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RESUMO
O presente artigo tem por objetivo o estudo da prática da “obsolescência programada à luz do Direito
Consumerista”, analisando a origem histórica deste fenômeno, assim como, entendendo suas
consequências na atual sociedade sob a ótica do Direito do Consumidor (lei nº: 8.078/1990). Através
da pesquisa bibliográfica, doutrinária, documental e jurisprudencial, valendo-se do método dedutivo e
da abordagem qualitativa, problematizou-se a efetividade das normas jurídicas e jurisprudenciais
existentes como mecanismos de enfrentamento a essa estratégia comercial que visa o encurtamento
da vida útil dos produtos tornando-os obsoletos de maneira programada, e assim, estimulando a compra
de novos produtos.
ABSTRACT
The purpose of this article is to study the practice of programmed obolescence in the light of the
Consumer Right, analyzing the historical origin phenomenon as its consequences in today’s society (Law
nº 8.078/1990). Through the bibliographical, doctrinal, documentary and jurisprudential research, using
the deductive method and the qualitative approach, the effectiveness of the legal and jurisprudential
norms was challenged as mechanisms to confrot such a commercial strategy that aims at the shortening
of the useful life of the products, making them obsolete in a programmed way, na thus, stimulating the
purchase of new products.
1 Acadêmico de Direito pela Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina (FACAPE). E-mail:
laisbloise@hotmail.com.
2 Professor na Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina (FACAPE). E-mail:
gustavoevelyn@yahoo.com.br.
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1 INTRODUÇÃO
por se mostrar o mais adequado ao tipo de abordagem que se deseja, realizando uma
análise do problema para então apontar o entendimento ora defendido.
Destarte, começaremos a análise doas seções para em seguida chegar-se ao
objetivo final do presente artigo, sendo este, apontar a efetividade das normas
consumeristas para combater a prática da obsolescência programada.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
novos bens, de forma contínua, sem que os produtos já adquiridos tenham sido
usados na sua total potencialidade.
Logo após, em 1932, na publicação de um artigo chamado Ending the
Depression Through Planned Obsolescence – O fim da Depressão através da
Obsolescência planejada –, escrito por Bernanrd London, foi debatida a possibilidade
de a obsolescência programada tornar-se um instrumento reconhecido pelo Estado,
como forma de incentivo ao desenvolvimento com crescimento econômico, propondo
assim que fosse definida a data da obsolescência no momento da produção dos bens
e, tendo sido cumprido o prazo estabelecido pela obsolescência, o consumidor
poderia devolver o produto ao Governo, que forneceria uma espécie de “vale” a ser
utilizado na compra de um novo produto. Bernard London publicou ainda o livro The
new prosperity, em que defendia publicamente que a saída da crise econômica era
tornar a obsolescência programada obrigatória. A obrigatoriedade, entretanto, não foi
implantada oficialmente.
Após a Segunda Guerra Mundial, houve um grande uso da prática da
obsolescência programada, visto que havia uma crise econômica instalada e a
estratégia comercial possibilitava o crescimento da economia baseado na teoria
desenvolvimentista.
Essa ideia de consumismo acelerado foi amplamente usada pelas empresas,
silenciosamente permitida pelo Estado e “comprada” pela sociedade americana, sendo
conhecida como era do hiperconsumo. A indústria cultural contribuiu difundindo esta
ideia, sendo a vinda da globalização o ingrediente para estabelecer o padrão de
consumo americano como o padrão ideal a ser alcançado pelos países menos
desenvolvidos.
Nesse sentido ZygmuntBauman (2008, p.31) reflete que:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados
e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamentos: [...] IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
(BRASIL, CRF, 2018).
O artigo citado acima deve ser analisado em conjunto com a lição dada por Eros
Roberto Grau: “A interpretação do direito é interpretação do direito, no seu todo, não
de textos isolados, desprendidos do direito. (...) Não se interpreta o direito em tiras,
aos pedaços”. A livre iniciativa expressa no artigo 1º, inciso IV, como fundamento da
ordem econômica, confronta-se com uma política protecionista em prol do consumidor
e possivelmente também do meio ambiente. Sobre este confronto, Franco (2014, p.23)
esclarece:
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[...] No condão da livre iniciativa, mesmo que seja um dos pilares da atividade
econômica empresarial, sendo uma de suas consequências naturais, o poder
econômico não se confunde com o abuso de poder, pois incidir em infração à
ordem econômica acarretaria na supressão de direitos fundamentais daqueles
que figuram na relação de consumo.
o que vem sendo considerado é a vida útil do produto como referência temporal. Os
ensinamentos de Garcia (2017, p.248) demonstram:
Como o fornecedor responde pelos vícios ocultos durante o período de vida útil
do produto, será fundamental que o fornecedor informe expressamente qual o
período de vida útil de cada produto nos rótulos ou manuais. Esta informação,
que já pode ser exigida pelo art. 31 do CDC, é de extrema importância não
somente para bem informar o consumidor sobre o prazo que dispõe para
reclamar nos aparecimentos dos vícios ocultos, mas também serve para
melhor orientar o consumidor na hora da compra.
Consumidor tem direito a reparação de falha oculta até o fim da vida útil do
produto e não só durante garantia. O prazo para o consumidor reclamar de
defeito ou vício oculto de fabricação, não decorrentes do uso regular do
produto, começa a contar a partir da descoberta do problema, desde que o
bem ainda esteja em sua vida útil, independentemente da garantia.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA:
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm> Acesso em: 10 mar, 2019.
LEONARD, A. A história das coisas. Da natureza ao lixo, o que acontece com tudo que
consumimos. Rio de Janeiro; Zahar, 2011.
LONDON, B. Ending the depression through planned obsolescence. New York: Out of
copyright, 1932.
SÃO PAULO. Tribunal de Justiça de São Paulo. 2ª Vara do Juizado Especial Cível da
Comarca de Campinas. Ação reparatória n. 114.01.2010.069476-2. Juíza de Direito
Erika Fernandes Fortes. Campinas, 09 ago. 2012c. Disponível em:
<http://www.2.tjsp.jus.br/PortalTJ3/Paginas/Pesquisas/Primeira_Instancia/tjsp_senten
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