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C APÍTULO 2

Conceitos Básicos da Manutenção


Industrial

A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

33Compreender as características e evolução da Manutenção e MPT.

33Formular concepções de Manutenção e de MPT para os processos envolvidos.

33Descrever e desenvolver rotinas básicas de planejamento de manutenção.


Projeto de Manutenção Industrial

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Capítulo 2 Conceitos Básicos da Manutenção Industrial

Contextualização
Inicialmente, nas primeiras décadas após o surgimento das concepções
de Manutenção Industrial, esta atividade era encarada como desnecessária,
com elevados custos, o que levava ao aumento do custo do produto final.
Assim, a manutenção ocorria somente nos casos de parada da produção por
quebra, atuando como uma ação corretiva sobre um problema já instalado,
como estudamos no capítulo 1.

No contexto atual, a manutenção é tida como fator fundamental para


a produtividade e, consequentemente, para resultados os financeiros da
organização, pois uma ação de manutenção realizada em tempo hábil
permite a intervenção antes da quebra, com menor tempo de parada possível,
garantindo os menores custos, melhor produtividade e competitividade de
mercado.

Dessa forma, ao longo do tempo se desenvolveu uma série de tipologias


de manutenção, cabendo ao gerente a escolha e aplicação de um programa
efetivo de forma a atender as características de sua planta. No entanto, para
possibilitar o desenvolvimento das atividades da manutenção, é necessário
um adequado planejamento, considerando os serviços que devem ser feitos
e os recursos existentes, definindo a inter-relação dos processos envolvidos,
priorizando os de maior urgência.

Portanto, caro(a) acadêmico, nós o(a) convidamos para conhecer como


se processa a administração da manutenção, bem como quais fatores estão
envolvidos no desenvolvimento de rotinas básicas do planejamento da
manutenção industrial.

Manutenção
Nesta seção iremos abordar o conceito e os objetivos de manutenção,
bem como seus diferentes tipos. Acompanhe!!!

a) Conceito e Objetivos
Manutenção significa
manter equipamentos,
No capítulo anterior já vimos que, segundo o dicionário Aurélio (2010), a
acessórios e tudo
palavra “manutenção” significa ato ou efeito de manter-se. Agora, partimos
o que está ligado à
para um olhar mais técnico e, seguindo esta linha de entendimento, chegamos
fábrica em perfeito
à definição técnica da manutenção que, segundo Santos (1999), refere-se ao estado de conservação
ato de manter equipamentos, acessórios e tudo o que está ligado à fábrica em e funcionamento.
perfeito estado de conservação e funcionamento.

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Projeto de Manutenção Industrial

Se analisarmos a definição que Santos (1999) nos apresenta, perceberemos


a importância da manutenção num processo produtivo, pois intrínseca a ela está a
continuidade da produção que garantirá maior produtividade.

Dessa forma, Kardek e Nascif (2001) sugerem que a manutenção existe


para que não seja necessária a manutenção, sendo esta última a manutenção
corretiva, não-planejada, que pode comprometer gravemente o desempenho
produtivo e afetar os resultados financeiros da organização. Nesse sentido,
ainda conforme o autor, as mudanças estratégicas da manutenção podem
refletir diretamente nos resultados da organização nos seguintes aspectos
(KARDEK; NASCIF,2001, p.10):

• Aumento da disponibilidade;

• Aumento do faturamento e do lucro;

• Aumento da segurança pessoal e das instalações;

• Redução de demanda de serviços;

• Redução de custos;

• Redução de lucros cessantes;

• Preservação ambiental.

Diversas são as ferramentas disponíveis para o gerenciamento da


manutenção, tais como: CCQ (Círculos de Controle da Qualidade),
TPM (Manutenção Produtiva Total), GQT (Gestão pela Qualidade Total),
Para a manutenção Terceirização, Reengenharia, dentre outros. No entanto, a simples utilização
ser estratégica
dessas ferramentas não garante o bom desempenho, mas o uso correto
ela precisa ter por
pode levar a bons resultados. Note, caro(a) pós-graduando(a), que para
objetivo os resultados
a manutenção ser estratégica ela precisa ter por objetivo os resultados
empresariais, deixando
de ser eficiente para empresariais, deixando de ser eficiente para se tornar eficaz. (KARDEK;
se tornar eficaz. NASCIF, 2001).

b) Tipos de Manutenção

Os tipos de manutenção existentes são caracterizados pela maneira como


é feita a intervenção nos equipamentos, sistemas e instalações e podem ser
denominados de diversas formas, segundo Kardec e Nascif (2001). Portanto,
é necessário que seja feita uma caracterização o mais objetiva possível dos
tipos de manutenção, de forma a poderem se enquadrar em um dos tipos
descritos a seguir.

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Capítulo 2 Conceitos Básicos da Manutenção Industrial

• Manutenção Corretiva

A manutenção corretiva é entendida como a atuação em um Manutenção Corretiva:


equipamento que apresenta defeito ou desempenho insatisfatório, não sendo, sua ação principal é
necessariamente, manutenção de emergência. De acordo com Kardec e corrigir ou restaurar
as condições de
Nascif (2001, p.36) “Sua ação principal é corrigir ou restaurar as condições de
funcionamento do
funcionamento do equipamento ou sistema”. Conforme os autores, podemos
equipamento ou
dividi-la em duas classes:
sistema.

–– Manutenção Corretiva Não Planejada: Caracteriza-se pela atuação


em fato já ocorrido, não havendo tempo para a preparação do serviço.
Ainda é muito praticada apesar dos riscos inerentes, pois envolve
altos custos devido à parada não planejada da produção, à perda
da qualidade, podendo, também, afetar outros equipamentos que
trabalhem conjuntamente, elevando os custos indiretos da manutenção.

–– Manutenção Corretiva Planejada: Diferencia-se da não planejada por


se tratar de decisão gerencial para a atuação posterior ao fato ocorrido,
em função de acompanhamento preditivo ou decisão de operar até
a falha. Ressaltemos aqui que um trabalho planejado sempre é mais
barato e seguro, além de oferecer melhor qualidade. Mesmo nas
situações em que se opta pelo funcionamento até a quebra, por se
tratar de uma decisão conhecida, já deve existir alguma ação planejada
para quando a falha ocorrer, como, por exemplo, ter à disposição outro
equipamento idêntico ou preparado um kit para reparos rápidos.

A manutenção corretiva planejada pode resultar de vários fatores, tais


como: possibilidade de ajustar a manutenção com a produção, inexistência de
riscos que comprometam a segurança do pessoal e da instalação, existência
de equipamentos para substituição imediata. Resumindo, quanto maiores
forem as implicações que a falha pode causar na segurança, maiores serão as
condições para a adoção de uma política de manutenção corretiva planejada.
Manutenção
Preventiva é a atuação
• Manutenção Preventiva realizada de forma
a reduzir ou evitar
“Manutenção Preventiva é a atuação realizada de forma a reduzir ou a falha ou queda
evitar a falha ou queda no desempenho, obedecendo um plano previamente no desempenho,
elaborado, baseado em intervalos definidos de tempo”. (KARDEC; NASCIF, obedecendo um
2001, p. 39). plano previamente
elaborado, baseado
Ao contrário da Manutenção Corretiva, a Manutenção Preventiva procura em intervalos definidos
prevenir a ocorrência de falhas. É indispensável em setores em que a segurança de tempo.
é tida como o fator principal, podendo citar como exemplo a aviação.

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Projeto de Manutenção Industrial

Torna-se difícil prever precisamente em que período o equipamento


apresentará defeitos, devido à insuficiência de informações do fabricante e às
condições operacionais e ambientais que afetam diretamente a vida útil do
equipamento. Tal situação pode levar a duas situações distintas: a ocorrência
de falhas antes do previsto pelo mantenedor ou a abertura do equipamento
ou, ainda, sua reposição prematuramente. Além disso, podem ainda ocorrer
falhas entre duas intervenções preventivas, quando será então necessária a
manutenção corretiva.

Ao se optar pela manutenção preventiva, devem ser considerados os


seguintes fatores: impossibilidade de realizar a manutenção preditiva (vamos
estudá-la a seguir), aspectos de segurança do pessoal ou das instalações,
que tornam imprescindível a intervenção, disponibilidade de equipamentos de
difícil liberação operacional, riscos ao meio ambiente e sistemas complexos e
de operação contínua.

Apesar dessa modalidade de manutenção possibilitar um bom


gerenciamento das atividades e recursos, não podemos ignorar que ela pode
ser alvo de questionamentos nas situações em que os fatores não sejam
suficientemente claros e fortes para justificar a ação, já que ocorre a retirada
do equipamento, ainda em funcionamento, do processo produtivo.

• Manutenção Preditiva

Atuação da Também conhecida como Manutenção Sob Condição ou Manutenção


manutenção com Base no Estado do Equipamento, consiste na atuação da manutenção
tomando por base tomando por base alguma alteração em comparação a um parâmetro de
alguma alteração em condição ou desempenho, o qual deve ter um acompanhamento sistematizado,
comparação a um como, por exemplo, com a utilização de instrumentos de medição. Portanto,
parâmetro de condição
tem por objetivo prevenir falhas em sistemas e equipamentos por meio de
ou desempenho,
um acompanhamento de parâmetros pré-definidos, de forma a possibilitar a
o qual deve ter um
continuidade do uso por maior tempo possível (KARDEC; NASCIF, 2001), pois
acompanhamento
sistematizado, tal acompanhamento é realizado com o equipamento em funcionamento.
como, por exemplo,
com a utilização Observe, caro(a) pós-graduando(a), que nessa modalidade a decisão
de instrumentos de de intervenção acontece quando o grau de degradação do equipamento se
medição. aproxima do limite estabelecido, sendo possível preparar antecipadamente a
realização da manutenção, além de possibilitar estratégia para a produção de
forma a não comprometer prazos de atendimento. Essa situação justifica o
motivo pelo qual é chamada de preditiva, pois com esse sistema é possível
predizer as condições do equipamento. Temos como exemplo a troca de um
pneu que se esvazia com mais frequência que o padrão, ou seja, comparando
a necessidade constante de calibragem com a frequência considerada normal

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Capítulo 2 Conceitos Básicos da Manutenção Industrial

vemos que é necessária sua substituição, independentemente de haver


interferência no desempenho do carro.

Ainda conforme os autores, as condições para a adoção da Manutenção


Preditiva consistem na possibilidade de monitoramento/medição do
equipamento/sistema, na existência de elevados custos envolvidos, na
possibilidade de acompanhamento/monitoramento das causas das falhas
e no estabelecimento de uma sistemática de acompanhamento, análise e
diagnóstico do equipamento/sistema.

Tais condições devem ser justificadas pelos fatores relacionados à


segurança de pessoal e instalações, à redução de custos proporcionada
pelo acompanhamento constante, evitando intervenções desnecessárias, e à
permanência do equipamento em funcionamento, de forma segura, por maior
período de tempo.

Nos aspectos relacionados ao custo desse tipo de manutenção, devemos


considerar que a instalação de sistemas de monitoramento contínuo “online”
apresenta elevado custo inicial, no entanto, é possível o acompanhamento
periódico por meio de aparelhos e instrumentos de medição, realizado pelos
próprios operadores, com considerável redução nos custos.

Ainda, conforme Kardec e Nascif (2001), a Manutenção Preditiva,


comparada com as demais, é considerada como a que oferece melhores
resultados pelo fato de intervir o mínimo possível na planta. Para tanto,
evidencia-se a necessidade de treinamento efetivo da mão de obra da
manutenção responsável pela análise e diagnóstico, pois não basta mensurar,
é preciso interpretar e estabelecer diagnósticos.

• Manutenção Detectiva

Seu surgimento data da década de 90 e, como o próprio nome diz, tem Manutenção Detectiva
por objetivo detectar possíveis falhas ocultas que levarão à parada inesperada é a atuação efetuada
do equipamento/sistema. em sistemas de
produção, buscando
“Manutenção Detectiva é a atuação efetuada em sistemas de produção, detectar falhas ocultas
buscando detectar falhas ocultas ou não perceptíveis ao pessoal de operação ou não perceptíveis ao
e manutenção.” (KARDEC; NASCIF, 2001, p. 44). Ou seja, atividades pessoal de operação e
realizadas a fim de verificar o correto funcionamento de um equipamento manutenção.
representam esse tipo de manutenção.

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Projeto de Manutenção Industrial

A detecção de falhas ocultas é imprescindível para a garantia da


confiabilidade dos sistemas e quanto mais complexo o sistema melhor deve
ser o preparo do pessoal da manutenção, recebendo assessoria do pessoal da
operação.

A utilização de sistemas informatizados para a realização de controle


do processo é crescente nos mais diversos tipos de indústria, tais como:
arquiteturas de controle, multi-loops e SDCD – Sistemas Digitais de Controle
Distribuído. Sistemas de shut-down ou de trip atuam independentemente
dos sistemas de controle para otimização da produção e visam a garantir a
segurança de um processo quando este sai da faixa segura de operação. Para
tanto, utilizam-se equipamentos eletrônicos programáveis.

Sistemas de shut-down ou de trip: agem de forma independente


atuando na interrupção do sistema produtivo em caso de alterações
que afetem as condições de segurança.

Para tanto, devem ser consideradas as seguintes particularidades,


apresentadas por Kardec e Nascif (2001):

–– Graças aos sistemas shut-down e trip equipamentos, instalações e até


mesmo plantas inteiras estão protegidos contra falhas e consequências
de maior gravidade.

–– Tais sistemas são projetados para entrar em ação imediatamente


à detecção da iminência de algum desvio de funcionamento que
possa comprometer os equipamentos/instalações, a produção ou,
principalmente, a segurança do processo industrial.

–– Os componentes desses sistemas também estão suscetíveis a falhas, o


que pode acarretar na não atuação ou na atuação indevida.

–– Nos casos de processo contínuo a intervenção é feita em períodos


programados, as chamadas Paradas de Manutenção, quando acontece
a verificação de funcionamento, portanto, a probabilidade de ocorrência
de falhas é mais alta no final da campanha em comparação com o início.

Portanto, evidenciam-se as vantagens da adoção da Manutenção


Detectiva, em especial, pela possibilidade de detecção das falhas com
o sistema em operação, possibilitando maior domínio da situação pelo
gerenciamento da manutenção.

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Capítulo 2 Conceitos Básicos da Manutenção Industrial

b) Engenharia de Manutenção

A Engenharia de Manutenção está relacionada a uma mudança cultural


das concepções da manutenção, significando perseguir benchmarks, aplicar
técnicas modernas, buscando um nivelamento com a manutenção utilizada em
países desenvolvidos.

Benchmark: identificar ações adotadas por empresas


referência no setor e buscar sua implantação, adequando-as às
características de sua organização.

Consiste, basicamente, em deixar de ficar consertando para identificar A Engenharia de


as causas básicas da ocorrência de falhas, modificar situações de mau Manutenção está
desempenho para deixar de conviver com problemas crônicos, melhorar relacionada a uma
padrões e sistemáticas, além de desenvolver a manutenibilidade, dando mudança cultural
feedback ao Projeto e interferindo tecnicamente nas compras. (KARDEC; das concepções
da manutenção,
NASCIF, 2001).
significando perseguir
benchmarks, aplicar
A figura 2 ilustra as melhorias dos resultados à medida que são adotados
técnicas modernas,
os tipos de manutenção. Observa-se pouca diferença dos resultados obtidos buscando um
com a Manutenção Corretiva Não Planejada em comparação à Preventiva, nivelamento com
seguindo uma progressão linear. Em contrapartida, com a adoção da a manutenção
Manutenção Preditiva e Detectiva, a tendência é uma considerável melhoria utilizada em países
dos resultados, chegando, então, à Engenharia de Manutenção, sendo esta a desenvolvidos.
que demonstra maior ganho se comparada com as demais.

Figura 2 - Tipos de Manutenção


Fonte: Kardec e Nascif (2001, p. 47).

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Projeto de Manutenção Industrial

Portanto, quanto mais se fizer presente na planta a Manutenção Corretiva,


mais longe estará da Engenharia de Manutenção, pois dificilmente haverá
alguém pensando neste sentido.

O artigo a seguir descreve a aplicação da Manutenção


Industrial no setor sucroalcooleiro e de que forma foi beneficiada
pela aplicação de novas técnicas de manutenção.

COM A ATENÇÃO FOCADA EM GANHO DE


PRODUTIVIDADE, AS USINAS BRASILEIRAS TÊM
INVESTIDO ALTO NOS SETORES DE MANUTENÇÃO

A entrada de empresas estrangeiras no mercado


sucroalcooleiro brasileiro e a necessidade de ser cada vez mais
competitivo têm mudado o paradigma da Manutenção no setor.
Para o consultor Anderson Trigo, que atua com Manutenção
preditiva no noroeste paulista, nos últimos três anos foi possível
perceber uma maior ‘profissionalização’ no mercado. Ou seja, as
usinas estão cada vez mais voltadas para a modernização do setor
e colocam a Manutenção em primeiro plano. Isso significa maior
investimento em tecnologia, qualificação de pessoal e aplicação
de práticas mais modernas. “Historicamente a Manutenção no
setor sucroalcooleiro era feita na entressafra, quando praticamente
toda a usina era desmontada para uma revisão geral e troca de
elementos, o que não garantia que o equipamento funcionasse
perfeitamente durante a safra. A consagrada curva da banheira
mostra que quanto mais se mexe em um equipamento, maior a
probabilidade de se inserir uma falha nele”, explica Trigo. Essa
prática ficou para trás e a boa e velha Manutenção corretiva
está cedendo lugar às novas técnicas, que permitem maior
confiabilidade dos equipamentos e, principalmente, redução de
custos. Planejamento tem sido a palavra de ordem no setor. “A
Manutenção preditiva é um bom caminho. Por meio de testes,
como análises de vibração, análises de óleo e ultrassom, pode-se
saber as condições da máquina e intervir somente se necessário.
E em caso de intervenção durante a safra existe a possibilidade
de fazer uma parada programada, como em dias de chuva, por
exemplo”, completa Trigo. Quando o assunto é economia, o
consultor destaca que técnicas mais modernas podem reduzir
em até 40% os gastos com Manutenção na entressafra. “Houve
uma alteração na cultura do setor em relação à Manutenção, as
empresas deixaram de almejar o menor custo, para ir atrás do

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Capítulo 2 Conceitos Básicos da Manutenção Industrial

melhor custo/benefício”, avalia ele. Outros fatores importantes são


a chegada da automação e o investimento em tecnologia, cada vez
mais presentes nas indústrias. “Antigamente os operadores ficavam
espalhados, isolados. Hoje em dia os Centros de Operações
Integradas – COIs são cada vez mais comuns nas usinas, o que
otimiza o tempo gasto com Manutenção”, informa Trigo.

Fonte: ABRAMAN. Manutenção na Indústria Sucroalcooleira. Revista Manutenção,


Rio de Janeiro, Ed 122. Disponível em: <http://www.abraman.org.br/index.
php?option=com_content&view=article&id=440%3Aedicao-122-combustiveis-de-fontes-
renovaveis-capa&catid=126%3Amaterias&Itemid=98>. Acesso em: 10 set, 2010.

Atividade de Estudos:

1) O que aconteceria com a indústria sucroalcooleira descrita no


texto caso não tivesse adotado as técnicas de manutenção
preditiva?
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2) Relacione os benefícios trazidos pelas técnicas modernas de


manutenção para a indústria descrita no texto.
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Agora que já conhecemos um pouco dos tipos de manutenção industrial


existentes e suas aplicações, convidamos para voltar um pouco no tempo e
compreender de que forma aconteceu a evolução da manutenção industrial e
quais as tendências das práticas aplicadas.

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Projeto de Manutenção Industrial

Evolução e Tendências das Práticas de


Manutenção
A manutenção corretiva não planejada demonstrou uma redução em
seu uso no decorrer do século XX, notando-se que, a partir da década de
60, houve um aumento no nível da planejada, ocasionado pela utilização
da manutenção de condição, a preditiva, pois neste tipo de manutenção as
intervenções realizadas consistem na manutenção corretiva planejada, como
já demonstramos no decorrer do texto. (KARDEC; NASCIF, 2001).

Analisando o contexto da manutenção preditiva, como apresentado pelos


autores, esta se iniciou na década de 40, tornando-se mais presente na década
de 60, motivada, em especial, pelo desenvolvimento eletrônico, apresentando
uma tendência constante de crescimento em sua utilização.

A manutenção detectiva teve seu surgimento na década de 70 e se


mantém com forte tendência de utilização e crescente importância em virtude
da ampla automação das plantas e uso da informática.

A partir dessas considerações, caro(a) pós-graduando(a), percebemos


que independente do tipo da planta ou instalação haverá a possibilidade de
adotar diversos tipos de manutenção, tratando-se de uma decisão gerencial
e que deverá considerar os fatores inerentes à importância do equipamento/
sistema/instalação, aos custos do processo, à oportunidade de utilização
do equipamento e à capacidade de adequação do equipamento ao tipo de
manutenção a ser adotada.

Para tanto, faz-se necessário planejamento adequado das práticas de


manutenção às características da planta.

Dentre as práticas da manutenção, existem pelo menos três que devem


Dentre as práticas ser consideradas básicas: o 5 S’s, Polivalência ou Multiespecialização e a
da manutenção, Manutenção Produtiva Total – MPT.
existem pelo menos
três que devem ser Kardec e Nascif (2001, p. 174) apresentam o programa 5 S’s “como uma
consideradas básicas: estratégia de potencializar e desenvolver as pessoas a pensarem no bem
o 5 S’s, Polivalência ou
comum”. Esta prática tem origem no Japão, o que explica o seu nome, pois
Multiespecialização e a
relaciona os cinco sensos que definem suas atividades principais: seiri, seiton,
Manutenção Produtiva
seiso, seiketsu e shitsuke, que significam respectivamente: organização,
Total – MPT.
ordenação, limpeza, asseio e disciplina. Veja o quadro a seguir:

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Capítulo 2 Conceitos Básicos da Manutenção Industrial

Sensos Atividade Descrição


Seiri Organização Eliminar o supérfluo
Seiton Ordenação Identificar e colocar em ordem
Seiso Limpeza Manter limpo e não sujar
Seiketsu Asseio Manter a arrumação, limpeza e a ordem em geral.
Autodisciplina em que os envolvidos cumprem os demais
Shitsuke Disciplina
princípios com espontaneidade.
Quadro 1 - Programa 5 S’s
Fonte: Yamaguchi, 2005, p.16

A Polivalência ou Multiespecialização abrange os aspectos humanos da


organização dos processos de manutenção, ou seja, valoriza o treinamento
e especialização do funcionário. No contexto em que vivem as organizações,
não há espaço para funcionários que se limitem apenas a realizar a sua
função. A fim de garantir a empregabilidade, o trabalhador deve estar aberto
a novos conhecimentos e habilidades, além de possuir postura favorável ao
desenvolvimento interpessoal e ao conhecimento global da empresa em que
está inserido. (KARDEC; NASCIF, 2001).

Portanto, são fundamentais ao trabalhador atual a disposição e a vontade


de aprender e descobrir novas habilidades, possuir amplo conhecimento
organizacional, domínio da informática, habilidades interpessoais, espírito
de equipe, atitudes positivas, demonstrando possuir iniciativa, senso de
colaboração e opinião própria.

Já a MPT merece um tratamento mais detalhado, o qual será apresentado


na segunda parte deste capítulo.

Atividade de Estudos:

Elabore uma tabela comparativa entre os tipos de manutenção,


relacionando o objetivo, a forma de execução, os fatores para
adoção, as vantagens e as desvantagens.

Tipo Objetivo Execução Fatores Vantagens Desvantagens


Corretiva não-planejada
Corretiva
Planejada
Detectiva
Preventiva
Preditiva
Engenharia de Manutenção
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Projeto de Manutenção Industrial

É crescente a valorização dos Recursos Humanos e do capital


intelectual pelas empresas, levando a formas de retenção de
talentos, pois ainda faltam profissionais qualificados no mercado. O
artigo a seguir apresenta o contexto do fator humano relacionado à
Manutenção Industrial.

O que vem por aí?

Em geral, a Manutenção que se faz no Brasil tem superado o


que se faz em outros países. Essa percepção tem-se confirmado
a cada vez que trocamos informações com profissionais de
Manutenção dos mais diversos segmentos. Mas também é
observado através da interpretação de ferramentas que dispomos
em nossa empresa para avaliar os processos de Manutenção e
efetuar benchmarks de forma globalizada.

Obviamente, também percebemos que em um ou outro


aspecto do contexto existem oportunidades de melhoria para a
Manutenção brasileira. Por outro lado, observa-se, no Brasil, que
o alinhamento entre a demanda de profissionais pela indústria e
a oferta pelas instituições de ensino não estão coerentes. O nível
mais operacional da Manutenção tem sido suprido em recursos
humanos por escolas técnicas profissionalizantes e também pela
ABRAMAN e SENAI através do CEQUAL.

Muito embora tenhamos a percepção de que a capacidade


instalada das instituições não consiga atender toda a demanda da
indústria. Na prática, temos dificuldade de encontrar mão de obra
qualificada no mercado e o que começa a ocorrer é uma disputa
de empresas por profissionais já colocados no mercado. Quando
olhamos sob a questão do ensino superior e seu alinhamento
com as demandas de mercado, percebemos um perfil muito mais
voltado a aspectos de produção industrial e engenharia de projetos
e muito pouco alinhamento de conteúdo para a Manutenção
industrial. O item confiabilidade também é voltado para aspectos
produtivos e pouco voltado à Manutenção.

Se verificarmos em especializações ou mestrados, o cenário


se complica, embora valorizemos o papel pioneiro que a ABRAMAN
tem realizado por meio da promoção regular de cursos de “Gestão
de Manutenção”. Uma vez que os resultados que temos alcançado
com nossos ativos físicos têm sido adequados, onde podemos
melhorar?

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Capítulo 2 Conceitos Básicos da Manutenção Industrial

O parágrafo anterior mostra uma das facetas que teremos


que nos preocupar, ou seja, o Ativo Humano. São questões
que começam a surgir entre os círculos de alta gestão de
uma empresa. Como fazer para manter os ativos humanos
que temos? Algumas empresas desenvolvem programas de
retenções de talentos, outras até possuem “listas de talentos
perdidos” o que já é uma preocupação com o aspecto Ativo
Humano. Entretanto, a questão detrás dessa preocupação não
é necessariamente o ser humano em si, mas, sim, o valor do
conhecimento que ele detém e como esse conhecimento tem
sido aplicado para que a empresa alcance os resultados. Essa
deve ser a próxima grande questão do empresariado brasileiro,
a retenção do capital intelectual de uma organização.

Como fazer para que a perda de um profissional não afete os


resultados operacionais a curto, médio e longo prazos? Essas são
questões importantes que devem ser equacionadas e respondidas
pela sociedade brasileira como um todo.

De forma geral, a indústria brasileira tem tratado o assunto


à sua forma e sob seu limite de competência e recursos. O que
nos fica evidente é que há uma lacuna que deve ser preenchida
com políticas governamentais sérias e voltadas ao crescimento
sustentado da indústria brasileira. Quando essas políticas se
concretizarem, elas serão a base para o posicionamento do Brasil
no cenário econômico mundial. Hilário J. Sinkoc, engenheiro
mecânico graduado pela Universidade Federal de Santa Catarina
e gerente de engenharia de confiabilidade da SKF do Brasil.

Fonte: ABRAMAN. O que vem por aí? Revista Manutenção, Rio de


Janeiro, Ed 120. Disponível em: <http://www.abraman.org.br/index.
php?option=com_content&view=article&id=173%3Aedilcao-120-nossa-
capa&catid=126%3Amaterias&Itemid=98>. Acesso em: 10 abr, 2010.

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Projeto de Manutenção Industrial

Atividade de Estudos:

O artigo apresentado pela Revista Manutenção evidencia


a preocupação na retenção do capital intelectual das empresas.
Por qual motivo se ressalta a importância do fator humano para o
desenvolvimento de uma política de manutenção, mesmo com a
ampla utilização de sistemas informatizados de controle?
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Agora que já conhecemos os tipos de manutenção e algumas práticas a


serem adotadas, seguiremos para a compreensão do processo de manutenção
desde o seu planejamento.
Planejamento da
manutenção consiste
no conhecimento dos
trabalhos a serem Planejamento, Programação e Controle
realizados, quais
são os recursos O conceito de organização da Manutenção evoluiu na medida em que
disponíveis e a houve maior reconhecimento de sua importância nas organizações. Deixou de
partir disso tomar as ser apenas o gerenciamento de recursos para adequação à carga de trabalho
decisões, objetivando para se voltar à solução de problemas, estando alinhada às demais atividades
a normatização das da organização. Dessa forma, possibilitou a maximização dos resultados,
atividades, ordenação aumentando a competitividade face ao mercado. (KARDEC; NASCIF, 2001).
dos fatores produtivos,
contribuição para Araujo e Câmara (2010) sugerem que o planejamento da manutenção
a produção e a consiste no conhecimento dos trabalhos a serem realizados, quais são
produtividade com
os recursos disponíveis e a partir disso tomar as decisões, objetivando a
maior eficiência,
normatização das atividades, ordenação dos fatores produtivos, contribuição
evitando desperdícios
para a produção e a produtividade com maior eficiência, evitando desperdícios
ou retrabalho.
ou retrabalho.

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Capítulo 2 Conceitos Básicos da Manutenção Industrial

Para tanto, deve haver os cuidados necessários para que o gerenciamento


da manutenção não se torne demasiadamente burocratizado, o que
consequentemente levará à perda de seu foco principal.

Na figura 3, a seguir, observamos a inter-relação entre os principais


processos envolvidos na manutenção industrial:

Figura 3 - Principais processos da manutenção


Fonte: Araujo e Câmara (2010)

Vejamos, agora, uma breve descrição de cada processo apresentado por


Araújo e Câmara (2010):

• Gerenciar equipamentos: manter o controle de todos os equipamentos e/


ou máquinas utilizadas para a realização da manutenção.

• Planejar serviços: definir quais as tarefas inerentes para o atendimento do


serviço, bem como qual será a interdependência entre elas.

• Tratar solicitações de serviços: envolve todas as solicitações à manutenção,


incluindo a preditiva e a preventiva, bem como a programação destas.

• Gerenciar recursos: voltado ao controle da disponibilidade dos recursos


humanos pelas diversas plantas da indústria, abrangendo também o
controle das ferramentas e máquinas especiais.

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Projeto de Manutenção Industrial

• Programar serviços: definição diária das tarefas de serviços que deverão


ser executadas no dia seguinte, considerando os recursos que estarão
disponíveis e a possibilidade de liberação dos equipamentos. Recomenda-
se a adoção de prioridades (A – emergência, B – Urgência, C – Normal
operacional, D – Normal não-operacional), a fim de facilitar a programação,
começando pelos serviços de maior prioridade até cumprir toda a tabela.

• Gerenciar execução de serviços: acompanhamento da realização dos


serviços programados para aquela data.

• Registrar serviços e recursos: possibilita a identificação do custo real


do serviço, pois registra as informações acerca do serviço executado,
realizando a apropriação de serviços e recursos.

• Administrar contratos/carga de serviços: envolve a análise desde o


processo de elaboração, fiscalização e controle de qualidade dos contratos,
abrangendo o acompanhamento orçamentário, indicadores de manutenção
até a quantificação dos benefícios proporcionados à organização.

• Controlar padrões de serviços: estabelecimento de padrões de


atendimento para os serviços mais repetitivos na manutenção, a fim de
garantir a qualidade do serviço.

• Administrar estoques: normalmente a área de estoques não tem vínculos


com a manutenção e as organizações possuem sistemas mecanizados de
controle.

A utilização de Sistemas de Controle da Manutenção busca a interação


dos processos da manutenção, identificando quais e quando os serviços
Sistemas de Controle
serão realizados, quais recursos serão necessários, qual o tempo previsto
da Manutenção
para a realização, os custos relacionados, os materiais a serem aplicados,
busca a interação
a necessidade de máquinas e ferramentas. Isso possibilita a adequação
dos processos da
manutenção. do nível de mão de obra, a programação de máquinas, o registro histórico
para embasar análises futuras, além da priorização adequada dos serviços
a serem realizados.

Você poderá observar na figura 4 o fluxograma proposto por Kardec e


Nascif (2001) para a estruturação do Sistema de Controle:

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Capítulo 2 Conceitos Básicos da Manutenção Industrial

Figura 4 - Fluxograma de Estrutura do Sistema de Controle


Fonte: Kardek e Nascif (2001, p. 71).

Na figura 4, os autores demonstram as ações que integram o processo


de manutenção e de que forma elas se relacionam. Pertence ao planejamento
a função de analisar a melhor maneira de execução do serviço, em especial,
quando envolver paradas de produção. Portanto, melhorias na forma de
execução da manutenção, tornando-a mais ágil e segura, devem ser uma
constante preocupação da função de planejamento. A compreensão e a correta
definição do fluxograma a ser utilizado é fundamental para o desenvolvimento
das ações de manutenção.

Dessa forma, tendo claros os processos envolvidos na manutenção


industrial, seus métodos de controle e o seu planejamento, torna-se mais
fácil a compreensão da organização e administração inerentes, como
veremos a seguir.

Organização e Administração
Recursos Humanos e Custos são aspectos fundamentais para a
implantação e sucesso de um Plano de Manutenção Industrial. Assim, a seguir,
veremos qual a relação desses elementos com a manutenção:

41
Projeto de Manutenção Industrial

a) Recursos Humanos

O perfil funcional Temos claro que a Manutenção deve estar voltada para a gerência e a
também sofreu solução de problemas na produção e que se trata de uma atividade estruturada
alterações, em e integrada às demais atividades. Dessa forma, com o desenvolvimento do
especial, porque as conceito da manutenção, profundas mudanças aconteceram na estrutura
ações de manutenção organizacional, pois foram criadas novas atividades e introduzidas na planta,
se tornaram mais envolvendo as relações dos empregados de cada área.
complexas, aumentou
a responsabilidade do O perfil funcional também sofreu alterações, em especial, porque as ações
operador em relação de manutenção se tornaram mais complexas, aumentou a responsabilidade
ao equipamento do operador em relação ao equipamento utilizado e foram criadas funções
utilizado e foram
específicas para a manutenção.
criadas funções
específicas para a
Temos ainda o acentuado desenvolvimento das tecnologias o qual
manutenção.
influenciou fortemente a presença da automação do processo de produção, o
que reduziu o número de operadores, tendendo à necessidade de aumento de
mantenedores, os quais precisam buscar constantemente especializações, a
fim de estar preparados para o atendimento de diversos e complexos tipos de
equipamentos.

Dada a necessidade de mão de obra qualificada e especializada devido


ao quadro funcional mais enxuto e equipamentos repletos de tecnologia,
Kardec e Nassif (2001) apresentam a criação do PNQC – Programa Nacional
de Qualificação e Certificação de Mão de obra – resultado da parceria entre
SENAI e ABRAMAN – Associação Brasileira de Manutenção – que objetiva
corrigir as deficiências existentes na planta.

Passemos, então, para uma análise acerca dos custos envolvidos na


manutenção.

b) Custos

Por algum tempo se acreditava que não havia meios para controlar os
Contudo, para
custos com manutenção, que estes eram muito caros e consequentemente
a análise dos
aumentavam muito o custo do produto final. Tais pensamentos levavam à
custos inerentes
à manutenção, crença de que a manutenção não tinha tanta importância, o que não justificava
recomenda-se a altos investimentos em manutenção. (KARDEC; NASCIF, 2001).
divisão em três
grandes grupos: Um dos itens de controle da manutenção é o acompanhamento de custos
custos diretos, custos e esta análise deve indicar a previsão mensal dos custos, a realização, isto é,
de perda de produção o que foi realmente gasto no mês, o que foi realizado em anos anteriores e o
e custos indiretos. Benchmark, buscando a referência mundial em menor custo em plantas de
mesma tipologia.

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Capítulo 2 Conceitos Básicos da Manutenção Industrial

Contudo, para a análise dos custos inerentes à manutenção, recomenda-


se a divisão em três grandes grupos: custos diretos, custos de perda de
produção e custos indiretos, descritos a seguir, com o auxílio de Kardec e
Nascif (2001):

• Custos Diretos: estão relacionados aos custos necessários para manter


os equipamentos em funcionamento, incluindo a manutenção preventiva,
inspeções regulares, manutenção preditiva, manutenção detectiva, reparos
e manutenção corretiva em geral.

• Custos de Perda de Produção: oriundos das paradas da produção,


causadas por falha do equipamento principal, sem existir disponibilidade
para substituição por equipamento reserva, ou por falha do equipamento
por ação imprópria da manutenção.

• Custos Indiretos: relacionam-se com a estrutura gerencial e o apoio


administrativo. Envolvem análises de estudos de melhoria, engenharia de
manutenção, devendo ser apropriados aqui os custos com aquisição de
equipamentos, ferramentas e instrumentos da manutenção, incluído custos
de amortização, depreciação, iluminação, dentre outros, incluindo aqueles
que não possam ser alocados como custos diretos.

Contudo, devemos considerar que “mais manutenção não significa melhor


manutenção”, como salientam Kardec e Nascif (2001, p. 60), ou seja, deve
haver um equilíbrio entre o nível da manutenção, a disponibilidade operacional
e os custos. Vamos conversar um pouco mais sobre isso.

Figura 5 - Relação Custo- Nível de Manutenção


Fonte: Mirshawka e Olmedo (1993, apud MARCORIM; LIMA, 2003, p. 38).

No gráfico ilustrado na figura 5, verificamos que os custos de manutenção


aumentam inversamente aos custos de parada de produção. Portanto, temos
como momento ideal para manutenção o ponto em que estes custos se
cruzam, pois, então, haverá equilíbrio nos custos relacionados à manutenção.
Podemos observar também que é neste momento que a linha de Custo Total
apresenta menor custo.

43
Projeto de Manutenção Industrial

Tanto a manutenção Observamos com esta situação que tanto a manutenção em excesso
em excesso como como a sua falta pode ser prejudicial à organização, elevando os custos, pois
a sua falta pode no primeiro caso acontece a substituição desnecessária de componentes e no
ser prejudicial à segundo acontece uma elevação das ocorrências de paradas, devido à falta
organização, elevando de manutenção.
os custos.
Portanto, a partir dessas considerações evidenciamos a importância da
manutenção preditiva, pois aumenta a disponibilidade dos equipamentos,
atuando antes da ocorrência da quebra, integrando o Programa de MPT.

A Manutenção Produtiva Total - MPT/TPM


Na sequência, verificaremos como surgiram e evoluíram os conceitos de
MPT.

a) Origem e Evolução da MPT

Também conhecida como TPM (em inglês Total Productive Maintenance)


é o programa de manutenção que envolve todos os colaboradores da
organização, atingindo todos os níveis hierárquicos e departamentos. Teve
seu surgimento no Japão na década de 70, chegando ao Brasil na década
seguinte.

Kardec e Nascif (2001) consideram a MPT como uma derivação da


Manutenção Preventiva que se originou nos Estados Unidos e apresentam seu
processo evolutivo até adquirir as características com as quais a conhecemos
atualmente:

• 1950 – Manutenção Preventiva: intervenções adequadas evitam falhas e


melhoram o desempenho, além de prolongar a vida útil do equipamento.

• 1957 – Manutenção com Introdução de Melhorias: com o objetivo de


facilitar as intervenções e aumentar a confiabilidade são criadas facilidades
nas máquinas e equipamentos.

• 1960 – Prevenção da Manutenção: incorporar ao projeto dos equipamentos


o conceito da não-necessidade de manutenção. Por exemplo, a utilização
de articulações com lubrificação permanente na indústria automobilística
no lugar de pinos de lubrificação regular.

• 1970 – MPT: uma série de fatores mercadológicos tem exigido que


as organizações se tornem mais competitivas, a fim de garantir

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Capítulo 2 Conceitos Básicos da Manutenção Industrial

sua sobrevivência, tais como: eliminação de desperdícios, melhor


desempenho dos equipamentos, redução das paradas por quebras ou
intervenções de manutenção, redefinição do perfil dos empregados
envolvidos com a produção e a manutenção e, principalmente,
modificação da sistemática de trabalho.

Tendo entendido como aconteceu o desenvolvimento histórico da MPT,


buscamos compreender quais os objetivos da implantação do Programa.

MPT busca a eficácia


b) Objetivos da MPT da organização por
meio da qualificação
Como apresentado por Mirshawka e Olmedo (1994), a MPT busca a de pessoal e
eficácia da organização por meio da qualificação de pessoal e melhoramentos melhoramentos nos
equipamentos, além de
nos equipamentos, além de tornar aptas pessoas e organizações para
tornar aptas pessoas
processos produtivos altamente automatizados.
e organizações

para processos
Dessa forma, tem como objetivos: produtivos altamente
automatizados.
• garantia da eficiência das instalações em âmbito geral;

• adoção de uma sistemática de manutenção visando à otimização do ciclo


de vida do equipamento;

• exigência de apoio dos demais departamentos;

• coleta de dados e informações de todos os funcionários;

Os conceitos base da
• ambiente de colaboração mútua, a fim de consolidar ações de melhoria de
MPT consistem em
forma contínua. que cada envolvido
deve exercer o
Na MPT as tarefas mais simples como lubrificação, limpeza, troca autocontrole, deve
de lâmpadas, dentre outras, passaram a ser executadas pelos próprios proteger a própria
operadores, ficando para o pessoal da manutenção as intervenções mais máquina, na
complexas. integração homem-
máquina-empresa
Os conceitos base da MPT consistem em que cada envolvido deve e, ainda, que todos
exercer o autocontrole, deve proteger a própria máquina, na integração devem se preocupar
homem-máquina-empresa e, ainda, que todos devem se preocupar com a com a manutenção.
manutenção.

Agora, pense na empresa em que você atua ou que já tenha atuado e


faça uma comparação com as ações de manutenção que são realizadas e
tente situá-las dentro das tipologias de manutenção já estudadas e o momento
histórico a que está inserida.

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Projeto de Manutenção Industrial

Nesse momento, verificamos a mudança na concepção da manutenção,


passando do “eu uso, você conserta” para “do meu equipamento cuido eu”,
caracterizando a manutenção autônoma, a qual analisaremos a seguir.

Manutenção Autônoma

cada indivíduo deve Para Yamaguchi (2005), com o aumento da exigência em aprimorar
ser responsável a competitividade e reduzir os custos da empresa, passou-se a atribuir à
pelos cuidados com operação algumas atividades da manutenção, tendo por objetivo o aumento
seu equipamento, da vida útil do equipamento, evitando sua deterioração, o que levou ao
surgindo. pensamento de que cada indivíduo deve ser responsável pelos cuidados com
seu equipamento, surgindo, então, a proposta da Manutenção Autônoma
(JISHU-HOZEN).

Mas, para viabilizar este conceito, é necessário desenvolver nos


operadores quatro habilidades principais:

• Capacidade para descobrir anormalidades: saber reconhecer


anormalidades que podem levar à parada do equipamento.

• Capacidade de tratamento e recuperação: executar rapidamente ações


de correção, relatando ao superior ou a outros departamentos, de acordo
com a gravidade.

• Capacidade de estabelecer condições: diferenciar quantitativamente os


critérios de definição de uma situação dentro ou fora da normalidade.

• Capacidade de controle para manutenção da situação: cumprimento


das regras de manutenção pré-definidas, bem como normas de limpeza,
lubrificação e inspeção autônoma com análise dos motivos pelos quais
estas ações não são realizadas. Assim, busca-se a identificação de
oportunidades de melhorias para o processo de forma a facilitar sua
realização.

A figura 6 ilustra os passos da manutenção autônoma, apresentados


por Yamaguchi (2005), relacionando-os com as habilidades descritas
anteriormente.

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Capítulo 2 Conceitos Básicos da Manutenção Industrial

Figura 6 - Relação entre as 4 etapas para domínio na operação


e os Sete passos da Manutenção Autônoma
Fonte: Yamaguchi (2005, p. 14)

Observe, caro(a) pós-graduando(a), que a Manutenção Autônoma


vem reafirmar a característica que a MPT apresenta ao envolver mudanças
culturais dentro da organização, pois se exige o comprometimento individual
do colaborador de forma a atingir os resultados organizacionais desejados.

Como veremos na sequência, a implantação de um Programa de MPT


apresenta inúmeros benefícios para a organização.

MPT até o momento,


Efeitos da MPT podemos dizer que
ela visa, basicamente,
a eliminação das
Com o exposto acerca da MPT até o momento, podemos dizer que
perdas que podem
ela visa, basicamente, a eliminação das perdas que, segundo Yamaguchi
ser causadas por:
(2005), podem ser causadas por: quebra, demora na troca de ferramentas e quebra, demora na
regulagem, operação em vazio (espera), redução da velocidade, defeitos de troca de ferramentas e
produção e queda do rendimento. regulagem, operação
em vazio (espera),
No entanto, para a implementação da sistemática da MPT obter os redução da velocidade,
resultados desejados, deve haver o adequado preparo do funcionário, a fim defeitos de produção e
de que realize a manutenção voluntariamente, a capacitação do pessoal da queda do rendimento.
manutenção, a capacitação dos engenheiros, a fim de projetar equipamentos
que dispensem a manutenção, propiciar um ambiente para estudos e
sugestões de melhorias nos equipamentos.
47
Projeto de Manutenção Industrial

Quebra consiste Consideremos, então, que a quebra consiste na parada do equipamento


na parada do e que o foco da MPT é evitar as paradas não programadas, chegamos ao
equipamento e que entendimento de “Quebra Zero” como a situação ideal para o sistema
o foco da MPT é produtivo, onde não ocorrem paradas acidentais.
evitar as paradas
não programadas, As medidas para obtenção da “Quebra Zero” recomendadas por
chegamos ao Yamaguchi (2005) colaboram para a melhoria da MPT.
entendimento de
“Quebra Zero” como
a situação ideal para
o sistema produtivo,
Quebra Zero Consiste no entendimento de que a quebra é a
onde não ocorrem
falha visível e que esta é causada por uma série de falhas invisíveis,
paradas acidentais.
portanto, se houver consciência por parte dos operadores de que
as falhas invisíveis devem ser evitadas, reduzirá o risco da quebra.
Para tanto, recomendam-se algumas medidas, tais como:

• estruturação das condições básicas;

• obediência às condições de uso;

• regeneração do envelhecimento;

• sanar as falhas de projeto (terotecnologia);

• incrementar a capacitação técnica.(YAMAGUCHI, 2005, p. 17).

Atividade de Estudos:

1) Descreva sucintamente como se deu o desenvolvimento da


Manutenção Industrial.
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Capítulo 2 Conceitos Básicos da Manutenção Industrial

2) O que você entende por manutenção autônoma e por que ela


está tão presente nos planejamentos de MPT?
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3) Analisando tudo o que foi apresentado até o momento, defina


aspectos que deverão ser considerados ao iniciar um programa
de implantação de MPT.
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Algumas Considerações
Analisando o exposto no decorrer deste capítulo, podemos compreender
como os conceitos de manutenção industrial evoluíram ao longo dos anos,
chegando ao formato que observamos atualmente. No entanto, qualquer que
seja a tipologia da manutenção escolhida, ela deve estar condizente com
as características da planta existente na indústria, de forma a atender aos
objetivos principais que são os resultados da empresa.

Em âmbito geral, a manutenção industrial tem como principal objetivo a


garantia do andamento da produção, o que garantirá maior competitividade
face aos concorrentes. Para tanto, busca os menores custos com a maior
disponibilidade de equipamentos possíveis, evitando paradas desnecessárias
ou não programadas.

A manutenção industrial se caracteriza ainda por ter o elemento humano


como fator fundamental, o qual deverá possuir amplo conhecimento e

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Projeto de Manutenção Industrial

especialização, ultrapassando os limites mínimos exigidos para a realização


de sua função. Empresas atuais com essa consciência já buscam formas de
valorizar seu capital intelectual, priorizando funcionários com características
de colaboração, cooperação, bom relacionamento interpessoal e disposição
para o desenvolvimento de novas habilidades e conhecimentos.

Portanto, observamos que o bom gerenciamento e administração da


manutenção industrial podem colaborar consideravelmente no desempenho e
resultado final de uma organização.

No próximo capítulo, buscaremos identificar e reconhecer as principais


ferramentas utilizadas na manutenção, desenvolvendo a habilidade de
análise de possíveis falhas que possam ocorrer durante o funcionamento dos
sistemas, relacionando os processos utilizados para análise e eliminação de
defeitos em equipamentos.

Referências
ARAUJO, I. M.; CÂMARA, J. M. A função da manutenção industrial e seus
processos. Revista O Setor Elétrico, jan. 2010. Disponível em: <http://www.
osetoreletrico.com.br/ose/assets/2c688ee8/fasc_manut_elet_indl_ed48.pdf>.
Acesso em: 15 abr. 2010.

FERREIRA, A. B. H. Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa - Edição


Histórica 100 Anos. Curitiba: Positivo, 2010.

KARDEC, A.; NASCIF, J. Manutenção – função estratégica. Rio de Janeiro:


Qualitymark, 1999.

MARCORIN, W. R.; LIMA, C. R. C. Análise dos Custos de Manutenção e de


Não-manutenção de Equipamentos Produtivos. REVISTA DE CIÊNCIA &
TECNOLOGIA. v. 11, n. 22, p. 35-42, jul./dez 2003, . Disponível em <http://
www.unimep.br/phpg/editora/revistaspdf/rct22art03.pdf>. Acesso em: 15 set.
2010.

MIRSHAWKA, V.; OLMEDO, N. L. TPM à moda brasileira. São Paulo:


Makron Books, 1994.

SANTOS, V. A. Manual Prático de Manutenção Industrial. São Paulo:


Icone, 1999

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Capítulo 2 Conceitos Básicos da Manutenção Industrial

YAMAGUCHI, C. T. TPM – Manutenção Produtiva Total. Instituto de


Consultoria e Aperfeiçoamento Profissional. São João Del Rei, 2005.
Disponível em: <http://icapdelrei.com.br/arquivos/Monografias/Manutencao_
Produtiva_Total_TOSHIO.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2010.

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