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NOME
MONTES CLAROS/MG
2019
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por escopo fazer uma breve análise acerca do instituto do
dissídio coletivo previsto na legislação trabalhista. Para tanto far-se-á uma breve disposição
do que venha a ser conflito coletivo, as modalidades deste tipo de conflito, as formas de
resolução deste, dando-se especial enfoque ao dissídio coletivo.
Para tanto utilizar-se-á a doutrina de Maurício Godinho Delgado, qual seja, “Curso de
Direito do Trabalho”, 14ª Edição, 2015.
Como é sabido, o Direito Coletivo do Trabalho estrutura-se em torno dos seres coletivos
trabalhistas, atuando na resolução dos conflitos coletivos no âmbito das relações laborais.
Existe o entendimento na doutrina que esses conflitos podem ser, basicamente, de
caráter jurídico ou de caráter econômico.
Acerca dos tipos de mecanismos para sua resolução a doutrina entende que se
concentram, essencialmente, em fórmulas de autocomposição e heterocomposição, em meio
as quais, eventualmente, podem ser utilizadas técnicas de autotutela, como a greve, por
exemplo.
De acordo com Delgado (2015) os conflitos coletivos são conflitos trabalhistas que
atingem comunidades especificas de trabalhadores e empregadores ou tomadores de serviços,
quer no âmbito restrito do estabelecimento ou empresa, quer em âmbito mais largo, envolvem
a categoria ou, até mesmo, comunidade obreira mais ampla.
Para Delgado (2015) estes conflitos são distintos dos conflitos meramente
“interindividuais”, que, para o autor colocam em confronto as partes contratuais trabalhistas
isoladamente consideradas (empregado e empregador). Entende o autor citado que os
conflitos interindividuais tendem a abranger aspectos específicos do contrato bilateral entre as
partes ou condições especificas da prestação de serviços pelo obreiro, sem que alcancem,
regra geral, projeção no seio da comunidade circundante, empresarial e de trabalhadores.
Destaca ainda, Delgado (2015) que a repetição constante de idênticos ou semelhantes
problemas individuais pode assumir dimensão grupal, dando origem, as vezes, a um conflito
coletivo trabalhista.
A doutrina trabalhista entende que os conflitos coletivos trabalhistas comportam dois
grandes tipos, como visto: os de caráter “jurídico” e os de caráter “econômico”.
Delgado (2015, p. 1391) assevera que:
Contudo, do ponto de vista prático, este terceiro grupo (principalmente a greve, uma
vez que o locaute tende a ser vedado) atua mais comumente como instrumento para
pressionar o encontro de uma solução favorável para o conflito através de algumas
das duas formulas dominantes, e não como meio próprio de resolução desse conflito
coletivo.
No Brasil, malgrado ser instituto criado no autoritarismo das décadas de 1930 e 1940
(surgimento da CLT), a fórmula do dissídio coletivo permaneceu durante todo o período
posterior, inclusive com a Constituição de 1988. (DELGADO, 2015)
Sobre o instituto do dissídio coletivo Delgado (2015, p. 1693) observa:
No esquema trazido por Cruz (2016) são requisitos para instaurar o dissídio coletivo,
conforme a legislação trabalhista (CLT):
1. Tentativa de negociação ou arbitragem (art. 114, Constituição Federal; art. 616, §4º,
CLT): na petição inicial, devem juntar os documentos que provam a tentativa, como, por
exemplo, a ata da reunião de negociação. É uma forma de forçar as partes a entrarem em
acordo sem a necessidade de acionar o poder judiciário;
2. Aprovação em assembleia da categoria profissional (art. 859, CLT): os interessados
na solução do dissídio coletivo devem aprovar sua instauração perante a Justiça do Trabalho
em assembleia convocada para este fim;
3. Comum acordo da parte contrária (art. 114, §2º CF): aquele que ajuíza o dissídio
precisa do acordo da parte contrária. Apesar de essa obrigatoriedade ser o entendimento
adotado pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho), a questão é discutida atualmente pelo STF
(Supremo Tribunal Federal), após questionamento da inconstitucionalidade da norma
constitucional. Vale a pena ficar de olho nos desdobramentos acerca desse requisito.
Existe ainda outro tipo de dissídio coletivo, lembra Cruz (2016) que seria aquele
ocorrente em situação de greve, ajuizado pelo Ministério Público do Trabalho, que está
previsto no artigo 114, §3º da Constituição Federal: “Em caso de greve em atividade
essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho
poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito”.
(BRASIL, 1988).
Podem propor um dissídio, segundo informações de Cruz (2016) os sujeitos que estão
aptos a negociar as condições de trabalho. São eles:
Cruz (2016) destaca ainda que “apesar do artigo 856 da CLT dispor que o Presidente do
Tribunal poderia, por sua iniciativa, ajuizar o dissídio em caso de greve, entende-se que essa
norma não foi recepcionada pela Constituição (ela é incompatível com a Constituição e não
pode valer)”.
Assim, proposto o dissídio, começa a correr a ação.
Sentença normativa que se aplica apenas à fração dos empregados da empresa: pode
ser estendida pelo próprio tribunal a todos os empregados da empresa que forem da
mesma profissão. Neste caso, o Tribunal fixa uma data em que a decisão deve
começar a valer, sem se esquecer de fixar o prazo de vigência, que não pode ser
superior a 4 anos. (BRASIL, 1943)
Art. 868 da CLT: Em caso de dissídio coletivo, que tenha por motivo novas
condições de trabalho e no qual figure como parte apenas uma fração de empregados
de uma empresa, poderá o Tribunal competente, na própria decisão, estender tais
condições de trabalho, se julgar justo e conveniente, aos demais empregados da
empresa que forem da mesma profissão dos dissidentes.
Parágrafo único. O Tribunal fixará a data em que a decisão deve entrar em execução,
bem como o prazo da sua vigência, o qual não poderá ser superior a 4 (quatro) anos.
(BRASIL, 1943)
Art. 869 da CLT: A decisão sobre novas condições de trabalho poderá também ser
estendida a todos os empregados da mesma categoria profissional compreendida na
jurisdição do Tribunal:
a) por solicitação de 1 ou mais empregadores, ou de qualquer sindicato destes;
b) por solicitação de 1 ou mais sindicatos de empregados;
c) por ofício, pelo Tribunal que houver proferido a decisão;
d) por solicitação da Procuradoria da Justiça do Trabalho. (BRASIL, 1943)
O objeto do dissídio, no entender de Cruz (2016) pode ser rediscutido. Para o referido
autor, a decisão do dissídio pode não permanecer com o passar do tempo em caso de
negociação das partes (convenção ou acordo coletivo de trabalho), caso em que ela se
extinguirá. Se as partes não negociarem, ela permanecerá por um prazo definido.
Prazo máximo: a sentença normativa terá prazo de validade máximo de 4 anos. Após
decorrido esse tempo, as cláusulas perdem validade e forçam as partes à negociação.
Vigência: a sentença normativa passa a valer a partir da data de sua publicação, quando
ajuizado o dissídio “ou quando não existir acordo, convenção ou sentença normativa em
vigor, da data do ajuizamento”. Se existe, passa a valer “a partir do dia imediato ao termo
final de vigência do acordo, convenção ou sentença normativa”. Nesse último caso, vale
lembrar que o dissídio deve ter sido instaurado dentro dos 60 dias anteriores ao termo final.
(CRUZ, 2016)
Descumprimento: como a sentença normativa tem conteúdo de lei, ela não é passível de
execução, como são as sentenças. Para exigir seu cumprimento, é possível ajuizar ação de
cumprimento. (CRUZ, 2016)
A ação de cumprimento é um processo comum, a ser ajuizada na 1ª instância (varas do
trabalho) pelo empregado ou pelo seu sindicato. A empresa não pode propor. Uma observação
interessante é que a parte não precisa aguardar o fim do processo para propor tal ação,
podendo propor inclusive se tiver um recurso tramitando. (CRUZ, 2016)
Conclusão
BRASIL. Decreto-Lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do
Trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>
Acesso em 14 jun. 2017.
CRUZ, Carlos Henrique. Dissídio Coletivo: tudo que você precisa saber em 9 perguntas.
CHC Artigos. Disponível em: <http://chcadvocacia.adv.br/blog/dissidio-coletivo/> Acesso em
14 jun. 2017.
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho.1 4. ed. — São Paulo: LTr,
2015.