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Carine Haupt
UFT – Universidade Federal do Tocantins
1. Introdução
A ementa começa com noções básicas, como a distinção entre as duas áreas
(fonética e fonologia), fonética articulatória, definição de fonema e alofone. Enquanto
aporte teórico, transita-se pelas noções do estruturalismo, pela fonologia lexical, pela
teoria da otimidade e fonologia autossegmental. Como herança do estruturalismo e do
gerativismo, temos, nesta ementa, a separação estanque entre fonética e fonologia.
Observamos também que, mesmo sendo um curso de licenciatura, não há menção das
implicações desses conteúdos para o ensino da língua materna. Cabe ao professor da
disciplina fazer essa ponte. O momento mais propício para isso parece-nos ser o tópico
‘língua oral e língua escrita’. A proposta desse artigo, no entanto, visa ir um pouco além
da simples discussão sobre as diferenças ou relações entre oralidade e escrita.
Perguntamo-nos: qual o conceito de língua que subjaz cada vertente teórica? Que
implicações isso traz para o ensino?
Uma das principais contribuições que essa disciplina pode dar é em relação ao
ensino da ortografia, que se relaciona com a consciência fonológica e com a oralidade
(fonética). Explorando, então, o ensino da ortografia, partiremos de duas abordagens
teóricas para discutir a relação entre teoria e prática. i) abordagem tradicional
(estruturalismo e teoria da otimidade, por exemplo), uma vez que são as vertentes
trabalhadas na disciplina; ii) abordagem multirrepresentacional, que não chega a ser
discutida na ementa analisada, como contraponto à abordagem tradicional. Nessa
abordagem, a fonética e fonologia estão interligadas de tal modo que, um dos princípios
básicos, é o fato de o uso determinar as representações mentais. Defendemos que essa
abordagem, ao apresentar a noção de língua como um sistema complexo, no qual
gramática e léxico convergem, pode contribuir bastante para a formação do professor.
Dividiremos a seção seguinte em duas partes. Na primeira parte, apresentamos,
brevemente, alguns conceitos baseados em uma abordagem tradicional, o estruturalismo,
e discutimos suas implicações para a ortografia e seu ensino. Na segunda parte, trataremos
das abordagens multirrepresentacionais e de suas vantagens para o entendimento do
processo de aquisição da escrita. Por fim, encerramos com nossas conclusões.
2. O ensino da ortografia
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Por questões de espaço, limitamo-nos ao estruturalismo e gerativismo, como representantes das
abordagens tradicionais.
dele é feito. Não temos, portanto, formas subjacentes fixas, sobre as quais se aplicam
regras. A fonologia da língua, assim como os outros níveis da gramática, emerge do uso
e está intrinsecamente ligado à fonética.
Embora esses modelos discutam a língua falada, entendemos que seus princípios
teóricos podem ajudar a compreender o processo de aprendizagem da escrita, uma vez
que o aprendiz, ao aprender a ortografia, cria categorias, decorrentes de diferentes redes,
que podem se tornar instáveis e ser substituídas por novas, reorganizando o sistema (no
caso, o sistema referente às normas ortográficas).
Como já citado, essas redes se constroem a partir de similaridades fonéticas e
semânticas e generalizações em diversos níveis podem ocorrer (fonotático, morfológico,
etc.). Vejamos como se explica a escrita de ‘partil’, a partir da concepção de redes.
Observamos que as palavras conectam-se por similaridades fonéticas, no entanto,
apresentam grafias distintas. Pode acontecer de aluno, devido a essa similaridade,
simplesmente fazer uma transcrição fonética, ou com base nas informações ortográficas
que ele já conhece, associar a ortografia de uma palavra à outra em contexto indevido, o
que caracteriza a hipercorreção.
3. Conclusão
4. Referências:
BYBEE, Joan. The phonology of the lexicon: Evidence from lexical diffusion. In: BARLOW,
M. e KEMMER, S. (Orgs) Usage-based models of language. Stanford, 2000, p. 65-85.
_____. Word frequency and context of use in the lexical diffusion of phonetically conditioned
sound change. Language Variation and Change. Cambridge University Press, n. 14, p. 261-290,
2002.
CAMARA JR, Joaquim Mattoso. Problemas de linguística descritiva. 16ª Ed. Petrópolis:
Vozes, 1997.
JAKOBSON, Roman; FANT, Gunnar; HALLE, Morris. Preliminaries to speech analysis: the
distinctive features and there correlates. Cambridge: The MIT Press, 1967.
MORAIS, Artur Gomes de. O aprendizado da ortografia. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.