outros não,
outros ainda vislumbram possibilidades de profissionalização com música, e,
muitos, contam com uma importante contribuição para o desenvolvimento de
habilidades sociais e cognitivas, entre outras.

Como parte do programa pedagógico, ao final de cada ano é realizado um


musical com músicas e cenário construído a partir de pesquisas e realidade social
vivenciada pelos alunos. O objetivo é levar o musical para o maior número de escolas
públicas da cidade de Fortaleza. A falta de estrutura cênica (iluminação, urdimentos, som)
nesses espaços fez com que criássemos uma alternativa viável e de baixo custo para
apresentar os espetáculos com um arranjo mínimo que pudesse promover entendimento
sensível e estético do trabalho apresentado.
O coral desafia a falta de estrutura local, ao levar cenário e iluminação para cada
espaço, propondo formação de público para espetáculos musicais em conjunto com o
empoderamento juvenil através da música. Em face dos desafios abordados acima, é
notável a prioridade não só do prazer de se fazer música, mais leva-la de encontro ao
público, independente das dificuldades que se apresentam como barreiras. A cada
espetáculo concluído é possível observar os resultados de forma satisfatória.
O que se considera mais importante nesse processo são os resultados
alcançados pelos alunos: eles são o motivo principal da mobilização, pois seu
desenvolvimento, compreensão, superação e satisfação na prática de atividades
sensibilizadoras, cognitivas, motoras, afetivas, mas acima de tudo musicais na
sua essência, fazem valer qualquer esforço. (URIARTE E NUNES, 2012, p.
91)

Os professores do coral são músicos graduados pela Universidade Federal do


Ceará (UFC) e, ao final do ano, os alunos recebem um certificado com as chancelas do
Coral da UFC e da Secretaria de Cultura Artística da UFC, por se tratar de uma parceria
entre Associação de Amigos do Coral da UFC (ACUFC) e UFC.
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Compreendendo as reflexões sobre o ensino da música na contemporaneidade e


todas as reflexões comentadas anteriormente, é que propomos analisar as contribuições
de uma proposta formativa sobre o ensino da música no Projeto Social o Canto da Casa
em Fortaleza-Ce. Para tanto, faz-se necessário traçarmos uma proposta metodológica que
possa atendar os objetivos desse estudo.
Para o desenvolvimento desta pesquisa, com o objetivo de investigar como a
música, através do canto é utilizada como ferramenta musical e sociocultural e transforma
a vida de crianças e adolescentes que participam do projeto social Canto da Casa, foram
pré-selecionados grupos diferentes de participantes e a eles foram desenvolvidos e
direcionados questionários de acordo com o grupo em questão. Entre estes estão
Coordenadores, regentes e professores; Participantes que estão desde o começo do
projeto; Participantes que não fazem mais parte do projeto; Participantes que entraram
recentemente e Pais de participantes.
Segundo Swanwick (2003, p. 57), um dos objetivos do professor de música é
trazer a consciência musical do último para o primeiro plano:
Quando a música soa, seja lá quem faça e quão simples ou complexos os
recursos e as técnicas sejam, o professor musical está receptivo e alerta, está
realmente ouvindo e espera que seus alunos façam o mesmo.

O trabalho no Coral Canto da Casa acontece através de estratégias de busca de


participantes nas escolas públicas próximas à Empresa EIM, localizada no Bairro de
Messejana, próximo à Casa de José de Alencar, onde acontecem as aulas e ensaios. A
empresa EIM cede salas, teatro, cantina e área de lazer para que o projeto aconteça.
O projeto Coral Canto da Casa se identifica como mais um desses espaços que
têm o objetivo de oportunizar às crianças e jovens uma nova perspectiva de vida e
vivências artísticas significativas para que estes que vivem em situação de
vulnerabilidade social possam recuperar a autoestima e o protagonismo social,
intensificando as atividades culturais na cidade de Fortaleza e principalmente no bairro
em que residem.
Sobre o fazer musical que, assim como no coral Canto da Casa, acontece fora de
ambientes educacionais, Swanwick (2003, p. 98) afirma que:
Atualmente há um aumento do “alcance” educacional da música, projetado e
iniciado por agências de artes, orquestras, casas de ópera, grupos comunitários,
centros musicais e muitas outras instituições. Isso inevitavelmente traz a
questão da relação entres escolas e faculdades e o fazer musical em outros
ambientes. Existe uma grande quantidade dessa música.
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Depois de escolhidas as escolas que farão parte da estratégia de divulgação e


procura de novos participantes, os professores desenvolvem oficinas e junto aos
participantes antigos levam a proposta às escolas. As oficinas se dividem em três: aula de
solfejo, expressão corporal e coral onde depois das vivências proporcionadas, os alunos
que se identificam, realizam um cadastro e em seguida são convidados a participarem do
coral. A respeito da importância da utilização de oficinas musicais como ferramenta
pedagógica, Paz (2000, p. 234) cita o trecho de um depoimento de Luiz Carlos Cseco,
professor das Oficinas de Música da Pró-Arte do Rio de Janeiro:
Por oficina de música ou laboratório de som, ou ainda experimentação musical,
entende-se hoje um vasto campo de atividades ligadas à pedagogia musical que
sendo até eventualmente contraditórias, cria expectativas ou atrai
responsabilidades que muitas vezes não quer, nem lhe corresponde assumir. A
oficina de música, tal como entendemos, é um processo que deve ser prévio ao
estudo acadêmico ou sistemático da música tradicional, caso este queira
realmente ser empreendido. Esse processo através da manipulação individual
ou em equipe, de objetos sonoros, descobertos ou inventados pelos próprios
indivíduos: leva ao conhecimento da capacidade criativa existente em todos
nós e, assim, ao autoconhecimento e à realização pessoal.

O objetivo principal das oficinas oferecidas nas escolas pelos professores do


projeto é fazer com que os participantes já se sintam acolhidos a partir destas práticas.
Temos os alunos que entram no começo do ano que ficam conosco até o final
da produção de espetáculo, e final do ano os novatos chegam integrando-se
ao coral, ajudando na parte final do processo de criação e aprendendo uma
música do final do espetáculo, uma espécie de batismo para o trabalho a
seguir, com a turma nova. (Professora A)

O projeto Coral Canto da Casa tem dois anos e meio de existência e durante esse
período muitos participantes tiveram a oportunidade de fazer parte influenciando e sendo
influenciado como cita a uma das professoras entrevistadas:
No projeto acontece uma troca de experiência. O conhecimento musical é
passado, mas a bagagem musical do aluno também é importante. Procuramos
despertar a curiosidade dos alunos para a história da música através do
repertório. Incentivamos o trabalho do grupo, o fazer coletivo, a criatividade.

Sobre esta bagagem musical que os alunos trazem consigo a partir de suas
vivências cotidianas, Swanwick (2003, p. 66) discorre sobre a importância de considerar
o discurso musical dos alunos:
Disscurso – conversação musical -, por definição, não pode ser nunca um
monólogo. Cada aluno traz consigo um domínio de compreensão musical
quando chega a nossas instituições educacionais. Não os introduzimos na
música; eles são bem familiarizados com ela, embora não a tenham submetido
aos vários métodos de análise que pensamos ser importantes para seu
desenvolvimento futuro. Temos de estar conscientes do desenvolvimento e da
autonomia do aluno, respeitar o que o psicólogo Jerome Bruner chama de “as
energias naturais que sustentam a aprendizagem espontânea”: curiosidade;
desejo de ser competente; querer imitar outros; necessidade de interagir
17

socialmente. Não podemos nos eximir de compreender tudo o que está


envolvido com esses aspectos.

Durante esse período de existência, o coral Canto da Casa desenvolveu e


apresentou dois espetáculos: “TUDO TEM SEU TEMPO”, 2017 e “A FLOR QUE
NASCE DO ASFALTO”, 2018. Alunos que participam desde o começo confirmam o
quanto a troca musical e social existente entre eles e o projeto tem se desenvolvido e
modificado suas vidas e isto fica evidente em suas respostas quando perguntados sobre
se o projeto influenciou ou influencia seu gosto musical e em relação à parte social o que
teria mudado em suas percepções do mundo enquanto pessoas conscientes de seu papel
na sociedade:
Sim. Tem me ajudado bastante com o meu desenvolvimento pessoal e minha
postura perante a sociedade. Até no meu modo de agir com as demais pessoas
ao meu redor. Eu comecei a enxergar o mundo de forma mais agradável e o
projeto faz com que vemos uma realidade totalmente diferente dá em que
vivemos e sermos pessoas melhores na sociedade e não deixar que nenhum
jovem seja enganado facilmente. (PARTICIPANTE C).

Sim. Conheci algumas músicas por causa do projeto e elas se tornaram minhas
favoritas. Comecei a fazer aulas de instrumentos e fazer parte de um grupo de
percussão e por conta do que aprendi nas aulas de teoria se tornou mais fácil.
Me tornei uma pessoa mais aberta a críticas e menos envergonhada. Comecei
a ver o mundo com os olhos da arte. (PARTICIPANTE D).

Durante todo o ano, os participantes se encontram três vezes por semana (segunda,
quarta e sexta), no horário de 14h às 17h, no qual têm acesso a aulas gratuitas de canto-
coral, teoria musical, técnica vocal, preparação e expressão corporal, curso básico inglês
(com foco em programas, como o Jovens Embaixadores da Embaixada dos Estados
Unidos no Brasil), liderança social (balizadas nos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável da ONU) e têm como meta a preparação e apresentação dos espetáculos como
fechamento de temporada anual, como afirma a professora A:
Os espetáculos são a culminância e soma do estudo de um ano inteiro. Nele
os alunos mostram tudo o que aprenderam no Canto da Casa. Ao todo fizemos
02 espetáculos, que foram exatamente com as duas primeiras turmas que
passaram pelo curso; todas as mensagens nas músicas trazem uma mensagem
forte. Sempre procuramos dar voz aos nossos alunos, assim eles podem se
expressar através das canções.

Além de aulas de teoria musical, técnica vocal, expressão corporal e cenografia os


participantes do projeto ainda contam com aulas de inglês e liderança social, o que tem
ajudado bastante na socialização entre os mesmos.
Sobre as aulas de inglês e liderança social e seus resultados satisfatórios uma das
professoras entrevistada afirmou que,
18

As aulas de inglês atendem ao cronograma de Liderança Social, uma vez que


os alunos são apresentados à outras culturas, trabalham o olhar crítico e a
empatia. A análise de discursos em outros idiomas expande o repertório de
criticidade sobre as coisas. Os aproximam de melhores oportunidades de
emprego e os habilitam para novos desafios no mercado de trabalho.

É possível notar o desenvolvimento social e musical em todos os participantes,


principalmente naqueles que participam desde a primeira formação. Estes quando
perguntados sobre a possibilidade estudar ou trabalhar com música de forma profissional
futuramente e ainda como poderiam contribuir na localidade onde moram se utilizando
dos conhecimentos sociais e musicais adquiridos no projeto responderam:
Sim. Afinal temos que propagar a arte pelo mundo porque é mais fácil viver
no mundo sem cultura do que deixar o povo morrer na fartura, pois a decisão
de mudar o mundo está em cada um de nós, só basta querer pois conhecimento
é poder. (PARTICIPANTE C).

Criando novos projetos para que tenham mais oportunidades imobilizando os


cidadãos locais para cada um lutar pelo seu direito e lugar de voz na
sociedade porque todos merecem ter o conhecimento com a arte.
(PARTICIPANTE C).

Pretendo sim. (PARTICIPANTE D).

Começar algum tipo de ação social pelo bairro onde moro, porque ali não
existe nada do tipo. (PARTICIPANTE D).

Portanto, nota-se nas falas dos participantes o sentimento de replicação dos


conhecimentos musicais e sociais adquiridos ao longo desses dois anos e meio de
participação no projeto. Isso comprova um dos objetivos traçados por grande parte de
projetos sociais, pois independente da ferramenta utilizada no processo de socialização
deve-se ressaltar a troca que acontece a partir das interações, como cita Matos, Júnior e
Fernandes (2012, p. 223):
O espaço para interações, para trocas entre os sujeitos que aprendem, ensinam
e novamente aprendem, ensinam e novamente aprendem música – no eterno
contínuo de aprender e ensinar – acabam, no contexto do chamado ensino
coletivo, apresentando-se como um acidente de percurso liderado pelo
professor e não como a questão essencial da aprendizagem musical em grupo.

3. METODOLOGIA

Nessa proposta investigativa, será utilizado o paradigma interpretativo com


abordagem qualitativa. Bogdan e Biklen (1994) comentam que pretende-se desenvolver
e ou aprofundar conhecimentos sobre um determinado contexto sem, necessariamente,
ter hipóteses a serem testadas, procurando compreender o comportamento dos
19

participantes da pesquisa. Na abordagem qualitativa tende a ser melhor desenvolvida,


visto que “ela se ocupa, nas Ciências Sociais, com um nível de realidade que não pode ou
não deveria ser quantificado. Ou seja, ela trabalha num universo dos significados, dos
motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes” (MINAYO, 2008, p. 21).
Como metodologia a ser abordada será a pesquisa qualitativa com aproximação
etnográfica amparada nas fundamentações de Bogdan e Biklen (1994); André (1995);
Gómez (1996), Beaud e Weber (2007). As análises dos dados serão ancoradas em Bardin
(1994) e Minayo (2008).
Reconhece que a etnografia é uma abordagem metodológica usada amplamente
pelos antropólogos e que se faz necessário a permanência do pesquisador no campo
durante anos, a fim de conhecer melhor o meio cultural dos atores sociais que desejam
investigar. Assim como os antropólogos, os pesquisadores em educação utilizam algumas
ferramentas da etnografia para descrever as ações dos sujeitos no cotidiano escolar,
caracterizando como aproximação etnográfica (André, 1995; Gómez, 1996). “O que se
tem feito é uma adaptação da etnografia à educação, o que me leva a concluir que fazemos
estudos do tipo etnográfico e não etnografia no seu sentido estrito” (ANDRÉ, 1995, p.
28).
Na pesquisa etnográfica em educação defende-se como requisito imprescindível
a observação direta, a qual permitirá ao pesquisador conhecer o cotidiano escolar, as
práticas desenvolvidas pelos sujeitos investigados apoiada nas técnicas utilizadas no
campo. Nesse caso não se faz necessário a permanência no campo durante muito tempo,
como ocorre na pesquisa etnográfica antropológica.

3.1 Seleção dos sujeitos da pesquisa

Para a realização desse trabalho serão investigados os professores e participantes


do Projeto Social O Canto da Casa em Fortaleza-Ce para investigar como desenvolvem
suas experiências formativas através do ensino aprendizagem de música.
A seleção dos participantes dar-se-á a partir de uma enquete, que poderá ser
divulgada mediada pelos alunos que participam e que já participaram do projeto. Após
abordagens realizadas com entrevistas semiestruturadas, entraremos em contato
pessoalmente com os interessados que queiram participar desse estudo, explicando a
relevância da pesquisa, propostas metodológicas e resultados do estudo. Esses alunos
20

terão que participar no decorrer do processo, de entrevistas, enquetes e observações de


suas aulas após as intervenções pedagógicas musicais dos alunos do Projeto Social o
Canto da Casa em Fortaleza-Ce.

3.2 Das técnicas à coleta dos dados

Para o presente estudo as técnicas utilizadas foram entrevistas, individuais e


coletivas, resultados das conversas desenvolvidas com os participantes durante os
encontros presenciais; análises de documentos e diário de campo.

3.3 Entrevista e diário de campo

As entrevistas contribuiram nas análises durante a coleta dos dados em estudo.


Acreditando que nessa etapa do processo as relações entre investigador e investigado são
próximas. Beaud e Weber (2007) defendem que nessa etapa da pesquisa é obter a
confiança do pesquisado, compreendendo o que ele diz relacionando com suas ideias.
As entrevistas foram registradas em gravadores digitais, autorizadas pelos sujeitos
da pesquisa, os quais tiveram acesso aos conteúdos das transcrições, evitando possíveis
constrangimentos durante os estudos.
Já o diário de campo, uma ferramenta da pesquisa etnográfica, também foi
utilizado durante a pesquisa. Nele foi possível anotar as observações que o pesquisador
considerou relevante, as impressões dos encontros presenciais, as propostas curriculares
desejadas pelo grupo, buscas de possíveis soluções para os questionamentos levantados e
outras informações que o investigador considerou importante para pesquisa.

3.4 Análise dos dados

Análise qualitativa dos dados foi realizada por processo de categorização, por
meio da análise de conteúdo, por ser “(...) uma técnica de investigação que tem por
finalidade a descrição objetiva, sistemática e qualitativa do conteúdo manifesto da
comunicação” (BARDIN, 1994, p.18). Com essa proposta de análise pode-se aplicar os
21

estudos das ciências sociais a fim de compreender os fatores físicos, culturais e sociais
dos atores citados, vivenciados nas experiências do cotidiano dos processos simbólicos
de realidades diferentes.

4. RESULTADOS DA PESQUISA

Cremos que é possível pensar que, em todos os momentos da formação musical


de uma pessoa, seja esta um executante profissional, um multiplicador ou um fruidor de
sons, existe a necessidade de interação entre os sujeitos envolvidos, interação esta que
gerar novos conhecimentos e que faz surgir novos significados para conhecimentos já
construídos, através de um processo de aprendizagem colaborativa.
Como já foi citado anteriormente, muitas crianças e adolescentes tiveram a
oportunidade de participar do Coral Canto da Casa, porém, por motivos específicos, nem
todos puderam continuar. Alguns destes foram entrevistados com o intuito de
descobrirmos a contribuição que as trocas proporcionadas pelas vivências no projeto
puderam e podem influenciar na vida destes.
A primeira contribuição visível nas respostas é que o projeto surge como uma
oportunidade de suprir a vontade destes, não só de fazer música, mais também de
participar de algo que proporcione o contato deles com a arte de uma forma geral.
Perguntamos o que os fizeram decidir fazer parte do projeto? Seguem as respostas:
Eu sempre tive interesse de participar de um Coral, e desde sempre gostei
muito de cantar, interpretar, dançar etc. - PARTICIPANTE E

Sempre gostei muito de arte, meu foco mesmo era encenar, teatro. Mas me
encantei pelo coral logo de cara, sempre fomos uma grande família. -
PARTICIPANTE F

A oportunidade de poder me expressar através do canto. - PARTICIPANTE


G

Levando em consideração as respostas dos participantes acima mencionados,


nota-se que a oportunidade de fazer parte de algo que supra suas necessidades artísticas,
no caso especifico, musicais, teatrais, culturais e sociais, o projeto surge como uma rede
social, onde os participantes com mesmo gosto ou parecido, possam interagir trocando e
vivenciando experiências não só artísticas, mais também sociais que ficarão inseridas na
memória destes ao longo de suas vidas, mesmo daqueles que tiverem que deixar de
participar do projeto antes do tempo previsto pelos idealizadores deste.
22

Percebe-se que essa soma do que vem na bagagem dos participantes mais o que é
aprendido e vivenciado no projeto, forma uma herança cultural, na verdade, multicultural,
visto que o gosto em comum é a arte, porém o gosto musical é bastante diversificado pois
estes participantes vêm de interações sociais diversas. E é sobre a importância dessa
herança cultural que argumenta Swanwick (2003, p. 38):
É óbvio que toda música nasce em um contexto social e que ela acontece ao
longo e intercalando-se com outras atividades culturais, talvez com um grupo
de pais atuando como agentes, ou talvez nos assegurando da continuidade e do
valor de nossa herança cultural – qualquer que seja -, ou ainda proporcionando
um pouco de ânimo num jogo de bola. Quero argumentar que, embora
escolhamos usar a música em ocasiões diferentes, para as pessoas envolvidas
com educação, a música tem de ser vista como uma forma de discurso com
vários níveis metafóricos. Nós, portanto, podemos ver a música além de suas
relações com origens locais e limitações de função social. A música é uma
forma de pensamento, de conhecimento.

Percebemos ainda com bastante nitidez as consequências positivas de terem


participado do projeto Coral Canto da Casa em outras respostas, quando perguntados
sobre se a participação no projeto influenciou o gosto musical deles? Seguem as respostas:
Influenciou e tornou mais eclético. Como as nossas músicas vão de clássicas
a regionais, eu melhorei muito meu gosto musical e conheci muitos artistas. -
PARTICIPANTE E

Não exatamente, as músicas do repertório já faziam parte do meu estilo


musical, na realidade eu sou muito eclética com músicas, então nas minhas
playlists tem músicas de todo tipo. - PARTICIPANTE F

Sim, totalmente! O canto da casa trabalha com músicas brasileiras que mesmo
que pessoas da minha idade conheçam algumas, os repertórios dos
espetáculos me mostram músicas que eu não tinha noção de sua existência, e
que agora escuto diariamente. Titãs, Raul Seixas, e outros fazem parte agora
de minhas playlists. - PARTICIPANTE G

Como se pode ver, em um projeto social, as trocas são inevitáveis pois ali, apesar
de se encontrarem participantes de uma mesma faixa etária ou aproximada, cada um,
através do convívio, acaba deixando e pegando um pouco da bagagem cultural de ambos
e são ainda influenciados pelo repertório proposto pelos professores; as músicas em
outros idiomas, por exemplo, que são trabalhadas nas aulas de inglês como citou a
professora B, expande as possibilidades e as oportunidades:
Uma vez que os alunos são apresentados a outras culturas, trabalham o olhar
crítico e a empatia. A análise de discursos em outros idiomas expande o
repertório de criticidade sobre as coisas; os aproximam de melhores
oportunidades de emprego e os habilitam para novos desafios no mercado de
trabalho.

Um exemplo dessa teoria na prática no projeto Coral Casa do Canto, em relação


a aquisição de conhecimentos à cerca de outros idiomas é que são inseridas no repertório
23

do coral músicas em inglês, inclusive no último espetáculo foi inserida a música “Another
Brick in the wall” da banda Pink Floyd.
Um aspecto importante que pode facilitar o trabalho de desenvolvimento artístico,
cultural e social dos participantes em um projeto é a ideia da identificação que deve ser
pensada na hora de desenvolver as propostas que serão trabalhadas nas atividades,
dinâmicas, criações, enfim, em tudo o que os participantes estiverem envolvidos. A
respeito disso, Reis e Coopat (2012, p. 69) discorrem:
O aprendizado artístico pode criar identidade entre jovens e adolescentes. Os
jovens de classes menos favorecidos carecem de uma afirmação e valorização
de si mesmos. Esses valores podem ser desenvolvidos com o apoio do trabalho
com arte. O estudo de um instrumento musical, pode trazer novo significado à
vida desses jovens, reiterando-os à sociedade. Através do envolvimento em
uma dinâmica de grupo, seja atendendo a ensaios, concertos, apresentações ou
pequenos grupos de estudos, cada participante desenvolve: laços emocionais
com o trabalho realizado; laços com outras pessoas envolvidas; laços com a
própria arte musical. Esses laços podem os unir numa esfera que almeja a
concretização de um ideal valorizado dentro de sua comunidade, e eles (os
jovens antes sem expectativas) agora os sujeitos desta ação. O envolvimento
com a música, neste caso, devolveu-lhes a possibilidade de reinserção em seu
grupo social.

Esses laços comentados acima estão aparentes também nos participantes que não
puderam continuar no Coral Canto da Casa, isso se comprova nas respostas destes, que
por motivos específicos, tiveram que traçar outros caminhos. Perguntamos a estes, em
relação à parte social, o que teria mudado neles enquanto pessoas conscientes de sua
função na sociedade?
Antes do projeto eu tinha uma visão completamente limitada de tudo. Com o
projeto me deu voz de todas as formas, desde o canto até a posicionamento
social, como sempre trabalhamos autoestima, autoconfiança e liderança, eu
saí uma pessoa com uma visão crítica do mundo e familiarizada com a
diversidade das coisas. - PARTICIPANTE E

Confesso que antes do projeto eu tinha a cabeça um pouco mais fechada, mas
quando entrei no coral e vi a diversidade de pessoas (principalmente lgbtq+)
eu abri ainda mais a mente com relação a isso. Foi incrível para mim, essa
mudança. - PARTICIPANTE F.

Muita coisa mudou em relação a isso. A arte me ensinou bastante através do


canto da casa, e me fez desejar ser uma voz para outras pessoas que não
podem falar por si mesmas, fez eu querer me posicionar com coisas que até
ontem eu nem mesmo parava para pensar, me deixou consciente de que posso
fazer a diferença para outras pessoas e para mim mesma com música. Antes
era mais fácil só sentar e assistir as coisas acontecerem, agora, eu sei o meu
dever de opinar ou intervir sobre elas. - PARTICIPANTE G.

Desde as oficinas, que são o primeiro momento, ou seja, o primeiro contato entre
os professores e participantes antigos e os possíveis próximos participantes, estes últimos
são acolhidos e já devem se sentir como parte do projeto, sendo o acolhimento inicial um
24

ponto forte das oficinas que são os principais responsáveis pela adesão de tantos jovens
que por sua vez buscam a oportunidade de suprir suas necessidades de valorização perante
a sociedade e ao mesmo tempo a tentativa de satisfazer o desejo de vivenciar a arte na
pratica através da música.
Neste primeiro momento os participantes são intuitivamente conduzidos pela
curiosidade. Essa curiosidade se manifesta de várias formas: de como será participar de
um grupo musical, curiosidade de conhecer novas pessoas com desejos parecidos e
necessidades de valorização idênticas, entre outras. Sobre essa curiosidade inicial
Swuanwick (2003, p. 67) discorre sobre como essa curiosidade é despertada:
A curiosidade não é despertada ditando-se informações sobre a vida dos
músicos ou sobre história social, nem dizendo sempre aos alunos o que eles
precisam ouvir, nem tratando um grupo musical como se ele fosse uma espécie
de máquina. É preciso que haja algum espaço para a escolha, para a tomada de
decisões, para a exploração pessoal. Isso inclui também a possibilidade de
trabalhar individualmente e em pequenos grupos. Existe alguma razão especial
para que bons grupos musicais trabalhem sempre de forma coletiva? Os alunos,
em pequenos grupos, trarão suas próprias interpretações e tomarão suas
próprias decisões musicais em muitos níveis. Eles começarão a se “apropriar”
da música por eles mesmos.

Passada esta fase do acolhimento inicial, se faz necessário que seja iniciada a fase
das competências, onde através dos tres encontros semanais são oferecidas aulas de teoria
musical, técnica vocal, expressão corporal e cenografia, além de aulas de inglês e
liderança social que além de desenvolver as competências objetivadas, também ajudam
na socialização dos alunos. Para comprovar a eficácia do desenvolvimento das
competências necessárias desenvolvidas perguntamos a dois participantes que
ingressaram no coral a pouco tempo se depois do contato com o projeto e os outros
participantes, mudou alguma coisa em sua forma de pensar enquanto ser consciente de
suas funções sociais, e pudemos perceber através de suas respostas que visivelmente tais
competências não só se desenvolveram como também tem influenciado positivamente o
cotidiano destes:
Depois que entrei no projeto do coral canto da casa percebi como a vida não
é nada sem os sonhos, e os outros integrantes do coral me ajudaram a ver o
mundo diferente, cada um lá é diferente e especial e depois de tudo desses 8
meses de convivência com os professores e meus colegas consegui me
socializar mais com as pessoas antes não preferia não falar ficar no meu canto
hoje em dia sou mais extrovertida e não me envergonho mais no palco. Bem o
coral para mim é maravilhoso e pretendo continuar nele por muito mais
tempo. - PARTICIPANTE H.

Sim. É uma experiência muito agradável, não nova porque eu já fiz coral e
canto quando pequena. Mas é uma experiência que eu estou vivendo jovem,
com pessoas altamente diferentes com culturas diferentes é muito bom
aprender assim, é um lugar que a gente aprende muita coisa nova a gente tá
25

ali pra aprender uns com os outros a compartilhar momentos, compartilhar


ideias e assim nos tornarmos uma família, porque lá compartilhamos o mesmo
sentimento, o amor a música! - PARTICIPANTE I.

A medida que essa competência se desenvolve, mais apto estará o participante não
só de dominar os conhecimentos musicais adquiridos como também mais consciente de
seu papel enquanto protagonista social.
Tivemos a curiosidade de entrevistar alguns pais de participantes com o objetivo
de descobrir que mudanças influenciadas pela participação no projeto Coral Canto da
Casa poderiam se refletir no âmbito domiciliar? Se seriam positivas ou negativas? Qual
a forma de apoio por parte dos pais em relação a continuidade da participação de seu filho
no projeto? E que expectativas teriam em relação ao futuro dos filhos com essa ligação
as artes, especificamente, a música?
Notamos a partir das respostas aos questionários que desde o primeiro momento,
logo depois do contato inicial através das oficinas onde os alunos puderam vivenciar e
entender como se daria a participação dos mesmos, os pais já se mostraram interessados
e apoiadores, como seguem as respostas abaixo:
Ele chegou me comunicando que havia um novo projeto na comunidade local
e que ele queria muito participar desse projeto que estava selecionando alunos
nas escolas públicas eu fiquei muito ansioso para deixá-lo ir participar do
projeto. - PAIS 1.

Achei bom, porque assim eles têm uma coisa boa para ocupar a mente. - PAIS
2

Fiquei surpresa, pois meu filho não tinha interesse por música. Aconteceu
através da professora que fez o convite pra ele, que ficou interessado quase
me enlouqueceu, então inscrevi no projeto. - PAIS 3

Foi por intermédio de outra mãe, ele havia falado do projeto pra mim. Gostei
é pedi pra colocar minha filha.“ - PAIS 4

Achei muito importante e dei todo apoio, pois apoio a música e a cultura nas
escolas, agregar a música é assertiva.- PAIS 5.

Entendemos que esse apoio tem extrema importância não só para a vida dos
participantes, mais também para a continuidade do projeto, pois aos pais, nessa fase de
transição para a vida adulta, o que realmente importa é motivar o sonho dos seus filhos e
acreditar em suas decisões, sempre acompanhando-os de perto, pois tudo o que eles
realmente desejam é ser parte de alguma coisa que lhes valorizem proporcionando o
prazer de viver as descobertas dessa fase dividindo espaço com outros participantes com
sua mesma faixa etária, dar orgulho à família e garantir um futuro melhor.
26

Perguntamos ainda aos pais de que forma se dava esse apoio e se teriam notado
alguma mudança no comportamento de seus filhos depois do contato com o projeto.
Seguem as respostas:
“Eu apoio incentivando ele a ir todos os dias e ter um compromisso com o
projeto incentivo ele em suas apresentações que são maravilhosas e bem
projetadas. Incentivo mostrando que a arte é o único meio de enfrentar o
mundo em que vivemos. Sim. No meu ponto de vista influenciou bastante pois
ele é uma pessoa mais centralizada e informada do que acontece; atualmente
até sua postura está de forma mais adequada”. - PAIS 1
“Sim. Apoio a decisão dos dois (filhos), se for da vontade deles, apoiarei”. -
PAIS 2
“Incentivando e apoiando, faço de tudo pra ele não faltar. Ele tem o meu apoio
e o que eu puder fazer para ele realizar esse sonho sou capaz de mover céus e
pedras. - PAIS 3
Sim porque o sonho dela é ser cantora e vai ajudar muito ela lá na frente,
principalmente com timidez. Indo deixar, não desistir porque irá ajudar ela
muito no futuro pra carreira dela. Converso muito com ela que a equipe
fortalece mais ela. (PAIS 4)

Sim, aumentou o interesse por música mpb, ela já tinha o gosto musical
peculiar. Ajuda ensinando técnica vocal, na dicção e a pontualidade na
chegada do projeto. (PAIS 5)

Por fim, perguntamos aos pais como eles enxergavam o papel dos projetos sociais
como ferramenta de humanização e socialização na sociedade? Seguem as respostas:

Que deveria ter mais projetos sociais porque os jovens estão precisando
interagir mais com o meio social expandir novos conhecimentos e adquirir
novas habilidades. (PAIS 1).

Possibilidade de aprendizagem dos meus filhos fora da escola. (PAIS 2).

No meu ver, eu acho muito bom, porque ocupa a mente das crianças e ajuda
para que elas não se envolvam com coisas erradas. Todos os pais deveriam
INCENTIVAR seus filhos a participarem de projetos como esse. Meu filho é
hiperativo (diagnosticado), então depois que ele passou a frequentar o coral,
ele melhorou muito. Melhorou em termos da agressividade, a forma de se
expressar e tratar as pessoas. E facilitou em parte em problema da dicção, ele
omitia o som do R; P; T. Aspectos esses observados pela professora do AEE
em que ele é matriculado. (PAIS 3).

Ajudaria muitas pessoas carentes a realizarem seus sonhos, quebrando


preconceitos e até mesmo tirando jovens dos caminhos errados incentivando
através da música. – PAIS 4

É dar um novo olhar, formando um cidadão crítico aos acontecimentos


sociais. PAIS 5.
27

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o objetivo de entender como a música, através do canto, transforma a vida


de crianças e adolescentes que participam do projeto social Coral Canto da Casa, com
base nos dados coletados mediante investigação, sob a estratégia de entrevistas
direcionadas aos grupos específicos de participantes e ainda de pais de participantes,
podemos relatar algumas conclusões.
Percebemos que o projeto utiliza a música como ferramenta de musicalização
através das aulas de teoria musical, técnica vocal, expressão corporal e cenografia, mais
também, dispõem de outros recursos para sensibilizar e socializar os participantes como
as aulas de inglês, onde por meio do contato com outra cultura ampliam seus repertórios
de criticidade sobre o mundo e ainda nas aulas de liderança social onde desenvolvem o
senso de autovalorização, de trabalho em grupo, do fazer coletivo, do protagonismo
social, além de qualidades como a criatividade participativa estimulada nos ensaios e
apresentações.
Descobrimos que o convívio dos participantes no projeto com os professores e os
demais participantes contribuiu e contribui em muito com transformação social e cultural
dos mesmos, visto que, não só os primeiros, mais também os pais destes comprovam, em
suas entrevistas, que mudanças radicais e positivas são nitidamente visíveis não só no
ambiente do projeto mais também, na escola e no âmbito domiciliar.
Concluímos que grande parte dos alunos entrevistados alimentam a expectativa
de continuarem estudando ou trabalhando com música de forma profissional no mesmo
projeto ou em outro ou inda se tiverem que sair, independente do motivo, excluindo-se
apenas uma pequena quantidade do grupo dos participantes que não fazem mais parte do
projeto e que almejam outro caminho profissional.
Assim, baseado nesta pesquisa, conclui-se que o Projeto Coral Canto da Casa
cumpre com suas metas traçadas e objetivo de musicalizar, sensibilizar e humanizar
crianças e adolescentes do bairro de Messejana através do canto coral, contribuindo com
uma formação sociocultural transformadora.
28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Estudo de caso em pesquisa e avaliação
educacional. Brasília: Liberlivros, 2005.

BARDIN, Laurence. A análise de conteúdo. Lisboa: Edições Setenta, 1994.

BEAUD, Stéphane; WEBER, Florence. Guia para a pesquisa de campo: produzir e


analisar dados etnográficos. Petrópolis, RJ : Vozes, 2007.

BELLOQUIO, Cláudia Ribeiro. A educação musical nas séries iniciais do ensino


fundamental: olhando e construindo junto às práticas cotidianas do professor. Tese
(Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Educação.

BOG CANEM, Ana, ARBACHE, Ana Paula, FRANCO, Monique. Pesquisando


Multiculturalismo e Educação o que dizem as Dissertações e Teses.
168.96.200.17/ar/libros/anped/1208T.PDF. Acesso: 24/04/2012.

DAN, Robert. e BIKLEN, Sari. Investigação qualitativa em educação. Porto, Portugal:


Porto Editora, 1994.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.


Parâmetros curriculares nacionais: arte. Brasília, 1997.

KRAEMER, R. D. Dimensões e funções do conhecimento pedagógico-musical. In Em


Pauta: Revista do Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, Porto Alegre, v. 11, n. 16/17, p. 50-73, 2000. Disponível em:
http://seer.ufrgs.br/index.php/EmPauta/article/viewFile/9378/5550
Acesso em 08 set 2018.

MINAYO, Maria Cecília de Souza (org); DESLANDES, Suely Ferreira e GOMES,


Romeu. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 27 ed. Petrópolis, RJ: Vozes,
2008.

GROUT, Donald, PALISCA, Claude. História da Música Ocidental. Lisboa: Gradiva,


2007.

SILVINO, Izaíra. ...Ah, se eu tivesse asas... Fortaleza: Diz Editor(a)ção. Expressão


Gráfica e Editora Ltda, 2007.

SOUZA, Jusamara. Contribuições teóricas e metodológicas da sociologia para a pesquisa


em educação musical. In.: Encontro Anual da Associação Brasileira de Educação
Musical, 5, 1996. Londrina: Anais... Londrina: UEL, 1996. p. 11-39.

SWANWICK, Keit. Ensinando música musicalmente. Tradução – Alda Oliveira e


Cristina Tourinho. São Paulo: Moderna, 2003.
http://musicanotempo.comunidades.net/origens-da-musica-no-tempo
29

APÊNDICE A

PROJETO CASA DE CANTO


QUESTIONÁRIO APLICADO PARA PROFESSORES A E B

PROFESSOR A
1 - Qual a sua função no projeto Canto da Casa? A quanto tempo desempenha essa
função?
2 - De que forma o projeto influencia e/ou é influenciado musicalmente pelos
participantes?
3 - Como se dá o processo de musicalização e socialização no cotidiano das aulas de
regência e canto?
4 – Nessa pesquisa, para facilitar, separei alguns grupos para direcionar melhor as
perguntas. Participantes que estão desde o começo; os que já saíram e os que entraram
recentemente. Como são direcionadas as atividades musicais e sociais para esses grupos,
caso haja essa classificação? Se não, como é feito?
5 – Fale brevemente sobre os espetáculos que já foram apresentados e da finalidade social
destes.

PROFESSOR B
1- Qual a sua função no projeto? A quanto tempo desempenha esta função?
2- De que forma as aulas de inglês podem ser utilizadas como ferramenta educativa
e social no projeto?
3- Como são planejadas as aulas de inglês de forma que haja um direcionamento
sociocultural?
4- Existe no repertório dos espetáculos alguma (s) música (s) cantada (s) em inglês
pelos participantes?
5- Você acha que as aulas de inglês podem influenciar musicalmente o cotidiano
dos participantes dentro e fora do ambiente do projeto? Poderia citar algum exemplo?
30

APÊNDICE B
PROJETO CANTO DA CASA
QUESTIONÁRIO PARA OS PARTICIPANTES QUE ESTÃO DESDE O INÍCIO

1- Qual seu nome completo e em que bairro reside?


2- Com que idade você ingressou no projeto?
3- O que influenciou sua entrada no projeto?
4- O projeto influenciou ou influencia seu gosto musical?
5- O conhecimento musical adquirido no projeto tem te ajudado de alguma forma com
aquisição de renda (trabalho) ou novas amizades?
6- Em relação à parte social, o que mudou em você e em sua percepção do mundo
enquanto pessoa consciente de seu papel na sociedade?
7- Pretende estudar ou trabalhar com música de forma profissional futuramente?
8- Em que você acha que pode ou poderia contribuir na localidade onde mora se utilizando
dos conhecimentos sociais e musicais adquiridos no projeto?
31

APÊNDICE C

OBJETO DE PESQUISA: PROJETO CANTO DA CASA


PARTICIPANTES QUE NÃO FAZEM MAIS PARTE DO PROJETO

1- Qual seu nome completo e em que bairro reside?


2- Com que idade você ingressou no projeto? E com que idade saiu?
3- O que te fez decidir fazer parte do projeto?
4- O projeto influenciou ou influencia seu gosto musical? Fale sobre o antes e depois.
5- Por quanto tempo participou do projeto? Qual o motivo de sua saída?
6- O conhecimento musical adquirido no projeto tem te ajudado de alguma forma com
aquisição de renda (trabalho) e novas amizades?
7- Em relação à parte social, o que mudou em você enquanto pessoa consciente de sua
função na sociedade? Qual era sua visão social antes do projeto? E agora?
8- Atualmente estuda ou trabalha com música ou pretende de forma profissional?
32

APÊNDICE D

PROJETO CANTO DA CASA


QUESTIONÁRIO: PARTICIPANTES QUE ENTRARAM RECENTEMENTE

1- Qual seu nome completo e em que bairro reside?


2- Com que idade você ingressou no projeto e o que te levou a querer participar?
3- A quanto tempo faz parte do projeto?
4- Durante esse período que faz parte do projeto, o conhecimento musical adquirido tem
influenciado de alguma forma no seu cotidiano?
5- Pretende trabalhar ou estudar música de forma profissional futuramente?
6- Que diferença o contato com o ensino aprendizagem de música tem feito em sua vida?
7- O que mais gosta no projeto?
8- Depois do contato com o projeto e os outros participantes, mudou alguma coisa na sua
forma de pensar enquanto ser consciente de suas funções sociais?
33

APÊNDICE E

PROJETO CANTO DA CASA


QUESTIONÁRIO PARA OS PAIS DE PARTICIPANTES

1- Qual seu nome, do seu/sua filho (a) e onde residem?


2- A quanto tempo ele (a) participa do projeto?
3- Quais foram suas expectativas ao saber do interesse dele (a) em participar do projeto?
Como aconteceu?
4- Você acha que o projeto tem influenciado no comportamento, gosto musical e visão
social do seu filho (a)?
5- Como você apoia a participação do seu filho (a) no projeto?
6- Qual a sua opinião caso seu filho (a) decida estudar ou trabalhar com música de forma
profissional?
7 - Como você enxerga o papel dos projetos sociais como ferramenta humana e social na
sociedade?
34

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