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Alimentação de Praticantes

de Exercício Físico e Atletas

Autora:

Fabiana da Costa Teixeira. Nutricionista pela Universidade Federal Fluminense; Educadora Física pela
Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Doutoranda em Nutrição pela Universidade Federal do Rio de Janeiro;
Mestre em Ciências Médicas pela Universidade Federal Fluminense; Especialista em Nutrição e Atividade Física pela
Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Coordenadora do curso superior de Nutrição da Anhanguera Educacional
Ltda - UNIPLI; Docente nas faculdades de Nutrição Anhanguera e Educação Física Maria Thereza; Docente na pós-
graduação da Universidade Gama Filho; Participante de projetos de pesquisa na Universidade Federal do Rio de Janeiro
– Campus Macaé; Tutora de ensino a distância pelo Instituto Cristina Martins de Educação em Saúde; Nutricionista em
clínica particular, atua na área de nutrição e exercício físico, nutrição clínica e preventiva.

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Alimentação de Praticantes
de Exercício Físico e Atletas

Fabiana da Costa Teixeira

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
Após a leitura deste capítulo, você deverá estar apto a:
yy Identificar as recomendações de energia para atletas e praticantes de exercício físico.
yy Descrever as recomendações de proteínas, carboidratos e lipídeos para atletas e praticantes de exercício físico.
yy Citar as recomendações de líquidos e eletrólitos para atletas e praticantes de exercício físico.
yy Reconhecer as recomendações de vitaminas e minerais para atletas e praticantes de exercício físico.
yy Identificar os princípios da alimentação geral de atletas e praticantes de exercício físico.
yy Identificar os princípios da alimentação pré, durante e pós-treino de atletas e praticantes de exercício físico.
yy Definir os números recomendados de porções de grupos alimentares para diferentes
níveis energéticos, indicados para atletas e praticantes de exercício físico.

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Alimentação de Praticantes de Exercício Físico e Atletas

Problematização - Estudo de Caso


F.T., sexo feminino, 19 anos de idade, nadadora, estudante de educação física, foi
encaminhada ao consultório de nutrição pelo treinador. A paciente relata treinar natação com
intuito de competição desde os 12 anos de idade. Há dois anos, após programa nutricional
e treinamento vigoroso, obteve seu melhor desempenho. Na ocasião, apresentava 17% de
gordura corporal e peso de 54kg. Embora tenha ficado satisfeita com o resultado, não quis mais
retornar para o mesmo nutricionista, pois considerou a prescrição muito restritiva em termos de
substituições alimentares. Relata que, desde então, vem ganhando peso e não consegue manter
o percentual de gordura. E piorou o seu desempenho atlético. Refere apresentar infecções
respiratórias, no mínimo, duas vezes ao ano. Tem história familiar de obesidade, hipertensão e
osteoporose. Pratica natação de segunda a sexta, das 15h às 17h30min. No sábado, quando
o treinamento é mais intenso, treina da 8h às 09h30min. Pratica, ainda, musculação nas
segundas e quintas-feiras, no período da manhã (das 06h40min às 07h30min), e alongamento
nas terças e quintas-feiras, no mesmo horário, antes de ir para faculdade. Na história alimentar,
relata não apreciar hortaliças verdes. Relata desejo de comer doce antes de dormir.
Recordatório alimentar do dia anterior:
Desjejum: suco de frutas (200mL) batido com extrato de soja (2 colheres de sopa), mel (1
colher de sobremesa); 3 claras de ovos cozidas.
Colação: (pós-treino manhã): 1 banana e um suco industrializado light (200mL).
Almoço: arroz (3 colheres de sopa), feijão (3 colheres de sopa), filé de frango (2 grandes),
suflê de cenoura (1 colher de sopa). Bebida: refrigerante zero (300mL). Sobremesa: 1 fatia de
melão.
Lanche pré-treino de natação: sanduíche integral de queijo minas e peito de peru (1 unidade),
refrigerante zero (300mL). Café com adoçante (200mL).
Durante o treino de natação: água (400mL).
Lanche pós-treino de natação: 1 banana.
Jantar: idem ao almoço + 3 claras de ovo.
Ceia: 1 barra de cereal, aveia e mel light e 1 barra de chocolate de 200g
Ingestão hídrica: 1,8L ao dia.
Dados antropométricos: peso atual=65kg; altura=1,63m; IMC=24,5kg/m2; percentual de
gordura=24%. Dados antropométricos: sem alterações.
Diagnóstico nutricional 1: Ganho de peso involuntário, relacionado ao excesso de ingestão
calórica, conforme evidenciado pelo aumento excessivo de peso e dados do recordatório
alimentar.
Diagnóstico nutricional 2: Deficiência de conhecimento em relação aos alimentos e à
nutrição, relacionada à inadequação nas escolhas alimentares e de líquidos nos dias com e sem
treinos, conforme evidenciado pelo relato da atleta e redução do desempenho físico.

1. Qual é a necessidade energética diária total estimada para F.T.?


2. Qual é a recomendação diária de proteínas para F.T.? Que orientações podem ser feitas no
momento em relação à ingestão proteica da atleta?
3. Quais são as recomendações de carboidratos para F.T.? Que orientações podem ser feitas em
relação à ingestão do nutriente pela atleta?
4. Qual é a recomendação diária de lipídeos para F.T.?
5. Qual é a recomendação de líquidos e de eletrólitos para F.T.? O que pode ser sugerido para a
atleta?
6. Quais são os minerais e vitaminas de maior relevância para F.T.?
7. De acordo com a estimativa diária calculada da necessidade energética para F.T., qual é a
recomendação de números de porções dos grupos alimentares?

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Alimentação de Praticantes de Exercício Físico e Atletas

INTRODUÇÃO RECOMENDAÇÕES DE NUTRIENTES

O s benefícios à saúde, proporcionados pela prática


regular de exercício físico, o padrão estético
atual, que valoriza corpos musculosos e magros,
Há referências para a recomendação de ingestão
alimentar que têm, como objetivo, assegurar o
consumo adequado de energia e de nutrientes para
além da proximidade de eventos esportivos de âmbito a população saudável. Um exemplo são as Dietary
internacional, são motivos do número crescente de Reference Intakes (Ingestão Dietética de Referência -
adeptos a prática de exercícios físicos. DRI), publicadas pelo governo norte-americano. Porém,
A prática regular de exercício físico influencia para individualizar as recomendações, deve-se levar
as necessidades energéticas, de micronutrientes em consideração os diversos níveis de atividade física
e hídricas. A magnitude dessa influência depende que podem alterar as necessidades de nutrientes.
do estado nutricional prévio do indivíduo, além de Em 2009, foi publicado um consenso do American
aspectos inerentes ao próprio treinamento, como College of Sports Medicine, da Academy of Nutrition
duração, intensidade, frequência, entre outros. and Dietetics e da Dietitians of Canada, sobre
A nutrição adequada é essencial tanto para atletas recomendações específicas para o desempenho
de alto nível como para praticantes de atividade física atlético e saúde de indivíduos que praticam exercício
por condicionamento físico. No entanto, muitos atletas físico intenso (1). No mesmo ano, a Sociedade
e desportistas apresentam inadequações, tanto na Brasileira de Medicina do Esporte publicou um
ingestão energética como de nutrientes específicos. documento que também contemplava informações
Essa inadequação é preocupante para indivíduos científicas relativas à nutrição esportiva (2). Além
fisicamente ativos de todas as idades, principalmente das necessidades específicas de nutrientes para
nos períodos da infância e adolescência, caracterizados atletas, o documento enfatizou a preocupação da
pelo desenvolvimento e crescimento físicos. utilização indiscriminada de suplementos alimentares.
Nesse contexto, destaca-se a importância Em 2010, a Sociedade Brasileira de Medicina do
do planejamento alimentar individualizado. Além Esporte publicou outro documento cuja ênfase foi a
da quantidade de macro e de micronutrientes, é hidratação no esporte, além de citar recomendações
fundamental a distribuição desses nutrientes ao específicas de nutrientes para atletas (3). Ainda em
longo do dia, com refeições adequadas antes, durante 2010, outro material importante sobre nutrição
e após o treinamento. As estratégias nutricionais esportiva foi publicado (4). Este, além de contemplar
propostas devem estar de acordo com os objetivos a alimentação e a suplementação para atletas, cita
do atleta, ou praticante de exercício físico, e com as recomendações para praticantes de exercício físico
o seu estado de treinamento e de saúde, além de com objetivo de condicionamento físico.
suas preferências e hábitos alimentares. Uma vez estimado o valor energético total, o próximo
Apesar do grande número de publicações acerca passo é a distribuição da energia pelos macronutrientes:
da nutrição esportiva, ainda é comum a divulgação carboidratos, proteínas e lipídeos. Cabe lembrar que
de informações equivocadas em relação à dieta de cada grama de carboidrato e de proteína gera 4 kcal,
pessoas fisicamente ativas. Assim, na busca tanto enquanto cada grama de lipídeo gera 9kcal. Apesar
da melhoria do desempenho e da composição dos macronutrientes terem como função a geração
corporal, observa-se a adesão a estratégias de energia, destaca-se que os carboidratos são os
nutricionais inadequadas, além do consumo nutrientes de maior relevância para a finalidade.
indiscriminado de suplementos alimentares. Micronutrientes desempenham um papel
Este capítulo apresenta as recomendações de importante na produção de energia, síntese de
energia, nutrientes, água e eletrólitos para praticantes hemoglobina, manutenção da saúde óssea, função
de exercício físico e atletas, destacando a importância imune adequada e proteção do corpo contra danos
da individualização da prescrição. O capítulo enfoca, oxidativos. Eles participam da síntese e reparação de
ainda, o momento ideal de oferta de nutrientes, com tecido muscular durante a recuperação do exercício e
o objetivo de proporcionar melhoria no desempenho dos danos causados com o exercício.
físico, na recuperação do exercício, na composição Durante o exercício, os micronutrientes são
corporal e na saúde geral do indivíduo. necessários para as vias metabólicas. Além disso,

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o treinamento físico pode resultar em adaptações Indivíduos que participam de programas de


bioquímicas do músculo que podem aumentar condicionamento físico (em torno de 30 a 40 minutos
a necessidade de micronutrientes. Exercício de ao dia, três vezes por semana) podem alcançar suas
rotina também pode aumentar a perda desses necessidades com 25 a 35kcal/kg/dia (4). A demanda
micronutrientes pelo organismo. Em consequência, energética por sessão é relativamente baixa, em torno
a maior ingestão de micronutrientes pode ser de 200 a 400kcal/sessão (4). Por outro lado, atletas
necessária para suprir as necessidades de construção, envolvidos em treinamento por várias horas diárias
reparação e manutenção de massa magra em atletas de exercício intenso, realizado cinco a seis vezes por
e praticantes de exercício físico (1). semana, ou treinamento intenso de grande volume
(ex.: três a seis horas por dia de treinamento intenso
ENERGIA em treinos de um até seis dias por semana), podem
Para todos os indivíduos, independentemente de gastar entre 600 e 1.200kcal, ou até mais, por
serem atletas, é fundamental o equilíbrio energético, hora de exercício. Por essa razão, as necessidades
representado pela relação ideal entre a ingestão energéticas podem aproximar-se de 50 a 80kcal/
e o gasto energético. No entanto, como os atletas kg/dia (4). Para atletas de endurance em situações
estão frequentemente expostos a altas cargas de especiais, a demanda energética pode ser ainda
treinamento, são considerados grupo de risco para maior: de 150 a 200kcal/kg/dia (4). Para atletas de
inadequação da ingestão energética. Os indivíduos força, a Academia de Nutrição e Dietética Americana
não atletas, mas que são fisicamente ativos, também recomenda de 44 a 50kcal/kg/dia (7).
podem estar em risco de inadequação da ingestão. A calorimetria indireta é o método recomendado
E, muitas vezes, submetem-se a treinamentos para avaliar o gasto energético com mais acurácia,
frequentes em busca de emagrecimento. Além disso, tanto no repouso quanto durante o exercício físico.
o desconhecimento sobre nutrição adequada e, até Porém, o método não é viável para indivíduos
mesmo, os mitos e tabus alimentares podem causar na prática. Sendo assim, o gasto energético é,
inadequação na ingestão de nutrientes. geralmente, estimado por meio de equações. As
Dependendo da modalidade esportiva, a demanda equações mais utilizadas para a estimativa das
energética de treinamento pode ser bastante elevada. necessidades energéticas estão citadas a seguir.
Jogadores de futebol, por exemplo, apresentam A equação proposta pelo Institute of Medicine
necessidades energéticas diárias em torno de 3.150 (IOM) (8) considera a idade, o fator atividade física
a 4.300kcal (5). Um estudo com triatletas, realizado (AF), o peso corporal e a estatura do indivíduo
no Brasil, demonstrou gasto energético entre 1.870 e (Quadro 1). O fator AF é categorizado de acordo com
2.450kcal por sessão de treinamento (6). A demanda a intensidade da atividade diária.
energética depende não somente do tipo da modalidade, Outras equações para a estimativa da necessidade
mas também da duração, da intensidade, do nível de energética são propostas pela Organização Mundial
aptidão física, do gênero e idade, entre outros fatores. A da Saúde (FAO/WHO/UNU) (9). Elas são indicadas
posição do jogador de uma modalidade específica, por para uso internacional. A taxa metabólica basal (TMB)
exemplo, pode ter gasto energético diferente dos outros. é estimada de acordo com o gênero, faixa etária e

Quadro 1. Equações para estimativa do gasto energético do Institute of Medicine


Homens adultos
Necessidades Energéticas (NE) = 662 – 9,53 (idade em anos) + AF [15,91 (peso atual em kg) + 539,6 (estatura em metros)]
Mulheres adultas
Necessidades Energéticas (NE) = 354 – 6,91 (idade em anos) + AF [9,36 (peso atual em kg) + 726 (estatura em metros)]

AF (Fator Atividade Física) AF (Fator Atividade Física)


1,0 - 1,39 indivíduos sedentários 1,6-1,89 indivíduos ativos (atividades diárias +
>60min de atividade moderada ao dia)
1,4 - 1,59 atividade física leve (atividades diárias 1,9 - 2,5 indivíduos muito ativos (atividades diárias
+ 30-60min de atividade moderada ao + >60min de atividade moderada ao dia
dia) + 60min de atividade vigorosa ou 120min
de atividade moderada)
Fonte: Institute of Medicine, 2005.

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peso do indivíduo, seguida da multiplicação pelo Outro método de estimativa do gasto energético é
nível de atividade física (NAF). Também é sugerida a por meio do equivalente metabólico (MET) (11). O MET
divisão do NAF por categorias, de acordo com o estilo é usado para estimar o gasto metabólico da atividade
de vida: a) sedentário ou estilo de vida levemente física em relação àquele que vigora durante o estado
ativo (NAF de 1,4 a 1,69), b) ativo ou estilo de vida de repouso. O MET representa o gasto energético na
moderadamente ativo (NAF de 1,7 a 1,99) e c) condição de repouso por minuto, em função do peso
vigoroso ou estilo de vida vigorosamente ativo (NAF corporal. E corresponde a, aproximadamente, 3,5mL/
de 2,0 a 2,4). Cabe ao avaliador determinar em qual kg/minuto. Sendo assim, o método permite expressar a
nível de NAF o indivíduo se enquadra. Destaca-se atividade física como múltiplo do repouso. Na equação,
que, raramente, é indicado utilizar o extremo superior 1 MET=3,5mL de O2/kg de peso corporal/minuto.
da categoria (vigorosamente ativo). Para a estimativa Um compêndio de atividades físicas foi desenvolvido
do gasto energético por esse método, são calculadas para quantificar o gasto de energia pelo MET em
duas etapas, mostradas no Quadro 2 e Quadro 3. diferentes modalidades. A primeira publicação do
Apesar da praticidade e aplicabilidade das compêndio foi em 1993. Em 2000, ele foi atualizado.
equações de estimativa da TMB da FAO/WHO/UNU, A nova atualização foi em 2011. Por meio do MET
atenção especial deve ser dada aos resultados. de cada atividade descrita no compêndio, é possível
Embora seja considerado não haver diferenças, o estimar o valor energético total diário. Para tal, é
gasto energético basal pode variar em diferentes necessário realizar registro de todas as atividades
grupos populacionais. Essas equações parecem diárias. O MET também pode ser utilizado para
superestimar a TMB, sobretudo em populações de estimar apenas o gasto energético com a atividade
regiões tropicais (10). Tais divergências poderiam ser física e somar com a TMB estimada. O compêndio é
explicadas, em parte, pela inadequação do banco útil para quantificar o gasto de energia de atividades
de dados usado para a geração das equações. Além físicas em adultos, para uso em estudos científicos e
disso, especula-se que essas equações não sejam para prescrever e recomendar atividade física. Para
adequadas para atletas. Nesse contexto, o uso o cálculo, é necessário o conhecimento do peso
dessas equações deve ser cauteloso. corporal do indivíduo. Com essa variável, estimam-se
quantos mililitros de oxigênio por minuto, em repouso,

Quadro 2. Equações para estimativa do gasto energético da FAO/WHO/UNU


A) Estimar a Taxa Metabólica Basal (TMB): escolha a equação de acordo com o gênero e idade:
Idade (anos) Equação de TMB (kcal/dia
<3 59,51 x peso (kg) + 30,4
3-10 22,706 x peso (kg) + 504,3
10-18 17,686 x peso (kg) + 658,2
Homens
18-30 15,057 x peso (kg) + 692,2
30-60 11,472 x peso (kg) + 873,1
>60 11,71 x peso (kg) + 587,7
<3 58,31 x peso (kg) + 31,1
3-10 20,315 x peso (kg) + 485,9
10-18 13,384 x peso (kg) + 692,6
Mulheres
18-30 14,818 x peso (kg) + 486,6
30-60 8,126 x peso (kg) + 845,6
>60 9,082 x peso (kg) + 658,5
B) Multiplicar a TMB pelo Nível de Atividade Física (NAF)
Gasto energético total estimado = TMB X NAF
Fonte: FAO/WHO/UNU, 2004.

Quadro 3. Níveis de Atividade Física (NAF)


Categoria Nível de Atividade Física (NAF) Valor de NAF
Sedentário ou estilo deIndivíduos que não caminham longas distâncias, usam automóveis, não realizam esportes 1,40-1,69
vida levemente ativo regularmente, gastam maior tempo de lazer sentados ou parados.
Ativo ou estilo de vidaAtividade ocupacional sedentária. E indivíduos que praticam diariamente, por uma hora, atividade 1,70-1,99
moderadamente ativo física moderada ou moderadamente vigorosa (corrida, ciclismo ou atividade aeróbica).
Vigoroso ou estilo de Trabalho intenso ou atividade de lazer intensa por várias horas. Mulheres com ocupação não 2,00-2,40
vida vigorosamente ativo
sedentária que dançam ou nadam, em média, duas horas por dia. Trabalhadores rurais que
caminham longas distâncias, que usam equipamentos manuais por várias horas.
Fonte: FAO/WHO/UNU, 2004.

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o indivíduo consome. Considerando que, para cada glicogênio, o organismo cataboliza algumas de suas
litro de oxigênio consumido há um gasto energético de proteínas para produzir energia, ou para convertê-las
cinco quilocalorias, estima-se o gasto energético do em glicose. Dessa forma, uma dieta com baixo teor de
indivíduo no repouso, por minuto. Tal cálculo permite carboidratos induz a depleção de proteínas.
extrapolar as informações para minutos ou horas, para A degradação proteica é evidenciada, principalmente,
qualquer atividade descrita no compêndio. O Quadro 4 naquelas não contráteis. Há preservação das proteínas
apresenta um exemplo de cálculo pelo MET. contráteis durante o exercício físico. Indivíduos
treinados apresentam maior eficiência metabólica e
PROTEÍNAS tendem a apresentar taxas mais baixas de degradação
As proteínas exercem inúmeras funções fisiológicas, proteica, em relação aos destreinados (13, 14).
entre elas: estrutural, hormonal, imunológica, Diferente do que ocorre durante a atividade
enzimática e energética. As necessidades proteicas física, no período pós-exercício, o metabolismo
da população em geral têm sido objeto de muitas deve ser direcionado, preferencialmente, para a
investigações. Aceita-se, atualmente, que 0,6g síntese de proteínas. Os objetivos são reparar os
de proteína por kg de peso ao dia preencham as danos celulares causados por microlesões nas
necessidades da maioria da população, pressupondo- fibras musculares, induzidos pelo exercício, repor
se a ingestão de diferentes fontes proteicas e aporte as proteínas musculares, que foram utilizadas como
energético adequado (12). Tendo em vista as variações fonte de energia, e ganho de massa muscular pós-
individuais e na qualidade da proteína ingerida, a treino (1). Caso o aporte proteico não seja adequado,
maioria dos países fixou as recomendações em 0,8g pode haver balanço nitrogenado negativo (15).
de proteína por kg de peso ao dia. Resumidamente, o aumento da necessidade
Há um processo dinâmico de síntese (anabolismo) de proteínas para atletas pode ser devido à maior
e degradação proteica (catabolismo) em cada tecido. utilização das proteínas como substrato energético
Acredita-se que, durante o exercício físico, a síntese em atividades de endurance. E devido ao aumento da
proteica seja suprimida e possa haver maior degradação. síntese proteica em atletas de força.
Tal situação pode ocorrer em virtude da redução da Vários estudos foram realizados para concluir as
energia destinada à síntese, diminuição das reservas recomendações de proteínas para atletas. Em consenso,
de glicogênio muscular, ação dos glicocorticoides a ADA/ACSM (1) recomenda de 10 a 35% de proteínas,
e de hormônios envolvidos com a degradação de em relação ao valor energético total diário, e/ou entre
proteínas, além da redução da insulina. A magnitude 1,2 e 1,7g/kg de peso corporal/dia para atletas de
da supressão da síntese proteica, e até mesmo de sua força. Já a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte
degradação durante o exercício, depende da duração, (SBME) (2) recomenda, para esse grupo de atletas,
da intensidade da atividade, da alimentação e do de 1,6 a 1,7g de proteínas por kg de peso/dia. Como
condicionamento físico do desportista, entre outros. A os exercícios de endurance exigem menor demanda
relação entre a utilização da proteína e os estoques de proteica, quando comparados aos treinamentos de
glicogênio durante a atividade física é bem conhecida. força, para os esportes em que o predomínio é a
À medida que ocorre depleção nos estoques de resistência, a SBME recomenda entre 1,2 a 1,6g/kg

Quadro 4. Exemplo de estimativa de gasto energético pelo equivalente metabólico


Homem com peso atual=56,2kg.
1) Qual é o gasto energético estimado por hora?
1 MET = 3,5mL de O2/kg/minuto
3,5mL de O2 x 56,2kg = 196,7mL/minuto = 0,1967 litros/minuto
Se cada litro de O2 = 5kcal; 0,1967 litros/minuto x 5kcal = 0,9835kcal/minuto
= 0,9835kcal/minuto x 60 minutos (1 hora) = 59,01kcal/hora.
2) Qual é o gasto energético desse homem ao praticar 1 hora de corrida?
No compêndio: corrida = 12,5 METs
12,5 METs x gasto energético estimado por hora (59,01kcal) = 737,6kcal
Atenção: O cálculo é por hora. Caso a atividade seja realizada em período menor que 1 hora, a unidade (minuto) deve ser convertida.
Para facilitar o cálculo, pode ser usado: 1 MET = 1kcal/kg/hora. No exemplo:
12,5 METs x 56,2kg x 1h = 702kcal. Esse resultado deu um pouco mais baixo do que o cálculo acima.

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de peso por dia. Já a ADA/ACSM (1) recomenda uma síntese proteica, é fundamental o aporte adequado de
faixa inferior, que varia entre 1,2 e 1,4g por kg/dia de energia, principalmente sob a forma de carboidratos.
proteínas. A recomendação proteica baseada no peso Caso contrário, a proteína será utilizada para fornecer
corporal é mais acurada do que aquela estimada em energia ao trabalho muscular.
percentual do valor energético total.
A recomendação mais recente baseia-se na CARBOIDRATOS
intensidade e na duração do treino. A faixa proteica Os carboidratos representam a fonte principal de
recomendada é entre 1,5 e 2,0g por kg/dia. Para energia para contração muscular. São divididos em
atletas de atividades de alta intensidade e curta carboidratos simples e complexos. Os simples têm
duração, a recomendação é de 1,0 a 1,5g por kg/ absorção mais rápida. Por isso, proveem uma forma
dia. Para envolvidos em treinos de alto volume e rápida de energia ao organismo. Os carboidratos
alta intensidade, a recomendação proteica é de 1,5 simples são: glicose, frutose e galactose. Os
a 2,0g por kg/dia (4). Destaca-se que a ingestão carboidratos complexos precisam ser quebrados em
proteica insuficiente pode gerar perda de massa carboidratos simples para que sejam utilizados como
muscular e redução no desempenho. No entanto, os fonte de energia. São representados pelas massas,
atletas devem ser conscientizados de que o aumento pães, cereais, tubérculos e grãos.
do consumo proteico na dieta, além dos níveis Após a digestão e absorção do carboidrato, o
recomendados, não leva ao aumento adicional da organismo é capaz de armazená-lo sob a forma de
massa magra ou de desempenho (2). Há limite para glicogênio muscular e hepático. Durante os primeiros
o acúmulo de proteínas nos diversos tecidos. estágios do exercício, o glicogênio armazenado nos
Já para indivíduos que participam apenas de músculos funciona como a principal fonte de energia.
programas de condicionamento físico e, portanto, Conforme aumenta a intensidade do exercício, além
não são atletas, a recomendação é de 0,8 a 1,0g de da glicogenólise muscular, a glicogenólise hepática
proteínas por kg/dia. Devido à sarcopenia, os idosos também aumenta. Isso contribui para a liberação da
podem se beneficiar de um aporte proteico maior: glicose à corrente sanguínea e, consequentemente, ao
de 1,0 a 1,2g por kg/dia. músculo ativo. Sendo assim, em atividades com piques
Apesar dos estudos não serem consistentes em de alta intensidade, os carboidratos podem contribuir,
relação aos efeitos negativos do consumo excessivo de quase que exclusivamente, para o fornecimento de
proteínas e aminoácidos, são relatados como possíveis energia por meio do metabolismo anaeróbio. Em
danos: a) aumento da acidez corporal; b) hipercalciúria; atividades de endurance de alta intensidade, os
c) toxidade dos aminoácidos; d) aumento de incidência carboidratos também são de extrema importância
de câncer; e) insuficiência renal; e f) diminuição da para o metabolismo energético. Eles contribuem com
expectativa de vida, em estudos com animais. cerca de 70% para a geração de energia (16) (Fig.
Sendo assim, embora a necessidade proteica 1). Em atividades de intensidade leve à moderada,
possa ser maior em indivíduos fisicamente ativos, as e no repouso, o carboidrato também contribui para
quantidades não devem ultrapassar 2,0g/kg de peso gerar energia, mas em menores proporções, em
por dia. Exceções são evidenciadas em atletas com torno de 35 a 40% da energia total.
peso corporal muito baixo. Nesse caso, a necessidade Sendo assim, conclui-se que, em atividades
do indivíduo deve ser avaliada criteriosamente. de baixa e de alta intensidade, de longa ou curta
As estratégias nutricionais para estimular a síntese duração, o carboidrato é um combustível importante
proteica e, consequentemente, reduzir a degradação, tanto no metabolismo aeróbio, quanto anaeróbio. Os
devem garantir ao indivíduo condições ideais em todas estoques de glicogênio, no entanto, são limitados.
as etapas do processo anabólico (antes e após o treino). O Quadro 5 apresenta quantidades de reservas de
E devem manter o perfil anabólico nas próximas horas glicogênio hepático e muscular, além de glicose nos
pós-treino. Por isso, é fundamental o fracionamento dos líquidos corporais de um adulto de 65kg e com 12%
nutrientes oferecidos, particularmente os carboidratos de gordura corporal (16).
e as proteínas. Destaca-se que a qualidade da Em virtude da importância do carboidrato
proteína também é fundamental para o balanço no metabolismo energético, a depleção de
proteico (4). E, para que a proteína seja utilizada para seus estoques é motivo de preocupação para

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Fig. 1 Contribuição da glicose e glicogênio no metabolismo energético (16).

Quadro 5. Reservas corporais de carboidratos


Tecido Gramas (g) Quilocalorias (kcal)
Glicogênio hepático 110 451
Gliocogênio muscular 250 1025
Glicose nos líquidos corporais 15 62
Fonte: Katch FI et al. Nutrição para o Desporto e o Exercício. 2011.

o bom desempenho esportivo. A capacidade de adequadamente são os primeiros a apresentarem


armazenamento do glicogênio depende da ingestão de redução no desempenho. Para atletas que praticam
carboidratos, do nível de condicionamento físico, da atividades de curta duração, o aporte adequado de
frequência, duração e intensidade dos treinos, entre carboidrato também é importante, embora a depleção
outras variáveis. Observa-se depleção de glicogênio de glicogênio não seja tão intensa. Atletas que
tanto em sessões curtas, com alta intensidade e iniciam sua atividade com os depósitos adequados de
intercaladas com repouso, como em sessões longas glicogênio muscular e hepático tendem a apresentar
de treinamento. Em exercícios aeróbios de intensidade melhor desempenho nas provas.
moderada à alta, com uma e duas horas de duração, Segundo o consenso da ADA/ACSM (1), a
a depleção de glicogênio é em torno de 55% e próximo recomendação de ingestão de carboidratos para
a 90%, respectivamente (16). Já em exercícios com atletas varia de 6 a 10g por kg de peso corporal por
duração superior a duas horas, e/ou com intensidade dia. Para atletas que participam de atividades mais
acima de 70% do VO2máx, o glicogênio muscular reduz intensas (acima de 70% VO2máx), durante várias horas
significativamente. Tal situação aumenta a captação por dia, a quantidade recomendada varia entre 8 a
muscular da glicose plasmática e eleva o risco de 10g/kg de peso. Para atletas que também participam
hipoglicemia. A redução grave do glicogênio e da de atividades de intensidade alta, porém com duração
glicemia leva à redução nas capacidades aeróbia, até uma hora, a recomendação de carboidrato é de,
cognitiva e mental. Os resultados da glicemia abaixo aproximadamente, 6g/kg de peso por dia.
do nível basal (70mg/dL) favorecem a redução do É comum a recomendação de carboidratos para
desempenho esportivo e podem levar à cessação atletas ser em percentual, com valores entre 60 a
da atividade. Entre os sintomas de hipoglicemia, 75% do valor energético total. A Sociedade Brasileira
destacam-se: confusão mental, sensação de de Medicina do Esporte recomenda que a ingestão de
cansaço, dores musculares, cefaleia. carboidratos corresponda à faixa entre 60 e 70% do
Os atletas que não consomem quantidades aporte calórico diário (2). No entanto, segundo a ADA/
adequadas de carboidratos e/ou não descansam ACSM (1), tal recomendação deve ser utilizada com

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Alimentação de Praticantes de Exercício Físico e Atletas

cautela. Dependendo do valor energético total da dieta, fundamental para o planejamento dietético adequado.
a quantidade de carboidrato pode ficar inadequada. Por Antes do exercício, o principal objetivo da refeição é
exemplo: 60% de carboidratos de uma dieta inferior propiciar energia, manter a glicemia e iniciar a atividade
a 2.000kcal/dia correspondem a, aproximadamente, com o estoque de glicogênio adequado.
4-5g/kg de peso/dia para um atleta de 70kg. Essa Assim, a refeição antes da competição ou exercício
quantidade de carboidrato é insuficiente. Já 50% de deve ser rica em carboidratos. O maior motivo é que
uma dieta de 4.000-5.000kcal/dia corresponde a, eles são digeridos e absorvidos mais rapidamente
aproximadamente, 7-8g/kg/dia de carboidratos para que as proteínas e os lipídeos, gerando energia
um atleta do mesmo peso. Nesse caso, a quantidade mais prontamente para o exercício. Além disso, os
de carboidratos é suficiente. carboidratos favorecem melhor sensação de bem-estar
Para indivíduos fisicamente ativos, engajados em e evitam a plenitude gástrica após a refeição. A digestão
programas de condicionamento, a oferta de 45-55% da proteína requer mais energia. Portanto, uma refeição
de carboidratos, do total calórico, ou de 3 a 5g/kg/dia rica em proteína eleva o metabolismo e pode prejudicar
é suficiente para contemplar as necessidades (4). o desempenho durante o exercício físico.
Destaca-se, ainda, que em caso de competições,
Índice Glicêmico que frequentemente ocorrem no período da manhã,
Os carboidratos podem ser classificados de acordo a reposição de carboidratos é fundamental após a
com a sua capacidade de aumentar a concentração depleção que ocorre durante o período do sono. As
de glicose no sangue, chamado de índice glicêmico. recomendações dependem do período que antecede
Este índice representa o potencial de uma quantidade o evento (treino ou competição).
fixa de carboidrato, disponível em um determinado TRÊS A QUATRO HORAS ANTES DO EVENTO.
alimento, elevar a glicemia. Esse potencial é em Dependendo da hora do evento, a refeição será
relação a um alimento padrão, comumente o pão desjejum, almoço ou lanche. Independentemente
branco ou a glicose, que proporciona maior alteração do tipo de refeição, é indicada a oferta tanto de
na glicemia. Com isso, por meio da análise da curva carboidratos, proteínas, como de lipídeos. Segundo
glicêmica produzida por 50g de carboidrato disponível a ADA/ACSM (4), os carboidratos são recomendados
de um alimento teste, em relação à curva de 50g de em 1 a 5g/kg de peso, ou 200 e 300g. A quantidade
carboidrato do alimento padrão, obtém-se o índice sugerida deve ser em função da tolerância e do apetite
glicêmico. Atualmente, utiliza-se o pão branco por do atleta, além do tipo, duração e intensidade da
ter resposta fisiológica melhor do que a da glicose. atividade. Para as atividades com duração prolongada,
Quanto mais alto for o índice glicêmico, maior há maior necessidade de carboidratos. E indicam-se
será a taxa de ressíntese de glicogênio muscular e fontes alimentares ricas em carboidratos com índice
hepático. Portanto, conhecer o índice glicêmico das glicêmico moderado a baixo. Exemplos: iogurte,
fontes alimentares de carboidratos é importante para banana, maçã, mingau de aveia, feijões e lentilha.
elaborar o cardápio adequado aos objetivos do atleta PERÍODO INFERIOR A UMA HORA ANTES DO
ou praticante de exercício físico. A tabela internacional EVENTO. Alguns autores acreditam que a ingestão
de índice glicêmico, publicada em 2002, contém de carboidratos, em intervalo inferior a uma hora
inúmeros alimentos e seus respectivos índices antes da atividade, representa risco de redução no
glicêmicos (17). Nela, os alimentos são divididos em desempenho. A justificativa é o aumento da glicemia
três categorias de índice glicêmico (Quadro 6). e, consequentemente, da liberação da insulina, com
objetivo de regularizar a glicemia e propiciar a entrada
Carboidratos Antes do Exercício de glicose para o interior da célula. Ao mesmo tempo, a
A administração de carboidratos antes, durante musculatura esquelética em atividade está com níveis
ou após o exercício é indicada para adiar a fadiga, elevados de captação de glicose, independentemente
manter a glicemia, e conservar e/ou repor o glicogênio da insulina. A captação da glicose, com ou sem
muscular. E tem impacto direto sobre o desempenho insulina, aumenta o risco de hipoglicemia. Quando
do desportista. Sendo assim, além da quantidade diária ocorre redução abrupta da glicemia, caracteriza-se a
de carboidrato, o momento de ofertar esse nutriente é chamada hipoglicemia de rebote (18). Alguns autores

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Alimentação de Praticantes de Exercício Físico e Atletas

Quadro 6. Equação para curva glicêmica e interpretação do índice glicêmico


Curva glicêmica = índice glicêmico x teor de carboidrato disponível na porção do alimento/100
Índice Glicêmico Alto Índice Glicêmico Moderado Índice Glicêmico baixo
Superior a 85 Entre 60 e 85 Abaixo de 60

não consideram que esse efeito tenha impacto no Carboidrato Durante o Exercício
desempenho (19). E o tema ainda é objeto de estudos. É amplamente aceito que a ingestão de
Outra desvantagem descrita para a ingestão de carboidratos durante os exercícios prolongados retarda
carboidrato no período inferior a uma hora pré-atividade o aparecimento da fadiga. Caso não haja ingestão de
é a possível redução da utilização da gordura como carboidratos durante os exercícios de longa duração, os
combustível. E consequente aumento na depleção de estoques de glicogênio corporais serão depletados. E
glicogênio. A justificativa é que, uma vez ocorrido o isso pode provocar queda nas concentrações de glicose
aumento da glicemia, o combustível de preferência é sanguínea. Como consequência, o sistema nervoso
o carboidrato, desfavorecendo a lipólise (20). Marmy- central e o metabolismo muscular podem entrar em
Conus et al (21) realizaram um estudo para examinar colapso, provocando a interrupção da atividade.
os efeitos da ingestão de glicose, antes do exercício, e A ingestão de carboidratos durante o exercício
a captação da glicose muscular e produção hepática permite que seja mantido um ritmo considerado
de glicose durante o exercício. Seis homens treinados ideal por grande período de tempo, retardando a
ingeriram, em duas ocasiões distintas, 400mL de fadiga. Assim, os objetivos da oferta de carboidratos
uma solução contendo 75g de glicose, ou solução durante o exercício são a manutenção da glicemia e a
placebo, 30 minutos antes de 60 minutos de exercício. preservação do estoque de glicogênio.
Os resultados mostraram queda rápida da glicose do Vários métodos têm sido utilizados para avaliar
plasma no grupo que ingeriu o carboidrato, além de a oxidação de carboidratos durante o exercício. Têm
maior captação de glicose muscular, com o início do sido evidenciadas taxas máximas de oxidação de
exercício. No entanto, a produção de glicose hepática carboidratos entre 0,4 e 1,0g/minuto durante o
diminuiu com a ingestão da glicose. E isso poderia exercício. Tais evidências levaram à recomendação
ajudar a preservar as reservas hepáticas de glicose. de 30 a 60g de carboidratos por hora de atividade. O
Semelhante ao estudo relatado, outros registraram fracionamento do carboidrato ofertado também é de
que a ingestão de carboidratos em períodos entre suma importância para que ele esteja disponível para
30-60 minutos, antes do exercício, não compromete. utilização e evitar desconforto gástrico ao atleta. A
Em caso de exercício de endurance prolongado, até recomendação é que os carboidratos sejam ofertados
mesmo promove aumento do desempenho (22). com espaçamento de 10 a 15 minutos (1).
Considerando as divergências na literatura, para evitar A glicose é o único tipo de carboidrato que pode
os possíveis riscos do consumo de carboidratos de alto ser facilmente oxidado, pela musculatura esquelética,
índice glicêmico no período inferior a uma hora antes para a produção de energia. O esvaziamento gástrico
do exercício, principalmente em indivíduos suscetíveis é o principal fator limitante da taxa de liberação da
à hipoglicemia, a recomendação de carboidratos é de glicose para o sangue. Vários estudos foram realizados
1 a 2g/kg de peso. E de baixo índice glicêmico. com o objetivo de identificar a concentração ideal
PERÍODO BEM PRÓXIMO AO EVENTO. Entre cinco e de carboidratos, considerando a velocidade de
quinze minutos antes, são recomendados entre 50 esvaziamento gástrico, durante o exercício. Sayed et
a 60g de carboidratos. Essa oferta pode favorecer al (23), em estudo com atletas, identificaram que uma
a manutenção da glicemia durante o exercício. Uma solução de carboidrato moderadamente concentrada,
boa alternativa é a maltodextrina: um oligossacarídeo. entre 4 e 8%, foi capaz de melhorar o desempenho do
A mistura de glicose, frutose ou maltodextrina exercício prolongado. E foi apropriada para melhorar
também parece ser efetiva. No entanto, a frutose o fornecimento de energia e líquido, sem causar
tem sido associada à maior frequência de episódios efeitos adversos. Baseada em diferentes estudos,
de diarreia e desconforto abdominal em atletas. a ADA/ACSM (1) recomenda que a concentração
Por isso, a frutose não é a melhor alternativa de do carboidrato ofertado seja entre 6 e 8%, já que
carboidrato isolado pré-evento.

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Alimentação de Praticantes de Exercício Físico e Atletas

concentrações muito altas podem gerar desconforto a recuperação total das reservas de glicogênio pode
abdominal em virtude da digestão mais lenta. ocorrer em até 24 horas. No entanto, a ressíntese de
Outra questão é o tipo de carboidrato a ser ofertado glicogênio é mais evidente nas primeiras horas (de 4
durante o evento esportivo. O carboidrato pode ser a 6 horas). Nesse contexto, tanto a oferta imediata
exclusivamente a glicose, embora também seja efetiva a como as subsequentes de carboidratos são de extrema
mistura de glicose, frutose ou maltodextrina. Entretanto, importância. A ADA/ACSM (1) apresenta diferentes
estudos sugerem que a ingestão de frutose durante o recomendações, dependendo do período pós-evento:
exercício não oferece benefícios adicionais em relação NOS 30 MINUTOS INICIAIS PÓS-EVENTO. É
às soluções de glicose, ou de polímero de glicose recomendado ofertar carboidratos de 1 a 1,5g/
com concentração similar. Clarke et al (24) avaliaram kg de peso corporal por dia. O carboidrato deve ter
a ingestão de carboidratos combinados (glicose mais índice glicêmico moderado a alto e estar associado
frutose) durante jogos de futebol realizados no calor. Os às proteínas. O objetivo é reduzir a degradação e
resultados não identificaram alterações nas respostas estimular a síntese proteica devido ao estímulo da
metabólicas ou no desempenho durante o exercício, em secreção da insulina. A sacarose e a glicose são
comparação com a ingestão de um único carboidrato, igualmente eficientes. A frutose apresenta menor
seja glicose ou frutose. O estudo também não identificou eficiência. A consistência do carboidrato é indiferente.
diferenças significativas no glicogênio muscular pós- Mas, frequentemente, os desportistas preferem a
exercício. A conclusão é que o tipo de carboidrato não consistência líquida. É comum o cansaço excessivo e
teve impacto sobre o desempenho dos atletas. a falta de apetite para refeições sólidas. A vantagem
A consistência do carboidrato pode ser sólida do líquido é que a hidratação e a reposição energética
ou líquida. A duração da prova é determinante para podem acontecer de maneira simultânea.
que se tenha tempo de digerir o alimento e absorver A CADA DUAS HORAS ATÉ SEIS HORAS PÓS-EVENTO.
os nutrientes. A utilização sob a forma líquida é Repetir a mesma estratégia descrita no item anterior.
amplamente difundida entre desportistas. Essa prática Nesse período, o desportista tende a apresentar
favorece tanto a energia como a reposição de líquido. mais apetite. O que pode favorecer a reposição de
Os repositores em gel ou barra, frequentemente carboidratos.
consumidos por atletas de ultrarresistência durante as
competições, são outro recurso. A concentração de Dieta da Supercompensação de Carboidratos
carboidratos desses repositores varia entre 40 e 80%. Considerando a relevância do carboidrato no
E são compostos, basicamente, por maltodextrina, desempenho esportivo, surgiram algumas propostas
glicose, sacarose e frutose, que fornecem grande para a repleção máxima de carboidratos antes de
quantidade de energia rapidamente disponível. Além uma competição: é a chamada “supercompensação
disso, esse tipo de repositor é encontrado nos mais de carboidratos”. A dieta da supercompensação de
diversos sabores: de frutas a chocolate. O que carboidratos é um modelo de estratégia alimentar cujo
agrada a maioria dos atletas. objetivo é aumentar os estoques de glicogênio muscular.
Não há um consenso sobre a melhor A meta é estender o tempo de exercício exaustivo (25).
recomendação em relação ao tipo e consistência Segundo Lambert et al (26), os estoques de glicogênio
de carboidrato durante o exercício. Vale considerar muscular de uma pessoa fisicamente ativa, e que
as preferências e tolerâncias individuais. Por consome uma dieta equilibrada, estão em torno de
isso, recomenda-se que os atletas experimentem 125mMol/kg de músculo. E podem chegar a mais de
diferentes estratégias para que possam escolher a 200mMol/kg após um período de supercompensação.
que melhor se adapta. Mas é importante que todas Em exercícios que duram mais de 90 minutos, esse
as estratégias sejam testadas fora das competições. aumento da reserva de glicogênio muscular pode
melhorar o tempo de desempenho em até 20%. E o
Carboidrato Após o Exercício desempenho em 2 a 3%.
Os objetivos da ingestão de carboidratos no período Uma estratégia de supercompensação, proposta
após o evento incluem a reposição dos estoques de por Sherman et al (25), é caracterizada pelo
glicogênio muscular e a reparação muscular. Caso o aumento gradativo da oferta de carboidratos e, ao
aporte de carboidratos seja adequado nesse período, mesmo tempo, pela redução gradativa do volume

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Alimentação de Praticantes de Exercício Físico e Atletas

e da intensidade do exercício. Segundo os autores, carboidratos ou em atividades de longa duração, a


essa estratégia pode beneficiar atletas que realizam produção de energia proveniente do metabolismo
atividades com duração entre 90 e 120 minutos, lipídico é prejudicada (16).
com efeitos positivos no desempenho a partir dos 60 A recomendação de lipídeos para o atleta e
minutos de atividade. O início da intervenção deve praticante de exercício físico não é diferente da existente
ser nos seis dias anteriores à data da competição. para a população fisicamente inativa. A recomendação
É descrito o aumento de 20 a 40% nas reservas de é de 20 a 35% do valor energético total, sendo 10% de
glicogênio muscular. Como desvantagens, a dificuldade gorduras saturadas, 10% de poli-insaturadas e 10% de
é a adesão nos primeiros três dias devido à redução monoinsaturadas (1) (Quadro 8).
acentuada de carboidratos, além do possível ganho de Em relação à gramatura por quilo de peso, a SBME
peso corporal, que pode prejudicar o desempenho de (2) defende a ingestão de 1g de lipídeos por kg de
alguns atletas. O ganho de peso pode ocorrer devido à peso por dia. Dietas pobres em gorduras, abaixo de
retenção de 3g de água para cada grama de glicogênio 0,5g/kg por dia ou 20% do aporte calórico, podem
armazenado. As características desse modelo de prejudicar o transporte de vitaminas lipossolúveis
dieta de supercompensação de carboidratos estão e comprometer o rendimento no exercício. Além
apresentadas no Quadro 7. disso, atletas de endurance ou de ultraendurance
Segundo Coyle (27), o modo mais prático de se podem ter redução do desempenho quando ocorre
armazenar glicogênio para um determinado esporte diminuição dos triglicerídeos intramusculares, em
é treinar, intensamente, cinco ou seis dias antes da consequência de baixa ingestão de lipídeos. Destaca-
competição. Nos demais dias anteriores à competição, se que a quantidade máxima diária recomendada
os atletas deveriam reduzir gradativamente a quantidade de ingestão de colesterol é de 300mg, ou 100mg
de treinos e incluir, em suas refeições, alimentos com por cada 1.000kcal consumidas (1). A escolha da
altas quantidades de carboidratos (>600g) em cada oferta entre 20 e 35% de lipídeos, do total calórico,
um dos três dias que antecedem a competição. depende da modalidade da atividade (1):
yy Atletas de endurance em fase de treinamento:
LIPÍDEOS 20 a 25% do aporte calórico total;
Além dos carboidratos, a energia para realização yy Atletas de atividades de ultraendurance:
do trabalho muscular é proveniente, principalmente, 25 a 30% do total de energia ingerida.
da oxidação dos ácidos graxos livres, oriundos dos
triglicerídeos. O metabolismo aeróbio, que envolve Para garantir a oferta de ácidos graxos essenciais,
a produção de energia proveniente da lipólise, destaca-se a importância da seleção de alimentos
ocorre após a entrada do ácido graxo no ciclo de ricos em ômega 3, ácido graxo linolênico, encontrado
Krebs. Embora o estoque de triglicerídeos seja em vegetais folhosos de coloração verde-escura, óleo
extremamente superior ao de glicogênio hepático de canola, soja e demais derivados da leguminosa,
e muscular, a lipólise não ocorre sem limites. além de peixes de água gelada, como truta, salmão e
Para que ocorra a oxidação completa dos ácidos atum. Os ácidos graxos ômega 6, linoleicos, presentes
graxos, é fundamental a presença de carboidratos.
Assim, em caso de depleção acentuada durante
Quadro 8. Fontes alimentares ricas em ácidos graxos
o exercício, quando há reposição inadequada de monoinsaturados e poli-insaturados
Ácidos Graxos Ácidos Graxos Poli-
Monoinsaturados insaturados
Quadro 7. Características da dieta de Óleo de oliva Óleo de açafrão
supercompensação de carboidratos
Óleo de canola Óleo de girassol
yy Três primeiros dias: 50% de carboidratos (normoglicídica) +
treinamento intenso. Óleo de amendoim Óleo de milho
yy Três últimos dias: 70% de carboidratos (hiperglicídica) + redução
Abacate Frutas oleaginosas
no volume e na intensidade do treinamento.
yy Três a seis horas antes da competição: refeição com 300g de Azeitona preta Semente de girassol
carboidratos, pobre em fibras e lipídeos. Amêndoas Óleo de peixe
Fonte: Sherman WM et al. Int J Sports Med, 1981. Castanha de caju Óleo de soja

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Alimentação de Praticantes de Exercício Físico e Atletas

em óleos vegetais, como girassol, milho, canola, soja MACRONUTRIENTES PARA


e amendoim, não representam grande preocupação,
MUDANÇA DA COMPOSIÇÃO
pois são amplamente utilizados na alimentação do
brasileiro. No entanto, atletas em dieta rigorosa, e
CORPORAL
com restrição grande de gorduras, podem apresentar
Para Ganho de Massa Muscular
ingestão inadequada desses ácidos graxos.
O ganho de massa muscular, denominado
A dieta denominada “fat loading”, rica em
hipertrofia muscular, tem sido tema amplamente
lipídeos, propõe a ingestão de aproximadamente
discutido nas últimas décadas. A finalidade de tantas
60 a 70% do valor calórico total para atletas. A
discussões é beneficiar indivíduos nas mais variadas
estratégia nutricional tem o objetivo de promover
situações, sejam eles praticantes de atividade
maior oxidação de lipídeos e reduzir a taxa de
física, atletas de elite, treinadores ou portadores de
utilização do glicogênio durante a atividade física.
doenças associadas à perda muscular.
Segundo pesquisadores, o organismo adapta-se a
As proteínas e os aminoácidos são fundamentais
uma baixa disponibilidade de carboidratos, e a sua
para o anabolismo muscular. Porém, um conceito
capacidade de oxidar lipídeos torna-se mais eficiente.
básico é que o aumento do gasto energético
Tal benefício seria especialmente interessante
induzido por uma atividade física impõe o aumento
para atletas de endurance. Já que as reservas de
proporcional da necessidade de nutrientes envolvidos
glicogênio influenciam diretamente no aparecimento
na produção de energia. A ingestão inadequada de
da fadiga e exaustão. Apesar de alguns autores
energia favorece que a proteína seja oxidada para
defenderem a utilização dessa estratégia, não há
suprir a necessidade (7).
consenso sobre sua eficiência em poupar glicogênio
O treinamento com pesos pode induzir
muscular durante a atividade física.
importantes alterações e adaptações metabólicas,
Para estudar o efeito da baixa ingestão de
incluindo a elevação nas concentrações séricas
carboidratos no desempenho do exercício de
de hormônios anabólicos. A ação promove a
endurance, Phinney et al (28) submeteram cinco
estimulação adequada para o aumento da síntese
ciclistas bem treinados a uma dieta equilibrada,
proteica. As respostas dependem do tipo de
contendo entre 35-50kcal/kg/dia e 1,75g de
treinamento, do nível individual de atividade física,
proteínas/kg/dia. O restante da energia foi dividido
de fatores genéticos, entre outros (29, 30).
em dois terços de carboidrato e um terço de gordura.
A dieta adequada também auxilia na síntese de
A dieta foi aplicada durante quatro semanas. Os
proteínas, já que fornece os nutrientes necessários
atletas também foram submetidos, no mesmo
para o anabolismo. A oferta de 6 a 20g de aminoácidos
período, a uma dieta semelhante em energia e
essenciais, e de 30 a 40g de carboidrato de alto
proteínas, mas contendo mais lipídeos e bem menos
índice glicêmico imediatamente antes e nas três
carboidratos (20g) ao dia. Ambas as dietas foram
primeiras horas após o exercício, parece estimular
devidamente suplementadas para atender às doses
a síntese proteica. Destaca-se que a estratégia
diárias recomendadas de vitaminas e minerais.
pós-treino deve ser iniciada o mais precocemente
Os resultados indicaram que o desempenho em
possível. É sugerida a relação de 3:1 de carboidratos
exercício de resistência aeróbia, de 62 a 64% do VO2
e proteínas imediatamente após o treino (4). Portanto,
máx, não foi comprometido com a restrição grande
a associação entre carboidrato e proteína pode ser
de carboidratos. Pode ter havido uma adaptação
eficiente para a síntese proteica (31). Tais nutrientes
fisiológica importante. Em que os estoques de
podem ser oferecidos na forma de alimento ou
carboidrato foram conservados, e a gordura foi o
suplemento. Deve, ainda, ser considerado o tempo
substrato energético predominante. No entanto, os
para digestão. E, caso o suplemento seja a opção, ele
estoques de glicogênio foram reduzidos à metade,
deve ser previamente planejado na dieta.
e os atletas não tiveram vantagem em relação à
Para que haja síntese proteica, é necessário,
intensidade do exercício. Destaca-se, ainda, que a
ainda, um acréscimo energético diário. Este deve ser
ingestão excessiva de gorduras é um fator de risco
criterioso para evitar o aumento da gordura corporal.
para doenças cardiovasculares, entre outras.

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Alimentação de Praticantes de Exercício Físico e Atletas

Para a síntese de 1g de proteína por semana, são A manutenção de um volume relativamente


necessárias de 5 a 8kcal adicionais. Assim, para constante e de uma composição estável de solutos
um ganho de 454g de massa muscular por semana, dos líquidos corporais é essencial para a homeostasia
seriam necessárias 2.270 a 3.632kcal extras. do organismo. Por isso, é fundamental que a aquisição
Dividindo esses valores por sete dias na semana, seria hídrica seja proporcional à perda. Vários fatores
indicada a ingestão entre 300 e 500kcal adicionais influenciam as perdas hídricas. Destacam-se as
ao dia para o ganho de 2kg de massa magra ao mês. condições climáticas e o exercício físico (3).
A dieta deve ser fracionada. E é fundamental que o Com o exercício físico, há aumento na taxa
treinamento e o tempo de repouso sejam adequados. metabólica. Em exercícios intensos e prolongados,
pode alcançar 20 a 25 vezes acima do basal.
Para Redução do Percentual de Gordura Aproximadamente 70% da energia produzida pelo
Corporal organismo é dissipada sob a forma de calor. E apenas
Para a redução da gordura corporal, indica-se que a cerca de 30% é utilizada para contração muscular. A
ingestão de proteínas esteja entre 1 a 1,5g/kg de peso. dissipação de energia é um mecanismo que impede
Os lipídeos são recomendados em, aproximadamente, o superaquecimento corporal e ocorre por meio de
20% do total calórico. E os carboidratos, em torno de um ajuste fisiológico. Tal ajuste é caracterizado pelo
60%. Alguns estudos sobre emagrecimento apontam estímulo das glândulas sudoríparas para que haja
para a eficácia de programas que contêm até 40g de aumento da produção do suor, além da dilatação dos
lipídeos. No entanto, destaca-se a importância do tipo vasos sanguíneos e elevação da circulação periférica.
de lipídeo, e não somente a quantidade (4). Além disso, Durante o exercício físico de alta intensidade, a
recomenda-se aumentar o consumo de fibras para produção de suor pode alcançar 30mL/minuto. O
melhorar a saciedade e o trânsito intestinal. Atenção que corresponde à dissipação de, aproximadamente,
deve ser dada para a preservação da massa magra. 20kcal/minuto. Caso essa energia não fosse dissipada,
No caso de atletas, considerando o impacto da o superaquecimento corporal consequente poderia
composição corporal no desempenho esportivo, a gerar danos irreversíveis ao atleta (32).
perda de peso (perda de gordura) deve ocorrer entre as Quando a temperatura ambiente é baixa, e a taxa
competições (1). Ou deve começar antes da temporada do movimento do ar sobre a pele é relativamente alta, a
competitiva. E, fundamentalmente, deve envolver um temperatura elevada da pele facilita a perda de calor por
nutricionista qualificado na área esportiva. radiação e convecção. No entanto, esses mecanismos
não são eficientes quando a temperatura ambiente
Para Hipertrofia e Redução do excede 35°C. Nesse caso, como a temperatura da pele
Percentual de Gordura Corporal fica inferior à do ambiente, a evaporação é o único
Seguir as recomendações anteriores. Porém, mecanismo de dissipação do calor. No entanto, para
os carboidratos não devem ser muito restritos. A que haja efetivamente a dissipação de calor, a produção
recomendação é entre 5 e 6g/kg de peso ao dia. do suor deve ser acompanhada da evaporação. Esta
depende de fatores, como: temperatura, umidade,
ÁGUA E ELETRÓLITOS irradiação, vento e vestimenta. A regulação térmica é
A água é o componente mais abundante do corpo mais eficiente quando a umidade relativa do ar está
humano. Ela constitui 50 a 60% do peso corporal total. baixa. Quanto maior for a umidade e a irradiação
Em um jovem adulto magro, com peso corporal de 70kg, do local, mais difícil é a evaporação. A temperatura
a quantidade total de água é em torno de 42 litros. e a irradiação elevadas também desfavorecem o
Um indivíduo perde água principalmente pela desempenho do atleta. Por outro lado, o vento
urina, pela respiração, pelo suor e pelas fezes. favorece a evaporação. Por isso, cada vez mais são
E ingere na forma de água pura ou contida nos produzidas vestimentas que favorecem a evaporação.
alimentos líquidos e sólidos. Estes são fontes Essa é uma área alvo de grande interesse por parte
exógenas. Soma-se à ingestão, a água produzida de atletas e treinadores (33).
pelos processos metabólicos dos macronutrientes. Destaca-se que o desvio de sangue para a periferia,
Essa é a produção endógena de água (3). com o objetivo de favorecer o resfriamento do corpo,

16
Alimentação de Praticantes de Exercício Físico e Atletas

é acompanhado pela redução do suprimento de Há, ainda, liberação de hormônios antidiuréticos,


sangue e de oxigênio para os músculos em atividade. como a vasopressina e a angiotensina. O objetivo é
A consequência é a queda no rendimento. Além promover a vasoconstricção periférica. Tal mecanismo
disso, quando a produção de suor e a evaporação são dificulta a sudorese e mantém o equilíbrio térmico.
intensas, pode haver perda hídrica significativa, que A desidratação intensa favorece o aumento da
favorece o processo de desidratação. temperatura central e, consequentemente, há risco
O termo “euidratado” refere-se ao estado de de coma e morte (32, 34).
hidratação normal, enquanto os termos “hipoidratado” É fato que a desidratação prejudica o desempenho
e “hiperidratado” referem-se ao teor hídrico baixo do atleta. Perdas ponderais superiores a 5% podem
ou excessivo, respectivamente. Desidratação é o diminuir a capacidade de trabalho em cerca de 30%
processo em que ocorre perda hídrica. Pode ocorrer (33). Em exercícios prolongados, que resultam em
desde o estado hiperidratado ao hipoidratado (32). perda de líquidos em torno de 2,5% do peso corporal,
A desidratação pode ser percebida pela alteração do a queda na capacidade de execução de exercício de
peso corporal. O Quadro 9 apresenta uma classificação alta intensidade é em torno de 45%. No entanto, a
de perda de peso relativa ao estado de hidratação. redução das capacidades aeróbia, cognitiva e mental
Na desidratação, também há redução do volume já pode ser evidenciada quando a perda hídrica
urinário e alteração da coloração da urina. Quanto corresponde a mais que 2% da massa corporal.
mais escura estiver a urina, maior é o indício de A perda hídrica durante a atividade depende do tipo
comprometimento da hidratação. Foi demonstrado de exercício físico, da sua duração e da intensidade.
que a cor da urina, estimada a partir de uma tabela Para um corredor médio, com peso corporal de 70kg,
de cores, fornece avaliação razoável do estado de correr uma maratona em duas horas e 30 minutos
hidratação associado ao exercício. exige consumo de oxigênio de cerca de 4L/minuto,
A desidratação mínima à significativa causa sinais e que deve ser mantido durante a prova. Nesse caso, a
sintomas, como: fadiga, perda de apetite, sede, pele taxa correspondente de produção de calor é bastante
vermelha, intolerância ao calor, tontura e oligúria. elevada, e a temperatura do corpo começa a subir
Entre os sinais e sintomas da desidratação grave, rapidamente. Para limitar o aumento prejudicial da
destacam-se: pele seca e murcha, olhos afundados, temperatura central, a taxa de perda de calor precisa
visão fosca, delírio, espasmos musculares, choque aumentar proporcionalmente.
térmico e coma. E pode evoluir para óbito (3). Características individuais, como gênero, peso
A água perdida no suor pode ser proveniente corporal, eficiência metabólica, faixa etária, nível de
do espaço intracelular ou do extracelular. Perdas treinamento e de aclimatização também influenciam
hídricas em torno de 2% alteram, principalmente, o a perda hídrica. É sugerido que as mulheres
líquido intersticial. Quando a desidratação alcança transpiram menos do que os homens, o que pode
4%, há perda de volume do espaço intracelular e prejudicar o resfriamento do corpo. No entanto,
comprometimento mais efetivo do desempenho. A aparentemente, grande parte da diferença entre os
desidratação em torno de 7% leva à perda de volume sexos está relacionada às diferenças no treinamento
plasmático e, consequentemente, de volume sistólico. e no estado de aclimatização. Indivíduos com
Para evitar alteração no débito cardíaco e redução da excesso de gordura corporal tendem a transpirar
pressão arterial, há aumento da frequência cardíaca. mais do que aqueles com menos quantidade. Por
questões individuais e fisiológicas, algumas pessoas
Quadro 9. Porcentagem de perda de peso corporal em apresentam maior eficiência metabólica e têm maior
diferentes estados de hidratação habilidade de resfriar o corpo. Destaca-se, ainda,
% de Perda do Peso que adultos jovens e treinados respondem melhor
Estado de Hidratação
Corporal ao estresse térmico quando comparados aos mais
Euidratação + 1 a -1 velhos e com menor nível de aptidão física. Tais
Desidratação mínima -1 a -3 particularidades explicam, em parte, o motivo de
Desidratação significativa -3 a -5 taxas de sudorese tão divergentes em indivíduos que
Desidratação grave >-5 realizam a mesma modalidade esportiva (34).

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Alimentação de Praticantes de Exercício Físico e Atletas

Há, ainda, algumas diferenças entre crianças e A perda excessiva de sódio é identificada por
adultos em relação à resposta ao estresse térmico valores séricos abaixo de, aproximadamente,
do exercício e à composição do suor. A capacidade 130mMol/L. Entre as funções orgânicas do sódio,
de transpirar das crianças é baixa quando expressa destacam-se a contração muscular, o equilíbrio ácido-
por unidade de área de superfície. Além disso, o base, a regulação osmótica e a distribuição de água.
conteúdo de eletrólitos do suor é inferior ao dos O sódio, como principal íon do espaço extracelular,
adultos. Tais evidências sugerem maior necessidade contribui com cerca de 50% da osmolalidade total
de reposição de líquido em crianças (34). do plasma. Isso significa que a redução do sódio
Com o envelhecimento, principalmente em idosos compromete a manutenção do equilíbrio osmótico.
fisicamente inativos, é evidente a diminuição do fluxo Além disso, a hiponatremia reduz a capacidade seletiva
sanguíneo cutâneo e da taxa de sudorese. A menor da membrana plasmática e favorece a entrada de
sensibilidade dos barorreceptores faz com que idosos substâncias que deveriam ficar no espaço intersticial,
tenham menor percepção à sede, expondo-os, com como o cloro. Além disso, prejudica a saída de
mais facilidade, à desidratação (1). metabólitos provenientes do metabolismo energético,
A adaptação ao ambiente, caracterizada pela como o piruvato e o lactato (32). Os rins conservam
aclimatização, promove menor perda hídrica e, até água ou eletrólitos por meio da redução da perda. A
mesmo, expansão do volume plasmático. Para o diminuição de cerca de 5mOsmol/L na osmolalidade
alcance de tais benefícios, é necessário que o atleta do plasma é suficiente para alterar o funcionamento do
se desloque ao local em torno de três semanas antes rim, que passa da conservação máxima de água. No
da prova. O que nem sempre é possível. entanto, a reposição do déficit hidroeletrolítico pode
Apesar da composição do suor ser variável, tanto ser possível com a ingestão de líquidos (34).
entre indivíduos como em um mesmo indivíduo, Os sintomas de hiponatremia variam de acordo com
normalmente as concentrações eletrolíticas estão em a intensidade da perda do eletrólito. A concentração
quantidades relativamente constantes (Quadro 10). Os plasmática de sódio <125mMol/L geralmente resulta
principais eletrólitos são o sódio e o cloreto. em cefaleia, vômito, sibilo, cansaço, fadiga, edema
No entanto, em casos de sudorese intensa, de pés e mãos, confusão e desorientação. Níveis
observa-se aumento das concentrações de sódio e de sódio sérico abaixo de 120mMol/L aumentam o
de potássio, que representa perda desses eletrólitos. risco de edema cerebral, coma, parada respiratória
A predominância da perda hídrica do espaço e morte. Portanto, a hiponatremia pode gerar danos
extracelular reflete a concentração relativamente importantes, tanto no desempenho esportivo como
alta de sódio e de cloreto no suor. Com o exercício na saúde do atleta (33).
físico, há perda de sódio já com redução de 2% Os eventos esportivos podem ser classificados em
do peso corporal (1). Portanto, com a sudorese exercícios de menos de uma hora, entre uma e três
excessiva, ocorre perda de água e eletrólitos, que horas e acima de três horas. Em exercícios com menos
favorece tanto a desidratação como a hiponatremia. de uma hora de duração, a reposição de água objetiva
As perdas de eletrólitos relacionam-se com a o controle da temperatura central. E a reposição de
taxa de sudorese e com a composição do suor. Esta sódio não é necessária. Vale lembrar que, nesse caso, a
também é variável ao longo do exercício físico. E é reposição de carboidrato também não é recomendada.
influenciada, substancialmente, pela intensidade Já que, em geral, são atividades de alta intensidade e
do exercício, pelas condições ambientais e pelas desfavorecem o esvaziamento gástrico (3).
características fisiológicas do indivíduo. Além dessa Exercícios com duração entre uma e três horas
variabilidade, há certa dificuldade em estimar, de são realizados por volta de 60 e 90% do VO2máx.
forma confiável, a composição do suor. Nesse caso, deve ocorrer tanto a reposição hídrica

Quadro 10. Concentrações eletrolíticas do suor


Sódio (mEq/L) Potássio (mEq/L) Cloreto (mEq/L) Magnésio (mEq/L)
35 (10-70) 5 (3-15) 30 (5-60) 0,8 (0,2-1,5)

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Alimentação de Praticantes de Exercício Físico e Atletas

como a de carboidratos. A reposição de sódio é períodos anteriores à competição também correm o


indicada para melhorar a palatabilidade e aumentar risco de desenvolver hiponatremia. Isso porque menos
a absorção da glicose. Mas nessa duração de líquido é necessário para que os níveis de sódio atinjam
exercício, a hiponatremia não é provável de ocorrer. valores considerados de risco (33).
Já em exercícios com duração superior a três horas, A determinação das quantidades de líquido e de
a intensidade do esforço situa-se entre 30 e 70% do eletrólitos, a serem consumidas para repor o que foi
VO2máx. Nesse caso, há necessidade de reposição de perdido durante o exercício, não é uma tarefa simples.
sódio, além de líquido e de carboidrato (3). A reposição deve evitar, de um lado, a desidratação e,
Em relação ao potássio e ao magnésio, poucas são de outro, a hiponatremia por hiperidratação. Deve-se
as alterações observadas em suas concentrações no considerar a atividade, as condições ambientais e a
suor durante o estresse térmico gerado pelo exercício variabilidade interindividual da taxa de perda de líquido
físico. Somente cerca de 1% dos reservatórios desses e de sal. Assim, a ingestão de líquido e de sal deve ser
eletrólitos é perdido quando os indivíduos apresentam determinada de forma individualizada.
desidratação de 5 a 6% do peso corporal (34). No
entanto, a reposição de potássio pode ser benéfica Bebida Isotônica
em eventos com duração superior a três horas, na As bebidas isotônicas, ou repositores hidroeletrolíticos,
concentração entre 3 e 5mEq/L (3). contêm eletrólitos associados aos carboidratos. O
O treinamento constante e as consequentes objetivo é a reposição hídrica e eletrolítica decorrente
adaptações fisiológicas têm grande impacto sobre do exercício físico. De acordo com a ANVISA (Agência
as respostas ao estresse térmico. As adaptações Nacional de Vigilância Sanitária), os isotônicos devem
ao exercício e a aclimatização permitem melhorar apresentar concentrações variadas de sódio, cloreto e
a termorregulação, ao mesmo tempo em que os carboidratos. E ainda podem conter potássio, vitaminas
eletrólitos são poupados. e/ou minerais. A composição das bebidas isotônicas é:
yy Eletrólitos: sódio e potássio.
Sede e Ingestão Hídrica yy Carboidratos: glicose, galactose e/ou frutose.
A sensação de sede provoca o desejo de ingerir yy Normalmente, de 13 a 19g de carboidratos,
líquido. E desempenha papel importante no controle em concentração de 4 a 9%.
da proporção de líquidos. No caso de sede intensa,
a resposta fisiológica é a rápida ingestão hídrica, A ingestão hídrica ou de bebidas isotônicas,
seguida de um período mais longo de consumo mais durante o exercício, ajuda a reduzir a queda do
lento e menor. É sugerido que a sensação de alívio da volume plasmático. Com isso, ajuda a manter a
sede acontece antes que volumes significativos da potência cardíaca e aumentar o fluxo do sangue na
bebida sejam absorvidos e entrem nos reservatórios pele. Assim, promove a perda de calor, que limita o
do corpo. Em função disso, especula-se que a aumento da temperatura central. Embora a ingestão
ingestão voluntária de líquido pode ser inadequada de água pura melhore o desempenho no exercício,
durante a prática de exercícios. Portanto, a ausência são observados benefícios superiores quando as
da sensação de sede pode não ser um indicador bebidas isotônicas são utilizadas.
adequado de hidratação (34, 35). Um dos objetivos principais das soluções de
Por outro lado, a ingestão excessiva de líquido reidratação oral é disponibilizar rapidamente o
também pode induzir a hiponatremia, caracterizada líquido ingerido para a utilização dentro do corpo.
pela hipo-osmolalidade. Ou seja, hipotonicidade Os carboidratos em bebidas isotônicas estão,
plasmática. A condição é conhecida como principalmente, na forma de glicose. Embora também
hiponatremia dilucional, em que há excesso de água possam estar como sacarose, maltodextrina ou
para a quantidade de substâncias dissolvidas no frutose. O sódio presente incrementa a absorção
plasma. Maratonistas, triatletas e ciclistas são mais intestinal da água e dos carboidratos durante e após
suscetíveis a esse tipo de hiponatremia. Já que eles o exercício. A justificativa é que o transporte de
têm mais oportunidades de hidratação. Os atletas glicose na mucosa do enterócito está associado ao
que se submetem à ingestão excessiva de líquidos em de sódio, resultando em maior absorção de água (2,

19
Alimentação de Praticantes de Exercício Físico e Atletas

36). Além disso, a concentração de carboidratos recomendações de hidratação no exercício físico (33).
nas bebidas isotônicas é adequada para favorecer Em publicação mais recente da mesma instituição, as
o esvaziamento gástrico e, consequentemente, recomendações sobre hidratação foram incluídas nas
atuar mais rapidamente na hidratação e na diretrizes sobre alimentação de atletas (1).
reposição energética. Então, as bebidas isotônicas O objetivo da hidratação para o atleta é reduzir o
têm absorção rápida e concentração adequada risco de desidratação e de hiponatremia. Praticantes
de carboidratos. Além disso, o sabor agradável de atividade física, principalmente crianças e idosos,
estimula a ingestão de líquido e de eletrólitos. Em também devem ser orientados sobre a importância da
crianças e adolescentes, a palatabilidade é fator hidratação. A desidratação voluntária é uma estratégia
importante para o estímulo à reposição de água. perigosa para a perda de peso. Ela é comum em
A ingestão voluntária de líquido aumenta quando atletas de esportes que exigem categoria de peso,
são adicionados sabor, sódio (20 a 25mEq/L) e como lutas, além de esportes em que o baixo peso
carboidrato (6%) (2). Isso evita a desidratação e favorece o desempenho, como dança e ginástica.
pode ser benéfica às crianças e aos adolescentes. O equilíbrio hídrico é representado pela
Os benefícios extras da ingestão de isotônicos, equivalência entre a oferta e a perda de líquido. Para
durante o exercício, são observados apenas em a hidratação, utiliza-se o pressuposto de que 1mL de
atividades com duração superior a uma hora. Antes suor corresponde a 1g de perda ponderal. Assim,
desse período, a reposição deve ser realizada para que seja possível estimar a reposição hídrica, é
apenas com água (33). Em exercícios prolongados, fundamental que se avalie a perda ponderal durante
que ultrapassam uma hora de duração, recomenda- a atividade física. Para tal, o atleta ou praticante
se beber líquidos contendo de 0,5 a 0,7g/L (20 a de exercício físico deve ser pesado antes e após a
30mEq/L) de sódio, que corresponde à concentração atividade. E são considerados o volume urinário e o
similar ou inferior àquela do suor de um indivíduo consumo de bebida durante a atividade. Por exemplo:
adulto. Tal recomendação deve ser avaliada um atleta, antes e após uma partida de tênis, pesou
individualmente quando o exercício for de alta 68 e 66,7kg, respectivamente. Considerando que
intensidade e para algumas modalidades, mesmo durante a partida ele tenha ingerido 700mL de água,
que em menor duração (2). estima-se que sua perda hídrica tenha sido de 1,3L.
A água de coco tem recebido atenção ultimamente, Somados aos 700mL da reposição realizada, totaliza
como alternativa natural de reposição hidroeletrolítica. 2L. Esse cálculo simples proporciona subsídios para a
Um estudo comparou o uso da água de coco ou de prescrição da reposição hídrica adequada.
bebidas isotônicas, durante o exercício, em relação ao A hidratação em excesso também pode trazer
estado de hidratação e desempenho físico. Após uma prejuízo, favorecendo a hiponatremia por diluição do
luta de 60 minutos, seguida de exercícios em esteira, sódio. Além disso, promove possível desconforto
12 homens treinados (26,6±5,7 anos) receberam água abdominal, expansão dos líquidos intra e extracelular,
engarrafada, água de coco pura, água de coco a partir sobrecarga e redução no rendimento. Assim, a
de concentrado ou bebida isotônica. Os indivíduos reidratação corresponde ao aumento do teor hídrico do
perderam cerca de 1,7kg (~2% da massa corporal) estado hipoidratado para o euidratado. Mas não deve
durante a desidratação. Não foram observadas ser usada para o aumento de água corporal do estado
diferenças nem no desempenho e nem na hidratação euidratado para o hiperidratado.
com a ingestão das diferentes bebidas. No entanto, Como já mostrado anteriormente, a perda hídrica
os indivíduos relataram menor sensação de plenitude é influenciada por diversos fatores. Somada às
com a utilização de bebida isotônica (37). diferenças individuais, algumas modalidades favorecem
Uma alternativa caseira de solução isotônica é: perdas hídricas mais relevantes. Jogadores de futebol
900mL de água + 100mL suco de fruta concentrado + americano, por exemplo, além de apresentarem
8 colheres de chá de açúcar + 1 colher de chá de sal. grande massa corporal, usam vestimenta pesada.
Eles podem perder 8,8L de suor por hora. Outra
Hidratação curiosidade é que, em uma mesma modalidade, mas
O Colégio Americano de Medicina Esportiva em posições diferentes, a taxa de sudorese pode variar
publicou, em 2007, um documento específico com substancialmente. Um exemplo é o jogador de futebol

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Alimentação de Praticantes de Exercício Físico e Atletas

que atua na defesa ou no ataque. Em geral, as taxas com a modalidade, local da atividade e hábitos do
de sudorese estão entre 0,5 e 2L por hora. No entanto, praticante. Os objetivos da hidratação durante o
considerando os diferentes fatores que influenciam exercício físico são:
a perda hídrica, o ideal é que a hidratação seja yy Prevenir ou retardar distúrbios hídricos;
individualizada (33). A hidratação deve ser programada yy Prevenir ou retardar a hiponatremia;
para antes, durante e após o exercício físico, com yy Minimizar a perda de volume
diferentes objetivos, volumes e estratégias. plasmático durante o exercício.
HIDRATAÇÃO ANTES DO EXERCÍCIO. É descrito
que a desidratação prévia prejudica a capacidade Volume: é sugerido entre 400 e 800mL/h de
de realização do exercício de alta intensidade e, líquidos. No entanto, com o objetivo de individualizar
também, de atividades de resistência. Assim, a prescrição e minimizar o erro, é sugerido que a
todos os atletas e praticantes de exercício físico reposição seja feita de acordo com a perda hídrica,
deveriam, sempre, iniciar o exercício completamente que deve ser estimada a partir da perda ponderal
hidratados. Os efeitos negativos de iniciar o durante o exercício.
exercício com déficit de líquido são bem evidentes, Estratégias: 1) Oferecer líquido em intervalos de 15
como a fadiga precoce (7). a 20 minutos e em temperatura entre 4 e 13°C; 2) Até
Os objetivos da hidratação antes do exercício são: 60 minutos de exercício: repor somente com água; 3)
yy Prevenir ou retardar distúrbios hídricos; Tempo superior a 60 minutos: água, eletrólitos (sódio:
yy Assegurar volume plasmático 20-30mEq/L + potássio: 2-5mEq/L) e carboidratos; 4)
no início do exercício. A concentração de carboidratos deve ser entre 6 e 8%,
com o objetivo de favorecer o esvaziamento gástrico;
Volume: deve ser ofertado entre 5 e 7mL/kg de 5) A reposição de eletrólitos pode ser alcançada tanto
peso, no mínimo quatro horas antes do treino ou por alimentos sólidos como líquidos.
competição. Caso haja produção insuficiente ou HIDRATAÇÃO DEPOIS DO EXERCÍCIO. Os objetivos
cor escura de urina, a recomendação é que ainda da hidratação depois do exercício físico são:
seja ofertado entre 3 e 5mL/kg de peso duas horas yy Repor as perdas de líquidos e eletrólitos;
antes do evento. yy Proporcionar o reequilíbrio hidroeletrolítico;
Estratégia: a hidratação pode ser alcançada por yy Minimizar o risco de desidratação em
meio de bebidas contendo sódio (20–50mEq/L). Entre treinos ou provas subsequentes.
elas, os repositores hidroeletrolíticos. Ou, ainda, por
meio de alimentos, como biscoitos salgados e água. A Volume: é sugerida a ingestão de 1,5L/kg de peso
vantagem desses lanches contendo sódio é estimular corporal perdido durante o exercício (33), ou 450-
a sede e favorecer a retenção hídrica. 675mL a cada 0,5kg perdido (1).
HIDRATAÇÃO DURANTE O EXERCÍCIO. Quando a Estratégias: é recomendada a ingestão de
desidratação for menor que 2% e/ou o tempo do líquido fracionado, por meio de bebidas esportivas.
exercício for inferior a 60 minutos, a reposição de Assim como durante a atividade, a reposição
líquidos deve ser à base, apenas, de água. Nesse hidroeletrolítica, após o exercício, pode ser alcançada
caso, a perda de eletrólitos é baixa e não precisa ser tanto por alimentos sólidos como líquidos.
reposta. No entanto, a partir de 2% de desidratação A hidratação pode ser prejudicada em caso de
e/ou em exercício com duração superior a 60 minutos, sessões diárias longas, treinos diários múltiplos,
há necessidade de reposição de água e de eletrólitos, dificuldade em transportar líquidos, intervalo entre as
principalmente de sódio, para evitar a hiponatremia. provas e, até mesmo, pelo tempo insuficiente para
Beber volumes suficientes de líquido, durante o hidratação adequada pós-atividade. O atleta deve ser
exercício físico, para minimizar a desidratação é, sem lembrado de:
dúvida, o meio mais simples e eficaz de manutenção yy Não iniciar exercício hipoidratado;
da função fisiológica e melhoria no desempenho yy Consumir volumes suficientes voluntariamente;
(35). Mas a ingestão de líquidos não pode atrapalhar yy Acompanhar a frequência, volume e cor da urina.
o exercício. Por isso, deve ser programada de acordo

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Alimentação de Praticantes de Exercício Físico e Atletas

Embora existam recomendações para a reposição do cálcio no organismo é armazenado no sistema


hidroeletrolítica, algumas dificuldades podem impedir esquelético (39). O restante (1%) está presente em
que os atletas as coloquem em prática. Além das outras células, como nas musculares.
limitações para estimar a necessidade hídrica de A ingestão alimentar inadequada de cálcio e de
cada indivíduo, há, também, os possíveis efeitos das vitamina D aumenta o risco de baixa densidade mineral
variações nas condições de clima e temperatura e nos óssea e fraturas por estresse. Além disso, o exercício
horários do treinamento ou da competição. O último pode aumentar as perdas do mineral. Atletas do sexo
problema é comum em provas de lutas, em que os feminino estão em maior risco para baixa densidade
resultados durante a competição determinam a ordem mineral do osso, caso o consumo de energia seja
e a duração do evento. Provas no mar ou em locais em baixo, principalmente com baixa ingestão de produtos
que o atleta tem que transportar objetos e insumos, lácteos e outros alimentos ricos em cálcio (38). A
além de treinos múltiplos diários, também podem recomendação (DRI) de ingestão diária de cálcio, para
comprometer a hidratação (34). as idades entre 19 e 50 anos, é de 1.000mg (39).
Considerando tantas variáveis e a importância
da hidratação na saúde e no desempenho, é Ferro
fundamental o acompanhamento de atletas por O ferro é necessário para a formação da
profissionais especializados. hemoglobina e da mioglobina, como também para as
enzimas envolvidas na produção de energia. A baixa
MINERAIS ingestão de ferro, que ocorre em cerca de 15% da
Os minerais representam uma classe de substâncias população mundial, causa fadiga e anemia. E afeta
inorgânicas que ocorrem naturalmente numa variedade o desempenho físico e o sistema imunológico. A
de alimentos. Para funcionar adequadamente, o corpo deficiência de ferro, com ou sem anemia, prejudica
humano precisa de cerca de 20 minerais diferentes. o desempenho de atletas. A depleção de ferro é
Os minerais são essenciais em vários processos uma das deficiências nutricionais mais prevalentes
metabólicos e fisiológicos do corpo humano. Eles estão nessa população, especialmente do sexo feminino.
envolvidos na contração muscular, na manutenção As necessidades de ferro de atletas de resistência,
do ritmo cardíaco normal, na condução de impulsos especialmente de corredores de distância,
nervosos, no transporte de oxigênio, na fosforilação aumentam significativamente. A alta incidência de
oxidativa, na ativação enzimática, em funções depleção do mineral entre os atletas é, usualmente,
imunológicas, na atividade antioxidante, na saúde atribuída à ingestão energética inadequada. Outros
óssea e no equilíbrio acidobásico do sangue. Uma fatores de risco incluem as dietas vegetarianas,
vez que muitos desses processos são acelerados que têm disponibilidade ruim de ferro, períodos de
durante o exercício, é necessária quantidade crescimento rápido e perdas do mineral pelo suor,
adequada de minerais para o funcionamento fezes, urina e sangue menstrual. Além disso, a
orgânico. Na dieta, os atletas devem obter hemólise pelo impacto da batida do pé no chão,
quantidade adequada de todos os minerais (38). a doação usual de sangue ou as lesões podem
Os minerais de maior relevância para os aumentar o risco de deficiência de ferro. Os atletas,
desportistas são o cálcio, o ferro, o zinco, o magnésio especialmente do sexo feminino, os corredores de
e o selênio. A ingestão baixa de ferro e de cálcio, longa distância, os adolescentes e os vegetarianos
principalmente em atletas do sexo feminino, é bem devem ser triados periodicamente para avaliar a
evidenciada (38). O motivo é, frequentemente, a condição do ferro. Como a evolução da anemia por
restrição de energia ou de produtos de origem animal. deficiência de ferro pode levar de três a seis meses,
é vantajoso iniciar a intervenção nutricional antes
Cálcio do problema (38). Embora a ferritina sérica baixa
O cálcio é especialmente importante para o seja mais prevalente em atletas do sexo feminino,
crescimento, manutenção e reparação do tecido a incidência de anemia ferropriva no grupo é similar
ósseo, regulação da contração muscular, condução à população feminina de não atletas. Destaca-se
nervosa e coagulação do sangue. Cerca de 99% que a deficiência crônica de ferro, com ou sem

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Alimentação de Praticantes de Exercício Físico e Atletas

anemia, pode afetar negativamente a saúde e o A redução das reservas de zinco tem sido
desempenho físico e mental. Alguns atletas podem associada à diminuição da função da glândula
experimentar diminuição transitória da ferritina tireoide, do nível de hormônio e da taxa metabólica.
sérica e da hemoglobina no início do treinamento. A situação pode afetar negativamente a saúde e
Isso ocorre devido à hemodiluição, após aumento o desempenho físico. Portanto, é importante dar
do volume plasmático. Tal situação é conhecida atenção especial ao zinco na alimentação de atletas
como “anemia dos esportes”. E não responde à (38). A recomendação (DRI) de ingestão diária de
intervenção nutricional. As mudanças parecem ser zinco para as idades entre 19 e 50 anos é de 11mg
uma adaptação benéfica ao treinamento aeróbio e para os homens e 8mg para as mulheres (40).
não geram impacto negativo ao desempenho (38).
É recomendada atenção especial ao consumo de Selênio
alimentos contendo ferro de alta biodisponibilidade O selênio é um componente de várias enzimas.
(2). É indicado, ainda, o aumento da ingestão de Particularmente, da glutationa peroxidase. Esta
alimentos ricos em vitamina C junto às refeições, com é uma enzima antioxidante celular importante.
o objetivo de aumentar a biodisponibilidade do ferro Assim, o aporte adequado do selênio também pode
de origem vegetal. A recomendação (DRI) de ingestão minimizar os efeitos danosos dos radicais livres. A
diária de ferro para as idades entre 19 e 50 anos é de recomendação (DRI) de ingestão diária de selênio
8mg para os homens e 18mg para as mulheres (40). para as idades entre 19 e 50 anos é de 55mcg (42).

Magnésio VITAMINAS
O magnésio, presente em mais de 300 enzimas, No corpo humano, as vitaminas funcionam
desempenha várias funções, como contração como reguladores metabólicos. Elas influenciam
muscular, participação no metabolismo energético vários processos fisiológicos importantes, tanto
(glicose, gordura e proteína) e na síntese de proteínas. para o exercício físico como para o esporte de alto
A deficiência de magnésio prejudica o desempenho nível. Muitas das vitaminas do complexo B, por
em exercícios de resistência devido às crescentes exemplo, estão envolvidas na produção de energia,
exigências de oxigênio. Os atletas de esportes com no metabolismo de carboidratos e de lipídeos.
categorias de peso, como luta, balé, ginástica e tênis, Outras vitaminas do complexo B são essenciais
comumente relatam consumo baixo de magnésio. para a formação dos glóbulos vermelhos do
Esses indivíduos devem ser orientados sobre as boas sangue. Estes são um dos principais determinantes
fontes alimentares do mineral. A recomendação da oferta de oxigênio para os músculos durante o
(DRI) de ingestão diária de magnésio, para as exercício aeróbio. Além disso, vitaminas, como a
idades entre 19 e 50 anos, é de 420mg para os C e E, funcionam como antioxidantes importantes
homens e 320mg para as mulheres (41). para a prevenção de danos oxidativos, que ocorrem
no treinamento físico (43).
Zinco As deficiências de vitaminas podem, certamente,
O zinco desempenha papel no crescimento, na prejudicar o desempenho do exercício. A ingestão
construção e reparação do tecido muscular, na diária de menos de um terço das recomendações
produção de energia e no estado imunológico. O para várias das vitaminas do complexo B (B1, B2
zinco está, ainda, envolvido no processo respiratório e B6) e vitamina C, mesmo quando outras são
celular. A deficiência do oligoelemento em atletas suplementadas na dieta, pode levar à diminuição
pode gerar anorexia, perda significativa de peso, significativa do VO2máx e do limiar anaeróbio em
fadiga, redução no rendimento em provas de menos de quatro semanas (43). As vitaminas de
resistência e risco de osteoporose. As dietas pobres maior preocupação nas dietas dos atletas são:
em proteína animal e ricas em fibras, e aquelas complexo B e vitaminas C, D e E.
vegetarianas, em particular, estão associadas com
a ingestão deficiente de zinco.

23
Alimentação de Praticantes de Exercício Físico e Atletas

Complexo B potencial antioxidante (2). A recomendação (DRI)


A ingestão adequada de vitaminas do complexo de ingestão diária de vitamina C, para as idades
B é importante para garantir a produção ideal de entre 19 e 50 anos, é de 90mg para homens e
energia e a construção e reparação do tecido 75mg para mulheres (42).
muscular. A tiamina, a riboflavina, a niacina, a
piridoxina (B6), o ácido pantotênico e a biotina estão Vitamina D
diretamente envolvidos no metabolismo energético A vitamina D é necessária para a absorção
e na produção de energia durante o exercício. Além adequada de cálcio, regulação dos níveis séricos
disso, o ácido fólico e a vitamina B12 são necessários de cálcio e de fósforo e na promoção da saúde
para a produção de células vermelhas do sangue, a óssea. A vitamina D também regula a homeostase
síntese de proteínas e a reparação e manutenção de dos sistemas nervoso e muscular. Atletas que
tecidos, incluindo o sistema nervoso central (43). vivem em países com pouco sol, ou que treinam
Frequentemente, as vitaminas riboflavina, principalmente em locais fechados durante todo o
piridoxina, ácido fólico e vitamina B12 estão ano, como ginastas e patinadores, estão em risco
deficientes nas dietas de atletas do sexo feminino, de deficiência da vitamina D. Especialmente se
especialmente em vegetarianas ou que apresentam não consomem alimentos fontes em quantidade
desordens alimentares (2). O exercício físico pode adequada. A recomendação (DRI) de ingestão
aumentar a necessidade dessas vitaminas em diária da vitamina D, para as idades entre 19
até duas vezes à recomendação (2). No entanto, e 50 anos, é de 5mcg (39). Apesar de ser a
o aumento das necessidades, em geral, pode ser recomendação vigente, é crescente o número de
atendido com a maior ingestão energética. especialistas que defendem que as DRIs para a
vitamina D podem não ser adequadas para atletas
Vitamina C (43). Recomenda-se avaliação criteriosa para
A vitamina C apresenta propriedades antioxidantes identificar possível inadequação da vitamina D
e participa da defesa imunológica. Atletas de nesse grupo de indivíduos.
endurance estão sujeitos à grande produção de
radicais livres, além de serem mais suscetíveis Vitamina E
à redução da imunidade (4). Assim, o exercício A vitamina E é considerada sequestradora de radicais
extenuante e prolongado tem sido associado ao livres, protegendo o organismo contra processos
aumento da necessidade de vitamina C (4). Destaca- oxidativos. Tal mecanismo pode ser explicado, em
se que o desempenho físico pode ser comprometido parte, pela grande afinidade dos radicais livres com a
com as reservas marginais da vitamina antes mesmo vitamina E. Ao reagir com os radicais livres, a vitamina
de uma deficiência. Alguns autores sugerem que E se converte de tocoferol a tocoferil. O tocoferil reage,
atletas, que participam frequentemente de exercício então, com a vitamina C, retornando a vitamina E para
extenuante e prolongado, consumam de 500 a seu estado original. Assim, sugere-se que a vitamina
1.500mg de vitamina C diariamente devido ao seu E possa atenuar os danos no DNA, induzidos pelo

Quadro 11. Recomendações diárias de vitaminas do complexo B para a população normal com idades entre 19 e 50
anos (DRIs)
Vitaminas Homens Mulheres
Tiamina (B1) 1,2mg 1,1mg
Riboflavina (B2) 1,3mg 1,7mg
Niacina (B3) 16mg 14mg
Ácido pantotênico (B5) 5mg 5mg
Piridoxina (B6) 1,3mg 1,3mg
Ácido fólico 400mcg 400mcg
Cianocobalamina (B12) 2,4mcg 2,4mcg
Fonte: National Academy of Sciences. Dietary References Intakes for Vitamin C, Vitamin E, Selenium, and Carotenoids, 2000; National Academy of Sciences. Dietary References Intakes for
Thiamine, Riboflavin, Niacin, Vitamin B6, Folate, Vitamin B12, Pantothenic Acid, Biotin, and Choline, 1998.

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Alimentação de Praticantes de Exercício Físico e Atletas

exercício físico, e melhorar a recuperação do praticante. é facilitada a tradução do que e quanto o indivíduo,
Considera-se que o aporte adequado da vitamina seja ou população em questão, deve comer. Para essa
fundamental para a população fisicamente ativa, tarefa, foram desenvolvidos guias alimentares.
principalmente para aqueles que praticam exercício de Guias ou diretrizes da dieta são citações de órgãos
endurance (43). A recomendação (DRI) de ingestão governamentais ou entidades reconhecidas por sua
diária de vitamina E, para as idades entre 19 e 50 autoridade científica. Esses órgãos, ou entidades,
anos, é de 15mg (42). transformam recomendações nutricionais técnico-
É fato que as vitaminas e os minerais têm papel científicas em mensagens simples, fáceis de serem
importante na saúde e no desempenho esportivo. compreendidas pelo público em geral. Ou seja, os
Em situações específicas, como treinamentos guias não têm somente o objetivo de assegurar a
intensos por períodos longos, pode haver aumento ingestão adequada de nutrientes. Eles também
da necessidade de determinado micronutriente e servem para apresentar os problemas de saúde
favorecer a deficiência. Atletas de maior risco são mais comuns e urgentes, relacionados à nutrição.
os que restringem a ingestão energética ou têm Os guias são embasados no conhecimento científico,
práticas graves de perda de peso, aqueles que nos problemas nutricionais, nos hábitos de consumo
eliminam um ou mais grupos de alimentos de sua alimentar e no contexto cultural e socioeconômico
dieta, ou que consomem dietas desequilibradas, de um país. E podem ser ferramentas básicas de
pobres em micronutrientes (1). educação alimentar. Eles têm o objetivo de estimular
Apesar do papel evidente dos micronutrientes mudanças indicadas, principalmente qualitativas, na
antioxidantes na prevenção dos danos causados dieta da população. Os guias são desenvolvidos de
pela produção excessiva de radicais livres e na acordo com os hábitos alimentares, a disponibilidade
redução do desempenho, quando deficientes, não de alimentos e as necessidades nutricionais dos
existem recomendações específicas de vitaminas e diferentes grupos populacionais.
minerais para atletas e praticantes de exercício físico. Alguns guias são somente qualitativos. Outros
A recomendação é baseada no que é estabelecido também são quantitativos. Ou seja, os últimos
para a população geral. No entanto, na tentativa de trazem recomendações de quantidades, expressas
aumentar a ingestão de micronutrientes, sugere- em número e tamanho de porções, que devem ser
se uma alimentação variada, rica em nutrientes, ingeridas de cada grupo alimentar. Nesse caso, são
equilibrada, contendo todos os grupos de alimentos. estabelecidas porções para o consumo adequado.
Além disso, é de consenso a importância da ingestão Os Guias Alimentares para Americanos, publicados
energética adequada. Esta estratégia é fundamental pelo Departamento da Agricultura dos EUA (http://
para que o atleta receba micronutrientes compatíveis www.dietaryguideline.gov), são os mais antigos e bem
com sua demanda. O atleta deve ser aconselhado organizados do mundo. Eles são revisados por um
a não exceder a ingestão do nível máximo superior comitê de especialistas a cada cinco anos. O símbolo
tolerável (UL) para as substâncias antioxidantes. atual, que representa a alimentação saudável, é
Doses mais elevadas podem oferecer toxicidade (1). chamado de “Escolha Meu Prato” (ChooseMyPlate.
gov) (Fig. 1). O símbolo foi publicado na versão de
2010 dos Guias Alimentares para Americanos. No site
RECOMENDAÇÕES DE PORÇÕES do “Escolha Meu Prato” (http://choosemyplate.gov), há
várias ferramentas de orientação. O símbolo “Escolha
ALIMENTARES
Meu Prato”, assim como a Pirâmide (Fig. 2), enfatiza a
ingestão de alimentos integrais, cereais enriquecidos
A quantidade recomendada de nutrientes pode
e fortificados, arroz e pães integrais, grãos, hortaliças,
ser expressa em número de porções de alimentos
frutas, produtos pobres em gorduras, peixes e carnes
de diferentes grupos. Ao invés de considerar cada
magras. O objetivo é alcançar todos os nutrientes e
nutriente isoladamente, é mais fácil, e rápido,
quantidades recomendados pelas DRIs.
avaliar e planejar a adequação deles por meio da
utilização de grupos alimentares. Com isso, também

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Alimentação de Praticantes de Exercício Físico e Atletas

Fig. 2 Representação gráfica do símbolo Escolha Meu Prato (Choose My Plate.gov)

Fig. 3 Representação gráfica da MyPyramid (MyPyramid.gov)

As recomendações dos símbolos são baseadas ingestão energética de 3.200kcal/dia. No caso de


em grupos alimentares e em números e tamanhos atletas, o gasto energético pode ser ainda superior. E
de porções. Os alimentos estão agrupados de acordo a ferramenta pode ser ajustada para a necessidade.
com a semelhança no conteúdo de nutrientes. Os No planejamento de dietas, além do número
grupos são: 1) Hortaliças; 2) Frutas; 3) Grãos; 4) estabelecido de porções de grupos alimentares
Proteínas e 5) Laticínios. para diferentes níveis energéticos, pode ser usado o
De acordo com a necessidade energética do Sistema de Equivalência (Quadro 13). Para ambos os
indivíduo, o número recomendado de porções sistemas, o indivíduo deve ser orientado para o uso
pode ser distribuído para cada grupo alimentar. das Listas de Substituição de Alimentos padronizadas.
O Quadro 12 mostra o número recomendado de Elas agrupam alimentos e estabelecem quantidades
porções para diferentes níveis energéticos, que de diferentes alimentos que são equivalentes no
podem ser utilizados por praticantes de exercício conteúdo médio dos nutrientes básicos.
físico. Destaca-se que as orientações se limitam à

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Alimentação de Praticantes de Exercício Físico e Atletas

Quadro 12 Número diário de porções recomendadas de cada grupo alimentar para diferentes níveis energéticos
Nível Calórico 1.000 1.200 1.400 1.600 1.800 2.000 2.200 2.400 2.600 2.800 3.000 3.200
Grupo Número de Porções. Os óleos são mostrados em gramas (g)
Alimentar
Grãos 3 4 5 5 6 6 7 8 9 10 10 10
Integrais 1,5 2 2,5 3 3 3 3,5 4 4,5 5 5 5
Outros 1,5 2 2,5 2 3 3 3,5 4 4,5 5 5 5
Hortaliças 2 3 3 4 5 5 6 6 7 7 8 8
Verde-escuras 1/sem 1,5/sem 1,5/sem 2/sem 3/sem 3/sem 3/sem 3/sem 3/sem 3/sem 3/sem 3/sem
Alaranjadas 0,5/sem 1/sem 1/sem 1,5/sem 2/sem 2/sem 2/sem 2/sem 2,5/sem 2,5/sem 2,5/sem 2,5/sem
Leguminosas 0,5/sem 1/sem 1/sem 2,5/sem 3/sem 3/sem 3/sem 3/sem 3,5/sem 3,5/sem 3,5/sem 3,5/sem
Amiláceas 1,5/sem 2,5/sem 2,5/sem 2,5/sem 3/sem 3/sem 6/sem 6/sem 7/sem 7/sem 9/sem 9/sem
Outras 4/sem 4,5/sem 4,5/sem 5,5/sem 6,5/sem 6,5/sem 7/sem 7/sem 8,5/sem 8,5/sem 10/sem 10/sem
Frutas 2 2 3 3 3 4 4 4 4 5 5 5
Leite e 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3
Substitutos
Carnes Magras e 60g 90g 120g 150g 150g 165g 180g 190g 190g 200g 200g 200g
Substitutos 1 1,5 2 2,5 2,5 3 3 3,5 3,5 4 4 4
Óleos 15g 17g 17g 22g 24g 27g 29g 31g 34g 36g 44g 51g
Permissão 165 171 171 132 195 267 290 362 410 426 512 648
Calórica
Controlada
*As quantidades recomendadas para os subgrupos são para a semana. As contribuições de nutrientes e de energia de cada grupo são calculadas de acordo com as formas de alimentos
densos em nutrientes (ex.: carnes magras e leite desnatado). O quadro também mostra as recomendações de calorias controladas que podem ser acomodadas dentro de cada nível calórico,
em adição às quantidades sugeridas de alimentos densos em nutrientes de cada grupo.
Nota: o tamanho das porções das carnes foi transformado de onças para gramas (medida mais utilizada no Brasil - aproximadamente 60g = 1 porção).

Quadro 13 Sistema de equivalência adaptado - valores de nutrientes por porção dos grupos alimentares
Grupo Alimentar Kcal Carboidratos (g) Proteínas (g) Lipídios (g) Fibras (g)
1,0 (refinado)
Grãos 80 15 2 1 ou menos
2,5 (integral)
Hortaliças 25 5 1 - 1,5
Frutas 60 15 0,5 - 1,5
Leite e Substitutos
yy Desnatado 90 12 8 0-3 -
yy Semi-desnatado 120 12 8 5 -
yy Integral 150 12 8 8 -
Carnes e Substitutos
yy Muito magra 70 - 14 0-2 -
yy Magra 110 - 14 6 -
yy Média em gordura 150 - 14 10 -
yy Rica em gordura* 200 - 14 16 -
Gorduras e Óleos 45 - - 5 -
Doces e Bebidas Varia Varia Varia Varia Varia
Fonte: Adaptado de: American Diabetes Association. Exchange Lists for Meal Planning, 1995; Dietary Guidelines for Americans/MyPyramid, USDA, 2005.

CONCLUSÃO especial em relação à ingestão energética. Além


da manutenção da saúde, os objetivos primordiais
Praticantes de exercício físico regular e, para um atleta são a manutenção da massa e da
principalmente, atletas estão sujeitos ao gasto composição corporal e a maximização dos efeitos do
energético diário elevado. Caso a demanda energética treinamento. A ingestão energética deficiente propicia
extra não seja compensada com a ingestão perda de massa muscular, disfunções menstruais,
compatível, essa população pode ter consequências redução da densidade óssea, fadiga, infecções, além
sérias, tanto no desempenho como na saúde. Atletas da necessidade de períodos longos para recuperação.
em ciclo de treinamento de alta intensidade, ou em Além do valor energético diário a ser alcançado,
treinamento por período longo, necessitam de atenção a adequação da ingestão de carboidratos merece

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Alimentação de Praticantes de Exercício Físico e Atletas

atenção especial. Esses nutrientes são fundamentais cautela. Por outro lado, o ganho de peso e a hipertrofia
para o fornecimento de energia em exercícios de muscular também são objetivos frequentes para esse
todas as intensidades. Principalmente, aqueles de público. Nesse caso, é indicado promover aumento
longa duração. A demanda de proteínas, nutrientes do aporte energético total, com o cuidado para não
envolvidos na síntese proteica e no metabolismo aumentar o teor de gordura corporal, normalmente
energético, também é mais elevada para atletas. No indesejado para essa população.
entanto, apesar de ser muito valorizada pelo público Para prescrever a dieta, após estimar as
fisicamente ativo, a necessidade extra de proteínas é necessidades energéticas, o profissional pode optar
facilmente alcançada com a alimentação equilibrada e por calcular cada nutriente isoladamente, utilizando
saudável. Os lipídeos, embora também envolvidos no as tabelas de composição química dos alimentos.
metabolismo energético, não apresentam necessidades Ou, então, pode realizar os cálculos por meio da
extras de ingestão. E devem estar adequadamente utilização de grupos alimentares. Esse é um método
distribuídos em mono e poli-insaturados. mais fácil e rápido. A escolha do método depende
A hidratação também deve ser devidamente exclusivamente do profissional, desde que seu foco
programada, considerando os riscos tanto da perda seja o planejamento individualizado.
hídrica como de eletrólitos, principalmente em exercícios Conclui-se que a prescrição individualizada,
de longa duração. Atenção especial deve ser dada aos associada ao treinamento adequado, certamente
praticantes de esportes ao ar livre e ambientes quentes. contribui para a melhora do desempenho, minimização
Os micronutrientes também devem ser valorizados dos riscos nutricionais, alcance da composição
nas dietas para esportistas. Afinal, as vitaminas atuam corporal desejada e, sobretudo, da promoção da
como reguladores metabólicos, influenciando vários saúde do atleta e do praticante de exercício físico.
processos fisiológicos importantes para o exercício
físico. Os minerais são essenciais para vários processos
metabólicos e fisiológicos. Como o metabolismo é REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
acelerado durante o exercício, pode ocorrer aumento
da demanda de certos minerais. E a adequação deles 1. American College of Sports Medicine, American Dietetic Association,
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