SÍNTESE DO TEXTO: O ATENDIMENTO À CRIANÇA: UMA PROPOSTA
HUMANISTA RELACIONAL:
O presente texto refere-se de relatos da experiência profissional em
psicoterapia com foco em atendimentos infantis. Segundo a autora, iniciar o processo psicoterápico com a criança, utilizando a abordagem centrada na pessoa é trazer à tona o que essa criança estaria vivenciando de importante no encontro com o terapeuta. Afirma também a dificuldade em caminhar na direção de um encontro profundo com a pessoa da criança e com sua própria pessoa, ou mesmo sua própria criança. Para alcançar tal postura seria necessário, realizar suspensão fenomenológica, que consiste em colocar entre parênteses, hipóteses, conceitos, pré-conceitos, sintomas, queixas e rótulos sobre a criança, para então conseguir se deparar com a pessoa. Rogers afirma que, é a partir das relações humanas que são feitas de certas condições favoráveis à aceitação de si e ao pleno desenvolvimento que um processo de mudança interna pode acontecer. Isso caracteriza uma psicoterapia. Nessa relação, deve-se acontecer um encontro profundo onde estou próximo do fluxo experiencial daquela pessoa analisada, a fim de oferecer uma compreensão empática dessas vivências. Segundo a autora para trabalhar com a criança é necessário compreender que essa se identifica como um sujeito em desenvolvimento. É munida de todos os instrumentos que a permitem evoluírem e se desenvolver e uma tendência a utilizar tais instrumentos, desde que esses sejam dados em condições favoráveis. A criança forma sua identidade na relação afetiva com os adultos de referência. Nos primeiros anos de vida, sua principal via de relação com o outro e experimentação do mundo é basicamente o corpo e a comunicação não verbal. A mesma consideração e respeito que precisa existir na relação com o adulto para que essa se torne terapêutica é necessária quando se trata de uma criança. A criança está em uma fase especial de construção de sua identidade, fase que demanda determinadas formas de relação, que favoreçam a sua evolução. A autora frisa que para Rogers, um processo terapêutico será desencadeado diante de algumas condições, são essas: O contato entre duas pessoas; a primeira pessoa, que designaremos o cliente, se encontre num estado de desacordo interno, de vulnerabilidade ou de angústia; a segunda pessoa, que designaremos como terapeuta, se encontre num estado de acordo interno (pelo menos durante o decorrer da entrevista e no que se relaciona ao objeto de sua relação com o cliente); o terapeuta deve experimentar sentimentos de aceitação positiva incondicional a respeito do cliente; o terapeuta deve experimentar uma compreensão empática do ponto de referência interno do cliente e para que o cliente perceba-se, mesmo em uma proporção mínima, permitindo a consideração positiva incondicional e a compreensão empática que o terapeuta o testemunha. Para a autora durante o atendimento a criança, é frequente se esbarrar no estabelecimento da primeira condição, que é o contato. Com adultos, prioriza-se basicamente, a comunicação verbal. A palavra torna-se tanto o meio de acesso, (a escuta) quanto o instrumento de intervenção no processo terapêutico. Mas ao atender crianças percebe-se que essa não é a principal via de acesso a elas. Sabe-se que se comunicam através do brincar, do desenho, mas também se percebe que se comunicam de inúmeras outras formas. Foi nesse momento a autora viu a necessidade de outra forma de comunicação e intervenção a, que foi a comunicação não verbal e a proposta relacional. . É na relação que a pessoa da criança se manifesta. É preciso deixá-la livre. No sentido de permitir-lhe experimentar o espaço terapêutico, o encontro, da forma dela. Acompanhando-a em um primeiro momento, se adaptando a seu ritmo pessoal, até chegar compreensão de suas necessidades psicoafetivas, ela dá a guia, ela apresenta o ritmo do processo. ` Se uma criança chega, se relacionando basicamente no nível intelectual, desconectada do nível emocional, utilizando-se de jogos estruturados, no caso da psicomotricidade, próximo á atividade de educação física, é preciso buscar estabelecer o contato com ela a partir daí, para gradativamente ir propondo formas de brincar, mais próximas do lúdico e do experimentar corporal. Se ela chega em silêncio, à espera de ordens e comandos, é preciso talvez oferecer-lhe algumas guias, mostrando-lhe possibilidades de uso do material, sem no entanto determinar o que deve ou como deve fazer. A partir do que foi mostrado, a autora elaborou um projeto de intervenção, visando facilitar a retomada do pleno desenvolvimento dessa criança, facilitar a vivência de seu processo pessoal através de vivências de afirmação e regressão. Experimentando a própria agressividade, afetividade, relação com a autoridade, sexualidade, afetividade. Retornando etapas de seu desenvolvimento para melhor elabora-las numa nova relação com o adulto, disponível a atender suas necessidades psicoafetivas e relacionais. O objetivo de uma psicoterapia deve ser em última análise. Favorecer e facilitar o pleno desenvolvimento da pessoa humana.
REFERÊNCIAS
LOPES, Juliana Santos. O atendimento à criança: uma proposta humanista