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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

Reitor
Prof. Antonio Joaquim Bastos

Vice-reitora
Profª. Adélia Maria C. M. Pinheiro

Pró-reitora de graduação - PROGRAD


Profª. Flávia Azevedo de Mattos Moura Costa

Coordenador UAB – UESC


Profª. Maridalva de Souza Penteado

Coordenador Adjunto UAB – UESC


Profª. Flaviana dos Santos Silva

Elaboração de Conteúdo
Profª. Gessilene Silveira Kanthack
Profª. Marileide dos Santos de Oliveira
Profª. Sylvia Maria Campos Teixeira
Prof. Urbano Cavalcante da Silva Filho

Instrucional Designers
Marileide dos Santos de Olivera
Gessilene Silveira Kanthack

Revisão
Sylvia Maria Campos Teixeira

Diagramação
Antônio Marcus Lima Figueiredo
Jamile Azevedo de Mattos Chagouri Ocké
João Luiz Cardeal Craveiro
Sheylla Tomás Silva

Ilustração
Sheylla Tomás Silva

Capa
Jamile Azevedo de Mattos Chagouri Ocké

Ministério da
Educação

OFICINA DE LÍNGUA
PORTUGUESA

Gessilene Silveira Kanthack

PROFESSORES
Doutora em Linguística pela UFSC; Professora Adjunta do
Departamento de Letras e Artes da UESC; Vice-coordenadora
do Mestrado em Letras: Linguagens e Representações (UESC);
Instrucional Designer da EAD-UESC.

Marileide dos Santos de Oliveira

PROFESSORES
Mestre em Estudos Linguísticos pela UFMG; Especialista em
Leitura e Produção de Texto pela PUC de Minas Gerais; Professora
Assistente do Departamento de Letras e Artes da UESC;
Coordenadora do Laboratório de Redação do Curso de Letras;
Instrucional Designer da EAD-UESC.

Sylvia Maria Campos Teixeira


Mestre em Estudos Linguísticos pela UFMG; Especialista em
Literatura Brasileira pela PUC de Minas Gerais; Professora
Assistente do Departamento de Letras e Artes da UESC; Instrucional
Designer da EAD-UESC.

Urbano Cavalcante da Silva Filho


Especialista em Leitura e Produção Textual; Mestre em Cultura
e Turismo (UFBA/UESC); Mestrando em Letras: Linguagens
e Representações (UESC); Professor de Língua Portuguesa,
Literatura e Produção Textual do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), Campus Valença.

META
Revisar assuntos da Língua Portuguesa,
importantes para a produção oral e escrita.
QUE DIREÇÃO TOMAR?

AULA I GENEROS TEXTUAIS GENEROS TEXTUAIS 1


AULA II ESTRUTURAS DO PARÁGRAFO DE PARÁGRAFO 23
AULA III COESÃO COESÃO 37
AULA IV COERÊNCIA COERÊNCIA 47
AULA V RESUMO RESUMO 59
AULA VI RESENHA RESENHA 71
AULA VII CONCORDÂNCIA VERBAL DÂNCIA VERBAL 85
AULA VIII CONCORDÂNCIA NOMINAL DÂNCIA NOMINAL 105
AULA IX REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL VERBAL E NOMINAL 121
AULA X CRASE CRASE 133
AULA XI COLOCAÇÃO PRONOMINAL ÇÃO PRONOMINAL 141
AULA XII PRONOMES DEMONSTRATIVOS DEMONSTRATIVOS 155
AULA XIII PONTUAÇÃO PONTUAÇÃO 165
AULA XIV REFORMA ORTOGRÁFICA MA ORTOGRÁFICA 193
AULA XV DÚVIDAS DÚVIDAS 209
I
Módulo Único

AULA 1

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Gêneros
Textuais
Sylvia Maria Campos Teixeira

UESC
OBJETIVO: Reconhecer os diversos gêneros textuais nas
suas diversas práticas sociodiscursivas.

Gêneros Textuais

Antes de estudarmos os diversos gêneros textuais, é

preciso que você saiba primeiro o que é texto.

Texto é uma sequência verbal, oral ou escrita, que for-

ma um todo que tem sentido para um determinado grupo de

pessoas em uma determinada situação. O texto pode ter uma


AULA I

extensão variável: uma palavra, uma frase ou um conjunto

maior de enunciados, mas ele obrigatoriamente necessita de

um contexto significativo para existir. Seu nível de linguagem

pode ser formal, coloquial, informal, técnico.


3
VOCÊ SABIA?
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

Você sabia que o conceito de texto não se limita à linguagem


verbal (palavras)? O texto pode ter várias dimensões, como
o texto cinematográfico, o teatral, o coreográfico (dança e
música), o pictórico (pintura) etc.

Mas o que faz um texto ser um texto? É a textualidade.


Mas o que é textualidade? Textualidade é um conjunto de
características que fazem com que um texto seja considerado
como tal, e não como um amontoado de palavras e frases.

Exemplificando!
Você foi visitar um amigo que está hospitalizado e, pe-
los corredores, vê placas com a palavra “Silêncio”. A palavra
“Silêncio” está dentro de um contexto significativo por meio
do qual as pessoas interagem: você, como leitor das placas,
e os administradores do hospital têm a intenção de comunicar
a necessidade de haver silêncio naquele ambiente. Assim, a
palavra “Silêncio” é um texto.
UESC

Dois blocos de sete fatores são os responsáveis pela textualidade


de qualquer texto: Fatores semântico-formais (coerência e
coesão). Fatores pragmáticos (intencionalidade, aceitabilidade,
situcionabilidade, informatividade e intertextualidade) (KOCH,
2002).
Gêneros Textuais

Tipos textuais referem-se à estrutura composicional


do texto. Hoje, admitem-se cinco tipos textuais: descrição,
narração, dissertação, exposição e injunção (KOCH 2002).
A narração está presente quando o texto fornece
informações sobre o tempo e espaço do fato narrado. Além disso,
é comum aparecerem nomes de personagens e um “clímax”
em determinado momento. Há, então, o desenvolvimento da
AULA I

história, um momento de tensão e a volta à estabilidade.


A argumentação está presente quando um determinado
ponto de vista é defendido em um texto. São os chamados
textos dissertativos.
A exposição, como o próprio nome indica, ocorre em

4
Módulo Único

textos que se limitam a apresentar uma determinada situação.


Nos textos descritivos existe a riqueza de detalhes e a constante

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


presença de adjetivos. A descrição é muito recorrente em
diversos gêneros textuais.
Os textos injutivos são aqueles que indicam
procedimentos a serem realizados. Nesses textos, as frases,
geralmente, são no modo imperativo. Bons exemplos desse
tipo de texto são as receitas e os manuais de instrução.

E o que é gênero textual? Gênero textual refere-se


às diferentes formas de expressão textual. A partir deste
conceito, podemos englobar, a título de exemplo, anúncios,
convites, atas, avisos, programas de auditórios, bulas, cartas,
comédias, contos de fadas, convênios, crônicas, editoriais,
ementas, ensaios, entrevistas, circulares, contratos,
decretos, discursos políticos, histórias, instruções de uso,
letras de música, leis, mensagens, notícias, e-mails, conversa
telefônica, horóscopo, resenha, resumo, propagandas,
petições, atestados, histórias em quadrinhos, romance etc.
E vai por aí afora... É impossível exemplificarmos todos, pois
são muitos os gêneros textuais, já que são muitas as situações

UESC
sociodiscursivas.
Preste atenção! O que podemos fazer quando
queremos:

1. Saber como chegar a um endereço desconhecido por nós?


Consultar o “guia de ruas” da nossa cidade, ou perguntar
a alguém que conhece o trajeto.
2. Escolher um filme para ir assistir no cinema? Pesquisar no
Gêneros Textuais

jornal ou pedir opinião a um amigo.


3. Conversar com parentes que estão longe? Telefonar,
mandar carta ou e-mail.
4. Criar um clima de descontração com amigos? Contar
piadas, conversar.
5. Distrair uma criança? Ler um conto de fadas, brincar de
adivinhações.
AULA I

Em todas as situações acima, usamos diferentes


gêneros de texto. Situações diversas, finalidades diversas,
diferentes gêneros.
Para facilitar as coisas e a nossa vida, de acordo com

5
Marcuschi (2002; 2005), podemos classificar os gêneros
textuais em:
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a) Científico: resenha, relatório, resumo, monografia,


dissertação, tese etc.
b) Jornalístico: editoriais, notícias, reportagens, artigos de
opinião, entrevistas etc.
c) Instrucional: receitas, manuais de instrução, regras de
jogo, formulários etc.
d) Jurídico: contratos, petições, requerimentos, atestados
etc.
e) Publicitário: anúncios, propagandas, avisos etc.
f) Lazer: história em quadrinhos, palavras cruzadas,
charges, piadas, adivinhas etc.
g) Ficcional: romances, contos, crônicas, poemas, história
em quadrinhos etc.
h) Interpessoal: cartas, convites, cartas do leitor, cartas
abertas etc.

Mas... Há sempre um “mas” em nossa vida... Para


entender isso, leia o texto abaixo de Cacaso, um dos mais
UESC

conhecidos poetas da “Poesia Marginal”:

Jogos Florais I
Minha terra tem palmeiras
onde canta o tico-tico.
Enquanto isso o sabiá
vive comendo o meu fubá.
Gêneros Textuais

Ficou moderno o Brasil


ficou moderno o milagre:
a água já não vira vinho,
vira direto vinagre.

Em uma primeira leitura, o texto pode ser classificado


como uma piada, porém quando identificamos o autor e o
AULA I

seu contexto é que o texto se configura como um poema que


faz parte de um movimento literário. Podemos classificá-lo
como um gênero textual híbrido, isto é, é um poema e é uma
piada. Ou seja, um gênero textual não é só a sua forma, mas
é, sobretudo, sua função (MARCUSCHI, 2002).
6
Módulo Único

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Antonio Carlos Ferreira de Brito (Cacaso) (Uberaba MG,
1944 - Rio de Janeiro RJ, 1987) publicou seu primeiro livro de
poesia, A Palavra Cerzida, em 1967.
Participou nos movimentos estudantis contra o regime
militar, em 1968. Sua obra poética inclui os livros Grupo Escolar
(1974), Segunda Classe (1975), Beijo na Boca (1975), Na
Corda Bamba (1978), Mar de Mineiro (1982) e Beijo na Boca e
Outros Poemas (1985). Cacaso é um dos principais nomes da
“poesia marginal” brasileira. Sua obra, influenciada por Manuel
Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Oswald de Andrade,
tematizou a política e o amor em tempos de ditadura e liberação
sexual, com humor e crítica social.
Fonte: www.jayrus.art.br/Apostilas/.../Cacaso_poesia.htm

Não importa qual o gênero, todo texto pode ser

UESC
analisado sob três características:

a) O assunto: o que pode ser dito através daquele gênero.


b) O estilo: as palavras, expressões, frases selecionadas e o modo
de organizá-las.
c) O formato: a estrutura em que cada agrupamento textual é
apresentado.

Bakhtin (2003, p. 284) afirma que “é preciso dominar


Gêneros Textuais

bem os gêneros para empregá-los livremente” E continua


afirmando que

[...] aprendemos a moldar nossa fala pelas formas


do gênero e, ao ouvir a fala do outro, sabemos logo,
desde as primeiras palavras, descobrir seu gênero,
adivinhar seu volume, a estrutura composicional
usada, prever o final. Em outras palavras, desde o
AULA I

início somos sensíveis ao todo discursivo [...] Se os


gêneros de discurso não existissem e se não tivéssemos
o domínio deles e fôssemos obrigados a inventá-los a
cada vez no processo da fala, se fôssemos obrigados
a construir cada um de nossos enunciados, a troca
verbal seria impossível (2003, p. 285).

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Portanto, é importante desenvolvermos a consciência de
como a linguagem se articula em ação humana sobre o mundo,
constituindo-se, assim, em gênero textual. A formação de um
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leitor/escritor crítico envolve o conhecimento das relações


sociais, formas de conhecimento veiculadas por meio de textos
em diferentes situações de interação, a pluralidade de discursos
e as possibilidades de organização do universo.
Isso significa que precisamos conhecer e nos
familiarizar com os diversos gêneros textuais que circulam
em nossa sociedade. Precisamos saber produzir vários
gêneros textuais, mas não todos (claro!). Como aprender
isso? Será que aprendemos a produzir textos memorizando
as características dos gêneros e tipos a que eles pertencem
como se tem visto, muitas vezes, em atividades escolares?
Aqui ficam as perguntas para você pensar...

Mikhail Mikhailovich Bakhtin (1896-1975) – linguista russo.


Seu trabalho é considerado influente em diversas áreas: Teoria
Literária, Crítica Literária, Sociolinguística, Análise do Discurso,
Semiótica.
Bakhtin é, na verdade, um filósofo da linguagem e sua
UESC

linguística é considerada uma “translinguística”, porque ela ultrapassa


a visão de língua como sistema. Isso porque, para Bakhtin, não
se pode entender a língua isoladamente, mas qualquer análise
linguística deve incluir fatores extralinguisticos como contexto de
fala, a relação do falante com o
ouvinte, momento histórico etc. O
primeiro texto teórico que se tem
notícia de Mikhail Bakhtin é Arte
e responsabilidade (1912), que foi
publicado em 1919, no jornal O Dia
da Arte, de Nevel.
Gêneros Textuais

Obras principais: Freudismo:


um esboço crítico (1927); O
método formal no estudo literário:
uma introdução crítica à poética
sociológica (1928); Marxismo e
Filosofia da Linguagem (1929);
Cultura popular na Idade Média:
o contexto de François Rabelais
(1940); Estética da criação verbal
AULA I

(reúne diversos textos da década de


1920 à década de 1970); Problemas
da poética de Dostoiévski (1963).

Fonte: http://www.pt.wikipedia.org/wiki/
Mikhail_Bakhtin

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Módulo Único

Vamos praticar um pouco? Vejamos os textos abaixo:

1º TEXTO

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Segunda (23/03) - Luciano atende uma importante
editora de moda, que pede ao rapaz que experimente
peças de roupa enquanto o fotografa. Osvaldo se irrita ao
saber que Olga deixou sua casa para Marina. Norma Jean
se insinua para Alex, mas o rapaz não lhe dá atenção.
Juliana conta a Marina que as buscas por seus pais foram
suspensas por falta de dinheiro. Marina pretende vender
a casa para retomá-las. Veridiana fica com ciúmes das
fotos de Luciano e toma satisfação com a editora.
(http://www2.uol.com.br//jbaixada/resumo.htm - Acesso em 24 jul. 2009).

É o resumo de um capítulo da novela Malhação, da


Rede Globo. Numa primeira leitura, deduzimos que é uma
narrativa. Na segunda leitura, começamos a avaliar o que
está escrito. Na terceira... Ufa! Notamos os “defeitos” do
texto: frases curtas e mal articuladas, não há clímax nem
desfecho. Concluímos: pelo nosso conhecimento de mundo,

UESC
não é uma narrativa bem construída! Mas, se o analisarmos
do ponto de vista de gênero textual, isto é, como um resumo
de novela publicado em um jornal, podemos considerá-lo
como um texto muito bom.
Você se pergunta por quê?
Respondo: porque este texto traz em si as condições
de produção e recepção dos textos (MAINGUENEAU, 1997).
Ou seja, um gênero textual não é só a sua forma, mas
é, sobretudo, sua função; essa função ajuda a determinar os
Gêneros Textuais

elementos escolhidos para compor o texto.


Continuando... Quais foram os elementos que nos
levaram a pensar que é um resumo:

1. Houve uma sumarização – não foi feita a descrição dos


personagens (como eram, qual roupa usavam); não
menciona nem tempo nem espaço (se era dia ou noite,
AULA I

por exemplo).
2. As frases são curtas – não há digressões, repetições,
justificativas.
3. Foi escrito para um público que acompanha a novela
– sabe quem são os personagens, o relacionamento
9
entre eles, o tempo e o espaço da narrativa. Ou seja,
há contextualização.
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2º TEXTO

É o trecho de uma entrevista entre o cientista político


Stuart Gilman, chefe do Programa Global da ONU contra a
Corrupção, e Camila Pereira, publicada nas Páginas Amarelas,
da revista Veja, em 1º de agosto de 2007.
UESC
Gêneros Textuais
AULA I


O gênero textual é entrevista. O que nos leva a pensar
isto? Quando lemos o texto, acionamos significados sócio-
históricos compartilhados socialmente relativos:
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Módulo Único

a) Aos temas recorrentes em uma entrevista – fatos da vida ou ideias


ou opiniões do entrevistado sobre determinados temas ou eventos.
No caso, o tema é a questão da corrupção no poder público.

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b) Ao motivo para se fazer a entrevista – curiosidade ou vontade de
saber da sociedade sobre um determinado assunto. A motivação
aqui está bem clara: a corrupção que cresce no poder público
brasileiro.
c) Aos papéis e às relações sociais dos envolvidos – ao entrevistador
cabe elaborar as questões e, ao entrevistado, respondê-las dentro
das regras de polidez aceitas na comunidade a que pertencem.

3º TEXTO

Queridos Luiz e Viviane


Parabéns pelo nascimento de sua filhinha. Por favor,
avise-nos quando vocês tiverem escolhido um nome
para ela. E quando estiverem prontos para receber
visitas, ficaremos encantados em ir visitá-los para
conhecer o bebê.
Nesse meio tempo, aqui vai um macacãozinho para
ela. Nada muito original, mas eles nunca são demais!

UESC
Procurem agora dormir e descansar o máximo que
puderem vai ser sua última chance nos próximos
anos!!
Com todo carinho

Jonas e Andreia

Fonte: http://www.recantodasletras.uol.com.br/cartas/
Gêneros Textuais

Este texto traz características de uma carta: saudação,


fecho e assinatura. Mas não deixa de ser um bilhete, já que
é curto e vai direto ao assunto, não há data. É um caso de
hibridismo, pois, como afirmava Bakhtin: as formas dos
gêneros “são bem mais flexíveis, plásticas e livres que as
formas da língua (p. 283)”.
AULA I

Atualmente a carta vem sendo substituída pelo e-mail,


que é a forma de correio eletrônico mais difundida no mundo,
mas ainda há pessoas que, pelo simples prazer de trocar
correspondências físicas, preferem utilizar o método da
carta.
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4º TEXTO

REQUERIMENTO
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____________________________________, portador
da Carteira de Identidade nº. ____________________,
CPF nº _____________________, residente e domicilia-
do a________________________________________
___________________________________________
_____________,nascido em ___/___/_____, estudante
do curso de _____________________________ na___
___________________________________________
___________________________, habilitado ao ENADE
2008 como ______________________________, nos
termos do Artigo 3º da Portaria Normativa nº. 3/2008,
REQUER dispensa da obrigatoriedade do ENADE 2008,
amparado no disposto no § 5º do Artigo 5º da Lei nº.
10.861/2004, pautado na impossibilidade de compare-
cimento ao Exame realizado no dia 09 de novembro de
2008, em face de _____________________________
___________________________________________
UESC

___________________________________________
___________________________________________
______________________________________.
Nestes termos, pede deferimento.
________________________, ___ de (mês) de (ano).

___________________________________________
Nome do estudante
Gêneros Textuais

Fonte: www.ufrgs.br/.../Enade%202008%20%20MODELO_RE-
QUERIMENTO%20de%20dispensa.pdf


Quando queremos obter um bem, um direito, ou uma
declaração de uma autoridade pública, utilizamos o gênero
AULA I

textual denominado requerimento, redigido na forma exigida


pela instituição. É importante que você saiba redigir um
requerimento com clareza! Em diversos momentos de nossa
vida, alguém sempre pede que façamos um requerimento. E,
nem sempre, há um modelo disponível!...
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Módulo Único

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O que deve conter um requerimento:
1. Fórmula inicial – a quem é dirigido. Em geral, é um pedido
(ou solicitação) feito a um órgão público, na pessoa do
diretor(a), chefe de repartição, juiz, reitor etc.
2. Nome, profissão, nº do CPF, nº da carteira de identidade,
endereço completo (rua, bairro, cidade, estado e CEP) do
peticionário (aquele que pede).
3. Justificativa do pedido – escrito de forma clara, concisa e
coerente.
4. Local e data.
5. Assinatura – às vezes, é exigido “reconhecimento de
firma”.

5º TEXTO

UESC
Abaixo-assinado em apoio à obrigatoriedade
de formação superior para o exercício da profissão
de jornalista.

Nós, cidadãos abaixo-assinados, expressamos nosso


apoio à exigência da formação superior específica para
o exercício da profissão de jornalista. Avanço histórico
da imprensa brasileira, conquistado há quase 40 anos, o
Gêneros Textuais
diploma está ameaçado por um recurso extraordinário do
Ministério Público Federal que questiona a regulamentação
profissional dos jornalistas. A matéria já está na pauta
do Supremo Tribunal Federal (STF) e pode ser votada a
qualquer momento, sem direito a recurso.
Longe de ameaçar a liberdade de expressão, tal
exigência oferece à sociedade garantias mínimas de
qualidade da informação e compromisso ético profis-
AULA I

sional. Será a sociedade, e não apenas a categoria dos


jornalistas, que perderá muito se for transferida exclusi-
vamente aos donos dos veículos de comunicação o poder
de arbitrar quem pode ou não exercer o Jornalismo no
Brasil.
13
Enfatizamos, portanto, a importância da manutenção
pelo STF da obrigatoriedade de curso superior específico
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em Comunicação Social/Jornalismo.

Nome RG Profissão Estado Assinatura


Fonte: www.fenaj.org.br/diploma/abaixo_assinado.doc

O texto acima pertence ao gênero textual abaixo-as-


sinado. O abaixo-assinado é um tipo de solicitação coletiva
para pedir algo de interesse comum a uma autoridade ou para
manifestar apoio a alguém ou demonstrar queixa ou protesto
coletivo.

6º TEXTO

UESC
Gêneros Textuais

Fonte: http://www.pt.wikipedia.org

O gênero textual e-mail é um método que permite


compor, enviar e receber mensagens através de sistemas
eletrônicos de comunicação. O termo e-mail é aplicado tanto
aos sistemas que utilizam a Internet e são baseados no pro-
AULA I

tocolo SMTP, como aqueles sistemas conhecidos como Intra-


nets, que permitem a troca de mensagens dentro de uma
empresa ou organização e são, normalmente, baseados em
protocolos proprietários.

14
Módulo Único

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) – é o protocolo padrão
para o envio de e-mails através da Internet.

CUIDADO!!!

O que você precisa saber sobre e-mails mal-


intencionados. A Microsoft tem como um de seus objetivos
de ajudar seus clientes a ficarem mais seguros. Diversas
pessoas mal-intencionadas têm enviado e-mails, utilizando
indevidamente o nome da Microsoft para espalhar arquivos
malignos entre usuários da Internet.
Se você recebeu algum e-mail e tem dúvidas sobre a
sua autenticidade, compare-o com os exemplos de e-mails
falsos mostrados mais abaixo. Se esse e-mail estiver entre
eles, por favor, não clique em seus links ou anexos: podem
levar à contaminação de seu PC por vírus e outras ameaças.
Exclua o e-mail imediatamente.

UESC
Caso receba uma mensagem dizendo ser da Microsoft
que contenha um arquivo executável (por exemplo, um arquivo
com extensão: .exe, .com, .bat, .scr, .js, .vbs, ou .cmd), exclua
essa mensagem imediatamente. Não abra nenhum anexo nem
faça o download de qualquer arquivo executável diretamente
de um email. A Microsoft não envia arquivos anexos em suas
mensagens de e-mail.
Fonte: www.microsoft.com/brasil/.../emailsfalsos.mspx
Gêneros Textuais

7º TEXTO

Na verdade, não ligo se hoje é sexta-feira 13. Eu não


tenho superstições, elas dão azar.
Este post é só pra encher linguiça (sem trema). Eu
poderia disfarçar e dizer que o conteúdo é realmente
AULA I

importante e interessante, mas não vou enganar meus


(poucos, porém queridos) leitores. Poderia responder
ao meme que a Jiliana me passou, mas não estou com
inspiração nem pra isso. Talvez em um futuro próximo
(eu disse “talvez”). Me resta então, na incapacidade de
15
criar, apenas copiar.
Hoje o dia é especial não só para os fãs do filme de
terror, mas também para os geeks (como eu).
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Às 21:31 (horário Brasília e de verão) de hoje,


foi quando o timestamp do Unix atingiu o valor único
de1234567890. O que isso significa? Que se passaram
1234567890 segundos desde 01/01/1970 (ignorando os
segundos bissextos). O que não é nada de especial, só
mais um motivo pros nerds de plantão fazerem mais
uma festa e interagirem socialmente (se bem que depois
dos desastres na Campus Party, não sei se isso é bom).
Esse timestamp (que é padronizado pelo POSIX) ex-
pira em 19 de janeiro de 2038, num sistema de 32bits.
Após essa data, o valor se torna negativo, trazendo
muitos problemas. Algo como o bug do milênio. E al-
guns podem acreditar que este será o fim do mundo,
mas não viverão para ver, já que o mundo acabará em
2012, como já previram os Maias.
Este foi mais um post filler.
Palavras-chave: nnpp, opinião, pessoal, vnen
Comentário:
UESC

Fonte: http://www.pt.wikipedia.org

Este é um novo gênero textual: blog (contração do


termo Web log). De acordo com a Wikipedia, é um site cuja
estrutura permite a atualização rápida a partir de acrésci-
mos dos chamados artigos, ou posts. Estes são, em geral,
Gêneros Textuais

organizados de forma cronológica inversa, tendo como foco


a temática proposta do blog, podendo ser escritos por um
número variável de pessoas, de acordo com a política do
blog.
Muitos blogs fornecem comentários ou notícias so-
bre um assunto em particular; outros funcionam mais como
diários online. Um blog típico combina texto, imagens e links
AULA I

para outros blogs, páginas da web e mídias relacionadas a


seu tema. A capacidade de leitores deixarem comentários de
forma a interagir com o autor e outros leitores é uma parte
importante de muitos blogs.

16
Módulo Único

8º TEXTO

EAGLETON, Terry. Depois da teoria: um olhar sobre os

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Estudos Culturais e o pós-modernismo. Tradução de
Maria Lucia Oliveira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2005. 306 p.
Sylvia Maria Campos Teixeira – UESC

Em A função da crítica (1991), Eagleton, como


um dos últimos intelectuais da década de 60, que não
renunciou às ideias marxistas, já defendia “a tese de que
a crítica atual perdeu toda a relevância social” (1991, p.
1). Agora, em seu novo trabalho, olha para trás, em
torno e para frente em relação ao campo que ajudou
a fundar, e escreve Depois da teoria, em resposta ao
mal-estar teórico da academia ocidental, depois das
conseqüências de 11/09.
Inicia o livro com a afirmativa: “A idade de ouro da
teoria cultural há muito já passou” (p. 11), e lembra-
nos também que estamos bem longe dos insights de
seus maiores pensadores: Althusser, Barthes, Derrida,

UESC
Foucault, Kristeva, Lacan. Com essas duas assertivas
provocativas e estimulantes, o autor desafia àqueles
que procuram compreender o estado do mundo crítico
atual.
Nessa perspectiva, em oito capítulos, Eagleton traça
a ascensão e queda da teoria desde a década de 60 até a
de 90; explora os fatores que levaram ao pós-modernismo
e oferece as perdas e ganhos da teoria cultural. Nos três
Gêneros Textuais
últimos capítulos, ele adverte que, numa nova época de
globalização e terrorismo, o pacote de ideias conhecidas
como pós-modernista não dá mais conta da situação da
política atual (...)
(...) No poderoso capítulo final, no qual evita a
natureza do mal e suas manifestações globais passadas
e presentes, Eagleton admite que, na verdade, jamais
estaremos “depois da teoria”. Em lugar disso sugere que
AULA I

precisamos voltar, decisivamente, a encarar os urgentes


debates sobre a existência e não nos escondermos deles
(...)
(...) Portanto, na escolha do título, Eagleton
não sugere, como poderíamos pensar, que a teoria
17
tenha acabado, mas aponta para uma teoria que se
volte para questões mais importantes num mundo pós-
11 de setembro, politicamente dominado por uma
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

administração norte-americana arbitrária e ameaças


terroristas. Depois da teoria não é simplesmente uma
denúncia das fracas tendências acadêmicas atuais, nem
uma nova asserção do leninismo ortodoxo, em lugar
disso, apresenta um “movimento aberto” em direção a
uma reavaliação das tradições filosóficas ocidentais,
em particular o marxismo. É uma teoria provocativa
e desafiadora que leva o leitor ao cerne de questões
fundamentais, propondo à teoria cultural um grande
desafio: “(...) romper com a ortodoxia bastante opressiva
e explorar novos tópicos [...], no sentido em que não
pode haver vida humana reflexiva sem ela” (p. 297).

Referência Bibliográfica
EAGLETON, Terry. A função da crítica. Tradução de
Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes,
1991.
UESC

Fonte: www.letras.ufrj.br/litcult/revista_litcult/

Você acabou de ler uma resenha. É um gênero textual


em que se propõe a construção de relações entre as pro-
priedades de um objeto analisado, descrevendo-o e enume-
rando aspectos considerados relevantes sobre ele. O objeto
resenhado pode ser de qualquer natureza: um romance, um
Gêneros Textuais

filme, um álbum, uma peça de futebol ou mesmo um jogo de


futebol etc.

9º TEXTO
AULA I

O gênero textual a seguir é uma charge. É um estilo de


ilustração que tem por finalidade satirizar, por meio de uma
caricatura, algum acontecimento atual com uma ou mais per-
sonagens envolvidas.

18
Módulo Único

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


e
Nada se perd
l.com.b r
Fonte: www.uo

Charge - A palavra é
de origem francesa
e significa carga, ou
Mais do que um simples desenho, a charge é uma seja, exagera traços
crítica político-social na qual o artista expressa graficamente do caráter de alguém
ou de algo para
sua visão sobre determinadas situações cotidianas através torná-lo burlesco. As
charges foram criadas
do humor e da sátira. Para entender uma charge não precisa no princípio do século
ser necessariamente uma pessoa culta, basta estar por den- XIX, por pessoas

UESC
opostas a governos
tro do que acontece ao seu redor. A charge tem um alcance ou críticos políticos
que queriam se
maior do que um editorial, por exemplo, por isso, como de- expressar de forma
jamais apresentada,
senho crítico, é temida pelos poderosos. inusitada. Foram repri-
midas por governos
(principalmente au-
toritários), porém
ganharam grande
popularidade, fato
que acarretou sua
existência até os
tempos de hoje.
Gêneros Textuais

oré Daumi-
Charge de Hon
”, litografia,
er, “Gargantua
usa dessa
1831. Por ca
da França
charge, do Rei
AULA I

, Daumier
como Gargantua
meses no
ficou preso seis
1832.
Ste. Pelagic em

allery.
Fonte: Olga’s G

19
Honoré-Victorien Daumier
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

(1808-1879) – foi um caricaturista,


chargista, pintor e ilustrador
francês. Em seu tempo, foi
conhecido como “Michelangelo da
Caricatura”.

Fonte: CALVET, Jean. Histoire de la


Littérature française. Paris: J. de
Gigord, 1966.

François Rabelais (1494-1553) – escritor e padre


francês do Renascimento, e autor das obras-primas: Les faits
et gestes de Pantagruel, roi des Dipsodes (1533 – Os fatos
e atos de Pantagruel, rei dos Dipsodos) e Vie très horrifique
du grand Gargantua (1535 – Vida muito horrível do grande
Gargantua). Nestes romances, Rabelais explorou lendas
populares farsas, romances, bem como obras clássicas.
Pantagruel e Gargantua são dois gigantes memoráveis e
UESC

suas histórias são pontilhadas por grandes comilanças,


bebedeiras homéricas e episódios escatológicos.
Pantagruel é um grande boa-vida, alegre e glutão,
destaca-se desde a infância por sua força descomunal -
superada apenas por seu apetite. Seu nome significa “tudo
alterado” e é também o nome de um
demônio do folclore bretão cuja atividade
preferida era a de jogar sal na boca dos
bêbados adormecidos, para alterá-los e
fazê-los beber ainda mais.
Gêneros Textuais

As histórias são divertidas e deveriam


ser ainda mais interessantes na época
em que foram escritas, pois contêm uma
sátira impiedosa das instituições públicas
e eclesiásticas da época (século XVI).
Pantagruel foi condenado pela
Sorbonne e, em 1564, o Index librorum
prohibitorum, promulgado pelo Papa,
classificou as obras de Rabelais como
AULA I

heréticas.

Fonte: CALVET, Jean. Histoire de la Lit-


térature française. Paris: J. de Gigord,
1966.

20
Módulo Único

Você viu nos textos acima que, cada um corresponde


a uma prática social específica. Conforme Marcuschi (2002),
os gêneros textuais são artefatos culturais, construídos

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


historicamente pelo ser humano. Assim, o domínio dos
gêneros do discurso é um componente primordial da nossa
competência comunicativa, isto é, “(...) de nossa aptidão para
produzir e interpretar os enunciados de maneira adequada
às múltiplas situações de nossa existência” (MAINGUENEAU,
2008, p. 41).
Portanto, classificar o texto de acordo com o gênero é
difícil, o que importa é que você saiba a finalidade do texto,
os recursos linguísticos utilizados e a construção do sentido
visado pelo autor. E, principalmente, que você componha um
texto que provoque no outro (interlocutor) os efeitos desejados
por você, a fim que ele seja eficaz, atingindo o público certo e
provocando nele a reação desejada (rir, comparecer à festa,
se convencer de alguma coisa etc.) (MARCUSCHI, 2002).

Agora que você já sabe o que é um gênero textual,


vamos às atividades?

UESC
Gêneros Textuais
AULA I

21
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 2. ed. Trad.

REFERÊNCIAS
de Maria Ermantina Galvão G. Pereira. São Paulo: Martins
Fontes, 2002.

CACASO. Lero-Lero. Rio de Janeiro: Viveiros de Castro;


São Paulo: Cosac & Naif, 2002.

CALVET, Jean. Histoire de la Littérature française. Paris:


J. de Gigord, 1966.

CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar.


Texto e interação: uma proposta de produção textual a
partir de gêneros e projetos. São Paulo: Atual. 2005.

KOCH, Ingedore Villaça. Desvendando os segredos do


texto. São Paulo: Cortez, 2002.
UESC

MAINGUENEAU, Dominique. Novas tendências em Análise


do Discurso. 3. ed. Trad. de Freda Indursky. Campinas:
Editora UNICAMP, 1997.

MAINGUENEAU, Dominique. Cenas da Enunciação. Orgs:


POSSENTI, Sírio; SOUZA-E-SILVA, Maria Cecília Pérez. São
Paulo: Parábola, 2008.

MARCUSCHI, L. A. Gêneros Textuais: definição e


funcionalidade. In: DIONÍSIO, Ângela Paiva; MACHADO,
Gêneros Textuais

Anna Raquel; BEZERRA, M. Auxiliadora. Gêneros textuais


e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. p. 19-36

PAGANO, Adriana. Gêneros híbridos. In. Delta, vol.21,


n.2, São Paulo, jul./dez. 2005.

PERINI, Mário Alberto. Efeito do gênero textual. In:


FULGÊNCIO, Lúcia; LIBERATO Yara. É possível facilitar a
AULA I

leitura. São Paulo: Contexto, 2007. p. 149-165.

22
II
Módulo Único

AULA 2

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Estrutura do
Parágrafo

UESC
Sylvia Maria Campos Teixeira

Estrutura do Parágrafo
OBJETIVO: Produzir parágrafos de forma clara, concisa e
lógica, a partir de uma frase denominada tópico frasal.

Você deve estar se perguntando: existem regras para

se estruturar um parágrafo??? Há vários livros que tratam do


AULA II

assunto, definindo regras e características para sua utilização

correta. Aqui vamos estudar algumas dessas regras, mas

lembre-se de que elas não devem ser uma camisa-de-força

para quem redige.


25
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

O símbolo para parágrafo, representado


por §, equivale a dois esses (S) unidos.
Estas letras são as iniciais das palavras
latinas na expressão signum sectionis,
abreviatura que significa “sinal de separação” ou “seção”.
Este símbolo é o precursor da mudança de linha e do espaço
hoje convencionalmente usados para se introduzir um novo
parágrafo.
Uma vez adotado o atual sistema de indicação de
parágrafos em um texto, o símbolo § caiu em desuso. Hoje,
seu uso está basicamente restrito aos códigos de leis para
indicar os parágrafos, que são normas inseridas “dentro dos
artigos”, como que regulando a norma expressa no caput do
artigo. Por mais estranho que possa parecer os parágrafos
únicos não são representados por este símbolo, mas escritos
por extenso.
UESC

Atualmente, os softwares de edição de texto utilizam


o pé-de-mosca (¶) como forma de indicar o fim de um
parágrafo e o início do próximo.
Fonte: http://www.pt.wikipedia.org/wiki/Parágrafo_(símbolo)
Estrutura do Parágrafo

Tenha sempre em mente que existem maneiras e


maneiras para se estruturar um parágrafo. Vamos analisar
diversos textos para que você perceba a multiplicidade de
formas de montagem de um parágrafo. Por exemplo, o parágrafo
literário por ser mais “liberal” entra em choque, muitas vezes,
com as regras e estruturas de um parágrafo.
Agora passemos a uma tentativa de definição...
Um parágrafo consiste tipicamente de uma ideia,
pensamento ou ponto principal que o unifica, acompanhado
por detalhes que o complementam. Um parágrafo de não-
AULA II

ficção costuma se iniciar com algo mais geral e avança rumo


aos específicos, de maneira a propor um argumento ou ponto
de vista. Cada parágrafo constroi sobre o que veio antes, e
prepara para o que vem adiante, e pode consistir de uma ou
mais orações. Portanto, o parágrafo é uma unidade de texto,

26
Módulo Único

contendo: introdução, desenvolvimento e conclusão. Segundo


Emediato (2004, p. 87),

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


O parágrafo ideal deverá ter, no mínimo, 3 períodos:
o primeiro período será a introdução do parágrafo
– o seu tópico frasal -; o segundo período servirá de
desenvolvimento da ideia contida no tópico frasal; o
terceiro período apresentará sua conclusão (grifos do
autor).

Na análise do trecho abaixo, vamos detectar a estrutura


do parágrafo:

“Certamente a distinção entre histórico e popular corre


o risco de tornar-se grosseira, quando pensamos na
popularidade que gozaram romances de embasamento
‘histórico’, como os de Scott, ou de D’Azeglio ou de
Tommaso Grossi. Não há dúvida, por outro lado, que
muitos romances populares são também romances
históricos. Basta citarmos Os Três Mosqueteiros
– embora fosse possível demonstrar o contrário e
lembrar O Conde de Monte Cristo ou Os Mistérios de

UESC
Paris, isto para apontarmos romances populares de
argumento não histórico mas contemporâneo. Enfim,
tanto o romance histórico quanto o popular mergulham
suas raízes no romance ‘gótico’: nele pescam à farta
tanto um romancista ‘histórico’ como Guerrazzi quanto
cronistas da irrealidade contemporânea como Ponson

Estrutura do Parágrafo
du Terrail ou os autores de Fantômas (ECO, 1991, p. 78
– grifos do autor).


O parágrafo acima:

zz é formado por 04 períodos:


• 1ª – “Certamente (...) Grossi”.
• 2ª – “Não há dúvida (...) históricos”.
• 3ª – “Basta (...) mas comtenporâneos”.
AULA II

• 4ª – “Enfim, (...) Fantômas”.

zzIdeia principal (ou tópico frasal): distinção entre romance


histórico e popular.
zzArgumentos: o autor argumenta através da exemplificação.

27
zzConclusão: tanto o romance histórico quanto o popular têm
suas raízes no gótico.
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

Viu como o autor partiu de uma ideia geral, trouxe


argumentos para provar sua tese e, finalmente, apresentou a
conclusão? Basicamente, é isso que caracteriza o parágrafo.
Mas qual o objetivo de saber como estruturar um parágrafo?
Como montá-lo?
Vamos fixar primeiro a noção de tópico frasal; depois,
passaremos às outras partes do parágrafo.

A ideia central do parágrafo é enunciada através do


período denominado tópico frasal. Esse período orienta ou
governa o resto do parágrafo; dele nascem outros períodos
secundários ou periféricos; ele vai ser o roteiro do escritor na
construção do parágrafo. Como o enunciado da tese, que dirige
a atenção do leitor diretamente para o tema central, o tópico
frasal ajuda o leitor a agarrar o fio da meada do raciocínio do
escritor. Introduz o assunto ou a ideia central com o potencial
de gerar ideias-filhote, que levam o leitor a esperar mais do
escritor (uma explicação, uma prova, detalhes, exemplos) para
UESC

completar o parágrafo ou apresentar um raciocínio completo.


A ideia central ou tópico frasal geralmente (mas nem sempre!)
vem no começo do parágrafo, seguida de outros períodos que
explicam ou detalham a ideia central.
Estrutura do Parágrafo

A expressão tópico frasal foi utilizada pelo Professor Othon


Garcia (1969, p. 188) a partir da tradução do inglês topic
frasal. Ainda segundo Garcia, a montagem do parágrafo
dessa forma provavelmente tem origem no raciocínio
categórico-dedutivo, herança greco-latina, pois o tópico
frasal constitui generalização, especificada pelos períodos
seguintes. Expondo-se de saída a ideia-núcleo, a coerência
e a unidade do parágrafo ficam asseguradas e dessa forma
AULA II

se evitam considerações desnecessárias. Em suma, fica mais


fácil garantir a coesão textual do parágrafo, o que implica
produzir coerência semântica e lógica nos períodos que o
constituem, característica importante em texto dissertativo.

28
Módulo Único

Passemos agora ao desenvolvimento do parágrafo...

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


O desenvolvimento consiste na explanação da ideia-
núcleo, ou seja, o desenvolvimento de ideias secundárias
que fundamentam ou esclarecem o tópico frasal. Observe o
parágrafo abaixo:

“Não há comicidade fora do que  é propriamente


humano. Uma paisagem poderá ser bela, graciosa,
sublime, insignificante ou feia, porém jamais
risível. Riremos de um animal, mas porque teremos
surpreendido nele uma atitude de homem ou certa
expressão humana. Riremos de um chapéu, mas
no caso o cômico não será um pedaço de feltro ou
palha, senão a forma que alguém lhe deu, o molde da
fantasia humana que ele assumiu. Como  é possível
que fato tão importante, em sua simplicidade, não
tenha merecido atenção mais acurada dos filósofos? Já
se definiu o homem como ‘um animal que ri’. Poderia
também ter sido definido como um animal que faz rir,

UESC
pois se outro animal o conseguisse, ou algum objeto
inanimado, seria por semelhança com o homem, pela
característica impressa pelo homem ou pelo uso que
o homem dele faz” (BERGSON, Henri. O riso).

zzTópico frasal: “Não há comicidade fora do que é propriamente

Estrutura do Parágrafo
humano”.

zzDesenvolvimento: argumentos que apoiam a ideia


central:
yy não se ri de uma paisagem
yy rimos de um animal, de um chapéu, mas devido
a semelhanças com o homem
AULA II

O ponto de vista é a ideia central (principal) - aquilo que


o autor diz sobre o assunto - sua opinião -, e os argumentos
são as ideias de apoio – aquelas que dão suporte à ideia central
(exemplos, enumerações, dados estatísticos, comparações
etc.).

29
IDEIA CENTRAL IDEIAS DE APOIO
(tópico frasal) (argumentos)
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

Deve ser suficientemente


genérica, ampla, de modo
Devem ser específicas.
a abranger todas as ideias
do parágrafo.

Qual a razão de se argumentar, ou levar a cabo uma


argumentação?

Por “argumentar”, não queremos dizer discutir


de modo aceso ou mal educado, mas sim dialogar
envolvendo o exame mais racional de uma questão.
Pode argumentar-se de modo a tentar convencer, persuadir,
demonstrar uma ideia, pavonear o que sabemos, que um
ponto de vista nosso merece consideração.
UESC

ESTRUTURA DA ARGUMENTAÇÃO

Para Charaudeau (1992) – é necessário para que haja
argumentação:
Estrutura do Parágrafo

Uma afirmação (proposição, tese) sobre o mundo –


importante para alguém e cuja legitimidade possa ser sujeita
a controvérsia.
Um quadro de problematização – introduzido pelo
sujeito que argumenta e que orienta a perspectiva na qual
insere o problema levantado em sua tese, afirmação ou
proposição.
Um sujeito – engajado em relação a um questionamento
(convicção) e desenvolve um raciocínio problematizador para
AULA II

tentar estabelecer uma verdade sobre a sua afirmação.


Outro sujeito – interessado pela mesma afirmação,
questionamento e verdade – alvo da argumentação.

30
Módulo Único

VOCÊ SABIA?

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Há uma relação entre o tipo de argumentação e o
gênero textual. Temos a argumentação demonstrativa
(fatos e verdades) e a argumentação retórica
(valores e crenças). À argumentação demonstrativa
pertencem: textos acadêmicos, textos científicos,
textos jornalísticos informativos objetivos, textos
técnicos etc. À argumentação retórica pertencem:
textos político-eleitorais, textos publicitários, testos
religiosos, textos de opinião etc.

Se você tivesse que argumentar sobre a questão da


miséria/pobreza, poderia ser sob diversas perspectivas:

1ª - Perspectiva econômica
“O problema da miséria é de ordem econômica”.

2ª - Perspectiva social
“O problema da miséria decorre de fatores sociais,
tais como a falta de educação formal, a origem social

UESC
dos grupos, a discriminação racial etc.”.

3ª - Perspectiva ideológica
“O problema da miséria decorre de uma história
política de direita capitalista e só será resolvido
através de uma ampla política de esquerda”.

Estrutura do Parágrafo
4ª - Perspectiva religiosa
“A miséria é fruto da falência do espírito cristão e da
má compreensão dos mandamentos de Deus”.

Também temos de levar em conta quem será o leitor


de nosso texto. Por exemplo, se fosse sobre a prevenção da
toxicomania:

Primeiro: Se estiver escrevendo para um público de


AULA II

professores, você poderá abordar do ponto de vista da


prevenção.
Segundo: Se estiver escrevendo para um público de
policiais e advogados, você irá fazer a abordagem do ponto
de vista da repressão.

31
Assim, a partir do tópico frasal, desenvolvemos as ideias
específicas (argumentos) que lhe darão apoio. Isto poderá ser
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

organizado de diversas formas, como:

Por tempo e espaço – o parágrafo fornece datas, locais


e lugares. O parágrafo abaixo tem por objetivo passar
informações precisas sobre o escritor, é puramente
histórico.

“Antônio Deodoro de Pascoal nasceu na Espanha em


1822, lá cursando humanidades, tendo completado seus
estudos na Itália, França e Inglaterra. Em 1850, residia
em Nova Iorque, cidade em que deve ter permanecido
até 1852, quando, na condição de funcionário da
embaixada da Espanha, veio para o Rio de Janeiro, onde
lecionou línguas, história e filosofia. Em 1854, foi para
Montevidéu e, após provável temporada na Europa, em
1861, voltou ao Brasil e se naturalizou brasileiro” (SOUZA,
Roberto Acídelo de. Introdução à historiografia da literatura

brasileira. 2007, p. 58).


UESC

Por definição – conceitua, explica o significado:

“O parágrafo-padrão é uma unidade de composição


constituída por um ou mais de um período, em que se
desenvolve determinada idéia central, ou nuclear, a que se
agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas
Estrutura do Parágrafo

pelo sentido e logicamente decorrentes dela” (Luís Claudio.


http://www.portaldotexto.blogspot.com/2006_09_01_archive.
html).

Por enumeração – fornece uma lista de características,


funções, princípios, fatores, fases, etapas etc; como
ilustra o exemplo abaixo:

“A televisão, apesar das críticas que recebe, tem trazido


AULA II

muitos benefícios às pessoas, tais como: informação,


por meio de noticiários que mostram o que acontece
de importante em qualquer parte do mundo; diversão,
através de programas de entretenimento (shows,
competições esportivas); cultura, por meio de filmes,
debates, cursos”.
32
Módulo Único

(http://www.portaldotexto.blogspot.com/2006_09_01_archive.
html).

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Por comparação – estabelece relações de semelhança
e de diferença (contraste). Observe o exemplo:

“Embora a vida real não seja um jogo, mas algo muito


sério, o xadrez pode ilustrar o fato de que, numa relação
entre pais e filhos, não se pode planejar mais que uns
poucos lances adiante. No xadrez, cada jogada depende
da resposta à anterior, pois o jogador não pode seguir seus
planos sem considerar os contra-ataques do adversário,
senão será prontamente abatido. O mesmo acontecerá
com um pai que tentar seguir um plano preconcebido,
sem adaptar sua forma de agir às respostas do filho,
sem reavaliar as constantes mudanças da situação
geral, na medida em que se apresentam” (BETELHEIM,
Bruno – adaptado).

UESC
Por causa e efeito – apresenta resultados,
consequências, causas, como se pode notar no parágrafo
abaixo:

“Efeito Seebeck: É o efeito que permite a utilização


dos termos elementos (par termelétrico). Seebeck foi o
primeiro a constatar que um circuito formado pela conexão

Estrutura do Parágrafo
de dois metais diferentes, passa a ser fonte de força
eletromotriz (e consequentemente a causa da corrente
elétrica num circuito fechado), quando as junções desses
metais estiverem a temperaturas diferentes. Você pode
verificar isso facilmente e até utilizar desse efeito para,
por exemplo, examinar as diferentes temperaturas nas
típicas regiões da chama de um bico de Bünsen” (www.
feiradeciencias.com.br/sala18/18_04.asp).
AULA II

Para entender melhor este tipo de organização do


parágrafo, pense nas seguintes situações de causas e efeitos,
tão corriqueiras no nosso dia-a-dia:

33
Se uma bola está parada no chão e alguém lhe dá um
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

chute, ela é atirada ao longe. Então dizemos que a causa do


seu movimento foi a força muscular aplicada à bola através do
chute.
Soprando no interior de uma bexiga de borracha, ela ficará
tanto mais esticada, quanto mais ar conseguirmos introduzir em
seu interior, podendo até estourar. A deformação da borracha é
produzida pela força expansiva do ar que foi introduzido.

Por exemplificação – fornece fatos concretos, provas


factuais:

“A imaginação utópica é inerente ao homem, sempre


existiu e continuará existindo. Sua presença é uma
constante em diferentes momentos históricos: nas
sociedades primitivas, sob a forma de lendas e crenças
que apontam para um lugar melhor; nas formas do
pensamento religioso que falam de um paraíso a
UESC

alcançar; nas teorias de filósofos e cientistas sociais que,


apregoando o sonho de uma vida mais justa, pedem-nos
que “sejamos realistas, exijamos o impossível”.
(www.escolaqi.com.br/professor/downloads/download6439....doc). 

Por conclusão-dedução – faz uma dedução geral,


Estrutura do Parágrafo

sintetiza os fatos e informações expressos nos parágrafos


anteriores:

“As adivinhações agradam particularmente às crianças.


Por que isso acontece de maneira tão generalizada?
Porque, mais ou menos, representam a forma
concentrada, quase simbólica, da experiência infantil
de conquista da realidade. Para uma criança, o mundo
está cheio de objetos misteriosos, de acontecimentos
AULA II

incompreensíveis, de figuras indecifráveis. A própria


presença da criança no mundo é, para ela, uma
adivinhação a ser resolvida. Daí o prazer de experimentar
de modo desinteressado, por brincadeira, a emoção da
procura da surpresa” (RODARI, Gianni – adaptado).

34
Módulo Único

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


QUALIDADES DO PARÁGRAFO

yy Correção - respeito às normas e princípios do idioma.


yy Clareza - expressão clara e objetiva da ideia.
yy Concisão - apresentação da ideia usando o menor número
possível de palavras.
yy Coesão - exposição das ideias de forma ordenada, uma de cada
vez.
yy Coerência - ligação perfeitamente inteligível das partes de um
texto com o seu todo.
yy Argumentação - a exposição dos fundamentos da ideia, de
forma a torná-la suscetível de aceitação.

PROCURE EVITAR

Repetição desnecessária de palavras; principalmente, não comece


parágrafos com a mesma palavra.

UESC
Palavras chulas e expressões de gíria.
Termos rebuscados ou palavras em desuso.
Excesso de advérbios terminados em –mente.
Clichês – fórmulas e expressões generalizadas: “No mundo em
que vivemos”; “A tarde morria silenciosamente” etc.
Excesso do relativo “que”.
Fonte: www.mundovestibular.com.br/.../PARAGRAFO-/Paacutegina1.html

Estrutura do Parágrafo

Para encerrar, veja, então, a estrutura do parágrafo –
denominado parágrafo-padrão:

A introdução é constituída de um ou dois períodos,


quase sempre breves, que encerram a ideia central ou a
ideia-núcleo, definindo o seu objetivo. A essa ideia-núcleo dá-
AULA II

se o nome de tópico frasal, que pode, não raro, ele mesmo


representar sozinho todo o parágrafo.
O desenvolvimento consiste na explanação da ideia-
núcleo, ou seja, o desenvolvimento de ideias secundárias que
fundamentam ou esclarecem o tópico frasal.
A conclusão nem sempre está presente no parágrafo,
35
especialmente nos mais curtos ou naqueles em que a ideia
central não apresenta maior complexidade. A conclusão retoma
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

a ideia central, levando em consideração os diversos aspectos


selecionados no desenvolvimento.

Agora que já sabe, vamos nos exercitar um pouco,


fazendo as atividades?

CHARAUDEAU, Patrick. Grammaire du sens et de

REFERÊNCIAS
UESC

l’expression. Paris: Hachette, 1992.

EMEDIATO, Wander. A fórmula do texto: redação,


argumentação e leitura. São Paulo: Geração Editorial,
2004.
Estrutura do Parágrafo

GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna:


aprenda a escrever, aprendendo a pensar. Rio de Janeiro:
Biblioteca do Exército; Fundação Getúlio Vargas, 1969.

KOCH, Ingedore Villaça. Desvendando os segredos do


texto. São Paulo: Cortez, 2002.
AULA II

36
III
Módulo Único

AULA 3

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Coesão Marileide dos Santos de Oliveira

OBJETIVO: Identificar os mecanismos de coesão

UESC
existentes nos textos e a melhor forma de usá-los.

O QUE É
Coesão e também a coerência não são muito pouco
exploradas nas gramáticas tradicionais e, até mesmo, nas
aulas de Língua Portuguesa. São assuntos tratados com
Coesão

uma superficialidade tão grande que, muitas vezes, não


conseguimos estabelecer a sua importância na produção
textual. Quando um texto está meio esquisitinho, meio
AULA III

confuso, com falhas inúmeras e não bem identificadas,


costuma-se falar que ele “não tem coesão” ou “não tem
coerência”, ou apresenta falhas nas duas. Mas o que, de
fato, é essa falta de coesão ou falta de coerência? Em que
partes do texto? Podemos melhorar? Onde alterar?
39
Antunes (2005, p.16) afirma que

É comum ouvir-se referências muito vagas à coesão


e à coerência. Essas propriedades do texto parecem ser,
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

assim, um terreno meio indefinido, vago, impreciso, para


onde vamos jogando tudo o que não sabemos explicar
bem; sobretudo quando se trata de dificuldades menos
superficiais.

Pelo exposto, vamos deter-nos um pouco sobre a
coesão, posteriormente sobre a coerência, mostrando o papel
de cada uma na construção do texto e, mostrando, através
de exemplos e de atividades, como tornar a sua escrita mais
coesa e mais coerente.
Ao redigir um texto, usamos mecanismos que vão unindo
frases, períodos, segmentos maiores, estabelecendo relações
de sentido, vão produzindo o “tecido (tessitura) do texto”. São
esses mecanismos os responsáveis pelo que chamamos de
coesão textual. Halliday; Hasan (1976) citam como principais
fatores de coesão: a referência, a substituição, a elipse, a
conjunção e a coesão lexical.

FATORES DE COESÃO
UESC

1. Referência

Quando encontramos, no texto, elementos que não


podem ser interpretados semanticamente por eles mesmos,
mas que têm que ser remetidos a outros elementos do discurso
para serem interpretados, dizemos que são elementos de
referência. Dentro do próprio texto, são dois os elementos
referenciais: a anáfora e a catáfora.
Coesão

1.1 Referência Anafórica – a referência é anafórica


quando o referente está antes do item coesivo, a anáfora.
AULA III

a) Marcela é excelente professora de Português. Ela se


formou na UESC.

Marcela - Referente
Ela - Anáfora

40
Módulo Único

Explicação: Em um texto, quando encontramos um


pronome pessoal, como ela, da frase acima, percebemos que
não saberíamos identificar quem é ela. Isto só foi possível,
na estrutura acima, quando o pronome foi remetido a um

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


elemento, Marcela, que está antes do pronome pessoal. Por
este motivo, ela é chamada de anáfora porque o seu referente,
Marcela, item responsável pela sua interpretação, está antes
do pronome.

1.2 Referência Catafórica – a referência é catafórica


quando o referente está depois do item coesivo, a catáfora.

b) Desejo apenas isto: após tanta angústia, a aprovação


no concurso.

Isto - Catáfora
Aprovação no concurso - Referente

Explicação: Da mesma forma que na explicação anterior,


ao encontrar o pronome demonstrativo isto, não conseguimos
atribuir um sentido a este pronome. Isso só foi possível, na

UESC
estrutura acima, quando houve remissão ao seu referente, a
aprovação no concurso. Por este motivo, o pronome isto
é chamado de catáfora porque o seu referente, a aprovação
no concurso, item responsável pela sua interpretação, está
após o pronome.

Mas o mais importante, após essas explicações, é


entender que esses elos coesivos, anáfora ou catáfora, são
mecanismos que contribuem para a “tessitura do texto”,
relacionando frases, períodos, segmentos do texto.
Coesão

Para ilustrar o mecanismo que você está estudando


agora, leia o texto abaixo e observe as palavras destacadas:
AULA III

Texto 1: As Pedras
Na caminhada da vida, muitas pedras encontrei,
pedras pequenas, grandes, imensas... Nunca duvidei.
Delas me aproximei, me familiarizei, dos caminhos
retirei e, nos cantinhos d’alma, guardei. Elas são
meus troféus!
41
Foram elas que me impediram de fazer uma cami-
nhada fatigante, monótona, desinteressante.
Foram elas que me serviram de travesseiro nas
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noites sem lua, e de companhia, nos dias de sol.


Foram elas que me colocaram em movimento contí-
nuo e me levaram à reflexão em busca de mim.
Foram elas que me tornaram uma pessoa diferente,
um ser humano melhor.
E é a certeza de tê-las sempre, a cada passo, a cada
curva, que me faz querer continuar caminhando,
transpondo limites e colhendo sonhos!

(Recebido pela Internet – autor desconhecido)

Você deve ter percebido que o pronome elas, em negrito,


foi substituindo o substantivo pedras ao longo da escrita das
frases, costurando o texto, pois sempre há uma remissão a
tal substantivo, transformando um conjunto de frases em algo
uno, um texto. É claro que, neste caso, a repetição excessiva do
pronome elas foi intencional. O normal, quando escrevemos,
é usar outros mecanismos de coesão, que veremos a seguir.

2. Substituição
UESC

De acordo com Halliday e Hasan (1976), apud Koch 2004,


a substituição consiste na colocação de um item em lugar de
outro, isto é, colocar um item no lugar de outro elemento ou
de uma oração.

a) Minha irmã comprou um computador novo. Eu também


quero um.
Coesão

b) Paula matriculou-se em um curso a distância e Maria


fez o mesmo.
AULA III

Observe que, em (a), um é colocado no lugar de


outro elemento, o computador; e, em (b), a expressão o
mesmo substitui uma oração, matriculou-se em um curso
a distância. É a este processo de troca que chamamos de
substituição, um segundo mecanismo de coesão.

42
Módulo Único

3. Elipse

A elipse é a omissão de um item lexical, de uma oração,

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


de um enunciado, que pode facilmente ser recuperado através
do contexto. É o que chamamos de substituição por zero (Ø).
Observe o exemplo (a), retirado de Fávero (1997, p. 23):

a)

- Aonde você foi ontem? - Aonde você foi ontem?


- Ø À casa de Paulo. - Eu fui à casa de Paulo.
- Ø Sozinha? - Você foi sozinha?
- Não. Eu fui com amigos.
- Não. Ø com amigos.

Observação:
Quando falamos ou escrevemos, a nossa tendência
é usar a economia no uso de vocabulário. Se formos
entendidos usando um menor número de palavras,
jamais usaremos um número maior. Observe que,
no exemplo (a), omitimos o verbo ir e o seu sujeito
em três segmentos porque, nos três casos, o verbo
e o sujeito seriam facilmente recuperáveis. A este

UESC
processo chamamos de elipse, é a substituição por Ø.

Observe outro exemplo:

b)

Jane e seu filho foram a


São Paulo,
Jane e seu filho foram a
Jane e seu filho visitaram
São Paulo, Ø visitaram a
a cidade,
Coesão

cidade, Ø foram a museus,


Jane e seu filho foram a
Ø divertiram-se muito.
museus, Jane e seu filho
divertiram-se muito.
AULA III

Deu para perceber que, no exemplo (b), a escrita ficou


mais leve e fluida com o uso da elipse? Evitou-se, desta maneira,
com o uso deste mecanismo de coesão, o uso exagerado das
expressões Jane e seu filho.
43
4. Conjunção

As conjunções servem de conexão entre orações,


estabelecem relações significativas entre as mesmas e são
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

expressas por diversos conectores. Halliday e Hasan (1976)


apresentavam as conjunções aditivas, adversativas, causais
e temporais como as principais, mas há outras, também
importantes. As conjunções são elementos conectores que
estabelecem relações de sentido entre subpartes de um
texto. A seguir, usarei exemplos de Antunes (2008, p. 145-8)
que apresentam as relações semânticas sinalizadas pelas
conexões:

a) Relação de causalidade
A atividade humana solicitou tanto da natureza que não
há mais garantias que os ecossistemas do planeta sustentem
as futuras gerações.

b) Relação de condicionalidade
Acho que as escolas terão realizado sua missão se forem
capazes de desenvolver nos alunos o prazer da leitura.

c) Relação de temporalidade
Neste momento, em várias partes do mundo, algum
UESC

pesquisador está tentando descobrir um detalhe no


funcionamento do músculo cardíaco ainda não percebido
pela ciência, enquanto outro se esforça para aprimorar um
tratamento já conhecido.

5. Coesão lexical

A coesão lexical é feita através da repetição do mesmo


item lexical, de sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos ou
Coesão

de termos que pertençam a um mesmo campo significativo.


Observe estes exemplos retirados de Kock ( 2004, p.22):

a) O presidente viajou para o exterior. O presidente


AULA III

levou consigo uma grande comitiva. (Mesmo item


lexical)

b) Uma menininha correu ao meu encontro. A garota


parecia assustada. (Sinônimo)
44
Módulo Único

c) O avião ia levantar voo. O aparelho fazia um ruído


ensurdecedor. (Hiperônimo: aparelho designa o gênero
de que “avião” é a espécie)

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


d) Houve um grande acidente na estrada. Dezenas
de ambulâncias transportaram os feridos para os
hospitais da cidade mais próxima. (Os termos em
negrito pertencem a um mesmo campo significativo).

Vamos ver o mecanismo da coesão em outro texto?
Preste atenção às palavras destacadas:

Texto 2

Dezenove de maio de 1962. A festa organizada no


famoso ginásio Madison Square Garden, em Nova
York, era para comemorar o aniversário de 45 anos
do então presidente dos Estados Unidos, John F.
Kennedy. Durante cerca de dois minutos, porém, as
atenções se voltaram para uma loura estonteante,
com os lábios flamejando com um batom vermelho.
Era Marilyn Monroe, que, no auge de sua carreira,
subiu ao palco para cantar um sensual “Parabéns a

UESC
Você” dedicado ao presidente.
Enquanto as mulheres invejavam, Marilyn brilhava
literalmente. A loura trajava um vestido cor da pele,
colado ao corpo [...] com cerca de 6 mil pedras de
cristal Swarovski.
(Aventuras na História, ago. 2007, p.21)

Como você pode observar, as palavras e expressões


Coesão

lexicais, uma loura estonteante, Marilyn Monroe, Marilyn,


a loura, foram mecanismos que contribuíram para a coesão
do texto. Ao contrário do texto 1, em que houve repetição do
pronome “ela”, no texto 2 não há a repetição do mesmo item,
AULA III

há variações.

Agora que você já sabe quais são os mecanismos


responsáveis pela coesão textual, vamos praticar um
pouco através das atividades.

45
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

REFERÊNCIAS
ABREU, Antônio Suárez. Curso de Redação. São Paulo:
Ática, 1989.

ANTUNES, Irandé, Lutar com palavras: coesão e coerência.


4. ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e linguística. 5. ed.


São Paulo: Scipione, 1992.

FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. 4.


ed. São Paulo: Ática, 1997.

KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. A coesão textual. 19.


ed. São Paulo: Contexto, 2004.

HALLIDAY, M. A. K.; HASAN, R. Cohesion in English.


London: Longman, 1976.

LOMBARDO, Livia. O vestido de Marilyn Monroe. Aventuras


na História, ago 2007, p.21.
UESC
Coesão
AULA III

46
IIVV
Módulo Único

AULA 4

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Coerência Marileide dos Santos de Oliveira
Urbano Cavalcante da Silva Filho

UESC
OBJETIVO: Reconhecer os aspectos semânticos,
sintáticos, estilísticos e pragmáticos responsáveis pelo
estabelecimento da coerência textual.

Como você já viu na primeira aula, a de gêneros

textuais, “texto é uma sequência verbal, oral ou escrita,


Coerência

que forma um todo que tem sentido para um determinado

grupo de pessoas, em uma determinada situação”. 

Uma das propriedades que distingue um texto de um


AULA IV

amontoado de palavras ou frases é o relacionamento

existente entre os segmentos: palavras relacionam-se

com palavras, frases com outras frases, parágrafos com

outros parágrafos.

49
Em Rodrigues (2009, p. 9) há uma interessante
comparação sobre o uso dos mecanismos de produção de
sentido. Pense, por exemplo, na construção de uma casa. As
paredes constituem a base para sustentação.
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

Foto: Pedro Saethe

No texto, as ideias, as informações, os argumentos


equivaleriam aos tijolos que, colocados lado a lado, tornam
possível que as paredes sejam erguidas. No entanto, não basta
UESC

que sejam colocados os tijolos uns ao lado dos outros para se


construir uma casa. Da mesma forma acontece com um texto:
este não é escrito apenas com a disposição linear das ideias,
informações e argumentos. É preciso que estabeleçamos uma
ligação entre eles, da mesma forma que a argamassa vai
unindo os tijolos de uma casa.
Essa “argamassa” textual se define em dois níveis
diferentes: o do aspecto formal, linguístico (a que chamamos
de coesão textual) e o da significação (a que chamamos de
coerência textual). Na aula anterior, vimos a coesão; nesta
Coerência

aula, trataremos da coerência. Vamos lá?

O QUE É COERÊNCIA?
AULA IV

Quando falamos em produção de textos, a coerência


das ideias é apontada como uma qualidade indispensável para
qualquer tipo de texto. Mas, na verdade, o que é coerência? É
muito difícil apresentar um conceito pronto, único, de coerência.

50
Módulo Único

Os linguistas, no estudo do texto, apontam diferentes aspectos


da coerência, cada um dentro do seu campo de pesquisa.
Podemos, nesse início de aula, mostrar características,

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


aspectos, traços, apresentados por muitos estudiosos, que são
inerentes à coerência, como:

• a coerência está diretamente ligada à


possibilidade de se estabelecer um sentido
para o texto;

• a coerência não está no texto, mas ela deve


ser construída a partir dele;

• a coerência é o resultado de uma construção


feita pelos interlocutores, numa situação de
interação;

• os recursos coesivos existentes no texto


funcionam como pistas para orientar o leitor
na construção do sentido;

• é a coerência que faz com que o texto faça


sentido para os usuários;

• a coesão tem a ver com a superfície textual,


enquanto que a coerência é profunda,
subjacente a essa superfície.

UESC
De acordo com Koch; Travaglia (1990, p. 21), a coerência
se refere “à possibilidade de se estabelecer um sentido para
o texto, ou seja, ela é o que faz com que o texto faça sentido
para os usuários, devendo, portanto, ser entendida como um
princípio de interpretabilidade, ligada à inteligibilidade do texto
numa situação de comunicação e à capacidade de o receptor
tem para calcular o sentido desse texto”.
Em outras palavras, a coerência seria o resultado de
uma construção feita pelos interlocutores, em uma situação
Coerência

de comunicação, sendo que, nesta situação, atuaria um


conjunto de fatores de ordem: a) cognitiva, b) situacional,
c) sociocultural e d) interacional. Os mecanismos coesivos
existentes na superfície textual funcionariam como pistas
para orientar o interlocutor no estabelecimento de relações
AULA IV

entre esses mecanismos e o conhecimento de mundo, o


conhecimento sociocultural partilhado entre os interlocutores,
durante o processo de interação.
Dessa forma, nas palavras de Antunes (2008), a
coerência do texto é linguística (porque parte do texto), mas
é, também, contextual, extralinguística e pragmática, uma vez
51
que depende do que se vai dizer e de como se vai interagir
com o interlocutor.
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

ASPECTOS DETERMINANTES DA
COERÊNCIA:
SEMÂNTICOS, SINTÁTICOS, ESTILÍSTICOS E PRAGMÁTICOS

Segundo Van Djik; Kintsch (apud KOCH; TRAVAGLIA,


1997, p. 37), na questão da coerência, estão envolvidos
quatro aspectos, a saber: semânticos, pragmáticos, estilísticos
e sintáticos.

a) Coerência Semântica

Refere-se à relação estabelecida entre os significados


dos elementos das frases que estão em sequência em um texto
ou entre os elementos do texto considerado em sua totalidade.
Veja o exemplo:

♦ A frente da casa da vovó é voltada para o leste e


tem uma enorme varanda. Todas as tardes ela fica
UESC

na varanda em sua cadeira de balanço apreciando o


pôr-do-sol (p. 37).

Observação:
A posição da frente da casa (para leste) e o que se diz que a
avó faz à tarde (apreciando o pôr-do-sol) são contraditórios,
já que o sol não se põe a leste, mas a oeste. Neste exemplo,
portanto, há uma incoerência semântica.
Coerência

b) Coerência Sintática

Está relacionada à utilização de recursos sintáticos para


expressar a coerência. Os recursos podem ser os conectivos,
AULA IV

os pronomes, os sintagmas nominais definidos e indefinidos


etc. Observe o próximo exemplo:

♦ Maria tinha lavado a roupa quando chegamos, mas


ainda estava lavando a roupa. (p.11)

52
Módulo Único

Observação:
No período acima, na primeira oração (Maria tinha lavado a
roupa), o tempo verbal indica um fato acabado; enquanto que,

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


na segunda oração (mas ainda estava lavando a roupa), há a
indicação de um fato não acabado. A incoerência consiste na
apresentação de um fato acabado e não acabado ao mesmo
tempo.

c) Coerência Estilística

Está relacionada à adequação do uso, em um texto,


de elementos linguísticos (léxico, tipos de estruturas, frases
etc.) pertencentes ao mesmo estilo ou variedade linguística ou
nível de linguagem. É o caso, por exemplo, do texto abaixo,
que se trata de um cartão de condolências e apresenta uma
incoerência estilística inaceitável pelas normas sociais:

Prezado Antônio,

Neste momento quero expressar meus


profundos sentimentos por sua mãe ter
batido as botas.

UESC
d) Coerência Pragmática

É quando o texto tem que seguir uma linha de sentido, ou


seja, uma sequência de atos. Não é possível o locutor dar uma
ordem e fazer um pedido no mesmo ato de fala. Quando estas
condições são ignoradas, constituem incoerência pragmática.
Observe o exemplo:

A pergunta: Você pode me dizer onde fica a Rua


Coerência

São Vicente?
B responde: O ônibus está muito atrasado hoje.
AULA IV

Observação:
Grice (1975) afirma que, na comunicação humana, há o
“Princípio da Cooperação”, em que os interlocutores dão sua
contribuição para que a comunicação se realize. Então, se
um deles faz uma pergunta, espera-se que, pelo “Princípio
da Cooperação”, o outro dê uma resposta à pergunta feita.

53
Há incoerência no exemplo acima, porque se esperava que B
indicasse a localização da “Rua São Vicente” ou respondesse
que não sabia a localização da mesma.
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

Essa apresentação dos tipos de coerência objetiva


chamar a atenção para diferentes aspectos desse fenômeno:
o semântico, o sintático, o estilístico e o pragmático. Mas é
preciso ressaltar que todos, conjuntamente, influenciam no
estabelecimento do sentido do texto.

CONHECIMENTO DE MUNDO

Em página anterior, falamos que “os mecanismos coesivos


existentes na superfície textual funcionariam como pistas para
orientar o interlocutor no estabelecimento de relações entre
esses mecanismos e o conhecimento de mundo, o conhecimento
sociocultural partilhado entre os interlocutores, durante o
processo de interação”. Para exemplificar essa passagem, leia
o texto abaixo:

O evento
Millôr Fernandes
UESC

O pai lia o jornal – notícias do mundo. O telefone


tocou tirrim-tirrim. A mocinha, filha dele, dezoito anos,
vinte, vinte e dois anos, sei lá, veio lá de dentro, entendeu:
“Alô. Dois quatro sete um dois cinco quatro. Mauro!!! Puxa,
onde é que você andou? Há quanto tempo! Que coisa!
Pensei que tinha morrido! Sumiu! Diz! Não!?! É mesmo?
Que maravilha! Meus parabéns!!! Homem ou mulher?
Ah! Que bom!... Vem logo. Não vou sair não”. Desligou
o telefone. O pai perguntou: “Mauro teve um filho?” A
Coerência

mocinha respondeu: “Não. Casou”.

Moral: Já não se entendem os diálogos como


antigamente.
(FÁVERO, 1997, p. 78)
AULA IV

Observação:
Na superfície textual, ao ouvir as expressões pronunciadas
pela filha, “Que maravilha”, “Parabéns”, “Homem ou mulher”,

54
Módulo Único

o pai imaginou: Mauro teve um filho. Entretanto, para que


se estabeleça a coerência, os mecanismos existentes no texto
servem de pista para orientar o interlocutor (neste caso, o

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


ouvinte) a estabelecer relação entre eles e um conhecimento
sociocultural partillhado. Não há, como se pode observar, este
conhecimento sociocultural partilhado entre o pai e a filha.

COESÃO E COERÊNCIA

A coerência e a coesão textual estão intimamente ligadas.


No entanto, há textos que podem ser coerentes sem possuir
elementos explícitos de coesão e outros que apresentam uma
sequência de enunciados coesos, mas não constituem textos,
pois falta-lhes coerência. Além disso, um texto pode ser
considerado incoerente para alguém em determinada situação
comunicativa, pode não ser para outra pessoa.
Observe as diferenças com relação à coerência nos
textos que seguem:

Texto 1
Cidadezinha qualquer

UESC
Casa entre bananeiras
Mulheres entre laranjeiras
Pomar amor cantar.

Um homem vai devagar


Um cachorro vai devagar
Um burro vai devagar
Devagar... as janelas olham.

Eta vida besta, meu deus.


Coerência

ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia Poética. 24. ed.


Rio de Janeiro: Record, 1990. p.44
AULA IV

Observação:
Você pode observar que, no texto 1, há unidade de sentido.
Trata-se de uma descrição poética de uma pacata e pequena
cidade, atribuindo-lhe um enfoque depreciativo (“Eta vida
besta, meu Deus”). É um texto coerente, embora não apresente
elementos coesivos.
55
Texto 2

Pessoas que tomam café da manhã todos os dias correm


OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

menos riscos de ter infecções, conforme estudos realizados.


As infecções são comuns em crianças que freqüentam
a escola pela primeira vez. Por isso, a escola tem como
filosofia o desenvolvimento de um processo de ensino-
aprendizagem construtivista.

Observação:
No texto 2, apesar da presença de elementos de ligação entre
as sentenças, constatamos a ocorrência de incoerência entre
elas. O tópico frasal (1ª oração) não é desenvolvido nas orações
subsequentes. Outras ideias são inseridas no parágrafo sem o
estabelecimento de relação de sentido com as anteriores.

Texto 3

Paulo estuda inglês.


A Elisa vai todas as tardes trabalhar no Instituto.
A Sandra teve 16 valores no teste de Matemática.
Todos os meus filhos são estudiosos.
UESC

(FÁVERO, 1997, p. 11)

Observação:
Já o texto 3 mostra-nos que não é necessário retomar elementos
de enunciados anteriores para conseguir coerência textual entre
as frases. Além disso, a coerência não está apenas na sucessão
linear dos enunciados, mas numa ordenação hierárquica.
Coerência

O último enunciado reduz os anteriores a um denominador


comum e recupera a unidade.

Agora que já sabe o que é a coerência,


AULA IV

vamos às atividades?

56
Módulo Único

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


ANTUNES, Irandé. Lutar com as palavras: coesão e
REFERÊNCIAS

coerência. 4. ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2005.

FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. 9.


ed. São Paulo: Ática, 2004.

HALLIDAY, M. A. K.; HASAN, Rugaia. Cohesion in english.


London: Longman, 1976.

KÖCHE, Vanilda Salton; BOFF, Odete Maria Benetti; PAVANI,


Cinara Ferreira. Prática textual: atividades de leitura e
escrita. Petrópolis: Vozes, 2006.

KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. A coesão textual. São


Paulo: Cortez, 1989.

KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Argumentação e


linguagem. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1993.

KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos.

UESC
A coerência textual. São Paulo: Contexto, 1997.

FIORIN, José Luiz; SAVIOLI, Francisco Platão. Para


entender o texto: leitura e redação. 16. ed. São Paulo:
Ática, 2002.

RODRIGUES, Francieli Socoloski. Apostila de Comunicação


Técnica: Português. Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia. Santa Catarina. fev. 2009.
Coerência
AULA IV

57
V
Módulo Único

AULA 5

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Resumo Marileide dos Santos de Oliveira

UESC
OBJETIVO: Redigir resumo com objetividade e
clareza.
Resumo

Nesta aula, você verá como se redige um resumo,

o primeiro contato com o texto original, os passos que


AULA V

se dá em direção ao novo texto, as suas falhas, as suas

qualidades. Mas, em primeiro lugar, antes de iniciar

a tarefa de construção, é necessário saber o que é um

resumo.
61
O QUE É RESUMO?

Resumo é uma condensação fiel dos fatos contidos em


um texto, uma redução do texto original, procurando captar as
suas ideias essenciais, na mesma progressão e com o mesmo
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

encadeamento lógico em que nele aparecem.


Muitas pessoas julgam que resumir é reproduzir frases ou
partes de frases do texto original, retirando segmentos do início,
do meio e do fim, construindo uma espécie de colagem. Só que
essa colagem de fragmentos não é um resumo, é um arremedo
de resumo, um pseudo resumo. A reprodução de frases do
texto, em geral, atesta que ele não foi compreendido.

COMO DEVE SER?

Resumir um texto significa reduzi-lo ao seu “esqueleto”


essencial, sem perder de vista três elementos:

a) cada uma das partes essenciais do texto;


b) a progressão em que elas se sucedem;
c) as conexões lógicas entre as partes essenciais do texto.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:

Há alguns cuidados que você deve ter ao redigir um


UESC

resumo. Eis alguns deles:

• Planejar: ao planejar a escrita do resumo, o autor deve ter em


mente os seguintes aspectos: a) autor do resumo; b) destinatário;
c) local em que o texto circulará; d) objetivo do autor.

• Compreender, em primeiro lugar, o conteúdo global do texto.

• Não ir resumindo à medida que faz a primeira leitura.


Resumo

• Não fazer comentários ou julgamentos ao que está sendo conden-


sado.

Quem resume deve exprimir, em estilo objetivo, os


AULA V

elementos essenciais do texto. Por isso não cabem, num resumo,


comentários ou julgamentos ao que está sendo condensado.

• Exprimir-se em estilo objetivo.

62
Módulo Único

• Usar as próprias palavras.

Resumir é apresentar, com as próprias palavras, os


pontos relevantes de um texto. A reprodução de frases do
texto, em geral, atesta que ele não foi compreendido.

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


DIFICULDADES:

É evidente que você pode sentir dificuldades na elaboração


do resumo, e o grau de dificuldade para resumir um texto vai
depender basicamente de dois fatores:

• da complexidade do próprio texto (seu vocabulário, sua estrutura-


ção sintático-semântica, suas relações lógicas, o tipo de assunto
tratado etc.;

• da sua competência como leitor (seu grau de amadurecimento in-


telectual, o repertório de informações que possui, a familiaridade
com os temas explorados).

Entretanto, é necessário ressaltar que sentirá menos


dificuldade à medida que for escrevendo. Sentirá alguma
dificuldade na primeira redação, menos dificuldade na segunda
e menos ainda na terceira vez. Portanto o melhor a fazer é ir
escrevendo, escrevendo, escrevendo...

UESC
PROCESSO DE SUMARIZAÇÃO:

Para sumarizar (resumir), antes de mais nada, é


necessário:

• compreender o texto original. Auxilia essa compreensão, o


conhecimento sobre o autor, sua posição ideológica, seu posicio-
namento teórico;
Resumo

• identificar a ideia principal e as secundárias;

• assegurar a coesão entre os parágrafos;

• não colocar sua opinião, nem acrescentar elementos que não es-
AULA V

tejam no texto original;

• eliminar, sempre que possível, exemplos, sinônimos, explicações


e justificativas. Frequentemente, alguns conectivos como “mas,
isto é, porém, portanto, porque” auxiliam essa identificação e po-

63
dem orientar os processos de sumarização;

• não colocar conteúdos facilmente inferíveis a partir de nosso


conhecimento de mundo;

• evitar sequências de expressões que indicam sinonímia ou expli-


OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

cação; exemplos; justificativas de uma afirmação;

• reformular informações, utilizando termos mais genéricos.


(Exemplo: gato, cachorro → mamífero) ou (MARCUSCHI → autor
→ linguista).

RESUMO ACADÊMICO - ORIENTAÇÕES IMPORTANTES:

• deve ter um único parágrafo;

• deve-se usar o verbo na voz ativa e na 3ª pessoa do singular;

• evitar abreviaturas, símbolos, fórmulas, equações etc;

• incluir as palavras-chave (que indicam qual foi o conteúdo tratado


no texto) logo abaixo do resumo.

EXTENSÃO DO RESUMO:

A extensão do resumo vai depender da finalidade do
UESC

mesmo. Apresentamos abaixo o que a norma recomenda,


entretanto, principalmente em Congressos, há sempre uma
orientação a respeito, traçada pelos seus organizadores. A
norma recomenda:

a) Comunicações: 50 a 100 palavras

b) Artigos: 100 a 250 palavras

c) Trabalhos acadêmicos: 150 a 500 palavras


Resumo

COMO FAZER O RESUMO:

Em Fiorin e Savioli (1992), há orientações sobre como


AULA V

fazer um resumo, apresentando um roteiro bem didático e


interessante. Será este roteiro, com algumas adaptações que
apresentarei a seguir, pois o uso de um procedimento apropriado
pode diminuir as dificuldades de elaboração do resumo.

64
Módulo Único

Cinco passos deverão ser seguidos:


Passo 1

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Ler o texto do começo ao fim, procurando ter noção do
conjunto. Essa primeira leitura deve ser feita com a preocupação
de responder à seguinte pergunta: do que trata o texto?

Passo 2

Uma segunda leitura é sempre necessária. Leitura


cuidadosa, com o lápis na mão, procurando o significado das
palavras, buscando captar o sentido do texto, observando as
palavras responsáveis pelo estabelecimento das conexões
(assim, isto, isso, aquilo, lá, daí, seu, sua, ele, ela etc.).

Passo 3

Fazer uma segmentação do texto em blocos de ideias


que tenham alguma unidade de significação.

Ao resumir um texto pequeno, pode-se adotar como


primeiro critério de segmentação a divisão em parágrafos.
Pode ser que se encontre uma segmentação mais ajustada que
a dos parágrafos; mas, como início de trabalho, o parágrafo

UESC
pode ser um bom indicador.
Quando se trata de um texto maior (o capítulo de
um livro, por exemplo) é conveniente adotar um critério de
segmentação mais funcional, o que vai depender de cada texto
(as oposições entre os personagens, as oposições de espaço,
de tempo).

Passo 4

Em seguida, com palavras abstratas e mais abrangentes,


detectar a ideia ou as ideias centrais de cada segmento.
Resumo

Passo 5
AULA V

Dar a redação final com suas palavras, procurando não


só condensar os segmentos, mas encadeá-los na progressão
em que se sucedem no texto e estabelecer as relações entre
eles.

65
Agora que você já sabe os passos que deverão ser
tomados, vamos aplicá-los, usando um texto. Vamos à
prática!
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

Passo 1:

Ler o texto de Matta (1982, 25-7), do começo ao fim,


procurando ter noção do conjunto. Essa primeira leitura deve
ser feita com a preocupação de responder genericamente à
seguinte pergunta: do que trata o texto?

Nós, antropólogos sociais, que sistematicamente


estudamos sociedades diferentes, fazemos isso quando
viajamos. Em contato com sistemas sociais diferentes,
tomamos consciência de modalidades de ordenação espacial
diversas que surgem aos nossos sentidos de modo insólito,
apresentando problemas sérios de orientação (...).
E foi curioso e intrigante descobrir em Tóquio
que as casas têm um sistema de endereço pessoalizado e
não impessoal como o nosso. Tudo muito parecido com as
cidades brasileiras do interior onde, não obstante cada casa
ter um número e cada rua um nome, as pessoas informam aos
estrangeiros a posição das moradias de modo pessoalizado
e até mesmo íntimo: “A casa do Seu Chico fica ali em cima...
do lado da mangueira... é uma casa com cadeiras de lona na
UESC

varanda... tem janelas verdes e telhado bem velho... fica logo


depois do armazém do Seu Ribeiro...”. Aqui, como vemos,
o espaço se confunde com a própria ordem social de modo
que, sem entender a sociedade com suas redes de relações
sociais e valores, não se pode interpretar como o espaço
é concebido. Aliás, nesses sistemas, pode-se dizer que o
espaço não existe como uma dimensão social independente
e individualizada, estando sempre misturado, interligado,
“embebido” – como diria Karl Polanyi – em outros valores
que servem para orientação geral. No exemplo, sublinhei
Resumo

a expressão “em cima” para revelar precisamente esse


aspecto, dado que a sinalização tão banalizada no universo
social brasileiro do “em cima” e do “embaixo” nada tem
a ver com altitudes topograficamente assinaladas, mas
AULA V

exprimem regiões sociais convencionais e locais. Às vezes


querem indicar antiguidade (a parte mais velha da cidade
fica mais “em cima”), noutros casos pretendem sugerir
segmentação social e econômica: quem mora ou trabalha
“embaixo” é mais pobre e tem menos prestígio social e
recursos econômicos. Tal era o caso da cidade de Salvador
66
Módulo Único

no período colonial, quando a chamada “cidade baixa”, no


dizer de um historiador do período, “era dominada pelo
comércio e não pela religião” (dominante, junto com os
serviços públicos mais importantes, na “cidade alta”). “No
cais – continua ele dando razão aos nossos argumentos

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


– marinheiros, escravos e estivadores exerciam controle
e a área muito provavelmente fervilhava com a mesma
bulha que lá se encontra hoje em dia” (Cf. Schwartz,
1979:85). Do mesmo modo e pela mesma sorte de lógica
social, são muitas as cidades brasileiras que possuem a sua
“rua Direita”, mas que jamais terão, penso eu, uma “rua
Esquerda”! Foi assim no caso do Rio de Janeiro, que além
de ter a sua certíssima rua Direita, realmente localizada à
direita do largo do Paço, possuía também as suas ruas dos
Pescadores, Alfândega, Quitanda (onde havia comércio de
fazenda), Ourives – dominada por joalheiros e artífices de
metais raros – e muitas outras, que enunciavam com seus
nomes as atividades que nelas se desenrolavam. Daniel P.
Kidder, missionário norte-americano que aqui residiu entre
1837 e 1840, escreveu uma viva e sensível descrição das
ruas do Rio de Janeiro e do seu “movimento”, não deixando
de ressaltar no seu relato alguma surpresa pelos seus
estranhos nomes e sua notável, diria eu, metonímia ou
unidade de continente e conteúdo.
Ora, tudo isso contrasta claramente com o modo
de assinalar posições das cidades norte-americanas, onde as
coordenadas de indicação são positivamente geométricas,

UESC
decididamente topográficas e, por causa disso mesmo,
pretendem-se estar classificadas por um código muito mais
universal e racional. Assim, as cidades dos Estados Unidos se
orientam muito mais em termos de pontos cardeais – Norte
Sul, Leste Oeste – e de um sistema numeral para ruas e
avenidas, do que qualquer acidente geográfico, ou qualquer
episódio histórico, ou – ainda – alguma característica social
e/ou política. Nova Iorque, conforme todos sabemos, é o
exemplo mais bem-acabado disso que é, porém, comum
a todos os Estados Unidos. Se lá então é mais difícil para
Resumo

um brasileiro navegar socialmente nas cidades e estradas,


é simplesmente porque ele (ou ela) não está habituado a
uma forma de denotar o espaço onde a forma de notação
surge de modo muito mais individualizado, quantificado e
AULA V

impessoalizado.

Matta, Roberto da. A casa e a rua: espaço,


cidadania, mulher e morte no Brasil. São
Paulo: Brasiliense, 1985. P. 25-7.

67
Se você descobriu que ele “trata do modo distinto
como cada sistema social organiza o seu espaço”, acertou.
Parabéns!
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

Passo 2:

Uma segunda leitura é sempre necessária. É neste


momento que você, cuidadosamente, vai tentar descobrir
todos os segredos do texto, torná-lo seu amigo, amicíssimo.
Lembra-se daquele amigo de infância, com o qual não tem
nenhum segredo, conhece toda a sua vida, as suas manias,
a sua maneira de se comunicar, até mesmo através dos
gestos? Pois bem, com o texto deve ser assim. Não se
acanhe de ter de procurar o dicionário, reler o conteúdo
quantas vezes forem necessárias para entendê-lo, captar
o seu sentido, observar as palavras responsáveis pelo
estabelecimento das conexões (assim, isto, isso, aquilo, lá,
daí, seu, sua, ele, ela etc.).

Passo 3:

Agora você vai segmentar o texto, dividi-lo em blocos


de ideias que tenham alguma unidade de significação. Com
um texto pequeno como este, pode adotar como primeiro
critério de segmentação a divisão em parágrafos. Talvez
UESC

encontre uma segmentação mais ajustada que a dos


parágrafos; mas, como início de trabalho, o parágrafo pode
ser um bom indicador.

Segmentou em três partes? Correto. São três partes


mesmo:

Segmento 1: de “Nós, antropólogos sociais” até


“problemas sérios de orientação”.
Resumo

Segmento 2: de “E foi curioso e intrigante” até


“unidade de continente e conteúdo”.

Segmento 3: de “Ora, tudo isso contrasta” até


AULA V

o fim.

Passo 4:

Em seguida, com palavras abstratas e mais


68
Módulo Único

abrangentes, deverá detectar a ideia central de cada


segmento.

Se encontrou estas ideias centrais, mesmo que
escritas com outras palavras, fez um bom trabalho.

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Segmento 1: Existência de uma ordenação
espacial peculiar a cada sistema social;

Segmento 2: Brasil – ordenação e denominação


do espaço a partir de critérios pessoais e sociais;

Segmento 3: Estados Unidos – ordenação e


denominação do espaço a partir de critérios
impessoais.

Passo 5:

Nestas alturas, você já leu o texto com atenção


várias vezes, descobriu de que ele trata, fez a segmentação
apropriada, descobriu a ideia central de cada segmento.
Cabe a você, agora, dar a redação final com suas palavras,
procurando não só condensar os segmentos, mas encadeá-
los na progressão em que se sucedem no texto e estabelecer
as relações entre eles.

UESC
Se, no final de sua redação, o resumo ficou parecido
com o que está no quadro, mesmo que escrito com outras
palavras, você acertou. É assim mesmo que se começa.

Cada sistema social concebe a ordenação do espaço


de uma maneira típica. No Brasil, o espaço não é concebido
como um elemento independente dos valores sociais,
mas está embebido neles. Expressões como “em cima” e
“embaixo”, por exemplo, não exprimem propriamente a
noção de altitudes, mas indicam regiões sociais. As avenidas
e ruas recebem nomes indicativos de episódios históricos,
Resumo

de acidentes geográficos ou de alguma característica social


ou política. Nas cidades americanas, a orientação espacial
é feita pelos pontos cardeais e as ruas e avenidas recebem
um número e não um nome. Concebe-se, então, o espaço
AULA V

como um elemento dotado de impessoalidade, sem qualquer


relação com os valores sociais.

Para finalizar esta tarefa, podemos colocar as


palavras-chave, logo abaixo do Resumo. Geralmente são
três ou quatro.
69
Cada sistema social concebe a ordenação do espaço
de uma maneira típica. No Brasil, o espaço não é concebido
como um elemento independente dos valores sociais,
mas está embebido neles. Expressões como “em cima” e
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

“embaixo”, por exemplo, não exprimem propriamente a


noção de altitudes, mas indicam regiões sociais. As avenidas
e ruas recebem nomes indicativos de episódios históricos,
de acidentes geográficos ou de alguma característica social
ou política. Nas cidades americanas, a orientação espacial
é feita pelos pontos cardeais e as ruas e avenidas recebem
um número e não um nome. Concebe-se, então, o espaço
como um elemento dotado de impessoalidade, sem qualquer
relação com os valores sociais.

Palavras-chave: ordenação espacial; divisão


pessoalizada; divisão impessoalizada.
UESC

FIORIN, José Luiz; SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender


REFERÊNCIAS

o texto: leitura e redação. 5. ed. São Paulo: Ática, 1992.

FRANÇA, Júnia Lessa; VASCONCELOS, Ana Cristina de.


Manual para normalização de publicações técnico-
científicas. 7. ed. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2004.
Resumo

MACHADO, Anna Rachel (Coord.). Resumo. São Paulo:


Parábola Editorial, 2004. (Leitura e produção de textos
técnicos e acadêmicos 1).

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria.


AULA V

Metodologia do Trabalho Científico. 6. ed. rev. e amp.


São Paulo: Atlas, 2001.

70
VI
Módulo Único

AULA 6

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Resenha
Gessilene Silveira Kanthack
Urbano Cavalcante da Silva Filho

UESC
OBJETIVO: Aprender a produzir resenha crítica.

CONCEITUANDO A
Resenha

RESENHA
Você sabe o que é uma resenha? Formalizar um
AULA VI

conceito talvez não saiba! Mas, com certeza, sabe o que

é uma resenha, afinal, é uma prática comum em nossas

vidas. Como assim? Estamos sempre comentando sobre

algo, emitindo opiniões, julgamentos em uma situação

de produção específica. Quer exemplos?


73
Depois que você assiste a um filme, você comenta se
foi bom ou não, se gostou ou não do enredo, do final, da
produção, das atuações dos atores... Depois de uma festa,
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

comenta sobre quem mais se destacou, quem mais dançou,


quem mais beijou; comenta sobre o tipo de som, se estava
bom ou não; comenta sobre a bebida, a comida, sobre tudo
que pode ter acontecido na festa... Depois de uma partida de
futebol da seleção brasileira, comenta sobre os melhores e
piores lances; avalia o desempenho dos jogadores, do juiz;
argumenta sobre as decisões tomadas pelo técnico... Enfim,
você percebe que a propriedade básica, dessas situações
exemplificadas, é a apreciação ou julgamento? Pois é isso que
caracteriza a resenha.
Agora, falando tecnicamente, a resenha é um gênero
textual que apresenta a síntese das principais ideias contidas
em um texto ou em uma obra, acompanhada de uma
apreciação crítica do objeto que é resenhado. Conforme
Andrade (1995, p. 61), “resenha é um tipo de resumo crítico,
contudo mais abrangente: permite comentários e opiniões,
inclui julgamentos de valor, comparações com outras obras da
mesma área, e avaliação de relevância da obra com relação às
outras do mesmo gênero”.
Como você está na academia, com certeza a resenha
UESC

será um dos gêneros mais solicitados, pois a todo momento


você precisa ler diferentes textos (livros, artigos, ensaios,
teses, dissertações etc.) para cumprimento das exigências das
disciplinas. Logo, como produtor de uma resenha acadêmica,
“você deve levar em consideração o seu receptor, no caso, o
professor. Deve lembrar que, se ele indicou a leitura, deve
conhecer a obra. Portanto, ele avaliará não só a leitura da obra
através do resumo que faz parte da resenha, mas também
sua capacidade de opinar sobre ela” (MACHADO et al, 2004,
p.31).
Resenha
AULA VI

Conforme Fiorin e Savioli (2002, p. 426) “o resenhador deve proceder


seletivamente, filtrando apenas os aspectos pertinentes do objeto,
isto é, apenas aquilo que é funcional em vista de uma intenção
previamente definida”.

74
Módulo Único

E, como fazê-la? Certamente essa é a pergunta que está


fazendo! Para orientá-lo, vamos indicar abaixo os elementos
constitutivos de uma resenha crítica, aquela que normalmente

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


é solicitada na academia.

De acordo com Fiorin; Savioli (2002, p. 426-427),


a resenha pode ser descritiva ou crítica. Na resenha
descritiva, o autor expõe com fidelidade os elementos
referenciais e essenciais de um texto, com sua descrição
minuciosa e sucinta, e não apresenta nenhum julgamento
ou apreciação do resenhador. É basicamente isso que vai
diferenciar a descritiva da crítica. Conforme os autores,
são partes constituintes da resenha descritiva:

1) parte descritiva, com informações sobre


o texto (nome do(s) autor(es), título, nome

UESC
da editora, lugar e data de publicação, número
de volumes e páginas), podendo ser feita
também, nessa parte, uma descrição sumária da
estrutura;

2) parte com o resumo do conteúdo da


obra (indicação sucinta do assunto global da obra
e do ponto de vista adotado pelo autor, como a
perspectiva teórica, o método etc., e o resumo
com os pontos essenciais do texto).
Resenha

Para você ter uma ideia, veja um exemplo adaptado de


Medeiros (2008, p. 150-151):
AULA VI

Ingedore G. Villaça Kock oferece a seu


público leitor mais uma obra que trata de texto e
linguagem: Desvendando os segredos do texto,
de 168 páginas, publicado em 2002 pela Editora
Cortez, de São Paulo.

75
A obra é composta de duas partes e 11 capítulos (...)
A Profa. Ingedore baseia-se em pesquisas recentes que
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

desenvolve no Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp.


O objeto (...) é a reflexão sobre a construção textual dos
sentidos. Ela que sempre se ocupou da Linguística Textual,
examina, neste livro, as atividades de referenciação, as
estratégias de progressão textual. Os processos inferenciais
envolvidos no processamento dos diferentes tipos de
anáfora, os recursos de progressão e manutenção temática,
de progressão e continuidade tópica e o funcionamento
dos articuladores textuais. Assim, ocupa-se da articulação
entre os dois grandes movimentos cognitivo-discursivos de
retroação e avanço contínuos que orientam a construção da
trama textual.

Nas palavras de Medeiros (2008, p. 153), “o que é


fundamental numa resenha descritiva de um livro é indicar
o autor, o título da obra, a editora, o ano de publicação os
capítulos que compõem o livro (informar o título de cada
capítulo) e um resumo do texto que informe o objeto da
obra e o objetivo”. Você percebe que todos esses elementos
aparecem na resenha acima?
UESC

ESTRUTURA BÁSICA DE UMA


RESENHA CRÍTICA

Basicamente, a resenha crítica se caracteriza por


apresentar os seguintes elementos: descrição, resumo da
Resenha

obra e comentários/avaliações do produtor da resenha.


1. Descrição
AULA VI

Nesta parte, você apresenta informações como: dados


bibliográficos (que podem ser colocados no início, em parágrafo
próprio, ou na primeira frase do texto) e informações básicas
sobre o autor (que podem aparecer no início ou no final, ou
nem mesmo aparecer).

76
Módulo Único

2. Resumo da obra Comentários/Avaliações

Você pode apresentá-los em separado, cada um em

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


parágrafo próprio, ou juntos, formando um texto misto.

No resumo (apresentação da obra, sua estrutura, seu


conteúdo básico) você deve abordar objetivamente a obra, tendo
o cuidado para destacar as partes componentes da mesma. Por
exemplo, se livro, você pode falar em capítulos; se artigo, em
seções, ou seja indicar como a obra está estruturada e o que
contém cada parte.

Para avaliar uma obra, você pode se guiar por perguntas do


tipo: quais são as suas contribuições? O autor foi bem sucedido ou
não? Foi criativo ou não? Foi original ou não? Soube desenvolver
bem ou não a temática? O autor foi feliz ou não com a escolha do
material de apoio (referencial bibliográfico)? Como é seu estilo?
Claro? Objetivo? Coerente?

Conforme Köche, Boff; Pavani (2006, p. 96), “os julgamentos


inteiramente pessoais, que só exprimem o sentimento do autor,
tais como eu gosto ou eu não gosto, devem ser evitados, porque
não são justificados pela razão”.

Além destes elementos, há também a indicação da


obra (que pode ou não aparecer na resenha). Vamos agora

UESC
identificar esses elementos na resenha adaptada abaixo! Para
tanto, leia-a prestando atenção a cada uma das informações
apresentadas em cada parágrafo:

SOUZA, Nali de Jesus de. Desenvolvimento


econômico. São Paulo: Atllas, 1993. 420 p.
Resenha

Este é um livro útil e bem redigido que busca


superar, na literatura brasileira, a ausência de um texto
que cubra a diversidade de abordagens analíticas e as
diferentes percepções sobre as teorias e estratégias
AULA VI

do desenvolvimento econômico, habitualmente


ministradas nos cursos de graduação em economia,
em nosso país. O autor “objetiva chegar a uma síntese
dos principais fatores do desenvolvimento econômico
e sua generalização para o conjunto dos países
subdesenvolvidos” (p. 11), e é bem sucedido.
O livro é subdividido em 12 capítulos, englobando
77
conceitos de desenvolvimento e subdesenvolvimento,
perspectiva histórica e visão panorâmica das
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

contribuições dos principais economistas e escolas


preocupados com o tema; aponta com detalhes as
principais teorias existentes e preocupa-se com as
estratégias de industrialização aplicadas ao Brasil e a
alguns outros países (...)
Chama a atenção o cuidado com o que o autor
mostra as disputas envolvendo abordagens ortodoxas
e heterodoxas – o que é salutar numa disciplina onde
percepções ideológicas estão quase sempre presentes,
mas não obscurecidas, freqüentemente, na literatura
dominante. Pena que ele não tenha incluído, na
apreciação de cada linha de pensamento, os limites de
abordagem - o que fica como sugestão para futuras
edições da obra (...)
A leitura do livro sugere, corretamente,
que nenhum conjunto específico de instituições é
unicamente adequado para acelerar o processo de
desenvolvimento econômico. Teorias e estratégias,
em certos momentos dominantes, são influenciadas
pelo relativo sucesso (ou insucesso) experimentado
UESC

em determinado contexto histórico e institucional, que


dificilmente poderia ser reproduzido. Isso também se
aplica a fases dentro de uma mesma estratégia.
Como argumenta o autor, nas considerações
finais, “o discurso atual sobre a liberação da economia,
desestatização, abertura comercial etc., representa a
conclusão de longos debates efetuados na literatura
sobre crescimento voltado para dentro ou aberto ao
exterior” (p. 236) (...)
(...) Cremos que esse livro é uma referência
Resenha

importante na literatura disponível em língua


portuguesa. Estudantes de graduação e o público
leitor, interessados nos problemas do desenvolvimento
econômico, se voltarão para esse texto aliviados com
AULA VI

a possibilidade de terem uma iniciação mais que


satisfatória ao tema. Isso estimula um aprendizado
que deve ser completado com a leitura das novas
ideias que estão sendo incorporadas à teoria (...)
O autor, Nali de Jesus de Souza, é professor
titular do Departamento de Economia e do Curso de

78
Módulo Único

Pós-graduação em Economia da Universidade Federal


do Rio Grande do Sul.

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Joanílio Rodolpho Teixeira
(Departamento de Economia da Universidade de Brasília)

(Fonte: KÖCHE, V. S. et al, 2006, p. 98-99)

Quais informações podem ser consideradas de natureza


descritiva? Os dados bibliográficos, colocados no início do texto
(em parágrafo próprio), os dados biográficos (informações
sobre o autor do texto), que aparecem no último parágrafo,
bem como a informação de que o autor da resenha, “Joanílio
Rodolpho Teixeira”, é do Departamento de Economia da
Universidade de Brasília.
Como o autor estrutura o texto da resenha? Separando
resumo de comentário ou colocando os dois elementos juntos?
Na verdade, se você leu com atenção, percebeu que o autor

UESC
emite opiniões não apenas em um parágrafo específico. Você
nota, inclusive, a apreciação do autor já no início e no final do
primeiro parágrafo:

Este é um livro útil e bem redigido que busca


superar, na literatura brasileira, a ausência de um texto
que cubra a diversidade de abordagens analíticas e as
diferentes percepções sobre as teorias e estratégias
do desenvolvimento econômico, habitualmente
Resenha

ministradas nos cursos de graduação em economia,


em nosso país. O autor “objetiva chegar a uma síntese
dos principais fatores do desenvolvimento econômico
e sua generalização para o conjunto dos países
AULA VI

subdesenvolvidos” (p. 11), e é bem sucedido.

Percebe os elogios referentes ao livro e ao autor? E no


meio deles, o que têm? São informações objetivas sobre o
livro, que também vão aparecer no segundo parágrafo:
79
O livro é subdividido em 12 capítulos,
englobando conceitos de desenvolvimento e
subdesenvolvimento, perspectiva histórica e
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

visão panorâmica das contribuições dos principais


economistas e escolas preocupados com o tema;
aponta com detalhes as principais teorias existentes
e preocupa-se com as estratégias de industrialização
aplicadas ao Brasil e a alguns outros países (...)

Você deve notar que neste o autor indica como o livro está
estruturado (em doze capítulos), bem como o conteúdo básico
(resumo) do livro. Já nos dois parágrafos seguintes (terceiro e
quarto), também há informações objetivas sobre a obra, mas
predomina o julgamento do produtor da resenha. No terceiro,
inclusive, sugere modificações em futuras edições. No quinto,
expressa, por meio da citação direta, o que o autor apresenta
nas considerações finais. No sexto, o autor da resenha indica
a que público o texto se destina:

(...) Cremos que esse livro é uma referência


UESC

importante na literatura disponível em língua


portuguesa. Estudantes de graduação e o
público leitor, interessados nos problemas do
desenvolvimento econômico, se voltarão para esse
texto aliviados com a possibilidade de terem uma
iniciação mais que satisfatória ao tema. Isso estimula
um aprendizado que deve ser completado com a
leitura das novas ideias que estão sendo incorporadas
à teoria (...)
Resenha

Enfim, percebeu que, de fato, temos um texto misto? Com


resumo e opiniões intercaladas? Esta é uma das estruturas
mais comuns, mas você pode encontrar resenhas em que essas
AULA VI

informações aparecem em parágrafos separados. Vamos ver


esse outro modelo!
Como você verá, para efeitos didáticos, cada parte
da resenha será destacada. No entanto, vale ressaltar que,
quando você for produzir, não precisa identificar com títulos
as partes que a compõem. O modelo a ser apresentado foi
80
Módulo Único

produzido por uma das autoras dessa aula:


Referência bilbiográfica:

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


MORENO, Cláudio. História da língua portuguesa:
Nomes que invadiram os dicionários. In: Revista
SUPERinteressante. São Paulo: Abril, edição 6
(especial), agosto, 2002, p.14-15.

Autor da resenha:

Resenhado por: Gessilene Silveira Kanthack


(Universidade Estadual de Santa Cruz).

Resumo da obra:

Como já antecipa o sub-título, o artigo trata basicamente


a respeito da origem de algumas palavras que fazem parte do
nosso léxico e dos nossos dicionários.
O texto está estruturado em três partes: na primeira, o
autor esclarece sobre o termo epônimo, irmão do sinônimo e

UESC
do antônimo. Conforme o autor, o termo identifica as palavras
que nasceram a partir do nome próprio de algum personagem
real ou fictíco. Sinaliza ainda que esse tipo de derivação,
não necessariamente de nomes próprios de pessoas, é um
mecanismo muito comum em qualquer língua, pois através
do processo derivacional é que são formados os léxicos e
os dicionários utilizados pelos falantes. Moreno informa que
“muitos epônimos são derivados do nome de autores famosos,
tais como darwinismo, freudiano, shakespereano”. Há também
Resenha

aqueles que fazem parte da história da medicina: mal de


Parkinson, trompa de Falópio, síndrome de Dow etc. Mas,
segundo ele, o verdadeiro epônimo é aquela palavra comum,
bem conhecida, que foi extraída do nome de alguém de carne
AULA VI

e osso e se imortalizou nos dicionários.


Na segunda parte, o autor lista algumas palavras
epônimas, definindo-as e explicando as suas respectivas
origens. Eis algumas delas:

Braille: alfabeto que permite aos cegos ler com


a ponta dos dedos. Recebeu o nome do educador
81
francês Louis Braille que nasceu cego (...);
Cesariana: nome da cirurgia associado ao
imperador romano Júlio César, que teria nascido
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

assim;
Daltônico: identifica quem tem dificuldade para
distinguir algumas cores, confundindo principalmente
o verde e o vermelho. Veio de John Dalton, famoso
químico, matemático e físico inglês que resolveu
pesquisar o problema que afetava tanto ele quanto o
seu irmão;
Diesel: do nome de Rudolf Diesel que
desenvolveu e patenteou o motor que hoje leva seu
nome (...);
Sanduíche: nome que vem de John Montagu,
conde de Sandwich, que pediu, na madrugada de 6
de agosto de 1762, num clube de Londres, um naco
de rosbife entre duas fatias de pão (...).

Por fim, na terceira parte, quando o autor encerra o


texto, coloca que esse processo de derivação pode ser usado a
qualquer momento pelos falantes, a depender da necessidade
de comunicação. Lembra, ainda, que a escola deveria dar mais
UESC

atenção à história das origens de nossos vocábulos, afinal,


conhecê-los significa um maior conhecimento de mundo.
Mas constata que, para tal prática, é preciso que os próprios
dicionários registrem a história das palavras.

Apreciação:

Embora Moreno apresente um número reduzido de


Resenha

palavras, pode-se dizer que o seu artigo é interessante e


desperta a curiosidade do leitor. Afinal, é bom sabermos a
origem daquilo que usamos para nos comunicarmos. O texto
é claro, a linguagem é simples e bastante elucidativa.
AULA VI

Indicação:

É indicado a qualquer pessoa interessada em conhecer


mais sobre a língua portuguesa, principalmente aos estudantes
de Letras e áreas afins.
82
Módulo Único

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Sugerimos que, para aprender mais sobre este
gênero textual, a resenha, consulte os seguintes
autores:

NASCIMENTO, Dinalva M. Metodologia


do trabalho cientifico: teoria e prática.
Rio de Janeiro: Forense, 2005;
LAKATOS, E.; MARCONI, Marina.
Metodologia do Trabalho Científico.
São Paulo: Atlas, 1995.
OLIVEIRA, J. L. de. Texto acadêmico:
técnicas de redação e de pesquisa
científica. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2005.

Agora que você já sabe o que é uma resenha, é a vez

UESC
de colocar em prática o que aprendeu.

Resenha
AULA VI

83
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

ANDRADE, Maria Margarida de. Como preparar trabalhos

REFERÊNCIAS
para cursos de pós-graduação: noções práticas. São
Paulo: Atlas, 1995.

FIORIN, José Luiz; SAVIOLI, Francisco Platão. Para en-


tender o texto: leitura e redação. 16. ed. São Paulo: Ática,
2002.

KÖCHE, Vanilda Salton; BOFF, Odete Maria Benetti; PAVANI,


Cínara Ferreira. Prática textual: atividades de leitura e es-
crita. Petrópolis: Vozes, 2006.

LAKATOS, E.; MARCONI, Marina. Metodologia do Trabalho


Científico. São Paulo: Atlas, 1995.

MACHADO, A. R.; LOUSADA, E.; ABREU-TARDELLI, L.S. Re-


senha. São Paulo: Parábola Editorial, 2004.
UESC

MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de


fichamentos, resumos, resenhas. 10. ed. São Paulo: Atlas,
2008.

NASCIMENTO, Dinalva Melo do. Metodologia do trabalho


científico: teoria e prática. Rio de Janeiro: Forense, 2002.

OLIVEIRA, J. L. de. Texto acadêmico: técnicas de redação


Resenha

e de pesquisa científica. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2005.


AULA VI

84
V I I
Módulo Único

AULA 7

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Concordância
Verbal
UESC
Gessilene Silveira Kanthack

Concordância Verbal
OBJETIVO: Praticar algumas das regras relativas à
concordância verbal.

REGRA GERAL
AULA VII

O verbo concorda com o sujeito em número (singular/

plural) e pessoa (eu, tu, ele, ela - singular / nós, vós, eles,

elas - plural).
87
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

Vale lembrar que a segunda pessoa do singular, tu, concorre


com o pronome você. Já a segunda pessoa do plural, vós,
somente é usado em contextos de escrita bastante específicos.
Na língua falada, deu lugar ao pronome vocês. Também vale
destacar que o pronome de primeira pessoa do plural, nós,
concorre com a forma a gente, devendo o verbo ocorrer com
esta forma no singular: a gente canta; a gente dança; a gente
estuda.

ATENÇÃO!!

Para que se estabeleça a concordância verbal correta,


UESC

é indispensável a identificação do sujeito na frase. E como


fazemos isso? Fazendo perguntas ao verbo. Vamos ver!!!

a) João comprou um carro novo.


► Quem comprou um carro novo? (João)

b) Viajaram para o Congresso em Salvador, os alunos.


Concordância Verbal

► Quem viajou? (os alunos)

c) A pedra atingiu a vidraça.


► O que atingiu a vidraça? (A pedra)

d) João e Maria saíram cedo.


► Quem saiu cedo? (João e Maria)
AULA VII

Identificados os sujeitos, faz-se a concordância: Sujeito


simples (composto de um só núcleo) / singular → verbo singular
(como nos casos de a e c); sujeito composto (quando tem
mais de um núcleo, como em d) / plural (como em b) → verbo
plural. Entendeu? Essa é a regra básica. No entanto, há várias
particularidades. Vamos relembrar algumas delas!

88
Módulo Único

A CONCORDÂNCIA VERBAL E SUAS

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


PARTICULARIDADES

Antes de rever a regra, analise os exemplos, contrastando


aqueles que são gramaticais (que estão conforme a norma
tradicional) com os que são agramaticais (marcados com um
asterisco (*), indicando que não estão corretos), verificando
se o verbo aparece no singular ou no plural. Feito isso, procure
observar, atentamente, os sujeitos (lembrando que é só fazer
a pergunta ao verbo para que ele possa ser identificado),
pois são eles que determinam se o verbo irá para o plural
ou para o singular. Você verá que, em alguns casos, não há
contraste (gramatical/agramatical), pois há duas possibilidades
de concordância. Verá também que, em alguns casos, não
há sujeito envolvido e, mesmo assim, o verbo tem a sua
concordância definida. São particularidades que merecem ser
analisadas com bastante atenção. Então vamos lá!!!

CASO 1

UESC
a) Telefone, água e luz, no próximo ano, custarão mais
caro.

b) * Telefone, água e luz, no próximo ano, custará


mais caro.

c) João, Paulo e Pedro, depois do futebol, tomarão


Concordância Verbal
uma cerveja.

d) * João, Paulo e Pedro, depois do futebol, tomará


uma cerveja.

Observação 1:
O verbo deve ocorrer no plural.
AULA VII

Observação 2:
O que os sujeitos de (a) e (c) têm em comum? Os sujeitos são
compostos de elementos coordenados de 3ª pessoa. Observe
(a): telefone (ele), água (ela), luz (ela); (b): João (ele), Paulo
(ele), Pedro (ele).

89
CASO 2
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

a) Descaso e desprezo marcou sua administração.


b) Descaso e desprezo marcaram sua administração.

Observação 1:
O verbo pode ocorrer tanto no singular quanto no plural.

Observação 2:
Trata-se de sujeito composto por palavras sinônimas (descaso
e desprezo), ou seja, palavras que têm o mesmo significado.

CASO 3

a) Um mês, um ano, uma década de ditadura não


calou os poetas.
b) Um mês, um ano, uma década de ditadura não
UESC

calaram os poetas.

c) O primeiro e o segundo candidatos deverá


comparecer à entrevista.
d) O primeiro e o segundo candidatos deverão
comparecer à entrevista.
Concordância Verbal

Observação 1:
O verbo pode ocorrer tanto no singular quanto no plural.

Observação 2:
O sujeito é composto de palavras que indicam gradação (a e b)
e enumeração (c e d).

CASO 4
AULA VII

a) Desvios, fraudes, roubos, tudo isso acontece em


nosso país.
b) * Desvios, fraudes, roubos, tudo isso acontecem
em nosso país.
90
Módulo Único

c) João, Maria e Ana, nenhum deles está aqui.


d) *João, Maria e Ana, nenhum deles estão aqui.

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


e) Os alunos e os professores, cada um deles
apresentou um assunto específico durante o
evento.
f) *Os alunos e os professores, cada um deles
apresentaram um assunto específico durante o
evento.

Observação 1:
O verbo deve ocorrer no singular.

Observação 2:
O sujeito composto é representado por um núcleo resumido:
tudo isso em (a); nenhum deles em (c); cada um deles em
(e).

Se o sujeito é composto, e o núcleo resumido não aparece,

UESC
logo, o verbo deve ocorrer no plural: Desvios, fraudes, roubos,
acontecem em nosso país; João, Maria e Ana estão aqui; Os
alunos e os professores apresentaram um assunto específico
durante o evento.

CASO 5 Concordância Verbal

a) Ganharam o prêmio João e Maria.


b) Ganhou o prêmio João e Maria.

c) Ganharam o prêmio os alunos e o professor.


d) * Ganhou o prêmio os alunos e o professor.
AULA VII

Observação 1:
O verbo pode ocorrer tanto no singular quanto no plural.

Observação 2:
Quando o sujeito composto estiver em posição pós-verbal, o

91
verbo pode concordar com os dois (plural- João e Maria), como
em (a), ou com o núcleo mais próximo (singular - João), como
em (b), desde, é claro, que tal núcleo esteja no singular. Se o
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

núcleo mais próximo estiver no plural, como em (c), os alunos,


então, o verbo deve ocorrer no plural e não no singular (o que
justifica a agramaticalidade de (d)).

Nesse tipo de construção, em que o sujeito aparece numa posição


pós-verbal, há uma tendência (muito forte!), principalmente na
língua falada, pela violação da concordância: saiu os resultados;
foi inaugurado duas novas lojas; apareceu muitas pessoas por
aqui. Por isso, é preciso prestar muita atenção ao produzir esse
tipo de estrutura!

CASO 6

a) O diretor com os coordenadores do curso elaboraram


as ementas.
UESC

b) *O diretor com os coordenadores do curso elaborou


as ementas.

c) O diretor, com os coordenadores do curso, elaborou


as ementas.
d) *O diretor, com os coordenadores do curso, elaboraram
as ementas.
Concordância Verbal

e) Os diretores, com os coordenadores do curso,


elaboraram as ementas.

Observação 1:
Se a preposição com equivaler a “e”, atribuindo-se a ação verbal
a todos os elementos que compõem o sujeito, o verbo deve
ocorrer no plural, como em (a) (O diretor com os coordenadores
do curso = O diretor e os coordenadores do curso).
AULA VII

Observação 2:
Se a preposição com equivaler a “em companhia de”, realçando-
se, mediante o verbo, a ação do antecedente, o verbo deve
concordar com o antecedente: singular, concordando com o
diretor, em (c); plural, concordando com os diretores, em
(e).
92
Módulo Único

CASO 7

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


a) Nem Ana nem Paula são bem-vindas.
b) Nem Ana nem Paula é bem-vinda.

c) Um e outro aluno compareceu à aula de língua


portuguesa.
d) Um e outro aluno compareceram à aula de língua
portuguesa.

e) Nem um nem outro aluno se interessou pela aula.


f) Nem um nem outro aluno se interessaram pela aula.

Observação 1:
O verbo pode ocorrer tanto no singular quanto no plural.

Observação 2:
O sujeito é formado pelas expressões nem...nem... (casos (a)
e (b)), um e outro (casos (c) e (d)) e nem um nem outro
(casos (e) e (f)).

UESC
CASO 8

a) Laranja ou mamão são frutas importantes para a


nossa dieta.
b) *Laranja ou mamão é fruta importante para a nossa Concordância Verbal
dieta.

c) O presidente ou o seu assessor anunciará a


manutenção do imposto.
d) *O presidente ou o seu assessor anunciarão a
manutenção do imposto.
AULA VII

Observação 1:
Se a conjunção ou indicar “inclusão”, o verbo deve ocorrer no
plural, concordando com os dois sujeitos: Laranja ou/e mamão,
como em (a).

Observação 2:
Se o ou indicar “exclusão”, o verbo deve ocorrer no singular,
93
como em (c), em que o verbo indica que a ação será
implementada apenas por um dos sujeitos: ou o presidente,
ou o seu assessor.
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

CASO 9

a) O ladrão ou os ladrões não deixaram vestígio.


b) *O ladrão ou os ladrões não deixou vestígio.

c) Os políticos, ou melhor, o presidente do Senado
está envolvido em vários escândalos.
d) *Os políticos, ou melhor, o presidente do Senado
estão envolvidos em vários escândalos.

Observação 1:
Se o sujeito expressa uma retificação para um sujeito anterior,
o verbo deve concordar com o sujeito retificado: os ladrões,
logo, o verbo no plural, como em (a); o presidente do Senado,
o verbo no singular, como em (c).
UESC

CASO 10

a) Tanto João como Antônio participou do evento.


b) Tanto João como Antônio participaram do evento.
Concordância Verbal

c) Não só a Maria mas também a Joana foi reprovada


por falta.
d) Não só a Maria mas também a Joana foram
reprovadas por falta.

Observação 1:
O verbo pode ocorrer tanto no singular quanto no plural.
AULA VII

Observação 2:
Se o sujeito apresentar expressões como tanto ... como, não
só... mas também... o verbo pode ocorrer no plural, indicando
que a concordância está sendo feita com os dois núcleos
(João/Antônio em (b); Maria/Joana em (d)), ou no singular,
concordando com o núcleo mais próximo (Antônio em (a);

94
Módulo Único

Joana em (c)). Essa regra vale também para as expressões:


tanto...quanto e não só...como.

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


CASO 11

a) A disciplina, assim como a persistência, fizeram de


João um profissional competente.
b) *A disciplina, assim como a persistência, fez de João
um profissional competente.

c) Sua beleza física, bem como sua simplicidade,


conquistaram o coração da Maria.
d) * Sua beleza física, bem como sua simplicidade,
conquistou o coração da Maria.

Observação 1:
O verbo deve ocorrer no plural.

Observação 2:
O sujeito é composto pelas expressões assim como e bem
como,  indicando que há inclusão de outro sujeito. Observe que

UESC
o segmento introduzido pelas expressões fica entre vírgulas.

CASO 12

a) Fui eu quem escreveu.  Concordância Verbal


b) Fui eu quem escrevi. 
c) Fomos nós quem escreveu.
d) Fomos nós quem escrevemos.

e) Fui eu que escrevi.


f) Foi ele que escreveu.

Observação 1:
AULA VII

Quando o verbo tem como sujeito o pronome quem, o verbo


pode concordar com ele, (a) e (c), ou com o pronome sujeito
antecedente: eu e nós, respectivamente (b) e (d).

Observação 2:
Quando o pronome envolvido for o que, o verbo deve concordar
com o pronome sujeito antecedente: eu, em (e); ele, em (f).
95
CASO 13
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

a) A multidão invadiu o campo depois do jogo.


b) *A multidão invadiram o campo depois do jogo.

c) A multidão dos famintos invadiu a loja.


d) A multidão dos famintos invadiram a loja.

e) A maioria dos alunos da EAD está interessada em


revisar regras gramaticais da língua portuguesa.
f) A maioria dos alunos da EAD estão interessados em
revisar regras gramaticais da língua portuguesa.

f) A metade dos alunos está fazendo o curso de


computação.
h) A metade dos alunos estão fazendo o curso de
computação.

Observação 1:
Quando o sujeito indicar “coletivo”, o verbo deve ocorrer no
singular, como em (a). Quando o sujeito for composto de
coletivo (a multidão) e substantivo (os famintos), o verbo pode
UESC

ocorrer tanto no singular como no plural, como indicam (c) e


(d).

Observação 2:
Quando o sujeito for constituído por expressão partitiva (a
maioria e a metade) e substantivo, o verbo pode ocorrer tanto
no singular como no plural, como mostram os contrastes (e)
Concordância Verbal

e (f), (g) e (h). Veja outras expressões que indicam partitivo:


parte de; porção de; maior parte de; resto de; grosso de...

CASO 14

a) Mais de uma aluna faltou.


b) *Mais de uma aluna faltaram.
AULA VII

c) Mais de duas alunas faltaram.


d) *Mais de duas alunas faltou.

Observação 1:
Se o sujeito for formado pelas expressões mais de um e
mais de dois, o verbo deve concordar com o numeral de tais

96
Módulo Único

expressões: uma, logo o verbo no singular (a); duas, verbo no


plural (b).

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


CASO 15

a) Mais de um aluno, mais de um professor estiveram


presentes à reunião.
b) *Mais de um aluno, mais de um professor esteve
presentes à reunião.

c) Mais de uma casa, mais de um prédio caíram durante


a chuva.
d) *Mais de uma casa, mais de um prédio caiu durante
a chuva.

Observação 1:
O verbo deve ocorrer no plural.

Observação 2:
O sujeito apresenta a expressão mais de um(a) repetida.

UESC
CASO 16

Concordância Verbal
a) Cem por cento (100%) dos alunos frequentará o
curso de língua portuguesa.
b) Cem por cento (100%) dos alunos frequentarão o
curso de língua portuguesa.
c) Cinquenta por cento (50%) de aumento não foi
suficiente.
d) Cinquenta por cento (50%) de aumento não foram
suficientes.
AULA VII

Observação 1:
O verbo pode ocorrer tanto no singular quanto no plural.

Observação 2:
O sujeito é formado por expressão que indica percentagem.

97
CASO 17
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

a) O Estados Unidos é rico.


b) * O Estados Unidos são ricos.

c) Os Estados Unidos são ricos.


d) *Os Estados Unidos é rico.

e) O Amazonas é um grande rio.


f) * O Amazonas são um grande rio.

g) Os Andes percorrem a América do Sul.


h) * Os Andes percorre a América do Sul.

Observação 1
Nome próprio-sujeito precedido de artigo singular determina
que o verbo deva ocorrer no singular, como em (a) e (e).

Observação 2
Nome próprio-sujeito precedido de artigo plural determina que
o verbo deva ocorrer no plural, como em (c) e (g).
UESC

CASO 18

a) Os Sertões glorificou a literatura brasileira.


Concordância Verbal

b) Os Sertões glorificaram a literatura brasileira.

Observação 1:
O verbo pode ocorrer tanto no singular quanto no plural.

Observação 2:
Trata-se de obra literária desempenhando a função de sujeito.
AULA VII

A propósito desse tipo de sujeito, vale dizer que a tendência


atual do português brasileiro é concordar o verbo com
a palavra obra; logo, a concordância mais comum é a
exemplificada em (a): A obra “Os Sertões” glorificou...

98
Módulo Único

CASO 19

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


a) Alguns de nós lemos o livro. 
b) Alguns de nós leram o livro.

Observação 1:
Quando o sujeito for composto de pronome indefinido no plural,
o verbo deve concordar com ele (alguns, como em (b)) ou com
o pronome que o acompanha (nós, em (a)).

Chamam-se pronomes indefinidos os pronomes que se


aplicam à terceira pessoa gramatical, quando considerada
de um modo vago e indeterminado. Eis alguns exemplos
que podem ocorrer em estruturas semelhantes a que está
estudando no caso 19: muitos, vários, quantos, poucos.

UESC
CASO 20

a) Aceita-se encomenda.
b) * Aceitam-se encomenda.

c) Vende-se apartamento. Concordância Verbal


d) *Vendem-se apartamento;

e) Aceitam-se encomendas.
f) *Aceita-se encomendas.

g) Vendem-se apartamentos.
h) *Vende-se apartamentos.
AULA VII

Observação 1:
Quando o verbo transitivo direto ocorre com o pronome se, o
verbo deve concordar com o elemento sintático posposto: se
singular, verbo no singular, como em (a) e (c); se plural, verbo
no plural, como em (e) e (g).
99
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

CURIOSIDADE LINGUÍSTICA
A propósito das construções ilustradas em 20, elas
são chamadas de passiva sintética. Você se lembra
disso? Sobre o uso delas no português brasileiro,
há uma particularidade bastante interessante:
normalmente o falante dessa língua não identifica
o substantivo posposto ao verbo como sujeito
(como preconiza a gramática normativa), e sim
como objeto direto, função esta que não leva a
exigir o acordo do verbo. Por isso, é comum você
encontrar pessoas usando, por exemplo, aceita-se
encomendas; vende-se apartamentos. Na verdade,
ao produzir esse tipo de sentença, o falante entende
que se trata de um sujeito indeterminado: alguém
aceita encomendas; alguém vende apartamentos.
Para você ter uma ideia de como ela é comum, é
só prestar atenção nas placas de anúncios! Mas,
VOCÊ atenção! Mesmo sendo comum, na língua escrita
SABIA? formal, você não pode deixar de aplicar a regra!
UESC

CASO 21

a) É uma hora.
Concordância Verbal

b) *São uma hora.

c) São duas horas.


d) *É duas horas.

c) Hojé é primeiro de dezembro.


d) *Hoje são primeiro de dezembro.

e) Hoje são dois de dezembro.


AULA VII

f) *Hojé é dois de dezembro.

Observação 1:
O verbo ser, quando impessoal, deve concordar com o numeral:
uma/primeiro, verbo singular, como em (a) e (e); duas/dois,
verbo plural, como em (c) e (g).
100
Módulo Único

CASO 22

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


a) Havia muitas cadeiras vazias.
b) * Haviam muitas cadeiras vazias.

c) Havia cinco pessoas aqui.


d) *Haviam cinco pessoas aqui.
e) Pode haver casos sem solução.
f) *Podem haver casos sem solução.

Observação 1:
O verbo deve ocorrer no singular.

Observação 2:
Quando tem o sentido de existir, o verbo haver não varia, seja
ocorrendo sozinho, como em (a) e (c), seja acompanhado de
outro verbo (e).

CURIOSIDADE LINGUÍSTICA

UESC
É interessante destacar que, na língua falada,
encontramos construções do tipo: haviam muitas
cadeiras; haviam cinco pessoas; houveram vários
problemas... Saiba que esses casos não estão
corretos! A propósito desse verbo, Faraco e Tezza
(2003) lembram que, normalmente, ele é substituído
pelo verbo “ter”, que, inclusive, já foi imortalizado pelo
célebre poema de Carlos Drummond de Andrade, “No Concordância Verbal
meio do caminho”, que você certamente conhece: no VOCÊ
meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra
no meio do caminho... SABIA?

CASO 23
AULA VII

a) Existem muitas cadeiras vazias.


b) *Existe muitas cadeiras vazias.

c) Existiam cinco pessoas aqui.


d) *Existia cinco pessoas aqui.
101
e) Podem existir casos sem solução.
f) *Pode existir casos sem solução.
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

g) Existia uma pessoa aqui.


e) *Existiam uma pessoa aqui.

Observação 1:
Diferentemente do verbo haver, o verbo existir deve concordar
com o sujeito: se plural, verbo no plural (como em (a), (c) e
(e)); se singular, verbo no singular (g).

A propósito dos verbos haver e existir, Faraco e Tezza


(2003, p. 145) lembram: “é preciso uma atenção especial
com esses dois verbos. No caso de haver, porque seu uso
no singular ‘contraria’ a lógica aparente do falante; e, no
caso de existir, porque em geral ele se encaixa no caso
típico de sujeito depois do verbo (...), quando a tendência
é suprimir a concordância”.
UESC

CASO 24

a) Os pesquisadores não haviam encontrado sinais de


mudança.
Concordância Verbal

b) *Os pesquisadores não havia encontrado sinais de


mudança.

a) Os pesquisadores não tinham encontrado sinais de


mudança.
b) *Os pesquisadores não tinha encontrado sinais de
mudança.

Observação 1:
AULA VII

O verbo deve ocorrer no plural.

Observação 2:
Diferentemente do caso 22, no exemplo (a) de 24 o verbo
haver é simplesmente verbo auxiliar, e exerce a mesma função
do verbo ter, como em (c). Ou seja, nessas sentenças há um
102
Módulo Único

sujeito e o verbo deverá concordar com ele. Não se pode


confundir esses casos com o uso impessoal do verbo haver.

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


CASO 25

a) Há cinco meses que...


b) Há um mês que...

c) Faz cinco meses que...


d) *Fazem cinco meses que...

e) Faz um mês que..


f) *Fazem um mês que...

Observação 1:
O verbo deve ocorrer no singular.

Observação 2:
Os verbos haver e fazer indicam tempo.

UESC
AGORA QUE VOCÊ RELEMBROU, VAMOS PARA AS
ATIVIDADES!

Concordância Verbal
AULA VII

103
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

ABREU, Antônio Suárez. Curso de Redação. São Paulo:

REFERÊNCIAS
Ática, 1989.

BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37. ed.


Rio de Janeiro: Lucerna, 1999.

CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do


Português Contemporâneo. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1985.

FARACO, C. A.; TEZZA, C. Oficina de texto. 2. ed. Petrópolis:


Vozes, 2003.

MARTINS, Dileta; ZILBERKNOP, Lúbia Scliar. Português


Instrumental. 20. ed. Porto Alegre: Sagra Luzzatto,
1999.

ROCHA LIMA, C. H. da. Gramática normativa da língua


portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1999.

SACCONI, L. A. Gramática essencial da língua


UESC

portuguesa: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Atual,


1987.
Concordância Verbal
AULA VII

104
V I I I
Módulo Único

AULA 8

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Concordância
Nominal

UESC
Profa. Gessilene Silveira Kanthack

Concordância Nominal
OBJETIVO: Praticar algumas das regras relativas à
concordância nominal.
.

REGRA GERAL
AULA VIII

O artigo, o pronome, o adjetivo concordam em


gênero (masculino/feminino) e número (singular/plural)
com o substantivo a que se referem.
107
ATENÇÃO!!
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

Para que se estabeleça a concordância nominal correta,


é indispensável a identificação do substantivo. E como o
identificamos? Normalmente, o substantivo é aquela palavra
que usamos para designar ou nomear pessoas, animais,
objetos, lugares, ações, estados, qualidades... É uma boa
lista!!! Vale a pena consultar uma gramática para rever os
tipos de substantivos!
Vamos tentar identificar o substantivo das frases abaixo!
Para isso, atente para as palavras que se modificam em função
do substantivo, considerado, em muitas situações, o núcleo de
uma unidade composta por outras palavras: artigos, pronomes
e adjetivos, por exemplo. Vamos lá!

a) O meu apartamento é novo.


b) A minha casa é nova.
c) João comprou um carro velho.
d) João comprou uma bicicleta usada.
UESC

► Que substantivos estão determinando a


concordância nominal com outros elementos sintáticos?
(Apartamento, casa, carro e biclicleta).

► Quais são os elementos que estão sendo


modificados? (Os artigos (o, a, um e uma), os pronomes
Concordância Nominal

(meu, minha) e os adjetivos (novo, nova, velho e


usada)).

Agora que identificou os elementos nominais, você saberia


dizer qual a concordância relativa ao gênero e ao número?

► Quanto ao gênero, o que diferencia os substantivos


da frase de (a) e (b)? Enquanto na primeira o gênero em
questão é o masculino (apartamento), como também se
verifica em (c) (carro), na segunda, é o feminino (casa),
AULA VIII

como em (d) (bicicleta).

► Quanto ao número, que tipo de concordância


está sendo estabelecida entre os elementos e os seus
respectivos substantivos? (Singular)

108
Módulo Único

Agora, se o número fosse o plural, como ficariam as


frases acima?

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


e) Os meus apartamentos são novos.
f) As minhas casas são novas.
g) João comprou dois carros velhos.
h) João comprou duas bicicletas usadas.

► Note-se que, ao ser alterado o número, não


somente as palavras nominais são modificadas, mas
também o verbo, ou seja, a concordância verbal é
estabelecida com o sujeito que se alterou, de singular
para o plural.

Portanto, identificado o substantivo, faz-se a


concordância: substantivo masculino, elementos que o
acompanham, masculinos (como em (a), (c), (e) e (g));
substantivo feminino, elementos que o acompanham,
femininos (como em (b), (f) e (h)); substantivo singular,
logo, concordância singular (como nos casos de (a) e
(d)); substantivo plural, logo, concordância plural (como

UESC
nos casos de (e) e (h)).

Entendeu? Essa é a regra básica quando se trata de


um único substantivo. Quando o substantivo for composto,
a regra é bastante variável, como você verá em alguns
casos abaixo. Também terá a oportunidade de relembrar

Concordância Nominal
outros casos que merecem atenção. Vamos vê-los!!!

A CONCORDÂNCIA NOMINAL
E SUAS PARTICULARIDADES


Mesmo que você saiba a regra em questão, procure
AULA VIII

analisar primeiro os exemplos, verificando, cuidadosamente,


a concordância que está sendo estabelecida. Depois, veja
a regra. Como no caso da concordância verbal, há também
particularidades envolvendo a concordância nominal. Portanto,
preste atenção!!!

109
CASO 1
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

a) A cantora e a jornalista famosa.


b) A cantora e a jornalista famosas.

c) Comprei revistas e livro velho.


d) Comprei revistas e livro velhos.

Observação 1:
O adjetivo pode ocorrer no singular (concordando com o
substantivo mais próximo, a jornalista em (a), livro em (c)) ou
no plural (concordando com ambos os substantivos, a cantora
e a jornalista em (b), revistas e livro em (d)).

Observação 2:
O artigo e o adjetivo concordam em gênero (feminino) com
o substantivo, em (a) e (b). Já em (c) e (d), observe que o
gênero em questão é o masculino, usado, inclusive, quando o
primeiro substantivo for feminino.
UESC

CASO 2
Concordância Nominal

a) Encontramos abandonadas as cidades e os vilarejos.


b) Encontramos abandonada a cidade e os vilarejos.

Observação 1:
Ao contrário de (c) e (d), caso 1, em que o adjetivo aparece
depois do substantivo, em (a) e (b), caso 2, o adjetivo aparece
antes, concordando em gênero e número com o substantivo
mais próximo.
AULA VIII

CASO 3

a) Comprei uma blusa azul-clara.


b) Comprei duas blusas azul-claras.
110
Módulo Único

c) Comprei um sapato marrom-escuro.

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


d) Comprei dois sapatos marrom-escuros.

Observação 1:
Quando o adjetivo é composto de dois adjetivos que indicam
cores, apenas o último concorda com o substantivo, tanto em
gênero quanto em número.

CASO 4

e) Comprei um carro azul-marinho.


f) Comprei dois carros azul-marinho.

Uma cor que também


g) Comprei uma sandália azul celeste. é invariável é bege.
Veja os exemplos:
h) Comprei duas sandálias azul celeste. Comprei uma blusa
bege; comprei duas
blusas bege.

Observação 1:

UESC
O adjetivo composto é invariável, ou seja, as duas formas
aparecem no singular.

CASO 5

Concordância Nominal
a) Comprei um terno verde-oliva.
b) Comprei dois ternos verde-oliva.

c) Comprei uma blusa amarelo-ouro.


Quando o nome de
d) Comprei duas blusas amarelo-ouro. cor for originado de
um substantivo, não
varia. Veja: Comprei
um carro vinho; A
Observação1: moça vestia uma
blusa rosa; todos
Esse tipo de adjetivo composto também é invariável.
AULA VIII

estavam com roupas


de tons pastel. Mas
atenção! Há uma
Observação 2: exceção: comprei
Diferentemente dos exemplos do caso 4, em que o adjetivo é tecido lilás; comprei
tecidos lilases.
formado por dois adjetivos, no caso 5, o adjetivo é composto
de adjetivo + substantivo: verde/amarelo (adjetivo); oliva/
ouro (substantivo).
111
CASO 6
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

a) Comprei uma água-de-colônia.


b) Comprei duas águas-de-colônia.

c) Já tenho um pé-de-galinha.
d) Já tenho alguns pés-de-galinha.

Observação 1:
Se o substantivo apresenta preposição, apenas a primeira
palavra deve concordar, se houver elemento sintático
determinando: uma água/duas águas; um pé/alguns pés .

Você ainda se lembra da lista de preposições simples?


Se lembra, parabéns! Tem boa memória! Se não, então essa
é a hora para relembrar! São elas: a, ante, após, até, com,
contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob,
sobre, trás. Mas não para por aí. Lembra das acidentais?
UESC

Afora, conforme, durante, exceto, fora, mediante, menos,


não obstante, salvo, segundo, senão, visto etc. E as locuções
prepositivas? São várias! Para relembrar, recomendo consultar
uma gramática tradicional.
Concordância Nominal

CASO 7

a) Discutimos uma questão luso-brasileira.


b) Discutimos algumas questões luso-brasileiras.

c) O problema sócio-econômico que atinge o país...


d) Os problemas sócio-econômicos que atingem o
país...
AULA VIII

Observação 1:
Quando o substantivo for seguido de adjetivo + adjetivo, a
forma do meio permanece inalterada. Ou seja, apenas o
substantivo e o adjetivo final devem concordar.
112
Módulo Único

CASO 8

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


a) Aquele homem é um cirurgião-dentista.
b) Aqueles homens são cirurgiões-dentistas.

Observação 1:
Quando o substantivo for seguido de outro substantivo, ambos
podem ser flexionados (b) ou não (a).

CASO 9

a) A primeira e segunda lição da aula de língua


portuguesa...
b) A primeira e segunda lições da aula de língua
portuguesa...

UESC
c) Ela desobedeceu às leis terceira e quarta do
Código...
d) *Ela desobedeceu à lei terceira e quarta do Código...

Observação 1:
Quando dois ou mais ordinais (primeiro, segundo, terceiro...)

Concordância Nominal
vêm antes de um substantivo, determinando-o, o substantivo
concorda com o mais próximo (a) ou vai para o plural (b).

Observação 2:
Se o substantivo ocorre antes dos numerais, ele vai para o
plural (c).

Quando se empregam os numerais cardinais no lugar


dos ordinais, ao contrário destes, que flexionam,
OS CARDINAIS

aqueles ficam invariáveis. Veja o contraste:


AULA VIII

a) Abra o livro na página vinte e um.


b) Abra o livro na página vigésima primeira.
c) Abra o livro no capítulo vigésimo primeiro.
d) Observe a figura seis desta coleção.
e) Observe a sexta figura desta coleção.
f) Observe o sexto gráfico desta pesquisa.
113
CASO 10
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

a) Um e outro aspecto obscuros.


b) Uma e outra causa juntas.

Observação 1:
Quando um substantivo e um adjetivo ocorrem depois da
expressão um e outro, o substantivo vai para o singular e o
adjetivo para o plural. Note ainda que o adjetivo concorda em
gênero com o substantivo.

CASO 11

a) Quando a conta foi feita, a moça não estava casada.


b) Depois de analisadas as suas condições, o rapaz
concordou em pagar a conta atrasada.
UESC

c) O homem foi salvo pelos bombeiros.


d) Postos os livros na mesa, os estudantes saíram.

Observação 1:
O particípio concorda com o substantivo a que se refere: se
Concordância Nominal

feminino-singular, feita; se feminino-plural, analisadas; se


masculino-singular, salvo; se masculino-plural, postos.

CASO 12

a) O aluno está atrasado.


b) A aluna está atrasada.
c) Os alunos estão atrasados.
AULA VIII

d) As alunas estão atrasadas.

e) O aluno pediu um livro emprestado.


f) O aluno pediu uma caneta emprestada.
g) O aluno pediu dois livros emprestados.
h) O aluno pediu duas canetas emprestadas.
114
Módulo Único

Observação 1:
O adjetivo, que funciona como predicativo, concorda em gênero

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


e número com o sujeito da frase, como em (a), (d), e com o
objeto direto, como em (e), (h).

CASO 13

a) Tenho menos tempo hoje.


b) Tenho menos roupas hoje.
c) *Tenho menas roupas hoje.

d) Ele está alerta.


e) Eles estão alerta.
f) *Eles estão alertas.

Observação 1:
As palavras menos e alerta são invariáveis.
Portanto, menas e alertas são formas agramaticais.

UESC
As locuções adjetivas sem caráter, de talento, sem
vergonha, por exemplo, são invariáveis:

a) Homem(s) sem caráter.


b) Artista(s) de talento.

Concordância Nominal
c) Pessoa(s) sem vergonha.

As palavras empregadas como advérbio também são


invariáveis:

a) As blusas custaram barato e as saias, caro.


b) As pessoas andavam rápido.
c) Os alunos falavam baixinho.

A propósito deste último caso, é preciso estar atento à


função da palavra: se advérbio, invariável; se substantivo ou
adjetivo, elas flexionam:
AULA VIII

d) As blusas estão baratas e as saias, caras.


e) As pessoas rápidas ganharam o concurso.
f) Dois alertas soaram na calada da noite.

Percebeu a diferença? É preciso, portanto, reconhecer


as funções das palavras na sentença para empregar ou não a
regra da concordância.
115
CASO 14
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

a) Elas estão bastante chateadas.


b) Ele está bastante chateado.

c) Elas fizeram bastantes perguntas.


d) Eles fizeram bastantes questionamentos.
Quando puder subs-
tituir bastante por
muitos, muitas, vários,
várias, quer dizer que Observação 1:
ela deverá sempre Bastante como advérbio é invariável, como ilustram (a)
ficar no plural. Se só e (b). Bastante como adjunto adnominal concorda com o
der para substituí-
substantivo, no caso, perguntas em (c) e questionamentos
la por muito, ficará
sempre no singular,
em (d).
já que a função é de
advérbio.

CASO 15
UESC

a) Joana e Maria são pessoas meio caretas.


b) João e Pedro são pessoas meio caretas.
Concordância Nominal

c) João bebeu meia garrafa de vinho.


Alguns falantes cos-
d) João bebeu meio litro de vinho.
tumar dizer: almocei
ao meio dia e meio;
outros, dizem: almo- e) Não gosto de meias-verdades.
cei ao meio dia e
f) Eu não uso meios-termos.
meia. Afinal, qual
dessas concordâncias
você faz? A primeira
ou a segunda? Se Observação 1:
respondeu que é a
Meio como advérbio é invariável, como se observa em (a) e
AULA VIII

segunda, acertou!
Meio concorda com (b). Meio como numeral, significando metade, concorda com
dia e meia concorda o substantivo: garrafa, feminina, logo meia; litro, masculino,
com hora. Portanto,
logo, meio; verdades, feminino-plural, logo, meias; termos,
a primeira não está
correta! masculino-plural, meios.

116
Módulo Único

CASO 16

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


a) Anexos vão os formulários.
b) Anexas vão as fotografias.

c) Incluso vai o salário.


d) Inclusa vai a gratificação.

e) Seguem em anexo os documentos.


f) Segue em anexo o documento.

Observação 1:
Palavras como anexo e incluso concordam com os substantivos
a que se referem: formulário, masculino-plural, logo, anexos;
fotografias, feminino-plural, logo, anexas; salário, masculino-
singular, logo incluso; gratificação, feminino-singular, logo,
inclusa.

UESC
Observação 2:
Quando a palavra anexo vem acompanhada de preposição,
“em anexo”, ela é invariável (e) e (f).

CASO 17 Concordância Nominal

a) Ele mesmo fez isso.


b) Ela mesma fez isso.

c) Eles mesmos fizeram isso.


d) Elas mesmas fizeram isso.
AULA VIII

Observação 1:
Mesmo concorda em gênero e número com o substantivo a que
se refere. Essa mesma regra se aplica à “próprio”: ele próprio,
ela própria, eles próprios, elas próprias.
117
CASO 18
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

a) Ela disse: muito obrigada.


b) Ele disse: muito obrigado.

c) Ela disse que estava grata.


d) Ele disse que estava grato.

e) Elas disseram que estavam muito gratas.


f) Eles disseram que estavam muito gratos.

Observação 1:
A palavra obrigada concorda em gênero com o substantivo a
que se refere: se masculino, obrigado; se feminino, obrigada.
Já a palavra grata concorda em gênero e número com o
substantivo a que se refere.
UESC

CASO 19

a) É proibido entrada.
Concordância Nominal

b) É proibida a entrada.

Observação 1:
Quando o sujeito não vem precedido de artigo, o adjetivo não
varia (a). Quando o sujeito vem precedido de artigo, o adjetivo
varia (b).
AULA VIII

CASO 20

a) Ficamos preocupado com a situação. (homem)


b) Estamos receosa de que isso aconteça. (mulher)

118
Módulo Único

Observação 1:
Temos aqui o chamado “plural por modéstia”. Por

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


representar um grupo, o falante usa o pronome nós; logo,
o verbo deverá concordar com o referido pronome. No
entanto, o adjetivo permanece no singular e o seu gênero
deverá concordar com o sexo do falante.

Saiba que, aqui, tratamos apenas de alguns casos


particulares que dizem respeito à concordância nominal. Há
vários outros casos que merecem ser estudados. Por isso,
recomenda-se que você consulte alguma gramática normativa
para relembrar ou conhecer outros casos.

Agora que você já sabe, vamos á prática!!

UESC
REFERÊNCIAS

ABREU, Antônio Suárez. Curso de Redação. São


Paulo: Ática, 1989.

BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37.


ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 1999.

Concordância Nominal
CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do
Português Contemporâneo. 2. ed. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1985.

FARACO, C. A.; TEZZA, C. Oficina de texto. 2. ed.


Petrópolis: Vozes, 2003.

MARTINS, Dileta; ZILBERKNOP, Lúbia Scliar. Português


Instrumental. 20. ed. Porto Alegre: Sagra Luzzatto,
1999.

ROCHA LIMA, C. H. da. Gramática normativa da


AULA VIII

língua portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: José


Olympio, 1999.

SACCONI, L. A. Gramática essencial da língua


portuguesa: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Atual,
1987.

119
IIX
X
Módulo Único

AULA 9

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Regência Verbal
e Nominal

UESC
Gessilene Silveira Kanthack

OBJETIVO: Estudar alguns casos de regência verbal


e nominal.

Regência Verbal e Nominal


REGRA GERAL

Termos de uma frase, para terem sentido completo,

exigem elementos específicos como complementos,

estabelecendo entre eles uma relação de dependência.


AULA IX

Quando o termo regente (aquele que exige) for o verbo,

tem-se a regência verbal; quando for uma palavra de

natureza nominal (substantivo/adjetivo), tem-se a

regência nominal.
123
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA ATENÇÃO!!

As preposições desempenham papel crucial, tanto


no caso da regência verbal quanto da nominal. Vamos
compreender isso? Então leia atentamente os enunciados
abaixo, procurando observar o que está faltando para lhes
garantir gramaticalidade.

a) *Os alunos EAD estão satisfeitos a oficina gramática.


b) *Os alunos EAD gostam bolo chocolate.
c) *Os alunos EAD enviaram as respostas provas os
professores.

Se respondeu que estão faltando preposições, acertou!


Veja como elas fazem a diferença na constituição da
gramaticalidade:

d) Os alunos da EAD estão satisfeitos com a oficina de


gramática.
e) Os alunos da EAD gostam de bolo de chocolate.
UESC

f) Os alunos da EAD enviaram as respostas das provas


para os professores.

Os alunos de qual curso? Estão satisfeitos com quê?


Oficina de quê? São perguntas que você faz, por exemplo,
em (d), para de fato compreender o sentido da frase. Ainda
Regência Verbal e Nominal

sobre esta, se você dissesse “os alunos da EAD estão”,


certamente alguém perguntaria: estão como? E aí você tem
necessariamente que completar: estão satisfeitos.
A propósito de (e), se você pronunciasse simplesmente “os
alunos da EAD gostam”, imediatamente alguém perguntaria:
gostam de quê? Mesmo que você responda “gostam de bolo”,
alguém poderia ainda perguntar: bolo de quê?
Finalmente, sobre (f), o verbo “enviar” exige dois
objetos como complementos. É só fazer as perguntas ao
verbo: enviou o quê? a quem? E a resposta certamente
é: “enviou as respostas das provas (objeto direto) para os
AULA IX

professores (objeto indireto)”. Se você respondesse somente


“as respostas”, alguém perguntaria: respostas do quê? E aí
você teria que complementar: das provas.
Percebeu como os sentidos são estabelecidos? Ao
produzir uma frase, você usa palavras que necessariamente
vão exigir a presença de outras para lhe completar o sentido.
124
Módulo Único

Mas, atenção! Dependendo do termo regente (aquele que


exige um outro termo), a exigência é bastante específica,

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


isto é, o elemento regido não pode ser de qualquer natureza.
Vamos entender isso, observando os dados abaixo:

g) João comprou uma casa.


*João comprou de casa.

h) João gosta de doce.


* João gosta o doce.

i) João ficou preocupado.


*João ficou de preocupado.

j) João está de cama.


*João está a cama.

l) João morreu de gripe suína.
*João morreu a gripe suína

UESC
O que verificou nesses contrastes? Que os verbos não
selecionam qualquer tipo de complemento. Comprar exige um
complemento sem preposição (uma casa e não de casa); gostar,
por sua vez, exige uma preposição (de doce e não o doce);
ficar exige um predicativo que não deve vir acompanhado de
preposição (preocupado e não de preocupado); diferentemente,

Regência Verbal e Nominal


estar exige a preposição (de cama e não a cama); morrer
exige um complemento acompanhado de preposição e não de
artigo (de gripe suína e não a gripe suína).
Em termos tradicionais, o que essas constatações nos
revelam? Que existem verbos transitivos (g) e (h), de ligação
(i) e (j) e intransitivos (l). Lembra dessas nomenclaturas?
Certamente você já estudou que um verbo de ligação tem
a propriedade de ligar um sujeito ao seu predicativo, sendo
este, normalmente, representado por um adjetivo (como em
(i)) ou uma locução adjetiva (como em (j)).
Também já viu que o verbo transitivo pode ocorrer com
AULA IX

um objeto direto (g) ou um objeto indireto (h), ou os dois


ao mesmo tempo (f) (verbo bitransitivo ou verbo transitivo
direto e indireto; que a distinção entre objeto direto e indireto
é feita pela presença ou não de uma preposição. Quando
ela está presente, o verbo é chamado de transitivo indireto;
quando não, de objeto direto. Que, por oposição aos verbos
125
transitivos, que obrigatoriamente exigem complementos,
os verbos intransitivos, por terem sentido completo, não os
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

exigem.
Como você pode notar essa é uma tipologia baseada
numa mistura de propriedades semânticas e sintáticas. Para
distinguir os verbos transitivos dos intransitivos, tem-se em
vista o fato de o verbo necessitar ou não de complemento
(critério semântico); para separar os transitivos diretos dos
indiretos, leva-se em conta a presença ou não de preposição
(critério sintático). Normalmente, essa confusão não é
mencionada nas gramáticas tradicionais, pois a elas o que
interessa é a categorização sintática (isto é, a distribuição das
palavras em classes bem definidas). Assim, quando se referem
a verbos e complementos, preocupam-se em distribuí-los em
diferentes paradigmas.

CURIOSIDADE LINGUÍSTICA

Apesar da força da doutrina gramatical, vale a


UESC

pena chamar a atenção para o fato de que os falantes


usam variadamente os verbos, que podem ocorrer
transitivamente ou não. Para explicar isso, veja os
exemplos abaixo:

a) Meu gato já comeu todo o mingau.


Regência Verbal e Nominal

b) Meu gato já comeu.


c) Meu gato quase não come.

Como você pode notar, comer ora exige


a presença de um objeto direto (a), ora
recusa-o, como ilustram (b) e (c). Esse mesmo
comportamento também se observa com o
verbo dormir, que pode ser tanto intransitivo (d)
quanto transitivo (e):

d) Marineuza dormiu.
e) Marineuza dormiu um sono tranqüilo.
AULA IX

SABIA?
VOCÊ

Assim como esses verbos, outros também


podem ocorrer em contextos variados, ora com
objeto direto, ora com indireto, ora com predicativos,
ora com advérbios etc. O que é interessante destacar
126
Módulo Único

é que o falante, naturalmente, tem consciência das


propriedades/restrições desses elementos sintáticos.

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Assim como os verbos, os nomes também têm as suas
restrições selecionais. Veja isso a partir dos contrastes que se
seguem:

a) Maria tem medo de fantasma.


*Maria tem medo o fantasma.
*Maria tem medo com fantasma.

b) O filho da Maria sofreu um acidente de carro.


*O filho a Maria sofreu um acidente o carro.
*O filho para Maria sofreu um acidente em carro.

Maria tem medo de quê? Certamente é essa a

UESC
pergunta que você faria; logo, os outros dois enunciados são
totalmente agramaticais, tendo em vista que medo não exige
um complemento precedido de artigo (o fantasma), nem a
preposição com (com fantasma).
O filho de quem? Conforme o contraste, a resposta só
pode ser “o filho da Maria”. Sofreu um acidente de quê? Como

Regência Verbal e Nominal


vê, só pode ser “de carro”.
Percebeu que as relações discutidas aqui são bem
restritas? Pois é, mas nem sempre acontece dessa forma
com todas as palavras/estruturas da língua. Como você verá,
na próxima seção, a regência verbal é variável. A depender
do sentido do verbo ou do contexto social em que é usado,
diferentes complementos são selecionados. Vamos ver alguns
casos!

ALGUNS CASOS VARIÁVEIS DE REGÊNCIA


AULA IX

VERBAL

O objetivo aqui não é apresentar um grande número


de verbos com a sua respectiva regência; afinal, são muitos
os verbos da língua portuguesa. Queremos apenas que você

127
relembre alguns casos, pois, com certeza, em algum momento
de sua vida escolar, você já estudou isso. Quer provar que sabe?
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

Então analise os verbos dos exemplos abaixo, considerando a


transitividade e as diferenças de sentido. Vamos lá!

CASO 1

a) Os moradores do campo aspiram um excelente ar.


b) João aspira a um bom cargo.

Observação:
Em (a), o verbo desempenha a função de transitivo direto, com
o sentido de “respirar”; em (b), a função de transitivo indireto,
com o sentido de “ter por objetivo”.

CASO 2
UESC


a) A mãe sempre agrada os filhos.
b) O aumento do preço do combustível não agradou
aos consumidores.

Observação:
Regência Verbal e Nominal

Em (a), o verbo é transitivo direto, com o sentido de “acarinhar”;


em (b), transitivo indireto, significando “causar agrado”, “ser
agradável”.

CASO 3

a) Os alunos precisaram da ajuda dos tutores.


b) Os tutores precisaram o horário do atendimento.

Observação:
AULA IX

Em (a), precisar funciona como transitivo indireto, já que o


sentido é “ter necessidade”; em (b), com o sentido de “tornar
preciso”, o verbo é transitivo direto.

128
Módulo Único

CASO 4

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA



a) A embaixada visou o passaporte dos brasileiros.
b) Este curso visa a aprimorar casos de regência
verbal.

Observação:
Em (a), o verbo, com o sentido de “pôr o visto”, pede objeto
direto; em (b), significando “tem por objetivo, pretende”, o
verbo pede objeto indireto.

CASO 5

a) A família assistiu ao filme.


b) A enfermeira assistiu ao doente.
c) A enfermeira assistiu o doente.

Observação:

UESC
Com o sentido de “presenciar, ser expectador”, assistir funciona
como transitivo indireto (a); com o sentido de “prestar auxílio”,
como indireto (b); com o sentido de “ajudar”, direto (c).

Regência Verbal e Nominal


CURIOSIDADE LINGUÍSTICA

Está vendo que o tipo de complemento


(elemento regido) é selecionado conforme a natureza
semântica do verbo? Pois é, basicamente, é isso que
caracteriza a chamada regência verbal. No entanto,
cabe lembrá-lo que, na prática, há divergência entre
o que preceitua o ensino tradicional e a realidade
atual da língua. Quer entender isso? Então veja os
exemplos abaixo:
AULA IX

a) João aspira um bom cargo.


SABIA?
VOCÊ

b) O aumento do preço do combustível não


agradou os consumidores.
c) A família assistiu o filme.

129
Certamente, você, assim como a maioria dos
brasileiros, não vê estranhamento nessas três frases.
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

Afinal, qual a diferença entre usar o objeto indireto


(como preceitua a norma) e o objeto direto (como
determina a prática linguística)? Nenhuma! Melhor
dizendo, o que a prática linguística nos revela é
que as estruturas com este último objeto são mais
naturais do que aquelas com o objeto indireto. Você
concorda, ou não?
Mesmo considerando essa realidade, você não
pode esquecer que, para os casos de escrita formal,
são exigidas as normas prescritas pelas gramáticas
tradicionais. Logo, se tiver dúvida quanto ao tipo de
complemento do verbo, você deverá consultar uma
gramática ou um dicionário. Aliás, este costuma ser
mais indicado do que aquela, pois, normalmente,
apresenta os vários significados do verbo, com as
suas respectivas transitividades.
UESC

Como já foi explicitado acima, assim como os verbos,


os nomes/adjetivos, dependendo das estruturas em que são
usados, exigem termos para completar os seus sentidos.
Nesse caso, tem-se a chamada regência nominal. Vamos ver
alguns casos!
Regência Verbal e Nominal

ALGUNS CASOS DE REGÊNCIA NOMINAL

Para entender o fenômeno, analise as frases abaixo,


considerando em especial as palavras destacadas:

a) O rapaz é apaixonado por futebol.


b) Tenho medo de sofrer.
c) Devemos obediência aos nossos pais.
d) Fizeram referência à prisão do bandido.
AULA IX

e) As pessoas não estão acostumadas à poluição.


f) João tem uma coleção de carros antigos.
g) Este veneno é nocivo aos seres humanos.
h) Este menino é idêntico ao seu irmão gêmeo.
i) Sou favorável à justiça.
j) Temos certeza da vitória.
130
Módulo Único

l) Estas crianças têm facilidade para escrever.


m) Este filme é impróprio para menores.

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


n) Tenho muita vontade de viajar para a Europa.
o) Sou grato a quem me faz um favor.
p) Os alunos nutrem um carinho pela professora.

O que todas elas têm em comum? Se você observou
bem, percebeu que todas pedem um complemento a mais,
todos eles iniciados por preposição. Notou isso? Pois é, a
preposição é um elemento sintático de extrema importância
para a regência nominal. Se você retirá-la, todos os exemplos
passam a ser agramaticais.

Entendeu o que é o fenômeno da regência verbal e


nominal?

Agora é a sua vez de praticar!


Vamos lá!!!

UESC
Na dúvida, consulte um dicionário.
Afinal, muitos casos que estão sendo apresentados na
atividade não foram discutidos acima.

Regência Verbal e Nominal


AULA IX

131
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

REFERÊNCIAS
ABREU, Antônio Suárez. Curso de Redação. São Paulo:
Ática, 1989.

BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio


de Janeiro: Lucerna, 1999.

CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do


Português Contemporâneo. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1985.

FARACO, C. A.; TEZZA, C. Oficina de texto. 2. ed. Petrópolis:


Vozes, 2003.

KANTHACK, Gessilene Silveira. Transitividade verbal: teoria


e pratica gramaticais. In: Caderno Seminal Digital, ano
14, n.10, v.10, 2008, p. 98-106.

MARTINS, Dileta; ZILBERKNOP, Lúbia Scliar. Português


Instrumental. 20. ed. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1999.
UESC

PERINI, Mário. Gramática descritiva do português. São


Paulo: Ática, 1996.

ROCHA LIMA, C. H. da. Gramática normativa da língua


portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1999.

SACCONI, L. A. Gramática essencial da língua portuguesa:


teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Atual, 1987.
Regência Verbal e Nominal
AULA IX

132
X
Módulo Único

AULA 10

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Crase
Marileide dos Santos de Oliveira

UESC
OBJETIVO: Relembrar as regras de uso da crase.

O QUE É?
Crase

Quando ouvimos falar em crase, normalmente

pensamos em um acento grave (`) sobre a letra “a”,


AULA X

considerando como crase o acento. Na realidade, o acento

grave é apenas indicador de crase. Em linhas gerais, dá-

se o nome de crase à fusão da preposição “a” com o

artigo feminino “a” ou “as”. Veja o exemplo:


135
Irei à escola de meus amigos.

(Irei a + a escola de meus amigos).


OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

a (preposição) à a (artigo feminino)

A fusão da preposição a não ocorre apenas com o artigo


feminino. Há outras possibilidades de fusão. Veja:

a+a=à
a + as = às
a + aquela= àquela
a + aquilo= àquilo
a + a qual= à qual

Vamos agora recordar quando há a ocorrência de crase.


Antes de iniciarmos a explicação, temos de chamar sua atenção
para algo que você não pode esquecer nunca: de modo geral,
há crase antes de palavra feminina, uma vez que crase é a
fusão de uma preposição com um artigo feminino, e este só é
usado antes de palavra feminina.

REGRAS PRÁTICAS
UESC

Há algumas regras práticas, três para ser mais precisa,


Quando você for aplicar
esta regra prática, que nos auxiliam bastante em relação ao uso da crase. É
deve ter um particular
cuidado com três claro que existem numerosas regras, as proibições, os casos
palavras: casa, terra e facultativos, mas estas regras práticas são um achado, muito
distância. Sobre elas,
explicaremos mais legais mesmo. Observe!
adiante. Aguarde!

1. Se substituir o substantivo feminino por um masculino


e o a se transformar em ao, há crase. Suponhamos
que você encontre a pequena frase abaixo e não saiba
Crase

se nela há crase. Imediatamente você troca a palavra


feminina que está após o a por uma palavra masculina
equivalente. Se, com a troca, o a se transformar em ao,
AULA X

não há dúvida, há crase, pode colocar o acento grave


sobre o a.

Maria foi a feira.

Maria foi ao mercado. Maria foi à feira.


136
Módulo Único

2. A segunda regra prática é aplicada em frases em que


o verbo indicar movimento – ir, por exemplo. Troca-se
o verbo de movimento pelas expressões: “Volto de”,
“Volto da”. Se trocar por “Volto de”, não há crase. Se

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


trocar por “Volto da”, há crase.

Vou a Portugal.

Volto de Portugal. Vou a Portugal. (Não há crase)

Vou a Alemanha.

Volto da Alemanha Vou à Alemanha. (Há crase)

3. A terceira regra prática consiste em trocar a preposição


a por uma destas combinações: “ para a, na, da,
pela”. Se for possível a troca, há crase. Mas preste bem
atenção: tem de ser exatamente por uma das expressões
citadas. Escolhendo a expressão para a, por exemplo,
não pode ser apenas a preposição para.

Maria foi a feira.

UESC
Maria foi para a feira. Maria foi à feira. (há crase)

João foi a São Paulo.

João foi para São Paulo. João foi a São Paulo.


(Não há crase)

Agora vamos iniciar, de fato, a revisão das regras de


crase. Revisaremos três pontos: a) quando se usa crase; b)
quando não se usa crase; e c) os casos facultativos.
Crase

USA-SE CRASE
AULA X

• Antes de palavra feminina:

a) Maria foi à universidade.

• Nas expressões indicadoras de horas:

a) Chegarei às oito horas.


137
• Em locuções prepositivas, conjuntivas e adverbiais formadas
com substantivos femininos, tais como: à medida que, às
vezes, à noite, às pressas...
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

a) Esse fenômeno pode ocorrer, às vezes, nesta região.


b) Gosto de estudar à noite.

• Antes dos pronomes demonstrativos iniciados por a: aquela,


aquele, aquilo...

a) Ofereci flores àquela jovem.

Não se usa crase • Na expressão “à moda”, ainda que a palavra “moda” esteja
no a que antecede
uma, a não ser subentendida:
quando indica hora,
ou quando se trata da
locução adverbial à a) Ele tem um estilo à moda Luiz Fernando Veríssimo.
uma, sinônimo de “ao
mesmo tempo”, “de b) Ele escreve à Luiz Fernando Veríssimo.
uma só vez”. Veja os
exemplos: Os alunos
chegaram à uma NÃO HÁ CRASE
hora. / Todos gritaram
à uma: Socorro!
Se crase é a fusão do a (preposição) com o a (artigo
feminino), é claro que, antes de verbo, não se usa artigo; e,
antes de palavra masculina, se usar artigo, este será um artigo
masculino. Não se usa crase, portanto:
UESC

• Antes de verbo:

a) Estou apto a fazer a viagem.

As únicas exceções • Antes de substantivo masculino:


são os pronomes de
tratamento “senhora e
senhorita”: Escreverei
imediatamente à se-
a) Ele sempre anda a cavalo.
nhora/senhorita.
Crase

• Antes de pronome pessoal (reto, oblíquo e de


tratamento):
AULA X

a) Requeiro a V.Sª. a minha matrícula.


b) Dei a ela o seu endereço.

• Antes de pronome indefinido:

a) A ninguém interessa o plano.


138
Módulo Único

• Antes dos pronomes demonstrativos esta e essa:

a) Não me refiro a esta situação.

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


• Entre palavras repetidas:

a) Ministrou o remédio gota a gota.

• a singular - substantivo no plural:


Campinhas - Se o
nome da cidade vier
a) Vou sempre a festas. modificado, com
qualificativo, ocorrerá
crase: Os turistas
• Antes de substantivos próprios que não admitem artigo: vieram à Ilhéus de
Gabriela.

a) Fomos a Campinas. Se a palavra “casa”


vier modificada, com
qualificativo, pode
ocorrer crase: Voltei
• Antes da palavra casa quando significar o próprio lar: emocionada à casa
paterna (ou: à casa
de meus sonhos,
a) Voltei a casa para almoçar. à casa de minhas
amigas, à casa de
minha infância...).
• Antes da palavra terra, quando significar “terra firme”, em
Se a palavra “terra” vier
oposição a “mar”:
com outra conotação
ou vier modificada,
pode ocorrer a crase:

UESC
a) Assim que o navio aportou, todos vieram a terra. Todos voltaram à
terra amada. Jesus
veio à terra para nos
• Antes da palavra distância: salvar.

Se a palavra
a) Matriculei-me em Educação a Distância. “distância” vier com
especificações,
haverá crase: Fiquei
à distância de 500
metros.

CRASE FACULTATIVA
Crase

A crase é facultativa, quando as duas opções são possíveis:


com crase ou sem crase.
AULA X

• Antes de nomes próprios femininos:

a) Dei o livro a Maria.


b) Dei o livro à Maria.

• Antes de pronome possessivo feminino:


139
a) Dei o livro a minha amiga.
b) Dei o livro à minha amiga.
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

Agora que já relembrou as regras, chegou a hora de


exercitar!!!

ABREU, Antônio Suárez. Curso de Redação. São Paulo:

REFERÊNCIAS
Ática, 1989.

ANDRÉ, Hildebrando. Gramática Ilustrada. 4. ed. São


Paulo: Moderna, 1990.

CUNHA, Celso Ferreira da. Gramática da Língua


Portuguesa. 11. ed. Rio de Janeiro: FAE, 1986.

MARTINS, Dileta; ZILBERKNOP, Lúbia Scliar. Português


Instrumental. 20. ed. Porto Alegre: Sagra Luzzatto,
1999.
UESC

NICOLLA, José de; INFANTE, Ulisses. Gramática


Contemporânea da Língua Portuguesa. 2. ed. São
Paulo: Scipione, 1990.

PASCHOALIN; SPADOTO. Gramática: teoria e exercícios.


São Paulo: FTD, 1989.

SACCONI, Luis Antônio. Gramática Essencial Ilustrada:


Crase

GEI. São Paulo: Atual, 1994.

SACCONI, Luis Antônio. Nossa Gramática: teoria e prática.


AULA X

São Paulo: Atual, 1982.

TUFANO, Douglas. Estudos de Língua Portuguesa:


Gramática. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1990.

140
XI
Módulo Único

AULA 11

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Colocação
Pronominal

UESC
Profª. Gessilene Silveira Kanthack

AULA XI Colocação Pronominal


OBJETIVO: Praticar as principais regras relativas à
colocação pronominal.

REGRA GERAL

Pronomes átonos (me/te/lhe/se/nos/vos/lhes/o(s)/

a(s)) podem ser colocados antes do verbo (próclise), no meio

do verbo (mesóclise) e depois do verbo (ênclise).

143
OFICINA DE LPORTUGUESA ATENÇÃO!!

A colocação desses pronomes não pode ser aleatória!


Há regras específicas para cada uma delas: próclise, mesóclise
e ênclise. É o que você verá aqui. Mas, antes disso, cabe
ressaltar algumas particularidades que dizem respeito a essas
colocações.
Você, como bom falante do português brasileiro, quando
usa esse tipo de pronome certamente usa mais a próclise. A
propósito dessa preferência, você conhece o poema do Oswald
de Andrade, que tem como temática exatamente o problema
da colocação pronomimal? Vamos lê-lo!

PRONOMINAIS

Dê-me um cigarro
diz a gramática
do professor e do aluno
e do mulato sabido.
UESC

Mas o bom branco e o bom negro


da nação brasileira
dizem todos os dias:
_ deixa disso camarada
Me dá um cigarro.

O que o autor destaca aqui é exatamente o que acontece


na prática: a gramática prescreve uma regra, aquela que você
aprende na escola; no entanto, no uso real da língua, não é
AULA XI Colocação Pronominal

o que se verifica. Certamente, você tem consciência disso,


afinal, é falante de uma língua que tem a próclise como a regra
preferida.
Todavia, como você sabe, a nossa gramática é baseada
na portuguesa, e é justamente esta que determina as regras
de colocação. Portanto, em se tratando (olha aí uma delas)
de língua formal, principalmente a escrita, você deve seguir
exatamente o que está prescrito. E são essas regras que você
verá a seguir.

“COLOCAÇÃO PRONOMINAL E CONFUSÕES!”

A colocação dos pronomes átonos, muitas vezes, causa


várias confusões. Para ter uma ideia disso, leia o texto de
Luis Fernando Veríssimo:
144
Módulo Único

PAPOS

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


_ Me disseram....
_ Disseram-me.
_ Hein?
_ O correto é “disseram-me”. Não “me disseram”.
_ O quê?
_ Digo-te que você...
_ O “te” e o “você” não combinam.
_ Lhe digo?
_ Também não. O que você ia me dizer?
_ Que você está sendo grosseiro, pedante e chato. E que
eu vou te partir a cara. Lhe partir a cara. Partir a sua cara.
Como é que se diz?
_ Partir-te a cara.
_ Pois é. Parti-la hei, se você não parar de me corrigir. Ou
corrigir-me.
_ É para o seu bem.
_ Dispenso as suas correções. Vê se esquece-me. Falo
como bem entender. Mais uma correção e eu...
_ O quê?
_ O mato.
_ Que mato?
_ Mato-o. Mato-lhe. Mato você. Matar-lhe-ei-te. Ouviu

UESC
bem?
_ Eu só estava querendo...
_ Pois esqueça-o e pára-te. Pronome no lugar certo é
elitismo!
_ Se você prefere falar errado...
_ Falo como todo mundo fala. O importante é me
entenderem. Ou entenderem-me?
_ No caso... não sei.

AULA XI Colocação Pronominal


_ Ah, não sabe? Não o sabes? Sabes-lo não?
_ Esquece.
_ Não. Como “esquece”. Você prefere falar errado? E o
certo é “esquece” ou “esqueça”? Ilumine-me. Me diga.
Ensines-lo-me, vamos.
_ Depende.
_Depende. Perfeito. Não o sabes. Ensinar-me-lo-ias se o
soubesses, mas não sabes-o.
_ Está bem, está bem. Desculpe. Fale como quiser.
_ Agradeço-lhe a permissão para falar errado que mas dás.
Mas não posso mais dizer-lo-te o que dizer-te-ia.
_ Por quê?
_ Porque, com todo este papo, esqueci-lo.

VERÍSSIMO, L. F. Comédias para se ler na escola.


Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p.65-66.

145

E aí, percebeu o problema? Realmente o autor aborda a
questão da colocação pronominal, gerando toda uma discussão
OFICINA DE LPORTUGUESA

que levou um dos falantes a esquecer o que pretendia dizer no


início da conversa. O que a discussão promovida entre os dois
falantes nos revela é que, muitas vezes, quando se tem que
usar o pronome, acontece exatamente como vimos no texto:
muita confusão, dependendo do pronome e da colocação.
Afinal, são várias regras! Muitas das colocações que aparecem
no texto são chamadas de “hipercorreção”: o falante, na
tentativa de corrigir, acaba errando “feio”. Ou seja, faz uso de
uma construção que não é permitido mesmo.

A PRÓCLISE E SUAS
PARTICULARIDADES:

Analise, primeiro, os exemplos, verificando o tipo de


palavra que precede imediatamente o verbo, pois é ela que
determina a posição pré-verbal para o pronome.
UESC

CASO 1

a) Ela nem se incomodou com meus problemas.


b) De modo algum me sentirei abandonada.
c) Ninguém lhe falou a verdade.
d) João não me contou a história.

Observação 1:
AULA XI Colocação Pronominal

As palavras que precedem o verbo são: nem, de modo algum,


ninguém, não.
Observação 2:
Todas apresentam sentido negativo.

CASO 2

a) Aqui se tem sossego, para trabalhar.


b) Talvez o encontre ainda hoje.
c) Hoje lhe contarei tudo.
d) Sempre me faz um favor, o João.

Observação 1:
As palavras que precedem o verbo são: aqui, talvez, hoje,
sempre.
146
Módulo Único

Observação 2:
Todas são de natureza adverbial, e, além disso, não há pausa

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


entre elas e o verbo.

CASO 3

a) Alguém me telefonou?
b) Todos te invejam.
c) Tudo se transforma.
d) Ambos se sentiam enfraquecidos.

Observação 1:
As palavras que precedem o verbo são: alguém, todos tudo,
ambos.
Observação 2:
Trata-se de pronomes indefinidos.

CASO 4

a) Que me acontecerá agora?


b) Quando te aconteceu isso?

UESC
c) Por que lhe machucaram?
d) Quem me buscaria?

Observação 1:
As palavras que precedem o verbo são: que, quando, por que,
quem.
Observação 2:

AULA XI Colocação Pronominal


Trata-se de pronomes interrogativos.

CASO 5

a) Maria falou que te enviou o relatório.


b) Foi Pedro quem me contou o fato.
c) João disse quando me visitará.
d) Quanto ao João, Maria não afirmou se o viu no final de
semana.

Observação 1:
As palavras que precedem o verbo são: que, quem, quando,
se.
Observação 2:
Trata-se de conjunções subordinativas.
147
OFICINA DE LPORTUGUESA CASO 6

a) Isso me fez crescer bastante.


b) Aquilo te fez bem.
c) Isto o deixa muito triste.

Observação 1:
As palavras que precedem o verbo são: isso, aquilo, isto.
Observação 2:
Trata-se de pronomes demonstrativos.

CASO 7

a) Ambos se encontraram no final de semana passado.


b) Ambos o enfrentaram.

Observação 1:
A palavra que precede o verbo é: ambos.
Observação 2:
Trata-se de numeral.
UESC

CASO 8

a) Em se tratando de vendas, João é o melhor vendedor.


b) Em lhe cheirando mal, é melhor não prosseguir.

Observação 1:
A palavra que precede o verbo (gerúndio) é a preposição em.
Observação 2:
AULA XI Colocação Pronominal

Trata-se de uma locução gerundiva.

CASO 9

João me telefonou o final de semana.


Ele me disse que Maria está bem.
Eu me chamo Maria.
João e Maria me visitaram.

Observação 1:
As palavras que precedem o verbo são: João, ele, eu, João e
Maria.
Observação 2:
Trata-se de substantivos e pronomes desempenhando a função
de sujeito.
148
Módulo Único

A MESÓCLISE E SUAS
PARTICULARIDADES:

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Mesóclise? Mas ela existe? Certamente você pode
questionar se essa “estranha colocação” (já que se parte
um verbo e coloca o pronome no meio dele) ainda existe
no português brasileiro. Na língua falada, não! Na língua
escrita, em alguma situação ela pode aparecer, já que, nas
gramáticas tradicionais, ela ainda persiste. Vamos então ver
esse fenômeno:

a) Realizar- se-á, na próxima semana, um grande evento.


b) Não fosse os meus compromissos, acompanhar- te-ia nessa
viagem.

Observação 1:
A mesóclise ocorre quando o verbo estiver no futuro do presente
(a) ou futuro do pretérito (b), contanto que esses verbos não
estejam precedidos de palavras que exijam a próclise

UESC
A ÊNCLISE E SUAS PARTICULARIDADES:

Para a ênclise, você deve prestar atenção ao tipo de


verbo e ao tipo de sentença. Vamos lá!

CASO 1

a) Quando eu avisar, silenciem-se todos.


AULA XI Colocação Pronominal
b) Sentem-se todos, por favor!
c) Levanta-te depressa!

d) Chamem-no agora.
e) Põe-na sobre a mesa.
f) Estudem-no para a prova.

Observação 1:
Trata-se de orações com verbo no imperativo afirmativo.
Observação 2:
Em verbos terminados em ditongos nasais (am, em, ão, õe,
õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se para no, na, nos, nas,
como mostram (d), (e) e (f).
149
CASO 2
OFICINA DE LPORTUGUESA

a) Não era minha intenção machucar-te.


b) É difícil contar-lhe a verdade.
c) Para assustá-la, demos um grito
d) Fi-lo porque não tinha alternativa.

Observação 1:
Trata-se de verbos no infinitivo impessoal.
Observação 2:
Quando o pronome for o ou a, o verbo se altera e o pronome
passa a ser la ou lo, como em (c) e (d), respectivamente.

CASO 3

a) Vou-me embora agora mesmo.


b) Empreste-me sua caneta.
c) Parece-me que choverá amanhã.
UESC

Observação:
Trata-se de verbos iniciando a oração.

CASO 4

a) Recusou a proposta fazendo-se de desentendida.


b) Vendo-nos, os animais saíram correndo.
c) Conhecendo-nos melhor, desfez a primeira impressão.
AULA XI Colocação Pronominal

Observação 1:
Trata-se de verbos no gerúndio.

CASO 5

a) Aqui, sinto-me bem.


b) Agora, vejo-a melhor.
c) Talvez, encontre-o ainda hoje.

Observação 1:
As palavras que precedem o verbo são: aqui, agora e talvez.
Observação 2:
São de natureza adverbial, mas há pausa entre eles (a vírgula
indica isso), o que diferencia do caso 2, referente à próclise.
150
Módulo Único

Você percebeu que, até agora, tratamos apenas de


sentenças que envolvem um só verbo? Deixamos os casos

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


que envolvem mais de um, as chamadas locuções verbais, por
último, porque ora pode ser a próclise ora, a ênclise. Vamos a
elas!

A COLOCAÇÃO NAS LOCUÇÕES VERBAIS:

CASO 1

a) O rapaz veio interromper-me.


b) O rapaz me veio interromper.
c) O rapaz veio-me interromper.

Observação 1:
Trata-se de locução verbal com o verbo principal no infinitivo.
Observação 2:
Como não há palavra atrativa de próclise, há três possibilidades
de colocação: ênclise ao verbo principal (a); próclise ao verbo
auxiliar (b); ênclise ao verbo auxiliar (c).

UESC
d) O rapaz não veio interromper-me.
e) O rapaz não me veio interromper.

Observação 3:
Como há palavra atrativa da próclise, há apenas duas
possibilidades de colocação: ênclise ao verbo principal (d);

AULA XI Colocação Pronominal


próclise ao verbo auxiliar (e).

f) Veio interromper-me durante a aula.


g) Veio-me interromper durante a aula.

Observação 4:
Trata-se de uma locução iniciando a sentença. Logo, há duas
possibilidades de colocação: ênclise ao verbo principal (f);
ênclise ao verbo auxiliar (g).

CASO 2

a) Os problemas vão acumulando-se.


b) Os problemas se vão acumulando.
c) Os problemas vão-se acumulando.
151
Observação 1:
Trata-se de locução verbal com o verbo principal no gerúndio.
OFICINA DE LPORTUGUESA

Observação 2:
Como não há atrativo de próclise, as três possibilidades são:
ênclise ao verbo principal (a); próclise ao verbo auxiliar (b);
ênclise ao verbo auxiliar (c).

d) Os problemas não vão acumulando-se.


e) Os problemas não se vão acumulando.

Observação 3:
Como há atrativo de próclise, as duas possibilidades são:
ênclise ao verbo principal (d); próclise ao verbo auxiliar (e).

f) Vão acumulando-se os problemas.


g) Vão-se acumulando os problemas.

Observação 4:
Trata-se de locução iniciando o período. Logo, as duas
UESC

possibilidades são: ênclise ao verbo principal (f); ênclise ao


verbo auxiliar (g).

CASO 3

a) Ele nos tem ajudado muito.


b) Ele tem-nos ajudado muito.

Observação 1:
AULA XI Colocação Pronominal

Trata-se de locução com o verbo principal no particípio.


Observação 2:
Sem palavra atrativa de próclise, há apenas duas possibilidades:
próclise ao verbo auxiliar (a); ênclise ao verbo auxiliar (b).

a) Ele não nos tem ajudado muito.

Observação 3:
Com a palavra atratora da próclise, há apenas uma possibilidade:
próclise ao verbo auxiliar.

b) Tem-nos ajudado muito o Diretor do Departamento.

Observação 4:
Com a locução iniciando a sentença, tem-se apenas uma
possibilidade: ênclise ao verbo auxiliar.
152
Módulo Único

RESUMINDO AS REGRAS PARA

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


AS LOCUÇÕES VERBAIS

Nas locuções verbais com o verbo principal no


infinitivo

a) A ênclise ao principal está sempre certa;


b) a próclise ao auxiliar está sempre certa (desde que
não inicie o período);
c) a ênclise ao auxiliar, com hífen, está certa se não
houver caso de próclise.

Nas locuções verbais com o verbo principal no


gerúndio

a) A ênclise ao principal está sempre certa;


b) a próclise ao auxiliar está sempre certa (desde que
não inicie o período);

UESC
c) ��������������������������������������������������������
a ênclise ao auxiliar, com hífen, está certa se não hou-
ver caso de próclise

Nas locuções verbais com o verbo principal no


particípio

a) Não pode haver ênclise ao particípio;

AULA XI Colocação Pronominal


b) a próclise ao auxiliar está sempre certa (desde que não
inicie o período);
c) a ênclise ao auxiliar, com hífen, está certa se não houver
caso de próclise

Você percebeu que, nas locuções verbais com o


verbo principal no infinitivo e no gerúndio, a colocação dos
pronomes é idêntica? Já na locução com o verbo principal
no particípio é diferente. Esta forma verbal não admite o
pronome ao seu lado.

Agora é sua vez de praticar! Vamos às atividades!!

153
OFICINA DE LPORTUGUESA

ABREU, Antônio Suárez. Curso de Redação. São Paulo:

REFERÊNCIAS
Ática, 1989.

BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio


de Janeiro: Lucerna, 1999.

CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do


Português Contemporâneo. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1985.

CUNHA, Celso. Gramática do Português Contemporâneo.


3. ed. Belo Horizonte: Bernardo Álvares. 1972.
UESC

FARACO, C. A.; TEZZA, C. Oficina de texto. 2. ed. Petrópolis,


RJ: Vozes, 2003.

KANTHACK, Gessilene Silveira. Clíticos pronominais


no português brasileiro. Tese de Doutorado. UFSC:
Florianópolis, 2002.

MARTINS, Dileta; ZILBERKNOP, Lúbia Scliar. Português


Instrumental. 20. ed. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1999.
AULA XI Colocação Pronominal

ROCHA LIMA, C. H. da. Gramática normativa da língua


portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1999.

SACCONI, L. A. Gramática essencial da língua portuguesa:


teoroia e prática. 2. ed. São Paulo: Atual, 1987.

VERÍSSIMO, L. F. Comédias para se ler na escola. Rio de


Janeiro: Objetiva, 2001, p.65-66.

154
X I
I II
X
Módulo Único

AULA 12

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Pronomes
Demonstrativos

UESC
Profa. Gessilene Silveira Kanthack

AULA XII Pronomes Demonstrativos


OBJETIVO: Praticar as regras referentes aos usos dos
pronomes demonstrativos.

REGRA GERAL

Os pronomes demonstrativos (e suas variações)


são usados, normalmente, para indicar a posição de um
determinado referente (ser/objeto de que se fala) no
tempo, no espaço, em relação às pessoas do discurso
(falante (eu-nós) / ouvinte (tu- você - vocês) e em
relação ao discurso.
157
ATEÇÃO!
A regra básica é:
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

• este/esta/isto são usados para se referirem a algo


próximo de quem fala (eu/nós), e a algo próximo de um
determinado tempo presente.

• Esse/essa/ isso são usados para indicar que o referente/


objeto está próximo da pessoa com quem se fala (tu/
você/vocês), bem como a um referente de passado e um
futuro próximos.

• Aquele/aquela/aquilo indicam que o referente/objeto


está distante tanto da pessoa que fala quanto da pessoa
com quem se fala, além de indicar algo referente a um
passado remoto/distante.

Vamos ver, na prática, como isso funciona? Então,


analise cada um dos conjuntos de dados, procurando verificar
as particularidades referentes aos pronomes, e, em seguida,
veja a regra em questão.
UESC

CASO 1

Esta/essa/aquela caneta é azul.


AULA XII Pronomes Demonstrativos

Estas/essas/aquelas canetas são azuis.


Este/esse/aquele livro é novo.
Estes/esses/aqueles livros são novos.

• Isto merece bastante atenção: o novo teste de


nivelamento.
• Regras para os usos dos pronomes demonstrativos?
Isso não é novidade para os alunos da EAD.
• Aquilo não é mais novidade para os alunos da EAD
(regras, regra, teste, testes).

Observação 1:
Os pronomes este, esse e aquele são usados com substantivo
masculino; esta, essa e aquela, com substantivo feminino.
Variam, também, quanto ao número: singular (a) e (c) e plural
(b) e (d).
158
Módulo Único

Observação 2:
Os pronomes isto, isso e aquilo são invariáveis, ou seja,

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


não se modificam quanto ao gênero e ao número. Podem ter
como referentes diferentes elementos flexionados: feminino/
singular-plural (regra-regras); masculino/singular-plural
(teste-testes).

CASO 2

a) Este livro que está em minhas mãos é meu.


b) Esta caneta que estou usando é minha.
c) Isto aqui está uma bagunça.

Observação 1:
Os pronomes indicam que o referente/objeto em questão está
próximo da pessoa que fala (eu).

Observação 2:
Os pronomes possessivos (minhas, meu e minha) reforçam a
proximidade do objeto em relação à pessoa que fala.

UESC
Observação 3:
O advérbio de lugar aqui, ocorrendo com o pronome isto,
também reforça a ideia da proximidade.

AULA XII Pronomes Demonstrativos


CASO 3

a) Este mês (referindo-se ao mês presente) estou


trabalhando muito.
b) Esta semana (referindo-se à semana presente) está
muito quente.
c) Isto (referindo-se a algo atual) que está acontecendo
no mundo é preocupante.

Observação 1:
Os pronomes indicam que o tempo é atual, presente.

CASO 4

a) Esse livro que está em suas mãos é seu.


159
b) Essa caneta que você está usando é sua?
c) Isso aí está uma bagunça.
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

Observação 1:
Os pronomes indicam que o referente/objeto em questão está
próximo da pessoa com quem se fala (tu-você).

Observação 2:
Os pronomes possessivos (suas, seu e sua) reforçam a
proximidade do objeto no tocante à pessoa com quem se
fala.

Observação 3:
O advérbio de lugar aí, ao contrário do advérbio aqui, indica
que o referente está próximo da pessoa com quem se está
falando.

CASO 5

a) Nesse mês passado trabalhei muito.


UESC

b) Nessa semana que passou ocorreram vários


incidentes.
c) Isso que aconteceu há poucas semanas chocou as
pessoas.
d) Nesse ano que vem, viajarei para a Europa.
e) Nessa próxima viagem, pretendo conhecer diferentes
AULA XII Pronomes Demonstrativos

lugares.
f) Isso que acontecerá renovará os ânimos das pessoas.

Observação 1:
Os pronomes nesse, nessa e isso indicam que o tempo pode
ser passado (a) e (c) ou futuro (d) e (e), desde que indiquem
proximidade com um tempo presente.

CASO 6

a) Aquele livro é de quem?


b) Aquela caneta é de quem?
c) Aquilo lá é de quem?

Observação 1:
160
Módulo Único

Os pronomes indicam que o referente/objeto em questão está


distante tanto da pessoa que fala (eu) quanto da pessoa com

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


quem se fala (tu-você).

Observação 2:
O pronome aquilo tem relação com o advérbio lá, que indica
uma distância maior entre o objeto referente e a pessoa que
fala e a que ouve.

CASO 7

a) Naquele ano de 1995 trabalhei muito.


b) Encontrei-o naquela temporada que passei na Europa.
c) Aquilo que me aconteceu naquele ano, de certa forma,
foi bom.

Observação 1:
Os pronomes indicam que o tempo se refere a um passado
distante do momento presente em que a frase é enunciada
pelo falante.

UESC
Além dessas situações que acabamos de ver, os pronomes
demonstrativos também são utilizados, no texto oral ou escrito,
para indicar a posição de uma determinada palavra em relação
a outras ou ao contexto em que o texto foi produzido. Vamos

AULA XII Pronomes Demonstrativos


ver essas particularidades! Aliás, você acha que o emprego de
dessas e essas neste parágrafo está correto ou não? Veja as
regras abaixo e depois justifique a resposta.

CASO 8

a) Grave este lembrete: não se esqueça de estudar.


b) Guarde bem esta palavra: famigerado!
c) Isto o deixou triste. O acidente que ocorreu no final de
semana.

Observação 1:
Os pronomes fazem alusão a referentes que são mencionados
posteriormente (tecnicamente são chamados de catafóricos):
este em (a) tem como referência “não se esqueça de estudar”;
161
esta em (b), “famigerado”; isto em (c), “o acidente que
ocorreu no final de semana”.
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

CASO 9

a) João se machucou. Esse incidente o deixou fora do


concurso.
b) Imexível. Só há pouco tempo que o dicionário registrou
essa palavra.
c) Disse-lhe que fosse embora. João não gostou de ouvir
isso.

Observação 1:
Os pronomes fazem alusão a referentes que são mencionados
anteriormente (tecnicamente são chamados de anafóricos):
esse em (a) tem como referência “João se machucou”; essa em
(b), “imexível”; isso em (c), “disse-lhe que fosse embora”.

CASO 10
UESC

a) O fumo faz mal à saúde, e esta deve ser preservada.


b) Quando a moça se aproximou do rapaz, este se
assustou.
c) O aluno confirmou que não iria mais fazer a prova. Isto
AULA XII Pronomes Demonstrativos

intrigou o professor.

Observação 1:
Os pronomes este, esta e isto são usados para se referirem
a um termo imediatamente anterior: saúde em (a); rapaz em
(b); que não iria mais fazer a prova em (c).

CASO 11

a) Apreciava os bons vinhos portugueses e as iguarias


francesas. Estas, pelo paladar requintado; aqueles, pelo
buquê característico.
b) Os filmes brasileiros atualmente, no exterior, estão sendo
tão prestigiados quanto as novelas, mas estas ainda são
mais vistas do que aqueles.
162
Módulo Único

c) Comparou-se a imagem pública de Collor com a de


Fernando Henrique; este, como exemplo de austeridade

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


e aquele como o modelo de corrupção.

Observação 1:
Quando há dois antecedentes, usa-se o pronome este para
fazer alusão ao termo próximo (iguarias francesas, em (a);
novelas, em (b); Fernando Henrique, em (c) e aquele, ao
termo mais afastado (bons vinhos portugueses, em (a); os
filmes brasileiros, em (b); Collor, em (c).

Agora que você já sabe, pode responder se o uso de


dessas e essas acima estava correto ou não.

Se respondeu que estava correto, acertou, pois ambos


estavam se referindo ao que foi enunciado anteriormente.
Dessas se referem às situações de 1 a 7, e essas se referem
às particularidades enunciadas sobre o uso dos pronomes nos
textos.

UESC
Para encerrar, vale lembrar que, na prática, o uso desses
pronomes é bastante variável, pois os falantes usam sem
fazer as devidas distinções. Certamente, você não deixará de
entender uma mensagem se o interlocutor usar este ou esse.
No entanto, aqui você está aprendendo a usar a escrita formal;

AULA XII Pronomes Demonstrativos


logo, deverá usar as regras que são prescritas.

163
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

REFERÊNCIAS
ABREU, Antônio Suárez. Curso de Redação. São Paulo:
Ática, 1989.

BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37 ed. Rio


de Janeiro: Lucerna, 1999.

CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do


Português Contemporâneo. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1985.

FARACO, C. A.; TEZZA, C. Oficina de texto. 2 ed.


Petrópolis: Vozes, 2003.
UESC

MARTINS, Dileta & ZILBERKNOP, Lúbia Scliar. Português


Instrumental. 20 ed. Porto Alegre: Sagra Luzzatto,
1999.

ROCHA LIMA, C. H. da. Gramática normativa da língua


portuguesa. 37 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1999.
AULA XII Pronomes Demonstrativos

SACCONI, L. A. Gramática essencial da língua


portuguesa: teoria e prática. 2 ed. São Paulo: Atual,
1987.

164
XI I I
Módulo Único

AULA 13

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Pontuação
UESC
Sylvia Maria Campos Teixeira

OBJETIVO: Estudar regras para o uso da pontuação.


Pontuação
AULA XIII

Você deve estar se perguntando: por que estudar

pontuação? Coisa mais chata! Não é não! E vou lhe explicar

por quê. Pelo menos tentar!

167
Como surgiram os sinais de pontuação?
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

A maioria dos sinais, que conhecemos, apareceu


na Europa entre os séculos XIV e XVII. “Eles nasceram
para facilitar a leitura e a compreensão dos textos”,
afirma o linguista Osvaldo Humberto Leonardi Ceschin,
da USP. O período em que as primeiras vírgulas, pontos
de interrogação e dois pontos surgiram coincide com o
momento em que o hábito de ler, praticamente restrito
aos monges na Idade Média, crescia com o surgimento da
impressão tipográfica. O grande ancestral da pontuação,
porém, apareceu bem antes disso. O ponto já era usado no
antigo Egito em textos poéticos e no ensino de crianças na
escrita hierática - espécie de letra de forma que simplificava
os complexos hieróglifos. À medida que os jovens ficavam
mais fluentes na leitura, os pontos eram retirados.
Os usos e funções dos sinais de pontuação também
variaram muito ao longo dos séculos. “O ponto, por
exemplo, nem sempre marcou a conclusão de uma ‘ideia
completa’. Na Idade Média, ele era inserido antes do nome
do herói ou de um personagem importante da narrativa,
por questões de respeito ou só para que seu nome fosse
UESC

enfatizado”, diz a linguista Ana Cristina de Aguiar, que


desenvolve doutorado sobre essa questão na Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp).
você sabia?

Ponto a ponto:
Veja quando surgiu cada ponto:

3000 a. C. Ponto final (.)


Século XIV Interrogação (?) / Exclamação (!)
Pontuação

Século XV Vírgula (,) / Ponto-e-vírgula (;)


Século XVI Dois pontos (:)
Século XVII Aspas (“”)
AULA XIII

Fonte: www.mundoestranho.abril.com.br/cultura/
pergunta_286072.shtml

168
Módulo Único

Muitas pessoas não dão o devido valor à pontuação,


acham que não há problema nenhum em esquecer uma vírgula,

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


um ponto final, um ponto de exclamação ou um parêntese.
No entanto, uma vírgula pode mudar o sentido de toda uma
oração. Observe:

• Tiago, Maria e a cadelinha Juju foram passear.


• Tiago Maria e a cadelinha Juju foram passear.

A primeira frase diz que Tiago, Maria e Juju foram


passear; já a segunda afirma que Tiago Maria saiu sozinho
com Juju para passear.

Veja esta outra frase:

• Eu ir lá claro que não.

Tem sentido? Não! Agora veja:

• Eu, ir lá? Claro que não!

Como você pode observar na frase acima, a acentuação

UESC
acompanha nossa fala, nossa entonação. Dessa forma, fica
possível perceber as pausas feitas pelo falante, a fim de
demonstrar com clareza o que e como dizer algo. Por exemplo:
você dá parabéns a uma pessoa dessa forma: “Parabéns. Desejo
felicidades.”, com o uso de ponto final na entonação, igual a
um robô? Creio que não, pois queremos transmitir alegria nas
felicitações, e o mais certo nessa ocasião é abusar do sinal
gráfico que representa esse sentimento de euforia: o ponto
de exclamação! Assim: Parabéns! Muitas felicidades! Fica bem
melhor, não é?
Pontuação

Agora, você já sabe a utilidade dos sinais de pontuação.


São utilizados para expressarmos, na linguagem escrita,
certos recursos estilísticos, isto é, os matizes rítmicos e
melódicos presentes na língua oral – silêncios, melodia,
AULA XIII

entonação, pausas. Assim, os sinais de pontuação são sinais


gráficos que reproduzem, na língua escrita, nossas emoções,
anseios, intenções; também dão à escrita maior clareza e
simplicidade.

169
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

Júlio Ribeiro (1881) afirmou: “Pontuação é a


arte de dividir, por meio de sinais gráficos, as partes
do discurso que não têm entre si ligação íntima, e de
mostrar do modo mais claro as relações que existem
entre essas partes”.

Julio César Ribeiro Vaughan (1845-


1890) – escritor e gramático brasileiro.
É autor das obras: O Padre Belchior
de Pontes (romance em 2 volumes,
1867 / 1868); Gramática Portuguesa
(1881); Cartas sertanejas (1885); A
carne (1888); Uma polêmica célebre
(1934 – publicação póstuma).

Fonte: www.biblio.com.br/.../julioribeiro/
JulioRibeiro.htm
UESC

Apesar de a pontuação ter muito de pessoal, porque é


inspirada em princípios afetivos e lógicos, ela obedece a certas
regras. E são essas regras que vamos estudar! Vamos começar
pela vírgula!
A prosa não é só
fruto da inteligência
e, muitas vezes,
inspira-se na sensi-
bilidade, na emoção.
Os tem-peramentos
EMPREGO DA VÍRGULA
mais nervosos, mais
sensíveis abusam
das exclamações, A vírgula é empregada para marcar pausas de breve
Pontuação

interrogações e re- duração entre os termos de oração e entre orações de um


ticências. Já os cal-
mos, os frios, diante mesmo período. Os casos de uso da vírgula são:
de um espetáculo da
natureza, não diriam
“que maravilha!”, e 1. Para separar os termos coordenados com a mesma função
sim, “é uma bonita
paisagem.”, empre- sintática, se não estiverem ligados por “e”.
AULA XIII

gando um lacônico
ponto final.
• João, Maria, José, Joaquim e Carlota foram passear.
Fonte: www.brazilian-
portugues.com/index.
php?idcanal...
“João, Maria, José, Joaquim e Carlota” = sujeito da oração.
Observe que antes de “Carlota” não há vírgula, por causa do “e”.

170
Módulo Único

2. Para separar o vocativo, qualquer que seja sua posição.

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


• Carlota, você precisa estudar mais os empregos da vír-
gula!
• Ora, Maria, não brinque tanto! Estude mais!

“ Vocativo”

Vocativo é o termo que serve para nomear,


chamar ou interpelar a pessoa, o animal ou
a coisa personificada a que nos dirigimos
(CEGALLA, 1991).

3. Para separar o aposto explicativo.

• “Iracema, a virgem dos lábios de mel, tinha o cabelo mais


negros que a asa da graúna” (ALENCAR, 1972, p. 27).
• Júlio Ribeiro, gramático do século XIX, afirmou que pontuar
é uma arte.

“O Aposto”

Aposto é uma palavra ou expressão que explica


ou esclarece, desenvolve ou resume outro

UESC
termo da oração (CEGALLA, 1991).

4. Para separar adjuntos adverbiais deslocados (que podem


estar no início ou no meio do período).

• Meu computador, há uma semana, vem apresentando proble-


mas.
• Ano passado, João viajou para a Europa.
Pontuação

“Adjuntos Adverbiais”

Adjuntos adverbiais são termos de valor


adverbial que denotam alguma circunstância
AULA XIII

do fato expresso pelo verbo ou intensifica o


sentido deste, ou de um adjetivo, ou de um
advérbio. As principais circunstâncias são as de
tempo, lugar, causa, modo, meio, afirmação,
negação, dúvida, intensidade, finalidade,
condição, assunto, preço etc.

171
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA 5. Para separar objetos pleonásticos:

• A religião, ensina-a a mãe carinhosa.


• Os frutos de tantos esforços, ninguém os viu.

“Objeto Pleonástico”

Ocorre quando um verbo possui dois


complementos que se referem a um elemento
só.

6. Para indicar a elipse (omissão) de um termo já escrito


anteriormente.

• Pedro prefere filmes de aventura; a namorada, românti-


cos.

Houve a elipse da forma verbal “prefere” e de “filmes”: a namorada


prefere filmes românticos.

7. Para isolar conjunção coordenativa intercalada: “porém”,


“contudo”, “no entanto”, “entretanto”, “todavia”, “logo”,
“portanto”, “por conseguinte”, “então”, “pois” etc.
UESC

• José estudou muito; tem, então, grandes chances de ser apro-


vado.

8. Para isolar as expressões explicativas “isto é”, “a saber”,


“melhor dizendo”, “ou seja” etc.

• Os sinais de pontuação, isto é, os sinais gráficos repro-


duzem, na língua escrita, nossas emoções, anseios, inten-
Pontuação

ções.

9. Para separar frases iniciadas pelas expressões “e sim”, “e


não”, “mas sim”.
AULA XIII

• Não beba em excesso, e sim com moderação.

10. Para separar termos que desejamos realçar.

• Meus sobrinhos, eu quero muito bem a eles.


172
Módulo Único

11. Para separar, nas datas, o lugar.

• Ilhéus, 3 de agosto de 2009.

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


12. Para separar os elementos paralelos de um provérbio.

• Muito riso, pouco siso.

13. Para evitar a ambiguidade.

• Matar o presidente, não, é crime.

Se a vírgula for retirada, haveria a afirmação de que “Matar o


presidente não é crime”. Já imaginou?!? Que confusão! É cadeia
na certa!

UESC
CUIDADO!!!!!!
Vírgula não é pausa para respirar!

Não se usa vírgula entre termos que, do ponto de vista sintático,


ligam-se diretamente entre si:
Pontuação

Não há vírgula entre sujeito e predicado.


Carlota, foi passear. ERRADO!

Não há vírgula entre o verbo e seus complementos.


Carlota foi passear, com Maria. ERRADO!
AULA XIII

Não há vírgula entre o nome e o complemento nominal ou adjunto


adnominal.
O sapato, de Carlota é preto. ERRADO!

173
EMPREGO DA VÍRGULA NO PERÍODO COMPOSTO
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

• Período composto por coordenação

1. Separam-se por vírgulas as orações coordenadas


assindéticas que se ligam umas às outras apenas por uma
pausa (vírgula), sem conjunção, e as orações coordenadas
sindéticas que se ligam umas às outras por uma conjunção
coordenativa (INFANTE, 1995).
• Todos gostaram de seus projetos, no entanto não há verbas
para viabilizá-los. (sindética)
• Há crianças dormindo, não faça barulho. (assindética)

• Período composto por subordinação

1. Orações subordinadas adjetivas – só a explicativa é separada


por vírgulas, porque exerce a função sintática de aposto
explicativo.

• Os homens, cujos princípios não são sólidos, facilmente se


corrompem.
UESC

2. Orações subordinadas adverbiais – são separadas por


vírgula quando estiverem no início ou no meio do período.

• Quando acabarmos de arrumar a estante, tomarei um longo e


demorado banho.
Pontuação

Orações subordinadas substantivas não são separadas por vírgulas:

É evidente que o culpado é sempre o mordomo.”


AULA XIII

• “que o culpado é sempre o mordomo” funciona como sujeito do verbo “é”


(ser).

174
Módulo Único

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


“As orações subordinadas adjetivas”

São as iniciadas por um pronome relativo (que, quem, cujo,


onde etc.). Classificam-se em: restritivas e explicativas. A oração
subordinada adjetiva explicativa é a que exerce a função de aposto
explicativo. A oração subordinada adjetiva restritiva é a que exerce a
função de adjunto adnominal.

Leia os períodos abaixo:

• Os Estados que devem ao governo terão o crédito cortado pelo


Banco Central.
• Os Estados, que devem ao governo, terão o crédito cortado pelo
Banco Central.

Têm o mesmo significado? Leia de novo... Têm sentidos


diferentes, não é? Assim:

UESC
• “que devem ao governo”, no primeiro período, é uma oração
subordinada adjetiva restritiva e funciona como um adjunto
adnominal. Significa que apenas alguns Estados devem ao
governo.

• “que devem ao governo”, no segundo período, é uma oração


subordinada adjetiva explicativa e funciona como um aposto
explicativo. Significa que todos Estados devem ao governo.
Pontuação

“As orações subordinadas adverbiais”

Exercem a função de um adjunto adverbial. Elas se classificam em:


AULA XIII

Causais – geralmente são introduzidas por “como”, “porque”, “já que”,


“uma vez que” etc.

Consecutivas – indicam uma consequência e, geralmente, são


introduzidas por “tão ... que”, “tanto ... que”, “de forma que” “tanto que”
etc.

175
Condicionais – geralmente são introduzidas por “se”, “caso”,
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

“contanto que”, “desde que”, “salvo se” etc.

Concessivas – geralmente são introduzidas por “embora”, “ainda


que”, “mesmo que”, “apesar de que” etc.

Comparativas – geralmente são introduzidas por “tão ... como


(quanto)”, mais (do) que”, “menos (do) que” etc.

Conformativas – geralmente são introduzidas por “conforme”,


“consoante”, “segundo” etc.

Finais – geralmente são introduzidas por “a fim de que”, “para que”


etc.

Proporcionais – geralmente são introduzidas por “”ao passo que”, “à


medida que”, “à proporção que” etc.

Temporais – geralmente são introduzidas por “quando”, “logo que”,


“depois que” etc.

EMPREGO DA VÍRGULA COM A CONJUNÇÃO “E”


UESC

1. Quando a conjunção aparece apenas entre a penúltima


e a última oração de uma sequência, não se emprega a
vírgula.

• O agricultor plantou o trigo, adubou-o, colheu-o e o ven-


deu.

2. Quando a conjunção “e” introduz as várias orações de uma


sequência, deve ser sempre precedida de vírgula.
Pontuação

• O agricultor plantou o trigo, e o adubou, e o colheu, e o


vendeu.
AULA XIII

3. Quando a conjunção “e” une orações com sujeitos diferentes,


a vírgula deve ser usada.

• Como de costume, ela irá num avião, e seu marido no


próximo.

176
Módulo Único

Agora que você já sabe da importância da vírgula, leia três


histórias curiosas sobre o poder desse sinal de pontuação.

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


O poder da vírgula

1ª história

Na Inglaterra, certa vez, um oficial foi condenado à morte.


Seu pedido de perdão recebeu a seguinte sentença do rei:
Perdoar impossível, mandar para a forca!
Antes de a mensagem ser enviada ao carrasco, passou pelas
mãos da generosa rainha que, compadecida com a sorte do oficial,
pegou uma caneta e, alterando a posição da vírgula, simplesmente
mudou o significado da mensagem:
Perdoar, impossível mandar para a forca!

2ª história

Na Antiguidade, um imperador estava indignado com a


população de uma cidade, sem dúvida, por motivos políticos. O

UESC
governador, então, passa-lhe uma mensagem:
Devo fazer fogo ou poupar a cidade?
A resposta do monarca foi:
Fogo, não poupe a cidade!
O mensageiro trocou, por questões humanitárias, ou porque
qualquer outro motivo, a posição da vírgula. E a resposta ficou
assim:
Fogo não, poupe a cidade!

Fonte: www.portrasdasletras.com.br/.../sub.php?...exercicios/.../pontuacao
Pontuação

3ª história

Um homem rico, sentindo-se morrer, pediu papel e caneta e


escreveu assim:
AULA XIII

“Deixo os meus bens à minha irmã não ao meu sobrinho


jamais será paga a conta do alfaiate nada aos pobres”.
Não teve tempo de pontuar e morreu. A quem deixava ele a
riqueza? Eram quatro os concorrentes.

177
Chegou o sobrinho e fez estas pontuações numa cópia do
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

bilhete:

“Deixo os meus bens à minha irmã? Não. Ao meu sobrinho. Jamais


será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres”.

A irmã do morto chegou em seguida, com outra cópia do


escrito, e pontuou deste modo:

“Deixo os meus bens à minha irmã. Não ao meu sobrinho. Jamais


será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres”.

Surgiu o alfaiate que, pedindo a cópia do original, fez estas


pontuações:

“Deixo os meus bens à minha irmã? Não. Ao meu sobrinho? Jamais.


Será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres”.

O juiz estudava o caso, quando chegaram os pobres da cidade;


e um deles, mais sabido, tomando outra cópia, pontuou-a
assim:
UESC

“Deixo os meus bens à minha irmã? Não. Ao meu sobrinho? Jamais.


Será paga a conta do alfaiate? Nada. Aos pobres”.
(Autor desconhecido)

Como você pode observar, dependendo dos sinais de pontuação


utilizados, o texto é capaz de admitir interpretações diferentes. A
leitura dos textos mostra, portanto, o valor da pontuação. Para
que nossa mensagem seja clara, correta e possa ser entendida por
todos, tal qual a imaginamos, precisamos empregar, corretamente,
os sinais de pontuação. E, dentro desse assunto, a vírgula é campeã
Pontuação

em criar dúvidas e conflitos.

EMPREGO DO PONTO-E-VÍRGULA
AULA XIII

O ponto-e-vírgula marca uma pausa mais longa que a


da vírgula, no entanto menor que a do ponto. Quando devemos
usá-lo? É fácil, leia as regras abaixo!

1. Separa orações coordenadas de certa extensão.

178
Módulo Único

• Segundo Infante (1995, p. 438-439), o texto Tarefa, de


Geir Campos, reitera uma mesma estrutura sintática: “num

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


primeiro momento, passa-se por uma experiência penosa;
no segundo momento, suporta-se essa experiência até o
fim; no terceiro momento, expõe-se aos outros homens o
conhecimento que se ganhou com essa experiência”.

Leia o texto do poeta Geir Campos para compreender a análise feita


pelo Professor Infante:

Tarefa

Morder o fruto amargo e não cuspir


mas avisar aos outros quanto é amargo,
cumprir o trato injusto e não falhar
mas avisar aos outros quanto é injusto,
sofrer o esquema falso e não ceder
mas avisar aos outros quanto é falso;
dizer também que são coisas mutáveis...
E quando em muitos a noção pulsar
- do amargo e injusto e falso por mudar –
então confiar à gente exausta o plano
de um mundo novo e muito mais humano.

UESC
Fonte: www.releituras.com/geircampos_menu.asp

Geir Campos (1924-1999).


Foi professor, poeta, contista,
tradutor, jornalista, radialista.
Pontuação

Sua obra é vasta, compreende


poesia, teatro, conto, teatro
infantil, ensaios, artigos,
prefácios. Tarefa, o poema que
você leu , foi seu último texto.
AULA XIII

Fonte:www.releituras.com/
geircampos_menu.asp

179
2. Separa os considerandos, incisos de leis ou decretos e os
diversos itens de uma enumeração.
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

• Decreto nº.000, de 00/00/0000 (referente à arrecadação


de um município)

“CONSIDERANDO que a situação financeira do nosso


Município, ao exemplo dos demais, é da extrema
gravidade, [...]e, principalmente, para saldar
compromissos salariais e respectivos encargos dos
servidores públicos;
CONSIDERANDO, ainda, que os repasses financeiros do
Fundo de Participação do Município [...] equivalente
a 16,16% (dezesseis vírgula dezesseis por cento) a
receita do FPM menor no mês de julho/03; (...).

• Lei nº 6815 de 19/08/1980 (define a situação jurídica do


estrangeiro no Brasil
(...) Art. 4º Ao estrangeiro que pretenda entrar no
território nacional poderá ser concedido visto:
I - de trânsito;
II - de turista;
UESC

III - temporário;
IV - permanente;
V - de cortesia;
VI - oficial; e
VII - diplomático.

• A Matemática se divide em:

geometria;
Pontuação

álgebra;
trigonometria;
financeira.
AULA XIII

3. Quando a vírgula marca a omissão de um verbo, pode haver,


antes do sujeito desse verbo, uma pausa representada pelo
ponto-e-vírgula.

• O general não temia o que lhe podia acontecer; os solda-


dos, sempre.
180
Módulo Único

Se a pausa em questão fosse marcada por uma simples

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


vírgula, o sujeito “os soldados” poderia ser visto como um elemento
intercalado isolado por vírgulas, o que prejudicaria a fluência da
leitura: “O general não temia o que lhe podia acontecer, os soldados,
sempre.” Notou como não ficaria bom?

É importante observar que se usa letra minúscula depois de


ponto-e-vírgula. A única exceção fica por conta dos Considerandos.
Caso você opte pela inicial maiúscula em cada item/linha de uma
enumeração, feche todos eles com o ponto final.

OUTROS EMPREGOS DO PONTO-E-VÍRGULA

O ponto-e-vírgula, na construção de sentido de um

UESC
enunciado, também é empregado para:

1. Frisar o sentido adversativo antes da conjunção.

• José trabalha muito; mas ganha pouco.

• Nada impede que alguém trabalhe muito e ganhe pouco.


• O que acontece é que, se sabemos que alguém trabalha muito,
criamos a expectativa de que ganhe muito.
Pontuação

• A quebra desta expectativa é marcada pelo ponto-e-vírgula


antes da conjunção “mas”.

2. Separar orações coordenadas que se contrabalançam,


AULA XIII

formando, por exemplo, uma antítese ou um zeugma e


elipse.

• Muitos se esforçam; poucos conseguem. (Antítese)


• Meus sobrinhos conhecem muitos jovens; eu, poucos.
(Zeugma)
181
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

Antítese é uma figura de estilo que consiste na exposição


de idéias opostas. Ocorre quando há uma aproximação de
palavras ou expressões de sentidos opostos. O contraste
que se estabelece serve, essencialmente, para dar uma
ênfase aos conceitos envolvidos que não se conseguiria com
a exposição isolada dos mesmos. Veja os exemplos:

“Já estou cheio de me sentir vazio” (Renato Russo).


• A oposição entre “cheio” e “vazio” mostra o conflito do eu lírico.

"Eu vi a morte, e ela estava viva" (Cazuza).


• Houve a aproximação de duas idéias antagônicas “morte” e
“viva”, confluindo numa idéia construída a partir de extremos.

Fonte: www.educacao.uol.com.br/portugues/antitese.htm
UESC

Zeugma e elipse são figuras de estilo que possuem


características parecidas.
Na zeugma, ocorre a omissão de um termo ou
expressão anteriormente mencionada. Veja os exemplos:

a) Maria comprou um lápis; Antônio, um livro.


• A forma verbal “comprou” já foi mencionada antes na primeira
oração.

b) A manhã estava ensolarada; a praia, cheia de gente.


Pontuação

• A forma verbal “estava” já foi mencionada antes na primeira


oração.

Na elipse, há a omissão intencional de um termo facilmente


AULA XIII

identificável, pelo contexto ou por elementos gramaticais


presentes na frase. Essa omissão torna o texto conciso e
elegante. Veja os exemplos:

a) Maria estava com pressa. Preferiu não entrar.


• Houve elipse do sujeito “Maria” (ou ela) na segunda oração e

182
Módulo Único

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


pode ser, facilmente, recuperado pelo contexto: “Maria (ou ela)
preferiu não entrar”.

b) Na festa, apenas seis ou sete pessoas.


• Houve elipse da forma verbal “havia”, que também pode ser
recuperado pelo contexto.

Fonte:www.colegioweb.com.br/portugues/elipse-e-zeugma/

Vamos continuar estudando os outros sinais


de pontuação, antes das atividades?

Falta pouco!

EMPREGO DOS DOIS PONTOS

UESC
Os dois pontos correspondem a uma pausa breve da
linguagem oral e a uma entoação descendente. Anunciam: ou
uma citação, ou uma enumeração, ou um esclarecimento, ou
uma síntese do que se acabou de dizer. Os casos mais comuns
do uso dos dois pontos são:

1. Indicar mudança de foco na transcrição de um diálogo, isto


é, a mudança de narrador para personagem. Neste caso, os
Pontuação

dois pontos são empregados com travessão e/ou aspas:


Estes exemplos de
a) (...) ele não deixava de dizer: “Não há dúvida! O homem Lima Barreto foram
retirados do conto A
tem talento, mas escreve: ‘um outro’, ‘de resto’...” . nova Califórnia (1910),
(LIMA BARRETO, A nova Califórnia). e você pode acessá-
AULA XIII

lo em: www.cce.
ufsc.br/.../literatura/
b) Sentaram-se e Flamel não tardou a expor: novacalifornia.html

- Como o senhor deve saber, dedico-me à química, tenho


mesmo um nome respeitado no mundo sábio... (LIMA
BARRETO, A nova Califórnia).

183
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922)


é considerado um autor Pré-modernista por causa da
forma com que encara os verdadeiros problemas do
Brasil. Dessa forma, critica o nacionalismo ufanista
surgido no final do séc. XIX e início do XX. É autor
de diversas obras, entre elas, O triste fim de Policarpo
Quaresma (1915), considerada uma das obras-primas
da literatura brasileira. O livro narra a história do major
Quaresma, nacionalista incurável, otimista e ingênuo,
que luta para mudar o país e aprimorar suas instituições.
Foi levado ao cinema,
em 1988, com o título
Policarpo Quaresma, o
herói do Brasil, sendo
interpretado por Paulo
José. Assista ao filme! É
muito bom!

Fonte: www.
mundocultural.com.br/.../
pre.../lbarreto.htm
UESC
Pontuação

2. Delimitar itens de uma enumeração:

a) Em caso de perigo, têm preferência: crianças, idosos e


adultos.

3. Sintetizar o que se acabou de dizer:


AULA XIII

a) Resumindo: vírgula não é pausa para respirar.

4. Anunciar uma citação:

a) Júlio Ribeiro (1881) afirmou: “Pontuação é a arte de di-


vidir, por meio de sinais gráficos, as partes do discurso

184
Módulo Único

que não têm entre si ligação íntima, e de mostrar do


modo mais claro as relações que existem entre essas
partes”.

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


5. São usados também em algumas situações especiais,
como:

• Em notações de horas: 07:02 h.

• Em formulários: Nome: ___________ Endereço: _________

• Na matemática, é usado como símbolo de divisão: 10 : 2 = 5.

EMPREGO DO PONTO FINAL

O ponto final é um sinal que serve para indicar o final


de uma frase.

1. Marca uma pausa absoluta.

• Vou ao médico, depois do almoço.

UESC
2. É usado também nas abreviaturas.

• Sra.; Sr.; Ltda.; obs.; adj.

EMPREGO DO PONTO DE INTERROGAÇÃO

O ponto de interrogação serve para indicar uma


pergunta direta; a frase é lida com entonação ascendente.
Pode, também, expressar uma dúvida, uma surpresa.
Pontuação

a) - Você viu meu livro?


- Qual?
- Aquele que eu estava lendo ontem.
- Já sei... Está aqui!
AULA XIII

• Neste diálogo, a primeira oração é uma pergunta direta;


a segunda expressa a dúvida do interlocutor, ele não
sabe de qual livro se está falando. Na segunda oração
poderíamos acrescentar um ponto de exclamação,
enfatizando ainda mais a dúvida: “Qual?!”

185
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

Este sinal de pontuação vem da abreviação da palavra


questio (“questão” em latim) que era colocada ao final de uma
frase para indicar uma pergunta. Para economizar espaço, ela
teria sido abreviada duas vezes. Primeiro para qo, mas isso
podia confundir o leitor, indicando o final de uma frase. Depois,
para um q minúsculo em cima de um o, transformando-se no
embrião do atual ponto de interrogação.

Fonte:www.pt.wikipedia.org/wiki/Ponto_de_interrogacao

EMPREGO DO PONTO DE EXCLAMAÇÃO

O ponto de exclamação é usado depois das interjeições


e das frases exclamativas que exprimem surpresa, espanto,
arrebatamento, entusiasmo, cólera, dor, indignação, piedade
etc. Também é usado nos vocativos para substituir a vírgula.
UESC

• “Independência ou morte!”
• Carlota! Feche a porta.

Origem do ponto de exclamação


A hipóste mais provável é que esse sinal tenha surgido
da junção de letras da palavra io (“exclamação de alegria”, em
Pontuação

latim). Escrevendo com o i em cima do o, formando aquilo que


viria depois a ser o ponto de exclamação.

Fonte: www.pt.wikipedia.org/wiki/Ponto_de_exclamacao
AULA XIII

Na sinalética de trânsito, o ponto de exclama-

!
ção significa perigo.

Fonte: www.pt.wikipedia.org/wiki/Ponto_de_exclamacao

186
Módulo Único

EMPREGO DAS RETICÊNCIAS

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


As reticências podem vir no início, no meio ou no final
da frase, tendo, geralmente, função retórica. São empregadas
para:

1. Representar pausas, causadas por hesitação, suspense etc.


do locutor.

• Não sei se devo te contar... Sei lá!

2. Sugerir o prolongamento de uma ideia.

• A torneira continua pingando...

3. Interromper um pensamento de forma que o leitor


subentenda o que seria dito.

• Ela disse que não queria, mas...

A propósito de 3, podemos subentender qualquer coisa: ela

UESC
acabou indo ao cinema, à praia, à festa etc. Para entendermos a
frase, precisamos do contexto. Se não... Nossa imaginação voa!

4. Para indicar a supressão de trecho de um texto. Neste caso,


vem entre parênteses.

• “(...) a língua é um patrimônio social, tanto os signos como


as formas de combiná-los são conhecidos e acatados pelos
membros da comunidade que a emprega” (INFANTE, 1995,
Pontuação

p. 19).
AULA XIII

A palavra reticência provém do latim reticere (calar


alguma coisa), formada mediante tacere precedida do prefixo
“re-”, que neste caso tem o sentido de retrair-se para dentro.
No contexto, é lida como etecétera, que provém do latim:
et cætera, significando “e algo mais”.

Fonte: www.pt.wikipedia.org/wiki/Reticências

187
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

Segundo o Professor Cegalla (1991, p. 68), “as reticências e


o ponto de exclamação, sinais gráficos subjetivos de grande
poder de sugestão e ricos em matizes melódicos, são ótimos
auxiliares da linguagem afetiva e poética. Seu uso, porém, é
antes arbitrário, pois depende do estado emotivo do escritor”.

EMPREGO DOS PARÊNTESES

Os parênteses têm, principalmente, a função de delimitar


as intercalações dentro de um período.

• “As reticências e o ponto de exclamação, sinais gráficos


subjetivos de grande poder de sugestão e ricos em mat-
izes melódicos, (escreveu o Professor Cegalla) são ótimos
UESC

auxiliares da linguagem afetiva e poética. Seu uso, porém,


é antes arbitrário, pois depende do estado emotivo do es-
critor” (1991, p.68).

• No Rio de Janeiro (conhecida como Cidade Maravilhosa),


houve um aumento do índice de violência.

OUTROS EMPREGOS DOS PARÊNTESES


Pontuação

1. Delimita as referências de uma citação.

• “As reticências e o ponto de exclamação, sinais gráficos


AULA XIII

subjetivos de grande poder de sugestão e ricos em mat-


izes melódicos, são ótimos auxiliares da linguagem afetiva
e poética. Seu uso, porém, é antes arbitrário, pois depende
do estado emotivo do escritor” (CEGALLA,1991, p.68).

2. Indica outras possibilidades de leitura.

188
Módulo Único

• O(a) candidadto(a) deve chegar meia hora antes do início


das provas.

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


EMPREGO DO TRAVESSÃO

O travessão é empregado nos diálogos, na separação


de expressões explicativas e para enfatizar algum termo ou
expressão. A característica fundamental do travessão é não
afetar a estrutura sintática do período em que é inserido.
Vamos ver os casos em que o travessão é usado.

1. Indica a mudança de interlocutor ou o início da fala de um


personagem.

• “(...) ao esgotarmos os copos, observou a esmo:


- Tens levado uma vida bem engraçada, Castelo!
• - Só assim se pode viver... Isto de uma ocupação única:
sair de casa a certas horas, voltar a outras, aborrece, não
achas? Não sei como me tenho aguentado lá, no consula-
do!” (LIMA BARRETO, O homem que sabia javanês).

UESC
2. Separa expressões ou frases explicativas?

• “E, pelos dias seguintes, Fabrício pôde contar que vira balões
de vidros, facas sem corte, copos como os da farmácia –
um rol de coisas esquisitas a se mostrarem pelas mesas e
prateleiras como utensílios de uma bateria de cozinha em
que o próprio diabo cozinhasse” (LIMA BARRETO. A nova
Califórnia).
Pontuação

3. Enfatiza algum termo ou expressão.

• “A culpa – tantas vezes negada – estava agora comprova-


da de forma cabal” (LIMA BARRETO. A nova Califórnia)
AULA XIII

4. Liga os polos de um itinerário.

• Trabalho no km 14 da estrada Ilhéus – Itabuna.

O travessão não é o mesmo que hífen!


189
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA EMPREGO DAS ASPAS

As aspas são usadas para realçar certa parte de um


texto. Veja seus empregos mais comuns, a seguir.

1. São usadas em citações textuais.

• “As reticências e o ponto de exclamação, sinais gráficos


subjetivos de grande poder de sugestão e ricos em matizes
melódicos, são ótimos auxiliares da linguagem afetiva e
poética. Seu uso, porém, é antes arbitrário, pois depende
do estado emotivo do escritor” (CEGALLA, 1991, p.68).

2. Servem para destacar palavras ou expressões que queremos


enfatizar.

• A palavra “filosofia” é de origem grega.

3. Indicam que a palavra é uma gíria, um estrangeirismo, um


neologismo ou um regionalismo.

• De acordo com o país, as aspas têm “design” diferentes.


UESC

Para conhecer os diversos “design” das aspas, acesse: www.


pt.wikipedia.org/wiki/Aspa

4. Realçam palavras ou expressões irônicas.

• Ele ficou muito “alegre” com a visita da sogra.


Pontuação

Já reparou que, até quando falamos, fazemos um movimento


com os dedos, indicando que estamos ironizando.

5. Substituem o travessão nos diálogos.


AULA XIII

• “Capitão Pelino, mestre-escola e redator da Gazeta de


Tubiacanga, órgão local e filiado ao partido situacionista,
embirrava com o sábio. “Vocês hão de ver, dizia ele, quem
é esse tipo... Um caloteiro, um aventureiro ou talvez um
ladrão fugido do Rio.”

190
Módulo Único

Observações

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Não vêm entre as aspas as palavras estrangeiras
aportuguesadas, como: nocaute, voleibol, pingue-pongue,
abajur, boxe, clichê, estresse, bibelô, buquê etc.

As aspas podem ser dispensadas, nas citações textuais,


quando usamos outros recursos tipográficos: tipo menor,
recuo em relação à margem.

CONSELHOS

• Leia sempre o seu texto em voz alta para verificar se as pausas


coincidem com as que você faz normalmente na fala.

UESC
• Tenha cuidado para não desrespeitar as regras gramaticais ao
indicar as pausas com a pontuação.
• Se você prestar atenção, toda sentença bem estruturada gira
em torno de um sujeito e um predicado. Mas, além deste
eixo central (informação primária), podemos ter uma série de
informações secundárias, que têm a função de complementar
a informação central. Normalmente, essas informações podem
ocorrer separadas por pontuação.
• Jamais separe uma informação complementar de uma
informação básica por ponto-e-vírgula. Este deve ser usado
Pontuação

para separar itens de uma enumeração e, no meio de sentenças,


quando as ideias forem contrárias. Neste último caso, o ponto-
e-vírgula poderá ser substituído por ponto, sem problemas.
Na dúvida, fique com o ponto. A prática da leitura e da escrita
dará a você maior segurança.
AULA XIII

191
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

AGUIAR E SILVA, Vítor Manuel de. Teoria da literatura.

REFERÊNCIAS
8. ed. Coimbra: Livraria Almedina, 1996.

ALENCAR, José de. Iracema: lendas do Ceará. São Paulo:


Editora Três, 1972.

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática


da língua portuguesa. 34. ed. São Paulo: Companhia
Editora Nacional, 1991.

FARACO, C. A.; TEZZA, C. Oficina de texto. 2. ed.


Petrópolis: Vozes, 2003.

INFANTE, Ulisses. Curso de gramática aplicada aos


textos. 2. ed. São Paulo: Scipione, 1995.
UESC
Pontuação
AULA XIII

192
V
X IV
I
X
Módulo Único

AULA 14

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Reforma
Ortográfica

UESC
Marileide dos Santos de Oliveira

OBJETIVO: Mostrar as transformações sofridas pela

Reforma Ortográfica
grafia da língua escrita, após a Reforma Ortográfica.

O ACORDO ORTOGRÁFICO

Você já deve ter ouvido falar sobre o Acordo

Ortográfico feito, em 1990, pelos países que falam a


AULA XIV

língua portuguesa no mundo: Portugal, Brasil, Angola, São

Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique

e, posteriormente, por Timor Leste; pretendendo unificar

a maneira como grafam seu idioma.


195
O Presidente do Brasil assinou, no dia 29 de setembro de
2008, o Decreto nº 6.583, promulgando o acordo, que passou
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

a valer a partir de 1º de janeiro de 2009. Haverá um período de


transição, até o fim de 2012, para que a população se adapte
às mudanças; e, de 1º de janeiro de 2013 em diante, a nova
ortografia será a única considerada correta.
Embora ainda estejamos na fase de transição, você, já
pertencendo ao mundo acadêmico, deve acostumar-se com
as novas regras. Mas, antes de discutirmos o que mudou,
devemos, em primeiro lugar, relembrar como eram algumas
regras antes do acordo. Então vamos a elas!

RECORDANDO O QUE PASSOU



Chamaremos a atenção, especialmente, para quatro
pontos de acentuação da antiga ortografia.

1. Ditongos abertos éu, éi, ói


UESC

São acentuados os ditongos abertos “éu”, “éi”, “ói”. Ex.:


jóia, jibóia, assembléia, idéia, chapéus

2. Hiatos “ôo”, “êe”

São acentuados os hiatos formados por “êe”, e “ôo”. Ex.


Reforma Ortográfica

crêem, lêem, vôo, perdôo.

3. Trema

Usa-se o trema sobre a letra “u”, quando vier


após “q, g”, antes de “e, i” e for levemente pronunciado.
Ex. tranq ü ilo.
Neste ponto, gostaria que você observasse as palavras
AULA XIV

abaixo:

aquilo tranquilo argui

Aparentemente é o mesmo caso. Em todas as palavras


você pode observar a letra “u”, após “g, q”, e antes de
196
Módulo Único

“e, i”. Há uma diferença, entretanto – a pronúncia da letra


“u”. Na primeira palavra (aquilo), o “u” não é pronunciado;

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


na segunda (tranquilo), é levemente pronunciado; na terceira
(argui), é fortemente pronunciado. A acentuação destas
palavras, portanto, deve ser assim:

aquilo tranqüilo argúi

Eis a explicação:

a) Em aq u ilo, como o “u” não era pronunciado, não usávamos


nenhum tipo de acento.
b) Em tranq ü ilo, como o “u” era levemente pronunciado,
usávamos trema.
c) Em Arg ú i, como o “u” era fortemente pronunciado, usávamos
acento agudo.

Preste atenção a tudo isso que foi explicado, porque aqui


haverá mudanças.

UESC
4. Acento diferencial

Usa-se o acento diferencial para distinguir as palavras


com a mesma grafia (homógrafas) tônicas de átonas, como
em:

1. pára (verbo) de para (preposição) Reforma Ortográfica


2. Pôr (verbo) de por (preposição)
3. Pêlo (substantivo) de pélo (verbo) de pelo (combinação
da preposição com o artigo)

E COMO FICOU AGORA, APÓS A REFORMA?


AULA XIV

Vamos destacar três pontos:


• I) alfabeto;
• II) acentuação;
• III) uso do hífen.

197
I
Alfabeto
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

O alfabeto da língua portuguesa passou a ter 26 letras,


com a inclusão oficial do K, W e Y. O alfabeto completo passou
a ser:

A B C D E F G H I
J K L M N O P Q R
S T U V W X Y Z

Nas situações abaixo, as letras K, W e Y já eram usadas,


mas agora o seu uso é oficial.

a) Em nomes próprios de origem estrangeira (Byron,


Darwin);
b) em topônimos de origem estrangeira e seus derivados
(Seychelles, seychellense, Kuwait);
c) em siglas, símbolos e unidades de medida (Km, Kg).
UESC

II
Acentuação
Reforma Ortográfica

1. Não são acentuadas as palavras paroxítonas com ditongos


abertos tônicos éi e ói.

COMO ERA ANTES COMO É AGORA

apóio (verbo apoiar) apoio (verbo apoiar)


estréia estreia
heróico heroico
Idéia ideia
AULA XIV

jóia joia

●● Continuam acentuadas as palavras


oxítonas com os ditongos abertos grafados
-éi, -éu ou -ói, seguidos ou não de -s:
anéis, papéis; céu(s), véu(s); herói(s).
198
Módulo Único

2. Hiatos – Não receberá mais acento o encontro das vogais


“oo” e “ee”.

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


COMO ERA ANTES COMO É AGORA

crêem creem
lêem leem
perdôo perdoo
vôo voo

●● Continuam acentuadas as formas verbais


têm e vêm (3ª pessoa do plural do presente
do indicativo de ter e vir), a fim de se
distinguirem de tem e vem (3ª pessoa do
singular):

Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros.


Ele vem de Salvador. / Eles vêm de Salvador.

●● Permanecem os acentos que diferenciam


o singular do plural dos verbos derivados
de ter e vir (manter, deter, reter, conter,

UESC
convir, intervir, advir etc):

Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra.


Ele detém o poder. / Eles detêm o poder.

Reforma Ortográfica
3. Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra
u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue,
gui, que, qui.

COMO ERA ANTES COMO É AGORA

freqüente frequente
seqüência sequência
tranqüilo tranquilo
AULA XIV

●● O trema foi totalmente eliminado das


palavras da língua portuguesa ou das
palavras aportuguesadas. Ele permanece,
apenas, nas palavras estrangeiras e em
suas derivadas. Exemplos: “Müller”,
mülleriano, Bündchen.
199
4. Acento agudo para marcar o U tônico nas sílabas que, qui,
gue, gui dos verbos deixa de existir. (Lembra da explicação
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

inicial? É aqui que ocorre uma das mudanças)

COMO ERA ANTES COMO É AGORA

apazigúe apazigue
argúi argui
obliqúe oblique

●● Nessas palavras, o acento agudo


permanece se cair no i, como em apazígue,
obliqúe.

5. As palavras paroxítonas com i ou u tônicos, precedidas por


ditongo decrescente, também ficam sem acento.

COMO ERA ANTES COMO É AGORA

feiúra feiura
baiúca baiuca
UESC

bocaiúva bocaiuva

●● As palavras oxítonas, precedidas de


ditongo, continuam acentuadas, como em
Piauí, tuiuiú.
Reforma Ortográfica

6. Caem os acentos diferenciais de palavras homógrafas (com


a mesma grafia, mas com pronúncia diferente) como pára,
pêlo, pélo, pólo e pêra.

Os diferenciais Exemplos

• pára (á), flexão de parar, • Ela para para


e para, preposição. pensar
• pêlo(s) (ê), substantivo e, • O pelo do gato é
AULA XIV

pélo (é), flexão de pelar,


bem branquinho.
e pela(s), combinação de
per e a(s).

• pólo(s) (ó), subs-tantivo, • Eles são polos


e polo(s), combinação opostos
antiga e popular de por e
o(s).
200
Módulo Único

●● OBRIGATORIAMENTE, continua acentuado


pôde (3ª pessoa do singular do pretérito

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


perfeito do indicativo), que se distingue
da correspondente forma do presente do
indicativo (pode).

Ela pôde fazer a tarefa, atualmente, não pode


mais.

●● OBRIGATORIAMENTE, permanece o
acento diferencial em pôr (verbo) e por
(preposição).

Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim.

III
Uso do Hífen

UESC
As observações a seguir referem-se ao uso do hífen em
palavras formadas por prefixos ou por elementos que podem
funcionar como prefixos, como:

aero arqui entre infra, multi pré pró


agro auto ex inter, neo pseudo super

Reforma Ortográfica
além circum extra intra, pan retro supra
Acesse http://fmu.br/
ante co geo macro pluri semi tele
game/home.asp e
anti contra hidro micro proto sobre ultra veja um teste muito
interessante sobre a
aquém eletro hiper mini pós sub vice etc Reforma Ortográfica.

Sucesso!
Observe, caro aluno, as explicações sobre hífen com
muita atenção, pois são as que têm causado mais dúvidas.
Iniciaremos com a explicação dos casos em que não se usa
hífen; logo após os casos de uso do hífen; e, por fim, um
AULA XIV

resumo.

NÃO SE USA HÍFEN

1. Quando o prefixo terminar em vogal e vier seguido de


r ou s. Nesse caso, dobra- se o r ou o s, por causa da
pronúncia.
201
EXEMPLOS

anti social antissocial


OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

mini saia minissaia


neo realismo neorrealismo
ultra som ultrassom

2. Quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal com


que se inicia o segundo elemento.

EXEMPLOS
anti aéreo antiaéreo
auto escola autoescola
co autor coautor
infra estrutura infraestrutura
semi aberto semiaberto

●● O prefixo co aglutina-se com o segundo
elemento, mesmo quando este iniciar por
o: Ex.: coobrigar, coordenar, cooperar,
coocupante etc.
UESC

●● O prefixo re é sempre usado sem hífen,


mesmo quando o segundo elemento
iniciar por e. Ex.: reaprender, reassinar,
reaproveitar, reeditar, repintar,
reescrever.
Reforma Ortográfica

3. Quando o prefixo terminar em vogal e o segundo elemento


começar por consoante diferente de r ou s.

EXEMPLOS
anti pedagógico antipedagógico
AULA XIV

auto peça autopeça


micro computador microcomputador
semi círculo semicírculo
ultra moderno ultramoderno

●● Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen.


Ex. vice-rei, vice-diretor, vice-reitor.
202
Módulo Único

4. Quando o prefixo terminar por consoante e o segundo


elemento começar por vogal.

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


EXEMPLOS
hiper ativo hiperativo
inter escolar interescolar
super interessante superinteressante

5. Nas locuções de qualquer tipo, sejam elas substantivas,


adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou
conjuncionais, não se emprega, em geral, o hífen.

Locução Exemplos
a) Substantiva a) cão de guarda, fim de semana, sala de
jantar; 
b) Adjetiva b) cor de açafrão, cor de café com leite,
cor de vinho

UESC
●● Usa-se hífen em locuções já consagradas
pelo uso.
Ex. água-de-colônia, arco-da-velha, cor-
de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia,
ao deus-dará, à queima-roupa.

Reforma Ortográfica
USA-SE HÍFEN

1. Quando o prefixo terminar por vogal e o segundo


elemento começar pela mesma vogal.

EXEMPLOS
AULA XIV

anti inflamatório anti-inflamatório


auto observação auto-observação
contra ataque contra-ataque
micro ondas micro-ondas
micro ônibus micro-ônibus
203
●● Não esqueçam, as grafias consagradas
com re serão mantidas. Ex. reescrita,
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

reescrever, reeducar, reempossar,


reescalar, reencenar...

●● Com o prefixo preátono, não se usa hífen


com grafias consagradas pelo uso: Ex.
preexistir, preencher, preestabelecer...

2. Diante de palavra iniciada por h.

EXEMPLOS
anti histórico anti-histórico
mini hotel mini-hotel
sobre humano sobre-humano
super homem super-homem

●● As grafias consagradas serão mantidas:


UESC

Ex. subumano, inumano reidratar,


desumano, inábil, reabituar, reabilitar,
reaver, coerdeiro, coerdar...
Reforma Ortográfica

3. Quando o prefixo terminar por consoante e o segundo


elemento começar pela mesma consoante.

EXEMPLOS
inter racial inter-racial
inter regional inter-regional
sub bibliotecário sub-bibliotecário
super resistente super-resistente
AULA XIV

●● Nos demais casos, não se usa o hífen.


Ex. hipermercado, intermunicipal,
superinteressante, superproteção.
●● Com o prefixo sub, usa-se o hífen também
diante de palavra iniciada por r. Ex. sub-
região, sub-raça etc.
204
Módulo Único

●● Com os prefixos circum e pan, usa-se o


hífen diante de palavra iniciada por m, n e

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


vogal. Ex. Exemplos: circum-navegação,
pan-americano etc.

4. Com os prefixos ex, sem e com os prefixos tônicos além,


aquém, recém, pós, pré, pró.

EXEMPLOS
além mar além-mar
ex presidente ex-presidente
pós graduação pós-graduação
pré história pré-história
pré vestibular pré-vestibular
recém nascido recém-nascido

●● Com as formas átonas não se usa hífen.


Ex. pospor, prever, promover, predizer...

UESC
5. Com os sufixos de origem tupi-guarani: açu, guaçu e
mirim.

Exemplos: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu...

Reforma Ortográfica

HÍFEN
RESUMINDO
AULA XIV

Emprego do hífen com prefixos

Regra básica
Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-
homem.

205
Outros casos
Prefixo terminado em vogal:
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

• Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-


ondas...
• Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola,
antiaéreo...
• Sem hífen diante de consoante diferente de r e s:
anteprojeto, semicírculo...
• Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras:
antirracismo, antissocial, ultrassom...

Prefixo terminado em consoante:


• Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional,
sub-bibliotecário...
• Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal,
supersônico...
• Sem hífen diante de vogal: interestadual,
superinteressante...
UESC

Se você observou com cuidado, caro aluno, tirando os casos


especiais, as exceções, só se usa hífen, nos casos de prefixos, em
Reforma Ortográfica

três momentos:

a) com prefixo antes de h;


b) quando o prefixo terminar em vogal e a palavra seguinte começar
pela mesma vogal;
c) quando o prefixo terminar em consoante e a palavra seguinte ini-
ciar pela mesma consoante.

Bem mais simples, não?


AULA XIV

206
Módulo Único

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Vocabulário Ortográfico
REFERÊNCIAS

da Língua Portuguesa: Volp. 5. ed. Rio de Janeiro: Global,


2009.

BOSCOV, Isabela. A última do Português. Revista Veja, São


Paulo, 31 dez. 2008. p.192-197

FOLHA ONLINE, Acesso em 29 dez. 2008.

FOLHA ONLINE . Acesso em 12 jan. 2009.

GUIDIN, Márcia Lígia. O caso dos prefixos e falsos prefixos.


Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação.

MARIANO, Nilson. Reforma Ortográfica. In: Zero Hora, Porto

UESC
Alegre, 31 out. 2008.

PINHO, Márcio; ALCÂNTARA e SILVA, Luísa. Texto do Acordo


não deixa claro como ficará a grafia de uma série de
palavras. Folha de São Paulo. Acesso em 01 jan.2009 -
REFERÊNCIAS

TUFANO, Douglas. Guia Prático da Nova Ortografia. São


Reforma Ortográfica
Paulo: Melhoramentos, 2008.
AULA XIV

207
XV
Módulo Único

AULA 15

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Dúvidas

UESC
OBJETIVO: Revisar algumas dificuldades comuns
em Língua Portuguesa.

O QUE É
Dúvidas

Se você já teve dificuldade em saber exatamente


AULA XV

que palavra ou expressão usar em português... Na hora


de escrever bate aquela dúvida... É “onde” ou “aonde”?
“Porque”, junto ou separado? Parabéns! Você é normal!
Nesta aula, vamos te ajudar a resolver algumas
dúvidas. Vamos lá!
211
1. Onde, aonde ou donde?
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

1.1 Onde - É empregado com verbos que não indicam


movimento.

Os computadores ficavam superaquecidos na sala, onde


não havia ventilação adequada.

1.2 Aonde - É empregado com verbos que indicam


movimento, como ir, chegar, levar, encaminhar-se, dirigir-se
etc.
Aonde vocês pensam que vão?

1.3 Donde - É empregado com os verbos vir, provir,


originar-se, normalmente perguntando “de que lugar”,
indicando procedência.

Donde vocês vieram?


UESC

Onde = em que lugar (está...).


Aonde = a que lugar (para que lugar vai...).
Donde = de que lugar (vem...).

2. A ou Há

São bem diferentes! Atente para as diferenças nos


exemplos abaixo:
Dúvidas

a) Daqui a pouco o técnico do computador vai chegar.


b) O sistema travou há poucos minutos!
c) Há sinais de arrombamento na casa. Cuidado!
AULA XV

• Sempre empregamos a para referenciar um tempo


futuro.
• Há, do verbo “haver”, é empregado para indicar
tempo passado, com o mesmo sentido de “faz”
e de “existe”.
212
Módulo Único

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Quando o a for artigo feminino singular,
determinando um substantivo, será sempre a.

ex.: A menina estava chorando muito!

3. A gente ou agente?

Junto ou separado? Depende...

3.1 A gente - É um uso do registro informal da língua,


e equivale à primeira pessoa do plural: nós.

A gente foi ao cinema ontem.

UESC
Sempre escreva: “a gente foi”; “a gente
comeu”; “a gente fez”; “a gente correu” etc.

3.2 Agente - Tanto pode ser um adjetivo como um


substantivo comum de dois gêneros. Quando é um adjetivo,
significa, de acordo com o dicionário Aurélio (1999, p. 69):
Dúvidas

“que opera, agencia”. Como substantivo tem, entre outros, os


seguintes significados: “3. Pessoa especializada que trata de
negócio por conta alheia, ou que representa os interesses de
seus clientes: agente comercial; agente literário. 5. Pessoa
AULA XV

encarregada de uma agência (...)” (AURÉLIO, 1999, p. 69).

O agente daquela atriz é excelente.

A agente daquela firma almoçou ontem aqui em casa.

213
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

O substantivo comum de dois gêneros tem uma só


forma para o masculino e para o feminino. Distinguimos
o gênero através do artigo ou outro determinante que o
acompanha. Veja alguns exemplos: o gerente/a gerente;
aquele estudante/aquela estudante; o colega/a colega; meu
dentista/minha dentista; o artista/a artista etc.

4. Uso do porquê

Antes de estudar os usos do porquê, leia o texto


abaixo!

Porque, Porquê, Por que ou Porque? Eis


a questão!
UESC

Se você fosse francês ou inglês, certamente


não teria esse tipo de preocupação. Lá na terra
de De Gaulle, você pergunta Pourquoi e as pes-
soas respondem Parce que. Melhor ainda é nos
países de língua inglesa, onde a pergunta é Why
e a resposta Because.
Só para humilhar a concorrência, nós, discípu-
los de Camões e de Machado, temos quatro pos-
sibilidades, quatro grafias absolutamente dis-
tintas, com uma única pronúncia, rigorosamente
Dúvidas

idênticas.
Dia desses, ouviu-se o seguinte diálo-
go, no Centro de Visitantes da Usina Hidrelétrica
Itaipu, em Foz de Iguaçu, Paraná:
AULA XV

Guia – Fátima, tem um turista que insiste em sa-


ber por que não pode entrar na Usina de chinelos.

Coordenadora – Não acredito que você ain-


da não saiba o porquê! Não pode porque é uma
214
Módulo Único

questão de segurança, uma prevenção contra


acidentes. Você não explicou isso ao visitante por
quê?

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Guia – Porque até hoje ninguém tinha pergun-
tado. Essa é a razão por que na hora eu fiquei
na dúvida. Por que sempre tem alguém fazendo
pergunta difícil?

Coordenadora – Porque a gente está aqui para


esclarecer.

Fonte: Carlos Alberto Paula Motta


e-mail: motta@gipcultural.com.br

REGRAS BÁSICAS

Usa-se por que, separado, nas perguntas:

- Por que sempre tem alguém fazendo pergunta

UESC
difícil?

Usa-se porque, junto, nas respostas:

- Porque a gente está aqui para esclarecer.

- Não pode porque é uma questão de segurança,

uma prevenção contra acidentes.

Viu como é fácil? Mas e as outras possibilidades?!? Vamos


fazer uma revisão?
Dúvidas

4.1 Por que


• Em frases interrogativas – você já sabe que se escreve
separado.
AULA XV

Por que você não foi ao cinema com seus amigos?

• Em frases afirmativas – quando no seu emprego está


subentendida a ideia de motivo, causa, razão, pelo qual,
para que.
215
Essa é a razão por que (pela qual) na hora eu fiquei na
dúvida.
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

Tem um turista que insiste em saber por que (motivo,


razão) não pode entrar na Usina de chinelos.

Os estudantes não explicaram por que (para que)


precisavam de mais tempo para terminar a montagem
do seminário.

4.2 Por quê

• Quando colocado no final da frase e tiver o sentido de


motivo, razão pela qual.

Você não explicou isso ao visitante por quê?

Ninguém o escutava. Por quê?

Ele estava inquieto sem saber por quê.


UESC

4.3 Porquê

• Acompanhado de um determinante, “porque” é um


substantivo e se escreve “porquê”, significando motivo,
causa.

Não acredito que você ainda não saiba o porquê!


Dúvidas

Não sei o porquê da sua revolta!

Há muitos porquês para a corrupção no poder público.


AULA XV

Veja um resumo na tabela na página seguinte:

216
Módulo Único

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


UESC
Dúvidas
AULA XV

FONTE: adaptado de www.mapasmentais.com.br


217
5. Senão ou se não?
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

5.1 Senão – equivale a: do contrário, de outro modo,


mas sim, exceto, salvo, a não ser etc.

Estude, senão você vai ser reprovado!


(= do contrário).
Ninguém foi à formatura de Carlota, senão seus pais.
(= a não ser, salvo).

Observação:
Senão – quando acompanhado de um determinante,
é um substantivo, significando defeito, falha.

Não encontrei um senão em seu projeto de


pesquisa.

5.2 Se não – separado, indica alternativa, condição,


incerteza, dúvida.
UESC

Se não for possível, avise-me! (condição).


Havia cerca de doze estudantes no primeiro dia de
aula, se não dez. (incerteza).

6. Mal ou mau?
Dúvidas

6.1 Mal – pode ser classificado como:

• Advérbio de modo – antônimo de bem, significa


incorretamente.
AULA XV

O projeto de pesquisa estava mal redigido, por isso não


foi aceito pelo Comitê.

• Substantivo – antônimo de bem, vem acompanhado de


um determinante.
218
Módulo Único

O mal dela é acreditar em tudo que as amigas lhe falam.

• Conjunção subordinativa adverbial temporal – equivale a

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


assim que, logo.

Mal o Reitor chegou, começou a cerimônia de formatura.

6.2 Mau - pode ser classificado como:

• Adjetivo – contrário de bom, caracteriza o substantivo,


atribuindo qualidades e modos de ser, ou, então, indica o
aspecto ou estado do substantivo.

Ele está sempre de mau humor.

7. Mas ou mais?

7.1 Mas
• Conjunção coordenativa adversativa – expressa uma ideia
contrária ao que se declara na oração coordenada anterior
(ou posterior).

UESC
Os governantes muito prometem, mas pouco é feito.

Mas equivale a: porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto etc.

PRESTE ATENÇÃO!

Os governantes muito prometem, mas pouco é feito.


Dúvidas

Os governantes muito prometem, no entanto pouco é feito.


Os governantes muito prometem, porém pouco é feito.

O sentido é o mesmo, não é? Faça sempre isto, que você não erra na
hora de escrever.
AULA XV

7.2 Mais
• Advérbio de intensidade – é antônimo de menos.

Essa é a atitude mais correta para alguém que pretende


ser politicamente correto.
219
8. Ao invés de ou em vez de?
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

8.1 Ao invés de – significa ao contrário de.

As taxas de juros têm subido, ao invés de baixar.

8.2 Em vez de – significa em lugar de.

Em vez de ajudar, ela só atrapalha!

9. Acerca de ou há cerca de?

9.1 Acerca de – é uma locução prepositiva e equivale


a respeito de.

Ontem ela estava me falando acerca dos problemas pelos


quais estava passando.
UESC

9.2 Há cerca de – equivale a há aproximadamente.

Há cerca de 15 anos, foi quando vim para Ilhéus com


minha mãe.

10. À toa ou à-toa?

10.1 À toa – separado e sem hífen, é uma locução


adverbial de modo e significa: sem destino, a esmo, ao acaso,
Dúvidas

sem fazer nada, sem rumo etc.

“Estava à toa na vida


O meu amor me chamou
AULA XV

Pra ver a banda passar


Cantando coisas de amor”
(Chico Buarque. A banda).

10.2 À-toa – com hífen, é um adjetivo invariável e


significa inútil, desprezível, sem importância.
220
Módulo Único

Um probleminha à-toa, no computador, atrasou meu


trabalho por três dias.

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


11. A fim de ou afim?

11.1 A fim de – é uma locução prepositiva que indica


finalidade (com o propósito de, com a intenção de).

Saí a fim de me divertir um pouco.


(= com a intenção de me divertir).

Estar a fim de:


Num registro coloquial, é sinônimo de estar com vontade,
estar disposto.

Ex: Hoje estou a fim de sair e me divertir.

UESC
Estar a fim de (alguém):
Num registro coloquial, significa querer namorar alguém,
estar interessado.

Ex: Acho que João está a fim de Conceição!

11.2 - Afim
• Adjetivo – corresponde a semelhante.
Dúvidas

Eles têm gostos afins.

• Substantivo – indica parentesco sem laços sanguíneos.


AULA XV

A sogra é afim da nora.

Cuidado! Ela não está interessada na nora! Ela tem


parentesco, mas sem laços sanguíneos

221
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

REFERÊNCIAS
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da
língua portuguesa. 34. ed. São Paulo: Companhia Editora
Nacional, 1991.

INFANTE, Ulisses. Curso de gramática aplicada aos


textos. 2. ed. São Paulo: Scipione, 1995.
UESC
Dúvidas
AULA XV

222
DADES
TIVI
NO DE A
CADER
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

Reitor
Prof. Antonio Joaquim Bastos

Vice-reitora
Profª. Adélia Maria C. M. Pinheiro

Pró-reitora de graduação - PROGRAD


Profª. Flávia Azevedo de Mattos Moura Costa

Coordenador UAB – UESC


Profª. Maridalva de Souza Penteado

Coordenador Adjunto UAB – UESC


Profª. Flaviana dos Santos Silva

Elaboração de Conteúdo
Profª. Gessilene Silveira Kanthack
Profª. Marileide dos Santos de Oliveira
Profª. Sylvia Maria Campos Teixeira
Prof. Urbano Cavalcante da Silva Filho

Instrucional Designers
Marileide dos Santos de Olivera
Gessilene Silveira Kanthack

Revisão
Sylvia Maria Campos Teixeira

Diagramação
Antônio Marcus Lima Figueiredo
Jamile Azevedo de Mattos Chagouri Ocké
João Luiz Cardeal Craveiro
Sheylla Tomás Silva

Ilustração
Sheylla Tomás Silva

Capa
Jamile Azevedo de Mattos Chagouri Ocké

Ministério da
Educação

OFICINA DE LÍNGUA
PORTUGUESA

Gessilene Silveira Kanthack

PROFESSORES
Doutora em Linguística pela UFSC; Professora Adjunta do
Departamento de Letras e Artes da UESC; Vice-coordenadora
do Mestrado em Letras: Linguagens e Representações (UESC);
Instrucional Designer da EAD-UESC.

Marileide dos Santos de Oliveira

PROFESSORES
Mestre em Estudos Linguísticos pela UFMG; Especialista em
Leitura e Produção de Texto pela PUC de Minas Gerais; Professora
Assistente do Departamento de Letras e Artes da UESC;
Coordenadora do Laboratório de Redação do Curso de Letras;
Instrucional Designer da EAD-UESC.

Sylvia Maria Campos Teixeira


Mestre em Estudos Linguísticos pela UFMG; Especialista em
Literatura Brasileira pela PUC de Minas Gerais; Professora
Assistente do Departamento de Letras e Artes da UESC; Instrucional
Designer da EAD-UESC.

Urbano Cavalcante da Silva Filho


Especialista em Leitura e Produção Textual; Mestre em Cultura
e Turismo (UFBA/UESC); Mestrando em Letras: Linguagens
e Representações (UESC); Professor de Língua Portuguesa,
Literatura e Produção Textual do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), Campus Valença.

META
Revisar assuntos da Língua Portuguesa,
importantes para a produção oral e escrita.
QUE DIREÇÃO TOMAR?

AULA I GENEROS TEXTUAIS TEXTUAIS 7


AULA II ESTRUTURAS DO PARÁGRAFO DE PARÁGRAFO 12
AULA III COESÃO COESÃO 17
AULA IV COERÊNCIA COERÊNCIA 22
AULA V RESUMO RESUMO 24
AULA VI RESENHA RESENHA 27
AULA VII CONCORDÂNCIA VERBAL DÂNCIA VERBAL 29
AULA VIII CONCORDÂNCIA NOMINAL DÂNCIA NOMINAL 32
AULA IX REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL VERBAL E NOMINAL 36
AULA X CRASE CRASE 38
AULA XI COLOCAÇÃO PRONOMINAL ÇÃO PRONOMINAL 40
AULA XII PRONOMES DEMONSTRATIVOS DEMONSTRATIVOS 42
AULA XIII PONTUAÇÃO PONTUAÇÃO 44
AULA XIV REFORMA ORTOGRÁFICA MA ORTOGRÁFICA 47
AULA XV DÚVIDAS DÚVIDAS 49
AULA I

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


GÊNEROS TEXTUAIS

1. Considerando os objetivos (um dos elementos que caracterizam as práticas sociodiscursivas)


abaixo, indique, no mínimo, dois gêneros textuais que podem ser produzidos:

a) Sintetizar, por escrito, uma leitura de um livro.


b) Expor, oralmente, a compreensão de um assunto estudado.
c) Agradecer alguém, por escrito, por ter participado de um evento.
d) Criticar, por escrito, um fato ocorrido.
e) Divulgar, por escrito, um evento.
f) Promover o riso.
g) Apresentar propostas políticas de um candidato a prefeito.
h) Registrar, por escrito, acontecimentos diários.
i) Conversar com alguém.
j) Informar sobre um acontecimento.

UESC
2. Identifique os gêneros textuais abaixo e diga qual foi o objetivo da produção do texto, isto
é, se é instrucional, interpessoal, de lazer, ficcional etc. Não se esqueça dos gêneros textuais
híbridos!

a) Relata a história de uma mulher chamada Tracy Whitney, que se considerava a mulher
com mais sorte no mundo. Ela ganhava bem em seu emprego e ia se casar com um
homem da alta-sociedade, que era carinhoso e bonito, tudo o que uma mulher poderia
desejar. Esse sentimento de felicidade durou somente até uma tragédia acontecer com

Caderno de Atividades
sua mãe, e Tracy cair em uma cilada e ser condenada a quinze anos de prisão. Ela
conseguiu a liberdade antes do prazo, e começou a bolar a vingança contra todos os que
a haviam prejudicado. Gostou de enganar pessoas que enriqueciam à custa de outros e
assim tornou-se uma ladra, que se passava por várias mulheres diferentes. Um detetive
foi incumbido de desvendar o caso. Ele já sabia desde o começo quem era a mulher, mas
precisava de provas, pois Tracy e seus crimes eram um desafio para a polícia de vários
países (SHELDON, Sidney. Se houver amanhã).

b) Há estudos que mostram que ser gay não é escolha, é uma questão constitutiva da
sexualidade. A senhora acha mesmo possível mudar essa condição?
Cada um faz a mudança que deseja na sua vida. Não sou eu a responsável pela
mudança. Conheço pessoas que deixaram as práticas homossexuais. E isso lhes trouxe
conforto. Conheço gente que também perdeu a atração homossexual. Essa atração
foi se minimizando ao longo dos anos. Essas pessoas deixaram de sentir o desejo por
intermédio da psicoterapia e por outros meios também. A motivação é o principal fator
para mudar o que quiser na vida.

7
A senhora é heterossexual?
Sou.
Pela sua lógica, seria razoável dizer que, se a senhora quisesse virar homossexual,
poderia fazê-lo?
Eu não tenho essa vivência. O que eu observei ao longo destes vinte anos de trabalho
foram pessoas que estavam motivadas a deixar a homossexualidade e deixaram. Eu
conheço gente que mudou a orientação sem nem precisar de psicólogo. Elas procuraram
grupos de ajuda e amigos e conseguiram deixar o comportamento indesejado. Mas, sem
Caderno de Atividades

dúvida, quem conta com um profissional da área de psicologia tem um conforto maior.
Eu sempre digo que é um mimo você ter um psicólogo para ajudá-lo a fazer essa revisão
de vida. As pessoas se sentem muito aliviadas.
Fonte: http://www.veja.abril.com.br/.../homossexuais-podem-mudar-p-015.shtml

c) AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,


Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
UESC

Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda


Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
(PESSOA, Fernando)
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

d) Oi meu amigo (nome)

Quem como você, que foi sempre um amigo sincero, aquele de todas as horas,
além da lembrança do Dia da Amizade que se comemorou recentemente, é a hora
certa que eu tenho, para alertá-lo sobre certas atitudes que você às vezes toma. É
importante que dê aos seus amigos, pelo menos aos mais antigos e chegados, liberdade
para que cometam erros, só assim eles terão oportunidade de finalmente acertar.
Enfim, você não é um cara radical, bastaria ser mais legal, um pouco mais tolerante;
para ver que todos têm sempre alguma coisa boa a oferecer. Sua alma pode ser mais leve
e ágil, mas você precisa entender as pessoas. Somos todos humanos e mortais, não há
ninguém tão bondoso para praticar apenas o bem, ou fazer coisas grandiosas sozinho.
Você é um cara bacana, generoso e bom amigo. Sempre foi aquele que fazemos questão
de guardar no lado esquerdo do peito. Os grandes momentos são raros, mas nós, que
somos amigos leais, estamos preparados para eles. Quando chegam não nos pegam de
surpresa, sabemos que podemos sempre contar com aquele amigo verdadeiro. Saiba que
jamais seremos infalíveis, mas apenas seres humanos que sabem prezar uma amizade. É
bom saber, e nestas datas lembrar, que temos grandes amigos.
8
Um grande abraço:(assinatura)
Fonte: http://www.1001cartasdeamor.terra.com.br

e) Aprovação da PEC do Trabalho Escravo

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


O Congresso Nacional tem a oportunidade de promover a Segunda Abolição da Escravidão
no Brasil. Para isso, é necessário confiscar a terra dos que utilizam trabalho escravo. A
expropriação das terras onde for flagrada mão-de-obra escrava é medida justa e necessária
e um dos principais meios para eliminar a impunidade.
A Constituição do Brasil afirma que toda propriedade rural deve cumprir função social.
Portanto, não pode ser utilizada como instrumento de opressão ou submissão de qualquer
pessoa. Porém, o que se vê pelo país, principalmente nas regiões de fronteira agrícola, são
casos de fazendeiros que, em suas terras, reduzem trabalhadores à condição de escravos
- crime previsto no artigo 149 do Código Penal. Desde 1995, mais de 31 mil pessoas foram
libertadas dessas condições pelo governo federal.
Privação de liberdade e usurpação da dignidade caracterizam a escravidão contemporânea.
O escravagista é aquele que rouba a dignidade e a liberdade de pessoas. Escravidão é
violação dos direitos humanos e deve ser tratada como tal. Se um proprietário de terra a
utiliza como instrumento de opressão, deve perdê-la, sem direito a indenização.
Por isso, nós, abaixo-assinados, exigimos a aprovação imediata da Proposta de Emenda
Constitucional 438/2001, que prevê o confisco de terras onde trabalho escravo foi encontrado
e as destina à reforma agrária. A proposta passou pelo Senado Federal, em 2003, e foi

UESC
aprovada em primeiro turno na Câmara dos Deputados em 2004. Desde então, está parada,
aguardando votação.
É hora de abolir de vez essa vergonha. Neste ano em que a Lei Áurea faz 120 anos,
os senhores congressistas podem tornar-se parte da história, garantindo dignidade ao
trabalhador brasileiro.
Pela aprovação imediata da PEC 438/2001!
Até o momento:
• 39797 pessoas aderiram a __________ pela aprovação da PEC do Trabalho Escravo em
sua versão em papel, que está circulando em todo o país.

Caderno de Atividades
• Outros 125223 assinaram pela Internet.
Fonte: www.trabalhoescravo.org.br

f) VIDIGAL, Luís. Os testemunhos orais na escola: História Oral e projetos pedagógicos.


Porto: ASA, 1996. 191 p.

Numa escola que se pretende aberta à vida e atenta ao meio em que se insere,
considerar a(s) memória(s) dos homens como um possível e produtivo material de
estudo surge como um percurso à partida extremamente aliciante. É essa a proposta do
autor deste volume, que fundamenta a sua explanação no fato de que “o recurso aos
testemunhos orais é particularmente adequado para se promover a aquisição, por parte
dos aprendentes, de objetivos que favoreçam a preservação de aspectos importantes –
mas descurados – da memória coletiva” (p. 11).
Seguindo o percurso apresentado, o livro inicia com um capítulo introdutório onde
são caracterizados alguns dos conceitos fundamentais que o autor vai operacionalizar
nas sugestões práticas que desenvolverá em seguida. As noções de “memória oral”

9
e “história oral” são aqui clarificadas, assim como algumas questões colocadas pelo
trabalho no terreno nessa área.
O segundo capítulo aborda o problema das relações entre a Escola e a História
Oral, salientando-se o papel determinante que uma orientação neste sentido poderá
assumir, face às mudanças sociais e culturais do nosso tempo.
Os pontos seguintes (capítulos 3, 4 e 5) surgem com uma orientação mais prática,
descrevendo-se com bastante pormenor os métodos de pesquisa na História Oral,
nomeadamente as técnicas de recolha e tratamento da informação. Esta parte surge
Caderno de Atividades

bastante bem documentada, facultando, a quem pretende enveredar por um trabalho


neste domínio, importantes auxiliares para a sua efetiva e adequada concretização. Na
seção de “anexos” incluem-se ainda outros documentos que completam a informação
destes capítulos.
Dado que o presente livro decorre, em parte, de todo um trabalho que o autor vem
desenvolvendo como docente e investigador na Escola Superior de Educação (ESE) de
Santarém, nos “anexos” encontramos ainda variada documentação que atesta algumas
das iniciativas realizadas, nomeadamente as que se prendem com o “Projeto Museológico
sobre Educação e Infância”.
Estamos, pois, perante uma obra que se destaca pelo interesse e atualidade
temática e pelas várias possibilidades que apresenta para que a Escola possa tornar-se
num espaço cultural mais enriquecedor, ao permitir esse cruzamento de vidas/memórias
diferenciadas.

Glória Costa
UESC

In: COSTA, Glória. In: Literatura, Nacionalismos, Identidade, Discursos: Estudos de Língua e Cultura
Portuguesa, Coimbra n. 13, out. 1996, p. 197-198.

g) ola pessoal !
estou precisando de um projetinho q envia email
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

para mim mesmo

exemplo fale conosco eu queria q este exemplo


só me enviase o a mensagem e o nome e o email do usuario q estiver
com duvidas

ja peguei varios mas nao consigo

e para este email q quero mandar a resposta

olha o meu email é xxxxxxx

sera q alguem pode me ajudar mas preciso de algo facil pois so meio
leigo ainda
mas estou estudando sobre este assunto

10
i)

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


Preguiçoso
Fonte: www.uol.com.br

j)

UESC
Veja, 19/04/2006.

l) Caderno de Atividades

Fonte: www.vesite.com.br/
blog/index.php/Tags/tirinha/

11
AULA II
ESTRUTURA DO PARÁGRAFO
Caderno de Atividades

1. Identifique, sublinhando, o tópico frasal dos parágrafos abaixo. Eu faço os dois primeiros, o
restante é com vocês. Está bem? Para descobrir o tópico frasal, leia atentamente e, depois, faça
a pergunta: “do que trata este parágrafo?”

a) “Os conflitos nacionais e étnicos parecem ser caracterizados por tentativas de recuperar
e reescrever a história, como vimos no exemplo da antiga Iugoslávia. A afirmação
política das identidades exige alguma forma de autenticação. Muito frequentemente,
essa autenticação é feita por meio da reivindicação da história do grupo cultural em
questão” (WOODWARD, 2000, p. 25).

b) “O dever de casa é um mal necessário na vida de um aluno. O único método seguro de


um professor mensurar o seu progresso na disciplina é designar uma tarefa que teste
seu conhecimento das informações ensinadas. [...] Muitos alunos, cientes destes usos,
UESC

tendem a tratar os deveres de casa como uma obrigação, colocando pouco ou nenhum
raciocínio no trabalho que entregam. Entretanto, como qualquer tarefa designada, o
dever de casa é um reflexo seu não só como aluno, mas como indivíduo. Quando um
empregador decide se vai ou não contratá-lo, ele considera suas habilidades de atender
às demandas do mercado de trabalho. Para muitos empregadores, o modo como você
lida com seus ‘deveres de casa’ na universidade, muitas vezes indica como você lidará
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com as tarefas de seu trabalho. Por exemplo, muitas vezes sua nota em uma disciplina
é determinada pela qualidade de seus deveres de casa. [...] Uma vez que se formam e
tentam encontrar um emprego, seu CRA (Coeficiente de Rendimento Acumulado) que
aparece em seu histórico escolar pode indicar ao seu empregador em potencial que você
fez seus ‘deveres de casa’ na universidade, indicando por sua vez como você poderá lidar
com suas tarefas no trabalho” (www.uff.br/lecha/Paragrafos.pdf.)

c) “O governo resistiu dez meses e duas tragédias até admitir que o Brasil vive uma crise
aérea sem precedentes. Na semana passada, o presidente Lula demitiu o ministro da
Defesa, Waldir Pires, e colocou em seu lugar o advogado Nelson jobim, ex-presidente
do Supremo tribunal Federal. O novo ministro foi empossado com a tarefa de colocar
ordem em um setor que se tranformou nos últimos tempos numa gigantesca baderna”
(ESCOSTEGUY, Diego. Veja, 1 ago. 2007, p. 86).

d) “Saí do estacionamento, cruzei com uma dúzia de estudantes. As meninas pareciam-


me muito mais bonitas do que eu me lembrava, mas, provavelmente, isso tinha a ver

12
com o meu envelhecimento. Cumprimentei-os com uma inclinação de cabeça. Ninguém
correspondeu. Quando entrei na faculdade, havia um cara de 38 anos na minha classe.
Ele havia se alistado no Exército e deixara de fazer curso superior. Lembro-me de como se
destacava no campus por ser tão velho. Essa era minha idade. Duro de entender. Eu tinha
a mesma idade daquele cara velho” (COBEN, Harlan. Silêncio na floresta. 2009, p. 203).

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e) “Embora a vida real não seja um jogo, mas algo muito sério, o xadrez pode ilustrar o
fato de que, numa relação entre pais e filhos, não se pode planejar mais que uns poucos
lances adiante. No xadrez, cada jogada depende da resposta à anterior, pois o jogador
não pode seguir seus planos sem considerar os contra-ataques do adversário, senão
será prontamente abatido. O mesmo acontecerá com um pai que tentar seguir um plano
preconcebido, sem adaptar sua forma de agir às respostas do filho, sem reavaliar as
constantes mudanças da situação geral, na medida em que se apresentam” (BETELHEIM,
Bruno – adaptado).

f) “A história do parágrafo se confunde com a história da escrita, uma vez que aquela
contribuiu decisivamente para o avanço dessa última (CAVALO; CHARTIER, 1998). Há
indícios, na cultura ocidental, que, desde o século IV a.C., já havia a noção de parágrafo.
Naquele período, o parágrafo era uma linha horizontal que dividia os tópicos nos papiros
e, mais adiante, a partir do século XIII d. C., o parágrafo passou a ser um sinal de

UESC
pontuação representado por C, o que indicava início de um capítulo. Até chegar à
concepção baseada na sintaxe (TORREIRA, 1993), que encontramos um resquício em
Garcia” (LIMA, Alexandre et al www.filologia.org.br).  

g) “O parlamentar é um “trabalhador” privilegiado. Costuma pegar no pesado apenas às


quartas e quintas. É o único a dispor de final de semana de cinco dias. E estão pedindo
aumento. Justo. Muito justo. Justíssimo” (SOUZA, Josias de. Folha de São Paulo, 14 nov. 1995,
p. 1-2 – grifos do autor).

Caderno de Atividades
h) “Se os movimentos literários perderam, na atualidade, a sua eficácia e os ismos caíram
em desuso, isso se deve à transformação sofrida pelos discursos artísticos das últimas
décadas, em que se viram abaladas as genealogias e deslocados os centros de referência
cultural. Os princípios estéticos do Modernismo, mesmo sendo interpretados no seu
caráter transformador e em contínua mudança, constituem ainda modelos para a grande
maioria da crítica. Embora essa atitude se justifique pela ausência de parâmetros da
arte contemporânea, aberta a múltiplas vertentes e fechada ao controle hegemônico de
um determinado critério de valor estético, é preciso distinguir o joio do trigo, apontar
historicamente o que é uma reciclagem ou uma releitura de discursos anteriores. Diante
da incapacidade de conviver com o babélico e o indefinido, o discurso da crítica literária
reveste-se de um aparato moderno para impor os seus critérios de qualidade, ignorando,
muitas vezes, as condições históricas da produção poética, ao defender a obra pelo seu
valor literário (porque intrínseco ao objeto), condição que lhe conferiria universalidade e
vida longa” (SOUZA, Eneida. Crítica Cult. 2007, p. 86).

13
2. Desenvolva os tópicos frasais seguintes, considerando os conectivos:

a) O jornal pode ser um excelente meio de conscientização das pessoas, a não ser que
(...)
b) As mulheres, atualmente, ocupam cada vez mais funções de destaque na vida social e
política de muitos países; no entanto (...)
c) Um curso universitário pode ser um bom caminho para a realização profissional de uma
Caderno de Atividades

pessoa, mas (...)


d) Se não souber preservar a natureza, o ser humano estará pondo em risco sua própria
existência, porque (...)
e) Muitas pessoas propõem a pena de morte como medida para conter a violência que existe
hoje em várias cidades; outras, porém (...)
f) Muitos alunos acham difícil fazer uma redação, porque (...)
g) Muitos alunos acham difícil fazer uma redação, no entanto (...)
h) Um meio de comunicação tão importante como a televisão não deve sofrer censura, pois
(...)
i) Um meio de comunicação tão importante como a televisão não deve sofrer censura,
entretanto (...)
j) O uso de drogas pelos jovens é, antes de tudo, um problema familiar, porque (...)
k) O uso de drogas pelos jovens é, antes de tudo, um problema familiar, embora (...)
UESC

3. Leia os parágrafos abaixo e identifique as partes que os compõem: introdução,


desenvolvimento e conclusão.
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a) “Inicialmente as calças e macacões de denim (tipo de tecido: sarja, brim) eram


utilizados apenas por trabalhadores (daí o modelo carpenter, desenvolvido
especialmente para carpinteiros - os bolsos servem para guardar as ferramentas
como martelos, chaves de fenda e outros instrumentos de trabalho) e, a partir dos
anos 50 do século passado, começou a serem usados pelos jovens, instigados pelos
atores Marlon Brando e James Dean, que os utilizaram nos filmes O Rebelde e
Juventude Transviada e os usavam também na vida cotidiana. Nas décadas seguintes
as calças jeans tornaram-se símbolo da contracultura, consolidando-se nos anos 80
como peça fundamental do guarda-roupa moderno” (www.sortimentos.com/.../moda_inverno-
5101.htm).
Denim: tipo de tecido: sarja, brim.

b) “A dieta cetônica defende a eliminação do consumo de carboidratos.


Ela segue a mesma linha da dieta das proteínas, atacando diretamente as gorduras
acumuladas em excesso. O cetônico é uma glândula que fica adormecida quando há consumo
de carboidrato. Com a eliminação do carboidrato, o cetônico começa a agir, procurando

14
fontes alternativas de energia para seu organismo, que seriam as gorduras acumuladas.
Para conseguir emagrecer mais rápido você tem que eliminar qualquer consumo de
carboidrato nas primeiras 48 horas da dieta” (www.dietaebeleza.com/dieta-do-cetonico-emagrecer-
5kg-em-1-semana-sem-carboidratos-secando-as-gorduras-acumuladas/).

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c) “Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras de Alagoas fazem seu ofício.
Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do
riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer, colocam o anil, ensaboam
e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a
água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa e dão mais uma torcida e mais
outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de ter feito tudo
isso é que dependuram a roupa lavada na corda ou no varal para secar. Pois quem se
mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar
como ouro falso; a palavra foi feita para bem dizer” (Graciliano Ramos – em entrevista
concedida em 1948) (www.enciclopedianordeste.com.br/biografia-graciliano.php).

d) “Não tenho nenhuma formação técnica em educação. Minha formação básica, além da
Escola Naval, foi em Economia e em Administração de Empresas. Por outro lado, além de
ter trabalhado em Administração Pública, fui sempre empresário. Por tudo isto tinha uma

UESC
vontade muito grande de conversar com alguém, com uma sólida e respeitável formação
em educação e que tivesse convivido, com papai, seu Colégio, seus métodos, para que
esta pessoa me fizesse uma análise isenta, com todos os parâmetros de uma avaliação
técnica” (www.cognitiva.com.br/7museu/.../arquivos_marco_na_educacao_cap06.pdf).

e) Bom, eu cheguei à minha casa com a pergunta na cabeça e doido para compartilhar com

Caderno de Atividades
os meus amigos. E, também, com os internautas que me seguem... Brasileiro é mal
educado? Estamos preparados para o amadurecimento das instituições, que deverão
exigir regras mais eficientes? Como, por exemplo, a liberação da maconha? Ou mesmo
a “Lei Seca” que ainda não vingou? Acredito que a nossa democracia é muito remota
e a família brasileira está esquecendo da sua importância no convívio com as nossas
crianças e nossos jovens. Desse jeito, a nossa educação vai de mal a pior (LINS, Alexandre
Lana. www.brasilwiki.com.br/noticia.php?id_noticia).

4. Reescreva os parágrafos a seguir, colocando em ordem as ideias.

a) E no caso da revista é, no mínimo, para a semana que vem. Só para ficar claro para
aqueles que não têm formação na área de comunicação, uma das principais diferenças
entre um texto criado para jornal e um para revista é o tempo de produção, que no caso
do jornal é… AGORA! Com mais tempo você tem mais calma e consegue criar mais, inovar

15
mais. E, claro, ser mais critico. O tempo que você investe para pesquisar e produzir o
texto impacta diretamente no tratamento dado ao material, sendo que você pode ainda
dar-se ao luxo de deixar o texto “dormir” um tempinho antes de revisá-lo.

b) Se o escritor souber variar o tamanho dos parágrafos, dará colorido especial ao texto,
captando a atenção do leitor, do começo ao fim. Em princípio, o parágrafo é mais
longo que o período e menor que uma página impressa no livro, e a regra geral para
determinar o tamanho é o bom senso.  Os parágrafos são moldáveis como a argila,
podem ser aumentados ou diminuídos, conforme o tipo de redação, o leitor e o veículo
Caderno de Atividades

de comunicação onde o texto vai ser divulgado.

c) Mais uma vez, escolha o que mais te agradar. A arte movimenta nossa energia e nossa
vida fica mais colorida. Por isso, guarde um tempinho para cultivar a criatividade. Então,
parafraseando o mestre taoísta, eu diria para meu filho: se quiser ser feliz, cultive
diariamente o movimento, a arte e a serenidade. Pode ser tocando violão ou outro
instrumento musical, escrevendo, desenhando, pintando, ou dançando, o que também é
uma prática de movimento. Na minha rotina pessoal, resolvi incluir um terceiro elemento,
o cultivo da criatividade. A prática física dá ao corpo alegria, a arte reabastece a nossa
mente e o nosso coração.

5. Redija um parágrafo seguindo a instruções abaixo (EMEDIATO, 2004, p. 108):


UESC

Assunto: Homem e mulher.

Delimitação do assunto: as diferenças entre o homem e a mulher na sociedade


contemporânea.

Objetivo: apontar os contrastes entre os papéis do homem e da mulher na sociedade


moderna em relação aos padrões de épocas anteriores.
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Forma de organização do parágrafo: contraste.

16
AULA III

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


COESÃO

1. Construa novas versões dos textos abaixo, utilizando, em relação às palavras destacadas, os
mecanismos de coesão que julgar adequados.

Todos os anos dezenas de baleias encalham nas praias do mundo e até há pouco nenhum
oceanógrafo ou biólogo era capaz de explicar por que as baleias encalham. Segundo uma
hipótese corrente, as baleias se suicidariam ao pressentir a morte, em razão de uma
doença grave ou da própria idade, ou seja, as baleias praticariam uma espécie de eutanásia
instintiva. Segundo outra, as baleias se desorientariam por influência de tempestades
magnéticas ou de correntes marinhas. Agora, dois pesquisadores do Departamento de
História Natural do Museu Britânico, com sede em Londres, encontraram uma resposta
científica para o suicídio das baleias. De acordo com Katharine Parry e Michal Moore, as
baleias são desorientadas de suas rotas em alto-mar para as águas rasas do litoral por
ação de um minúsculo verme de apenas 2,5 centímentros de comprimento.

UESC
2. Estruture numa só frase, cada grupo de indicações. Primeiramente, vejam as etapas de
processamento.

Exemplo 1:
O diretor visitou x. O funcionário estava hospitalizado.

Caderno de Atividades
1ª etapa: Colocar a segunda frase no lugar de x.
O diretor visitou o funcionário (O funcionário estava hospitalizado).
2ª etapa: Nas duas frases, o funcionário remete à mesma pessoa, logo o da segunda
frase colocado entre parênteses vai poder ser substituído por pronome relativo.

O diretor visitou o funcionário que estava hospitalizado.

Exemplo 2:
Algo é provável. Nós terminaremos o relatório amanhã.

Que nós terminemos o relatório amanhã é provável.


Terminarmos o relatório amanhã é provável.
É provável que nós terminemos o relatório amanhã.
É provável terminarmos o relatório amanhã.

17
Exemplo 3:
Nós analisamos o projeto com uma finalidade. Nós emitiremos um parecer.

Nós analisamos o projeto para emitirmos um parecer.

Lembra da conjunção, um dos mecanismos de coesão, em que se usam conectores para


estabelecer relações? Chegou o momento de aplicá-la!
Caderno de Atividades

a) Insistimos na análise dos projetos x. Os projetos devem ser encaminhados à Empresa


Nortex até o final do mês.

b) Esta é a carta x. Nós lhe enviamos a carta após o vencimento do título vc-476/87, no
valor de R$ 780.00 (setecentos e oitenta) reais.

c) Nosso representante exporá formulas de mercado x. Nós só revelamos fórmulas de


mercado a clientes especiais.

d) Algo é importante. As empresas deverão prestar informações adequadas.

e) Nós pedimos algo. Marque um horário para entrevista.

f) Algo é aconselhável. O relator apresentará detalhamento adequado dos fatos.

g) O gerente tem algo importante com uma finalidade. Ele dirá.


UESC

h) O chefe só se manifestou em algum momento. Todos se calaram.

i) Nascemos em um país x. A língua do país é estranha.

j) Este é o motivo x. Eu me interesso pelo Português pelo motivo x.

k) A Língua Portuguesa sempre foi uma disciplina x. Eu tive dificuldade na disciplina.


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l) É preciso observar x. Estamos nos dirigindo a alguém.

3. Relacione as três ideias do grupo de sentenças, em um só período, articulando as sentenças


da maneira que julgar mais adequada. Faça isso três vezes, dando relevância, alternadamente,
a cada uma das ideias. Vejamos primeiramente um modelo:

Muitas empresas multinacionais estão decepcionadas com alguns aspectos da


nova Constituição.

Muitas empresas multinacionais continuarão a investir no Brasil.

Muitas empresas multinacionais acreditam no futuro do Brasil.

a) dando relevância à primeira sentença


Muitas empresas multinacionais estão decepcionadas com alguns aspectos da nova
18
Constituição, mas continuarão a investir no Brasil, uma vez que acreditam no futuro
do País.

b) dando relevância à segunda sentença


Muitas empresas multinacionais continuarão a investir no Brasil, já que acreditam

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no futuro do país, embora estejam decepcionadas com alguns aspectos da nova
Constituição.

c) dando relevância à terceira sentença


Muitas empresas multinacionais acreditam no futuro do Brasil, uma vez que continuarão
a investir aqui, apesar de estarem decepcionadas com alguns aspectos da nova
Constituição.

Você está vendo a importância do uso dos conectores? As conjunções,


usadas adequadamente e com precisão, são importantes mecanismos de
coesão, estabelecendo relações de sentido entre as orações. Mas muito
cuidado, observe as relações de sentido ao usá-las.

(1) O Rio de Janeiro é o paraíso das confecções.

UESC
(2) Nem todas as confecções do Rio de Janeiro são importantes.

(3) Algumas confecções do Rio de Janeiro são clandestinas.

a) dando relevância à primeira sentença

b) dando relevância à segunda sentença

c) dando relevância à terceira sentença

Caderno de Atividades
(1) A porta fabricada pela Matsushita é à prova de arrombamento.
(2) A porta fabricada pela Matsushita não tem chave.

(3) A porta fabricada pela Matsushita funciona por computador.

a) dando relevância à primeira sentença

b) dando relevância à segunda sentença

c) dando relevância à terceira sentença

4. Você deverá reescrever o texto I, substituindo ou eliminando termos que se repetem. A


substituição poderá ser feita por sinônimos, outras palavras que julgar adequadas, pronomes,
elipses... O objetivo da tarefa é tornar o texto mais coeso.
19
TEXTO 1: É VERDADE QUE OS CÃES ATACAM QUEM DEMONSTRA MEDO?

Por ter uma visão apurada, o cão percebe mudanças no movimento de uma pessoa
assustada. O cão descende do lobo e do lobo herdou o instinto da caça. Se uma pessoa
começa a andar furtivamente ou com uma postura submissa, o cão logo identifica uma
presa fácil. O cão identifica uma presa fácil quando a pessoa corre. Nem sempre o cão
persegue a vítima com o objetivo de matar. Muitas vezes o cão só quer espantar a vítima
Caderno de Atividades

e mostrar à vítima quem manda no território (...) O problema é que, quando uma pessoa
está com medo do cão, uma pessoa costuma fazer movimentos bruscos, como levantar
a mão. Esse gesto de defesa da pessoa é entendido como um ataque pelo cão e pode
levar o cão a avançar.

Texto adaptado da Revista SUPERinterresante.

a) Ainda em relação ao texto 1, identifique o referente do pronome quem, que se encontra


no título.

5. Leia com atenção o texto 2 e, em seguida, responda as questões.

TEXTO 2: COMO OCORRE A CAMUFLAGEM DO CAMALEÃO?


UESC

1 O mimetismo é a capacidade de imitar o ambiente, para se confundir com


2 ele. O camaleão faz isso trocando de cor, porque consegue controlar
3 a concentração de pigmento nas células de sua pele. Tais células têm
4 formato estrelado, com ramificações que se distanciam do centro. Ao longo
5 delas, existem microtúbulos para carregar o pigmento do núcleo para as
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6 extremidades. Há vários tipos de pigmentos, formando cores diferentes.


7 Dependendo da situação, os microtúbulos carregam determinado pigmento
8 para as ramificações das células, alterando a cor da pele do bicho. Os
9 fatores que provocam isso vão da defesa do território contra um macho
10 rival à camuflagem para fugir de um predador ou se aproximar de uma
presa. Além do camaleão, outros lagartos, lulas e polvos também podem
fazer o mesmo.

Texto adaptado da Revista SUPERinterresante.

a) Na linha 2, encontra-se o pronome ele, um elemento anafórico ou catafórico? Identifique


o seu referente.
b) Na linha 2, encontra-se o pronome isso. A que se refere tal pronome?
c) Na linha 5, o pronome delas está substituindo qual elemento sintático?

d) Na linha 9, novamente temos o pronome isso. O seu referente é o mesmo daquele


pronome isso da linha 2? Explique apontando a que se refere.
20
6. Leia com atenção o texto 3 e, em seguida, responda as questões.

TEXTO 3: A SEMÂNTICA

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1 Preocupa-se com o significado. É ela que dirá, por exemplo,
2 que a palavra manga é ambígua quando tomada isoladamente, mas
3 que, inserida numa frase real, num contexto linguístico verdadeiro,
4 tem chances mínimas de ser interpretada como ambígua, ficando
5 claro se se trata da fruta ou da parte do vestuário.
6 A Semântica mostra, por exemplo, que o modo como se dizem
7 certas coisas faz pressupor outras, a partir do conhecimento possuído
8 de antemão pelo interlocutor. Assim, quando eu digo “João saiu do
9 hotel bêbado”, eu entendo que meu interlocutor saiba ou aceite que
10 João estava no hotel. Posso subentender mais, que João entrou no
11 hotel sóbrio.
12 A linguagem é construída da soma de sons e significados. A
13 Semântica é a parte da linguística que se interessa pela natureza,
14 função e usos desses significados. Ela não estuda os significados
15 como um dicionário trata as palavras da língua, mas da maneira como

UESC
os significados ocorrem integrados nos textos falados e escritos.
(CAGLIARI, 1992).

a) Circule, no mínimo, 5 (cinco) palavras ou expressões responsáveis pela coesão do


texto.

b) Na linha 9, encontram-se os pronomes eu e meu. Leia com atenção o texto e identifique

Caderno de Atividades
os referentes de tais pronomes.

c) No terceiro parágrafo, temos um conectivo (uma conjunção) que indica oposição.


Identifique-o.

d) Na linha 14, temos o pronome ela. Trata-se de um elemento anafórico (o referente


aparece antes do pronome) ou catafórico (o referente aparece depois do pronome)?
Explique, identificando o referente.

21
AULA IV
COERÊNCIA
Caderno de Atividades

1. Leia os enunciados que seguem e diga se há ou não coerência. Caso ocorram incoerências,
aponte-as.

a) Maria tinha feito o almoço, quando chegamos, mas ainda estava fazendo.
b) Pedro não foi ao shopping, entretanto, estava doente.
c) Mário não foi à solenidade, embora tivesse sido convidado.
d) Prezado cliente

Solicitamos a gentileza de comparecer a nossa central de crédito para o acerto de


seus débitos. Só a sua presença é que poderá resolver esse galho. Cordialmente.
UESC

2. Os textos seguintes apresentam algum tipo de incoerência. Sua tarefa será apontá-la e
explicá-la.

a) Naquela manhã Paulo ligou para o amigo, cumprimentando-o, leu no jornal que seu
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amigo havia entrado na faculdade e acordou bem cedo.

b) A ciência já demonstrou que o consumo exagerado de alcoólicas é extremamente


prejudicial à saúde. Adolescentes, aos dezesseis anos, ainda não têm maturidade
suficiente para avaliar os malefícios que o consumo imoderado de bebidas alcoólicas
lhes poderá causar. Além disso, nessa idade, gostam de novidades e, como muitas
vezes são tímidos, utilizam-se de bebidas alcoólicas para ficar extrovertidos sem pensar
nas consequências nefastas desse tipo de atitude. Por esses motivos, a lei que proíbe a
venda de bebidas alcoólicas para menores de dezoito anos deveria ser revogada.

c) A reunião para o acerto da venda das ações ocorreu num jantar, em um elegante e
caro restaurante, que era o preferido dos altos executivos de empresas do ramo de
telecomunicações. Enquanto os empresários, em voz baixa, selavam o acordo, um grupo
musical cantava música sertaneja e pagode. Na mesa ao lado, crianças comemoravam
um aniversário, batatas fritas, sobre as quais colocavam bastante catchup.

d) Machado de Assis é, sem dúvida, um dos maiores escritores brasileiros, pois sua obra
não só enfoca a vida urbana do Rio de Janeiro, como também tem por cenário outras
regiões do país. É o que se pode observar em seus romances regionais.

22
3- Os trechos seguintes são trechos de redações de alunos citados por Maria Thereza Fraga Rocco
em seu livro Crise na linguagem: a redação no vestibular. Neles há algum tipo de incoerência.
Aponte-a e comente-a.

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


a) “Pela tarde chegou uma carta a mim endereçada, abri-a correndo sem nem tomar
fôlego. O envelope não tinha nada dentro, estava vazio. Dentro só tinha uma folha,
em branco”.

b) “Eu não ganhei nenhum presente, só ganhei uma folha em branco, meu retrato de
pôster e um disco dos Beatles”.

c) “Pela manhã recebi uma carta repleta de conselhos. Era uma carta em branco e não
liguei para os conselhos já que conselhos não interessam para mim, pois sei cuidar da
minha vida”.

4- Roberto Duailibi, em seu livro Phrase book quatro – um banco de frases para estimular sua
criatividade, apresenta uma seção intitulada Antologia de mancadas, que reúne “cochilos” da
imprensa francesa. Os trechos que seguem, extraídos dessa antologia, apresentam problemas
de coerência. Procure reescrevê-los de modo a eliminá-las.

UESC
a) “O tribunal, após breve deliberação, foi condenado a um mês de prisão”.

b) “O cabrito montês ficou morto na estrada durante alguns instantes”.

c) “O papa João Paulo II bestificou dois dominicanos franceses do século XVIII”.

d) “Os sete artistas que compõem o trio têm talento”.

e) “O presidente de honra é um jovem septuagenário de 81 anos”.

Caderno de Atividades
f) “As reuniões daqui para a frente serão realizadas duas vezes por mês e não mais a
cada quinze dias”.

g) “Cego aposentado deseja contato com uma jovem. Foto se possível”.

5- Observe o diálogo abaixo:

A: Está chovendo muito!

B: Então vou sair de casa.

a) À primeira vista, a fala de B é incoerente com o que tinha dito A. Por quê?
b) Podemos imaginar, no entanto, uma situação, um contexto, no qual esse diálogo
ganhe coerência. Crie esse contexto para que o diálogo acima seja coerente.

23
AULA V
RESUMO
Caderno de Atividades

1. Lembra lá das nossas aulas, em que ressaltei que você sentirá menos dificuldade à medida
que for escrevendo? Pois bem, é agora a hora da prática, em que suplantará as dificuldades
com a atividade da escrita. O primeiro resumo fizemos juntos. Este você fará sozinho. Só
apresentarei os passos.

Passo 1

Leia o texto “Colapso Ambiental” do começo ao fim, procurando ter noção do conjunto. Essa
primeira leitura deve ser feita com a preocupação de responder à seguinte pergunta:

DO QUE TRATA O TEXTO?

COLAPSO AMBIENTAL
UESC

Um estudo realizado a pedido do secretário-geral da Organização das Nações


Unidas (ONU), Kofi Annan, alerta que o planeta corre o sério risco de sofrer um
colapso ambiental ainda neste século se medidas enérgicas não forem tomadas
para reverter o atual quadro de destruição dos recursos naturais. Segundo o estudo,
divulgado nesta quarta-feira (dia 30), cerca de 60% de todos os ecossistemas do
planeta estão degradados ou sendo usados de um modo não sustentável, o que
pode provocar um colapso ambiental global em um período de 50 anos. Intitulado
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

“Avaliação Ecossistêmica do Milênio” (AEM), o estudo começou em 2001, reunindo


1.360 especialistas de 95 países. As perspectivas para o futuro próximo são
alarmantes, alertaram os pesquisadores, enfatizando que a destruição de 15 dos
24 ecossistemas do mundo causará o surgimento de novas doenças, escassez de
água, da pesca e aparição de zonas mortas no litoral.

Esse estudo resultou em um dos relatórios mais completos e atualizados


sobre a situação do meio-ambiente no planeta. E ela não é nada boa, garantem
seus autores. Um dos trechos do relatório , intitulado “Vivendo além dos nossos
meios – O capital natural e o bem-estar humano”, afirma: “dentre os problemas
mais sérios identificados por esta avaliação estão as condições drásticas de várias
espécies de peixes, a alta vulnerabilidade de 2 bilhões de pessoas vivendo em
regiões secas e a crescente ameaça aos ecossistemas das mudanças climáticas
e poluição de seus nutrientes”. Os pesquisadores utilizaram a imagem de alguém
que está vivendo com tempo emprestado, para descrever o modo como estamos
convivendo com o meio ambiente. Um dos casos mais graves, segundo eles, está
no uso da água: “o uso do recurso de água em um ritmo muito maior do que se
gera se faz às custas de nossos filhos”.

24
Um dos coordenadores da pesquisa, o cientista Harold Mooney, da
Universidade de Stanford, resumiu do seguinte modo a gravidade do problema:
“no último meio século nós alteramos as estruturas dos ecossistemas globais em
uma velocidade mais rápida do que em qualquer outro período da história”. Essas
alterações, por um lado, foram fruto da intervenção humana para aumentar a
área e a produtividade das áreas de produção de alimentos, o que normalmente é
apontado como um fator de progresso. O problema é a forma como isso foi feito,
com a criação de grandes áreas de monocultura (destruidoras da biodiversidade)
e com um uso intensivo de agrotóxicos. Um dos resultados desse modelo, além da
destruição da biodiversidade, é o envenenamento de fontes de água ou mesmo seu
desaparecimento. Além disso, cada espécie animal e vegetal extinta representa um
fator de desequilíbrio para ecossistemas inteiros.

O estudo encomendado pela ONU faz uma radiografia desses ecossistemas


ameaçados. Ele aponta, por exemplo, que entre 10 e 30% das espécies animais
enfrentam perigo de extinção. O desmatamento, uma das causas desta ameaça,
é responsável também pelo ressurgimento de doenças que estavam sob relativo
controle e pelo surgimento de novas enfermidades. Os cientistas citam o caso da
malária, que afeta hoje cerca de 11% de todos os doentes no continente africano. E,
além do pesado custo humano, esse fato tem repercussões econômicas importantes.
Segundo os pesquisadores, se a doença tivesse sido erradicada há 35 anos, a
economia do continente africano teria aumentado aproximadamente 150 bilhões de
euros. Como as cifras costumam sensibilizar mais as autoridades do que relatos de
dramas humanos, o estudo cita ainda os impactos das mudanças climáticas sobre a
agricultura especialmente.

O resumo da obra é o seguinte: o capital natural da Terra está sendo gasto


rapidamente pelos seus habitantes, que se comportam como herdeiros perdulários
que gastam em uma geração o que as anteriores acumularam. Graças a esse
comportamento, mais 10 ou 20% das florestas do mundo serão transformadas em
lavoura e pasto até 2050, conforme projeção do estudo. O predomínio da lógica
do lucro sobre todas as outras vai apresentar uma conta salgada muito em breve,
advertem os cientistas. Na verdade, já está apresentando, mas ela vem sendo
rolada como se nada fosse acontecer. O que fazer? Uma das recomendações do
estudo dirige-se aos economistas: eles devem rever seus métodos de fazer contas
e incluir em seus cálculos fatores que causam espanto e riso hoje entre autoridades
econômicas. Fatores como o valor da polinização de lavouras por insetos ou o valor
de uma área de florestas destruída por uma barragem ou por uma nova lavoura de
soja.

A ideologia do progresso a qualquer custo, denuncia o resultado do estudo,


contamina governos à esquerda e à direita, que, cada vez mais, comportam-se do
mesmo modo. A maneira como está acontecendo a liberação de transgênicos no Brasil
é um exemplo disso. A lógica do fato consumado e o predomínio da lógica do lucro
máximo a curto prazo estão jogando pela janela princípios básicos de precaução.
Uma das conclusões do relatório divulgado nesta quarta afirma que a humanidade
“precisa relaxar as pressões sobre a natureza” e adotar “mudanças radicais na forma
com que tratamos o planeta”.
(Marco Aurélio Weissheimer – 31/03/2005)
Passo 2

Agora você vai fazer uma segunda leitura, detalhada, minuciosa, com o objetivo de
conhecer o texto. Releia o seu conteúdo, se for necessário, grife segmentos que considere
importantes, tente captar o sentido das palavras e o papel das palavras relacionais.

Passo 3
Caderno de Atividades

Agora que o texto já é seu conhecido, deve segmentá-lo, dividi-lo em blocos de ideias
que tenham alguma unidade de significação. Se sentir dificuldade, retorne ao primeiro
texto, em que trabalhamos juntos.

Passo 4

Agora que já fez a segmentação do texto, chegou a hora de achar a ideia central de
cada segmento. Use palavras abstratas e mais abrangentes para a definição dessas
ideias.

Passo 5

Neste momento, você já leu o texto com atenção várias vezes, descobriu de que ele trata,
fez a segmentação apropriada, descobriu a ideia central de cada segmento. Chegou,
finalmente, o momento da redação final. Com suas palavras, com objetividade, procure
UESC

não só condensar os segmentos, mas encadeá-los na progressão em que se sucedem no


texto, estabelecendo as relações entre eles.

Palavras-chave: Não esqueça de colocar as palavras-chave no final do resumo.


OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

26
AULA VI

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


RESENHA

1. Leia a resenha e, em seguida, responda as questões abaixo:

Caçador de Pipas é um romance escrito pelo afegão Khaled Rosseini


que atualmente mora nos EUA – é bom que se diga isso. O livro virou best-seller,
com milhões de cópias vendidas pelo mundo inteiro, fora os downloads do livro e
filme que são muitos pela internet.

Confesso que nunca li o livro; primeiro porque todo mundo gosta, o que me
assusta! (...) Segundo, porque minha preferência por leitura é bem distante de
romances, aventuras e outras leituras mais de “entretenimento” (...) Mas quem
nunca foi abordado por alguém que perguntou se você já leu o romance de Khaled?
E o pior, diante da resposta negativa, um espanto te retruca: “Você não leu?! Não

UESC
sabe o que está perdendo!” (...) Com o lançamento do filme (...) escreveram nas
estrelas que todos deviam ter lido ou pelo menos assistido “O caçador de pipas”;
quem não se encaixa nesse perfil poderia ficar de fora do bonde da globalização
que parte em alta velocidade. De alguma forma senti a necessidade de pelo menos
conhecer a sinopse do romance para poder instigar os fãs de Khaled com argumentos
mais consistentes. – Acabei assistindo o filme que me caiu de bandeja no formato
RMVB para download. Como conseqüência, sinto que estou em débito por cerca

Caderno de Atividades
de 2 horas de minha vida – perdidas, assistindo um filme que do meu ponto de vista
é no mínimo ingênuo.

Amir, o garoto rico e mimado; e Hassan, o garoto pobre que mesmo diante das
dificuldades ainda sonhava, são os dois personagens centrais. O “ponto orgástico” do
filme, onde irá arrebatar os espectadores para o reino das idealizações, é quando a
amizade entre os dois é colocada em xeque. Hassan, diante de um grupo de garotos
de etnia “inimiga” da sua, resiste em dar uma pipa que havia capturado e prometido
levá-la ao amigo Amir, resultando em uma cena de estupro que é presenciada de
longe por Amir. Diante da situação Amir foge da realidade, imaginando que nada havia
acontecido, no entanto, é condenado aos tormentos do sentimento de culpa islâmico
(...) pelo resto da vida. A partir daí muitos espectadores se sentem indignados com
Amir que não fez nada para defender o amigo (...)

Mas a principal ingenuidade do filme é a tentativa frustrante de fazer


dramatização onde não há (...) Outra ingenuidade marcante no filme, embora eu
não possa dizer se o mesmo ocorre no livro, é a tentativa de mostrar a cultura afegã
27
com veracidade, mas evidentemente a mesma é enquadrada nos moldes ocidentais
(...) Sei que muitos irão dizer que o filme é bem discrepante mas que o livro
mantém a coerência. Certamente que o livro deve ter suas diferenças, no entanto,
acho bem improvável que um fale sobre “cogumelos” e o outro sobre “amizade”.

Termino ressaltando que minha crítica é mais para o público do que o autor
Khaled Rosseini. Talvez o autor tivesse a intenção de produzir apenas um romance,
fazendo valer da criativa expressão que é livre para caminhar despreocupada entre os
Caderno de Atividades

reinos das fantasias, dos sonhos e daquilo que chamamos de realidade. No entanto,
serve para mostrar o quanto as pessoas ainda pensam nos moldes platônicos e
cristãos, na medida em que colocam a relação de amizade idealizada no filme
enquanto um “bem-maior” que, se não preservado, o terrível peso do sentimento de
culpa se encarregará de fazer justiça!

Fonte: http://www.eternoretorno.com/2008/07/13/filme-e-livro-o-cacador-de-pipas-resenha-critica.
Acesso em 14 ago. 2009.

a) Qual é o objeto da resenha?

b) Quem é o autor do objeto resenhado?

c) Em que meio a resenha foi divulgada?


UESC

d) Indique o parágrafo que apresenta a descrição do objeto resenhado.

e) Indique o parágrafo que apresenta o resumo do objeto resenhado.

f) Sublinhe, no texto, partes que evidenciam opinião, crítica, juizo de valor do resenhista.

g) O autor faz alguma indicação?


OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

2. Escolha um objeto (livro de sua preferência, um filme, um programa de TV, um artigo de uma
revista etc) e elabore uma resenha crítica.

28
AULA VII

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


CONCORDÂNCIA VERBAL

1. Faça a concordância corretamente:

1. A maioria das pessoas não ________________ dessa decisão. (gostou/gostaram)


2. A maior parte dos ouvintes ________________. (reclamou/reclamaram)
3. As pessoas que se ________________ (inscreveu/inscreveram) no concurso não
________________ (pode/puderam) fazê-lo.
4. ________________ -se todas as árvores do parque. (cortou/cortaram)
5. ________________ -se aquela árvore centenária. (cortou/cortaram)
6. Os Estados Unidos não ________________ essa medida. (adotou/adotaram)
7. O Estados Unidos não ________________ essa medida. (adota/adotaram)
8. Fui eu quem ________________ o prêmio. (ganhei/ganhou)

UESC
9. Fui eu que ________________ o prêmio. (ganhei/ganhou)
10. Três metros dessa fazenda ________________ suficiente. (é/são)
11. Cem por cento da população ________________ do prefeito. (gosta/gostam)
12. Um terço da população ________________ o prefeito. (apoia/apoiam)
13. Cada um dos diretores ________________ várias empresas. (representa/
representam)
14. Mais de um avião ________________ neste ano de 2007. (caiu/caíram)
15. Mais de dois helicópteros ________________ num mesmo dia. (caiu/caíram)

Caderno de Atividades
16. ________________ muitos turistas na Bahia. (existe/existem)
17. O Amazonas ________________ um rio fabuloso. (é/são)
18. ________________, agora mesmo, os aviões dos Estados Unidos. (chegou/
chegaram)
19. ________________ dez anos que não venho aqui. (faz/fazem)
20. ________________ muito frio por aqui. (faz/fazem)
21. ________________ -se referências. (exige/exigem)
22. O prefeito e o vereador ________________ ontem. (viajou/viajaram)
23. ________________ontem o ministro e alguns passageiros. (desembarcou/
desembarcaram)
24. ________________ , com pressa, o pai, o filho e o avô. (saiu/saíram)
25. Habilidade, força e esperteza, tudo ________________ permitido. (é/são)
26. Habilidade, força e esperteza ________________ permitidos. (é/são)
27. Cada criança, cada adulto ________________ de auxílio. (precisa/precisam)
28. Não só Paulo mas também Maria ________________sem dinheiro. (está/estão)
29
29. Joana ou Maria se ________________ com Pedro. (casará/casarão)
30. Nem Joana nem Maria se ________________ com Pedro. (casará/casarão)
31. ________________ os presentes as alunas e a professora. (recebeu/receberam)
32. ________________ os presentes a aluna e a professora. (recebeu/receberam)
33. Mais de um trabalho ________________ exigido pela professora. (é/são)
34. Mais de dois trabalhos ________________ exigidos pela professora. (é/são)
35. Mais de um livro, mais de um caderno ________________ roubados. (é/são)
36. Professores, pedagogos, alunos, ninguém ________________ tempo. (perde/
Caderno de Atividades

perdem)
37. Bahia ou Santa Catarina ________________ belos lugares. (é/são)
38. João ou Pedro ________________ o caso à polícia. (denunciou/denunciaram)
39. Hoje ________________ oito de novembro. (é/são)
40. Hoje ________________ primeiro de dezembro. (é/são)
41. ________________ cinco horas agora. (é/são)
42. Agora, ________________ uma hora da tarde. (é/são)
43. Uma letra, uma sílaba, uma palavra ________________ o escritor. (satisfaz/
satisfazem)
44. A maior parte deles não ________________ teto. (tem/têm)
UESC

2. Os textos abaixo apresentam várias violações de concordância verbal. Leia-os, procurando


identificá-las, e, em seguida, corrigi-las. Em alguns casos, você terá mais dificuldade do que na
primeira atividade. Por quê? Trata-se de texto, composto por várias frases, vários períodos...
Logo, o sujeito da frase pode estar distante do verbo, pode estar na ordem invertida, pode estar
apagado. Portanto, preste bastante atenção!!!
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

TEXTO 1: COMO VENCER O PRECONCEITO LINGUÍSTICO

O que fazer quando um comando paragramatical cruzarem o caminho e ameaçarem


o jeito especial de falarem e escreverem do nativo nacional? Liberdade e criatividade
para o léxico e a sintaxe do brasileiro! Pronto, estão instalada a polêmica entre aqueles
que defende a necessidade de preservar o uso da norma culta a todo custo e os que
está mais preocupados com a capacidade de comunicação (ler, falar e escrever) dos
indivíduos, levando em conta, principalmente, as suas condições sociais e econômicas.
A definição e a defesa de regras rígidas, que pretende dizer o que são certo ou errado,
fica por conta do preconceito linguístico, alimentado diariamente nos modernos sistemas
de multimídia, na gramática normativa e nos livros didáticos. O escritor Marcos Bagno
entrararam nesta guerra apontando suas armas (conceitos, teorias, pesquisas) contra
o que resolveram chamar de comandos paragramaticais: “arsenal de livros, manuais de
redação de empresas jornalísticas, programas de rádio e de televisão, colunas de jornal
e de revista, CD-roms, consultórios linguísticos por telefone e por ai afora”. Enfim, uma
saudável epidemia, conforme o professor Arnaldo Niskier, mas que, segundo Bagno, não
30
tem nada de saudável, pelo menos enquanto “perpetua velhas noções de que brasileiro
não sabem português e que português são muito difícil”(...)

Fonte: (Revista DF Letras). Os erros foram criados pela autora da atividade.

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


DICAS PARA O TEXTO 1: Há 14 violações.

TEXTO 2: NOVO MAPA DE VÊNUS REVELAM

PAISAGEM SIMILAR À DA TERRA

O planeta Vênus podem ter sido um dia semelhante à Terra, com oceanos e
um sistema de placas tectônicas que permitiram a formação de continentes.
É o que revelam um novo mapa do hemisfério sul do planeta, realizado a
partir das imagens geradas pelas câmeras da sonda espacial Venus Express.
O mapa foram criado graças às mais de mil fotos feitas pela nave espacial
entre maio de 2006 e dezembro de 2007, utilizando equipamentos
infravermelhos que permite ver através das densas nuvens que cobre Vênus.
No passado, outras missões espaciais fez uso de mapas de alta resolução da
superfície de Vênus, mas a Venus Express é a primeira sonda a produzirem
um mapa que trazem indícios sobre a composição rochosa do planeta.

UESC
As informações obtidas a partir do mapa endossa indícios mais antigos, segundo os
quais Vênus teriam tido continentes, cercados de oceanos e contariam com uma forte
atividade vulcânica. (...) “Tudo o que podemos dizer por enquanto é que as rochas
dos planaltos venusianos difere de quaisquer outras’’, disseram Nils Müller, do Grupo
Conjunto de Pesquisas Planetárias da Universidade Münster, que comandaram o trabalho
de mapeamento. As rochas tem uma aparência particular, devido à quantidade de luz
infravermelha que elas irradia, um efeito semelhante ao de uma parede que esquentam
durante o dia e liberam calor à noite. Nas décadas de 70 e 80, naves espaciais russas

Caderno de Atividades
pousou em Vênus (...) e encontrou somente o solo basáltico típico da área em que
aterrissou. O novo mapa mostram que as rochas dos planaltos Phoebe, Alfa e Regio é
de cores mais suaves e tem aparência mais velha do que aquela de outras regiões do
planeta. Na Terra, pedras com esta coloração mais leve normalmente possui granito em
sua composição e propiciou o surgimento de continentes. O granito é formado quando
rochas antigas, formadas por basalto, se desloca a partir do movimento dos continentes -
as placas tectônicas. Em contato com a água, o basalto se fundem e se transformam em
granito, que são menos denso. Até hoje, não haviam registro da existência de granito,
exceto na Terra. ‘’Se existem granito em Vênus, um oceano e placas tectônicas deve
ter existido no passado’’, afirmou Müller. O cientista assinalam que a única maneira de
saber com certeza se os planaltos montanhosos é antigos continentes será através do
envio de naves espaciais à região (...)

Fonte: (http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/2009/07/090715_venusvulcaobg.shtml). Acesso em 18


jul. 2009. Os erros foram criados pela autora da atividade.

DICAS PARA O TEXTO 2: Há 36 violações.

31
AULA VIII
CONCORDÂNCIA NOMINAL
Caderno de Atividades

1. Faça a concordância nominal corretamente:

1. Maria viu, na fazenda, várias vacas e uma planta ______________ (aquáticas/


aquática).
2. O presidente viajou ______________ vezes à Europa. (bastante/bastantes)
3. Todos acharam ______________ as flores que você me enviou. (maravilhoso/
maravilhosas)
4. Os fiscais ficaram ______________, na apuração, para evitar fraude. (alerta/alertas)
5. Os carros ______________ tiveram procura reduzida. (azul-marinho/azuis-
marinhos)
6. O governo pediu mais de dois milhões ______________. (emprestados/
emprestado)
7. Numa instalação ______________ à usina nuclear de Angra I, há duas piscinas
UESC

______________ de água. (anexa/anexo, cheio/cheias)


8. João comprou para a piscina um filtro e um motor ______________. (blindado/
blindados)
9. Maria tinha ______________ o rosto e as mãos de sorvete. (lambuzado/
lambuzados)
10. Temos um retroprojetor e um vídeo ______________. (estragado/estragados)
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

11. ______________ as provas, os alunos saíram. (terminado/terminadas)


12. Serão ___________ várias exposições _________ . (promovidas/promovido, luso-
brasileiro/luso-brasileiras)
13. Comprarei ______________ gramas de queijo. (trezentas/trezentos)
14. A candidata estava ______________ ______________. (meio/meia, nervosa/
nervoso)
15. Maria solicitou alguns livros ______________. (emprestado/emprestados)
16. A moça se banhava em ______________ lagoas e rios. (tranquilos/tranquilas)
17. Naquela cidade, temos ______________ amigos. (bastantes/bastante)
18. Maria demonstrou ______________ inteligência e versatilidade. (fabulosa/
fabulosas)
19. Os alunos ______________ pesquisaram o assunto. (mesmos/mesmo)
20. Você acha ______________ os livros ______________ que a escola comprou?
(suficiente/suficientes, novo/novos)
21. _____________as exigências da comissão, procurou-se manter ______________ as três
______________ partes do trabalho. (dado/ dadas, coesas/coesa, parte/partes)
32
22. Queremos bem ___________estas novas __________ . (transparente/ transparentes,
transação/transações)
23. Os funcionários terminam o expediente ao ______________ dia. (meio/meia)
24. __________ os representantes da família, decidiu-se entrar num acordo. (reunidos/

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


reunido)
25. Maria recebeu, de presente, uma jóia e um relógio _____________. (automático/
automáticos)
26. É ______________ a entrada de pessoas ______________ . (vedada/vedado,
estranho/estranhas)
27. A enchente tornou______________ aqueles __________ . (irrecuperáveis/
irrecuperável, móvel/móveis)
28. Aqueles terrenos ___________ saíram _________ para o comprador. (novo/novos,
caros/caro)
29. Ficou ______________ à herdeira a posse dos ___________. (assegurado/
assegurada, bem/bens)
30. Comprei revista e livro ______________. (velho/velhos)
31. São ______________ os ______________ cães da Maria. (danado/danados,
pequenos/ pequeno)
32. Ficou ______________ , desta vez, a inocência do acusado. (provado/provada)
33. ______________ a solenidade, os novos ______________ foram recepcionar os vários

UESC
______________. (terminado/terminada, profissionais/profissional, convidado/
convidados)

2. O texto abaixo apresenta várias violações de concordância nominal. Leia-o atentamente,


procurando identificá-las, e, em seguida, corrigi-las.

Caderno de Atividades
TEXTO 1: Web comemora 20 anos em busca de inovação

Seria difícil imaginar o mundo hoje sem a web. Nós o usamos no trabalho no lazer,
para fazer tarefas escolar ou encontrar amigos. Mal nos damos conta do quanto ele mudou
o modo como nos comunicamos e produzimos cultura nos último 20 anos. Em março
de 1989, o físico inglês Tim Berners-Lee trabalhava no CERN (Centre Européen pour
Recherche Nucleaire), um dos mais importante centros de física de partícula do mundo,
localizada em Genebra, quando apresentou aos seus chefe o projeto “Gerenciamento
de Informações: um proposta”, em que sugeria a organização de dados na internet em
arquivos de documentos ligado por hiperlinks. (...) A ideia de Berners-Lee foi desenvolvido
junto com um engenheiro de sistemas do CERN, o belga Robert Cailliau e, dois anos
depois, a dupla já havia criado os principais conceito e colocado em prática a World Wide
Web (Rede de Alcance Mundial), a WWW, ou, simplesmente, web.

33
(...) Antes da web existia somente a internet, mas era um ambiente pouco amigável
e exclusiva para quem entendesse de programação. A internet remonta ao final do anos
50, época da Guerra fria, quando o Departamento de Defesa norte-americana financiou
grupos de pesquisador da Califórnia para implementar um sistema de comunicação
baseada em redes, que pudesse ser mantida em caso de ataque nuclear. O plano era
montar uma rede conectada por “nós” independente de um controle central. Assim, a
informação poderia percorrer a rede e ser recuperado em qualquer ponto, mesmo se um
deles fosse desativada. A primeira rede de computadores, chamado ARPANET, começou
Caderno de Atividades

a funcionar (...) com quatro “nós” conectando quatro universidade norte-americana.


Logo, os cientista passaram a usar a tecnologia para fins acadêmico, até desvincular o
ARPANET do Departamento de Defesa em 1983. Ainda nos anos 1980, surgiram outras
“net”, que aos poucos foram privatizados. A rede que une redes de computadores, cuja
máquinas se comunicam entre si por intermédio de protocolos, é o que conhecemos
como internet. Mas somente a web possibilitou a popularização da internet, contribuindo
para torná-lo também um fenômeno comercial.

(...) Web é um dos serviços oferecido na internet, como o email, a telefonia, o


compartilhamento de arquivos, os serviço de mensagens instantânea etc. Mas é também
um interface gráfico que permite a interação do homem com a máquina. Ele funciona
com base em um conjunto de documentos - que podem conter texto, áudio e imagens
estático ou em movimento - conectados entre si por meio de links (“elo”, em inglês).
UESC

Tais documento são chamados hipertextos. Eles são criado, armazenado, distribuído
e compartilhado em páginas eletrônicos, os sites, e acessada a partir de programas
navegador, os browsers (os mais conhecido são o Internet Explorer, Safari, Mozilla
Firefox e Google Crhome). A novidade dos hipertexto consiste na forma diferente de
organizar informações. Graças aos links, a busca é feito por associação de ideias em
uma estrutura multisequenciado. Isso significa que, diferente de textos comum, que só
OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA

permitem leitura e indexação linear, como as ficha de uma biblioteca, nos hipertexto
saltamos de uma página a outro, de um site a outra, seguindo links que nos interessam.
Além disso, os hipertextos admitem a colaboração e a criação coletivo, pois podem
ser alteradas de maneira quase ilimitados. É o que garante o sucesso de sites como
a Wikipédia, por exemplo, uma enciclopédia digital no qual os verbetes são escrito e
editado pelos próprio usuários (...)

Fonte: http://educacao.uol.com.br/atualidades/tecnologia-web-20-anos.jhtm

Acesso em 20 jul. 2009. As alterações do texto foram promovidas pela autora da atividade.

DICAS PARA O TEXTO 1: Há 63 violações.

34
3. Para testar o seu domínio da concordância nominal e verbal, substitua as palavras sublinhadas
pelas palavras entre parênteses, fazendo as correções necessárias.

1. Faltou troco, mas no primeiro dia de convivência com a nova moeda não houve incidentes
nos diversos estabelecimentos comerciais do país. (moedas / semanas / dinheiro / lojas

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


comerciais)
2. Fechada no mês passado, a pesquisa trouxe boas notícias aos donos de supermercados.
(semana / os levantamentos / proprietárias de lojas de roupas femininas)
3. Aconteceu, ao contrário do que previa o noticiário, uma boa receptividade ao novo sistema
de avaliação. (os comentaristas / manifestações / forma de avaliação)
4. Deve começar, nos próximos dias, uma campanha nacional de esclarecimento. (semana
/ as quedas de braço entre os supermercados e os consumidores)
5. Não aconteceu, na última semana, nenhuma decisão importante em Brasília que pudesse
pôr em risco a estabilidade. (mês / reações políticas / o novo decreto)
6. Se estivesse prestando atenção aos movimentos do consumidor, o presidente poderia
comemorar. (reações das pessoas / os ministros)
7. No Brasil, é sempre um espanto a queda dos preços. (as quedas de preços)
8. Os juros, que são o grande vilão do momento, foram o tema de uma reunião ministerial.
(a taxa de juro / evento nacional)
9. Se persistirem, os juros altos levarão o país a uma recessão monumental. (a taxa de

UESC
juros / estado de recessão)
10. Se for mudado agora, por decreto, o direcionamento econômico, o país sofrerá uma
grave crise financeira. (as regras econômicas / grande impacto)

Caderno de Atividades

35
AULA IX
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Caderno de Atividades

1. Complete as frases usando a regência correta.

a) Os filhos devem obedecer ____ pais. (os/aos)


b) Moro ____ rua General Osório. (na/à)
c) O Iraque visou ____ passaporte dos brasileiros. (o/ao)
d) As eleições diretas visam ____ crescimento. (o/ao)
e) O professor agradou ____ alunos. (os/aos)
f) Os professores aspirar ____ cargo. (ao/o)
g) João chegou cedo____ escola. (na/a)
h) Prefiro cinema ____ teatro. (a/do que)
i) Paguei ____ médico. (o/ao)
j) Não pise ____ grama. (a/na)
k) Sentar-se ____mesa. (na/à)
UESC

l) Está na hora ____ trem partir. (de o/do)


m) Avisarei ____ diretor. (ao/o)
n) Todos foram unânimes ____ resposta. (na/pela/com a)
o) Maria tem pobreza ____ espírito. (com o/de/pelo)
p) Temos horror ____ violência. (pela/à)
q) João tinha vocação ____ médico. (de/para)
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r) O treinador pediu calma ____ jogadores. (os/aos)


s) O aumento dos preços não agrada ____ povo. (ao/o)
t) A avó passava o dia agradando ____ netinhos. (os/aos)
u) A obra consta ____ vinte capítulos. (de/por)
v) Fui ____ Porto Seguro. (em/a)
w) Eu encontrei ____ colega na rua. (uma/com uma)
x) Estou quase desistindo ____ viagem. (pela/da)
y) Chegamos ____ topo da montanha. (no/ao)
z) Pagamos ____ pedreiros ontem. (aos/os)

2. Reescreva as frases, substituindo os verbos destacados pelos que estão nos parênteses,
fazendo as alterações necessárias quanto à regência dos verbos.

a) A coifa sorve o cheiro das frituras. (aspirar)


b) João paquera a Maria. (namorar)
36
c) Maria não viu o último capítulo da novela das oito. (assistir)
d) Os alunos da EAD objetivam uma boa formação. (aspirar)
e) O policial mirou o alvo, mas errou o tiro. (visar)
f) Os turistas alcançaram o topo da montanha. (chegar)

OFICINA DE LÍNGUA PORTUGUESA


g) Todo motorista deve respeitar a sinalização. (obedecer)
h) João foi à rua onde sua avó nasceu. (morar)
i) A nova eleição tem por objetivo o crescimento democrático. (visar)
j) O rapaz dividiu o sofrimento com a amiga. (compartilhou)

UESC
Caderno de Atividades

37
AULA X
CRASE
Caderno de Atividades

1. Use o acento grave quando houver crase.

1. Fomos a fazenda de um amigo e a casa de minha tia.


2. Todos saíram as pressas do estádio.
3. A proporção que aumenta a neblina, o trânsito diminui.
4. Cheguei a uma conclusão insatisfatória.
5. Trouxe a você belas rosas amarelas.
6. Não nos referimos a senhora, mas a ela.
7. Entrego a V.Exª esta coleção de discos.
8. A alguém isto deve agradar, a mim não agrada.
9. Não me refiro a este caso, mas aquele.
10. Contei isso as criaturas de minha confiança.
11. Muitos turistas vêm a Ilhéus de Jorge Amado.
UESC

12. Chegamos dispostos a arrumar tudo.


13. Passeei muito a pé pela cidade.
14. As pessoas saíam a medida que eram chamadas.
15. A professora deu as suas alunas as orientações necessárias.
16. Ele sempre faz compras a prazo, eu só compro a vista.
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17. Minha família voltou a casa muito tarde.


18. Depois de tantos dias no mar, chegamos a terra.
19. Vou a casa de minhas amigas visitá-las.
20. Faço referência a tua prima e não a nossa avó.
21. Fui a Salvador ontem, estou cansado, não vou a aula.
22. Não vou a Brasília, vou a Bahia, a essa maravilhosa Bahia.
23. Fui a Londres, ou melhor, a velha Londres.
24. Os turistas ficaram um bom tempo a contemplar as belas praias.
25. A cena a qual assistimos foi lamentável.
26. Os guardas ficaram a distância de dez metros do público.

2. Complete as lacunas com a, à, as, às.

a) O prefeito erigiu um monumento.......... memória do ilustre cidadão.

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b) Os alunos ofereceram rosas vermelhas ........ professora.

c) Fiéis ........ aspirações coletivas, estaremos sempre ao lado do povo.

d) Regressaremos brevemente ........ casa de meu avô.

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e) Sei que isto poderá ser nocivo ........ todos.

f) Chegaram ........ Estocolmo várias delegações.

g) O valente militar foi ferido ........ tiro.

h) Ele sempre mostrava indiferença ........ qualquer assunto.

i) Trouxeste as mercadorias destinadas ........ esta praça?

j) Parece-me que esta mudança será prejudicial ........ ela.

k) Não sei por que Roberto gosta de trajar-se ........ antiga.

l) Chegarei ........ nove horas para encontrá-los.

m) Durante ........ festas, come-se muito arroz ........ grega.

n) Lá estavam os dois contendores frente ........ frente.

UESC
(ANDRÉ, H. A. Gramática Ilustrada. São Paulo: Moderna, 1990. p. 347-349)

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AULA XI
COLOCAÇÃO PRONOMINAL
Caderno de Atividades

1. Complete as lacunas, utilizando o pronome adequado.

a) Vamos_____ convidar_____para uma reunião. (o)


b) Se o barulho ____perturba _____, _____diga_____sem constrangimento.(o, nos)
c) Quando _____veem _____ao longe, ambos _____abanam ____. (se, se)
d) Tudo _____dizia _____que sua presença _____fazia_____bem. (lhe, lhes)
e) Por que _____maltratas_____.(me)
f) É importante que _____venha _____ _____visitar_____. (nos)
g) O João ____procurou___ (a), desde que____retiramos____da sociedade. (nos)
h) Eles _____trariam_____de volta, logo. (a)
i) Ele concordou em _____visitar_____.(a)
j) Uma pessoa que sempre ____ apega ____ a você, na adversidade, com certeza é seu
UESC

credor. (se)
k) Se você não ____puder____ ajudar ____, pelo menos evite ____ prejudicar____. (o, o)
l) Aqui ____come____ bem. (se)
m) Queremos _____informar ___ que a luz do seu carro está acesa. (lhe)
n) Nada ___impedirá__ de chegar às estrelas, se você assim ___quiser___. (o, o)
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2. Você deverá marcar com um C as frases em que o pronome átono está bem colocado,
obedecendo às normas da gramática normativa, e com E as frases em que a colocação não está
correta. Justifique com a regra prescrita.

1. (  )  Falaram-me de você.


Justificativa: _____________________________________________________

2. (  )  Conforme a última notícia, já encontram-se prontos os relatórios.


Justificativa: _____________________________________________________

3. (  )  Gostaria que avisasse-a sobre o início das aulas.


Justificativa: _____________________________________________________

4. (  )  Que Deus te acompanhe sempre.


Justificativa: _____________________________________________________

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5. (  )  Ambos entreolharam- se emocionados.
Justificativa: _____________________________________________________

6. (  )  Quando a pessoa arrisca-se a fazer experiências...


Justificativa: _____________________________________________________

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7. (  )  Maria devia estar cansada, porque se recolheu ao quarto.
Justificativa: _____________________________________________________

8. (  )  Nada o impedirá de viajar.


Justificativa: _____________________________________________________

9. (  )  Lhe informamos que sua defesa já está marcada.


Justificativa: _____________________________________________________

10. (  )  Tudo faz-me crer em você.


Justificativa: _____________________________________________________

11. (  )  Isto me faz muito mal.


Justificativa: _____________________________________________________

12. (  )  Era muito tarde quando avisaram-me do acontecido.


Justificativa: _____________________________________________________

UESC
13. (  )  Mexam-se depressa!
Justificativa: _____________________________________________________

14. (  )  Em se dizendo ouvinte do programa, telefonou à emissora.


Justificativa: _____________________________________________________

15. (  )  O lugar para onde nos mudamos é muito tranquilo.


Justificativa: _____________________________________________________

Caderno de Atividades
16. (  )  Não explicou-me nem falou-me sobre sua desistência.
Justificativa: _____________________________________________________

17. (  )  Se devolverem-me o livro, farei a pesquisa solicitada.


Justificativa: _____________________________________________________

18. (  ) . Eles falaram-me sobre a viagem à Europa.


Justificativa: _____________________________________________________

19. (  )  Quem te acompanhará ao médico?


Justificativa: _____________________________________________________

20. ( )Ninguém avisou-nos que teria prova hoje.


Justificativa: _____________________________________________________

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AULA XII
PRONOMES DEMONSTRATIVOS
Caderno de Atividades

1. Use corretamente os pronomes:

a) Gosto de ler ____________ (este, esse) jornal que você está comprando.

b) Disse-lhe que fosse embora. ____________ (isto, isso) o deixou triste.

c) Grave ____________ (este, esse) lembrete: no verão, tome muito líquido.

d) Há uma semana atrás, estive em Ilhéus. ____________ (nesta, nessa, naquela)


ocasião encontrei um amigo.

e) Estou agora, ____________ (neste, nesse) momento, falando com uma amiga,

f) Pedro e Paulo são irmãos. ____________ (este, esse) último é bem mais simpático
do que ____________ (esse, aquele).
UESC

g) Escreva ____________ (isto, isso): tirarei notas excelentes em português, disciplina


____________ (esta, essa) que acho muito difícil.

h) Não saia sem levar o guarda-chuva: ____________ (este, esse) foi o aviso de
minha mãe.

i) Estive na praia, no ano passado, e verifiquei ____________ (nesta, nessa, naquela)


ocasião que as praias estavam mais limpas.
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j) Há dez anos fui a São Paulo. ____________ (nesta, nessa, naquela) oportunidade
aproveitei para visitar uns velhos amigos.

l) Por favor, pegue ____________ (este, esse) livro que está aí perto de você.

m) Hoje faço aniversário e, por isso, estou muito feliz ____________ (neste, nesse)
dia.

n) O mal foi ___________ (este, esse): dar muita atenção para quem não merecia.

o) ____________ (isto, isso) que aconteceu há alguns dias foi muito chato.

p) ____________ (isto, isso) que você está me contando agora é muito sério.

q) ____________ (este, esse) livro que está nas minhas mãos é interessante.

r) ____________ (este, esse, aquele) livro que está nas tuas mãos é interessante.

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2. Você deverá identificar a regra para os usos dos pronomes demonstrativos nos excertos
abaixo. Vale lembrar que todos os usos estão corretos!

Excerto 1: O Brasil foi um dos últimos países do mundo a aderir ao Tratado da Antártida, em
vigor desde 1961. Esse tratado estabeleceu que a Antártida será usada somente para fins

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pacíficos, com liberdade de pesquisa científica e promoção da cooperação internacional...

(Fonte: http://educacao.uol.com.br/geografia/antartida.jhtm. Acesso em 23 jul. 2009)

Excerto 2: Em 25 de maio de 1961, o presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, anunciou
em uma sessão especial do Congresso que, até o final daquela década, o país iria enviar
astronautas à Lua e trazê-los de volta em segurança, um desafio até então inédito (...)

(Fonte: http://educacao.uol.com.br/atualidades/ciencia-espacial.jht. Acesso em 23 jul. 2009)

Excerto 3: A aprovação da lei (que autoriza a suspensão do acesso à internet para usuários
que fizerem download ilegal de arquivos de filmes e músicas protegidos por direitos autorais)
era prioridade do governo conservador do presidente Nicolas Sarkozy, que já havia tentado
aprová-la no Senado, sem sucesso, em 9 de abril deste ano (...) (Texto divulgado em 25 de
maio de 2009).

(Fonte:http://educacao.uol.com.br/atualidades/pirataria-on-line.jht. Acesso em 23 jul. 2009)

UESC
Excerto 4: (...) A água também faz parte do corpo dos seres vivos. Percebemos sua existência
em nosso corpo quando transpiramos, urinamos ou choramos, embora, nesses casos, ela
esteja misturada com outros produtos do nosso metabolismo (...) A água está sempre se
renovando. Existe um ciclo hidrológico, ou ciclo da água. Isso quer dizer que não existe “água
nova”. A água que se bebe, já foi nuvem (vapor), por exemplo. Essa renovação se repete desde
o início da vida na Terra. Assim, a água que abastece os seres vivos, hoje, é a mesma que os
dinossauros bebiam!

Caderno de Atividades
(Fonte: http://educacao.uol.com.br/ciencias/ult1686u69.jhtm. Acesso em 23 jul. 2009)

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AULA XIII
PONTUAÇÃO
Caderno de Atividades

1. Se necessário, use a vírgula nas frases abaixo e justifique o porquê do emprego (ou não).

a) Marileide Gessilene Tiane e eu somos colegas na UESC.


b) Pedindo o impeachment os caras pintadas os políticos e o povo em geral tomaram conta
das ruas das capitais.
c) Chamo-me Sylvia ele Homero.
d) A energia solar é uma fonte renovável de energia portanto deve ter seu uso ampliado e
estimulado.
e) Quando era criança gostava de brincar de amarelinha.
f) Maria deve ter se mudado ontem porque sua casa está vazia.
g) É milionário e vive pedindo fiado.
h) Laura sua mãe quer falar com você.
i) Saúde e educação são áreas sociais básicas logo devem ser priorizadas.
UESC

j) Em nosso país à medida que avança a dengue expõe a ineficiência da Saúde Pública.
k) Quanto mais lemos mais aprendemos.
l) Já tinha saído quando recebi seu recado.
m) Nos domingos à tarde nas cidades do interior quase se morre de tédio.
n) A Biologia que estuda a organização das formas de vida no planeta tem conhecido notável
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desenvolvimento nos últimos anos.


o) Brumado 15 de agosto de 2009.

2. Leia atentamente as frases de cada um dos pares seguintes e explique as diferenças de


sentido existente entre elas (INFANTE, 1995, p. 415).

a) O Brasil que passa fome não encontra soluções para seus problemas.
O Brasil, que passa fome, não encontra soluções para seus problemas.

b) Comprovou-se a participação dos empresários do setor farmacêutico, cujos nomes foram


encontrados numa relação manuscrita.
Comprovou-se a participação dos empresários do setor farmacêutico cujos nomes foram
encontrados numa relação manuscrita.

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3. Ponha as vírgulas corretamente (CEGALLA, 1991, p. 70).

“De longe por entre os coqueiros surge correndo uma mulher vestida de calça e capa de
borracha negra dessas de marinheiro; na mão um cajado longo. Não ouvem o que ela grita
devido ao vento mas sentem no bastão erguido um gesto de ameaça. Seguem-na um padre e

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um tipo de barbas. Em seguida os pescadores: velhos moços e meninos” (Jorge Amado).

4. Por que, na frase abaixo, o emprego da vírgula é inadequado?

Mugidos tristes de reses famintas, cortavam o silêncio da noite.

UESC
Caderno de Atividades

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5. Reescreva as orações, pontuando adequadamente e fazendo pequenas modificações, quando
necessário:

a) Maria Rita menina pobre do interior chegou a São Paulo assustada


b) O encanador sorriu e disse se a senhora quiser eu posso trocar também a torneira
dona
c) Quando tudo vai mal nós devemos parar e pensar onde é que estamos errando desta
maneira podemos começar a melhorar isto é a progredir
Caderno de Atividades

d) Socorro alguém me ajude


e) Ao voltar para casa encontrei um ambiente assustador móveis revirados roupas jogadas
pelo chão lâmpadas quebradas e torneiras abertas
f) De MPB eu gosto mas de música sertaneja
g) Não critique seu filho homem de Deus dê o apoio que ele necessita e tudo terminará bem
se você não apoiá-lo quem irá fazê-lo
h) Os nossos sonhos não são inatingíveis a nossa vontade deve torná-los realidade
i) O computador que é uma invenção deste século torna a nossa vida cada dia mais fácil
j) Eu venderei todas as minhas terras mesmo que antes disso a lavoura se recupere
k) Naquele instante quando ninguém mais esperava de longe avistamos uma figura estranha
que se aproximava quando chegou bem perto ele perguntou o que fazem aqui neste fim-
de-mundo e nós respondemos graças a Deus o senhor apareceu estamos perdidos nesta
mata há dias
l) Quando lhe disserem para desistir persista quando conseguir a vitória divida com seus
amigos a sua alegria
UESC

m) Quanta burocracia levei dois meses para tirar um documento de identidade


n) Você tem duas opções desiste da carreira ou do casamento
o) O presidente pode se tiver interesse colocar na cadeia os corruptos ou seja aqueles que
só fazem mal ao país
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AULA XIV

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REFORMA ORTOGRÁFICA

1. Observe a acentuação das palavras, colocando: (E) para errado e (C) para correto.

( ) estréia ( ) Eu apoio (verbo) ( ) Eu pélo (verbo)


( ) coronéis ( ) enjoo ( ) heróico
( ) Eles tem ( ) chapéu ( ) feiura
( ) frequente ( ) Eles leem ( ) Ele mantem
( ) apazígue ( ) argúi ( ) sequestro
( ) Piauí ( ) Pólo Norte ( ) vôo
( ) Ela para (verbo) ( ) Eles detêm (verbo) ( ) fieis
( ) Pôr (verbo) ( ) assembleia ( ) perdoo
( ) seqüência ( ) Müller ( ) Pelo (substantivo)

UESC
2. Leia o texto e sublinhe as palavras que não estão grafadas corretamente:

“Quando descobriram a Costa Rica, os espanhóis se surpreenderam com a quantidade


de jóias que cobriam os nativos. E por isso deram ao país o nome que ele carrega até hoje.
Os gringos não tinham idéia de que toda aquela fartura que tranqüilamente carregavam
era resultado de escambos dos costarriquenhos com os sul-americanos. Na verdade aquela
costa não era rica como parecia ser. Mas agora é, embora o conceito de riqueza seja

Caderno de Atividades
diferente ao daquela época.
A Costa Rica protege por lei 25% do seu território. Eles vêem o ecoturismo com
seriedade. O governo, por exemplo, classifica o nível de sustentabilidade turística de
operadoras, hotéis e outras empresas, numa avaliação que vai de uma a cinco folhas. Os
governantes têm certeza de que conquistá-las não é fácil. Políticas desse tipo garantiram
ao país a melhor colocação entre latino-americanos no ranking mundial do Índice de
Competitividade em Viagens e Turismo de 2009.
Dá para perceber por todo lado o orgulho da população por ser referência em práticas
ambientais. “Costa Rica - sem ingredientes artificiais” é o slogan do órgão de fomento de
turismo. Esse espírito combina bem com a saudação comum entre os costarriquenhos.
“Pura vida? Pura vida!”, dizem uns aos outros, a fim de expressar que está tudo bem, legal,
bacana. (Adaptação de texto da Internet sobre turismo na Costa Rica).

Agora reescreva-as, grafando-as corretamente.

3. Marque com um (X) as opções corretas em relação ao uso do hífen:

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a) ( ) Antirrábico ( ) Antirábico ( ) Anti - rábico
b) ( ) microondas ( ) microndas ( ) micro - ondas
c) ( ) Coperar ( ) Co - operar ( ) Cooperar
d) ( ) Exxprefeito ( ) Exprefeito ( ) Ex - prefeito
e) ( ) Superomem ( ) Super - homem ( ) Superhomem
f) ( ) Pré - vestibular ( ) Prévestibular ( ) Prevestibular
g) ( ) Antisocial ( ) Antissocial ( ) Anti - social
h) ( ) Interacial ( ) Interracial ( ) Inter - racial
Caderno de Atividades

i) ( ) Anti - inflamatório ( ) Antiinflamatório ( ) Antinflamatório


j) ( ) Cor de rosa ( ) Corderosa ( ) Cor – de - rosa
l) ( ) reescrever ( ) re - escrever ( ) rescrever
m) ( ) co - autor ( ) coautor ( ) cooautor
n) ( ) co - ordenar ( ) cordenar ( ) coordenar
o) ( ) Semiaberto ( ) Semi - aberto ( ) Semiaaberto
p) ( ) Capinaçu ( ) Capimaçu ( ) Capim - açu

4. Responda:

a) É regra básica usar hífen diante de h. Por que, então, na escrita de “coerdeiro” e “subumano”,
não se usa hífen?
UESC

b) Você viu que, quando o prefixo termina por vogal e o segundo elemento começa pela mesma
vogal, usa-se hífen. Por que motivo em “reescrever” e “cooperar” não há hífen?.
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A ULA XV

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DÚVIDAS

1. Complete com a opção correta.

a) Levantei-me com _____________ jeito no pescoço. (mal / mau).


b) __________ você não leu o texto? (por que / porquê / porque / por quê).
c) Chegou __________ duas horas e vai partir daqui __________ cinco minutos. (a / há;
há / a).
d) Comeu frango __________ de peixe. (em vez de / ao invés de).
e) A casa __________ você morou foi vendida. (onde / aonde / donde).
f) __________ foi embora. (agente / a gente).
g) Eu ia à praia, __________ choveu. (mas / mais).
h) Ainda há cura para o __________ (mau / mal).
i) Muita __________ morre de amor até hoje! (agente / a gente).
j) O Flamengo perdeu ontem, __________ os jogadores estavam cansados. (por que /

UESC
porquê / porque / por quê).
k) Quando informaram ao __________ sua demissão, ele ficou desesperado. (agente / a
gente).
l) O restaurante é caro, __________ sua cozinha é excelente. (mas / mais).
m) Ninguém vem ao mundo __________. (à toa / à-toa).
n) Não há pessoa sem __________. (senão / se não).
o) Aquele garoto tem o __________ hábito de escrever nos muros. Não vê que faz
__________ à coletividade. (mau / mal).

Caderno de Atividades
p) Os departamentos de compras e de finanças têm funções __________. (a fim de /
afim).
q) Aquele economista falou __________ da situação econômica do país. (acerca de / há
cerca de).
r) As __________ belas palavras sempre saem dos bons corações. (mas / mais).
s) Quero saber __________ os alunos faltaram à aula de hoje. (por que / porquê /
porque / por quê).
t) Eles não compareceram nem sei __________. (por que / porquê / porque / por
quê).
u) Já sei o __________! (por que / porquê / porque / por quê).
v) Mas que sujeito __________! (à toa / à-toa).
w) Pensem bastante __________ responder corretamente o exercício. (a fim de / afim).
x) __________ chover, vou à praia. (senão / se não).
y) Ele viajou __________ de duas horas. (acerca de / há cerca de).

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