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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE
MOTRICIDADE OROFACIAL

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 3.0

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CURSO DE
MOTRICIDADE OROFACIAL

MÓDULO III

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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MÓDULO III

Neste módulo discutiremos sobre as alterações da mastigação e da


deglutição, bem como as abordagens terapêuticas. Iniciamos com a função da
mastigação.
De acordo com Marchesan (2003) para que a terapia das funções
estomatognáticas seja eficaz, vários fatores estão envolvidos:
1º fator - conhecimento detalhado da função que se pretende organizar. O
desenvolvimento das funções tem características específicas nas diferentes idades,
nas diferentes doenças e nas diferentes tipologias faciais. A autora mostra o
exemplo da mastigação, sendo que não é possível, compará-la em um indivíduo
face curta e a mastigação de uma face longa, como também não se pode comparar
a mastigação de um idoso com a de uma criança. O conhecimento
anatomofisiológico das estruturas que participam da função que se pretenda
trabalhar, bem como seu desenvolvimento é fundamental para o trabalho
terapêutico.
2º fator – é o diagnóstico fonoaudiológico. Devemos saber a causa do
problema, se esta causa ainda está presente ou não, se a queixa não é uma
consequência de outra causa, fatores mantenedores do problema, possibilidades
melhora e tempo de tratamento. Um dado importante a considerar é a causa ou a
consequência, por exemplo, uma mastigação unilateral é a causa de DTM ou a DTM
é a causa da mastigação unilateral.
3º fator – conhecimento do terapeuta sobre o assunto. Para a autora (p. 07)
“Muitos terapeutas acham que sabem trabalhar com as funções orofaciais em qualquer
paciente, pois acreditam que reabilitar as funções de sugar, deglutir, mastigar e respirar
é simples e igual para todas as doenças e idades cronológicas.” O terapeuta que pensa
assim, demonstra não conhecer corretamente as funções e nem sabe como reabilitá-las.

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8 MASTIGAÇÃO

Como vimos no módulo anterior, à mastigação é considerada a função


estomatognática mais importante do sistema estomatognático, é a fase inicial do
processo digestivo, tem grande influência no crescimento
e no desenvolvimento do sistema estomatognático, além
de quando mastigamos, utilizamos vários músculos, e com
isto, uma boa mastigação pode
ser considerada um trabalho Os  hábitos  alimentares,  com  a 
ingestão  preferencialmente  de 
preventivo para alterações alimentos  macios,  até  moles, 
têm  preocupado  muito 
orofaciais. pesquisadores,  que  salientam 
que  este  pode  ser  o  fator 
etiológico  do  aumento  da  má 
FONTE: Disponível em: <http://nestle.terra.com.br/wp- oclusão. 
content/uploads/2009/03/vidaesaude_fresca_2.jpg>. Acesso em: 21 set. Alimentos mais duros aumentam 
a  força  mastigatória,  já  os 
2010. alimentos  mais  macios 
diminuem  esta  força,  pois  não 
há  necessidade  de  muita 
Vimos também às fases mecânicas da mastigação – mastigação.  Também,  os 
alimentos  macios  não 
incisão, trituração e pulverização e o padrão correto promovem  o  desgaste  natural 
dos  dentes,  com  isso  não 
mastigatório, que deve ser bilateral alternado. Mas, nem fornecem  estímulos  suficientes 
para  favorecer  o  crescimento 
sempre este padrão está adequado, é o que veremos a das bases ósseas – da mandíbula 
do lado do balanceio e da maxila 
seguir. do lado de trabalho. 
(Felício, 1999) 

8.1 ALTERAÇÕES NA MASTIGAÇÃO

A mastigação é considerada um estímulo para a continuidade e manutenção


do crescimento e desenvolvimento do sistema estomatognático. Com uma
mastigação correta estimulamos os músculos, a saúde das ATMs e do periodonto,
não só pelo movimento realizado, mas também porque é a partir da mastigação que
muito dos nutrientes que necessitamos para nossa saúde física, para a constituição

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física são obtidos. Ao morder o alimento e colocá-lo na boca, duas metas devem ser
atingidas: esse alimento deve ser reduzido a partículas muito pequenas para serem
deglutidos e a saliva deve ser misturada a esse alimento, para formar o bolo
alimentar (Felício, 1999). Cattoni (2004, p. 277) salienta que os objetivos da
mastigação são:
 “Fragmentar os diversos alimentos e prepará-los para a deglutição e
digestão;
 Promover ação bacteriana sobre os alimentos para formar o bolo
alimentar;
 Proporcionar o desenvolvimento dos ossos maxilares e
 Manter os arcos dentários com o estímulo funcional.”
A mandíbula tem articulações bilaterais com anatomia igual, sendo formadas
por duas hemiarcadas simétricas, portanto, deve ter condições para funcionar
igualmente de ambos os lados, por isso o padrão mastigatório deve ser bilateral
alternado (Marques Jr e Lenci, s/d). Se a mandíbula tem condições para tal, o
padrão bilateral alternado, multidirecional, é o modelo de mastigação fisiológico ideal
do ser humano, pois é apropriado para o estímulo de todas as estruturas de suporte,
para a estabilidade da oclusão e para a limpeza dos dentes (Marques Jr e Lenci,
s/d). Esse padrão é fundamental para a manutenção do equilíbrio oclusal, pois
promove uma distribuição uniforme das forças mastigatórias no tecido que suporta
os dentes, o que não acontece quando a mastigação é unilateral. Um padrão correto
de mastigação promove também sincronia nas atividades dos músculos da
mastigação, contribuindo para um desenvolvimento, crescimento e estabilidade dos
arcos dentários, além de permitir o desenvolvimento normal e equilibrado da
mandíbula. Além de mastigar bilateralmente, os lábios devem estar fechados, sendo
considerado assim um padrão maduro de mastigação (Cattoni, 2004, Marques Jr e
Lenci, s/d, Pastana, Costa e Chiappetta, 2007). Esse padrão só é conseguido na
presença de dentes, de equilíbrio oclusal, de contatos prematuros ou da ausência de
interferências dentais, de um bom funcionamento e estabilidade das ATM e da
maturação neuromuscular (Bianchini, 2005), ou seja, é necessário ter condições
anatômicas adequadas e saúde dos dentes. A mastigação bilateral alternada é
essencial na prevenção dos distúrbios miofuncionais, pois estimula constantemente
a musculatura orofacial, com isso contribui para que a face fique harmoniosa, sendo,

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portanto, de grande importância no crescimento crânio facial (Pastana, Costa e
Chiappetta, 2007).
Vamos relembrar como ocorre o ato mastigatório - no lado de trabalho, o
atrito oclusal produzirá um esforço mastigatório com intrusão fisiológica dos molares
ao canino, levantando muito pouco o plano oclusal de trás para frente. Ao mesmo
tempo, no lado do balanceio, a mandíbula caminha abaixo e os dentes perdem
ligeiramente o contato oclusal no final da excursão lateral mandibular. Procuram,
então, o contato com o antagonista, sofrendo uma compensação fisiológica, a qual
levará dente e osso alveolar a uma busca de contato oclusal com os dentes
antagonistas neste momento. Quando a mastigação for bilateral e alternada,
ocorrerá intrusão fisiológica do lado de trabalho e compensação fisiológica do lado
de balanceio, estabelecendo, desta forma, uma situação do plano oclusal ideal. Essa
é a melhor condição para obtermos o equilíbrio fisiológico do sistema mastigatório
(Marques Jr e Lenci, s/d). Durante a mastigação bilateral, alternam-se os lados e
com isso realizam-se rotações condilares mandibulares. A alternância dos lados é
importante para que ocorra desgaste simétrico dos dentes, estimulação de maneira
proporcional das duas articulações temporomandibulares, além de estimular o
crescimento facial harmônico (Oncins, Freire e Marchesan, 2006). O que ocorre
então quando a mastigação não é ideal?

8.2 MASTIGAÇÃO UNILATERAL

É o padrão mastigatório em que é observado que a trituração e a pulverização


do alimento são realizadas exclusivamente ou predominantemente em um dos lados
da boca. Várias alterações podem ocorrer em decorrência de uma mastigação
unilateral, como: maior depósito de tártaro; maior perda óssea do lado que não está
sendo utilizado; desvios no desenvolvimento, que poderão acarretar alterações de
ordem morfológicas em todo o sistema estomatognático. Algumas vezes a
mastigação unilateral ou restrita é um modelo de conveniência ou de adaptação à
dor, à perda dos dentes e às desarmonias oclusais (Marques Jr e Lenci, s/d). No
padrão unilateral de mastigação ocorre estímulo inadequado do crescimento

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dentofacial; estimula apenas as estruturas do lado do trabalho, impedindo assim que
do lado do balanceio ocorre desgaste fisiológico das
cúspides dentárias, podendo ocorrer interferências
oclusais bem como a instalação de placas bacterianas. O
crescimento dentofacial inadequado ocorre, pois mastigar
de um lado só, favorece maior desenvolvimento
posteroanterior da mandíbula do lado do balanceio e maior
desenvolvimento da maxila do lado do trabalho, isto se
deve a disfunção neuromuscular, levando a pessoa a
apresentar uma assimetria muscular. (Douglas, 2002,
Cattoni, 2004, Pastana, Costa e Chiappetta, 2007). Veja
exemplo na figura F.2. Uma mastigação unilateral pode
levar também a assimetria das bochechas, pois o lado que
está sendo usado para mastigar fica hipertrófico, além de
a musculatura apresentar maior potência do lado do
trabalho, principalmente o bucinador, masseter e temporal,
já a musculatura do lado do balanceio tem a força
diminuída e fica mais alongada (Cattoni, 2004).

FONTE: Cattoni, D. M. Alterações da mastigação e deglutição. In FERREIRA, L. P.; BEFI-LOPES, D.


M.; LIMONGI, S. C. O (org). Tratado de fonoaudiologia. São Paulo: Roca, 2004, p. 280.

8.3 MASTIGAÇÃO BILATERAL SIMULTÂNEA

Mastigação que ocorre simultaneamente dos dois lados, com predomínio de


movimentos verticais da mandíbula, sem os movimentos laterais e rotatórios,
também conhecido como mastigação em charneira.
As possíveis causas são: má oclusão classe III de Angle, pois apresentam
dificuldade nos movimentos laterais e rotatórios da mandíbula devido à posição da
maxila em relação à mandíbula; casos de acentuada sobremordida; interferências

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oclusais do balanceio que impedem os movimentos de lateralidade (Felício, 1999,
Cattoni, 2004).

8.4 MASTIGAÇÃO SEM VEDAMENTO LABIAL

O paciente por algum impedimento não consegue fechar os lábios durante a


mastigação. Pode ocorrer devido à respiração oral ou oronasal, hipotrofia ou
hipofunção dos músculos levantadores da mandíbula e falta de força mastigatória;
lábios abertos ou entreabertos quando em repouso; hipofunção de lábios e de
bochechas; lábio superior retraído e/ou inferior com eversão e falta de
propriocepção. Estes fatores também podem interferir na lateralização do alimento
(Cattoni, 2004).

8.5 MASTIGAÇÃO COM RUÍDO

A mastigação deve ser silenciosa, quando se escuta ruídos deve-se verificar


a causa, que pode ser indicativo de hipofunção da musculatura da mastigação ou da
exagerada atividade da língua, às vezes, para compensar uma mastigação
ineficiente, ou do amassamento do alimento contra o palato, juntamente com o
vedamento labial (Cattoni, 2004).

8.6 MASTIGAÇÃO COM EXAGERADA PARTICIPAÇÃO DA MUSCULATURA


PERIORBICULAR E COM EXAGERADA CONTRAÇÃO DO MÚSCULO MENTUAL

Geralmente é sinal de mastigação ineficiente, em pessoas com lábios


abertos ou entreabertos em repouso (pode estar relacionado à respiração oral). Para
Cattoni (2004, p. 282) “essas condições podem estar associadas ao movimento

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posteroanterior de língua durante a mastigação, pois a musculatura periorbicular,
auxiliada pelo músculo mentual, entra em hiperfunção para conter o movimento da
língua.” Esse padrão de mastigação é observado em paciente com face longa, que
apresentam os músculos da face estirada e hipofuncionante.

8.7 MASTIGAÇÃO RÁPIDA

O ciclo mastigatório de um alimento mais duro, como uma cenoura crua,


uma maçã, leva até 0,48 segundo, pois é necessário mastigar mais, chegando a
realizar 2,1 golpes/segundo para triturar e pulverizar este alimento. Se a mastigação
rápida indica um número pequeno de ciclos mastigatórios, consequentemente leva a
uma má trituração e pulverização, podendo dificultar a deglutição, pois o alimento é
engolido em pedaços, antes da formação do bolo alimentar homogêneo, podendo
causar problemas digestórios. Observa-se esta alteração principalmente em
respiradores orais ou oronasal, em que o alimentar “compete” com a respiração.
Outras causas podem ser: falta de propriocepção e falta de força mastigatória devido
à hipofunção da musculatura da mastigação (Douglas, 2002, Cattoni, 2004).

8.8 MASTIGAÇÃO LENTA

Pode estar relacionada a disfunções da ATM e de limitações dos


movimentos mandibulares. Em pacientes, pós-cirurgia ortognática e queimados
também pode ser observado (Cattoni, 2004).

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8.9 MASTIGAÇÃO ANTERIORIZADA

Ocorre devido à perda dos dentes posteriores, observa-se nesses casos


hipertrofia dos músculos periorais.

8.10 MASTIGAÇÃO COM MOVIMENTOS MANDIBULARES LIMITADOS

A média da abertura da boca1 é de 40 a 60mm, quando o paciente não


apresenta uma amplitude limitada da boca durante a mastigação pode ser de origem
muscular e/ou articular. Pode ser observada em pacientes queimados, também nos
portadores de desproporções maxilomandibulares, que pode ser encontrada após
cirurgia ortognática.

8.11 ALTERAÇÕES DA MASTIGAÇÃO NAS DISFUNÇÕES DA ARTICULAÇÃO


TEMPOROMANDIBULAR

A ATM tem função importante na mastigação, é ela que liga a mandíbula ao


osso temporal, permitindo movimentos de dobradiça e ação de deslizamento. É uma
articulação dupla, com movimentos sincronizados entre as duas articulações,
constituindo uma única articulação bilateral.
As alterações funcionais da ATM são chamadas de disfunções
temporomandibulares (DTM), abrangem uma série de alterações clínicas,
envolvendo a musculatura mastigatória e a estrutura articular, ou ambas. Nas
alterações de ATM, não só a mastigação estará alterada, mas outras funções do

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As medidas de abertura de boca variam dependendo dos dados das pesquisas – Bianchini (1998) encontrou
entre amplitude de abertura de 45 a 60mm para o adulto, Ríspoli e Bacha (1998), apresentaram dados de 40 a
45mm, Rodrigues (2000) 40mm, portanto aqui usei a medida mínima e a máxima citadas.

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sistema estomatognático poderão estar comprometidas (Bianchini, 2005). A dor é
um sintoma associado às DTM, principalmente durante a mastigação, o que
compromete esta função, pois os movimentos mandibulares ficam limitados. O que
ocorre geralmente é o paciente passar a utilizar alimentos mais pastosos e engolir
os alimentos rapidamente. Na DTM todas as fases da mastigação estão
comprometidas, o ritmo mastigatório é lento, com movimentos mandibulares
predominantemente verticais. O padrão mastigatório mais frequente apresentado por
esses pacientes é o unilateral, e geralmente do lado da ATM comprometida, pois o
movimento condilar deste lado apresenta menor amplitude, com isso evita traumas
(Cattoni, 2004).

8.12 EXAME DA MASTIGAÇÃO

É raro aparecer um paciente no consultório com a queixa: minha mastigação


não está adequada. Geralmente ele aparece no consultório com outras queixas, e
na avaliação descobre-se um padrão alterado de mastigação. Muitas vezes o
paciente nem percebe que mastiga errado, de um lado só, portanto a avaliação deve
ser realizada de uma maneira completa. A avaliação é um todo – analisar a
musculatura facial, a postura de cabeça, ombros, lábios, língua, a respiração. Na
anamnese, é importante prestar atenção sobre o que e como o paciente relata que
come, se modificou a consistência dos alimentos, se tem dores enquanto mastiga,
se percebe ruídos, estalos durante a mastigação. Pode-se perguntar na anamnese
como foi e como é a alimentação atual, o que ele gosta de comer, ou o que ele
realmente prefere comer, se percebe alguma dificuldade com relação à consistência,
o tempo de mastigação, se já observou se a mastigação é uni ou bilateral, se é lenta
ou rápida, se ingere muito líquido durante a refeição, se mantém os lábios fechados
ou mastigam de boca aberta (Junqueira, 2005).
Para Bianchini (2005) o exame da mastigação, consta de duas partes, que
são fundamentais: análise das estruturas e a análise funcional.

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1- Análise das estruturas

 Verificação das estruturas – é realizada a verificação dos lábios,


bochechas, músculos mentual, língua e palato mole, analisando simetria/assimetria,
tonicidade, mobilidade e funcionalidade (Bianchini, 2005).
 Palpação e verificação da musculatura – a palpação muscular fornece
dados em relação à massa muscular, posição, simetria muscular e se existe pontos
dolorosos. Deve ser realizado nos músculos masseter, temporal,
esternocleidomastóideo, supra-hióideos, os músculos cervicais, o trapézio e o
peitoral. A palpação deve ser realizada de suavemente, evitando dores intensas. Se
o paciente relata dor em algum destes músculos, devemos associar a DTM. Os
músculos, orbicular da boca, levantadores e abaixadores de lábios e mentual,
devem ser verificados também, bem como o bucinador, em que pedimos ao paciente
para contrair a bochecham enquanto o avaliador oferece contrarresistência com o
dedo indicador dentro da boca. Na verificação de simetria/assimetria, potência e
velocidade de contração dos músculos levantadores (masseter e temporal),
solicitam-se ao paciente que aperte os dentes com força enquanto o avaliador
coloca os dedos sobre o músculo, ora o masseter, ora o temporal, dos dois lados,
assim pode perceber a contração. A contração dos masseteres pode ser verificada
solicitando-se ao paciente que abaixe totalmente a parte posterior da língua com os
dentes levemente afastados. Com a contração dos depressores da mandíbula e sem
poder abri-la, haverá contração simultânea dos levantadores. Ao realizarmos a
palpação podemos ter indícios de como a musculatura está reagindo ao
desequilíbrio oclusal e/ou funcional ou até emocional (Felício, 1999, Bianchini,
2005).
 Descrição da situação dentária e oclusal – geralmente são fornecidos
pelo dentista, mas, é importante, antes de oferecer o alimento para examinar a
mastigação, observar a saúde bucal (verificando cáries, perdas dentárias), tipo de
oclusão e de mordida, posição da linha média dentária e esquelética. Se o paciente
apresentar alterações nesse aspecto, as alterações da musculatura ou mastigatórias
observadas poderão ser em decorrência do estado dental e oclusal, em que a

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atuação do dentista ou ortodontista deve ser anterior ao nosso trabalho (Bianchini,
2005).
 Descrição da tipologia facial e relação posteroanterior das bases
ósseas – a mastigação está associada ao tipo de face. Pacientes com face longa
apresentam uma musculatura menos potente, a mastigação é mais lenta ou com
menor vigor, já na face curta, observa-se geralmente mastigação mais vigorosa, com
ritmo mais intenso, maior facilidade de vedamento labial e utilização do mecanismo
bucinador. A mastigação nestes casos não é alterada, mas sim adaptada ao tipo de
face. Na retrognatia, no prognatismo também pode-se observar adaptações à
mastigação, para aumentar o espaço funcional intraoral (Bianchini, 2005).
 Verificação dos movimentos mandibulares – o avaliador deve solicitar a
realização lenta da abertura, fechamento, lateralização e movimento mandibular
protrusivo. Observar: ocorrência de desvio no percurso, limitações em sua amplitude
e/ou presença de ruídos articulares. A medida da abertura máxima da boca é
realizada com um paquímetro ou uma régua pequena (10cm), verificando-se na
vertical, mesmo se houver desvio intenso na abertura (Bianchini, 2005).
 Análise das funções estomatognáticas – avaliar a respiração,
deglutição e fonoarticulação (Bianchini, 2005).
2- Avaliação funcional da mastigação – após a verificação das estruturas,
realiza-se a avaliação da mastigação propriamente dita, que deve ser realizada com
alimento. O alimento ideal é o que favoreça a visualização da mastigação e que não
cause atipias erroneamente (Junqueira, 2005). Os alimentos mais utilizados para
avaliar-se a mastigação é o pão francês ou a maçã. Durante a mastigação, o
avaliador deve observar (Bianchini, 2005, p.56):
 Movimentos mandibulares quanto à direção e amplitude;
 Utilização dos músculos orbicular da boca e bucinador;
 Preferência do lado de mastigação ou utilização bilateral;
 Excursão condilar e ruídos articulares durante os ciclos mastigatórios;
 Apoio ou modificação da posição de cabeça auxiliando o movimento
mandibular e
 Relação com a respiração e deglutição.

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Junqueira (2005) complementa que se deve observar
 Como foi o corte do alimento;
 Com que dentes ele mordeu e qual o tamanho do alimento que ele
colocou na boca;
 Mastiga com lábios fechados ou abertos;
 Mastiga com ou sem ruídos;
 Interposição do lábio inferior;
 Mastiga dos dois lados com alternância.
Em relação à avaliação das estruturas Felício (1999, p. 96) salienta que elas
devem ser “avaliadas de acordo com suas características morfológicas, o papel que
desempenham em diferentes situações e o relacionamento com os diferentes
componentes do sistema, tomando-se como parâmetros os padrões de normalidade
e considerando-se as suas variações.” Na avaliação da mastigação propriamente
dita, o primeiro aspecto a ser observado é se a pessoa consegue morder ou se corta
o alimento em pedaços para colocar na boca, se morde, quais os dentes utilizados
para esta função.
Muitas vezes é necessário outros exames para completar o diagnóstico
diferencial, necessitando muitas vezes de uma reunião de caso com os profissionais
que estão atendendo o paciente, definindo-se o diagnóstico, o tratamento e a
hierarquia de trabalho. Após a coleta de todos os dados é preciso analisar se existe
relação entre os diferentes aspectos coletados, a partir das conclusões, definem-se
as metas terapêuticas.

8.13 ASPECTOS DA TERAPIA

Bianchini (2005, p. 56) afirma que “o objetivo do fonoaudiólogo em relação


às funções estomatognáticas é promover a estabilidade funcional.” Devemos buscar
sempre o equilíbrio do sistema estomatognático. Para tanto, Felício (1999) afirma

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que se deve fazer o seguinte questionamento: Existe relação entre as desordens?
Se existem, quais? Respondida essa questão, elabora-se a proposta terapêutica.

Proposta terapêutica miofuncional

É iniciada pelo trabalho proprioceptivo, com o objetivo de reconhecer as


tensões compensatórias que utiliza durante as funções, conhecer e identificar os
hábitos nocivos e das modificações funcionais que existem, sejam elas, alterações
ou adaptações funcionais. Após a identificação das situações, geralmente o paciente
desencadeia uma modificação funcional imediata, definindo suas possibilidades
funcionais e posturais.
Quando as condições morfológicas permitirem, inicia-se o trabalho da
mastigação propriamente dita. O trabalho direto com a função é muito benéfico, pois
a própria coordenação e o tônus são necessários à estabilidade das outras funções
estomatognáticas. O trabalho inicia-se com a percepção da mastigação. É solicitado
ao paciente que observe atentamente uma refeição – conte os ciclos mastigatórios,
sentir o lado que mastiga, a movimentação da língua, a utilização do bucinador, a
força empregada, número de deglutições que faz enquanto mastiga, ou seja, tente
captar tudo o que faz enquanto mastiga (Bianchini, 2005).
Os exercícios visando à adequação do tônus muscular ou a coordenação
dos movimentos mandibulares devem ser realizados sempre que necessários.
Algumas condutas e cuidados (Felício, 1999, Bianchini, 2005:
 Não utilizar sobrecarga muscular nos exercícios;
 Evitar a abertura bucal excessiva durante os exercícios;
 Relaxar a musculatura em hiperatividade (geralmente a levantadora e a
cervical);
 Os movimentos mandibulares devem ser treinados até a limitação do
paciente e sem propiciar desvios ou ruído articulares;
 Objetos de borracha, látex ou silicone devem ser evitados ou utilizados
com muita cautela.

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Em relação ao uso de objetos artificiais, Bianchini (2005) afirma que esses
objetos promovem um aumento de massa e tônus muscular, mas não trabalham a
mastigação em sua fisiologia normal, pois não ocorre trituração e pulverização; os
ciclos mastigatórios são sempre iguais, mesma amplitude e mesma força,
consequentemente a musculatura mastigatória é utilizada de maneira excessiva ou
deletéria; o aumento do tônus adquiridos por meio desses exercícios costuma
perder-se com a falta de treino, como é uma “coisa” artificial, não entra na rotina do
paciente. Quando os exercícios são realizados com alimentos, torna-se natural, e
como A FUNÇÃO QUE MANTÉM O TÔNUS, o tônus que aumentou, continua. Usar
alimentos de consistência variada para trabalhar a função mastigatória, é o mais
adequado, pois facilita o controle da função, garantindo o aprendizado e
consequente modificação funcional.
Durante os treinos de mastigação a musculatura deve ser trabalhada
intensamente, com treino de mastigação unilateral (mastigar uma porção de um lado
e a porção seguinte do outro, alternando os lados) no início, para que o paciente
perceba melhor a musculatura e os movimentos utilizados. Assim que ele tem o
controle básico da mastigação, o paciente pode passar a mastigar bilateralmente
com alternância (Bianchini, 2005).
Não podemos esquecer que às vezes é necessário adequar o tônus da
língua, relaxar a musculatura perioral, quando faz uso exagerado desta musculatura;
se apresentar respiração oral, sendo que esta pode ser a causa de uma mastigação
inadequada, deve-se corrigi-la, ou seja, não podemos pensar somente na
mastigação, mas ver o paciente como um todo, adequando outras funções, se
houver necessidade.

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9 DEGLUTIÇÃO

Deglutir é o ato de engolir o alimento da cavidade oral até o estômago, é


uma atividade neuromuscular complexa em que músculos da respiração e do trato
gastrointestinal e seis pares de nervos cranianos (trigêmeo, facial, glossofaríngeo,
vago, acessório espinhal e hipoglosso) estão
atuando para movimentar este complexo muscular.
A interposição de língua na 
A deglutição pode ser iniciada conscientemente, deglutição durante a fase da 
dentição decídua ou na troca dos 
durando de 3 a 8 segundos, sendo que durante a
dentes é bastante comum e 
fase oral dura cerca de um segundo e completa considerado normal, pois grande 
parte das crianças apresenta essa 
mediante a integração no sistema nervoso central projeção sem alterações oclusais 
evidentes. 
de impulsos aferentes e eferentes, organizados no Marchesan, 2005, p.61
centro da deglutição. Quando alguma intercorrência
ocorre no trajeto do alimento da boca até o
estômago, a deglutição está alterada. Ela pode ser atípica ou adaptada, quando
ocorre na fase oral.

9.1 FORMAS DE DEGLUTIR

Marchesan (2005) apresenta as características consideradas atípicas na


deglutição:
Deglutição com interposição lingual – é a
deglutição em que a língua é projetada anteriormente
(mais encontrada) ou lateralmente. Pode ser observada
na mordida aberta anterior ou lateral (Cattoni, 2004,
Marchesan, 2005).

FONTE: Disponível em: <http://www.sorriaortodontia.com.br/imagens/8/o_que_e.jpg>. Acesso em: 18


set. 2010.

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1. A mordida está aberta devido a interposição da língua ao deglutir ou se
a língua se interpõe porque a mordida está aberta, devemos fazer este
questionamento. Marchesan (2005) afirma que a maior parte dos autores acredita
que devido à mordida aberta, a língua é projetada na deglutição e não o contrário.
Nas hipotonias ou tamanho desproporcional da língua, também se observa
interposição.

2. Deglutição com presença de contração da musculatura


periorbicular – em geral, a contração ocorre quando há, ou houve projeção de
língua anteriormente. A contração é um reflexo natural, evitando que a língua se
projete para fora, trazendo o alimento a ser deglutido. Quando ainda ocorrer a
projeção de língua, primeiro deve-se tratar a contração, pois, se o paciente contrai a
musculatura devido a projeção, não adianta antes tratar a contração. Discrepância
óssea entre a maxila e a mandíbula no sentido sagital, também pode ser causa da
contração exagerada da musculatura periorbicular, pois a discrepância óssea não
permite vedamento labial normal, consequentemente os lábios tendem a se contrair
mais fortemente durante a deglutição. Neste caso, o tratamento das bases ósseas
deve ocorrer antes do fonoaudiológico, senão não conseguiremos evitar a
contração. Outra causa da contração exagerada é a face longa, neste caso a maxila
está aumentada verticalmente, dificultando o correto vedamento labial em repouso e
nas funções (Cattoni, 2004, Marchesan, 2005).
3. Deglutição com ausência da contração do masseter - trata-se da
participação da musculatura elevadora da mandíbula (Cattoni, 2004). Segundo
Marchesan (2005) a deglutição sem contração do masseter é uma característica mal
compreendida como sinal de atipia. Para a autora, colocar a mão nos masseteres
durante a deglutição, para observar se a musculatura está ou não contraída não é
um bom parâmetro de atipia, ou até um parâmetro inadequado.
4. Deglutição com contração do músculo mentual e interposição de
lábio inferior – essa atipia acontece com maior frequência em pacientes Classe II
esqueletal, principalmente com sobressaliência horizontal. Geralmente a contração
do mentual é uma compensação para um melhor fechamento dos lábios ao deglutir.

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A hiperfunção do mentual pode ser observada através de “furinhos” que se formam
no queixo, sinal da tensão do músculo (Cattoni, 2004, Marchesan, 2005).
5. Deglutição com interposição do lábio inferior – pacientes que
apresentam distanciamento vertical ou horizontal dos dentes superiores em relação
aos inferiores, necessitam interpor o lábio inferior para que ocorra vedamento da
cavidade oral. Esse vedamento é necessário para garantir uma adequada pressão
intraoral, facilitando a ejeção do bolo alimentar para a orofaringe (Marchesan, 2005).
6. Deglutição com movimento de cabeça – problemas na mastigação
podem levar o paciente a apresentar durante a deglutição, movimentos
compensatórios de cabeça, geralmente com estiramento da musculatura anterior da
cabeça. O paciente leva a cabeça para trás, retificando o tubo por onde passa o
alimento, assim, facilita a descida do bolo alimentar (Cattoni, 2004, Marchesan,
2005).
7. Deglutição com ruídos - deve-se primeiramente verificar se o ruído é
durante a mastigação ou na deglutição. O ruído durante a deglutição é ocasionado
pelo movimento exagerado da parte média da língua contra o palato duro, no
momento da passagem do bolo da cavidade oral para a orofaringe. Geralmente, este
movimento exagerado ocorre por uma hipotonia da ponta para a parte média da
língua e assim ela fica baixa, ou quando o terço inferior da face aumentou muito,
levando a língua a um posicionamento de ponta baixa e parte média alta durante a
deglutição (Cattoni, 2004, Marchesan, 2005).
8. Com resíduos após deglutir – a causa mais comum de resíduos na
cavidade oral após a deglutição é a hipotonia ou hipofuncionalidade do bucinador,
com isto, o alimento cai no vestíbulo durante a mastigação. O bucinador tem a
responsabilidade de manter o alimento em cima dos dentes, se ele estiver flácido ou
sem função, não consegue segurá-lo e o alimento vai para o espaço entre os dentes
e a bochecha. A diminuição da quantidade de saliva na boca é outra causa, pois
com pouca saliva fica mais difícil a formação do bolo alimentar. Outras causas são
alterações da mobilidade ou propriocepção da língua, falta de percepção do alimento
na boca. Este problema não é da deglutição em si, mas vai interferir na deglutição
(Cattoni, 2004, Marchesan, 2005).
Segundo Marchesan (2005, p. 64) estas são as características mais
encontradas, citadas na literatura, porém outras poderão ser encontradas, e “o mais

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importante é, antes de simplesmente classificá-la como deglutição atípica, tentar
compreender como e por que ocorre de determinada forma e não de outra.”
Também se deve entender se a alteração encontrada é devido à deglutição estar
alterada, ou se é decorrente de outra função alterada.
A observação da face, da postura do paciente, é fundamental, pois se pode
prever como será a deglutição, e após a avaliação, Marchesan (2005, p. 64) salienta
que se deve perguntar:
 “Será a forma de deglutir que observamos a responsável pela má
oclusão que o paciente apresenta?
 Ou será ela, a deglutição, consequência da má oclusão?
 Não estará a deglutição adaptada ao padrão esquelético?
 Será que a deglutição não é consequência de outra etiologia, como,
por exemplo, projeção anterior da língua por aumento das tonsilas palatinas?”
Ou seja, devemos sempre analisar: é a forma que está alterada e com isso
interfere na função ou a função está alterada e interferiu na forma? Respondendo
este questionamento, inicia-se o processo terapêutico.

9.2 ALTERAÇÕES NA DEGLUTIÇÃO

Os conceitos de atipia e adaptação passaram a ser empregados, para que se


pudessem diferenciar as alterações possíveis de serem modificadas, das que não
fossem possíveis modificar (Marchesan e Furkim, 2003).

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FONTE: Disponível em: <http://www.jornallivre.com.br/images_enviadas/a-importancia-do-trabalho-
em-c.jpg>. Acesso em: 18 set. 2010.

A atipia na deglutição “corresponde à movimentação inadequada da língua


e/ou de outras estruturas que participam do ato de deglutir, durante a fase oral da
deglutição, sem que haja nenhuma alteração, de forma, na cavidade oral.” Ou seja,
uma alteração apenas na função de deglutir. No caso da atipia, o trabalho
fonoaudiológico sozinho já seria suficiente parra modificar o modo de deglutir, pois a
forma está adequada (Marchesan, 2005, p. 64).
Em contrapartida, uma deglutição adaptada, como o nome já diz, é quando a
forma está alterada, e o paciente adapta a deglutição para conseguir deglutir. A
alteração encontrada é consequência de um problema na forma das estruturas
responsáveis pela deglutição, sendo necessária a correção da forma para que a
deglutição fique normal. Se a forma não for corrigida, dificilmente o padrão correto
de deglutir será automatizado (Marchesan, 2005).

“Não avalie, portanto, só o 
que se vê, descrevendo a 
ação isoladamente. Lembre‐
9.3 AVALIANDO A DEGLUTIÇÃO se que o posicionamento da 
língua e a deglutição 
mudam conforme a forma e 
as outras funções, havendo 
uma adaptação do 
posicionamento da língua.” 
Cattoni (2004, p. 288) salienta que “o objetivo da  
“A deglutição pode ser a 
avaliação fonoaudiológica não é somente registrar as consequência e não a causa 
do problema.”  
alterações encontradas, mas compreender seu Marchesan, 2005, p. 64 
significado, bem como detectar quando possível as

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causas dos distúrbios, e se presentes, dos hábitos orais deletérios.”
Alguns fatores devem ser considerados na avaliação da deglutição, pois a
forma de deglutir depende destes fatores:
 Características craniofaciais;
 Oclusão e mordida;
 Idade;
 O que se deglute;
 Tônus;
 Propriocepção.

Na avaliação é importante solicitar tanto alimentos mais sólidos, como


pastosos e líquidos, para assim poder analisar todos os aspectos relativos à
deglutição.

9.4 ABORDAGEM TERAPÊUTICA

Lembrando que as alterações da mastigação e da deglutição podem ser


atipias ou adaptações às condições do sistema estomatognático, isto faz diferença
na proposta terapêutica. Nas adaptações, o resultado nem sempre será o ideal de
normalidade, mas o ideal para aquele paciente, já nas atipias, os resultados são
bem positivos. Marchesan (2005) salienta que a motivação e a conscientização do
trabalho é fundamental para o bom andamento da terapia. A abordagem terapêutica
deve ser de acordo com a idade, selecionando atividades adequadas que trabalham
os objetivos planejados. No caso de crianças, a família deve estar envolvida com o
processo terapêutico, por intermédio de reuniões e orientações. Conhecer os hábitos
alimentares do paciente e seus familiares é importante, pois muitas vezes o padrão
do paciente é muito bem aceito pela família, assim, fica difícil modificá-lo (Cattoni,
2004).
O enfoque direto na deglutição só será dado se não houver impedimentos,
pois esses seriam critérios limitantes para desempenhar as funções de mastigação,
deglutição e fala. No caso os impedimentos seriam pacientes que estão iniciando o

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tratamento ortodôntico, sinais e/ou sintomas de alterações nas articulações
temporomandibulares, condições de oclusão, tipo de aparelho ortodôntico, obstrução
respiratória orgânica e frênulo da língua muito curto, nestes casos deve ser proposto
outro tipo de intervenção ou intervir num momento mais adequado (Bacha, 2004).
Inicialmente deve-se trabalhar a propriocepção e a conscientização do seu
problema, por último a sistematização do padrão novo. A motivação envolve o
paciente e sua família, visando fortalecer a autonomia do paciente, deve ocorrer
durante todo o processo terapêutico. A conscientização envolve o
autoconhecimento, a compreensão da fisiologia, levando o paciente a perceber o
seu padrão alterado (Cattoni, 2004, Bacha, 2004, Marchesan, 2005).
 Desenvolvendo a propriocepção – essa etapa da terapia tem o objetivo
de levar o paciente a perceber como é à deglutição dele, quais compensações ele
usa. Como as funções orofaciais são automáticas, nesse momento, é necessário
que ele se observe, se perceba e perceba como está mastigando, deglutindo,
respirando, com isso ele poderá se perceber, que é o primeiro passo do processo
terapêutico.
 Conscientização do problema – já falamos acima, é a parte que
devemos mostrar a normalidade, os aspectos fisiológicos das funções orofaciais,
conhecer as estruturas orofaciais. Aqui podem ser utilizados livros com ilustrações,
quando possível é interessante apresentar animações, que já temos disponíveis no
mercado (Swallowing2, Homem virtual3).
 Treino muscular - pode ser utilizado os recursos da terapia
miofuncional orofacial (TMO) e/ou mioterapia orofacial (M). Na TMO trabalha-se com
os músculos por meio da modificação da função, ou funções orofaciais, na
mioterapia, a ação é aplicada na musculatura orofacial por meio de exercícios
(Bacha, 2004). A realização de exercícios isolados, sem conexão com a função,
deve ser evitada, pois pode não ter significado para o paciente, e com isso, ele não
o realiza (Cattoni, 2004).
 Aprendizagem dos padrões adequados - esta etapa envolve a
realização, de forma consciente e dirigida, de cada etapa das funções orofaciais.

2
Swallowing – Blue Tree Publishing Inc. www.bluetrepublishing.com
3
Projeto Homem Virtual/Telemedicina FMUSP. Disponível em:
<http://www.projetohomemvirtual.com.br/>. Acesso em: 21 set. 2010.

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Trabalha-se com a função – mastigando alimentos, que pode ser mudado a
consistência e a deglutição do bolo alimentar.

9.5 TRABALHO EM EQUIPE

O trabalho fonoaudiológico nas disfunções orofaciais geralmente é conjunto,


principalmente com o ortodontista e o otorrinolaringologista, pois são pacientes que
muitas vezes apresentam alterações nas estruturas – má oclusão, mordida aberta,
obstrução ou alterações respiratórias, frênulo língual curto e outras alterações.
Sendo assim, o trabalho com outros profissionais, a troca de informações a partir de
um interesse em comum – o paciente – muitas vezes é o diferencial para o
tratamento.

FIM DO MÓDULO III

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