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Esboço de trabalho: do que se trata e como minha pesquisa insere-se no

campo do Ensino de História?


Guilherme Garcia Sumariva

Pretendo desenvolver minha pesquisa no âmbito dos jogos RPG (Role


Playing Game), principalmente no que se refere ao seu poder narrativo. A primeira
ambição do trabalho é desenvolvê-lo em um sentido inovador. Para isso, será
necessário fazer um grande levantamento do quê já fora produzido acerca do tema
para, em primeiro lugar, diferenciá-lo em seus objetivos e, depois, refletir sobre eles
e usá-los como fontes comparativas para este novo estudo de caso. No que se
refere a estas produções, já tenho acesso à certos conceitos, utilizados
principalmente na pedagogia e na semiótica, que me auxiliaram a compreender,
logo em meu TCC em Licenciatura em História (2016/1), como abordar o RPG em
uma perspectiva histórica. Em uma avaliação preliminar sobre seus usos nas
escolas, observei que a maioria dos trabalhos produzidos referem-se aos jogos
como ferramentos didáticas, hierarquizando, por mais que inconscientemente, a
ciência e a ficção. Isto se dá, em parte, pelo entendimento de que a escola é, por
excelência, um espaço de ciência, ou pelo menos do método científico, o quê não é
nada incorreto. Um direcionamento possível, que desejo explorar, é o ensino da
ficção/narrativas para além dos muros da escola, contribuindo para o RPG ser não
apenas uma ferramenta pedagógica, mas uma ferramenta de vida no
desenvolvimento de diversas habilidades. Falta-me, ainda, elaborar uma retomada
do que fora produzido, no âmbito do ProfHistória e outros centros de
produção/difusão de conhecimento acerca desta temática, além de inserir-me com
mais solidez à tradição do Ensino de História.
Gostaria de utilizar conceitos que já tenho familiaridade, como o de Pilhagem
Narrativa, conceito da pedagogia, isto é, a ação do escritor/jogador/aventureiro de
“pilhar” diversas narrativas, sejam elas historiográficas com pretensões científicas,
sejam elas ficcionais, e usar elementos delas na construção de sua própria, sem
nunca citar suas fontes. Em meu TCC, busquei avaliar o jogo de RPG em cartas
chamado Magic: The Gathering, em seu enredo Mirrodin Besieged (Mirrodin
Sitiada), onde é narrada, de forma ficcional e sem qualquer citação direta, a história
da Segunda Guerra Mundial. À luz de Umberto Eco, busquei avaliar como a
narrativa de Mirrodin Sitiada constrói um ambiente profundamente imbricado na
realidade e na produção historiográfica, ao mesmo tempo que o nega ao criar
personagens que são impossíveis no mundo real, típicos das narrativas de fantasia
(como goblins, trolls, elfos e etc.). Considerando Eco, percebi que a melhor solução
para compreender o jogo era construir uma narrativa sobre si, demonstrando como,
nas palavras do autor, “a ficção se mostra uma escrava do real”, ao mesmo tempo
que ultrapassa seus limites.
Para a dissertação, pretendo continuar apoiando-me nas contribuições da
semiótica para compreender a ficção, expandindo o arcabouço teórico para autores
como Greimas, além de me aventurar nos campos da hermenêutica (onde ainda
não tenho definido um ponto de referência para tal), se conveniente o for. Nesta
segunda ambição, pretendo, desta vez, partir para os RPGs de mesa, isto é,
aqueles que não trabalham com aparelhos eletrônicos ou necessitam de cards ou
outros acessórios. Papel, caneta, lápis e borracha viabilizam as aventuras,
democratizando o acesso. Isto porque coloco-me em uma perspectiva autocrítica,
considerando experiências passadas com Magic, desde o PIBID, quando participei
em 2014, onde obtive péssimos resultados de adesão por parte dos alunos. Em
uma segunda experiência, já como professor titular da disciplina de história, no ano
de 2018, ministrei um minicurso sobre jogos e história na Escola Maria Cordélia
Simon Marques, no município de Esteio/RS, onde sou professor. Verificando
novamente uma baixa adesão dos alunos, investiguei mais à fundo e notei que os
alunos interessaram-se por outros jogos oferecidos na ocasião. A explicação, de
acordo com os alunos era a de que o jogo (Magic) é “muito difícil de ser jogado1”.
Ou seja, não havia um problema de adesão geral dos alunos - pelo contrário, vários
queriam experiências alternativas, justamente por gostarem de história e quererem
explorá-la. Dei-me conta que era necessário adaptar e partir para novas estratégias.
A escolha se dá, principalmente, pela simplicidade de se envolver em uma aventura
narrativa com um RPG de mesa, e pelas condições estruturais da escola. Não há
internet liberada para os alunos, reforçando a necessidade de tecnologias
analógicas. Para os fins da pesquisa, pretendo desenvolver um roteiro de aventura
relativamente fechado, com objetivos claros, como o entendimento de algum
conceito, a assimilação de algum período histórico e um método de avaliação dessa
aprendizagem. O objetivo, deste último, é testar a hipótese de que há, sim,
aprendizado histórico com a ficção, na tentativa de superar certo conservadorismo,
ainda persistente, por parte dos historiadores acadêmicos.
Unindo o útil ao agradável, pretendo utilizar de um jogo adquirido com verba
federal, disponível na biblioteca da escola. A Bandeira do Elefante e da Arara,
escrita e desenvolvida por Cristopher Kastensmidt, é um jogo brasileiro cujo cenário
é o século XVI no Brasil colonial, contando com vários povos indígenas, europeus e
africanos, suas histórias, tecnologias, culturas e etc. Neste sentido, habilito-me a
analisar tanto uma política pública federal (a aquisição do livro de RPGe seus usos)
quanto o jogo em si. Meu problema de pesquisa, contudo, não tem a intenção de
versar diretamente sobre estes dois temas citados anteriormente - embora o sejam,
indiretamente. Meu problema de pesquisa transitaria entre perguntas simples, mas
de complexas soluções: como um aluno aprende história com um RPG? Que
história este aluno aprende? Como avaliar essa possível aprendizagem? Parto
destes problemas com a hipótese de que os alunos, em um primeiro momento, não
veem qualquer diferença entre uma narrativa historiográfica científica e uma

1
Magic: The Gathering, recebeu, no ano de 2019, pelo MIT, o título de “jogo mais complexo do
mundo”. Embora o artigo acadêmico publicado refira-se mais à sua impossibilidade de se calcular o
resultado de uma partida, através de algoritmos, demonstra sua complexidade geral. Disponível em:
http://geekness.com.br/magic-the-gathering-e-o-jogo-mais-complexo-do-mundo/​.
narrativa ficcional literária. Tendo a concordar com Eco quando afirma que, para o
leitor, um livro de História, com H maiúsculo, só o é assim entendido por em sua
capa estar explícito: “Isto é um livro de História”2. Os alunos passam a enxergar uma
diferença através da intervenção do professor, que pauta o debate acerca das
diferenças entre ciência e ficção, principalmente quando tomam conhecimento da
metodologia científica e do processo criativo da arte e seus objetivos distintos.
Para isso, este trabalho deve partir de alguns pressupostos, como a não
necessidade de se hierarquizar narrativas de pretensões científicas e ficcionais, com
o intuito de se testar a hipótese citada anteriormente, através da experiência dos
alunos, objetos de estudo deste trabalho, avaliando seus recebimentos e
compreensões por parte deles. Considerar, também, que a experiência cognitiva da
leitura e do jogar são diferentes, sendo por vezes complementares e por vezes
dissonantes. Ou seja, saber avaliar as aprendizagens e suas naturezas talvez seja o
maior desafio desta pesquisa, dado que os alunos têm aulas regulares de história
na escola e participarão, convidadas para o turno inverso, das campanhas e
aventuras de RPG, algo que, inclusive, já demonstraram interesse a ansiedade para
colaborar com o projeto. Com o avançar da pesquisa, pretendo rever, se necessário,
os objetivos do trabalho, principalmente se for verificado que este tema já foi tratado
por meus pares através deste olhar.
Dado a proposta, penso que este trabalho encaixa-se na linha de pesquisa
Linguagens e Narrativas Históricas: Produção e Difusão. Considero, também, que
um orientador do campo da Teoria da História, que trabalhe ou tenha trabalhado
com narrativa, possa ser de grande ajuda. Associados ao ProfHistória UFRGS,
Temístocles Américo Corrêa Cezar, Cesar Augusto Barcellos Guazzelli e Nilton
Mullet Pereira encaixam-se ao proposto.

2
O autor elabora muito mais acerca desta hipótese, mas ele, de forma sucinta, à resume a esta ideia.

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