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RESUMO
O Transtorno Depressivo é uma patologia de grande incidência na população geral.
Considerando essa realidade e buscando desenvolver instrumento para auxílio na
avaliação de sintomas depressivos, esse estudo teve como objetivo investigar se
comportamentos expressivos gráficos na execução do Teste Bender Gestáltico
podem indicar sintomatologia depressiva. Verificou-se a variável tamanho, rotação,
colisão, perseveração e fragmentação das subpartes das figuras encontradas na
literatura como possíveis indicadoras de sintomatologia depressiva. Para tanto
utilizou-se como referencial de sintomas depressivos o Inventário de Depressão de
Beck (BDI). Este estudo utilizou-se das informações contidas no Banco de Dados
derivados da pesquisa desenvolvida pelo Curso de Psicologia da FACCAT. A
amostra foi composta por 204 sujeitos, de ambos os sexos, voluntários, com idades
entre 17 e 69 anos. Os dados foram analisados estatisticamente através do
programa SPSS 13.0. Realizou-se uma análise de validação concorrente e os
resultados evidenciaram a presença de associação entre algumas das variáveis
estudadas e níveis de depressão.
INTRODUÇÃO
O Transtorno Depressivo é uma patologia de grande incidência na população
geral. De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
(DSM-IV-TR, 2003), o risco, em amostras comunitárias, de desenvolver Transtorno
Depressivo Maior, oscila entre 10 e 25% para mulheres e entre cinco e 12% para
homens. Segundo o manual, estes números parecem não ter relação com etnia,
educação, rendimentos ou estado civil.
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Artigo de pesquisa apresentado ao Curso de Psicologia das Faculdades Integradas de Taquara,
como requisito parcial para aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão II.
2
Discente do curso de Psicologia das Faculdades Integradas de Taquara; E-mail: sandra@tca.com.br
Endereço para contato: Rua Emílio Lúcio Esteves 1288, Taquara-RS; Telefone 51 3542 18 29.
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Professor e Coordenador do curso De Psicologia das Faculdades Integradas de Taquara; E-mail
jeffkrug@faccat.br. Endereço para contato: Av. Getúlio Vargas, 1594, sala 309, Porto Alegre-RS.
Agradecimentos: Ao professor Giovanni Pergher pelo suporte na análise estatística deste estudo. As
colegas Juliana Carminatti, Silvia Schein e Elisangela Jacobs pelo auxílio nas aplicações dos testes.
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Por ser a depressão uma patologia muito presente na população geral, cresce
a necessidade de desenvolver instrumentos para a realização de diagnósticos
precoces, a fim de que o tratamento deste transtorno possa ser realizado antes de
seu agravamento. De acordo com Kessler (1994), apud Atkinson et al, (2002 p. 562),
“os transtornos depressivos são relativamente comuns, sendo que 17% das pessoas
têm um episódio de depressão profunda em algum momento da vida”.
Uma das alternativas para lidar com o aumento gradativo de casos e,
principalmente, obter respostas mais satisfatórias aos métodos terapêuticos
atualmente adotados, é a identificação precoce da depressão, diminuindo, desta
maneira, os riscos de agravamento dos quadros patológicos incipientes. Dessa
forma, percebe-se que há, em nosso meio, a necessidade de se desenvolver mais
instrumentos que auxiliem no diagnóstico da depressão, uma vez que sua
identificação sempre se mostrou controversa (CAMINHA et al, 2003).
Um dos possíveis instrumentos de auxílio ao processo diagnóstico precoce da
depressão são os testes psicológicos. Usualmente, estes testes são utilizados como
instrumentos auxiliares numa avaliação psicológica mais ampla, quando se faz uso
de outras técnicas como entrevistas e observações de comportamento.
Naturalmente, cada um dos testes psicológicos possui uma finalidade, devendo
estar em dia com seus parâmetros de validade e fidedignidade, ou seja, quanto ao
que se pretende medir e quanto à constância destas medições. Neste sentido,
alguns dos instrumentos mais utilizados para o diagnóstico da depressão são os
testes psicológicos.
Nas suas construções, os testes psicológicos devem passar por estudos que
comprovem suas qualidades, garantam credibilidade e reconhecimento perante a
comunidade científica e leiga (NORONHA; VENDRAMINI, 2003). Atualmente, de
acordo com Weschsler (1999), apud Noronha, (2002), o Brasil se encontra em uma
fase de retomada das pesquisas sobre Avaliação Psicológica.
Dentre os testes psicológicos mais conhecidos no país, pode-se mencionar o
Teste Bender Gestáltico (CUNHA, 2000). Alguns estudos indicam que, no caso de
adultos, este teste serve como um instrumento que, de acordo com a forma como é
corrigido, pode ser utilizado para avaliar dificuldades orgânicas ou emocionais, entre
estas a depressão (SILVA; NUNES, 2007).
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1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para a elaboração da fundamentação teórica, optou-se por abordar,
primeiramente, a depressão a partir de suas características epidemiológicas, clínicas
e sociais. Posteriormente, aborda-se de maneira geral o uso de testes psicológicos
para diagnósticos clínicos, os indicadores de depressão em alguns testes de
natureza expressiva gráfica, especificando, no quarto tópico, a construção e
validação de testes psicológicos psicométricos.
Health sobre The Depressive Disorders, em 1973, elaborado por Secunda, Katz,
Friedmam e Schuyler, apud Beck et al, (1997, p. 3), afirmou que: “a depressão
corresponde a 75% de todas as hospitalizações psiquiátricas e que durante qualquer
ano dado, 15% de todos os adultos entre 18 e 74 anos podem sofrer sintomas
depressivos significativos”. Estes dados sugerem que a depressão está entre os
principais problemas enfrentados pela saúde pública atualmente no mundo
(CAMINHA et al, 2003).
Uma das alternativas para lidar com o aumento gradativo de casos e,
principalmente, obter respostas mais satisfatórias aos métodos terapêuticos
atualmente adotados, é a identificação precoce da depressão, diminuindo, desta
maneira, os riscos de agravamento dos quadros patológicos incipientes. Desta
forma, percebe-se que há, em nosso meio, a necessidade de se desenvolver mais
instrumentos que auxiliem no diagnóstico da depressão, uma vez que sua
identificação sempre se mostrou controversa (CAMINHA et al, 2003).
Um dos possíveis instrumentos de auxílio ao processo diagnóstico precoce da
depressão são os testes psicológicos. Usualmente, estes testes são utilizados como
instrumentos auxiliares numa avaliação psicológica mais ampla, quando se faz uso
de outras técnicas como entrevistas e observações de comportamento.
Naturalmente, cada um dos testes psicológicos possui uma finalidade, devendo estar
em dia com seus parâmetros de validade, ou seja, quanto ao que se pretende medir
e fidedignidade quanto à constância destas medições. A fim de aprofundar o estudo
desse tema, passa-se agora a discorrer sobre os instrumentos de testagem
psicológica.
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O fenômeno da rotação, com esta nomenclatura, só pode ser observado em testes nos quais a
instrução se refere à reprodução de estímulos previamente apresentados ao avaliando, como no
caso do Teste Bender Gestáltico, Teste Palográfico e Teste PMK. Neste sentido, não seria possível
constatar rotações em testes como o H-T-P, Desenho da Família, Desenho Livre, entre outros.
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um traço latente, hipótese esta que deve ser demonstrada válida através da
metodologia científica, isto é, o teste empírico” (PASQUALI, 1999 p. 31).
Em decorrência destas descrições, pode-se inferir que a
psicometria em sentido restrito trata da medida de construtos psicológicos ou de
traços latentes por intermédio de comportamentos verbais ou motores que seriam a
representação daqueles traços. Um dos parâmetros com que lida a psicometria é a
legitimidade de tal representação (validade) (PASQUALI, 1999).
Para que o instrumento psicológico tenha reconhecido sua
validade, o mesmo deve avaliar aquilo que se propõe avaliar. Anastasi & Urbina
(2000) nos trazem que não se pode dizer apenas que um teste tem alta ou baixa
validade, mas que é necessário estabelecer a validade considerando o uso
específico para o qual foi elaborado.
Em decorrência dessa necessidade as
correlações/associações entre um novo teste e testes semelhantes mais antigos são
citadas, às vezes, como evidência de que o novo teste mede aproximadamente a
mesma área geral de comportamento que outros testes designados com o mesmo
nome, tais como os “testes de inteligência” ou os “testes de aptidão mecânica”,
foram criados para avaliar. As correlações com outros testes são empregadas de
uma outra maneira para demonstrar que o novo teste está relativamente livre da
influência de certos fatores irrelevantes (ANASTASI & URBINA, 2000).
De acordo com Anastasi (1998), apud Cunha (2000), uma das
validades relacionadas a construto é a validade convergente. Esta verifica se a
medida em questão está substancialmente relacionada a outras formas de medidas
já existentes do mesmo construto. Alta correlação entre um novo teste e similar já
existente é considerada como evidência de que o novo teste mede
(aproximadamente) o mesmo traço de comportamento (ou construto) que o antigo
teste (já validado) estava designado a medir. Outros autores como Thomas (1996),
citam a mesma nomenclatura de validade concorrente, pois aplica duas medidas ao
mesmo tempo. Ela refere à relação entre o desempenho do instrumento de interesse
e o desempenho de outro instrumento semelhante e que já tenha sua validade
conhecida. Portanto, como é apresentado a seguir, neste estudo utilizou-se deste
recurso científico de validação de testes para encontrar a validade convergente
(concorrente) entre um teste reconhecido Beck Depression Inventory (BDI) para
11
2 MÉTODO
O presente estudo caracteriza-se como descritivo-exploratório,
de caráter quantitativo. Segundo Pasquali (1997), pesquisa quantitativa testa, de
forma precisa, as hipóteses levantadas para o estudo e fornece índices que podem
ser comparados com outros. Conforme Jung (2004, p. 61), “os modelos quantitativos
utilizam a elaboração de enunciados analíticos e a descrição matemática das
variáveis e relações existentes entre as mesmas para modelar um determinado
fenômeno”. De acordo com este autor, um estudo exploratório tem por finalidade a
descoberta de teorias e práticas que modificarão as existentes, ou seja, seu objetivo
fundamental é a obtenção de novos princípios para substituírem ou modificarem os
atuais. Assim pode-se definir este estudo como descritivo-exploratório.
Inicialmente, o projeto foi avaliado e aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da FACCAT. Posteriormente foram consultadas as informações
contidas em um Banco de Dados previamente criado pelo Grupo de Pesquisa e que
se encontra em posse do mesmo. A pesquisa que deu origem ao Banco de Dados
consultado teve a participação de 204 pessoas, sendo que parte deste grupo foi
constituído por usuários de Centros de Atenção Psicossocial - CAPS, outra parte por
alunos de Instituições de Ensino e ainda, por pessoas atendidas em Postos de
Saúde da Região da Serra e Vale do Paranhana, no Estado do Rio Grande do Sul.
Quando da coleta dos dados, utilizou-se como instrumentos o
Inventário de Depressão de Beck (BDI), segundo versão brasileira atualizada e com
parecer favorável do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e, na seqüência, o Teste
Bender Gestáltico (TBG). A aplicação dos testes seguiu os modelos sugeridos pela
literatura, a saber: para o Inventário de Depressão de Beck, utilizou-se o manual da
versão em português das Escalas de Beck (Cunha, 2001); e para o Teste Bender
Gestáltico, foram considerados os critérios de aplicação de Koppitz (1989).
O treinamento dos aplicadores foi necessário para que
houvesse padronização na aplicação e correção dos testes psicológicos. Os
protocolos foram corrigidos por três juízes mediante critérios criados e desenvolvidos
pelo grupo de pesquisa baseados na literatura do Teste Bender Gestáltico. Os
resultados levantados foram tabulados e, através do Programa SPSS 13.0,
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Tabela 1
Freqüências e porcentagens relativas
aos dados sócio-bio-demográficos
Tamanho
A seguir apresenta-se uma tabela com os dados coletados para averiguar a
associação entre tamanho na cópia das figuras do Teste Bender Gestático (TBG) e
os resultados obtidos nos protocolos do Beck Depression Inventory (BDI) para
sintomatologia depressiva.
Tabela 2
Resultados da análise de associação através do teste
Qui-Quadrado e o Resíduo Estandardizado Ajustado (REA)
entre a variável “Tamanho” e “Nível de Depressão”
Tamanho (Fig. A) x Nível de Não houve Não houve diminuição) tende a níveis de
depressão. associação associação depressão moderada ou grave.
Tabela 2
Resultados da análise de associação através do teste
Qui-Quadrado e o Resíduo Estandardizado Ajustado (REA)
entre a variável “Tamanho” e “Nível de Depressão” (cont.)
quando alterações severas no tamanho das figuras ocorreram5. Isso nos permite
inferir que o comportamento de “aumentar” ou “diminuir” na cópia destas figuras,
poderia nos indicar a presença de sintomatologia depressiva. Já na Fig. 2 (χ2 =
16,171 e p < 0,01) houve associação entre ”nível de depressão” moderada ou grave
e “tamanho aumentado severo”6 da figura. E nas Fig. 4 (χ2 = 29,412 e p < 0,01).,
Fig. 5 (χ2 = 23,314 e p < 0,03) e Fig. 7 (χ2 = 20,812 e p < 0,01) encontrou-se
associação entre o “nível de depressão” moderada ou grave e “diminuição severa”.
Esses resultados que descrevem associação entre diminuição do tamanho e
depressão reforçam o que se encontrou na literatura. Van Kolck (1984), Grassano
(1996), Hammer (1991), Buck (2003), Corman (2003) entre outros, nos trazem que
perturbações psíquicas nas quais há presença de sintomatologia depressiva
(sentimentos de menos valia, inferioridade, baixa auto-estima etc) apresentam
comportamento expressivo gráfico de diminuição na execução dos testes de
desenho (RETONDO 2000; ESQUIVEL; HEREDIA; LÚCIO, 1994).
Chama atenção, porém, que o aumento do tamanho das figuras também se
associou a níveis de depressão, não indo de encontro com o citado anteriormente
pela literatura. A partir disso pode-se concluir que não há um padrão único de
comportamento das pessoas na reprodução das nove figuras do Teste Bender
Gestáltico (TBG) quanto a variável “tamanho” e “níveis de depressão”. Portanto,
sugere-se que a análise do tamanho das figuras para avaliação de sintomatologia
depressiva sejam feitas considerando-se o comportamento expressivo gráfico em
cada uma das figuras separadamente.
Ainda que os resultados apontem para a ausência de correlação entre “quantas
figuras aumentadas” e o “Escore Bruto do BDI”, o mesmo ocorrendo para “quantas
figuras diminuídas” e o “Escore Bruto do BDI”, quando analisada a associação entre
a “quantidade de figuras aumentadas” e o “nível de depressão” (χ2 = 38,152 e p <
0,02), constatou-se que indivíduos que copiaram sete figuras do TBG aumentadas
tendiam a escores de depressão grave no BDI. Os que reproduziram de quatro a
cinco figuras do TBG aumentadas, obtiveram escores de depressão moderada e os
que copiaram uma figura aumentada apresentaram escore de depressão mínima no
5
Não houve associação na Fig. A, mas o REA sugere o mesmo padrão interpretativo da Fig. 1 e 6.
6
Para fins desta pesquisa, considerou-se “tamanho aumentado severo” quando a figura foi
reproduzida com 50% ou mais de, pelo menos, uma de suas dimensões.
16
Rotação
A seguir apresenta-se a Tabela 3 com os dados coletados para averiguar a
associação entre o comportamento de “rotação” na cópia do desenho do Teste
Bender Gestático (TBG) e os resultados obtidos nos protocolos do Beck Depression
Inventory (BDI) para sintomatologia depressiva.
Tabela 3
Resultados da análise de associação através do teste
Qui-Quadrado e o Resíduo Estandardizado Ajustado (REA)
entre a variável “Rotação” e “Nível de Depressão”
Tabela 3
Resultados da análise de associação através do teste
Qui-Quadrado e o Resíduo Estandardizado Ajustado (REA)
entre a variável “Rotação” e “Nível de Depressão” (cont.)
A análise estatística, cujos dados podem ser vistos na Tabela 3, indicou que
houve associação entre as variáveis “nível de depressão” e “rotação” na Fig. A. (χ2 =
4,24 e p < 0,04), Fig. 1 (χ2 = 8,196 e p< 0,01) e Fig. 7 (χ2 = 6,127 e p < 0,02). Além
disso, o REA sugeriu que os sujeitos que apresentaram o comportamento de
“rotação” alcançaram escores de depressão moderada ou grave nos protocolos do
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BDI. Isso pode indicar que essas três figuras devem ser observadas como possíveis
indícios de sintomatologia depressiva.
Esses dados corroboram o que é afirmado por Clawson (1992), embora esta
autora não tenha indicado quais figuras devem ser observadas para avaliar a
relação entre rotação e depressão. Ela apenas cita que crianças com afeto
embotado e pobreza de impulsos apresentam rotação na cópia do TBG. Já as
Figuras 2, 3, 4, 6 e 8 não apresentaram associação entre as variáveis citadas, assim
como, nenhuma interpretação significativa na análise do REA. Na Fig. 5, observou-
se que, mesmo não ocorrendo associação, não rotá-la durante a cópia do Bender
indicou escores de depressão moderada ou grave no BDI. Isso demonstrou que o
avaliador deve estar bastante atento na correção do protocolo para observar que
este resultado pode ser mais um preditor de sintomatologia depressiva.
De acordo com Hutt (1998), pequenas rotações na Fig. 3 e a leve rotação na
Fig. 6 seriam indicativas de depressão. Os resultados encontrados nessa pesquisa
não sugerem concordância com o que este autor descreve, pois não houve
associação entre “rotação” e “nível de depressão” na Fig. 3 tampouco na Fig. 6 e a
análise do REA não apresentou nenhum resultado significativo.
Além da análise dos resultados de “rotação” investigou-se o “grau de rotação”
das figuras na reprodução do TBG. Observou-se que ocorreu associação entre a
variável “grau de rotação” e “níveis de depressão”, sendo que os indivíduos que
apresentaram “rotação severa”7 nas Fig. A (χ2 = 20,320 p < 0,01), Fig. 3 (χ2 = 12,938
e p < 0,05) e Fig. 8 (χ2 = 16,292 e p < 0,02), atingiram escores de depressão grave
no BDI. Esses resultados nos permitiram avaliar que existem indicativos
significativos de sintomatologia depressiva quando os mesmos estiverem presentes
nos protocolos do TBG.
Dos protocolos que se associaram apresentando grau de “rotação leve”, a Fig.
1 (χ2 = 9,088 e p < 0,02) apontou resultado mais significativo porque a análise do
REA indicou escore de depressão moderada ou grave no protocolo do BDI. Esses
dados também foram observados por Cunha (2000 p. 298) que afirma, “pequenas
rotações têm maior valor que as severas, para indicar desajustamento”. Portanto,
sugere-se que o avaliador, na correção do Bender, preste atenção ao
7
Para fins dessa pesquisa considerou-se “rotação severa” quando a figura foi reproduzida com 45
graus ou mais de rotação.
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Tabela 4
Resultados da análise de associação através do teste
Qui-Quadrado e o Resíduo Estandardizado Ajustado (REA)
entre a variável “Perseveração” e “Nível de Depressão”
χ
2
Perseveração das Figuras p< REA (resíduo estandartizado
ajustado)
Perseveração tende ao nível de
20
Tabela 4
Resultados da análise de associação através do teste
Qui-Quadrado e o Resíduo Estandardizado Ajustado (REA)
entre a variável “Perseveração” e “Nível de Depressão” (cont.)
Colisão
A análise dos resultados que buscou averiguar a associação entre as variáveis
“colisão” de figuras e “nível de depressão” não apontou nenhuma associação. O
REA também não forneceu nenhum resultado capaz de sugerir qualquer tipo de
interpretação. Isso apontou que, neste estudo, o comportamento de colidir figuras
durante a cópia dos desenhos do TBG não deve ser considerado um indicativo de
sintomatologia depressiva. Esses resultados vem ao encontro do que observou-se
na literatura, pois diversos autores consultados como Grassano (1996), Hammer
(1991), Hutt (1998), Alves & Esteves (2004), Esquivel, Heredia, Lucio (1994) e
Cunha (2000) entre outros, não relacionam o comportamento “colisão” de figuras
com traços depressivos.
Tabela 5
Resultados da análise de associação através do teste
Qui-Quadrado e o Resíduo Estandardizado Ajustado (REA)
entre a variável “Fragmentação” e “Nível de Depressão”
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabe-se que para serem considerados confiáveis os resultados dos
instrumentos psicológicos devem apresentar certas características indispensáveis.
Tais condições dizem respeito a evidências de validade, precisão e padronização.
No que se refere ao Teste Bender Gestáltico, desde que foi desenvolvido, diversos
estudos têm buscado criar sistemas objetivos de análise, dado que, a autora,
Lauretta Bender, deteve-se somente a analisar as qualidades visomotoras desse
instrumento.
Esse estudo buscou averiguar a presença de associação/correlação entre os
níveis de depressão e as variáveis: tamanho, rotação, perseveração, colisão e
fragmentação das subpartes durante a execução do Teste Bender Gestáltico.
Conclui-se que, quanto a variável “tamanho”, os resultados mais significativos
fizeram menção ao “alterações severas” (aumentadas ou diminuídas) e a
“quantidade de figuras aumentadas ou diminuídas” como possíveis indicadores de
sintomatologia depressiva. Quanto à variável “rotação”, o indicador principal de
depressão identificado neste estudo relacionou-se ao “grau de rotação severo”. A
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REFERÊNCIAS
ALVES, Irai Cristina ; ESTEVES, Cristiano. O Teste Palográfico na Avaliação da
Personalidade. São Paulo: Vetor, 2004.
24
ATKINSON, Rita L. et al. Introdução à Psicologia. 13. ed. Porto Alegre: Artmed,
2002.
DANCEY, Christine P., REIDY John. Estatística sem Matemática para Psicologia.
Usando SPSS para Windows. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
HUTT, Max L. La Adaptacion Hutt Del Test Guestaltico de Bender. Buenos Aires:
Editorial Guadalupe, 1998.
SISTO, Fermino F.; BUENO, José M.; RUEDA, Fabián J. Traços de Personalidade
na Infância e Distorção de Formas: Um estudo de Validade. Psicologia em Estudo.
Maringá, v. 8, n. 1, p. 77-84, jan/jun, 2003. Disponível em:
<http//www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-
73722003000100010&script=sci_abstract&ting=pt> Acesso em: 28 mar, 2006.