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Figura 2 - Mapa da Internet: uma rede resiliente paradigmática em parte por causa de sua livre-escalabilidade e redundância
(Imagem: The Opte Project/Wikimedia)
A Internet é um exemplo familiar de estrutura de rede interconectada. Ela foi inventada pelo
exército dos EUA como uma forma resiliente de prover a comunicação de informações em caso de
ataque. Sistemas biológicos também têm estruturas de rede interconectadas, como podemos ver
por exemplo nos sistemas circulatório e hormonal do corpo, ou os padrões de conexão dos
neurônios. Tecidos danificados até certo ponto podem regenerar-se, e cérebros danificados
frequentemente são capazes de reaprender conhecimentos e habilidades perdidas procurando
conexões neurais alternativas. Os padrões de interconexão, sobreposição e adaptabilidade das
relações de ecossistemas e metabolismos parecem ser a chave de seus funcionamentos. Focando
na redundância, diversidade e plasticidade, exemplos biológicos contradizem extremamente a
noção de “eficiência” usada no pensamento mecanicista. Nossos corpos têm dois rins, dois pulmões,
e dois hemisférios cerebrais, sendo que um pode funcionar ainda que o outro esteja danificado ou
destruído. Um ecossistema tipicamente tem muitas espécies diversas, das quais uma pode ser
perdida sem afetar o sistema inteiro. Por contraste, uma monocultura agrícola é altamente
vulnerável a apenas uma peste ou outra ameaça. Monoculturas são terrivelmente frágeis. Elas são
eficientes apenas se as condições são perfeitas, mas suscetíveis a falhas catastróficas a longo prazo.
(Esta pode ser uma descrição muito boa da nossa atualidade!). Por que a distribuição de estruturas
entre escalas é tão importante? Por causa de uma coisa, é uma forma de diversidade. Por contraste,
uma concentração em apenas algumas escalas (especialmente as de larga escala) é mais vulnerável
a choques. Por outro lado, quanto menor as escalas que compõem e suportam escalas maiores, mais
fácil é a regeneração e adaptação. Quando as pequenas células de um órgão são danificadas, é fácil
para o tecido danificado crescer novamente – o mesmo que reparar os pequenos tijolos de uma
parede danificada.
Então onde estamos hoje? Muitas das nossas cidades foram (e ainda são) moldadas por um
modelo de planejamento urbano que evoluiu de uma era de energia barata de combustíveis fósseis
e um zelo por segregação mecanicista de suas partes. O resultado é que por muitas semelhanças
temos um tipo de cidade rígida não-resiliente; em que, no máximo, tem alguma “engenharia
resiliente” direcionada a um único objetivo, mas certamente não nada “ecologicamente resiliente”.
A resposta é tanto limitada quanto cara. Considere o modelo que adentrou o século 20 de
planejamento urbano definido por estes critérios não-resilientes:
1. Cidade são estruturas de ramificações “racionais” (de cima para baixo, “dendríticas”),
não apenas em vias e passagens, mas também na distribuição das funções.
2. “Eficiência” demanda a eliminação de redundância. Diversidade é conceitualmente
confusa. O Modernismo queria almejava limpeza visual, divisões ordeiras e
agrupamentos unitários, que privilegiassem a larga escala.
3. A idade da máquina dita nossas limitações construtivas e estruturais. De acordo com
a maioria dos teoristas da cidade modernista, a mecanização comanda (Giedion);
ornamentação é crime (Loos); e as mais importantes edificações são expressões
esculturais de arte em larga escala (Le Corbusier, Gropius, et al.).
4. Qualquer uso do “material genético” do passado é uma violação ao espírito da idade
da máquina, e logo pode apenas ser uma expressão de políticas reacionárias; não pode
ser tolerada. Novidade e neofilia devem ser elevadas e privilegiadas acima de todas as
considerações do design. “Evolução” estrutural pode apenas ser permitida de ocorrer
dentro do discurso abstrato da cultura visual, como também nas avaliações e
julgamentos das necessidades humanas por seus(as) próprios(as) (especialidades,
ideologias, estéticas) padrões.
Desta perspectiva da teoria da resiliência, isto pode ser visto como uma fórmula efetiva para
gerar cidades não-resilientes. Não é um acidente que os pioneiros de tais cidades foram, de
fato, evangelistas por uma forma de industrialização dependente de muitos recursos, em um
tempo onde o entendimento de tais materiais era mais primitivo comparado com hoje. Aqui,
por exemplo, é o arquiteto Le Corbusier, um dos mais influentes pensadores do
planejamento moderno, escrevendo em 1935, e dando pistas da expansão moderna: “As
cidades será parte do país; eu devo viver 48 quilômetros do meu escritório em uma direção,
embaixo de um pinheiro; minha secretária irá viver 48 quilômetros longe de mim também,
em outra direção, embaixo de outro pinheiro. Nós dois teremos carros. Nós usaremos pneus,
vestiremos estradas e engrenagens, consumiremos gasolina e óleo. Tudo isso irá necessitar
um grande trabalho... suficiente para todos.”. Tristemente, não há suficiente para todos! Isto
relativamente na breve idade da abundância de combustíveis fósseis – e a não-resiliente
arquitetura urbana que tem expandido ao redor do globo – está rapidamente caminhando
para um fim. Nós devemos nos preparar para o que virá. Da perspectiva da teoria da
resiliência, a soluções não virão de simples ajustes tecnológicos, como alguns cândidos
acreditam. O que será requerido é uma mais profunda análise e reestruturação do sistema
estrutural: admitivelmente não é algo fácil de ser alcançado desde que não gera dinheiro a
curto prazo.
Postscript: uma lição da nossa própria evolução
As pessoas tendem a ser carregadas pelo presente, e pôr ambos o passado e futuro
fora de suas mentes. Mesmo na nossa era de muita informação, o passado é remoto e
abstrato – apenas um conjunto de imagens como qualquer filme. E então nós ignoramos de
onde viemos, o caminho que nos trouxe aqui na nossa maravilhosa cultura tecnológica. Nós
estamos doentemente preparados para ver onde nós devemos na próxima etapa. Para nossa
cultura tecnológica de consumo, amanhã não haverá surpresas. Mas novas pesquisas em
antropologia, antropogenia e genética sugerem que nós humanos, literalmente, criamos a
mudança climática. Graças aos nossos geniais detetives, nós sabemos agora que 195.000
anos atrás, nossas espécies ficaram muito próximas de ser extintas – dificilmente um pouco
mais de 1000 sobreviventes lidaram na costa sul africana para sobreviver, já que uma grande
seca varria o continente. Nossa evidente resposta foi diversificar, e desenvolver muitas novas
fontes de alimentação e tecnologias para obtê-los: anzol, lanças, cestas, urnas e outras
inovações. Uma linguagem mais complexa provavelmente se seguiu, permitindo-nos
coordenar estratégias mais sofisticadas de caça e reuniões. 10.000 anos atrás, ao que parece,
nós nos adaptamos mais uma vez a uma mini-idade-do-gelo, incitando-nos a inovar com
novas tecnologias agrícolas e novas formas de assentamento ao redor delas. Estas inovações
cresceram mais ou menos simultaneamente em muitas partes, então desconexas, do
mundo, sugerindo que o que as causou foi o clima. Nós hoje estamos fascinados com a
terceira grande adaptação na nossa história da mudança climática. Mas desta vez nós, nós
mesmos, causamos isso com nossa própria tecnologia. Se nós vamos nos adaptar
satisfatoriamente, precisaremos entender as oportunidades para inovar novamente, na
forma que projetamos e operamos nossas tecnologias. Nosso estilo de vida confortável (no
rico ocidente, e entre as classes socioeconômicas que podem nos copiar) é
significativamente menos resiliente do que a maioria das pessoas gostaria de admitir, ou
mesmo refletir. Se nós vamos como sucesso de civilização tecnológica de longo termo, nós
teremos que melhorar as lições da teoria da resiliência no coração.
NOTA DOS AUTORES: com esse post nós começamos uma série de 5 partes sobre o conceito
de resiliência, e como designers podem aplicar seus fundamentos.