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COMPULSIVO
O modelo psicodinâmico
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O modelo comportamental
poderia ocorrer, caso os pacientes fossem impedidos de realizar seus rituais ou fossem
estimulados a entrar em contato com o que evitavam.
O fenômeno da habituação
Num primeiro estudo, Hogdson e Rachman, observando pacientes voluntários com
obsessões de limpeza e rituais de lavagem verificaram que eles apresenta- vam uma rápida
e acentuada elevação da ansiedade quando eram convidados a tocar nos objetos que
normalmente evitavam, a qual decrescia de forma rápida com a execução de uma lavagem
“satisfatória”(Hogdson e Rachman, 1972). Num experimento semelhante com pacientes
“verificadores”, em situações nas quais eram impedidos de realizar seus rituais, também foi
constatado o aumento instantâneo da ansiedade, seguido de uma acentuada diminuição
após a execução dos rituais (Röper et al.,1973;Röper et al.,1976).Observaram ainda que o
impulso de executar verificações ou lavações desaparecia espontaneamente depois de um
período entre 15 e 180 minutos caso fosse solicitado aos pacientes
que se abstivessem de realizar os rituais ou permanecessem em contato com os
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objetos ou situações evitados. Constataram, ainda, que, a cada - repetição dos
exercícios, a intensidade da ansiedade e do impulso para realizar os rituais era menor. Se
repetissem os exercícios um número suficiente de vezes, tanto a aflição como a necessidade
de executar os rituais desapareciam por completo de forma expontânea.Este fenômeno
natural ficou conhecido como habituação e passou a ser a base da terapia de EPR (Röper e
Rachman, 1976; Lickierman e Rachman, 1980).
Com base nas observações citadas, os autores formularam uma hipótese que oferecia uma
nova compreensão para os fenômenos obsessivos: de que existiria uma relação funcional
entre rituais e obsessões. A função dos rituais era reduzir a ansiedade e o desconforto
provocados pelas obsessões. Esta seria a razão desua existência (Hogdson e Rachman,
1972; Rachman et al., 1976).
O modelo comportamental
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O modelo dos dois fatores parece bastante evidente particularmente no que se refere ao
mecanismo responsável pela manutenção dos sintomas obsessivo- compulsivos – o alívio
que os pacientes sentem ao executar os rituais ou quando se abstêm do contato físico com
objetos ou situações que desencadeiam as obsessões,faz com que tais comportamentos
aumentem de intensidade e freqüência (reforço negativo). A lacuna maior do modelo
decorre do fato de, na maioria das vezes, o início dos sintomas ser insidioso e não estar
relacionado a qualquer experiência traumática ou mesmo estressante que provocasse o
pareamento exigido pelo modelo (condicionamento clássico) entre estímulos
incondicionados e estímulos neutros (Jones & Menzies, 1998).
O modelo original também não prevê o papel dos fatores de ordem biológica e
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desconsidera a importância das crenças disfuncionais, freqüentes em pessoas
com TOC. Esta última lacuna foi em parte superada com a proposição de um modelo
cognitivo por autores como Rachman e Salkovskis, entre outros. Tal modelo valoriza o
papel das crenças e interpretações distorcidas ou até errôneas, particularmente aquelas
relacionadas com a responsabilidade e o risco, no surgimento e na manutenção dos
sintomas obsessivo-compulsivos(Rachman, 1997; Salkovskis, 1985, 1989, 1998,1999).
Curiosamente existe um grupo de pacientes que apresenta uma rápida e intensa melhora
dos sintomas com a terapia de EPR, podendo chegar à remissão completa, enquanto que
um outro grupo não apresenta nenhuma modificação. Além disso, é alto o índice de não-
adesão e abandono, os quais, somados, podem chegar a 30% (Marks e O’Sullivan, 1988;
Marks, 2002), tornando o tratamento ineficaz, na prática, em aproximadamente metade de
todos os que iniciam e em 1/4 dos que completam o tratamento (Spiegel, 2000).
Algumas críticas, entretanto, têm sido levantadas questionando até que ponto tais
estudos teriam utilizado exclusivamente técnicas cognitivas e não técnicas comportamentais
de EPR. Até o momento não está comprovado, entretanto, se o acréscimo de técnicas
cognitivas à terapia de EPR no tratamento de pacientes de TOC aumenta sua eficácia tanto
no curto como no longo prazo. É bem provável que, para determinados subgrupos de
pacientes, este acréscimo seja particularmente útil. Pacientes com predomínio de obsessões,
com boa capacidade de introspecção, e com algum grau de sofisticação psicológica parece
que aproveitam das intervenções cognitivas. Acredita-se ainda que o uso de técnicas
cognitivas por si só possa reduzir o nível de ansiedade, melhorar o grau de adesão e no
longo prazo, além de poder proporcionar ganhos adicionais,
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poderia reduzir a possibilidade de recaídas. Mas são vantagens a serem comprovadas pela
pesquisa, que por enquanto são hipóteses em aberto.
Embora possa haver alguma disputa entre o modelo comportamental, que propõe a
exposição e prevenção de respostas e o modelo cognitivo, que propõe a correção das
crenças disfuncionais no tratamento dos sintomas obsessivo- compulsivos, a tendência é
que os dois modelos sejam vistos como complementares e que as duas modalidades de
intervenção sejam utilizadas em conjunto, enfoque adotado no presente capítulo.
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Uma questão que necessita ser respondida diz respeito ao papel das crenças
disfuncionais na gênese e na manutenção dos sintomas OC. Uma proposição interessante
adveio da observação feita por Rachman e de Silva (1978) de que muitos dos pensamentos
invasivos que atormentam os indivíduos com TOC ocorrem na população em geral, sem
que, no entanto, se transformem em obsessões. Esses autores mostraram que
aproximadamente 90% das pessoas têm, em algum momento, pensamentos impróprios de
caráter agressivo, obsceno ou sexual, muito semelhantes ao que ocorre em indivíduos com
TOC(Rachman e De Silva 1978).Os pesquisadores se preocuparam em esclarecer as
diferenças entre pensamentos intrusivos normais e obsessões. A hipótese de Stanley
Rachman e é de que a interpretação errônea e o significado catastrófico atribuído à presença
de tais pensamentos, seriam os responsáveis pela transformação de pensamentos “normais”
em obsessões. Nos indivíduos com TOC tais pensamentos intrusivos são acompanhados de
pensamentos automáticos de que algo muito grave pode acontecer, ou de que poderão
cometer o que lhes passa pela cabeça, de que pode existir um lado perverso de sua
personalidade que a
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Limitações do modelo
A crítica ao modelo é de que ele não explica os motivos pelos quais muitas pessoas têm o
impulso de executar rituais sem que este seja precedido por alguma cognição (obsessão), e
sim por experiências ou fenômenos sensoriais à semelhança do que ocorre com os tiques no
transtorno de Tourette (Miguel et al.1995, 2000). Isso é comum em indivíduos que têm
compulsão por alinhar obje- tos (as coisas tem que estar no lugar certo ou exatas, fazer as
coisas em determinada sequência ou executar certos comportamentos repetitivos que
lembram muito os tiques: estalar os dedos, olhar para os lados, dar batidasrepetidamente,
tocar, raspar. Também não esclarece os sintomas
obsessivo-compulsivos provocados por doenças cerebrais, ou relacionados a
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infecções por estreptococo ou resultantes do uso de alguns
medicamentos. Não esclarece o fato de os sintomas do TOC poderem ser eliminados com o
uso de medicamentos sem a abordagem cognitiva e a correção das crenças disfuncionais.
Técnicas comportamentais
Exposição
Modelação
Técnicas cognitivas
1) Que evidências eu tenho de que o que passa pela minha cabeça ou de que meus
medos têm algum fundamento? E que evidências são contrárias?
2) Existe uma explicação alternativa para isso? (De que eu tenho TOC por exemplo.)
3) Meus medos são baseados em alguma prova real ou ocorrem porque eu tenho
TOC? O que é mais provável?
Uma forma simples de questionamento é técnica das duas teorias proposta por
Salkovskis (Salkovskis et al., 1998):
Nós temos duas teorias alternativas para explicar o que ocorre com você:
2) Teoria B: Você é uma pessoa muito sensível a medos de ser contaminado e reage
a esses medos de uma forma que compromete sua vida: fazendo um excesso de
lavagens seguidas.
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Qual destas duas alternativas é a mais provável? Você já tentou lidar com este
problema de acordo com a segunda hipótese, ou seja, como se fosse um problema de
preocupação ou medo excessivo, e não uma possibilidade real?
Experimentos comportamentais
Lembretes
Lembretes podem auxiliar o paciente a ter uma maior autocontrole sobre rituais, dúvidas
e ruminações obsessivas. Podem ser escritos em um cartão e levados no bolso ou em um
cartaz colado na parede do quarto ou no espelho do banheiro. Os lembretes auxiliam a
retomar o controle dos pensamentos, sobretudo porque separam os fenômenos mentais
relacionados ao TOC de outros.
Exemplos:
Olha o TOC!
Os objetivos de cada sessão (tarefas de casa) devem ser claros e operacionais: não
lavar as mãos ao17chegar em casa da rua, verificar a porta apenas uma vez antes de deitar,
demorar no máximo 10 minutos no banho, sentar diariamente durante 30 minutos na cama
com a roupa da rua. O ideal é selecionar quatro ou mais (podem ser 6 a 8) tarefas para
cada intervalo entre sessões,
solicitando o registro dos exercícios num caderno específico e propondo a freqüência e o
tempo que o paciente deverá dedicar a elas. Recomenda-se, ainda, que as tarefas sejam
repetidas o maior número de vezes possível. Quando a tarefa consiste em entrar em contato
com objetos contaminados ou “sujos”, recomenda-se que o contato seja mantido até a
ansiedade desaparecer por completo (habituação na sessão), lembrando que a ansiedade
desencadeada será menor a cada exercício (habituação entre as sessões).
Etapas da terapia
para o tratamento e que não aderem às tarefas. Uma pesquisa mostrou que a adesão às
tarefas é talvez o fator mais crítico para a eficácia da terapia de EPR (Ito et al., 1995).
Pacientes com convicção quase delirante ou supervalorizada sobre idéias obsessivas aderem
pouco às tarefas de EPR (Neziroglu et al., 1999) e por conseguinte apresentam menor
resultado com o tratamento(Foa, 1979).
Psicoeducação
A psicoeducação é um elemento crucial da TCC e é uma estratégia importante para
motivar o paciente e conseguir sua adesão a um tratamento que de início acarretará
aumento da ansiedade. Algumas questões a serem esclarecidas pelo terapeuta:
O que é o TOC, o que são obsessões, compulsões e evitações; suas possíveis causas (o
que se conhece e o que não se conhece); curso e prognóstico;
O racional da TCC e como ela pode provocar a redução dos sintomas: sua base no
fenômeno da habituação e na correção de crenças distorcidas por técnicas cognitivas; seus
alcances e limites, e as evidências de eficácia (resultados de pesquisas);
Como são negociadas as tarefas: nada será proposto que o próprio paciente não acredite
ser capaz de realizar.
exercícios (em geral, um mínimo de 20 horas é necessário), bem como condições de arcar
com os custos caso o tratamento for pago.
Envolvimento da família
alguma obsessão ou que sentiria caso se abstivesse de realizar os rituais que costuma
executar.
Os exercícios de EPR são iniciados pelos sintomas considerados mais fáceis de serem
enfrentados ou que provocam menos ansiedade, deixando-se para mais adiante os mais
difíceis. Os exercícios são sempre decididos de comum acordo com o paciente e devem
apresentar nível de dificuldade perfeitamente suportável para ele. É usual que sejam
estabelecidas de 4 a 6 ou mais tarefas para casa ao final de cada sessão.
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Uma vez começados os exercícios de EPR o paciente é familiarizado com o
modelo cognitivo do TOC e as técnicas cognitivas para correção de pensamentos e crenças
disfuncionais. Essas técnicas complementam os exercícios de EPR, que são as estratégias
críticas para vencer os sintomas e são mantidas ao longo de to- do o tratamento. A
abordagem terapêutica que se inicia como terapia de EPR passa a ser terapia cognitivo-
comportamental(TCC) e acredita-se que o paciente terá mais facilidade em realizar os
exercícios quando compreende melhor seus medos, identifica seus pensamentos e crenças
erradas e sabe como corrigi-los.
Quando a maioria dos sintomas tiver sido eliminada, pode-se propor o espaçamento
das sessões e, posteriormente, a alta. Entretanto, como o TOC é um transtorno crônico
sujeito a recaídas, ao final da terapia, é conveniente dedicar algum tempo ao
desenvolvimento de estratégias para preveni-las. São comuns os lapsos, ou seja, episódios
isolados de realização de rituais ou evitações, de curta duração e que ocorrem por distração,
descuido ou falha nas estratégias de autocontrole. Os lapsos são importantes porque
podem ser interpretados como
recaídas ou como fracasso de todo o22tratamento, provocando,
eventualmente, descrença quanto à capacidade de um dia poder eliminar por
completo os sintomas – e, em função desta descrença, uma recaída. Assim, é preciso
lembrar o paciente de que pequenos lapsos são comuns, particularmente na fase de
mudança e especialmente quando os rituais constituíam hábitos. Ao final do tratamento, é
interessante treiná-lo em estratégias de prevenção de recaídas, que devem ser revistas e
reforçadas em sessões periódicas de acompanhamento após a alta.
Conversar consigo mesmo, dar ordens para si mesmo: “Você tem condições de se
controlar!”, “Não vá verificar se a torneira ficou bem fechada!”, etc.
A terapia comportamental de EPR é eficaz em mais de 70% dos pacientes que aderem ao
tratamento (Marks et al.1975). Uma eficácia semelhante ou levemente superior da terapia
comportamental em relação aos inibidores da recaptação da serotonina foi verificada em
ensaios clínicos (Mawson et al.,1982; Marks et al., 1988) e em diversas meta-análises (Van
Balkomet al., 1994; Abramovitz, 1997; Kobak et al., 1998). As recaídas aparentemente são
menos freqüentes e ocorrem mais tarde com a terapia comportamental do que com os
medicamentos (Simpsom et al.,2004).
Trabalhos mais recentes têm mostrado algumas vantagens da TCCem relação aos
medicamentos (Foa et al. 2005; Souza et al. 2006). Um estudo verificou por
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exemplo, que ela é mais efetiva em reduzir as compulsões; a intensidade da di- minuição
dos sintomas também é maior; um número maior de pacientes consegue a remissão
completa dos sintomas(Souza et al. 2006). Um outro estudo, realizado em nosso meio, com
crianças, verificou que aTCC em grupo e a sertralina foram efetivas, mas no longo prazo os
pacientes tratados em grupo tinham níveis de sintomas menores do que tratados com
sertralina (Asbahr et al.2005).
Uma vantagem adicional da TCC no TOC, em relação aos medicamentos é o fato de ser um
tratamento breve (10 a 20 sessões em geral), cujos efeitos se mantém no longo prazo. É
interessante ainda a observação de que a TCC parece ser eficaz mesmo em pacientes que
não respondem ou respondem parcialmente ao tratamento com psicofármacos (Simpsom et
al., 1999, Cordioli et al, 2003; Tolin et al.,2004). Um outro estudo recente verificou que em
crianças e adolescentes a combinação de TCC apresenta resultados superiores ao uso
isolado de medicamentos (POTS, 2004). Um resultado semelhante foi observado em
pacientes adultos (Tenneij et al., 2005). Estes últimos resultados reforçam a recomendação
do Consenso para24tratamento do transtorno obsessivo-
compulsivo que sugere, sempre que possível, a associação de TCC e
medicamentos (March et al. 1997).
Dentre os problemas da TCC, talvez o mais importante seja a não adesão de um grupo
significativo de pacientes, que por esse motivo não se beneficia. Um problema da terapia
comportamental é o custo elevado do tratamento em comparação com os medicamentos se
apenas o período de tratamento agudo for considerado, e não a manutenção em longo prazo,
que tende a ser maior com os medicamentos. Além disso, na prática, a terapia
comportamental continua sendo uma modalidade de tratamento pouco disponível à
população, pois são relativamente raros os psiquiatras que a utilizam em seus consultórios.
Embora a TCC do TOC consiga beneficiar a maioria dos pacientes algumas questões
importantes continuam em aberto e certamente serão temas das próximas pesquisas:
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Porque alguns pacientes, embora com sintomas graves podem ter uma remissão
completa e rápida dos sintomas enquanto que outros não aderem aos exercícios e
não melhoram?
Porque um grupo considerável de pacientes (ao redor de 30%) não adere aos
exercícios e não se beneficia do tratamento?
Como conseguir a adesão desses pacientes ao tratamento e sua melhora com a TCC?
Quais são os verdadeiros mecanismos pelos quais a TCC obtém os seus efeitos?
Restam alguns desafios que talvez possam ser resolvidos nos próximos anos:
ampliar o alcance da TCC para o TOC, modificando algumas das suas estratégias para
que um número maior de pacientes, atualmente refratários ou não aderentes, possa
beneficiar-se dessa modalidade de tratamento. Um outro objetivo, importante sob o
aspecto da saúde pública, é aumentar sua oferta à população pelo treinamento de um
número maior de profissionais e talvez pela adoção por parte das instituições, do
tratamento em grupo, formato que permite tratar um número maior de pacientes, com
uma relação custo benefício bastante favorável. E finalmente um enfoque preventivo
poderia ser adotado, com o desenvolvimento de técnicas e implementação de políticas
visando o tratamento precoce de crianças e adolescentes que tem TOC e impedindo que
ele se perpetue por toda a vida, com enormes custos pessoais, familiares e sociais