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Resenha de “Maria toda de Deus e tão humana: Compêndio de Mariologia” 1

O livro em estudo apresenta de modo bastante pedagógico os principais


pontos que compõe a mariologia, isto é, a disciplina que reflete sobre Maria no
projeto de salvação e a sua relação com a Igreja. Todavia, mais do que
simplesmente apreender os conteúdos, a dinâmica proposta favorece uma reflexão
sobre o relacionamento pessoal e comunitário com a Virgem Maria.

O autor Afonso Murad, logo no início, apresenta a dificuldade que existe de


fazer com que os cristãos assimilem que a “Rainha do Céu” é a mesma pobre “Maria
de Nazaré”. Desse modo, a tarefa da mariologia contemporânea, como já trabalha a
Teologia da Libertação, é a de redescobrir a dimensão humana de Maria e articular
com a sua condição gloriosa, haja vista que sua figura é tida como a “santa e
poderosa por excelência”.

Nos primeiros séculos já se faziam referências a Maria, mas o crescimento da


piedade marial se deu na Idade Média com São Bernardo de Claraval. O surgimento
de ícones e hinos no Oriente e de pinturas esculturas no Ocidente propiciou que o
culto precedesse à teologia marial. O início da sistematização veio, porém, no século
XVI mediante a Reforma Protestante que rejeitou a devoção à Maria e aos santos a
fim de redimensionar Cristo como centro da salvação. Nos séculos XVIII e XIX se
espalhou uma visão triunfalista e maximalista da figura de Maria através de um
devocionalismo puramente afetivo. Foi somente com o Concílio Vaticano II que a
Mãe de Jesus foi apresentada não mais de modo isolado, mas inserida no mistério
de Cristo e da Igreja.

Murad diz que a mariologia pode ser dividida em três blocos: Maria na Bíblia,
o culto a Maria na Igreja e os quatro dogmas marianos. Procuremos de modo breve
apresentar os principais elementos desses blocos.

A mensagem central do Novo Testamento é Jesus, o Cristo, o Messias, o


Esperado. Desse modo, todas as vezes que Maria aparece, principalmente nos
Evangelhos, é com referência a Jesus e à comunidade dos seus discípulos.

1MURAD, Afonso Tadeu. Maria toda de Deus e tão humana: Compêndio de Mariologia. São Paulo:
Paulinas, 2012.
O evangelista Marcos insere Maria no grupo dos familiares de Jesus (3, 31-
35; 6, 1-6). Em Mateus ela é virgem e mãe do Messias, por obra do Espírito Santo
(1, 18-25; 2, 10-19). Em ambos os evangelhos, Maria não tem voz nem gesto,
simplesmente é mencionada.

Lucas, no entanto, avança. Preocupado em ressaltar a misericórdia divina


acentua os gestos de Jesus em acolher a todos, independente da condição social ou
de seu passado. Maria é aquela que carrega em si as qualidades indispensáveis
para ser perfeita discípula de Seu Filho. Ela aceita a proposta de Deus, ouve,
medita, guarda e pratica a Palavra. No seu cântico revela sua humildade enquanto
mulher pobre, mas também enquanto dependente do “olhar de Deus”. Interessante
como o autor destaca que Maria sabia de sua potencialidade, do seu valor, mas
atribui tudo à graça de Deus. No Magnificat a mãe de Jesus profetiza a ação
poderosa e justa de Deus nas relações e estruturas sociais. Maria, para Lucas é, por
fim, a cheia de graça, aquela que se deixa conduzir pelo Espírito, simbolizando toda
a humanidade que, por Ele, deixa ser conduzida. (Lc 1, 35; At 1, 13; At 2, 1).

Já no quarto evangelho Maria aparece por duas vezes: no início da vida


pública de Jesus e no momento de sua morte, junto à cruz. Todavia, Jesus refere-se
a ela como Mulher e quando o evangelista fala dela se diz a “mãe de Jesus”. Se nas
bodas de Caná Maria anima os serventes e amigos de Jesus a cumprirem a vontade
de seu Filho, junto à cruz revela o amor que deve perseverar. Se a comunidade
cristã é representada na figura do discípulo amado, presente também no momento
da cruz, então Jesus nos dá Maria, como mãe e bússola, para nos ajudar a
perseverar na vontade de Deus (2, 1-11; 19, 25-27).

Quanto aos dogmas marianos o primeiro a ser definido e, portanto, o que


mais tem aceitação ecumênica é o da Maternidade Divina. O dogma da Maternidade
tem origem em meio às discussões acerca da pessoa de Jesus, com o objetivo de
combater a heresia de Nestório que afirmava que Jesus possuía duas naturezas
distintas e separadas. Assim crendo, Maria seria somente a Mãe de Jesus humano.
O Concílio de Éfeso, 431, reafirma a unidade da pessoa de Jesus, proclamando,
assim, Maria, mãe de Deus. O dogma da Virgindade Perpétua foi promulgado em
553, pelo Concílio de Constantinopla, e é contestado por muitos haja vista as
variadas interpretações acerca dos “irmãos de Jesus” presente nos evangelhos.
Este dogma afirma que Maria foi virgem antes, durante e depois do parto. O Filho é
gerado em Maria pela ação do Espírito sem ter relações sexuais com José; Maria
viveu o celibato; foi virgem no parto, superando a maldição de Gn 3, 16.

A Imaculada Conceição já era cultuada antes mesmo de tornar-se dogma,


fato que ocorreu em 1854. A grande discussão gira em torno do nascimento de
Jesus e também do pecado original. Entre maculistas (dominicanos) e imaculistas
(franciscanos) estava Duns Scot com sua célebre afirmação de que a graça de
Cristo preveniu Maria da culpa original. Nesse sentido, Maria é privilegiada por
Deus, e, se a humanidade é curada pela Redenção de Jesus, Maria é prevenida.

Embora nas Escrituras nada se diga sobre o fim da vida de Maria, algumas
tradições, inclusive textos apócrifos, tentaram preencher essa lacuna, no entanto,
não houve consenso. Surge a partir do século VI a celebração da dormição de Maria
e, em 1950, é proclamada a Assunção da Virgem Maria, embora não explicita se
Maria morreu ou não. O fato é de que Maria é assumida na eternidade devido à
ação de Deus. Este dogma quer dizer que o corpo de Maria foi transformado e ela
está inteiramente glorificada com Deus, animando-nos em nossa caminhada de fé.

Por fim, tendo apresentando alguns aspectos bíblicos e dogmáticos é que se


pode pensar e realizar o culto marial com mais clareza. Ainda que a intercessão dos
santos e da Virgem, por excelência seja uma prática antiga, o autor salienta que a
única ação salvífica é a de Cristo Jesus. Toda a devoção mariana deve nos remeter
ao Deus Trindade. Paulo VI definiu três critérios para analisar as práticas de
piedade: aspecto bíblico, litúrgico e sensibilidade ecumênica. Quanto à liturgia, as
diversas solenidades, festas e memórias de Maria devem ser oportunidades para
fazer mais conhecida a mãe de Jesus, purificando as devoções de maximalismos e
equívocos. Referente às aparições, Murad apresenta que estas são compreendidas
como experiências particulares e, que, portanto, estão a serviço da Revelação
Pública, ou seja, o próprio Jesus Cristo, “mediador e plenitude de toda a revelação”
(Dei Verbum 1).

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