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Autora:
Fabiana da Costa Teixeira. Nutricionista pela Universidade Federal Fluminense; Educadora Física pela
Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Doutoranda em Nutrição pela Universidade Federal do Rio de Janeiro;
Mestre em Ciências Médicas pela Universidade Federal Fluminense; Especialista em Nutrição e Atividade Física pela
Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Coordenadora do curso superior de Nutrição da Anhanguera Educacional
Ltda - UNIPLI; Docente nas faculdades de Nutrição Anhanguera e Educação Física Maria Thereza; Docente na pós-
graduação da Universidade Gama Filho; Participante de projetos de pesquisa na Universidade Federal do Rio de Janeiro
– Campus Macaé; Tutora de ensino a distância pelo Instituto Cristina Martins de Educação em Saúde; Nutricionista em
clínica particular, atua na área de nutrição e exercício físico, nutrição clínica e preventiva.
Todos os direitos reservados. É permitida uma (01) cópia impressa deste material exclusivamente para o aluno
matriculado neste curso.
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Alimentação de Praticantes
de Exercício Físico e Atletas
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
Após a leitura deste capítulo, você deverá estar apto a:
yy Identificar as recomendações de energia para atletas e praticantes de exercício físico.
yy Descrever as recomendações de proteínas, carboidratos e lipídeos para atletas e praticantes de exercício físico.
yy Citar as recomendações de líquidos e eletrólitos para atletas e praticantes de exercício físico.
yy Reconhecer as recomendações de vitaminas e minerais para atletas e praticantes de exercício físico.
yy Identificar os princípios da alimentação geral de atletas e praticantes de exercício físico.
yy Identificar os princípios da alimentação pré, durante e pós-treino de atletas e praticantes de exercício físico.
yy Definir os números recomendados de porções de grupos alimentares para diferentes
níveis energéticos, indicados para atletas e praticantes de exercício físico.
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peso do indivíduo, seguida da multiplicação pelo Outro método de estimativa do gasto energético é
nível de atividade física (NAF). Também é sugerida a por meio do equivalente metabólico (MET) (11). O MET
divisão do NAF por categorias, de acordo com o estilo é usado para estimar o gasto metabólico da atividade
de vida: a) sedentário ou estilo de vida levemente física em relação àquele que vigora durante o estado
ativo (NAF de 1,4 a 1,69), b) ativo ou estilo de vida de repouso. O MET representa o gasto energético na
moderadamente ativo (NAF de 1,7 a 1,99) e c) condição de repouso por minuto, em função do peso
vigoroso ou estilo de vida vigorosamente ativo (NAF corporal. E corresponde a, aproximadamente, 3,5mL/
de 2,0 a 2,4). Cabe ao avaliador determinar em qual kg/minuto. Sendo assim, o método permite expressar a
nível de NAF o indivíduo se enquadra. Destaca-se atividade física como múltiplo do repouso. Na equação,
que, raramente, é indicado utilizar o extremo superior 1 MET=3,5mL de O2/kg de peso corporal/minuto.
da categoria (vigorosamente ativo). Para a estimativa Um compêndio de atividades físicas foi desenvolvido
do gasto energético por esse método, são calculadas para quantificar o gasto de energia pelo MET em
duas etapas, mostradas no Quadro 2 e Quadro 3. diferentes modalidades. A primeira publicação do
Apesar da praticidade e aplicabilidade das compêndio foi em 1993. Em 2000, ele foi atualizado.
equações de estimativa da TMB da FAO/WHO/UNU, A nova atualização foi em 2011. Por meio do MET
atenção especial deve ser dada aos resultados. de cada atividade descrita no compêndio, é possível
Embora seja considerado não haver diferenças, o estimar o valor energético total diário. Para tal, é
gasto energético basal pode variar em diferentes necessário realizar registro de todas as atividades
grupos populacionais. Essas equações parecem diárias. O MET também pode ser utilizado para
superestimar a TMB, sobretudo em populações de estimar apenas o gasto energético com a atividade
regiões tropicais (10). Tais divergências poderiam ser física e somar com a TMB estimada. O compêndio é
explicadas, em parte, pela inadequação do banco útil para quantificar o gasto de energia de atividades
de dados usado para a geração das equações. Além físicas em adultos, para uso em estudos científicos e
disso, especula-se que essas equações não sejam para prescrever e recomendar atividade física. Para
adequadas para atletas. Nesse contexto, o uso o cálculo, é necessário o conhecimento do peso
dessas equações deve ser cauteloso. corporal do indivíduo. Com essa variável, estimam-se
quantos mililitros de oxigênio por minuto, em repouso,
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o indivíduo consome. Considerando que, para cada glicogênio, o organismo cataboliza algumas de suas
litro de oxigênio consumido há um gasto energético de proteínas para produzir energia, ou para convertê-las
cinco quilocalorias, estima-se o gasto energético do em glicose. Dessa forma, uma dieta com baixo teor de
indivíduo no repouso, por minuto. Tal cálculo permite carboidratos induz a depleção de proteínas.
extrapolar as informações para minutos ou horas, para A degradação proteica é evidenciada, principalmente,
qualquer atividade descrita no compêndio. O Quadro 4 naquelas não contráteis. Há preservação das proteínas
apresenta um exemplo de cálculo pelo MET. contráteis durante o exercício físico. Indivíduos
treinados apresentam maior eficiência metabólica e
PROTEÍNAS tendem a apresentar taxas mais baixas de degradação
As proteínas exercem inúmeras funções fisiológicas, proteica, em relação aos destreinados (13, 14).
entre elas: estrutural, hormonal, imunológica, Diferente do que ocorre durante a atividade
enzimática e energética. As necessidades proteicas física, no período pós-exercício, o metabolismo
da população em geral têm sido objeto de muitas deve ser direcionado, preferencialmente, para a
investigações. Aceita-se, atualmente, que 0,6g síntese de proteínas. Os objetivos são reparar os
de proteína por kg de peso ao dia preencham as danos celulares causados por microlesões nas
necessidades da maioria da população, pressupondo- fibras musculares, induzidos pelo exercício, repor
se a ingestão de diferentes fontes proteicas e aporte as proteínas musculares, que foram utilizadas como
energético adequado (12). Tendo em vista as variações fonte de energia, e ganho de massa muscular pós-
individuais e na qualidade da proteína ingerida, a treino (1). Caso o aporte proteico não seja adequado,
maioria dos países fixou as recomendações em 0,8g pode haver balanço nitrogenado negativo (15).
de proteína por kg de peso ao dia. Resumidamente, o aumento da necessidade
Há um processo dinâmico de síntese (anabolismo) de proteínas para atletas pode ser devido à maior
e degradação proteica (catabolismo) em cada tecido. utilização das proteínas como substrato energético
Acredita-se que, durante o exercício físico, a síntese em atividades de endurance. E devido ao aumento da
proteica seja suprimida e possa haver maior degradação. síntese proteica em atletas de força.
Tal situação pode ocorrer em virtude da redução da Vários estudos foram realizados para concluir as
energia destinada à síntese, diminuição das reservas recomendações de proteínas para atletas. Em consenso,
de glicogênio muscular, ação dos glicocorticoides a ADA/ACSM (1) recomenda de 10 a 35% de proteínas,
e de hormônios envolvidos com a degradação de em relação ao valor energético total diário, e/ou entre
proteínas, além da redução da insulina. A magnitude 1,2 e 1,7g/kg de peso corporal/dia para atletas de
da supressão da síntese proteica, e até mesmo de sua força. Já a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte
degradação durante o exercício, depende da duração, (SBME) (2) recomenda, para esse grupo de atletas,
da intensidade da atividade, da alimentação e do de 1,6 a 1,7g de proteínas por kg de peso/dia. Como
condicionamento físico do desportista, entre outros. A os exercícios de endurance exigem menor demanda
relação entre a utilização da proteína e os estoques de proteica, quando comparados aos treinamentos de
glicogênio durante a atividade física é bem conhecida. força, para os esportes em que o predomínio é a
À medida que ocorre depleção nos estoques de resistência, a SBME recomenda entre 1,2 a 1,6g/kg
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de peso por dia. Já a ADA/ACSM (1) recomenda uma síntese proteica, é fundamental o aporte adequado de
faixa inferior, que varia entre 1,2 e 1,4g por kg/dia de energia, principalmente sob a forma de carboidratos.
proteínas. A recomendação proteica baseada no peso Caso contrário, a proteína será utilizada para fornecer
corporal é mais acurada do que aquela estimada em energia ao trabalho muscular.
percentual do valor energético total.
A recomendação mais recente baseia-se na CARBOIDRATOS
intensidade e na duração do treino. A faixa proteica Os carboidratos representam a fonte principal de
recomendada é entre 1,5 e 2,0g por kg/dia. Para energia para contração muscular. São divididos em
atletas de atividades de alta intensidade e curta carboidratos simples e complexos. Os simples têm
duração, a recomendação é de 1,0 a 1,5g por kg/ absorção mais rápida. Por isso, proveem uma forma
dia. Para envolvidos em treinos de alto volume e rápida de energia ao organismo. Os carboidratos
alta intensidade, a recomendação proteica é de 1,5 simples são: glicose, frutose e galactose. Os
a 2,0g por kg/dia (4). Destaca-se que a ingestão carboidratos complexos precisam ser quebrados em
proteica insuficiente pode gerar perda de massa carboidratos simples para que sejam utilizados como
muscular e redução no desempenho. No entanto, os fonte de energia. São representados pelas massas,
atletas devem ser conscientizados de que o aumento pães, cereais, tubérculos e grãos.
do consumo proteico na dieta, além dos níveis Após a digestão e absorção do carboidrato, o
recomendados, não leva ao aumento adicional da organismo é capaz de armazená-lo sob a forma de
massa magra ou de desempenho (2). Há limite para glicogênio muscular e hepático. Durante os primeiros
o acúmulo de proteínas nos diversos tecidos. estágios do exercício, o glicogênio armazenado nos
Já para indivíduos que participam apenas de músculos funciona como a principal fonte de energia.
programas de condicionamento físico e, portanto, Conforme aumenta a intensidade do exercício, além
não são atletas, a recomendação é de 0,8 a 1,0g de da glicogenólise muscular, a glicogenólise hepática
proteínas por kg/dia. Devido à sarcopenia, os idosos também aumenta. Isso contribui para a liberação da
podem se beneficiar de um aporte proteico maior: glicose à corrente sanguínea e, consequentemente, ao
de 1,0 a 1,2g por kg/dia. músculo ativo. Sendo assim, em atividades com piques
Apesar dos estudos não serem consistentes em de alta intensidade, os carboidratos podem contribuir,
relação aos efeitos negativos do consumo excessivo de quase que exclusivamente, para o fornecimento de
proteínas e aminoácidos, são relatados como possíveis energia por meio do metabolismo anaeróbio. Em
danos: a) aumento da acidez corporal; b) hipercalciúria; atividades de endurance de alta intensidade, os
c) toxidade dos aminoácidos; d) aumento de incidência carboidratos também são de extrema importância
de câncer; e) insuficiência renal; e f) diminuição da para o metabolismo energético. Eles contribuem com
expectativa de vida, em estudos com animais. cerca de 70% para a geração de energia (16) (Fig.
Sendo assim, embora a necessidade proteica 1). Em atividades de intensidade leve à moderada,
possa ser maior em indivíduos fisicamente ativos, as e no repouso, o carboidrato também contribui para
quantidades não devem ultrapassar 2,0g/kg de peso gerar energia, mas em menores proporções, em
por dia. Exceções são evidenciadas em atletas com torno de 35 a 40% da energia total.
peso corporal muito baixo. Nesse caso, a necessidade Sendo assim, conclui-se que, em atividades
do indivíduo deve ser avaliada criteriosamente. de baixa e de alta intensidade, de longa ou curta
As estratégias nutricionais para estimular a síntese duração, o carboidrato é um combustível importante
proteica e, consequentemente, reduzir a degradação, tanto no metabolismo aeróbio, quanto anaeróbio. Os
devem garantir ao indivíduo condições ideais em todas estoques de glicogênio, no entanto, são limitados.
as etapas do processo anabólico (antes e após o treino). O Quadro 5 apresenta quantidades de reservas de
E devem manter o perfil anabólico nas próximas horas glicogênio hepático e muscular, além de glicose nos
pós-treino. Por isso, é fundamental o fracionamento dos líquidos corporais de um adulto de 65kg e com 12%
nutrientes oferecidos, particularmente os carboidratos de gordura corporal (16).
e as proteínas. Destaca-se que a qualidade da Em virtude da importância do carboidrato
proteína também é fundamental para o balanço no metabolismo energético, a depleção de
proteico (4). E, para que a proteína seja utilizada para seus estoques é motivo de preocupação para
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cautela. Dependendo do valor energético total da dieta, fundamental para o planejamento dietético adequado.
a quantidade de carboidrato pode ficar inadequada. Por Antes do exercício, o principal objetivo da refeição é
exemplo: 60% de carboidratos de uma dieta inferior propiciar energia, manter a glicemia e iniciar a atividade
a 2.000kcal/dia correspondem a, aproximadamente, com o estoque de glicogênio adequado.
4-5g/kg de peso/dia para um atleta de 70kg. Essa Assim, a refeição antes da competição ou exercício
quantidade de carboidrato é insuficiente. Já 50% de deve ser rica em carboidratos. O maior motivo é que
uma dieta de 4.000-5.000kcal/dia corresponde a, eles são digeridos e absorvidos mais rapidamente
aproximadamente, 7-8g/kg/dia de carboidratos para que as proteínas e os lipídeos, gerando energia
um atleta do mesmo peso. Nesse caso, a quantidade mais prontamente para o exercício. Além disso, os
de carboidratos é suficiente. carboidratos favorecem melhor sensação de bem-estar
Para indivíduos fisicamente ativos, engajados em e evitam a plenitude gástrica após a refeição. A digestão
programas de condicionamento, a oferta de 45-55% da proteína requer mais energia. Portanto, uma refeição
de carboidratos, do total calórico, ou de 3 a 5g/kg/dia rica em proteína eleva o metabolismo e pode prejudicar
é suficiente para contemplar as necessidades (4). o desempenho durante o exercício físico.
Destaca-se, ainda, que em caso de competições,
Índice Glicêmico que frequentemente ocorrem no período da manhã,
Os carboidratos podem ser classificados de acordo a reposição de carboidratos é fundamental após a
com a sua capacidade de aumentar a concentração depleção que ocorre durante o período do sono. As
de glicose no sangue, chamado de índice glicêmico. recomendações dependem do período que antecede
Este índice representa o potencial de uma quantidade o evento (treino ou competição).
fixa de carboidrato, disponível em um determinado TRÊS A QUATRO HORAS ANTES DO EVENTO.
alimento, elevar a glicemia. Esse potencial é em Dependendo da hora do evento, a refeição será
relação a um alimento padrão, comumente o pão desjejum, almoço ou lanche. Independentemente
branco ou a glicose, que proporciona maior alteração do tipo de refeição, é indicada a oferta tanto de
na glicemia. Com isso, por meio da análise da curva carboidratos, proteínas, como de lipídeos. Segundo
glicêmica produzida por 50g de carboidrato disponível a ADA/ACSM (4), os carboidratos são recomendados
de um alimento teste, em relação à curva de 50g de em 1 a 5g/kg de peso, ou 200 e 300g. A quantidade
carboidrato do alimento padrão, obtém-se o índice sugerida deve ser em função da tolerância e do apetite
glicêmico. Atualmente, utiliza-se o pão branco por do atleta, além do tipo, duração e intensidade da
ter resposta fisiológica melhor do que a da glicose. atividade. Para as atividades com duração prolongada,
Quanto mais alto for o índice glicêmico, maior há maior necessidade de carboidratos. E indicam-se
será a taxa de ressíntese de glicogênio muscular e fontes alimentares ricas em carboidratos com índice
hepático. Portanto, conhecer o índice glicêmico das glicêmico moderado a baixo. Exemplos: iogurte,
fontes alimentares de carboidratos é importante para banana, maçã, mingau de aveia, feijões e lentilha.
elaborar o cardápio adequado aos objetivos do atleta PERÍODO INFERIOR A UMA HORA ANTES DO
ou praticante de exercício físico. A tabela internacional EVENTO. Alguns autores acreditam que a ingestão
de índice glicêmico, publicada em 2002, contém de carboidratos, em intervalo inferior a uma hora
inúmeros alimentos e seus respectivos índices antes da atividade, representa risco de redução no
glicêmicos (17). Nela, os alimentos são divididos em desempenho. A justificativa é o aumento da glicemia
três categorias de índice glicêmico (Quadro 6). e, consequentemente, da liberação da insulina, com
objetivo de regularizar a glicemia e propiciar a entrada
Carboidratos Antes do Exercício de glicose para o interior da célula. Ao mesmo tempo, a
A administração de carboidratos antes, durante musculatura esquelética em atividade está com níveis
ou após o exercício é indicada para adiar a fadiga, elevados de captação de glicose, independentemente
manter a glicemia, e conservar e/ou repor o glicogênio da insulina. A captação da glicose, com ou sem
muscular. E tem impacto direto sobre o desempenho insulina, aumenta o risco de hipoglicemia. Quando
do desportista. Sendo assim, além da quantidade diária ocorre redução abrupta da glicemia, caracteriza-se a
de carboidrato, o momento de ofertar esse nutriente é chamada hipoglicemia de rebote (18). Alguns autores
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não consideram que esse efeito tenha impacto no Carboidrato Durante o Exercício
desempenho (19). E o tema ainda é objeto de estudos. É amplamente aceito que a ingestão de
Outra desvantagem descrita para a ingestão de carboidratos durante os exercícios prolongados retarda
carboidrato no período inferior a uma hora pré-atividade o aparecimento da fadiga. Caso não haja ingestão de
é a possível redução da utilização da gordura como carboidratos durante os exercícios de longa duração, os
combustível. E consequente aumento na depleção de estoques de glicogênio corporais serão depletados. E
glicogênio. A justificativa é que, uma vez ocorrido o isso pode provocar queda nas concentrações de glicose
aumento da glicemia, o combustível de preferência é sanguínea. Como consequência, o sistema nervoso
o carboidrato, desfavorecendo a lipólise (20). Marmy- central e o metabolismo muscular podem entrar em
Conus et al (21) realizaram um estudo para examinar colapso, provocando a interrupção da atividade.
os efeitos da ingestão de glicose, antes do exercício, e A ingestão de carboidratos durante o exercício
a captação da glicose muscular e produção hepática permite que seja mantido um ritmo considerado
de glicose durante o exercício. Seis homens treinados ideal por grande período de tempo, retardando a
ingeriram, em duas ocasiões distintas, 400mL de fadiga. Assim, os objetivos da oferta de carboidratos
uma solução contendo 75g de glicose, ou solução durante o exercício são a manutenção da glicemia e a
placebo, 30 minutos antes de 60 minutos de exercício. preservação do estoque de glicogênio.
Os resultados mostraram queda rápida da glicose do Vários métodos têm sido utilizados para avaliar
plasma no grupo que ingeriu o carboidrato, além de a oxidação de carboidratos durante o exercício. Têm
maior captação de glicose muscular, com o início do sido evidenciadas taxas máximas de oxidação de
exercício. No entanto, a produção de glicose hepática carboidratos entre 0,4 e 1,0g/minuto durante o
diminuiu com a ingestão da glicose. E isso poderia exercício. Tais evidências levaram à recomendação
ajudar a preservar as reservas hepáticas de glicose. de 30 a 60g de carboidratos por hora de atividade. O
Semelhante ao estudo relatado, outros registraram fracionamento do carboidrato ofertado também é de
que a ingestão de carboidratos em períodos entre suma importância para que ele esteja disponível para
30-60 minutos, antes do exercício, não compromete. utilização e evitar desconforto gástrico ao atleta. A
Em caso de exercício de endurance prolongado, até recomendação é que os carboidratos sejam ofertados
mesmo promove aumento do desempenho (22). com espaçamento de 10 a 15 minutos (1).
Considerando as divergências na literatura, para evitar A glicose é o único tipo de carboidrato que pode
os possíveis riscos do consumo de carboidratos de alto ser facilmente oxidado, pela musculatura esquelética,
índice glicêmico no período inferior a uma hora antes para a produção de energia. O esvaziamento gástrico
do exercício, principalmente em indivíduos suscetíveis é o principal fator limitante da taxa de liberação da
à hipoglicemia, a recomendação de carboidratos é de glicose para o sangue. Vários estudos foram realizados
1 a 2g/kg de peso. E de baixo índice glicêmico. com o objetivo de identificar a concentração ideal
PERÍODO BEM PRÓXIMO AO EVENTO. Entre cinco e de carboidratos, considerando a velocidade de
quinze minutos antes, são recomendados entre 50 esvaziamento gástrico, durante o exercício. Sayed et
a 60g de carboidratos. Essa oferta pode favorecer al (23), em estudo com atletas, identificaram que uma
a manutenção da glicemia durante o exercício. Uma solução de carboidrato moderadamente concentrada,
boa alternativa é a maltodextrina: um oligossacarídeo. entre 4 e 8%, foi capaz de melhorar o desempenho do
A mistura de glicose, frutose ou maltodextrina exercício prolongado. E foi apropriada para melhorar
também parece ser efetiva. No entanto, a frutose o fornecimento de energia e líquido, sem causar
tem sido associada à maior frequência de episódios efeitos adversos. Baseada em diferentes estudos,
de diarreia e desconforto abdominal em atletas. a ADA/ACSM (1) recomenda que a concentração
Por isso, a frutose não é a melhor alternativa de do carboidrato ofertado seja entre 6 e 8%, já que
carboidrato isolado pré-evento.
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concentrações muito altas podem gerar desconforto a recuperação total das reservas de glicogênio pode
abdominal em virtude da digestão mais lenta. ocorrer em até 24 horas. No entanto, a ressíntese de
Outra questão é o tipo de carboidrato a ser ofertado glicogênio é mais evidente nas primeiras horas (de 4
durante o evento esportivo. O carboidrato pode ser a 6 horas). Nesse contexto, tanto a oferta imediata
exclusivamente a glicose, embora também seja efetiva a como as subsequentes de carboidratos são de extrema
mistura de glicose, frutose ou maltodextrina. Entretanto, importância. A ADA/ACSM (1) apresenta diferentes
estudos sugerem que a ingestão de frutose durante o recomendações, dependendo do período pós-evento:
exercício não oferece benefícios adicionais em relação NOS 30 MINUTOS INICIAIS PÓS-EVENTO. É
às soluções de glicose, ou de polímero de glicose recomendado ofertar carboidratos de 1 a 1,5g/
com concentração similar. Clarke et al (24) avaliaram kg de peso corporal por dia. O carboidrato deve ter
a ingestão de carboidratos combinados (glicose mais índice glicêmico moderado a alto e estar associado
frutose) durante jogos de futebol realizados no calor. Os às proteínas. O objetivo é reduzir a degradação e
resultados não identificaram alterações nas respostas estimular a síntese proteica devido ao estímulo da
metabólicas ou no desempenho durante o exercício, em secreção da insulina. A sacarose e a glicose são
comparação com a ingestão de um único carboidrato, igualmente eficientes. A frutose apresenta menor
seja glicose ou frutose. O estudo também não identificou eficiência. A consistência do carboidrato é indiferente.
diferenças significativas no glicogênio muscular pós- Mas, frequentemente, os desportistas preferem a
exercício. A conclusão é que o tipo de carboidrato não consistência líquida. É comum o cansaço excessivo e
teve impacto sobre o desempenho dos atletas. a falta de apetite para refeições sólidas. A vantagem
A consistência do carboidrato pode ser sólida do líquido é que a hidratação e a reposição energética
ou líquida. A duração da prova é determinante para podem acontecer de maneira simultânea.
que se tenha tempo de digerir o alimento e absorver A CADA DUAS HORAS ATÉ SEIS HORAS PÓS-EVENTO.
os nutrientes. A utilização sob a forma líquida é Repetir a mesma estratégia descrita no item anterior.
amplamente difundida entre desportistas. Essa prática Nesse período, o desportista tende a apresentar
favorece tanto a energia como a reposição de líquido. mais apetite. O que pode favorecer a reposição de
Os repositores em gel ou barra, frequentemente carboidratos.
consumidos por atletas de ultrarresistência durante as
competições, são outro recurso. A concentração de Dieta da Supercompensação de Carboidratos
carboidratos desses repositores varia entre 40 e 80%. Considerando a relevância do carboidrato no
E são compostos, basicamente, por maltodextrina, desempenho esportivo, surgiram algumas propostas
glicose, sacarose e frutose, que fornecem grande para a repleção máxima de carboidratos antes de
quantidade de energia rapidamente disponível. Além uma competição: é a chamada “supercompensação
disso, esse tipo de repositor é encontrado nos mais de carboidratos”. A dieta da supercompensação de
diversos sabores: de frutas a chocolate. O que carboidratos é um modelo de estratégia alimentar cujo
agrada a maioria dos atletas. objetivo é aumentar os estoques de glicogênio muscular.
Não há um consenso sobre a melhor A meta é estender o tempo de exercício exaustivo (25).
recomendação em relação ao tipo e consistência Segundo Lambert et al (26), os estoques de glicogênio
de carboidrato durante o exercício. Vale considerar muscular de uma pessoa fisicamente ativa, e que
as preferências e tolerâncias individuais. Por consome uma dieta equilibrada, estão em torno de
isso, recomenda-se que os atletas experimentem 125mMol/kg de músculo. E podem chegar a mais de
diferentes estratégias para que possam escolher a 200mMol/kg após um período de supercompensação.
que melhor se adapta. Mas é importante que todas Em exercícios que duram mais de 90 minutos, esse
as estratégias sejam testadas fora das competições. aumento da reserva de glicogênio muscular pode
melhorar o tempo de desempenho em até 20%. E o
Carboidrato Após o Exercício desempenho em 2 a 3%.
Os objetivos da ingestão de carboidratos no período Uma estratégia de supercompensação, proposta
após o evento incluem a reposição dos estoques de por Sherman et al (25), é caracterizada pelo
glicogênio muscular e a reparação muscular. Caso o aumento gradativo da oferta de carboidratos e, ao
aporte de carboidratos seja adequado nesse período, mesmo tempo, pela redução gradativa do volume
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Há, ainda, algumas diferenças entre crianças e A perda excessiva de sódio é identificada por
adultos em relação à resposta ao estresse térmico valores séricos abaixo de, aproximadamente,
do exercício e à composição do suor. A capacidade 130mMol/L. Entre as funções orgânicas do sódio,
de transpirar das crianças é baixa quando expressa destacam-se a contração muscular, o equilíbrio ácido-
por unidade de área de superfície. Além disso, o base, a regulação osmótica e a distribuição de água.
conteúdo de eletrólitos do suor é inferior ao dos O sódio, como principal íon do espaço extracelular,
adultos. Tais evidências sugerem maior necessidade contribui com cerca de 50% da osmolalidade total
de reposição de líquido em crianças (34). do plasma. Isso significa que a redução do sódio
Com o envelhecimento, principalmente em idosos compromete a manutenção do equilíbrio osmótico.
fisicamente inativos, é evidente a diminuição do fluxo Além disso, a hiponatremia reduz a capacidade seletiva
sanguíneo cutâneo e da taxa de sudorese. A menor da membrana plasmática e favorece a entrada de
sensibilidade dos barorreceptores faz com que idosos substâncias que deveriam ficar no espaço intersticial,
tenham menor percepção à sede, expondo-os, com como o cloro. Além disso, prejudica a saída de
mais facilidade, à desidratação (1). metabólitos provenientes do metabolismo energético,
A adaptação ao ambiente, caracterizada pela como o piruvato e o lactato (32). Os rins conservam
aclimatização, promove menor perda hídrica e, até água ou eletrólitos por meio da redução da perda. A
mesmo, expansão do volume plasmático. Para o diminuição de cerca de 5mOsmol/L na osmolalidade
alcance de tais benefícios, é necessário que o atleta do plasma é suficiente para alterar o funcionamento do
se desloque ao local em torno de três semanas antes rim, que passa da conservação máxima de água. No
da prova. O que nem sempre é possível. entanto, a reposição do déficit hidroeletrolítico pode
Apesar da composição do suor ser variável, tanto ser possível com a ingestão de líquidos (34).
entre indivíduos como em um mesmo indivíduo, Os sintomas de hiponatremia variam de acordo com
normalmente as concentrações eletrolíticas estão em a intensidade da perda do eletrólito. A concentração
quantidades relativamente constantes (Quadro 10). Os plasmática de sódio <125mMol/L geralmente resulta
principais eletrólitos são o sódio e o cloreto. em cefaleia, vômito, sibilo, cansaço, fadiga, edema
No entanto, em casos de sudorese intensa, de pés e mãos, confusão e desorientação. Níveis
observa-se aumento das concentrações de sódio e de sódio sérico abaixo de 120mMol/L aumentam o
de potássio, que representa perda desses eletrólitos. risco de edema cerebral, coma, parada respiratória
A predominância da perda hídrica do espaço e morte. Portanto, a hiponatremia pode gerar danos
extracelular reflete a concentração relativamente importantes, tanto no desempenho esportivo como
alta de sódio e de cloreto no suor. Com o exercício na saúde do atleta (33).
físico, há perda de sódio já com redução de 2% Os eventos esportivos podem ser classificados em
do peso corporal (1). Portanto, com a sudorese exercícios de menos de uma hora, entre uma e três
excessiva, ocorre perda de água e eletrólitos, que horas e acima de três horas. Em exercícios com menos
favorece tanto a desidratação como a hiponatremia. de uma hora de duração, a reposição de água objetiva
As perdas de eletrólitos relacionam-se com a o controle da temperatura central. E a reposição de
taxa de sudorese e com a composição do suor. Esta sódio não é necessária. Vale lembrar que, nesse caso, a
também é variável ao longo do exercício físico. E é reposição de carboidrato também não é recomendada.
influenciada, substancialmente, pela intensidade Já que, em geral, são atividades de alta intensidade e
do exercício, pelas condições ambientais e pelas desfavorecem o esvaziamento gástrico (3).
características fisiológicas do indivíduo. Além dessa Exercícios com duração entre uma e três horas
variabilidade, há certa dificuldade em estimar, de são realizados por volta de 60 e 90% do VO2máx.
forma confiável, a composição do suor. Nesse caso, deve ocorrer tanto a reposição hídrica
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36). Além disso, a concentração de carboidratos recomendações de hidratação no exercício físico (33).
nas bebidas isotônicas é adequada para favorecer Em publicação mais recente da mesma instituição, as
o esvaziamento gástrico e, consequentemente, recomendações sobre hidratação foram incluídas nas
atuar mais rapidamente na hidratação e na diretrizes sobre alimentação de atletas (1).
reposição energética. Então, as bebidas isotônicas O objetivo da hidratação para o atleta é reduzir o
têm absorção rápida e concentração adequada risco de desidratação e de hiponatremia. Praticantes
de carboidratos. Além disso, o sabor agradável de atividade física, principalmente crianças e idosos,
estimula a ingestão de líquido e de eletrólitos. Em também devem ser orientados sobre a importância da
crianças e adolescentes, a palatabilidade é fator hidratação. A desidratação voluntária é uma estratégia
importante para o estímulo à reposição de água. perigosa para a perda de peso. Ela é comum em
A ingestão voluntária de líquido aumenta quando atletas de esportes que exigem categoria de peso,
são adicionados sabor, sódio (20 a 25mEq/L) e como lutas, além de esportes em que o baixo peso
carboidrato (6%) (2). Isso evita a desidratação e favorece o desempenho, como dança e ginástica.
pode ser benéfica às crianças e aos adolescentes. O equilíbrio hídrico é representado pela
Os benefícios extras da ingestão de isotônicos, equivalência entre a oferta e a perda de líquido. Para
durante o exercício, são observados apenas em a hidratação, utiliza-se o pressuposto de que 1mL de
atividades com duração superior a uma hora. Antes suor corresponde a 1g de perda ponderal. Assim,
desse período, a reposição deve ser realizada para que seja possível estimar a reposição hídrica, é
apenas com água (33). Em exercícios prolongados, fundamental que se avalie a perda ponderal durante
que ultrapassam uma hora de duração, recomenda- a atividade física. Para tal, o atleta ou praticante
se beber líquidos contendo de 0,5 a 0,7g/L (20 a de exercício físico deve ser pesado antes e após a
30mEq/L) de sódio, que corresponde à concentração atividade. E são considerados o volume urinário e o
similar ou inferior àquela do suor de um indivíduo consumo de bebida durante a atividade. Por exemplo:
adulto. Tal recomendação deve ser avaliada um atleta, antes e após uma partida de tênis, pesou
individualmente quando o exercício for de alta 68 e 66,7kg, respectivamente. Considerando que
intensidade e para algumas modalidades, mesmo durante a partida ele tenha ingerido 700mL de água,
que em menor duração (2). estima-se que sua perda hídrica tenha sido de 1,3L.
A água de coco tem recebido atenção ultimamente, Somados aos 700mL da reposição realizada, totaliza
como alternativa natural de reposição hidroeletrolítica. 2L. Esse cálculo simples proporciona subsídios para a
Um estudo comparou o uso da água de coco ou de prescrição da reposição hídrica adequada.
bebidas isotônicas, durante o exercício, em relação ao A hidratação em excesso também pode trazer
estado de hidratação e desempenho físico. Após uma prejuízo, favorecendo a hiponatremia por diluição do
luta de 60 minutos, seguida de exercícios em esteira, sódio. Além disso, promove possível desconforto
12 homens treinados (26,6±5,7 anos) receberam água abdominal, expansão dos líquidos intra e extracelular,
engarrafada, água de coco pura, água de coco a partir sobrecarga e redução no rendimento. Assim, a
de concentrado ou bebida isotônica. Os indivíduos reidratação corresponde ao aumento do teor hídrico do
perderam cerca de 1,7kg (~2% da massa corporal) estado hipoidratado para o euidratado. Mas não deve
durante a desidratação. Não foram observadas ser usada para o aumento de água corporal do estado
diferenças nem no desempenho e nem na hidratação euidratado para o hiperidratado.
com a ingestão das diferentes bebidas. No entanto, Como já mostrado anteriormente, a perda hídrica
os indivíduos relataram menor sensação de plenitude é influenciada por diversos fatores. Somada às
com a utilização de bebida isotônica (37). diferenças individuais, algumas modalidades favorecem
Uma alternativa caseira de solução isotônica é: perdas hídricas mais relevantes. Jogadores de futebol
900mL de água + 100mL suco de fruta concentrado + americano, por exemplo, além de apresentarem
8 colheres de chá de açúcar + 1 colher de chá de sal. grande massa corporal, usam vestimenta pesada.
Eles podem perder 8,8L de suor por hora. Outra
Hidratação curiosidade é que, em uma mesma modalidade, mas
O Colégio Americano de Medicina Esportiva em posições diferentes, a taxa de sudorese pode variar
publicou, em 2007, um documento específico com substancialmente. Um exemplo é o jogador de futebol
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Alimentação de Praticantes de Exercício Físico e Atletas
que atua na defesa ou no ataque. Em geral, as taxas com a modalidade, local da atividade e hábitos do
de sudorese estão entre 0,5 e 2L por hora. No entanto, praticante. Os objetivos da hidratação durante o
considerando os diferentes fatores que influenciam exercício físico são:
a perda hídrica, o ideal é que a hidratação seja yy Prevenir ou retardar distúrbios hídricos;
individualizada (33). A hidratação deve ser programada yy Prevenir ou retardar a hiponatremia;
para antes, durante e após o exercício físico, com yy Minimizar a perda de volume
diferentes objetivos, volumes e estratégias. plasmático durante o exercício.
HIDRATAÇÃO ANTES DO EXERCÍCIO. É descrito
que a desidratação prévia prejudica a capacidade Volume: é sugerido entre 400 e 800mL/h de
de realização do exercício de alta intensidade e, líquidos. No entanto, com o objetivo de individualizar
também, de atividades de resistência. Assim, a prescrição e minimizar o erro, é sugerido que a
todos os atletas e praticantes de exercício físico reposição seja feita de acordo com a perda hídrica,
deveriam, sempre, iniciar o exercício completamente que deve ser estimada a partir da perda ponderal
hidratados. Os efeitos negativos de iniciar o durante o exercício.
exercício com déficit de líquido são bem evidentes, Estratégias: 1) Oferecer líquido em intervalos de 15
como a fadiga precoce (7). a 20 minutos e em temperatura entre 4 e 13°C; 2) Até
Os objetivos da hidratação antes do exercício são: 60 minutos de exercício: repor somente com água; 3)
yy Prevenir ou retardar distúrbios hídricos; Tempo superior a 60 minutos: água, eletrólitos (sódio:
yy Assegurar volume plasmático 20-30mEq/L + potássio: 2-5mEq/L) e carboidratos; 4)
no início do exercício. A concentração de carboidratos deve ser entre 6 e 8%,
com o objetivo de favorecer o esvaziamento gástrico;
Volume: deve ser ofertado entre 5 e 7mL/kg de 5) A reposição de eletrólitos pode ser alcançada tanto
peso, no mínimo quatro horas antes do treino ou por alimentos sólidos como líquidos.
competição. Caso haja produção insuficiente ou HIDRATAÇÃO DEPOIS DO EXERCÍCIO. Os objetivos
cor escura de urina, a recomendação é que ainda da hidratação depois do exercício físico são:
seja ofertado entre 3 e 5mL/kg de peso duas horas yy Repor as perdas de líquidos e eletrólitos;
antes do evento. yy Proporcionar o reequilíbrio hidroeletrolítico;
Estratégia: a hidratação pode ser alcançada por yy Minimizar o risco de desidratação em
meio de bebidas contendo sódio (20–50mEq/L). Entre treinos ou provas subsequentes.
elas, os repositores hidroeletrolíticos. Ou, ainda, por
meio de alimentos, como biscoitos salgados e água. A Volume: é sugerida a ingestão de 1,5L/kg de peso
vantagem desses lanches contendo sódio é estimular corporal perdido durante o exercício (33), ou 450-
a sede e favorecer a retenção hídrica. 675mL a cada 0,5kg perdido (1).
HIDRATAÇÃO DURANTE O EXERCÍCIO. Quando a Estratégias: é recomendada a ingestão de
desidratação for menor que 2% e/ou o tempo do líquido fracionado, por meio de bebidas esportivas.
exercício for inferior a 60 minutos, a reposição de Assim como durante a atividade, a reposição
líquidos deve ser à base, apenas, de água. Nesse hidroeletrolítica, após o exercício, pode ser alcançada
caso, a perda de eletrólitos é baixa e não precisa ser tanto por alimentos sólidos como líquidos.
reposta. No entanto, a partir de 2% de desidratação A hidratação pode ser prejudicada em caso de
e/ou em exercício com duração superior a 60 minutos, sessões diárias longas, treinos diários múltiplos,
há necessidade de reposição de água e de eletrólitos, dificuldade em transportar líquidos, intervalo entre as
principalmente de sódio, para evitar a hiponatremia. provas e, até mesmo, pelo tempo insuficiente para
Beber volumes suficientes de líquido, durante o hidratação adequada pós-atividade. O atleta deve ser
exercício físico, para minimizar a desidratação é, sem lembrado de:
dúvida, o meio mais simples e eficaz de manutenção yy Não iniciar exercício hipoidratado;
da função fisiológica e melhoria no desempenho yy Consumir volumes suficientes voluntariamente;
(35). Mas a ingestão de líquidos não pode atrapalhar yy Acompanhar a frequência, volume e cor da urina.
o exercício. Por isso, deve ser programada de acordo
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Alimentação de Praticantes de Exercício Físico e Atletas
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Alimentação de Praticantes de Exercício Físico e Atletas
anemia, pode afetar negativamente a saúde e o A redução das reservas de zinco tem sido
desempenho físico e mental. Alguns atletas podem associada à diminuição da função da glândula
experimentar diminuição transitória da ferritina tireoide, do nível de hormônio e da taxa metabólica.
sérica e da hemoglobina no início do treinamento. A situação pode afetar negativamente a saúde e
Isso ocorre devido à hemodiluição, após aumento o desempenho físico. Portanto, é importante dar
do volume plasmático. Tal situação é conhecida atenção especial ao zinco na alimentação de atletas
como “anemia dos esportes”. E não responde à (38). A recomendação (DRI) de ingestão diária de
intervenção nutricional. As mudanças parecem ser zinco para as idades entre 19 e 50 anos é de 11mg
uma adaptação benéfica ao treinamento aeróbio e para os homens e 8mg para as mulheres (40).
não geram impacto negativo ao desempenho (38).
É recomendada atenção especial ao consumo de Selênio
alimentos contendo ferro de alta biodisponibilidade O selênio é um componente de várias enzimas.
(2). É indicado, ainda, o aumento da ingestão de Particularmente, da glutationa peroxidase. Esta
alimentos ricos em vitamina C junto às refeições, com é uma enzima antioxidante celular importante.
o objetivo de aumentar a biodisponibilidade do ferro Assim, o aporte adequado do selênio também pode
de origem vegetal. A recomendação (DRI) de ingestão minimizar os efeitos danosos dos radicais livres. A
diária de ferro para as idades entre 19 e 50 anos é de recomendação (DRI) de ingestão diária de selênio
8mg para os homens e 18mg para as mulheres (40). para as idades entre 19 e 50 anos é de 55mcg (42).
Magnésio VITAMINAS
O magnésio, presente em mais de 300 enzimas, No corpo humano, as vitaminas funcionam
desempenha várias funções, como contração como reguladores metabólicos. Elas influenciam
muscular, participação no metabolismo energético vários processos fisiológicos importantes, tanto
(glicose, gordura e proteína) e na síntese de proteínas. para o exercício físico como para o esporte de alto
A deficiência de magnésio prejudica o desempenho nível. Muitas das vitaminas do complexo B, por
em exercícios de resistência devido às crescentes exemplo, estão envolvidas na produção de energia,
exigências de oxigênio. Os atletas de esportes com no metabolismo de carboidratos e de lipídeos.
categorias de peso, como luta, balé, ginástica e tênis, Outras vitaminas do complexo B são essenciais
comumente relatam consumo baixo de magnésio. para a formação dos glóbulos vermelhos do
Esses indivíduos devem ser orientados sobre as boas sangue. Estes são um dos principais determinantes
fontes alimentares do mineral. A recomendação da oferta de oxigênio para os músculos durante o
(DRI) de ingestão diária de magnésio, para as exercício aeróbio. Além disso, vitaminas, como a
idades entre 19 e 50 anos, é de 420mg para os C e E, funcionam como antioxidantes importantes
homens e 320mg para as mulheres (41). para a prevenção de danos oxidativos, que ocorrem
no treinamento físico (43).
Zinco As deficiências de vitaminas podem, certamente,
O zinco desempenha papel no crescimento, na prejudicar o desempenho do exercício. A ingestão
construção e reparação do tecido muscular, na diária de menos de um terço das recomendações
produção de energia e no estado imunológico. O para várias das vitaminas do complexo B (B1, B2
zinco está, ainda, envolvido no processo respiratório e B6) e vitamina C, mesmo quando outras são
celular. A deficiência do oligoelemento em atletas suplementadas na dieta, pode levar à diminuição
pode gerar anorexia, perda significativa de peso, significativa do VO2máx e do limiar anaeróbio em
fadiga, redução no rendimento em provas de menos de quatro semanas (43). As vitaminas de
resistência e risco de osteoporose. As dietas pobres maior preocupação nas dietas dos atletas são:
em proteína animal e ricas em fibras, e aquelas complexo B e vitaminas C, D e E.
vegetarianas, em particular, estão associadas com
a ingestão deficiente de zinco.
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Alimentação de Praticantes de Exercício Físico e Atletas
Quadro 11. Recomendações diárias de vitaminas do complexo B para a população normal com idades entre 19 e 50
anos (DRIs)
Vitaminas Homens Mulheres
Tiamina (B1) 1,2mg 1,1mg
Riboflavina (B2) 1,3mg 1,7mg
Niacina (B3) 16mg 14mg
Ácido pantotênico (B5) 5mg 5mg
Piridoxina (B6) 1,3mg 1,3mg
Ácido fólico 400mcg 400mcg
Cianocobalamina (B12) 2,4mcg 2,4mcg
Fonte: National Academy of Sciences. Dietary References Intakes for Vitamin C, Vitamin E, Selenium, and Carotenoids, 2000; National Academy of Sciences. Dietary References Intakes for
Thiamine, Riboflavin, Niacin, Vitamin B6, Folate, Vitamin B12, Pantothenic Acid, Biotin, and Choline, 1998.
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Alimentação de Praticantes de Exercício Físico e Atletas
exercício físico, e melhorar a recuperação do praticante. é facilitada a tradução do que e quanto o indivíduo,
Considera-se que o aporte adequado da vitamina seja ou população em questão, deve comer. Para essa
fundamental para a população fisicamente ativa, tarefa, foram desenvolvidos guias alimentares.
principalmente para aqueles que praticam exercício de Guias ou diretrizes da dieta são citações de órgãos
endurance (43). A recomendação (DRI) de ingestão governamentais ou entidades reconhecidas por sua
diária de vitamina E, para as idades entre 19 e 50 autoridade científica. Esses órgãos, ou entidades,
anos, é de 15mg (42). transformam recomendações nutricionais técnico-
É fato que as vitaminas e os minerais têm papel científicas em mensagens simples, fáceis de serem
importante na saúde e no desempenho esportivo. compreendidas pelo público em geral. Ou seja, os
Em situações específicas, como treinamentos guias não têm somente o objetivo de assegurar a
intensos por períodos longos, pode haver aumento ingestão adequada de nutrientes. Eles também
da necessidade de determinado micronutriente e servem para apresentar os problemas de saúde
favorecer a deficiência. Atletas de maior risco são mais comuns e urgentes, relacionados à nutrição.
os que restringem a ingestão energética ou têm Os guias são embasados no conhecimento científico,
práticas graves de perda de peso, aqueles que nos problemas nutricionais, nos hábitos de consumo
eliminam um ou mais grupos de alimentos de sua alimentar e no contexto cultural e socioeconômico
dieta, ou que consomem dietas desequilibradas, de um país. E podem ser ferramentas básicas de
pobres em micronutrientes (1). educação alimentar. Eles têm o objetivo de estimular
Apesar do papel evidente dos micronutrientes mudanças indicadas, principalmente qualitativas, na
antioxidantes na prevenção dos danos causados dieta da população. Os guias são desenvolvidos de
pela produção excessiva de radicais livres e na acordo com os hábitos alimentares, a disponibilidade
redução do desempenho, quando deficientes, não de alimentos e as necessidades nutricionais dos
existem recomendações específicas de vitaminas e diferentes grupos populacionais.
minerais para atletas e praticantes de exercício físico. Alguns guias são somente qualitativos. Outros
A recomendação é baseada no que é estabelecido também são quantitativos. Ou seja, os últimos
para a população geral. No entanto, na tentativa de trazem recomendações de quantidades, expressas
aumentar a ingestão de micronutrientes, sugere- em número e tamanho de porções, que devem ser
se uma alimentação variada, rica em nutrientes, ingeridas de cada grupo alimentar. Nesse caso, são
equilibrada, contendo todos os grupos de alimentos. estabelecidas porções para o consumo adequado.
Além disso, é de consenso a importância da ingestão Os Guias Alimentares para Americanos, publicados
energética adequada. Esta estratégia é fundamental pelo Departamento da Agricultura dos EUA (http://
para que o atleta receba micronutrientes compatíveis www.dietaryguideline.gov), são os mais antigos e bem
com sua demanda. O atleta deve ser aconselhado organizados do mundo. Eles são revisados por um
a não exceder a ingestão do nível máximo superior comitê de especialistas a cada cinco anos. O símbolo
tolerável (UL) para as substâncias antioxidantes. atual, que representa a alimentação saudável, é
Doses mais elevadas podem oferecer toxicidade (1). chamado de “Escolha Meu Prato” (ChooseMyPlate.
gov) (Fig. 1). O símbolo foi publicado na versão de
2010 dos Guias Alimentares para Americanos. No site
RECOMENDAÇÕES DE PORÇÕES do “Escolha Meu Prato” (http://choosemyplate.gov), há
várias ferramentas de orientação. O símbolo “Escolha
ALIMENTARES
Meu Prato”, assim como a Pirâmide (Fig. 2), enfatiza a
ingestão de alimentos integrais, cereais enriquecidos
A quantidade recomendada de nutrientes pode
e fortificados, arroz e pães integrais, grãos, hortaliças,
ser expressa em número de porções de alimentos
frutas, produtos pobres em gorduras, peixes e carnes
de diferentes grupos. Ao invés de considerar cada
magras. O objetivo é alcançar todos os nutrientes e
nutriente isoladamente, é mais fácil, e rápido,
quantidades recomendados pelas DRIs.
avaliar e planejar a adequação deles por meio da
utilização de grupos alimentares. Com isso, também
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Alimentação de Praticantes de Exercício Físico e Atletas
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Alimentação de Praticantes de Exercício Físico e Atletas
Quadro 12 Número diário de porções recomendadas de cada grupo alimentar para diferentes níveis energéticos
Nível Calórico 1.000 1.200 1.400 1.600 1.800 2.000 2.200 2.400 2.600 2.800 3.000 3.200
Grupo Número de Porções. Os óleos são mostrados em gramas (g)
Alimentar
Grãos 3 4 5 5 6 6 7 8 9 10 10 10
Integrais 1,5 2 2,5 3 3 3 3,5 4 4,5 5 5 5
Outros 1,5 2 2,5 2 3 3 3,5 4 4,5 5 5 5
Hortaliças 2 3 3 4 5 5 6 6 7 7 8 8
Verde-escuras 1/sem 1,5/sem 1,5/sem 2/sem 3/sem 3/sem 3/sem 3/sem 3/sem 3/sem 3/sem 3/sem
Alaranjadas 0,5/sem 1/sem 1/sem 1,5/sem 2/sem 2/sem 2/sem 2/sem 2,5/sem 2,5/sem 2,5/sem 2,5/sem
Leguminosas 0,5/sem 1/sem 1/sem 2,5/sem 3/sem 3/sem 3/sem 3/sem 3,5/sem 3,5/sem 3,5/sem 3,5/sem
Amiláceas 1,5/sem 2,5/sem 2,5/sem 2,5/sem 3/sem 3/sem 6/sem 6/sem 7/sem 7/sem 9/sem 9/sem
Outras 4/sem 4,5/sem 4,5/sem 5,5/sem 6,5/sem 6,5/sem 7/sem 7/sem 8,5/sem 8,5/sem 10/sem 10/sem
Frutas 2 2 3 3 3 4 4 4 4 5 5 5
Leite e 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3
Substitutos
Carnes Magras e 60g 90g 120g 150g 150g 165g 180g 190g 190g 200g 200g 200g
Substitutos 1 1,5 2 2,5 2,5 3 3 3,5 3,5 4 4 4
Óleos 15g 17g 17g 22g 24g 27g 29g 31g 34g 36g 44g 51g
Permissão 165 171 171 132 195 267 290 362 410 426 512 648
Calórica
Controlada
*As quantidades recomendadas para os subgrupos são para a semana. As contribuições de nutrientes e de energia de cada grupo são calculadas de acordo com as formas de alimentos
densos em nutrientes (ex.: carnes magras e leite desnatado). O quadro também mostra as recomendações de calorias controladas que podem ser acomodadas dentro de cada nível calórico,
em adição às quantidades sugeridas de alimentos densos em nutrientes de cada grupo.
Nota: o tamanho das porções das carnes foi transformado de onças para gramas (medida mais utilizada no Brasil - aproximadamente 60g = 1 porção).
Quadro 13 Sistema de equivalência adaptado - valores de nutrientes por porção dos grupos alimentares
Grupo Alimentar Kcal Carboidratos (g) Proteínas (g) Lipídios (g) Fibras (g)
1,0 (refinado)
Grãos 80 15 2 1 ou menos
2,5 (integral)
Hortaliças 25 5 1 - 1,5
Frutas 60 15 0,5 - 1,5
Leite e Substitutos
yy Desnatado 90 12 8 0-3 -
yy Semi-desnatado 120 12 8 5 -
yy Integral 150 12 8 8 -
Carnes e Substitutos
yy Muito magra 70 - 14 0-2 -
yy Magra 110 - 14 6 -
yy Média em gordura 150 - 14 10 -
yy Rica em gordura* 200 - 14 16 -
Gorduras e Óleos 45 - - 5 -
Doces e Bebidas Varia Varia Varia Varia Varia
Fonte: Adaptado de: American Diabetes Association. Exchange Lists for Meal Planning, 1995; Dietary Guidelines for Americans/MyPyramid, USDA, 2005.
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Alimentação de Praticantes de Exercício Físico e Atletas
atenção especial. Esses nutrientes são fundamentais cautela. Por outro lado, o ganho de peso e a hipertrofia
para o fornecimento de energia em exercícios de muscular também são objetivos frequentes para esse
todas as intensidades. Principalmente, aqueles de público. Nesse caso, é indicado promover aumento
longa duração. A demanda de proteínas, nutrientes do aporte energético total, com o cuidado para não
envolvidos na síntese proteica e no metabolismo aumentar o teor de gordura corporal, normalmente
energético, também é mais elevada para atletas. No indesejado para essa população.
entanto, apesar de ser muito valorizada pelo público Para prescrever a dieta, após estimar as
fisicamente ativo, a necessidade extra de proteínas é necessidades energéticas, o profissional pode optar
facilmente alcançada com a alimentação equilibrada e por calcular cada nutriente isoladamente, utilizando
saudável. Os lipídeos, embora também envolvidos no as tabelas de composição química dos alimentos.
metabolismo energético, não apresentam necessidades Ou, então, pode realizar os cálculos por meio da
extras de ingestão. E devem estar adequadamente utilização de grupos alimentares. Esse é um método
distribuídos em mono e poli-insaturados. mais fácil e rápido. A escolha do método depende
A hidratação também deve ser devidamente exclusivamente do profissional, desde que seu foco
programada, considerando os riscos tanto da perda seja o planejamento individualizado.
hídrica como de eletrólitos, principalmente em exercícios Conclui-se que a prescrição individualizada,
de longa duração. Atenção especial deve ser dada aos associada ao treinamento adequado, certamente
praticantes de esportes ao ar livre e ambientes quentes. contribui para a melhora do desempenho, minimização
Os micronutrientes também devem ser valorizados dos riscos nutricionais, alcance da composição
nas dietas para esportistas. Afinal, as vitaminas atuam corporal desejada e, sobretudo, da promoção da
como reguladores metabólicos, influenciando vários saúde do atleta e do praticante de exercício físico.
processos fisiológicos importantes para o exercício
físico. Os minerais são essenciais para vários processos
metabólicos e fisiológicos. Como o metabolismo é REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
acelerado durante o exercício, pode ocorrer aumento
da demanda de certos minerais. E a adequação deles 1. American College of Sports Medicine, American Dietetic Association,
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